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Apostila TAT Resumida
Apostila TAT Resumida
Guarulhos / 2006
I - INTRODUÇÃO
II - FUNDAMENTOS TEÓRICOS
Para criar o TAT, Murray partiu do princípio de que diferentes indivíduos, frente a uma
mesma situação vital, a experimentam cada um a seu modo, de acordo com sua perspectiva
pessoal. Essa forma pessoal de elaborar uma experiência revela a atitude e a estrutura do
indivíduo frente à realidade experimentada. Assim, expondo-se o sujeito a uma série de situações
sociais típicas e possibilitando-lhe a expressão de sentimentos, imagens, idéias e lembranças
vividas em cada uma destas confrontações, é possível ter acesso à personalidade subjacente.
Esse procedimento, nas situações apresentadas, favorece a projeção do mundo interno do sujeito.
Partindo desse princípio, Murray, com sua assistente Christiana Morgan, procedeu à
escolha do material que viria a constituir o TAT: fotografias de pinturas em museus, anúncios em
revistas, fotos de filmes de cinema e de outras fontes, que posteriormente foram redesenhados
para apresentar um estilo uniforme. O produto final são reproduções de situações dramáticas, de
contornos imprecisos, impressão difusa e tema inexplícito. Exposto a esse material, o indivíduo,
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sem perceber, identifica-se com uma personagem por ele escolhida e, com total liberdade,
comunica, por meio de uma história completa, sua experiência perceptiva, mnêmica, imaginativa e
emocional. Dessa forma, podem-se conhecer quais situações e relações sugerem ao indivíduo
temor, desejos, dificuldades, assim como as necessidades e pressões fundamentais na dinâmica
subjacente de sua personalidade.
Em relação ao conceito de projeção, Murray comenta que o sujeito percebe o ambiente e
responde ao mesmo em função de seus próprios interesses, atitudes, hábitos, estados afetivos,
desejos etc. – em outras palavras, o indivíduo estrutura a realidade de acordo com suas próprias
características. No caso do TAT, em vez de projeção, falamos em apercepção, ou seja, não uma
mera percepção de um objeto, mas toda uma interpretação de uma cena.
A percepção depende do campo de estímulos (fator externo) e das necessidades do
indivíduo (fator interno). Quando o campo de estímulos é mais estruturado, predomina o fator
externo na percepção; quando o campo de estímulos é menos estruturado, predominam os
fatores internos na percepção. Nos métodos projetivos, os estímulos são pouco estruturados e as
instruções permitem grande liberdade de resposta.
Para a mente aberta e humanista de Murray, a teoria de Freud sobre as pulsões
inconscientes, sexuais e agressivas pecava por ser uma simplificação excessiva da complexidade
multifacetada da motivação humana. Murray admirava Freud e sua obra, mas acreditava que sua
primeira teoria libidinal era excessivamente restrita e limitada. Desenvolveu então sua
personologia, uma teoria basicamente motivacional em que são centrais os conceitos de
necessidade e pulsão.
Necessidade é um construto que representa uma força, na região cerebral, que organiza a
percepção, a apercepção, a intelectualização, a conação e a ação, de modo a transformá-la em
certa direção, ou seja, em uma situação satisfatória existente. Em outras palavras, a necessidade
gera um estado de tensão que conduzirá a ação no sentido de chegar à satisfação, que por sua
vez reduzirá a tensão inicial, ou seja, restabelecerá o equilíbrio. A necessidade pode ser
produzida por forças internas ou externas e é sempre acompanhada por um sentimento ou
emoção.
Necessidade Definição
Afiliação Tornar-se íntimo a outrem, associar-se a outrem em assuntos comuns (afiliação
associativa).
Fazer amizades e mantê-las. Ligar-se afetivamente e permanecer leal a um amigo
(afiliação emocional).
Agressão Vencer a oposição pela força. Lutar, revidar à injúria. Atacar, injuriar, matar. Opor-se
pela força ou punir a outrem.
Altruísmo Promover as necessidades de pessoas desamparadas, como crianças ou pessoas
fracas, incapazes, fatigadas, inexperientes, enfermas, arruinadas, humilhadas,
abandonadas, aflitas e mentalmente perturbadas. Ajudar alguém que está em perigo.
Alimentar, ajudar, consolar, proteger, curar, confortar, cuidar
Apoio Ter suas necessidades satisfeitas pela ajuda simpática de pessoa amiga; ser
protegido (n.proteção), sustentado, cercado, amado, aconselhado, guiado, perdoado,
consolado. Permanecer ao lado de um devotado protetor. Ter um defensor
permanente
Aquisição Adquirir, comprar algum objeto. É aquisição social, quando o objeto adquirido é
ajustado socialmente; enquanto que, é associal quando o objeto é para um objetivo
desajustado socialmente, tal como para agredir
Autodefesa (física) Evitar a dor, o dano físico, a doença, a morte. Escapar de uma situação perigosa.
Tomar medida de autoprecaução.
(Autodefesa Psíquica): Evitar a humilhação. Fugir de situações embaraçosas ou depreciativas: escárnio,
ridículo, indiferença dos outros.
Reprimir a ação pelo medo do fracasso.
Autonomia Libertar-se, resolver a restrição, romper o confinamento. Resistir à coerção e à
restrição ou mesmo domínio. Romper com as convenções. Não se sentir obrigado a
cumprir ordens superiores. Ser independente e agir segundo o impulso. Não estar
comprometido.
Compreensão Perguntar e responder. Interessar-se por teorias. Especular, formular, analisar,
generalizar.
Conhecimento Saber os fatos aprofundar-se.
Contra-reação Dominar ou vencer o fracasso pelo esforço.
Desfazer a humilhação pela reação. Superar a fraqueza, reprimir o temor. Defender a
honra através de uma ação. Procurar obstáculos e dificuldades a vencer. Manter a
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descrição não apenas de seus motivos ou tendências, mas também a maneira pela qual ele vê ou
interpreta seu meio.
Pressão Tipo
Falta de Apoio (família) a) discordância cultural
b) discordância familiar
c) disciplina instável
d) separação dos pais
e) ausência de um dos pais
f) enfermidade de um dos pais
g) morte de um dos pais
h) inferioridade de um dos pais
i) dissemelhança () entre os pais
I) pobreza
l) lar desorientado
Perigo Físico: a) Desproteção física
b) através da água
c) abandono e escuridão
d) intempéries, relâmpagos
e) através do fogo
f) através de acidente
g) animal
Falta ou Perda: a) de alimentos
b) de recursos
c) de companhia
d) de mudança (monotonia)
Afiliação: a) associativa (amizades)
b) emocional
Agressão: a) emocional
b) verbal
c) física
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d) social
e) associal
f) destruição de propriedade
g) mau trato de mais velhos (homem ou mulher)
h) mau trato de companheiros
i) desavença com companheiros
Dominação: a) coerção
b) restrição
c) indução, sedução
d) proibição
e) disciplina
f) orientação religiosa
Inferioridade: a) física
b) social
c) intelectual
Sexo: a) exibicionismo
b) sedução (homo/heterossexual)
Apoio, dar afeto
Criação, indulgência
Decepção, ou traição
Deferência, louvor, reconhecimento
Nascimento de irmão
Rejeição, desprezo
Retenção de objetos
Rival, competidor
1) PRIMEIRA SÉRIE
PRANCHA 1
O MENINO E O VIOLINO
Um rapaz está contemplando um violino colocado sobre a mesa à sua frente.
C) Clichês:
Temas que manifestam atitude do sujeito frente ao dever e com freqüência as suas
aspirações:
D) Distorções:
Interpreta o menino como sendo cego ou que está dormindo; em relação ao violino ou o
percebe mal, ou uma das cordas está solta; confusão do objeto identificado como sendo um livro.
E) Omissões:
Não consegue ver o arco ou o violino, ou ambos.
F) Simbolizações:
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1. O herói está preocupado porque uma corda está solta ou arrebentada, portanto intocável:
freqüente em sujeitos que tem sentimento de culpa devido à masturbação ou que sofrem de
ansiedade de castração.
PRANCHA 2
A ESTUDANTE NO CAMPO
Cena campestre: no primeiro plano está uma jovem com livros na mão; ao fundo, um
homem está trabalhando no campo e uma mulher mais idosa assiste.
C) Clichês:
Revelam as reações do herói (a jovem do primeiro plano ou o homem do fundo) frente ao
ambiente pouco cordial ou que não a (o) estimula, ou diante dos problemas enraizados pelas
dificuldades de relacionamento familiar. Denuncia como o paciente vê seu ambiente, seu nível de
aspiração e suas atitudes frente a seus pais.
PRANCHA 3 RH
No chão, encostado a um sofá, está agachado um rapaz com a cabeça reclinada sobre o
seu braço direito. Ao seu lado, no chão, há um revolver.
C) Clichês:
Histórias que expressam depressão; rejeição e suicídio. O rapaz foi injustiçado e o mesmo
acaba tendo mal procedimento. Mais especificamente denunciam as situações que o sujeito
considera sendo frustradores de seus desejos, assim como suas reações e seu estilo na
resolução dos problemas.
D) Distorções:
1. O jovem é visto como moça, pelos sujeitos com fortes tendências femininas;
2. O revolver é visto como um brinquedo ou outra coisa menos hostil, pelos sujeitos incapazes de
expressar sua agressão de forma manifesta.
