Você está na página 1de 16

O que são Lípidos: Funções e Tipos

Os lípidos ou lipídeos ou gorduras são moléculas orgânicas insolúveis em água e solúveis em


certas substâncias orgânicas, tais como álcool, éter e acetona.

Estas biomoléculas são compostas por carbono, oxigénio e hidrogénio. Podem ser encontrados
em alimentos de origem vegetal e de origem animal e o seu consumo deve ser feito de forma
equilibrada.

Funções dos Lípidos


Os lípidos apresentam funções importantes para o organismo:

• reserva energética: utilizados pelo organismo em momentos de necessidade de


fornecimento de energia, presentes em animais e vegetais;
• isolamento térmico: nos animais as células de gordura formam uma camada que actua
na manutenção da temperatura corporal, sendo fundamental para animais que vivem
em climas frios;
• ácidos gordos: estão presentes nos óleos vegetais extraídos de sementes (como por
exemplo de soja, de girassol, de canola, de milho, azeitonas e palma,) e são usados na
síntese de moléculas orgânicas e das membranas celulares.
• absorção de vitaminas: auxiliam a absorção das vitaminas A, D, E e K que são
lipossolúveis e se dissolvem nos óleos. Como essas moléculas não são produzidas no
corpo humano é importante o consumo desses óleos na alimentação.

Estrutura dos Lípidos


Os lípidos são ésteres, ou seja, são formados da reacção de ácidos gordos com um álcool gordo
(glicerol, esfingol ou outro).

São insolúveis em água porque as suas moléculas são apolares, ou seja, não têm carga elétrica
e por esse motivo não possuem afinidade pelas moléculas polares da água.

Tipos de Lípidos e Exemplos


Carotenóides

São pigmentos alaranjados presentes nas células de todas as plantas que participam na
fotossíntese junto com a clorofila, porém desempenham um papel acessório. Um exemplo de
uma fonte de caroteno é a cenoura. O caroteno, ao ser ingerido, torna-se precursor da vitamina
A, fundamental para uma boa visão. Os carotenóides também trazem benefícios para o sistema
imunológico e actuam como anti-inflamatórios.

Ceras

Estão presentes nas superfícies das folhas de plantas, no corpo de alguns insetos, nas ceras de
abelhas e no ouvido humano.
Esse tipo de lípido é altamente insolúvel em água e evita a perda de água por transpiração. São
constituídas por uma molécula de álcool (diferente do glicerol, por exemplo o triacontanol) e
um ou mais ácidos gordos.

Fosfolípidos

São os principais componentes das membranas celulares, sendo constituídos por uma
molécula de glicerol ligado a ácidos gordos (2) e combinado com um grupo fosfato.

Glicerídeos

Podem ter de 1 a 3 ácidos gordos ligados a uma molécula de glicerol (um álcool, com 3
carbonos com 3 grupos hidroxilo -OH). O exemplo mais conhecido são os triglicerídeos (ex:
análises clínicas) que é composto por três moléculas de ácidos gordos, mas também existem
monoglicerídeos (1 glicerol + 1 ácido gordo) e diglicerídeos (1 glicerol + 2 ácidos gordos). Os
ácidos gordos podem ser iguais (homogéneos) ou diferentes (heterogénios).

Representação da estrutura da molécula de colesterol e de triglicerídios.


Esteróides

São compostos por 4 anéis de carbonos interligados na forma de unidos a hidroxilos, oxigénio
e cadeias carbonadas (ciclopentanoperhidrofenantreno).

Exemplos de esteroides: hormonas sexuais masculinas (testosterona), hormonas sexuais


femininas (progesterona e estrogénio), colesterol, hormonas corticosteroides.

Esquema representando a estrutura das lipoproteínas HDL e LDL.

As moléculas de colesterol associam-se às proteínas sanguíneas (apoproteínas) formando as


lipoproteínas HDL ou LDL, que são responsáveis pelo transporte dos esteróides.

As lipoproteínas LDL transportam o colesterol que, se for consumido em excesso, se acumula


no sangue. Já as lipoproteínas HDL retiram o excesso de colesterol do sangue e levam-no até
ao fígado, onde será metabolizado. Por fazer este papel de "limpeza" as HDL são chamadas de
bom colesterol.

Exercícios sobre lípidos:

Questão 1

Sobre os lípidos é correcto afirmar que:

a) são as macromoléculas fundamentais para a estrutura e função celular.


b) são moléculas essenciais para as reacções bioquímicas do nosso corpo.
c) são moléculas orgânicas que não se dissolvem em água, mas que são solúveis em
substâncias orgânicas, tais como álcool, éter e acetona.
d) são compostos orgânicos importantes para acelerar reacções químicas no organismo.
Questão 2

Entre as alternativas abaixo, identifique qual NÃO representa uma função dos lípidos.

a) Reserva energética.
b) Isolamento térmico.
c) Auxiliar na absorção de vitaminas.
d) Produção de hormonas.
e) Combate às infecções através dos anticorpos.

