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e Problemas Relacionados
ao Couro Cabeludo, Falta
e Excesso de Pelos
Brasília-DF.
Elaboração
Produção
APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 4
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7
UNIDADE I
FISIOPATOLOGIA DAS ALOPECIAS........................................................................................................... 9
CAPÍTULO 1
ALOPECIA CICATRICIAL........................................................................................................... 12
CAPÍTULO 2
ALOPECIA NÃO CICATRICIAL................................................................................................... 30
UNIDADE II
DISTÚRBIOS TRICOLÓGICOS................................................................................................................. 44
CAPÍTULO 1
AFECÇÕES DO COURO CABELUDO........................................................................................ 45
CAPÍTULO 2
EXCESSO DE PELOS................................................................................................................. 58
CAPÍTULO 3
DOENÇAS TRICOLÓGICAS...................................................................................................... 63
REFERÊNCIAS................................................................................................................................... 74
Apresentação
Caro aluno
Conselho Editorial
4
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos
Cadernos de Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Atenção
5
Saiba mais
Sintetizando
6
Introdução
O presente Caderno de Estudos e Pesquisa foi desenvolvido com o objetivo de oferecer
conhecimento científico e fundamentado sobre fisiopatologias das doenças e disfunções
capilares e, assim, direcionamento para novas pesquisas e estudos. Descrições de
etiologia, patogênese, achados clínicos e complementares, desenvolvimento das lesões
e alguns relatos de casos serão abordados ao longo das unidades.
Objetivos
»» Ofertar conhecimento teórico sobre os temas propostos.
7
8
FISIOPATOLOGIA UNIDADE I
DAS ALOPECIAS
De acordo com Brenner, Seidel e Hepp (2011, p. 330), a queixa de alopecia está entre as
dez mais frequentes nos consultórios dermatológicos.
»» cicatricial;
»» não cicatricial.
A alopecia cicatricial evolui para a destruição folicular com perda irreversível dos cabelos.
Subdivide-se em: primária (quando o foco principal da agressão é o folículo piloso)
ou secundária (o folículo NÃO é o foco principal, como neoplasias ou queimadura)
conforme esquema a seguir.
Primária
Cicatricial
Alopecia Secundária
Não cicatricial
9
UNIDADE I │ FISIOPATOLOGIA DAS ALOPECIAS
Fonte: <https://fr.dreamstime.com/photographie-stock-anatomie-de-peau-image9359312>.
Por sua vez, o sebo tem função de lubrificar a superfície da pele e do pelo, proteção dos
fios e ainda função bactericida.
»» alopecia areata;
10
FISIOPATOLOGIA DAS ALOPECIAS │ UNIDADE I
»» alopecia androgenética;
»» eflúvio telógeno.
Altos níveis de ansiedade e até mesmo a depressão com exclusão social são
consequências psicológicas das alopecias. Tornando-se importante seu estudo para
facilitar o diagnóstico precoce, estimular o desenvolvimento científico e retardar suas
manifestações.
11
CAPÍTULO 1
Alopecia cicatricial
Alopecia cicatricial
Segundo Ross et al. (2005, p. 1), a destruição folicular com perda visível dos óstios
foliculares (figura 2) é a marca principal das alopecias cicatriciais, podendo ser
subdividida em primária e secundária de acordo com o padrão da lesão.
12
FISIOPATOLOGIA DAS ALOPECIAS │ UNIDADE I
classificação de acordo com tipo de célula inflamatória predominante nas lesões ativas
do couro cabeludo. Dividindo-se em:
»» Neutrófilo.
»» Linfócito.
»» Misto.
»» Inespecífico.
Tabela 1. Classificação das alopecias cicatriciais primárias pela NAHRS (American Hair Research Society).
Síndrome de Graham-Little
Queratose folicular espinulosa decalvante
13
UNIDADE I │ FISIOPATOLOGIA DAS ALOPECIAS
Importante notar que mesmo que o estoque de células-tronco foliculares não seja
destruído diretamente pelo processo inflamatório (quando essas células não são alvo)
se ocorrer um insulto suficiente nesse local, o potencial regenerativo dessas células
pode-se oprimir resultando também na perda permanente do folículo piloso.