E) Omissão:
Do revolver
PRANCHA 3 MF
A JOVEM NA PORTA
Uma jovem está de pé e cabisbaixa cobrindo o rosto com a mão direita. Seu braço
esquerdo está estendido para frente, apoiando-se numa porta de madeira.
C) Clichês:
Dá lugar à expressão de sentimento de desespero e culpa
PRANCHA 4
C) Clichês:
Histórias de conflitos (discussão ou drama de um eterno triângulo amoroso) do casal que
está no primeiro plano. A figura seminua no fundo é a amante ou noiva do homem. O homem
deseja desvencilhar-se da mulher para realizar algum plano, mas ela quer retê-lo. Traduzem as
dificuldades do sujeito em sua vida matrimonial ou suas atitudes frente às mulheres e o sexo.
D) Omissão: -
Da mulher semidespida.
PRANCHA 5
Inter-relações mãe-filho
C) Clichês:
A mulher de idade mediana descobriu um ou mais indivíduos em atitudes que prefere
ignorar; ou inspeciona o quarto por uma ou mais razões. Revela as atitudes e expectativas do
sujeito frente a sua mãe (visto como superprotetora, proibindo ou censurando), a sua esposa ou
às situações frente às que sente curiosidade.
D) Distorções:
A mulher é vista como sendo homem; a mulher examinando a parte externa da casa; dois
quartos ao invés de um; o abajur como sendo uma cortina.
PRANCHA 6RH
C) Clichês:
Filho solicita a sua mãe permissão para levar ao cabo um projeto largamente planejado,
abandonar seu local para ir trabalhar numa outra cidade; casar-se ou alistar-se no exército. Seus
desejos quase sempre estão em conflito com os da mãe. Revela a atitude do sujeito frente à figura
materna (sentimentos de culpa, dependência x independência, superproteção) e os fatores que
produzem e justificam seu afastamento.
PRANCHA 6 MF
MULHER SURPREENDIDA
Uma mulher jovem, sentada na borda de um sofá, olha para trás, por cima do ombro, para um
homem mais velho, com um cachimbo na boca, que parece dirigir-lhe a palavra.
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PRANCHA 7RH
PAI E FILHO
Um homem grisalho está olhando para um jovem que contempla o espaço com semblante
carrancudo.
C) Clichês:
O jovem recorre ao velho em busca de conselhos; ou ambos discutem um problema de
mútuo interesse. Reflete a atitude do sujeito frente ao pai; aos adultos e à autoridade em geral
(dependência, obediência, rejeição, desafio). Pode expressar as tendências anti-sociais e a
atitude do sujeito frente à terapia.
PRANCHA 7MF
MOÇA E BONECA
Mulher idosa sentada num sofá, próxima de uma menina, falando-lhe ou lendo-lhe. A
menina, que está com uma boneca no regaço olha para longe.
Comportamento intrafamiliar
PRANCHA 8RH
A INTERVENÇÃO CIRÚRGICA
Um adolescente olha diretamente para fora do quadro. O cano de um rifle é visível a um
lado e, ao fundo, a cena nebulosa de uma operação cirúrgica, como a imagem de uma divagação.
C) Clichês:
Em geral o adolescente é o herói.
1. O cenário ao fundo representa sua fantasia ou desejo de ser médico, em cujo caso se delata
a ambição do sujeito.
2. Atirou contra a pessoa que está sobre a mesa e agora aguarda o resultado da operação:
história que expressa as tendências agressivas do sujeito em dadas ocasiões dirigidas
contra uma determinada pessoa.
D) Omissão:
Do rifle.
E) Simbolizações:
Se amputar a perna da pessoa que está à mesa, geralmente, reflete ansiedade de
castração.
PRANCHA 8 MF
MULHER PENSATIVA
Uma jovem está sentada com o queixo apoiado sobre a mão, seus olhos estão distantes.
PRANCHA 9RH
GRUPO DE VAGABUNDOS
Quatro homens de macacão estão deitados sobre o gramado, repousando.
PRANCHA 9MF
PRANCHA 10
O ABRAÇO
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D) Distorções:
A idade é confundida e sexo do homem e da mulher as sombras faciais são interpretadas
de diferentes maneiras.
2) SEGUNDA SÉRIE
PRANCHA 11
C) Clichês:
Em geral, reflete a atitude do sujeito frente ao perigo e sua maneira de experimentar a
ansiedade. As figuras obscuras (homens ou animais) são vistas como se estivessem sendo
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atacadas pelo dragão e normalmente descrevem suas técnicas defensivas: indica o temor do
sujeito à agressão e os meios desencadeados para vencê-lo.
O personagem masculino pode ser um cientista ou um explorador das regiões desconhecidas:
revela sua curiosidade ou desejo de experimentar situações novas ou perigosas.
D) Distorções
Esta prancha oferece a maior quantidade de possibilidades aos erros perceptivos: o
dragão é visto como um caminho; a cabeça do dragão como sua margem; o fundo como uma
cascata; as paredes do abismo como sendo o castelo; as pedras como sendo cabeças humanas.
A confusão do grupo de homens com o inseto é comum e não constitui um indicador especial.
E) Omissão
Do dragão
F) Simbolizações:
O monstro geralmente constitui uma representação simbólica das exigências instintivas
que ameaçam seu interior. As histórias que se referem às dificuldades para dominar o animal e
aquelas em que o herói é perseguido pelos animais, podem refletir dificuldades de se controlar ou
se adaptar aos impulsos e tensões sexuais.
PRANCHA 12H
O HIPNOTIZADOR
Um jovem está deitado num sofá com os olhos fechados. Debruçado sobre ele, a forma
esguia de um homem idoso, a sua mão estendida para o rosto da figura recostada.
D) Distorções:
Com respeito aos dedos das mãos, e em casos raros ao sexo de um dos dois homens; o
jovem pode ser visto como mulher pelos sujeitos com fortes componentes femininos.
E) Simbolizações:
As histórias em que o jovem que está deitado está se submetendo ou pode ter sido forçado
a ser hipnotizado pelo homem maduro, geralmente denunciam tendências homossexuais latentes
ou experiências homossexuais encobertas.
PRANCHA 12 F
A CELESTINA
Retrato de uma mulher jovem. Ao fundo uma velha misteriosa, com xale sobre a cabeça
faz caretas.
C) Clichês:
Proporciona oportunidade de expressar a atitude frente à figura da mãe ou da filha, e
envelhecimento e o matrimônio.
D) Distorções:
Nos casos psicóticos raros, a jovem é vista como um homem.
PRANCHA 12RM
O BOTE ABANDONADO
Um barco a remo está parado à margem de um rio que corre entre o arvoredo de uma
floresta. Não há figuras humanas no quadro.
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PRANCHA 13 HF
C) Clichês:
Quase sempre traduzem a atitude do sujeito frente às mulheres e ao sexo, às vezes frente aos
sentimentos de culpa e a atitude frente ao alcoolismo. Histórias mais freqüentes: temas sexuais.
1. Homem contempla ou manteve relações sexuais com a mulher (esposa, noiva ou prostituta)
na cama.
D) Distorções:
Grande variedade, incluindo especulações acerca do fundo e dos objetos sobre a mesa.
E) Omissões:
Da mulher que está sobre a cama.
PRANCHA 13R
PRANCHA 13M
PRANCHA 14
HOMEM À JANELA
A silhueta de um homem (ou mulher) contra uma janela iluminada. O resto do quadro é
totalmente negro.
PRANCHA 15
NO CEMITÉRIO
Um homem negro, de mãos unidas, está em pé entre sepulturas.
C) Clichês:
A figura delgada reza ante a tumba de um morto. Descreve seus sentimentos e atitudes,
passados e presentes frente à mesma. A pessoa morta geralmente representa a pessoa a quem
dirige ou experimenta uma forte agressividade.
D) Distorções:
O Homem é visto como sendo uma mulher. Em suas mãos retém uma lâmpada ou um
livro; os túmulos como sendo platéia de um teatro.
PRANCHA 16
PRANCHA EM BRANCO
C) Clichês:
Na maioria das vezes gira em torno dos problemas interiores de grande importância, ou
deixa manifestar a atitude frente ao examinador.
PRANCHA 17RH
O ACROBATA
Um homem nu está suspenso em uma corda. Está para galgar ou descer pela corda.
A) Área que explora:
- Nível de aspiração
- Exibicionismo ou narcisismo
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- Masturbação
C) Clichês:
Em geral não provoca nenhum tema significativo. O homem da corda é visto como:
1. Está demonstrando sua habilidade atlética ou física ante um público numeroso, o qual revela
o desejo de ser reconhecido, seu nível de aspiração ou as tendências exibicionistas do sujeito.
2. Tema que pode expressar as situações ou problemas difíceis de resolver para o sujeito ou
as reações ante as emergências. Se este tema é repetitivo, estereotipado, elaborado em
excesso e seu teor afetivo e seu desenlace são intensos, representa as expectativas e
esperanças do sujeito em escapar-se das suas dificuldades.
D) Distorções:
Quanto ao fundo, ao homem
E) Simbolizações:
O herói que sobe e desce pela corda: preocupação masturbatória.
PRANCHA 17MF
A PONTE
Uma ponte sobre a água. Uma figura feminina debruça-se do parapeito. Ao fundo estão
altos edifícios e pequenas figuras de homem.
C) Clichês:
Com freqüência provoca:
1. Fortes sentimentos de dúvida e a tendência do sujeito a manter a esperança ou a ceder
(suicídio).
