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Disciplina: Perfil dos Esteroides Anabolizantes

Dr. Márcio Bacci

INTRODUÇÃO A MEDICINA DO ESPORTE: ESTEROIDES ANABOLIZANTES

Qual a função dos profissionais da saúde frente aos praticantes de musculação?

Os profissionais da saúde são responsáveis pela assistência a esses indivíduos,


principalmente aqueles que fazem utilização de esteroides anabolizantes no esporte, as
quais podem gerar efeitos colaterais indesejáveis, assim, a função do profissional da
saúde é alertar e cuidar.

Assim, o profissional da saúde tem como responsabilidade identificar o melhor


planejamento e orientar esse indivíduo para encontrar o melhor caminho de acordo com
a individualidade de cada um, de acordo com a avaliação, assim, as chances de obter um
resultado melhor para o objetivo desse individuo é muito maior.

Tratamento ou prevenção. Qual é o nosso objetivo?

O nosso objetivo é prevenir problemas de saúde, visto que realizar atividade


física regular e manter uma dieta balanceada é extremante importante para a saúde,
podendo ser considerado um remédio para o futuro.
Utilização de Esteroides Anabolizantes

Além da avaliação e do atendimento individualizado, também é de extrema


importância o trabalho multidisciplinar, uma vez que, se as condutas do profissional
médico, nutricionista e do profissional de educação física não tiverem alinhadas poderá
prejudicar o resultado. Além disso, o atleta/ aluno precisa auxiliar no responder e seguir
a conduta orientada pelos profissionais.

Para a obtenção de conteúdo de qualidade, as melhores ferramentas são por


meio de estudos científicos, para isto é necessário compreender os métodos de estudo
e a identificar a qualidade dos artigos científicos. Outra forma muito importante de
aprender, são discussões com profissionais de outras áreas.

Deste modo, principalmente na administração de esteroides anabolizantes o


cuidado individualizado é fundamental, visto que, o objetivo do profissional da saúde
torna-se fundamental para evitar efeitos colaterais, assim como, adequar os objetivos
dos atletas a realidade.

Os efeitos colaterais podem ser de origem sistêmica e até mesmo psicológica,


podendo intensificar transtornos já existentes nos indivíduos. Além disso, não existe um
protocolo especifico, de tal forma que, o médico precisa entender as particularidades
de cada esteroide anabolizante, como proceder, qual a dosagem, perfil e individualidade
do paciente.
Requisitos importantes para médicos:

1. Cuidado com paciente;


2. Saber orientar;
3. Mostrar conhecimento e segurança;
4. Dominar o tempo de terapia;
5. Saber evoluir a terapia de acordo com as preferência e valores dos
pacientes;
6. Controlar dosagens;
7. Controlar efeitos colaterais;
8. Solucionar possíveis faltas de resposta;
9. Parar de momento certo;
10. Assumir a responsabilidade (coachs e médicos).
Comercialização de esteróides anabolizantes no Brasil

Na tabela 1, são apresentados os esteroides comercializados em farmácias no


Brasil e Underground.

Tabela 1: Relação da comercialização das substâncias no Brasil

Farmácia Underground

Durateston Enantato de testosterona

Deposteron Propionato de testosterona

Decadurabolin Fenilpropionato de Nandro

Androgel Masteron

Estano Oral Estano Injetável

Oxandrolona Oxandrolona

Proviron Turinabol

Metandrostenolona Oral Dianabol Injetável

Oximetolona Oral Finaject, Parabolan

Trembolona Oral Halotestin

Testosterona em Gel Primobolan Injetável

Metenolona Oral
Medicina do Esporte na Prática do usuário de esteroides anabolizante

Qual a função ou o papel do médico frente ao atleta

Uma meta-análise e meta-análise de regressão foi realizada Sagoe et al, 2014


com o objetivo de estimar a taxa de prevalência global ao longo da vida do uso de
esteróides anabólicos androgênicos (AAS) e investigar moderadores da taxa de
prevalência. identificou que o uso de AAS é mais prevalente entre desportistas
recreativos e atletas superando as taxas de prevalência (1).

“Não estamos aqui para prescrever esteroides anabolizante, mas para cuidar ou minimizar
seus efeitos colaterais”

Primum non nocere- "primeiro, não faça mal"

Todas as orientações e métodos utilizados são realizados por meio de


conhecimentos previamente comprovados, nenhuma consulta deve ser baseada em
conhecimento empírico (não comprovado).