Como nas demais alopecias cicatriciais primárias, há destruição do folículo piloso com
substituição por fibrose. Esta desenvolve-se a partir de uma cicatrização com aumento
das fibras no tecido.
»» Drogas;
»» Infecções;
»» fatores genéticos;
»» imunológicos.
14
FISIOPATOLOGIA DAS ALOPECIAS │ UNIDADE I
Figura 3. Líquen plano pilar com placa de alopecia com redução dos óstios foliculares e típica descamação
perifolicular.
Figura 4. Síndrome de Graham-Little-Piccardi-Lasseur. (a) alopecia cicatricial difusa do couro cabeludo com
tamponamento folicular hiperqueratótico. (b) alopecia axilas. (c) pápulas foliculares no abdômen. (d) Placas de
hiperqueratose do líquen plano na região malar da face e da ponte nasal.
Fonte: <http://www.ijtrichology.com/viewimage.asp?img=IntJTrichol_2013_5_4_199_130403_u1.jpg>.
15
UNIDADE I │ FISIOPATOLOGIA DAS ALOPECIAS
Figura 5. Seta azul: sobrancelha micropigmentada após perda dos pelos; Seta vermelha: avanço da linha anterior
dos cabelos, com aumento do tamanho da testa e perda das costeletas.
Fonte: <https://dermatologiaesaude.com.br/alopecia-fibrosante-frontal/>.
Dor 20% 0%
Queimação 30% 0%
Segundo tal estudo, não é possível diferenciar as duas doenças pela histopatologia, mas
as características clínicas são distintas.
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FISIOPATOLOGIA DAS ALOPECIAS │ UNIDADE I
Inicial Tardio
Eritema perifoliculare interfolicular Cicatrizes atróficas substituem as lesões
Escamas perifoliculares tubulares Perda definitiva dos orifícios foliculares
(diagnóstico equivocado de dermatite seborreica) (alterações irreversíveis)
Fonte: A autora.
Durante a fase inicial, o Líquen Plano Pilar pode ser facilmente confundido com
a dermatite seborreica, uma doença na qual também existe descamação no couro
cabeludo e vermelhidão externada pelo inflamação.
Na fase tardia, o quadro pode ser irreversível já que existe tecido cicatricial com
característica atrófica, ou seja, mais baixa que o relevo da pele ao redor.
»» hiperqueratose;
Fonte: <https://saude.umcomo.com.br/artigo/quais-sao-as-camadas-da-pele-funcoes-e-anexos-13519.html>.
17
UNIDADE I │ FISIOPATOLOGIA DAS ALOPECIAS
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
»» linfocitária;
»» autoimune;
18
FISIOPATOLOGIA DAS ALOPECIAS │ UNIDADE I
»» fibrose;
»» inflamação perifolicular;
O uso de prednisona via oral 40mg/ dia, associada a clobetasol 0,05% tópico duas vezes
ao dia mais hidratação apresentou melhora clínica após 30 dias do tratamento como
mostra estudo de Andrade et al. (2017).
Crisótomo et al. (2011) apresentou um caso compatível com líquen plano pilar e áreas
doadoras e receptoras após microtransplante capilar (Figura 7 e 8). Paciente era do sexo
masculino, 50 anos, com queixa de perda dos fios na área receptora após o procedimento.
19
UNIDADE I │ FISIOPATOLOGIA DAS ALOPECIAS
Foliculite decalvante
Horowitz et al. (2013 p. 171), afirma que a foliculite decalvante representa cerca de 11%
dos casos de alopecia cicatricial primária. Predominante em indivíduos negros e do
sexo masculino e em adolescentes e adultos jovens.
Fonte: <http://dermatopatologia.com/doenca/foliculite-decalvante/>.
Pústula: uma pequena elevação da pele, contendo fluido turvo ou purulento (com pus).
20
FISIOPATOLOGIA DAS ALOPECIAS │ UNIDADE I
No estágio tardio, existe a substituição dos folículos pilosos por um trato fibroso,
associado à perda de fibras elásticas, cicatriz folicular dérmica e perda dos músculos
eretores do pelo.
»» pústulas foliculares;
Foliculite queloidiana
O termo acne queloidiana é um termo usual, mas impróprio, já que não está associada
à acne vulgar.
