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“A gente cansa só de olhar esse menino Dra!”. Era o que dizia Dona Rosa sobre seu neto em uma
sala de espera da Unidade Neonatal “Boas Vindas”. Seu neto nasceu há 24 horas com 28
semanas de idade gestacional e 850g. O RN respirando em ar ambiente apresentava batimento de
asa do nariz, tiragens intercostais e gemência. Antes que pudesse conversar com a fisioterapeuta
sobre o resultado do RX com broncogramas aéreos e gasometria com acidose respiratória, Dona
Rosa teve a notícia de que seu neto terá que receber surfactante e utilizar CPAP nasal para
melhorar o padrão respiratório.
Tanto a prematuridade quanto o peso ao nascer tem influência na saúde respiratória do RN sendo
possíveis riscos para o desenvolvimento da Síndrome do Desconforto Respiratório (SDR), que
tem como sinal comum o gemido expiratório, e outras características clínicas e disfuncionais
desse sistema, como as tiragens intercostais. Quando se fala sobre prematuridade, deve-se ter em
vista que o sistema respiratório apresenta alterações significativas durante o desenvolvimento no
período interno-uterino. As vias aéreas estão completamente desenvolvidas por volta das 16
semanas de gestação e a partir dela essas estruturas condutoras aumentam de tamanho. Entre a
24ª e a 36ª semana, as vias aéreas pré-acinares desenvolvem-se, formam-se bronquíolos e ácinos
e após o nascimento, o crescimento das vias aéreas continua, seu diâmetro duplica e seu
comprimento triplica até a idade adulta, sendo que, os alvéolos passam a se desenvolver a partir
da 28ª semana e continuando até a vida adulta. Logo, qualquer alteração nesse desenvolvimento,
seja por prematuridade ou por necessidade de nutrientes, que se reflete no peso do RN, pode
levar à uma má formação e consequentemente podendo alterar, assim, o desenvolvimento das
vias respiratórias e a formação da microvasculatura pulmonar e dos alvéolos.
Os sinais radiológicos indicados no caso clínico indicam broncogramas aéreos, ou seja, acúmulo
de secreção nos espaços alveolares próximos aos brônquios, logo caracterizando aumento da
quantidade de líquido pulmonar, que também é refletido no exame de gasometria, pois devido ao
preenchimento e/ou obstrução dos alvéolos há dificuldade de realizar a ventilação pulmonar,
logo o processo de perfusão também vai ser prejudicado, contribuindo assim para o acúmulo de
dióxido de carbono, contribuindo para o padrão acidótico exposto no exame.