D) Distorções:
A ponte é vista como balcão da casa, a mulher como homem; perspectivas equivocadas.
E) Omissões:
Da mulher ou do grupo de trabalhadores.
PRANCHA 18 RH
C) Clichês:
Histórias estereotipadas relacionadas a roubos, ou à bebida, que expressam atitudes
frente aos vícios (alcoolismo ou ingestão de drogas). Podem, assim mesmo, expressar a
ansiedade do paciente frente à agressão dirigida contra o terapeuta.
1. O herói tem bebido ou sofrido um acidente e as mãos pertencem às pessoas que o ajudam.
2. O herói está sendo atacado pelas costas, e as mãos pertencem aos seus agressores.
D) Distorções:
Os dedos das mãos como correntes; da expressão facial, posição e estado da pessoa do
fundo.
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E) Simbolizações:
Geralmente denunciam as tendências homossexuais latentes ou experiências
homossexuais encobertas do sujeito.
PRANCHA 18MF
D) Simbolizações:
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PRANCHA 20
C) Clichês:
A figura medita sobre diversos problemas interiores, de relativa importância: aguarda a
noiva (ou o noivo), ou planeja o ataque a uma vítima. Revela os temas que preocupam seus
problemas, atitudes heterossexuais e as tendências agressivas do sujeito.
Preparação do Sujeito
A maioria dos sujeitos não precisa de nenhum preparo, além de algum motivo razoável
para se submeter ao teste. Mas, para os que forem muito limitados, pouco responsivos,
resistentes ou desconfiados, bem como aqueles que nunca passaram por provas escolares ou
testes psicológicos, é melhor que se comece com uma tarefa menos exigente antes de ser
submetido ao TAT. As crianças, geralmente, produzem melhor depois de algumas sessões
dedicadas à expressão de suas fantasias, verbalizadas por meios de brinquedos e brincadeiras.
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Ambiente de teste
O ambiente de cordialidade, o aspecto do consultório e de seu mobiliário, assim como o
sexo, a idade, as atitudes e a personalidade do psicólogo, são capazes de afetar a liberdade,
vivacidade e a direção da atividade imaginativa do sujeito. A meta do psicólogo é conseguir maior
quantidade de material, com a melhor qualidade possível, conforme as condições circunstanciais.
Dado que a execução depende totalmente da boa vontade e criatividade momentâneas do sujeito,
e também que a criatividade é um processo delicado, fundamentalmente involuntário, que não
pode ser forçado, nem irá desabrochar num clima áspero, frio, intelectualmente arrogante ou de
algum modo não empático, é importante que o sujeito tenha bons motivos para sentir que o
ambiente é acolhedor e que capte que estão presentes a receptividade, a boa vontade e o apreço
por parte do psicólogo.
Instruções
I – Primeira sessão
O sujeito deve sentar-se numa cadeira confortável ou, então, reclinar-se num divã. As
instruções serão lidas para ele devagar, utilizando-se uma das seguintes formas:
Forma A (aconselhável para adolescentes e adultos de grau médio de inteligência e
cultura): “Este é um teste de imaginação que é uma das formas da inteligência. Vou mostrar-lhe
algumas pranchas, uma de cada vez, e a sua tarefa será inventar, para cada uma delas, uma
história com o máximo de ação possível. Conte-me o que levou ao fato mostrado na prancha,
descreva o que está acontecendo no momento, o que as personagens estão sentindo e
pensando. Conte depois como termina a história. Procure expressar seus pensamentos conforme
eles forem ocorrendo em sua mente. Você compreendeu? Como você tem cinqüenta minutos para
as 10 pranchas, você pode utilizar cerca de 5 minutos para cada história. Aqui está a primeira
prancha”.
As palavras exatas dessas instruções podem ser modificadas para se adaptarem à idade,
inteligência, personalidade e condições peculiares de cada sujeito. Mas é melhor, de início, não
dizer: “Está é uma oportunidade para você usar livremente sua imaginação”, pois essa forma de
instrução suscita, algumas vezes, no sujeito, a suspeita de que o psicólogo pretende interpretar o
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conteúdo de suas associações livres, como ocorre na psicanálise. Tal suspeita pode causar grave
dano à espontaneidade do pensamento do sujeito. Convém que ele acredite que o psicólogo está
interessado tão somente em sua aptidão criativa ou literária.
Terminada a primeira história (e desde que haja base para isso), o sujeito deve ser
discretamente elogiado. E, a menos que as tenha seguido com precisão, é preciso relembrar-lhe
as instruções. Assim, o examinador poderá dizer: “Certamente essa foi uma história interessante,
mas você esqueceu de dizer como o menino reagiu quando sua mãe o repreendeu, deixando a
narrativa no ar. Não houve de fato um verdadeiro desfecho para a sua história. Você gastou nela
três minutos e meio. As outras podem ser um pouco mais compridas. Procure fazer o melhor que
puder com esta segunda prancha”.
De modo geral, é preferível que o psicólogo não diga mais nada no restante do tempo,
exceto (1) para informá-lo se estiver muito atrasado ou muito adiantado em relação ao tempo
previsto, por ser importante que o sujeito complete a série de dez histórias e dedique mais ou
menos a mesma quantidade de tempo a cada uma delas; (2) para estimulá-la com um discreto
elogio de vez em quando, pois essa pode ser a melhor maneira de incentivar a imaginação; e (3)
se o sujeito omitir algum detalhe fundamental, as circunstâncias antecedentes ou o desfecho,
lembrar-lhe com alguma breve observação tal como: “o que levou a essa situação?” De modo
algum deve o psicólogo envolver-se em discussões com o sujeito.
O psicólogo deve interromper uma história demasiado longa e inconsistente, perguntando:
“E como ela termina”, podendo dizer ao sujeito que o que importa é o enredo e não uma grande
quantidade de detalhes. Os sujeitos que ficam intensamente absorvidos na descrição literal das
pranchas devem ser alertados com tato de que este constitui apenas um teste de imaginação. Se
o sujeito fizer perguntas sobre detalhes pouco claros, o psicólogo deve responder: “Podem ser o
que você quiser”. Não se deve permitir que o sujeito construa várias narrativas para uma mesma
prancha. Se perceber que está orientando nessa direção, convém dizer-lhe que deve aplicar seus
esforços numa única história mais longa.
As histórias devem ser registradas com detalhes, usando abreviações comuns ou
pessoais.
Ao marcarmos a segunda sessão, convém que o sujeito não saiba ou que não seja levado
a pensar que lhe serão solicitadas novas histórias. Ter essa expectativa em mente pode levá-lo a
se preparar mediante a busca de enredos lidos em livros ou em filmes vistos por ele que, nessas
condições, voltaria equipado com um material mais impessoal do que o produzido quando
obrigado a inventar as histórias no impulso do momento.
II – Segunda sessão
É desejável que haja um intervalo de, pelo menos, um dia entre a primeira e a segunda
sessão. Nessa segunda parte, o procedimento é semelhante ao utilizado na anterior, salvo num
aspecto: a ênfase nas instruções sobre a completa liberdade da imaginação.
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A prancha 16 é dada com uma instrução especial: “Veja o que você pode ver nesta
prancha em branco. Imagine alguma cena aí e descreva-a em detalhe”. Se o sujeito não
conseguir, o examinador deve dizer: “Feche os olhos e imagine alguma coisa”. Depois que o
sujeito der uma descrição completa daquilo que imaginou, o psicólogo deve dizer: “Agora me
conte uma história sobre isso”.
O exame completo com o TAT compreende o uso das duas séries de pranchas, em duas
sessões, separadas por um intervalo de tempo mínimo de um dia e um máximo de uma
semana. Se não essa possibilidade, recomenda-se o emprego das dez pranchas da segunda
série, consideradas como estímulos mais eficazes. Em determinados casos, o examinador
pode escolher as pranchas mais importantes para a abordagem dos problemas em foco.
Sempre que possível, entretanto deve dar preferência ao exame completo. As pranchas são
apresentadas na ordem estabelecida pela numeração
Após a coleta das histórias procede-se ao inquérito, para a suplementação de dados
imprecisos, assim como para pesquisar a fonte de idéias.
Multiplicidade de heróis:
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Suas Necessidades
Caracterizar as necessidades do herói (ver lista)
- Mudança emocional.
B. OUTROS PERSONAGENS
C. AMBIENTE/ PRESSÃO
Caracterizar o ambiente e as pressões (ver lista)
D - OMISSÃO/ DISTORÇÃO
E - ELEMENTOS DE COMPORTAMENTO
Exclamações - Comentários
Digressão
Toda observação "à margem" do teste, formulada durante a exibição das pranchas. Ex.: "como
faz calor aqui". Estas observações têm a mesma significação que as exclamações, mas
confirmam melhor a necessidade que o sujeito experimenta de se subtrair à tarefa de fugir da
ansiedade provocada pelo exame ou, por uma determinada prancha.
# Sujeitos ansiosos que se põem eles mesmos as perguntas e tem desejos de confirmação para
# continuar sua narração, e que se beneficiam com a intervenção do examinador.
#
Sujeitos que, malgrado às múltiplas perguntas, não chegam a sobrepujar sua incapacidade de
construir uma história. Suas defesas, quer de ordem neurótica ou psicóticas, são muito mais
estruturadas do que as do sujeito da primeira categoria.
#
#
#
Necessidade de aprovação
Toda expressão que tenha por finalidade atrair a atenção do examinador. Ex.: "está bem feito?