»» foliculite crônica;
»» inflamatória;
A cicatriz hipertrófica é uma cicatriz mais elevada que o relevo do tecido saudável.
Ocorre a partir de uma lesão com desordem de fibras colágenas.
21
UNIDADE I │ FISIOPATOLOGIA DAS ALOPECIAS
Fonte: <http://portal.drajuliabroetto.com.br/index.php/cirurgia-reparadora/quleloide-ou-cicatriz-
hipertrofica/>.
A etiologia exata é desconhecida mas inicia-se com pápulas foliculares planas e firmes
com cor avermelhada ou marrom-avermelhada podendo evoluir para nódulos ou placas
queloidianas.
Na histologia se evidencia:
»» interrupção folicular;
»» inflamação granulomatosa;
»» cicatriz hipertrófica.
Acredita-se que uma agressão possa sensibilizar a parede folicular gerando um processo
inflamatório e assim induzir a uma reparação fibrosa com extrusão de fragmentos de
pelos na derme. A consequência desse processo é inflamação granulomatosa e formação
de abcessos.
Os granulomas tipo corpo estranho são provocados por corpos estranhos imóveis (como
o próprio pelo fragmentado) e que não provocam resposta imune.
22
FISIOPATOLOGIA DAS ALOPECIAS │ UNIDADE I
Fonte: <https://emmanuelfranca.com.br/foliculite-queloidiana-da-nuca-2/>.
23
UNIDADE I │ FISIOPATOLOGIA DAS ALOPECIAS
Fonte: <http://www.atlasdocorpohumano.com/p/imagem/celulas-de-langerhans>.
Dessa forma, na alopecia cicatricial secundária, provavelmente exista algum dos fatores
a seguir:
»» Lesão tecidual.
»» Contaminação.
»» Resposta autoimune.
»» Inflamação persistente.
24
FISIOPATOLOGIA DAS ALOPECIAS │ UNIDADE I
Sarcoidose
A sarcoidose é uma doença granulomatosa multissistêmica, que pode afetar qualquer
parte do corpo com etiologia e patogênese exata desconhecida, embora acredita-se que
fatores genéticos, ambientais e imunológicos estejam envolvidos.
Teixeira et al. (2003, p.721) relata “a alopecia da sarcoidose representa uma alopecia
cicatricial verdadeira, com ausência de fibras elásticas ao exame histopatológico.” As
fibras elásticas conferem flexibilidade aos tecidos.
Neste exame, é encontrado granuloma não caseoso de células epitelioides (figura 13).
Figura 13. Presença de granulomas epitelioides, sem orla linfocitária, na derme superior e média.
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UNIDADE I │ FISIOPATOLOGIA DAS ALOPECIAS
»» atrofia;
»» eritema;
»» descamação;
»» placas eritematosas;
»» nódulos;
»» ulcerações.
Brenner et al. (2008, p.438), acrescenta ainda que as lesões podem ser localizadas ou
difusas e na maioria dos casos estava associado as lesões cutâneas.
Na figura 14 representa o couro cabeludo de uma mulher de 80 anos, negra, com lesões
há dois anos. Inicialmente eram crostas eritematosas evoluindo para placas alopécicas
na região fronto-parietal-occipital com superfície atrófica, acrômica (sem pigmento)
com áreas saudáveis.
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FISIOPATOLOGIA DAS ALOPECIAS │ UNIDADE I
Contaminação
Hernández et al. (2004, p.23) garante que “o tipo de lesão vai depender da interação
entre o hospedeiro e o agente etiológico”.
27
UNIDADE I │ FISIOPATOLOGIA DAS ALOPECIAS
Fonte: <https://openi.nlm.nih.gov/detailedresult.php?img=PMC3047946_ccid-3-089f2&req=4>.
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FISIOPATOLOGIA DAS ALOPECIAS │ UNIDADE I
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CAPÍTULO 2
Alopecia não cicatricial
Convido a iniciar os estudos das alopecias não cicatriciais mais frequentes. Aqui, as
disfunções são adquiridas e os folículos pilosos adotam um comportamento patológico.