Nesse contexto, um estudo realizado por Lee Monaghan, 1999 (2), apresentou
que os médicos aram apenas uma autoridade, assim, como tantas outras e, muitos
atletas rejeitam o avisos dos médicos em sua busca por uma vantagem competitiva.
Consulta

1. Anamnese cuidadosa (Incluir histórico psicológico). Muitos medicamentos


estão associados a alteração e exacerbação de doenças psiquiatras.
2. Exame Físico Sistemático;
3. Breve avaliação postural;
4. Solicitar exames laboratoriais, de imagem e cardiológicos;
5. Registro de dados – avaliar a evolução do paciente.

Objetivo do cliente

Antes de iniciar o protocolo é necessário verificar os objetivos e identificar se


esse objetivo é viável e adequar a expectativa do cliente à realidade desses indivíduos.

Nesse caso, a parte clinica é a menos importante, o mais importante é adequar


a dieta, treino e descanso. Uma vez que, alinhar a dieta e treino é muito difícil conquistar
o objetivo, assim, torna-se necessário alinhar todos os protocolos.

Por que o usuário não procura o médico para acompanhamento?

1. Receio de ser julgado pelo profissional;


2. Escassez de profissionais – EAA;
3. Acesso de informações via internet;
4. Falsa ideia de custo elevado com tratamento médico;
5. Subestimar os efeitos colaterais.
Qual a nossa função frente ao atleta?

1. Cuidar;
2. Avaliar (físico, psicológico, laboratorial, desempenho, performance, categoria,
fase de preparação e uso de recursos orogênicos);
3. Orientar (às vezes significa dizer não);
4. Estar alinhado com as propostas e condutas dos outros profissionais que
trabalham com o atleta (trabalho multidisciplinar);
5. Dar resultados ao atleta (segurança = relação médico (paciente);
6. Atualizar conhecimento constantemente;
7. Dialogar, aprender, entender seu atleta, como ele responde frente as condutas
adotadas (respeitar a individualidade).

É importante identificar alterações psicológicas nos atletas?


Sim! A prescrição de remédio torna-se complicada e arriscada, muitos recursos
ergogênicos interferem na questão psicológica, podendo piorar um quadro de
disfunção psicológica.
Um exemplo muito comum de distúrbios
psicológicos associados a prática esportiva é a
Vigorexia:

Vigorexia ou transtorno dimórfico muscular,


ocorre quando há uma doença psicológica
caracterizada por uma insatisfação constante
com o corpo e um distúrbio de imagem

Principais avaliações antropométricas

1. Dobras

2. US

3. DXA

4. Balança de bioimpedância

Os exames cardíacos são de acordo com a avaliação e anamnese, sendo esses: Teste
ergométrico; ecocardiograma, Radiografia de tórax, US de abdômen total, US de abdômen total.
Principalmente após os 40 anos.
Efeitos da utilização de esteroides anabolizantes

A avaliação adequada dos danos causados pelo uso indevido de drogas pode informar
os formuladores de políticas de saúde, policiamento e assistência social. Um estudo publicado
na Lancet pelo Nutt, David et al. 2010 (3). As drogas mais perigosas são citadas na figura abaixo.

Figura 1: Relação das drogas com seus respectivos danos


Tabela 2: Efeitos adversos associados ao uso de esteróides anabolizantes (4)

Cardiovascular Dermatológico

■ Mudanças no perfil lipídico ■ Acne


■ Pressão arterial elevada ■ Calvície de padrão masculino
■ Função miocárdica diminuída
Endócrino Hepático

■ Ginecomastia ■ Aumento do risco de tumores e danos ao


■ Diminuição da contagem de fígado
espermatozoides
■ Atrofia testicular
■ Impotência e infertilidade transitória
Geniturinária Musculoesquelético

Masculino ■ Fechamento prematuro da placa epifisária


■ Aumento do risco de rupturas no tendão
■ Contagens de espermatozóides reduzidas ■ Abcesso intramuscular
■ Diminuição do tamanho testicular Psicológico
Mulheres ■ Mania
■ Depressão
■ Irregularidades menstruais ■ Agressão
■ Clitoromegalia ■ Mudanças de humor
■ masculinização
Homens e Mulheres
■ Ginecomastia
■ mudanças de libido
Fatores que influenciam os efeitos adversos

1. Gênero;
2. Dosagem;
3. Duração do Ciclo;
4. Depende esteroide.

Um dos fatores que influenciam muito nos efeitos colaterais é o fato da testosterona
e a DHT se ligarem, ao mesmo receptor, contudo, o DHT tem uma afinidade 2x maior que a
testosterona pelo receptor androgênico.