"A necessidade de aprovação se encontra nos sujeitos ansiosos e que, além do mais, têm
tendência a uma emotividade lábil. Um de seus mecanismos de defesa consiste em procurar
segurança por meio de uma série de reinvidicações afetivas.
Ansiedade manifesta
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Observações críticas
Cinismo
Recusa
Insistência no passado
F - ELEMENTOS DE LINGUAGEM
Estas poucas observações reunidas sob o título "Linguagem" estão longe de abranger tudo
o que se pode observar em relação ao sujeito no TAT.
Estilo rebuscado
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Expressões surrealistas
Efeitos verbais que não levam em conta a lógica da língua. Ex.: "dois caminhos (ou retas)
que se encontra e gritam: "viva o Lula". As expressões surrealistas ou poético-herméticas, sem
procura voluntária de originalidade se encontram essencialmente na esquizofrenia, e são
acompanhados, freqüentemente de neologismo.
Neologismo
Fluidez verbal
Toda expressão que permite ao sujeito não se comprometer com uma afirmação direta,
correspondem a uma tomada de distância mais ou menos grande, que se encontra principalmente
nos hesitantes com estrutura obsessiva. (ex.: "a rigor poderia ser"; "pode-se esperar que").
Toda expressão que reforça o engajamento pessoal do sujeito com uma afirmação direta
Ex.: "É evidente que..."; "Não há dúvida que..." Estas expressões categóricas correspondem a
uma perda de distância, engajando o sujeito a uma identificação e projeção direta.
G - RELAÇÕES INTERPESSOAIS
É evidente que um sujeito vive e se desenvolve criando ou mantendo sem cessar relações,
e que a menor dificuldade com referências a estas, traduz um problema da personalidade do
sujeito. Estes relacionamentos não se limitam àquilo que se entende comumente sob esta
designação, isto é, às relações de pessoa a pessoa, mas implicam também nos relacionamentos
que um sujeito mantém com um objeto material sobre o qual ele transfere os seus sentimentos, e
com ele próprio.
Sabemos também que cada sujeito conduz um diálogo interior com os sentimentos que
tem respeito ao objeto, diálogo consciente ou inconsciente.
E o conjunto de todos estes relacionamentos com suas tonalidades e as suas qualidades
múltiplas que se transportam para os movimentos dos personagens e suas relações nas histórias
do TAT compreende-se, portanto, a importância que atribuímos ao significado das "relações
interpessoais".
O examinador tem uma tendência a supor que as boas relações entre heróis da história
traduzem boa relação do sujeito com seu meio ambiente. E isto é verdade para a maioria dos
casos, mas não é uma regra absoluta. A explicação está no fato de que as relações interpessoais
parciais de um sujeito podem ser excelentes (no seu trabalho, na vida social, etc.), sendo todas
negativas no domínio da vida privada.
Uma outra razão de discordância entre as relações dos heróis e as relações dos sujeitos é
devida ao fato de que o narrador projeta nas histórias, a uma só vez, aquilo que ele é, o que
queria ser, aquilo que não quer ser, aquilo que ele não é, etc. Novamente o contexto e o conjunto
do protocolo que darão a chave da interpretação.
As relações são negativas quando existe uma ruptura do diálogo e quando nenhum
entendimento se estabelece entre os personagens. s dificuldades que se encontram aqui são as
mesmas que nos sinais precedentes. Nós a encontramos, por exemplo, nas histórias de relações
homossexuais negativas, quando o narrador, na realidade, tem relações homossexuais
parcialmente positivas. Pode ser mesmo que a maior parte das relações homossexuais do sujeito
seja positiva com exceção das relações com a mãe (no caso de uma moça) ou com o pai (no caso
de um rapaz).
Relações tensas
Relações muito carregadas de afeto e que não dão aos personagens a possibilidade de
descargas positivas. Nós encontraremos esta tensão que invade a personalidade em casos
limites ou nas neuroses graves. As histórias são geralmente sem final. O conflito é agudo e
dramático.
Relações inconsistentes
Relações pouco vividas e às quais não se pode determinar o caráter. Traduz certa
ambigüidade de relacionamento, um defeito de identificação. Nos casos muito pronunciados
devemos pensar em neuroses graves ou psicoses.
Falta de relações entre os personagens evocados ou não. Esta ausência é, em todo caso,
um sinal grave, traduzindo uma retração importante da libido. A ausência total de relações nos
fará pensar em uma estrutura psicótica; a ausência parcial significará um mecanismo obsessivo.
Conflito entre o herói e ele mesmo. Os conflitos interpessoais evocados devem ser
distinguidos do conflito que se desenrola no interior do herói, isto é, intrapessoal. Clinicamente
estes conflitos são uma redução maciça dos conflitos interpessoais. Traduzem, em todo caso,
uma estrutura psicótica fortemente narcisista e devem ser notados na medida em que substituem
os conflitos interpessoais não evocados na história.
Estas ligações simples entre relações interpessoais e soluções dos conflitos não são mais
freqüentes. Encontraremos mais freqüentemente, num mesmo protocolo, índices positivos e
negativos, o que é uma imagem fiel da vida. É o exame aprofundado do protocolo inteiro que nos
permite aproximar da personalidade complexa do sujeito: a tônica deve ser colocada na "estrutura
dinâmica" (assim, as relações positivas e as soluções positivas, ambas tendo sido placadas, estão
longe de traduzir um modo de adaptação perfeita. Testemunha somente a possibilidade do sujeito
estabelecer e de "manter relações à distância", sem afetos e sem engajamento pessoal.
Com um grau de adaptação decrescente nós podemos classificar as soluções positivas da
seguinte maneira:
Solução adaptada
Compromisso viável
Hipotética
Toda solução positiva do conflito sendo remetida para o futuro, sob condição. Exemplo:
"Eles se casarão um dia, se tudo correr bem".
Placada ou moralização
Todo clichê otimista e gratuito em lugar de solução de conflito. É muito difícil catalogar
essas soluções de maneira "objetiva". É evidente, sobretudo na clínica que intervém escalas de
39
valores pessoais, morais e sociais, que podem variar segundo as diferentes tradições ou culturas.
Mas a clínica terá a última palavra, sempre. Exemplo: (Trata-se de determinar se a solução
seguinte, dada pelo narrador, é adaptada ou neurótica) "uma moça que queira deixar a mãe; esta
tenta retê-la; a filha fica por ter pena da mãe".
A despeito das tradições morais que consideram esta solução como desejável, ela será
qualificada pelo examinador como neurótica, tendo em vista o conhecimento que hoje temos das
conseqüências de uma tal solução de conflito.
Soluções múltiplas
Toda história que termina desfavorável ao herói principal. Esta espécie de solução traduz
necessariamente uma má adaptação. Mas traduz, além disso, uma conduta de fracasso
propriamente dita, que trás, na clínica psicanalítica, o nome de "neurose de fracasso", estas
respostas, muito infantis em geral, implicam numa imaturidade afetiva.
Todo final de história contradizendo a evolução do conflito. Isto é quase incoerência, logo,
por definição, psicótico.
Ausência de solução
O conflito evocado permanece aberto. A significação desta ausência não pode ser
explicada senão em função do contexto. Pode ser encontrada, tanto no protocolo de um neurótico,
como de um psicótico, o sujeito normal que se omitiu à solução, da-la-á, em geral, sob demanda
do examinador.
1. Funcionamento cognitivo
A inteligência pode ser estimada a partir do vocabulário usado nas histórias.
A percepção da realidade pode ser avaliada verificando se o indivíduo percebe ou não as
figuras de modo adequado e se as histórias são ou não realistas. O pensamento pode ser
avaliado verificando se as histórias são organizadas ou não.
2. Afeto
Analisar as principais emoções atribuídas aos personagens e as situações que despertam
essas emoções. A adequação dos afetos às situações deve ser analisada.
3 Auto-imagem e auto-estima.
As características dos heróis expressam a auto-imagem do indivíduo. Os heróis são
competentes ou incompetentes para lidar com as situações? Como reagem ao cometerem erros?
Como são vistos pelos outros personagens?
4 Relacionamentos interpessoais.
As histórias do TAT são uma importante fonte de dados sobre os relacionamentos
interpessoais do sujeito. Além disso, considerar o modo de o sujeito se relacionar com o
examinador durante a testagem. As atitudes frente a diferentes tipos de pessoas, tais como os
pais, companheiros amorosos, amigos e colegas de trabalho devem ser descritas. Relações com
a figura materna costumam ser expressas nas respostas às figuras 2, 5, 6BM e 7GF. Relações
com a figura paterna costumam ser expressas nas respostas às figuras 6GF e 7 BM. Relações
41
com pessoas da mesma idade, do mesmo sexo e do sexo oposto, costumam ser expressas nas
respostas às figuras 9BM, 9GF, 4 e 13 MF.
42
Psicologia USP
Print ISSN 0103-6564
O problema dos assim chamados testes projetivos começa na própria definição de "projetivo." Esse
conceito carrrega consigo o sentido subjacente de que o fenômeno, a ser pesquisado, de certo modo
já é previamente "conhecido" - ele pertence e é circunscrito dentro de uma dimensão "projetiva"
(qualquer que seja o sentido dado à palavra). Essa forma de nomear implica então em uma
específica posição frente ao fenômeno. Aliás, é precisamente à imprecisão do termo projetivo que
os autores atribuem os erros dos "métodos projetivos" (Cattell, 1951 & Rappaport, 1952, citados
por Imbasciati & Ghilardi, 1994, p. 40). Também Shentoub (1990) na sua introdução afirma: "Os
testes ditos projetivos, seriam melhor nomeados de provas de personalidade, desde que eles
procedessem de mecanismos que ultrapassam o quadro da projeção, mesmo na concepção mais
ampla do termo ..." (p. 1, grifos nossos).