1. Alopecia areata.
3. Eflúvio telógeno.
Alopecia areata
Alopecia Areata (AA) é uma condição de perda de cabelo desigual, não cicatricial,
hipotetizada por ser autoimune, órgão-específica, mediada por linfócitos T direcionados
para o folículo. Se inicia em qualquer idade sem predileção por raça ou sexo.
Características clínicas confirmadas por Rivite (2005 p.49), e Madani e Shapiro (2000)
p.552) de perda súbita dos pelos em qualquer área pilosa, com pele lisa e brilhante,
sem atrofia do folículo e placas alopécicas arredondadas ou ovais e bordas com
pelos terminais afinadas e descorados que terminam com uma dilatação (“ponto de
exclamação” – figura 18) e são facilmente arrancados.
30
FISIOPATOLOGIA DAS ALOPECIAS │ UNIDADE I
»» Pontos de exclamação.
»» Cabelos distróficos.
31
UNIDADE I │ FISIOPATOLOGIA DAS ALOPECIAS
Fonte: <https://www.mundoestetica.com.br/esteticageral/epiderme-derme-camadas-pele/>.
Ou seja, uma lesão na derme pode ser capaz de alterar a comunicação entre as células,
gerar um processo inflamatório e modificar a produção natural das células.
»» vitiligo;
»» doenças da tireoide;
32
FISIOPATOLOGIA DAS ALOPECIAS │ UNIDADE I
»» lúpus eritematoso;
»» artrite reumatoide.
Os folículos são substituídos por tratos fibrosos com presença de eosinófilos nestes e
no infiltrado peribulbar. Alterações nos queratinócitos, melanócitos e na melanogênese
também são achados comuns nas placas alopécicas.
Fonte: <https://www.jethair.com.br/2017/10/25/quais-sao-os-principais-tipos-de-alopecia-que-existem/>.
33
UNIDADE I │ FISIOPATOLOGIA DAS ALOPECIAS
Fonte: <https://www.dermatologiasp.com/alopecia-areata/>.
Fonte:Rivitti, 2005.
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FISIOPATOLOGIA DAS ALOPECIAS │ UNIDADE I
»» Início na infância.
»» Envolvimento generalizado.
»» Tipo ofiásico.
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UNIDADE I │ FISIOPATOLOGIA DAS ALOPECIAS
Importante notar que as formas simples e localizadas curam-se com pequenas intervenções
e até mesmo espontaneamente, mas as formas graves são de prognose reservada.
Alopecia androgenética
Masculina
Tipo de alopecia mais comum nos homens em idade mais avançada. Para muitos, causa
desconforto com comprometimento das atividades de vida diária.
Fonte: <http://www.medicinacutanea.com.br/fr/alopecia-androgenetica-2/>.
36
FISIOPATOLOGIA DAS ALOPECIAS │ UNIDADE I
e a DHT, mas a DHT tem preferência nessa ligação. As etapas podem demonstrar
a evolução:
1. Andrógenos circulantes.
»» Redução de aromatase.
Pode-se resumir que diminuir a atividade androgênica nos folículos e preservar a saúde
do couro cabeludo são pontos importantes para reverter ou estabilizar o processo de
miniaturização.
»» Estágio 6: Sem faixa pilosa, com união das áreas de perda capilar.
Fonte: <https://www.researchgate.net/figure/The-Norwood-Hamilton-classification-of-male-balding-defines-two-major-patterns-and_
fig1_230645756>.
Se não tratada, a alopecia androgenética se torna progressiva com redução dos fios em
cerca de 5% ao ano.
Feminina
O pico de incidência da alopecia androgenética nas mulheres ocorre após os 50 anos com
cerca de 30% de acometimento após os 70 anos, afirma Mulinari-Brenner (2011 p. 330).
Segundo Kede e Sabatovich (2004 p181) “Caracteriza-se por perda e afinamento dos
cabelos, que se inicia no vértex, podendo chegar ao quadro de calvície, preservando
normalmente a linha frontal”.
38
FISIOPATOLOGIA DAS ALOPECIAS │ UNIDADE I
Na AA feminina:
Uma consideração relevante é o fato de a mulher ter seis vezes mais aromatase
que os homens na região frontal, explicando o fato de manter a rarefação, mas sem
recesso. A enzima aromatase transforma testosterona em estradiol e estroma, com isso,
ela diminui a quantidade de testosterona intracelular, reduzindo DHT e prevenindo a
calvície.
