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MA 1 – CBL - CASO MOTIVADOR (19/03/2024)

Aluno/a: Bruno Leonardo Gomes Pereira

CBL 01 – “A GENTE CANSA SÓ DE OLHAR!”

“A gente cansa só de olhar esse menino Dra!”. Era o que dizia Dona Rosa sobre seu neto em uma
sala de espera da Unidade Neonatal “Boas Vindas”. Seu neto nasceu há 24 horas com 28
semanas de idade gestacional e 850g. O RN respirando em ar ambiente apresentava batimento de
asa do nariz, tiragens intercostais e gemência. Antes que pudesse conversar com a fisioterapeuta
sobre o resultado do RX com broncogramas aéreos e gasometria com acidose respiratória, Dona
Rosa teve a notícia de que seu neto terá que receber surfactante e utilizar CPAP nasal para
melhorar o padrão respiratório.

OBJETIVOS DE ESTUDO INDIVIDUAL

1-Estudar o papel da prematuridade e o peso ao nascer como risco para o desenvolvimento do


quadro respiratório descrito no problema.

Tanto a prematuridade quanto o peso ao nascer tem influência na saúde respiratória do RN sendo
possíveis riscos para o desenvolvimento da Síndrome do Desconforto Respiratório (SDR), que
tem como sinal comum o gemido expiratório, e outras características clínicas e disfuncionais
desse sistema, como as tiragens intercostais. Quando se fala sobre prematuridade, deve-se ter em
vista que o sistema respiratório apresenta alterações significativas durante o desenvolvimento no
período interno-uterino. As vias aéreas estão completamente desenvolvidas por volta das 16
semanas de gestação e a partir dela essas estruturas condutoras aumentam de tamanho. Entre a
24ª e a 36ª semana, as vias aéreas pré-acinares desenvolvem-se, formam-se bronquíolos e ácinos
e após o nascimento, o crescimento das vias aéreas continua, seu diâmetro duplica e seu
comprimento triplica até a idade adulta, sendo que, os alvéolos passam a se desenvolver a partir
da 28ª semana e continuando até a vida adulta. Logo, qualquer alteração nesse desenvolvimento,
seja por prematuridade ou por necessidade de nutrientes, que se reflete no peso do RN, pode
levar à uma má formação e consequentemente podendo alterar, assim, o desenvolvimento das
vias respiratórias e a formação da microvasculatura pulmonar e dos alvéolos.

2-Estudar as características clínicas e disfuncionais do quadro respiratório descrito no problema,


relacionando com a fisiopatologia da Síndrome do Desconforto Respiratório do Recém-Nascido.

As características clínicas e disfuncionais do quadro respiratório descrito no problema, como


batimento de asa do nariz, tiragens intercostais e gemência se encaixam nos sinais e sintomas que
podem indicar algum distúrbio respiratório, sendo o mais comum deles a Síndrome do
Desconforto Respiratório, caraterizada por deficiência do surfactante pulmonar nos pulmões do
neonato, seja na produção do sulfactante ou na qualidade/eficiência do mesmo. sendo mais
comum em RNs nascidos antes das 35 semanas de gestação, na qual ocorre o pico de produção
do surfactante, e o risco aumenta com o grau de prematuridade. Entre os sinais e sintomas
podem-se destacar gemência, que resulta do fechamento parcial da glote (manobra de Valsalva
incompleta) durante a expiração para manter a capacidade residual funcional (CRF) e prevenir o
colapso alveolar nas situações de perda de volume pulmonar; uso de músculos acessórios,
refletindo as tiragens intercostais; e também o batimento das asas de nariz que está relacionado a
redução do trabalho respiratório, pois a dilatação das narinas durante a inspiração diminui a
resistência da via aérea superior, .

3-Caracterizar os sinais radiológicos e da gasometria arterial de padrão acidótico.

Os sinais radiológicos indicados no caso clínico indicam broncogramas aéreos, ou seja, acúmulo
de secreção nos espaços alveolares próximos aos brônquios, logo caracterizando aumento da
quantidade de líquido pulmonar, que também é refletido no exame de gasometria, pois devido ao
preenchimento e/ou obstrução dos alvéolos há dificuldade de realizar a ventilação pulmonar,
logo o processo de perfusão também vai ser prejudicado, contribuindo assim para o acúmulo de
dióxido de carbono, contribuindo para o padrão acidótico exposto no exame.

4-Estudar o papel da administração de surfactante exógeno e da ventilação não invasiva na


reversão do quadro respiratório.
Tendo em vista o quadro clínico do RN de dificuldade respiratória, apontando para uma possível
SDR, a administração do surfactante é inprescindível, pois o mesmo é responsável por diminuir a
tensão superficial no alvéolo, prevenindo o colapso alveolar e facilitando a respiração, e o uso do
surfactante exógeno vai compensar a falta do surfactante endógeno, e do ponto de vista
microscópico, o tratamento com este leva a uma maior uniformidade na expansão alveolar,
reduzindo as áreas de atelectasia, sendo um efeito da maior importância na redução da injúria
pulmonar, além de levar a um maior recrutamento alveolar que por sua vez, resulta no aumento
do volume pulmonar máximo e maior estabilidade na expiração, quando os alvéolos
conservam-se abertos, resultando em maior capacidade residual funcional. Quanto ao papel da
ventilação não invasiva, quando aplicada, pode ser ofertada no modo pressão positiva contínua
em vias aéreas (nasal continuous positive airway pressure - NCPAP) ou ventilação por pressão
positiva intermitente nasal (nasal intermittent positive airway pressure - NIPPV), com interfaces
que incluem máscaras (faciais ou nasais) e prongas. Entre os benefícios fisiológicos podem ser
destacados a estabilização das vias aéreas; aumento da capacidade residual funcional, do volume
pulmonar e da superfície de troca gasosa; diminuição da resistência das vias aéreas e do shunt
intrapulmonar; insuflação de alvéolos previamente colapsados e normalização ou minimização
do trabalho respiratório realizado pelo RN.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS (ORGANIZAR DE ACORDO COM A ABNT)


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BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. OS 2012/0371. Atenção à Saúde
do Recém-Nascido Guia para os Profissionais de Saúde: Problemas Respiratórios,
Cardiocirculatórios, Metabólicos, Neurológicos, Ortopédicos E Dermatológicos, Brasília/DF:
Ministério da Saúde, 2012.
PAGOTTO, Amanda Bassani. Síndrome do Desconforto Respiratório (SDR) do
Recém-Nascido. [S. l.], 2020. Disponível em:
https://www.sanarmed.com/sindrome-do-desconforto-respiratorio-sdr-do-recem-nascido-colunist
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BALEST, Arcangela Lattari. Síndrome da angústia respiratória em neonatos: Doença da
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REBELLO, Celso M.; PROENÇA, Renata S. M.; TROSTER, Eduardo J.; JOBE, Alan H.
Terapia com surfactante pulmonar exógeno – o que é estabelecido e o que necessitamos
determinar. Jornal de Pediatria, [S. l.], v. 78, p. 216-226, 2002.
MICHELIN, Amanda Soares et al. Efeitos hemodinâmicos da ventilação não invasiva com
máscara facial em prematuros. Revista Fisioterapia e Pesquisa, [S. l.], p. 367-372, 2013.

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