43
A história do TAT (Teste de Apercepção Temática) poderia ser concebida como uma démarche das
mais complicadas, tentando resolver um impasse que, pensamos ter muito mais a ver com essa
designação intempestiva do que com problemas suscitados pelos fenômenos psicológicos
implicados na tarefa. As mais diferentes formas de avaliação e teorização do teste tentam, no fim,
explicar a "projeção" (e o "inconsciente"); suas fundamentações teóricas deixam muito a desejar 2 -
tanto em relação à captação do fenômeno quanto ao consenso sobre sua explicação e sua
metodologia. O problema é de tal magnitude que alguns autores põem em dúvida se existe algo
neste teste compatível com a função de instrumento diagnóstico (Anderson, & Anderson, 1967).
Quanto à sua utilização em pesquisas, o impasse parece insolúvel.
Voltando às suas origens (1935), apesar de Henry Murray ter recorrido à teoria psicanalítica
clássica para descrever a estrutura de personalidade do indivíduo achava "... que somente a
psicanálise não seria suficiente para fornecer esquemas facilmente utilizáveis na ... praxis da
psicologia; quis então integrá-la num sistema teórico que sublinhasse os problemas de adaptação e
as influências ambientais" ((Imbasciati & Ghilardi, 1994, pp. 15-16). Tenta assim (segundo os
autores) integrar a clínica e a psicologia experimental. Sua linha teórica é basicamente
fundamentada nas necessidades do sujeito e nas pressões ambientais. Necessidades que incluem
uma força determinada pelos processos internos e, mais freqüentemente, devidos às interferências
ambientais "organizadoras de toda atividade do indivíduo em vista de uma modificação de uma
situação tida como insatisfatória" (Imbasciati & Ghilard, 1994, pp. 15-16).
As imagens percebidas no TAT seriam então "antes de mais nada uma gestalt, formada desde a
memória que fornece a imagem composta real das figuras concretas que lhes correspondem, e das
imagens – estímulos fornecidos pelo teste segundo uma organização perceptiva ótima" (Ancona, s.
d., grifos nossos).
Essa configuração perceptiva não é um simples resultado de uma composição, mas a percepção é
gestaltizada com os componentes afetivos que estão presentes no sujeito:
Estes últimos são responsáveis ... por um processo de distorção de tipo gestáltico que procura a
organização mais simples possível; no nível desta gestalt superior, a organização se exprime como a
manutenção do equilíbrio psíquico obtido com a exclusão subjetiva da dificuldade da realidade; o
que perturba é evitado enquanto não é percebido, e o que não é percebido não existe. 4 (Ancona, s.d.,
grifos nossos)
... o modo mais correto de descrever essa situação é como fez Murray chamando apercepção. A
apercepção é de fato uma distorção perceptiva porque através dela a nova experiência é assimilada e
transformada segundo traços da experiência passada; e gera a projeção, segundo uma transferência
de aprendizagem.5 (Ancona, s.d.)
Mais ainda; este modo de ver as coisas permite considerar os fatos de percepção como aqueles
descritos pela psicanálise como "mecanismo de defesa," somente substituindo a noção de
pregnância pela de defesa" – Há aqui uma contradição flagrante: o autor está explicando a
aprendizagem; parece-nos, então, absurdo falar em mecanismo de defesa; mais ainda, o termo
projeção aqui descrito (e o único que poderia ser relativo à produção do TAT) refere-se ao conceito
"normal" de projeção, não àquele advindo de mecanismos de defesa. Desse modo a apercepção
mencionada nada tem a ver com a projeção como mecanismo de defesa. Faz-se então uma
passagem indevida entre dois termos iguais mas de sentidos completamente diferentes (sempre
dentro da própria psicanálise). Como se verá mais adiante, o único "projetivo"- (segundo autores de
orientação psicanalítica) - pertinente à produção do sujeito no TAT seria aquele que precisamente
nada tem a ver com mecanismo de defesa. Portanto nada, a não ser a coincidência do nome, justifica
que se identifiquem as alterações perceptivas ou aperceptivas, com os mecanismos de defesa
descritos pela psicanálise. Essa concepção é improcedente mesmo dentro da avaliação orientada
psicanaliticamente.
Além disso, é absurdo fazer a substituição do termo pregnância por defesa. Cremos que
absolutamente não se trata de uma mera substituição de conceitos - cada qual provém e explicita um
contexto teórico completamente diferente. O problema, a nosso ver, é muito mais profundo; a
substituição de pregnância por mecanismo de defesa, apercepção por projeção, implica uma drástica
mudança do referencial teórico, onde essas palavras têm um sentido preciso, designando fenômenos
diferentes, envolvendo, portanto, universos teóricos específicos, implicando conseqüentemente
mudanças de perspectivas fundamentais em relação à pesquisa e sentido dos fenômenos. 6 Na
história do TAT essa substituição de palavras permitiu que se fizesse uma ponte apressada e, a
nosso ver, de todo instável – entre a proposta primitiva de Murray e as teorias psicanalíticas.
Cremos que essa passagem acabou por afastar definitivamente o teste da possibilidade das
pesquisas de psicologia em geral e determinou as dificuldades nas quais os autores até hoje
debatem-se para resolver o problema.
A partir da identificação inoportuna desses conceitos, os escritos sobre o TAT têm de preocupar-se
em definir o sentido de projeção (além de outros) pertinente à natureza do que é observado na
produção do sujeito. Assim, por exemplo, Shentoub (citado por Brelet, 1986) analisa e critica
longamente um artigo de Laplanche e Pontalis, (1963) sobre o sentido de projeção em Freud,
tentando encontrar qual deles poderia ser usado para explicar a produção no TAT. Contra a decisão
dos autores de priorizar o termo que em Freud é explicitado como mecanismo de defesa (advindo da
situação paranóide), ela cita Freud entendendo a projeção como um mecanismo "normal," que para
ele explicaria a superstição, o anímismo e a mitologia (Brelet, 1986, pp. 71-72).
Além de Shentoub e Brelet secundando-a, temos já anteriormente Bellak em 1944, apontando esse
sentido mais geral da palavra projeção em Freud: "um mecanismo perceptivo devido ao qual a
percepção atual é recebida e estruturada em relação e dependência dos traços mnêmicos de todos os
fatos até agora percebidos" (Imbasciati & Ghilardi, 1994, pp. 40-41). Franck (1939) descreve o
fenômeno como o "... processo com o qual o sujeito organiza e estrutura a sua experiência vital e,
especificamente, qualquer material não estruturado que perceba, projetando nele a sua experiência
interior e a própria estrutura da sua personalidade ..." (grifos nossos).
Nessa teoria já existe o conceito de projeção que será depois desen-volvido e elaborado por Bellak"
(Imbasciati & Tirelli, s.d., pp. 9-10, 18). Descrito assim, o conceito de projeção ganha tal amplitude
45
que deixou de ter sentido na descrição e ainda menos na explicação do processo. Para usá-lo em
psicologia com esta acepção, teria que fundamentar as razões de sua escolha. Como explicação da
aprendizagem, por exemplo, por que priorizar esse enfoque em detrimento das descobertas da
própria Gestalt e, mais modernamente, frente a posições como as da Psicologia Genética de Piaget
(que explica o mesmo fenômeno em termos de assimilação e acomodação)?
Em poucas palavras, o conceito de projeção nessa ampla acepção, envolve, no limite, praticamente
todos os problemas que a ciência psicológica tenta explicar. Ainda mais: fora do campo específico
da psicologia, ela arrasta consigo toda problemática filosófica de teoria do conhecimento. Como
vemos, ela é uma palavra no mínimo perigosa e pretensiosa no atual estágio da psicologia.
Uma vez estabelecida essa conexão com a psicanálise, a história do TAT será um verdadeiro roteiro
de "correções" e "ajustes" que acompanha problemas e mudanças teóricas da psicanálise.8 Passa-se
assim da explicação freudiana clássica para uma centrada na psicologia do ego; considera-se o teste
de um ponto de vista de conteúdo depois passa-se a priorizar a forma, etc., até a escola francesa
(centralizada nos estudos de Shentoub, de 1955 a 1971) (Shentoub, 1990, pp. 15-16). Esta resume o
"drama," começando por considerações formais das histórias (modalidades do discurso, histórias
banais, mecanismo de defesa etc.) seguindo-se uma focalização onde ao papel do eu e das funções
conscientes e inconscientes no ato de organização dos estímulos tem prioridade até que em 1967
chega-se à conclusão de que uma teoria do TAT deveria:
... referir-se não aos elementos esparços das teorias psicanalíticas, mas ao corpo metapsicológico
freudiano, tomado em seu conjunto. Deve-se, então, levar em consideração tanto a Primeira como a
Segunda tópica (inconscientemente, pré-consciente; id, ego e super-ego) e os três pontos de vista
clássicos: dinâmico, econômico e tópico sem entretanto confundir situação psicanalítica e situação
TAT, associações livres obtidas na cura e fantasias espontâneas dadas no TAT. (Shentoub, 1990, p.