A testosterona prende o SHBG, assim, quando menor SHBG maior testosterona para
atuação. A testosterona reduz o receptor do cortisol e aumenta os receptores de IGF-1 e GH.

Dose e efeito

O aumento do peso anabólico aumenta no início, contudo, vai iniciar um platô, mais
ou menos na 8º a 12º semana. Contudo, o aumento dessa dose não altera o efeito, devido a
saturação de receptores.
Figura 2: concentração vs. Resposta

Revisão da Fisiologia hormonal

São substancias químicas produzidas pelo sistema endócrino, cuja função, é regular
processos fisiológicos “mensageiros do corpo”.

Um hormônio pode ser de origem lipídica (gordura) ou aminoácidos (proteína).


Vitaminas e sais minerais constituem importantes auxiliadores dessa síntese.

Hormônios esteroides: são de origem lipídica formados a partir da molécula de


colesterol e constituem o maior grupo hormonal;

Hormônios não esteroidais: São formados a partir dos aminoácidos e peptídeos.


Função hormonal:

1. Coordena e Integra as atividades dos organismos;


2. Promove homeostasia;
3. Regula o equilíbrio de sódio e água;
4. Regula o equilíbrio de cálcio e fosfato;
5. Controla o balanço energético;
6. Controla a resposta mediante ao estresse;
7. Controla a reprodução, desenvolvimento, crescimento e senescência.

Característica Dos Hormônios

Existem quatro grupos químicos de hormônios: peptídeos, esteróides, aminas e


eicosanóides. Cada grupo tem diferentes características quanto a sua forma de síntese,
armazenagem, meia vida, forma de transporte no sangue e mecanismo de ação.

Os hormônios esteróides (hormônios adrenocorticais e sexuais) são sintetizados em


vários tecidos endócrinos a partir do colesterol e são classificados em dois tipos: Os
glicocorticoides (como o cortisol) afetam principalmente o metabolismo dos carboidratos,
sendo que os mineralocorticoides (como a aldosterona) regulam a concentração de eletrólitos
no sangue. Os androgênios (testosterona) e os estrogênios (como o estradiol) são sintetizados
nos testículos e ovários.

Muitos hormônios, como é o caso da progesterona no homem atua como um “pré


hormônio” auxiliando na formação de outros hormônios. Confira a figura abaixo para
compreender melhor.
Figura 3: Rotas de síntese dos hormônios esteroidais
Receptores hormonais

Um receptor de hormônio é uma molécula receptora que se liga a um hormônio


específico. A ligação do hormônio a um receptor de hormônio pode iniciar uma cascata de
sinalização celular ou promover mudanças na transcrição do gene. Dependendo do tipo de
hormônio a que se ligam, os receptores hormonais podem ser encontrados na membrana
plasmática ou dentro do núcleo ou citoplasma.

Figura 4: Estrutura química dos hormônios


Figura 5: Receptores homonais

Todos os hormônios atuam através de receptores específicos, presentes unicamente nas


células-alvo. Todos os receptores são proteínas, as quais se unem ao hormônio correspondente
com alta especificidade e afinidade, provocando mudanças conformacionais que desencadeiam
reações modificadoras do metabolismo da célula-alvo. O número de receptores varia para cada
tipo de célula, variando, portanto, o grau da resposta de cada célula à ação hormonal. A união
do hormônio ao receptor é forte, mas não é covalente.

O sítio de união é estereoespecífico e, somente une o hormônio correspondente ou


moléculas muito similares. Já no sistema endócrino, os hormônios são secretados para a
corrente sanguínea, que os transporta pelo corpo até os tecidos-alvo. Tanto os
neurotransmissores quanto os hormônios interagem com receptores específicos na superfície
ou no interior de suas células-alvo, desencadeando as respostas.

IMPORTANTE!
O treino aumenta e a utilização de esteroides anabolizantes
aumentam o número de receptores androgênicos.
Contudo em indivíduos com polimorfismo (genéticas que podem ocorrer em sequências
codificadoras e não-codificadoras, levando a alterações qualitativas e/ou quantitativas das
proteínas) pode não haver receptores androgênicos, assim, o atleta/ paciente não responde ao
treinamento ou a utilização de esteroides anabolizantes da mesma maneira. A única maneira de
verificar se tem polimorfismo ou pouca quantidade de receptor é na prática.