»» Grau 2 – moderada.
»» Grau 3 – severa.
Fonte: <https://aestheticsjournal.com/feature/case-study-treating-female-patterned-hair-loss>.
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UNIDADE I │ FISIOPATOLOGIA DAS ALOPECIAS
Eflúvio telógeno
Segundo a Associação Brasileira de Dermatologia (SBD), o eflúvio telógeno é uma condição
de perda diária de fios de cabelo, relatado principalmente após o banho e na escova de
pentear. A seguinte figura pode facilitar a memorização sobre o eflúvio telógeno.
Fonte: <https://www.contraquedadecabelo.com.br/efluvio-telogeno/>.
Vale a pena relembrar sobre o ciclo capilar para melhor memorização do eflúvio
telógeno.
Fonte: <http://www.ecophane-biorga.com/pt/experts/ciclo-de-vida-dos-cabelos/>.
Addor et al. (2014 p.134), afirma que “alguns fatores estão fortemente associados a
seu aparecimento, como doenças sistêmicas, pós-parto, estresse emocional, carências
nutricionais”. Em apenas um terço não se encontra a etiologia.
Entendendo as fases do ciclo natural, fica mais fácil compreender os tipos funcionais.
São cinco:
41
UNIDADE I │ FISIOPATOLOGIA DAS ALOPECIAS
Fonte: <https://dermatopatologia.com/doenca/efluvio-telogeno/>.
42
FISIOPATOLOGIA DAS ALOPECIAS │ UNIDADE I
Mesmo não sendo o tratamento o foco do nosso presente estudo, vale a pena conhecer
um estudo sobre xampus cosmecêuticos para tratamento ou controle do eflúvio telógeno
e da alopecia androgenética que foi realizado por Gomes, Lima e Santos (2017). Nele,
foi mencionado duas marcas: Pilexil Shampoo Antiqueda® e Anaphase Stimulanting
Cream Shampoo® e seus ativos com mecanismos de ação destacados foram:
43
DISTÚRBIOS UNIDADE II
TRICOLÓGICOS
Iniciaremos nosso estudo com as afecções mais relevantes no couro cabeludo. Cada
capítulo abordará as alterações histopatógicas e os mecanismos de ação. Desta forma,
você será capaz de sugerir o melhor direcionamento terapêutico e indicação clínica
quando necessário.
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CAPÍTULO 1
Afecções do couro cabeludo
Dermatite seborreica
A dermatite seborreica ou eczema seborreico é uma dermatose inflamatória crônica,
não contagiosa e recorrente, confirma Gomes (2015, p.4).
»» alteração no sebo;
»» suscetibilidade individual.
45
UNIDADE II │ DISTÚRBIOS TRICOLÓGICOS
Da mesma forma que a maioria dos indivíduos com níveis de secreção sebácea
aumentados não desenvolvem a doença, não se encontra tal alteração em todos os
portadores de DS, apenas deixa a pele mais propensa ao aparecimento.
Vale ressaltar que alguns pacientes possuem níveis normais deste fungo na pele, mas
apresentam uma resposta imune desajustada à sua presença.
A histologia das lesões cutâneas dos doentes com DS não é considerada diagnóstica,
sendo usada principalmente para diagnóstico diferencial com psoríase.
»» paraceratose;
46
DISTÚRBIOS TRICOLÓGICOS │ UNIDADE II
Fonte: <http://fisioterapiacomsaude.com.br/acantose/>.
Fonte: <http://anatpat.unicamp.br/lamneo2a.html>.
47
UNIDADE II │ DISTÚRBIOS TRICOLÓGICOS
Fonte: <http://anatpat.unicamp.br/lampele1a.html>.
Não existe cura para a DS, mas é possível minimizar os sintomas com o controle da
inflamação, da oleosidade e reduzir a proliferação de micro-organismos.
As lesões do couro cabeludo variam desde uma leve escamação até a formação de
crostas melicéricas (que lembram a cor de mel) bem aderidas ao couro cabeludo e aos
fios e áreas alopécicas.
48
DISTÚRBIOS TRICOLÓGICOS │ UNIDADE II
Fonte: <http://www.derm.com.br/292/dermatite-seborreica/>.