16, grifos nossos)
Assim, a história das interpretações do TAT parece apontar continuamente para reconhecimentos da
insuficiência das teorias psicana-líticas na abordagem dos fenômenos que ocorrem no TAT (critica-
se que seja interpretado como sonho, põe-se em dúvida o que seja fantasia no TAT, se as pranchas
comportam ou não a teoria do conteúdo latente e manifesto, etc.). Uma vez atado às teorias
psicanalíticas o teste perdeu uma preciosa autonomia teórica que poderia proporcionar-lhe
correlações altamente criativas dentro do estudo do comportamento em geral. A designação de
projetivo obriga o pesquisador, de início, partir de um referencial teórico básico, do qual nem
sempre tem consciência e que aplica sem antever as conseqüências. Toma-o como um apriori
inquestionável (no mais das vezes por inconsciência de que se trata de uma teoria); apoia-se nele e
dele conclui como se tivesse um fundamento verdadeiro, e não como uma possível interpretação dos
dados.
46
Assim, os vários impasses e defeitos do TAT parecem advir mais de uma herança do enfoque
psicanalítico do que serem realmente devidos aos fenômenos que o teste elicia. A possibilidade de
sua utilização em pesquisa, a construção de uma teoria que seja fruto do próprio material do teste, a
constituição de uma metodologia geral frente ao seu uso, não nos parece ser algo que remeta
necessariamente para além das características dos fenômenos que se encontram presentes no teste.
Sua problemática parece ter raízes em determinadas propostas teóricas prévias, elas próprias
eivadas de contradições.
Gostaríamos, entretanto, de assinalar que essas observações críticas não se referem aos achados
observacionais derivados da experiência clínica. Os clínicos experientes sabem usar bem o teste –
apesar das teorias, diríamos; sua prática acaba por neutralizar os efeitos negativos e contraditórios
das mesmas. O problema aparece em toda sua gravidade quando se trata de transmitir o que a
experiência – mais do que as teorias – lhes ensinou. Alertar para uma crítica epistemológica, e
sugerir a volta aos fenômenos, à observação seria, a nosso ver, ampliar o uso do teste, permitindo
sua utilização em pesquisa por qualquer psicólogo, independentemente de suas posições teóricas
prévias. Essa postura frente ao teste traria uma visão mais abrangente dos fenômenos implicados, e,
eventualmente, uma fundamentação teórica mais pertinente.
Um tanto casualmente, devido ao público a que se dirigia nosso trabalho clínico - primeiro
psiquiatras, depois alunos de psicologia - tivemos de abandonar uma avaliação do teste em termos
psicanalíticos e nos concentrar em uma análise formal do texto do sujeito. Afim de evitar
"projeções" de nossa parte, tentávamos avaliar sua produção sem qualquer conhecimento prévio da
anamnese do indivíduo (era encarregada da supervisão, e só tinha acesso ao material do teste que os
supervisionados traziam para discutirmos). Só conhecíamos o sexo e a idade dos sujeitos. Para
nossa surpresa tal avaliação "selvagem" revelou-se capaz de permitir uma idéia bastante acurada do
modo de funcionamento dos sujeitos e, muitas vezes, até conseguíamos prever as queixas e dados
significativos de sua história de vida. Ficava muito claro, a partir do texto, o grau de possíveis
desadaptações do indivíduo, a idéia que fazia de si próprio e sua relação mais ou menos objetiva
com a realidade. A partir do recorte (Uexküll, s.d.) que fazia da prancha, podíamos fazer previsões
sobre que áreas de sua vida estariam prejudicadas em seu funcionamento. Desde essa época (1970 –
dentro da Psiquiatria do HC) até hoje (desde 1971 lecionando o teste no Instituto de Psicologia da
USP) estamos tentando ampliar nossa observação dessa performance do sujeito, tendo oportunidade
muitas vezes de acompanhar e comparar no trabalho de Psicoterapia, a validade dessas previsões.
dos impasses com que nos deparávamos em cada momento de nossa prática. 10 Atualmente
trabalhamos em psicoterapia sem recorrer às teorias psicanalíticas; baseando nossa prática na
observação do paciente, tentamos, a partir da forma com a qual ele estrutura e dá sentido às suas
experiências, encontrar características que nos ajudem a posicioná-lo frente a um momento do seu
desenvolvimento cognitivo.11 Essa observação nos proporciona a estrutura - estruturadora que
logicamente permitiria fazer aquele específico recorte de si e da realidade, e ter, conseqüentemente,
os afetos e as ações pertinentes a ele. A partir da identificação dessa forma, tentamos rastrear em
sua história (a maioria das vezes deduzida de seu comportamento) o sentido que ele pôde formar
naquela etapa da vida e que atualmente, como memória alucinada (Ferrão) determina a construção
de sentidos obsoletos. Quando essas significações precoces podem ser inferidas, elas são
transformadas em representações (sentido piagetiano do termo) que a mente atual do paciente pode
compreender; feita essa decodificação do alucinado em termos compreensíveis para a atualidade de
sua mente, ele pode vir a perceber a não adequação daquele antigo sentido (que não é patológico a
nosso ver, mas sim desadaptativo porque obedece a uma lógica superada).12
Essa possibilidade crítica das teorias psicanalíticas e a prática terapêutica onde tínhamos
oportunidade de verificar um novo modo de conceber teoricamente a "patologia" e a ação
terapêutica, nos deu subsídios para melhor fundamentar o que chamávamos primitivamente de
análise de texto das histórias do TAT.
Passamos então, com relação ao TAT, a centralizar basicamente nosso parâmetro de comparação na
noção biológica de adaptação. Dentro desse quadro referencial lemos o TAT como um problema,
uma tarefa que o indivíduo tem de dar conta. O tipo de instrução dada a ele, descritivamente,
implica que se atenha à figura, e ao mesmo tempo construa subjetivamente uma hipótese que dê
sentido à cena. Tal exigência vai obrigá-lo a observar e partir da realidade ao mesmo tempo que
deve recorrer a si próprio, aos recursos que tenha (ou pensa ter); àquilo que ele de fato ou
imaginariamente pensa ser, enfim da identidade através da qual realmente funciona, para
estabelecer uma relação significativa entre os elementos figurativos da prancha. Assim sendo,
consideramos os elementos da prancha, somados às instruções fornecidas ao sujeito como sendo a
"realidade:" o dado "fixo" que limita o indivíduo a circunstâncias dadas (o externo) por um lado,
enquanto por outro o libera e incentiva a construir a partir de sua subjetividade (o interno) um
sentido para ela. Assim, a proposta requer que ele, como em qualquer situação de sua vida,
funcione, resolva a tarefa dentro do quadro restrito da realidade (a figuratividade da prancha mais
instruções) usando sua própria organização. Desse modo, seja o que for que ocorra na sua
interioridade, teremos na sua solução do problema, observacionalmente falando, a explicitação do
instrumental utilizado. A comparação entre a prancha "vista" (seus elementos) e a prancha
realmente "contada" nos apresenta de imediato, pela simples observação, o modo pessoal desse
indivíduo recortar a realidade, e, portanto, também imediatamente, a expectativa (real ou não) que
possui sobre si próprio para dar conta do problema adaptativo (lembramos aqui que Piaget mostra
em termos simplesmente cognitivos que a constituição do eu e do mundo são dialeticamente
construídas; são elementos complementares, lógica e reciprocamente constitutivas, Piaget, 1975).
Acreditamos que esse modo simples de conceber a tarefa TAT abrange tudo o que o indivíduo é –
suas estruturas gerais de comportamento, sua experiência, sua história, os sentidos alucinados que
veio a construir durante seu desenvolvimento, sua relação, consigo e com o mundo externo, enfim
sua própria identidade. E isso, independente de sabermos que mecanismos poderiam estar "por trás"
dessa ou daquela escolha feita (a ciência ainda não pode nos oferecer as "causas últimas" dos
mesmos). Todo seu "inconsciente" (tudo aquilo que ignora porque é com tal estrutura estruturadora
que apreende, informa a experiência) está aí e à mostra nos seus resultados, não precisamos sair à
cata do "inefável" (em ciência devemos construir teorias a partir do observado). Tal "inconsciente,"
por ser aquilo com que categoriza as suas experiências, não pode logicamente ser-lhe consciente
(Kant diz que são exatamente as categorias de nossa sensibilidade). Dado a exigüidade de
48
Dentro dessa perspectiva, vemos o sujeito aparecer nas suas histórias como uma organização total;
ele está inteiro naquela específica forma de recortar a realidade – aliás, nem pode construir qualquer
coisa com algo que não seja ele; e é por isso, e não por "projeção," que podemos inferir as
características que intervieram e determinam seu processo de apreensão da realidade. Tais
características serão a causa lógica, formal, daquele conseqüente recorde. Em suas histórias temos
como dado de observação13 as causas formais que fundamentam e justificam logicamente o tipo de
escolha que foi possível ao sujeito. A análise da pertinência ou não desse enfoque (segundo o que se
espera de acordo com o desenvolvimento cognitivo do indivíduo) nos dá imediatamente as causas
formais de suas possibilidades adaptativas.
Comparando-se, então, a prancha "vista," com a inferida de sua história temos imediatamente a
visão de sua forma de "perceber" a realidade, se teve ou não de "transformá-la," se pôde ou não dar
conta da tarefa dentro do enquadre proposto. Em outros termos, se pôde ou não, partindo do real –
tal como as circunstâncias que a vida lhe apresenta- posicionar-se adaptativa e criativamente a ele.