Esteroides anabolizantes no músculo esquelético

No musculo esquelético estriado, existem células satélites, assim, quando ocorre o


maior recrutamento de células musculares no sarcoplasma, mais receptores que se ligam a
testosterona e geram maior resposta anabólica por meio da Hipertrofia e hiperplasia (fabricando
novas células). Nos tecidos musculares não há saturação de receptores. Contudo, pode ocorrer
o turnover, onde a velocidade de destruição de células é a mesma do desenvolvimento.

Na próstata e no Hipocampo podem ocorrer saturação de receptor, assim, torna-se


'Saturado', não respondendo mais aos sinais tróficos comandados pela testosterona sérica.

O controle de feedback, tanto negativo quanto positivo, é uma característica


fundamental dos sistemas biológicos. Alguns desses sistemas se esforçam para atingir um
estado de equilíbrio ou “homeostase”. Os principais sistemas endócrinos são regulados por
feedback negativo, um processo que se acredita manter os níveis hormonais dentro de uma
faixa relativamente estreita.

A sinalização para a produção hormonal ocorre pelo feedback positivo e a redução ou


interrupção pelo feedback negativo, assim, quando os níveis hormonais estão baixos ocorre a
sinalização de feedback positivo para aumentar a produção. Já, quando os níveis estão altos,
ocorre o feedback negativo para reduzir ou pausar a produção.
Figura 5: Mecanismos Fisiológicos Regulatórios

Figura 6: Liberação hormonal e função hormonal de acordo com a região da hipófise


anterior
O hormônio luteinizante (LH) é um hormônio gonadotrópico secretado
pela glândula pituitária. Estimula a produção de testosterona (T) pelas células testiculares
de Leydig , ativando o receptor LH / coriongonadotropina (LHCGR), um receptor acoplado à
proteína G localizado nas membranas plasmáticas das células de Leydig . O LH e o T formam a
espinha dorsal do eixo hipotálamo-hipófise-testicular (HPT), onde o LH estimula a secreção de T
e o último exerce uma inibição de feedback negativo sobre a secreção de LH.

Testosterona

A testosterona está em todos os lugares desempenhando papéis múltiplos, desde a vida


intrauterina até a idade avançada. Na figura abaixo é possível verificar a cadeia química da
testosterona.

Figura 7: Cadeia bioquímica da testosterona

A testosterona, por meio da circulação entra no citoplasma e liga-se ao receptor


androgênico, e, leva a testosterona para o núcleo. Contudo, no citoplasma tem enzimas, 5α-
retutase e aromatase, caso a testosterona sofra ação da 5α-redutase irá ser convertida em DHT,
que também se liga ao mesmo receptor androgênico e irá transcrever proteínas. A aromatase
pode converter a testosterona em estradiol, a qual irá ligar o receptor estrogênico e irá
transcrever proteínas estrogênicas.
Por fim, uma terceira via pode ser utilizada, DHEAS, sofre interação com a sufatase, se
converte em androstenediona, posteriormente transformada em testosterona, na qual ainda
pode sofrer alterações devido a aromatase e 5α- redutase. A diferença desta via, ocorre na
glândula supra-renal. O Hipotálamo libera GnRH, o qual estimula a hipófise a liberar LH e FSH. O
LH estimula os testículos na célula de leydig a esteroidogênese (produção de testosterona
endógena) e o primeiro estimulo a espermatogênese. O FSH, estimula as células de Sertoli a
espermatogenese, maturação dos espermatozoides e na manutenção da espermatogênese.

Assim, quando administrado uma testosterona exógena, ocorre inibição do eixo


hipotálamo-hipófise-gonadal, reduz a esteroidogênese e espermatogênese. Para reversão do
quadro é necessário retirar a teste, volta ao normal entre 4 a 6 meses o retorno, ou fazer o TPC
para estimular a hipófise e o testículo, recuperando o eixo em 1 a 4 meses a depender do
indivíduo. Nos homens o TPC é necessário, visto que no homem o testículo é a principal fonte.
Cerca de 99% é produzido pelo testículo, assim, faz-se necessário o TCP para recuperação do
eixo.