Fonte: <http://sweettherapy.com.br/dermatite-seborreica-conheca-a-doenca-e-o-que-pode-combate-la/>.
Vale a pena enfatizar que não existe uma forma de prevenir o desenvolvimento ou o
reaparecimento da dermatite seborreica, contudo, higiene adequada, hábitos saudáveis
com boa alimentação auxiliam no controle e resolução dos transtornos.
»» Fungistáticos clássicos
49
UNIDADE II │ DISTÚRBIOS TRICOLÓGICOS
»» Antifúngicos
›› Ciclopirosolamina.
›› Cetoconazol.
›› Bifonazol.
·· Ácido salicílico.
·· Ureia.
·· Ácido retinoico.
·· Alfa-hidroxiácidos.
›› Corticosteroides.
Psoríase
A psoríase é uma doença sistêmica inflamatória crônica, não contagiosa, que afeta a
pele, unhas, articulações e couro cabeludo com manifestações clínicas variáveis e curso
recidivante.
Figura 39. Psoríase em placas.
Fonte: <http://www.forumsaude24.com/psoriase/>.
50
DISTÚRBIOS TRICOLÓGICOS │ UNIDADE II
Fonte: <http://tricologista.blogspot.com/2010/08/psoriase-do-couro-cabeludo.html>.
Mesquita (2013), esclarece que a patogênese da psoríase não está totalmente clara,
embora prevaleça a teoria autoimune “em que a epiderme e a proliferação capilar são
afetadas pela libertação excessiva de citoquinas por linfócitos resultantes de interações
genéticas com fatores ambientais e o sistema imunitário.”
51
UNIDADE II │ DISTÚRBIOS TRICOLÓGICOS
As lesões podem ser isoladas ou associadas, mas estão localizadas principalmente nas
regiões:
»» cotovelos;
»» joelhos;
»» pés e mãos;
»» sacro;
»» couro cabeludo.
A apresentação clínica da psoríase do couro cabeludo pode ser altamente variável, desde
manifestações leves com escamação suave e fina até muito grave com crostas espessas
e placas cobrindo todo o couro cabeludo.
»» em placas eritematosas;
Fonte: <http://psoriasismedication.org/scalp-psoriasis-treatment-and-causes/>.
52
DISTÚRBIOS TRICOLÓGICOS │ UNIDADE II
Existem ainda, outros tipos de psoríase com características próprias como: gutata,
palmoplantar, inversa, eritrodérmica, pustular generalizada, ungueal e artropática.
»» traumas;
»» infecções;
»» álcool;
»» tabaco;
»» estresse.
Embora não seja letal nem contagiosa, os portadores sentem grande insatisfação com
a aparência física com sensação de descriminação. Segundo Silva e Silva (2007, p.261)
“sentem-se desprezíveis, sujos e intocáveis.”
A psoríase gera grande impacto na qualidade de vida com grande associação ao estresse
mesmo em pacientes com pequenas áreas de acometimento. Em 71% dos casos pode
interferir na qualidade da vida sexual.
Maldonado et al. (2013, p.408), revelam uma opção de avaliação da extensão da psoríase
por meio de um instrumento chamado Psoriasis Área and Severity Index (PASI) que se
trata de uma estimativa subjetiva calculada pelo avaliador.
Tabela 4. Índice de Gravidade e Extensão das Lesões Psoriásicas Utilizadas para Cálculo do PASI.
53
UNIDADE II │ DISTÚRBIOS TRICOLÓGICOS
1. Agressão.
4. Inflamação.
5. Aumento de queratinócitos.
6. Aumento da vascularização.
Infecções como amigdalites e faringites por Streptococcus, são fatores exógenos que
podem induzir o aparecimento da psoríase. As toxinas destas bactérias são capazes de
promover a cascata de ativação de células T, células de Langerhans e queratinócitos.
Mais uma vez, a interligação entre queratinócitos e as células imunes por meio das
citocinas, refletem em:
»» hiperproliferação de queratinócitos;
»» inflamação;
»» neovascularização.
Maldonato et al. (2013 p.406), verifica que “corticosteroides de alta potência são tão
efetivos quanto derivados da vitamina D para o tratamento de lesões cutâneas, mas são
superiores no tratamento de psoríase do couro cabeludo.”