Sua história nesse sentido é a "descrição" de "caminhos" que ele concebeu durante seu
desenvolvimento para adaptar-se. Independentemente de como e porque construiu tais apriores, eles
estão necessariamente presentes quando se pede ao sujeito para resolver o problema proposto pela
prancha (entendida aqui, para além de seu conteúdo temático, como expressão de uma solução
pessoal a um problema previamente dado). Por mais "conflitos" que surjam na sua história, o que
temos de seguro e observável é que a história, antes de mais nada, é dele, é sua produção, e
portanto, sua expressão. Todo problema do observador reside em poder ver o que de fato está lá.
Nesta perspectiva, as possíveis deformações introduzidas no real não vão ser concebidas como um
ato "voluntariamente – inconsciente" que o indivíduo realizaria para não ver o que não deseja saber,
mas como uma demonstração de que com aquela organização utilizada na apreensão desse real, a
partir daquela particular estrutura estruturadora de suas experiências ele, na verdade, não pode ver
de outro modo. Não seria então por motivos "afetivos" que o indivíduo deturparia o real, mas por
motivos da especifica organização cognitiva (sentido que não pressupõe dicotomia entre afeto x
cognição) que está funcionando naquela apreensão. É devido ao tipo de "enquadramento" da
realidade que, como decorrência, vai aparecer determinada visão da mesma, seu sentido, e
conseqüentemente um afeto e uma ação correspondentes. Por exemplo para nós, a modificação do
estímulo da prancha (retirada de partes, introdução de personagens etc.) não estaria revelando
rejeição do dado realístico – antes de mais nada estaria evidenciando que para aquele indivíduo é
"natural" transformar o real (não o perceber como um dado independente dele). E isso não porque
ele é "onipotente." Isto é uma descrição de seu comportamento que tem origem em outras causas; 14
pode ser descrito como onipotente justamente porque está estruturando aquela realidade dentro de
uma condição psíquica primitiva, onde ainda não havia sido solidamente diferenciada a realidade
interna da externa. A causa lógica para isso ocorrer está em que tal sujeito funciona dentro de uma
dimensão cognitiva onde as categorias que permitem diferenciar idéia de fato, interno de externo,
não estão consolidadas. Para que a noção de realidade e a concomitante identidade correspondente
do indivíduo sejam estabelecidas deve ocorrer uma evolução cognitiva onde justamente vão
constituir-se tais diferenciações (para Piaget, por exemplo, elas seriam tempo, espaço, conservação
de objeto e causalidade, Telles, 1997).
Essas idéias – que são apenas um início de uma pesquisa que pretende visualizar o problema de um
outro ângulo - não têm a pretensão de criticar os achados observacionais que toda história do uso
clínico do TAT colecionou, a partir de estudos obtidos da experiência. A nosso ver, qualquer que
49
seja a postura teórica básica do observador, se ele realmente observa o fenômeno, suas conclusões
diagnósticas deverão ser pertinentes, e nessa dimensão encontrar um consenso geral. (Isso
naturalmente vale também para os achados observáveis da psicanálise). O que pretendemos aqui é
chamar atenção para as teorias fechadas em sistemas prévios à observação do fenômeno e utilizadas
para apreendê-los. Tais "fixações," casualmente ou não, apresentam uma "patologia" encontrada em
material de sujeitos desadaptados, que não podem lidar com o novo criativamente. Quando as
teorias impedem que conhecimentos novos sejam revolucionariamente incorporados, elas revelam-
se obsoletas e impedidoras da continuidade da pesquisa do fenômeno. Por isso, achamos
inadequado, mesmo descritivamente, pensar o TAT em termos de projeção.
De um ponto de vista epistemológico, não há nada que obrigue tal material ser interpretado segundo
uma teoria pronta, prévia, sobre o mental. Pessoalmente não encontramos em nenhum momento no
material por nós consultado, uma fundamentação coerente com o objeto de estudo que justificasse
atá-lo às teorias psicanalíticas. Tentamos explicitar a colocação, meramente afirmativa, da
passagem para o conceito de projeção que levou o TAT ser considerado nessa vertente psicanalítica.
Como decorrência, sua pesquisa acaba regularmente nos mesmos impasses das teorias
psicanalíticas. Sua interpretação fica, então, atada a conceitos pertencentes a um sistema fechado
que não podem, sob pena de romper essa "unidade," – serem modificados segundo exige a
atualidade das pesquisas de ciências correlatas. Acreditamos que pela natureza dos fenômenos que
intervêm na realização das histórias, o teste situa-se num lugar privilegiado tanto em termos de
diagnóstico quanto como parte de um instrumental de pesquisa do comportamento humano. Mas
para isso realmente efetivar-se, deveria haver uma liberdade real de interpretação de seus achados
observacionais, dentro de teorias abertas, provisórias, que dessem lugar às reformulações contínuas
exigidas pelas novas descobertas. Observamos na história do TAT a impossibilidade dele obter um
mínimo de validação consensual15 que permitisse seu uso na pesquisa científica da mente, por
pesquisadores pertencentes a qualquer linha teórica de pensamento. E note-se que ele faz parte da
formação profissional do psicólogo! Uma vez ligado a uma interpretação psicanalítica, seu uso vê-
se drasticamente limitado e circunscrito aos que elegeram as teorias psicanalíticas como referencial
prévio de trabalho.
Se observarmos com atenção, veremos que, mesmo dentro do âmbito de diagnóstico, o aparente
"consenso geral" só é compatível se considerarmos os fundamentos fornecidas pelas teorias
psicanalíticas. Tal "consenso"16 não deriva do próprio material obtido através do teste. Aliás, a sua
história mostra que mesmo entre pesquisadores que desconfiavam haver "algo mais" naquela
experiência, diante do limite de saber imposto por nossa ignorância do fenômeno, preferiram trocar
esse desconhecimento natural (e incentivador), por um pseudo-saber previamente "garantido" pelos
sistemas teóricos da psicanálise.
Uma segunda razão – (mais condizente com nossa prática) – e não menos séria, diz respeito ao
ensino do mesmo, na formação do psicólogo. Os testes fazem parte especifica do seu instrumental
de trabalho. Nesse sentido, qualquer teste deve estar coerentemente alicerçado nas possibilidades de
sua formação profissional. O psicólogo não pode esperar transformar-se em psicanalista para usar
devidamente esse instrumento de avaliação diagnóstica. Apesar do aluno de psicologia dever ser
informado sobre as teorias psicanalíticas, como de qualquer outra linha de pesquisa psicológica –
ele não recebe "formação psicanalítica" no curso básico de sua preparação. E os testes serão o
instrumental básico que ele terá para garantir-se, no início de sua vida profissional, contra a falta de
experiência. Nesse sentido, achamos absurdo, – e epistemologicamente incorreto, – ligar um teste a
uma específica linha teórica de explicação dos fenômenos (qualquer que seja), principalmente
50
quando ela não encontra fundamentação na própria ciência psicológica. Ele deve estar baseado em
conhecimentos que o campo da formação específica pode oferecer.
A pesquisa psicológica deve então ter como requisito básico, uma flexibilidade nos conceitos de
que se vale para dar sentidos provisórios às suas descobertas. Justamente o que a designação de
"projetivo" vai impedir. Como ter a liberdade de conceituar uma observação que não se encaixe na
"projeção?"
Além desses problemas, temos um de formação: pensamos que os alunos atuais serão os futuros
pesquisadores de nossa incipiente ciência. Eles têm de saber que pouco sabemos e, portanto, que
todo conhecimento atual é provisório; neste sentido, devem ser alertados contra teorias "prontas",
fechadas em sistemas, pois estas entravam e mesmo impedem a observação de tudo que o
fenômeno tem a nos apresentar, sendo desse modo um empecilho ao desenvolvimento da ciência.
Assim pensamos que treiná-los no TAT, baseados antes de mais nada na análise do texto, significa
treiná-los precisamente em observação – o que a nosso ver deveria ser a base de uma formação
inicial na carreira de qualquer pesquisador, com mais razão ainda quando se trata do estudo de um
objeto tão complexo como o fenômeno mental.
Em terceiro lugar, contra uma aparência de introdução de uma maior subjetividade na interpretação,
essa proposta visa aumentar a objetividade na avaliação das histórias, na medida em que o
referencial usado não remete a nada externo à sua constituição. Acreditamos ser um engano ingênuo
pensar que a classificação prévia das respostas do sujeito, - freqüentemente usada na maioria das
avaliações do teste, - garanta uma base mais objetiva de avaliação. Essa classificação prévia na
verdade provém da decisão do avaliador, e portanto, na melhor das hipóteses, depende de sua
prática clínica e conhecimentos aprofundados para discernir convenientemente sobre elas. Fica,
portanto, na dependência do nível de experiência do avaliador a decisão sobre a objetividade de
uma classificação - o que absolutamente não nos assegura que a técnica seja pertinente. Podemos
facilmente estar diante de um TAT do observador mais do que do sujeito testado!
Telles, V. S. (2000). Disconection of TAT from the "Projective" Concept and its Use Enlargement.
Psicologia USP, 11 (1), 63-83.