Nas meninas, o hipotálamo libera GNRH, estimula a hipófise a liberar LH e FSH. O LH,
estimula o ovário a produzir testosterona (fase lútea do ciclo menstrual) e FSH, estimula o ovário
a converter a testosterona em estradiol e a produção de progesterona (período fértil). A
produção da testosterona é cerca de 25% pelo ovário e 25% por meio do estimulo do CRH na
hipófise que estimula a produção pela glandula supra-renal e os demais (50%) é pela conversão
de androstediona em testosterona. Assim, a mulher não tem inibição pela CRH e pela conversão
de Androstenediona.
Figura 8: Síntese de testosterona e conversão

Efeitos ergogênicos associados ao uso de esteroides anabolizantes

1. Aumento da massa corporal magra;


2. Aumento da área de seção transversal do músculo;
3. Diminuição do percentual de gordura corporal;
4. Aumentar a força e potência muscular;
5. Melhorar a recuperação entre os treinos;
6. Melhorar a recuperação de lesões;
7. Aumento na síntese de proteínas;
8. Aumento da resistência muscular;
9. Aumento da eritropoiese, hemoglobina e hematócrito;
10. Aumento da densidade mineral óssea;
11. Aumento no armazenamento de glicogênio;
12. Aumento da lipólise;
13. Aumento da transmissão neural;
14. Danos musculares reduzidos;
15. Aumento da tolerância à dor;
16. Modificação de comportamento (agressão).

Testosterona – classificação em famílias

Derivados de testosterona:
Metandrostenolona = Dianabol (pode prescrever manipulado, via oral)
Boldenona – equipoise = Uso veterinário (undergroud)
Fluoxymesterone = halotestin (undergroud)
4-CI-dihidrotestosterona = turinabol (undergroud)

19-nor:
Apresentam modificações no carbono 19 impedindo assim ação da aromatase, mas
pode sofrer ação de outros citocromos hepáticos, São representantes a nandrolona e a
trembolona (pode ser prescrita manipulada oral; injetável underground). NPP, deca (pode ser
prescrita); Gestrinona.
Derivados de DHT:
Oxandrolona (consegue prescrever manipulado, oral), Stanozolol (consegue
prescrever manipulado, oral), Oximetolona= hemogenin (consegue prescrever manipulado,
oral); Drostanolone=masteron (somente underground); primobolan (manipulado, via oral);
Mesterolona (proviron).

Abaixo é possível verificar a estrutura da testosterona, quanto mais alfa-alquilados,


maior a hepatotoxicidade.

Ciclos

Os ciclos tem como efeito adquirir os efeitos anabólicos, mas reduzindo os efeitos
colaterais.

1. Duração – O ciclo deve ter começo e fim;


2. Doses – Quanto maior a dose, maior o efeito;
3. Finalidade - A droga deve ser ajustada com a finalidade e adequada com a dieta e
treino.

REFERÊNCIAS

1. Sagoe D, Molde H, Andreassen CS, Torsheim T, Pallesen S. The global epidemiology of


anabolic-androgenic steroid use: a meta-analysis and meta-regression analysis. Ann
Epidemiol. 24. United States: © 2014 Elsevier Inc; 2014. p. 383-98.
2. Monaghan L. Challenging medicine? Bodybuilding, drugs and risk. Sociology of Health
& Illness. 1999;21(6):707-34.
3. Nutt DJ, King LA, Phillips LD. Drug harms in the UK: a multicriteria decision analysis. The
Lancet. 2010;376(9752):1558-65.
4. Hoffman JR, Ratamess NA. Medical issues associated with anabolic steroid use: are
they exaggerated? Journal of sports science & medicine. 2006;5(2):182-93.
ESTEROIDES ANABOLIZANTES

Os principais esteroides anabolizantes utilizados são constituídos de três famílias

Testosterona – classificação em famílias

• Derivados de testosterona:
Metandrostenolona = Dianabol (pode prescrever manipulado, via oral)
Boldenona – equipoise = Uso veterinário (undergroud)
Fluoxymesterone = halotestin (undergroud)
4-CI-dihidrotestosterona = turinabol (undergroud)

• 19-nor:
Apresentam modificações no carbono 19 impedindo assim ação da aromatase, mas
pode sofrer ação de outros citocromos hepáticos, São representantes a nandrolona e a
trembolona (pode ser prescrita manipulada oral; injetável underground). NPP, deca
(pode ser prescrita); Gestrinona.