54
DISTÚRBIOS TRICOLÓGICOS │ UNIDADE II
»» Calcipotriol: pomada.
»» Calcitriol: pomada.
»» Antralina: formulações.
»» Tacrolimus: pomada
»» Pimecrolimus: creme.
Pediculose
Pediculose é uma doença ectoparasitária descrita desde os tempos mais remotos e ainda
é considerada um sério problema de saúde pública.
Figura 43. Pediculus humanus capitis; Pediculus humanus corporis; Phthirus púbis.
Fonte: <http://profjonatas.blogspot.com/2012/03/piolhos-insetos-que-parasitam-os-seres.html>.
55
UNIDADE II │ DISTÚRBIOS TRICOLÓGICOS
1o ovo (lêndea).
2o ninfas.
A coceira se deve pela reação das enzimas anticoagulantes e anestésico que o piolho
injeta no local da picada, para que o hospedeiro não sinta dor e o sangue não coagule
no abdome do inseto.
As feridas provenientes das coceiras podem gerar alguns casos de infecções devido à
ação oportunista de bactérias Streptococcus pyogenes e Staphylococcus aureus, quando
o hospedeiro apresenta alta carga parasitária. A seguinte figura mostra as alterações
como eritema, bolhas, crostas com prurido.
Fonte: <https://www.criasaude.com.br/N8034/doencas/impetigo.html º
56
DISTÚRBIOS TRICOLÓGICOS │ UNIDADE II
A pediculose pode levar a quadros anêmicos, devido à alta hematofagia dos piolhos, ou
até mesmo a quadros de miíases (infecção da pele por larvas de moscas).
A ação mecânica provou ser a melhor opção para exterminar o parasito do couro
cabeludo uma vez que a utilização do pente fino possibilita retirar os ovos dos fios
capilares.
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CAPÍTULO 2
Excesso de pelos
Não é somente a falta de cabelos que afeta a autoestima, o excesso de pelos traz
desconforto para milhares de mulheres principalmente.
Fonte: <http://www.medicinanet.com.br/conteudos/revisoes/5301/hirsutismo.htm>.
Fonseca et al. (2010, p.403), considera que a disfunção possa ocorrer associado
a algumas condições com ou sem hiperandrogenemia como na tabela a seguir, mas
concentrações elevadas de androgênios circulantes aumentam a atividade da enzima
5-α redutase e assim agravam os sintomas do hirsutismo.
58
DISTÚRBIOS TRICOLÓGICOS │ UNIDADE II
Sem dúvidas, as causas mais prevalentes do hirsutismo é a síndrome dos ovários policísticos,
estando presente em mais de cinquenta por cento das pacientes com a manifestação.
Porém, existem outros desencadeadores também de grande relevância presentes.
»» Ovarianas:
›› Hipertecose.
»» Adrenais
›› Tumores virilizantes.
›› Síndrome de Cushing.
»» Periférica – pele
»» Medicações
›› Danazol.
59
UNIDADE II │ DISTÚRBIOS TRICOLÓGICOS
›› Diazoxide.
›› Minoxidil.
›› Tamoxifeno.
›› Estreptomicina.
›› Gestrinoma.
Fonte: <https://media.nature.com/full/nature-assets/nrendo/journal/v4/n5/images/ncpendmet0789-f2.jpg>.
Neste escore:
O problema é que este método tem um componente subjetivo e não pontua algumas
regiões como as regiões perineal, glútea e lateral do rosto.
»» Depilação Química.
»» Depilação Física.
»» Eletrólise.
»» Laser de Rubi.
61
UNIDADE II │ DISTÚRBIOS TRICOLÓGICOS
Fonte: <https://esteticaarlete.com.br/index.php?route=blog/article&article_id=3>.
Fonte: <https://www.tuasaude.com/como-tratar-a-sindrome-de-lobisomem/>.
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CAPÍTULO 3
Doenças tricológicas
Tricotilomania
Atualmente é classificada dentro dos transtornos de hábito e de controle de impulsos.
»» Thrix: cabelo.
»» Tillein: arrancar.
»» Mania: loucura.