Abstract: It criticises the "projective" designation, which refers itself to implicit phenomena on
TAT material. It was intended to show that the "projective" led, in historical means, the test to be
tied up to psychoanalytic theories, though nothing on those phenomena obliged this interpretation to
be made. On the contrary, the largest part from the problematical of its research using and from the
possibility of a general consensus, concerning its interpretation, are due to inherent problems of
psychoanalysis theories themselves. We suggest, then, its disconnection from this term, which
prevents a real remark of the material obtained by the test. The phenomena observation would allow
the impasses overcoming and, consequently, the enlargement of its use, since consensus would be
searched in the material, beyond any previous theoretical posture from the observer.
51
Index Terms: Thematic Apperception Test. Projection (Defense mechanism). Psychoanalytic theory.
Projective techniques. Clinical psychology. Cognition.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Ancona, L. (s.d.). In Imbasciati & Tirelli. Il TAT secondo la sistemática di Bellak. Firenze: Ed. O.
S.
Anderson, H. H., & Anderson, G. L. (1967). Técnicas projetivas do diagnóstico psicológico. São
Paulo: Mestre Jou.
Imbasciati, A. (1990). Affetto e rappresentazione: Per una psicoanalisi dei processi cognitivi.
Milano: Franco Angeli.
Imbasciati, A. (1993). L'oggetto e le sue vicissitudini: Storia di un concetto e valore della teoria in
psicoanalisi. Castrovillari: Teda.
Imbasciati, A., & Ghilardi, A. (1994). Manuale clinico del TAT: La diagnosi psicoanalitica.
Firenze: Giunti.
Imbasciati, A., & Tirelli. (s.d.). Il TAT secondo la sistemática di Bellak. Firenze: Ed. O. S.
Uexküll, J. V. (s.d.). Dos animais e dos homens. Lisboa: Ed. Livros do Brasil.
52
1
Endereço para correspondência: Instituto de Psicologia. Av. Prof. Mello Moraes, 1721, São Paulo,
SP - CEP 05508-900. E-mail: ippsc@edu.usp.br
2
Anzieu (1990), diz, comparando o TAT com o teste de Rorschach, o qual foi provido pelo seu
autor de uma teoria, além do material e do método de aplicação: "Está aí sua força (do TAT) ao
mesmo tempo que sua fraqueza: o material e a aplicação são modificáveis segundo a população
estudada; a interpretação corre atrás de uma teoria que a fundamentaria; donde em contrapartida,
uma grande adaptabilidade deste teste a conceituações diversas." (p. 7)
3
Descrevendo as fundamentações do TAT segundo Murray (1943, 1951, citado por Imbasciati &
Guilardi, 1994, p. 34) diz: "... ele considerava que o sujeito, ao descrever o protagonista da história,
se servisse de aspectos passados ou presentes da própria personalidade, baseando-se em recordações
conscientes ou inconscientes de eventos reais ou imaginários que modelaram a sua personalidade.
Se as necessidades expressas no TAT não coincidiam com o comportamento manifesto, podia-se
recorrer a alguns conceitos psicanalíticos, como a regressão, a sublimação, a formação reativa e o
recalque, para explicar o desacordo entre história e comportamento."
4
Cremos ter ficado por conta do autor essa correlação com o afetivo e "manutenção do equilíbrio
psíquico" excluindo-se o que perturba para não perceber a dificuldade - O texto da Gestalt falando
em organização perceptiva "ótima," e "mais simples" possível refere-se, especificamente, a leis de
nossa organização perceptiva. (ver citações mais adiante).
5
Recorre-se aqui ao uso da palavra projeção que além de ser problemático como explicação da
aprendizagem (seria quando muito descritiva), o é também quanto ao seu uso dentro da própria
teoria psicanalítica - Esse termo aqui só se justifica (dentro das teorias psicanalíticas) se fosse
referido não a mecanismos de defesa, mas à projeção descrita como "normal" em Freud, e que
mereceu ser descartada (como veremos adiante) como não significativa na obra de Freud.
(Laplanche & Pontalis, citados por Brelet, 1986).
6
Citando um exemplo de percepção visual: "... este fenômeno serve de exemplo do princípio de
"complementação." Não somente há uma tendência para a "forma" em nossas reações, mas é tão
intensa que quando a circunstância externa não está inteiramente "formada," a reação psicológica
tende a completá-la. A "complementação" é um caso particular da "lei da pregnância," de acordo
com a qual a experiência, quer seja espacial ou temporal, e seja qual for a região sensitiva, tende a
assumir a melhor forma possível, de modo que as formas tendem a se tornar mais exatas e mais bem
definidas - a tornarem-se o que elas são, de modo mais completo e típico." (Heibreder, 1969, p.
302)
E mais adiante: "... Basicamente, existe a tendência para a experiência ser "formada," e para os
componentes formarem grupos, para as figuras incompletas serem completadas e tornadas mais
definidas e exatas; e para o campo total ser organizado - quase que se poderia dizer estratificado -
em figura e fundo. É como se um processo estivesse em andamento em busca de um estado de
equilíbrio e no qual a organização total é mais completa ..." (Heibreder, 1969, pp. 303-304)
Como pode-se depreender facilmente destes textos, as "alterações" perceptivas para a Gestalt têm a
ver com a nossa forma de organizar a experiência perceptiva (aliás os gestaltistas encontraram
inclusive na biologia e mesmo na física exemplos dessa tendência. Köhler vai apontar as gestalten
ocorrendo na resolução de problemas - o "insight" é "... uma padronização do campo perceptível de
tal maneira que as relações importantes são óbvias..." (Heibreder, 1969, p. 307)
53
7
"A projeção, todavia não foi criada para defesa, ela se verifica também lá onde não existem
conflitos. A projeção ao externo de percepções internas é um mecanismo primitivo que subjaz, por
exemplo também nas nossas percepções sensoriais; a ela é atribuído normalmente uma parte
relevante na configuração de nosso mundo interno. Em condições nas quais a natureza não é ainda
suficientemente precisa, são projetadas em direção ao externo, do mesmo modo de percepções
sensoriais, também percepções internas de processos emotivos e mentais; desse modo são utilizadas
para configurar o mundo externo percepções que deveriam legitimamente permanecer no mundo
interno." E os autores acrescentam "... Eis então como o animismo, o pensamento mágico e a
onipotência das idéias dos primitivos, da criança e do neurótico são o efeito da projeção dos
processos psíquicos primários sobre o mundo externo. De resto, também a criação artística, segundo
a intuição de Freud, é uma projeção do artista na própria obra."
8
"... Examinando as contribuições da psicanálise para a compreensão das técnicas projetivas, nota-
se fundamentalmente duas diferentes modalidades de enfoque que estão em relação com a evolução
da teoria psicanalítica. A primeira privilegia a relação entre as pulsões do sujeito e as suas
produções no teste, enquanto que a segunda analisa as relações entre as funções do ego e o
comportamento no teste." (Imbasciati & Ghilardi, 1994, p. 33).
9
Por exemplo Stern (1989) "... dizendo que os conceitos psicanalíticos necessitam comprovação
experimental." É interessante notar um viés epistemológico mesmo em autores que podem observar
a teoria mais criticamente. Ele não chega a pensar que os conceitos já existentes podem ser
modificados.
10
Por exemplo Ferrão, L.M. (psicanalista da Sociedade Brasileira de Psicanálise) com sua clínica
inovadora e sua sugestão de voltar à observação do paciente. Imbasciati, A - com livros como Affeto
e rappresentazione (1991) e L'Oggetto e le sue vicissitudini (1993)- (psicanalista italiano, professor
diretor da cátedra de psicologia junto à Faculdade de Medicina e Cirurgia de Brescia).
11
Sentido do termo segundo cognitivistas modernos (citados por Imbasciati) onde é totalmente
abolida a dicotomia afeto x cognição.
12
Para melhor esclarecimento ver Telles (1997).
13
Dentro desse modo de encarar o fenômeno fica "resolvido" o problema da explicitação do objeto
estudado - o fenômeno está aí - a problemática passa a ser centralizada na visão do observador. Não
teríamos assim o objeto furtando-se ao conhecimento (não existiriam "mecanismo de defesa"
escondendo o que ele é) mas com que olhar está sendo encarado pelo observador. E dentro desse
parâmetro teríamos nas teorias prêvias o grande impedimento da visão do que está aí.
14
Em psicanálise é comum confundir-se descrição com explicação do fenômeno.
15
"... Não obstante a sua ampla aplicação clínica, o primeiro problema é constituído pela falta de
um orgânico sistema de classificação das respostas em função interpretativo-diagnóstica. Não se
chegou a ordenar segundo um critério unívoco e condiviso os dados recolhidos com os diversos
sistemas de classificação utilizados a partir de Murray até hoje." (Imbasciati & Ghilardi, 1994, p. 9)
16
Shentoub na introdução explicita essa opinião: "Aqui, a técnica, ou mais exatamente certos
princípios metodológicos, não são senão o instrumento que permaneceria letra morta se ele não se
apoiasse sobre uma teoria da personalidade do qual procede e que permite então que os elementos
dispersos recolhidos virem a ordenarem-se em um todo. A técnica não pode ser assimilada por
aquele que não possue o conhecimento das teorias, mas tais provas constituem também o lugar
privilegiado onde os conhecimentos teóricos - corpus- abstrato- encontram, sua ilustração e sua
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encarnação ..." (Parece soar tautológica uma tal afirmação). (Shentoub, 1990, p.1, grifos nossos)
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
TELLES, Vera Stela. A desvinculação do TAT do conceito de projeção e a ampliação de seu uso.
Psicol. USP, v.11, n.1, São Paulo, 2000