• Derivados de DHT:
Oxandrolona (consegue prescrever manipulado, oral), Stanozolol (consegue
prescrever manipulado, oral), Oximetolona= hemogenin (consegue prescrever
manipulado, oral); Drostanolone=masteron (somente underground); primobolan
(manipulado, via oral); Mesterolona (proviron).

Esses esteroides anabolizantes são utilizados no mundo todo, conforme


descrito por Evans (2004) (1) e apresentado na figura.
Figura 1: Esteróides anabolizantes mais utilizados

Fonte: Nick A. Evans (2004)

Oxandrolona

A oxandrolone, um alfa-α-aquilado, foi descrita pela 1º vez em 1962 (Searle-


Pfizer). Por ser um derivado do DHT (são sofre ação da 5α redutase e da aromatase) não
aromatize, sendo pouco androgênico. Contudo, não é muito anabólica.

O sexo feminino apresenta mais benefícios na utilização, mas podem relatar mais
retenção hídrica., isso ocorre devido a resistência insulínica ocasionada pela
testosterona supra fisiológica. Em exame, pode ser encontrado alta concentração de
estradiol e estrona, esse fator ocorre devido um erro da leitura do equipamento para a
análise, pois a molécula da oxandrolona é parecida com as demais moléculas.
Entretando, em indivíduos que utilizam mais de um esteroide pode aromatizar devido a
outra substância, para diferenciar o erro de leitura do equipamento ou da aromatização
é necessário a avaliação clínica.

Utilização: A oxandrolona tem meia vida de 8horas.


• Mulheres: 10 a 20 mg por dia; Para iniciantes 10 mg por dia, para mais experientes 15mg
• Homem: 40 a 80 mg por dia;
• Elite: Doses acima de 100mg.

Metenolona (Primobolan)

Primobolan (100mg/ml), descrita pela 1º vez em 1960. É derivada da


Dihidroboldenona (DHB), não sofre ação da DHT (menos androgênica), além disso, não
é um 17-α-aquilado (não é hepatotoxica).

Utilização: meia vida 7 a 10 dias.


Doses praticadas:

Mulheres: de 100 a 150mg por semana;

Homem: 300 a 500 mg por semana.

A prescrição oral pode ser feita no Brasil, mas não injetável

Atenção:
Compras underground podem apresentar alteração de dosagem e aumentar o risco de
androgênização.
Estanozolol (Winstrol)

Derivado de DHT, 17 – α-aquilado e descrito pela primeira vez em 1959. Apesar


de ser DHT, é androgênico (principalmente em mulheres).

O estanozolol é um medicamento muito hepatóxica, contudo tem uma janela


terapêutica alta quando comparado a outros esteroides como: Oximetolona e
Halotestin. Quanto menor a janela terapêutica, maior a chance de errar na dose.
Também é um importante supressor dos níveis de SHBG.

Utilização: tempo de meia vida de 8h. Injetável: 48h.


Relatos: Dor na aplicação (versão injetável), não é raro inflamação e até mesmo
infecção, devido a natureza aquosa.

Doses praticadas:

Mulheres: de 10 a 20mg por dia; Atenção com virilização (não recomendado)

(
Homens: de 30 a 60 mg por dia (oral) e de 50 a 100mg por dia ou 48h injetável.

Ciclo: 6 a 8 semanas

Oximetolona (hemogenin)

Derivado de DHT, muito anabólico, 17-α-aquilado com alta atividade


estrogênica (aromatiza muito).
Problemas comuns: Hipertensão arterial. Ginecomastia, queda importante da
libido (associar com testosterona).
A hipertensão e retem hídrica ocorre devido a ligação com o receptor de
aldoesterona.
Utilização: meia vida oral 8 a 9h.
Doses utilizadas:

Mulheres: 25mg por dia;


Homens: de 50 a 100 mg por dia – FRACIONADOS.
Ciclo de 6 a 8 semanas

Propionato de Drostanolona (Masteron)

Descrito pela primeira vez em 1959, derivado de DHT, não é 17-α-aquilado.


Poder anabólico e androgênico moderado. Não tem atividade estrogênica, ainda
compete com o mesmo receptor do estrogênico (bloqueia o receptor) – bom para
indivíduos com tendência a aromatizar.

Utilização: injetável 1 a 2 dias.

Doses praticadas:
Mulheres: 100 a 150 mg por semana;

Homens: 300 a 600 mg por semana.