Lima et al. (2010), afirmam que “os pacientes referem sentir uma urgência ou necessidade
incontrolável de arrancar os próprios pelos, principalmente os cabelos, podendo
também envolver sobrancelhas, cílios, pelos pubianos ou de qualquer outra parte
do corpo.”
Além dos danos psicossociais e estéticos perceptíveis, podem ocorrer complicações clínicas
pela ingestão dos fios arrancados, uma prática comum dos portadores da tricotilomania.
O bolo de cabelo ingerido pode causar dores abdominais, náuseas, vômitos, úlceras,
pancreatite e até mesmo perfuração intestinal e obstrução aguda.
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Tratada com clomipramina teve boa evolução dos sintomas e após 6 meses não
apresentava mais falhas no couro cabeludo.
Miasaki (2005), afirma que “existe uma combinação de fatores genéticos que provocam
uma disfunção de neurotransmissores associada a problemas emocionais que desencadeiam
os sintomas.”
»» Infundíbulo dilatado.
»» Rolhas córneas.
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Fonte: <http://dermatoscopia.com.br/portal/index.php/tricotilomania/>.
Tricotiodistrofia
Palacio et al. (2015 p.451), considera a Tricotiodistrofia (TTD) como um transtorno
genético caracterizado por diminuição de enxofre nos tecidos derivados de ectoderme e
neuroectoderme, diferenciando-os em cabelos distróficos e hipotricose.
Fonte: <https://durasalud.wordpress.com/2015/12/21/tricotiodistrofia/>.
A TTD apresenta padrão genético autossômico recessivo, assim, qualquer casal com uma
criança afetada, o risco de que uma segunda criança venha a apresentar TTD é de 25%.
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Os fio tem aspecto seco, arrepiado e áspero ao toque como na figura a seguir.
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›› crescimento lento.
Inicia-se na infância, o cabelo possui crescimento lento, na maioria dos casos com a cor
loiro-prateado, caracterizados pela desordem que não se modifica a ser penteados.
Tricorrexis nodosa
A tricorrexis nodosa ou tricorrexe nodosa caracteriza-se pela presença de nódulos
esbranquiçados, acinzentados ou amarelados ao longo da haste capilar, que se quebram
com facilidade nestes pontos.
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Fonte: <http://www.clinicatransplantecapilar.com/alteraes-da-haste-do-plo>.
A tricorrexis nodosa foi descrita por Joubert em 1577 e em 1876 recebeu essa
nomenclatura por Kaposi que a escolheu por considerar um nódulo (do latim nodosum)
e ruptura (do rhexis grego) do cabelo.
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»» penteados tensos;
»» tranças;
»» radiação ultravioleta;
»» química capilar.
Tricoptilose
As famosas “pontas duplas” ou até mesmo quadruplas recebe o nome de tricoptilose,
caracterizando por fissura longitudinal na haste do cabelo.
Mais comum nas pontas, mas pode ser encontrado também no meio da haste.
Fonte: <https://www.tuasaude.com/tricoptilose/>.
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»» Ressecamento da haste.
»» Alimentação inadequada.
Moniletrix
Moniletrix é termo de origem greco-latina que significa “cabelo em colar”. A principal
característica é uma haste capilar com áreas largas alternando com áreas estreitas,
formando região nodal e internodal.
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DISTÚRBIOS TRICOLÓGICOS │ UNIDADE II
Fonte: <https://tratamientohongos.com/coiloniquia/>.
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A solução de tretinoína 0,025 - 0,05% e Minoxidil pode ser usado topicamente com
intuito de melhorar o crescimento dos fios.
Fonte: <https://www.saudedica.com.br/sindrome-de-cabelos-lanosos-o-que-e-sintomas-e-tratamentos/>.
»» Brilhantes.
»» Menor diâmetro.
»» Curvos – encaracolados.
»» Crescimento normal.
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DISTÚRBIOS TRICOLÓGICOS │ UNIDADE II
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Referências
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aestheticsjournal.com/feature/case-study-treating-female-patterned-hair-loss>.
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variabilidade clínica em 12 membros de uma família. An Bras Dermatol; vol. 83, no
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alopecia? Disponível em: <https://docplayer.com.br/67999625-Como-realizar-exame-
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em: <https://www.jethair.com.br/2017/10/25/quais-sao-os-principais-tipos-de-
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