Mesrerolona (proviron)

Foi o primeiro esteroide anabolizante sintetizado, um ano antes da própria


testosterona (1934). É um derivado de DHT, não é 17-α-aquilado, não tem finalidade
anabólica, efeito androgênico e tem forte afinidade pela SHBG e pelo Receptor
androgênico. Muito utilizado no TPC.
Os comprimidos são de 25mg com ação antiestrogênica (afinidade pelo
receptor estrogênico e pela aromatase).

Utilização:
Mulheres: 25mg por dia ou menos;

Homens: de 25-50 – 75 mg por dia.

Derivado da testosterona - Testosterona aquosa

Umas testosteronas mais antigas, surgiu na década de 1930.


Tem conversão em DHT ou Estradiol – Efeitos androgênicos
Utilização:

Mulheres: 100 mg 3x por semana; Pouco utilizado- ANDROGENIZAÇÃO


Homens: 100 a 200mg por dia.

Ésteres de testosterona

As cadeias químicas da testosterona são formadas por 3 anéis hexágono e um


pentanóico. Nos ésteres são adicionados átomos de carbonos, quanto mais átomos de
carbonos maior a vida da substância. Apresentam ação estrogênica pela conversão em
Estradiol
Figura 1: Cadeia química dos ésteres de testosterona comparada a testosterona

Propionate Testosterona
Enanthanate

Meia vida dos ésteres de testosterona

• Proprionato (Meia vida curta ~1 a 3 dias);


• Fenilpropionato (Meia vida curta ~1 a 3 dias);
• Enantato (Meia vida longa ~5 a 8 dias);
• Cipionato (Meia vida longa ~5 a 8 dias);

Na figura observa-se a meia vida do Proprionato e Enantato de testosterona. No


Proprionato com meia vida curta, a concentração tem dose de pico em 1 a 2 dias e no
3º dia reduz a concentração. No entanto, de testosterona, o pico plasmático ocorre no
entre o 1º e 2ºdia e a meia vida no 5º dia.
Figura 2: Comparação da meia vida do proprionato de testosterona e do Enantato de
testosterona

Propionato de testosterona

Enantato de testosterona

Durateston (Blend)

A durateston é um blend de 4 ésteres com ação curta e longa, assim, as


concentrações de testosterona oscilam muito. Contudo é muito androgênica, não
recomendado para mulheres, confere força e volume e tem meia vida de 12 a 16 dias.

Durateston é composta por:


• Proprionato de testosterona (30mg);
• Fenilprpionato de testosterona (60mg);
• Isacapropato de testosterona (60mg);
• Decanoato de testosterona (100mg);
Utilização:
Homens: 500 a 750 a 1000mg por semana
Proporção anabólica/androgênica = 1/1

Cipionato de Testosterona (Deposteron)

É um éster de ação longa, com fácil aromatização (ação androgênica


importante), sem ação hepatotóxica.
Meia vida: 10 a 12 dias.
Na figura observa-se que o cipionato de testosterona e o enantato de
testosterona tem uma meia vida muito semelhante, sendo o cipionato mais
facilmente encontrado no Brasil.
Figura 3: Comparação da meia vida do cipionato de testosterona com o enantato
de testosterona.

Cipionato de testosterona

Enantato de testosterona

Undecanoato de testosterona oral ( Androxon)/ Undecilato de testosterona (Nebido)

O Undecanoato de testosterona oral ( Androxon) é uma testosterona em


desuso devido aos efeitos colaterais ( alteração no perfil lipídico e hepatóxico).

O undecilato de testosterona é utilizado para terapia de reposição hormonal,


com meia vida longa de (6 a 12 semanas). Dosagem 1000mg/ injeção.

Não é vantagem para fins estéticos.


Testosterona em gel/Metiltestosterona

O gel de testosterona pode ser facilmente encontrado, tem base alcoólica, tem
concentração de 5 a 10mg por dia. Atualmente é manipulado e muito utilizado na TRT.

A metiltestosterona é a forma mais antiga da testosterona e não é mais


utilizada.

Undecilanato de boldenona

A boldenona pode ser encontrado em clínicas veterinárias, tem baixa atividade


estrogênica, muito parecido com a metandrostenolona (dianabol) com efeito clínico
semelhante a metenolona (primobolan). Recomendado para mulheres

Meia vida: 12 dias

Utilização:
Mulheres: 100 a 150mg por semana;

Homens: 400 a 600mg por semana.

ATENÇÃO!

Pode causar aumento do apetite (possivel ação sobre a serotonina)


Metandrostenolona (Dianabol)

O dianabol foi criado em 1958, alta atividade estrogênica, 17 – α- aquilado, grande


afinidade pelo receptor de mineralocorticóide (retenção hídrica).
ATENÇÃO! Muito hepatotóxica
Meia vida: 4 a 6 horas

Ciclos curtos: 6 a 8 semanas


Utilização:
Umas das formas de utilizar é por Shot, 2 horas antes do treino ~50mg – dia de treino
mais intenso.

Fluoximesterona (Halotestin)

O halostetin entrou no mercado em 1957, altamente hepatotóxico (17 – α- aquilado),


sem ação estrogênica, importante ação andrógena.

Não tem efeito de aromatização, mais utilizado, na finalização.

Meia vida: 8horas

Principal efeito colateral é psicológica (agressividade).


19-NOR -Decoanato de Nandrolona (Decadurabolin)

Geração posterior à durabolin de 1957, deca-durabolin foi lançada em 1962.


Atividade estrogênca e androgênica baixa, não é um 17- α -aquilado.
Grande afinidade por receptor Mineralocorticóide, base de ciclos de volume.
Muito utilizado no pós operatório – articulações.
O 19- NOR não sofre alteração da aromatase.
Meia vida: 7 a 14 dias - Tem meia vida mais longa
Utilização:
Mulheres: 50 -100mg por semana – DOSE MUITO ALTA (sugestão 50mg a cada 12 ou
15 dias);
Homens – 200 a 600 mg por semana

Figura 4: Meia vida do decanoato de testosterona


Nandrolona (Phenylpropionato (NPP)

Foi descrita pela primeira vez em 1960, é uma nandrolona de ação curta, ação
estrogênica baixa, ação androgênica – dose dependente e não é 17 – α- aquilado.
Utilização:
Mulheres: 50 a 100mg por semana;
Homens: 200 a 400 mg por semana.
Melhor Decoanato de Nandrolona (Decadurabolin)

Trembolona

É comercializado via injetável e oral, confere boa densidade muscular, baixa retenção
hídrica, aromatiza pouco, porém aumenta prolactina, média hepatóxidade.
Meia vida oral ~12h.

• Hexahidrobenzilcarbonato (parabolan) – 100mg/ml – meia vida 3 a 4 dias;


• Acetato – 100mg/ml – meia vida 1 a 2 dias;
• Enantato – 200 mg/ml – meia vida 5 a 8 dias;

Efeitos colaterais mais comuns:

• Ansiedade;
• Agressividade;
• Modulação do humor;
• Sudorese noturna;
• Insônia;
• Tosse no momento da aplicação.
Estudos realizados com trembolona

Um estudo realizado por Daniel G. Donner et al, 2015(2) apresentou que:


1. O tratamento com trembolona reduz significativamente a adiposidade;
2. O tratamento com trembolona melhora o perfil lipídico circulante e a
sensibilidade à insulina;
3. Nenhum efeito adverso cardíaco ou hepático foi observado com o tratamento
com trembolona;
4. Como outros andrógenos, o tratamento com trembolona causa hiperplasia
benigna da próstata;
5. A trembolona pode provar ser um agente de perda de peso eficaz e seguro em
outros modelos

Outro estudo realizado por Ma, F & Liu D (2004)(3) com o objetivo de indicar se a
trembolona contribui para neurodegeneração em ratos.

1. O esteróide anabólico androgênico 17β-trembolona amplamente utilizado tem


neurotoxicidade;
2. A 17β-trembolona atravessa a barreira hematoencefálica e a barreira
placentária;
3. rato tem alto nível de 17β-trembolona no hipocampo após injeção
intramuscular;
4. A 17β-trembolona induz apoptose de neurônios primários do hipocampo;
5. A 17β-trembolona afeta as proteínas Aβ42 e presenilina-1 relacionadas com a
doença de Alzheimer.
REFERÊNCIAS

1. Evans NA. Current concepts in anabolic-androgenic steroids. Am J Sports Med.


2004;32(2):534-42.
2. Donner DG, Beck BR, Bulmer AC, Lam AK, Du Toit EF. Improvements in body
composition, cardiometabolic risk factors and insulin sensitivity with trenbolone in
normogonadic rats. Steroids. 2015;94:60-9.
3. Ma F, Liu D. 17β-trenbolone, an anabolic–androgenic steroid as well as an
environmental hormone, contributes to neurodegeneration. Toxicology and Applied
Pharmacology. 2015;282(1):68-76.

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