Questão 3

Os lípidos são moléculas formadas principalmente por carbono, oxigénio e hidrogénio, cuja
característica mais marcante é a sua natureza hidrofóbica, ou seja, formam uma mistura
heterogénea com a água.

Dos seguintes compostos indique qual (quais) dos grupos de substâncias NÃO é um tipo de
lípido:

a) Carotenóides
b) Oligossacarídeos
c) Cerídeos
d) Esferóides
e) Fosfolípidos

Respostas:

Questão 1

Resposta correta: c) são moléculas orgânicas que não se dissolvem em água, mas que são
solúveis em substâncias orgânicas, tais como álcool, éter e acetona.

Enquanto a maioria dos compostos orgânicos são capazes de interagir com a água, os lípidos,
também chamados de lipídeos ou lípidos, são insolúveis neste solvente já que apresentam
muitas ligações covalentes apolares. Devido à sua estrutura, são capazes de se dissolver em
solventes orgânicos, como álcool, éter, acetona, clorofórmio, etc..

Questão 2

resposta correta: e) Combate às infecções através dos anticorpos.

São funções dos lípidos:

Reserva energética: os lípidos são utilizados como reserva energética.


Isolamento térmico: eles estão presentes em camadas da pele de animais e em células de
gordura, sendo responsáveis pela manutenção da temperatura, principalmente em animais que
vivem em locais frios.

Absorção de vitaminas: a absorção de vitaminas (A, D, E e K) é auxiliada pelos lípidos, já


que esses compostos são lipossolúveis e, portanto, se dissolvem em óleos.

Produção de hormonas: o colesterol é um lipídio responsável pela produção de hormonas


esteróides, como o cortisol e a testosterona.

Os lípidos NÃO são responsáveis pelo combate às infecções no corpo, pois os anticorpos,
que são proteínas presentes no plasma sanguíneo, é que possuem esta função.

Questão 3

Resposta correta: b) Oligossacarídeos e c) Esferóides.

Os lípidos indicados nas alternativas são:

Carotenóides - lípidos presentes em células vegetais e que apresentam pigmentação, por


exemplo, podem ser vermelhos ou amarelos (ex: cenoura, pimentos, abóbora). Um exemplo de
carotenóide é o caroteno, composto amarelo-alaranjado presente na cenoura, que ao ser
ingerido por animais se converte em vitamina A.

Cerídeos são ceras de origem animal e vegetal, responsáveis pela impermeabilização em


espécies vegetais, impedindo a grande perda de água. Para animais, como as abelhas, é utilizada
como matéria-prima para construir o favo. No nosso ouvido serve de protecção, lubrificante.

Esteróides são lípidoos formados por múltiplos anéis de carbono. O colesterol, constituinte de
membranas celulares, é o esteróide mais conhecido e responsável pela estabilidade da
membrana celular.

Fosfolípidos também fazem parte da membrana plasmática, compondo a bicamada lipídica de


todas as células.

Os oligossacarídeos NÃO são lípidos. Na verdade, pertencem a uma classe de carbohidratos


formados pela união de 3 a 10 monossacarídeos, que são açúcares simples.

Os esferóides não são biomoléculas! Um esferóide é um sólido cuja forma se aproxima da de


uma esfera.
Alimentos ricos em lípidos
A ingestão de lípidos é fundamental, pois são componentes básicos do nosso organismo e
auxiliam no seu funcionamento. Os alimentos ricos em lípidos podem ser de origem animal e
vegetal.

Os alimentos de origem animal fontes de lípidos são:

• Carnes vermelhas
• Peixes
• Ovos
• Leite
• Manteiga

Os alimentos de origem vegetal fontes de lípidos são:

• Coco
• Abacate
• Oleaginosas como castanhas, nozes, amêndoas e azeitonas
• Azeite de oliva

Ácidos Gordos
Os ácidos gordos são componentes estruturais dos fosfolípidos das membranas celulares.
Também podem ser encontrados na sua forma livre e ser oxidados em determinados tecidos
para produzir energia. São constituídos por átomos de carbono ligados entre si que podem
formar cadeias curtas ou longas. Podem ser saturados ou insaturados.

Esquema da bicamada lipídica que constitui as membranas celulares.


As gorduras insaturadas são encontradas nos óleos vegetais e em alimentos como as nozes e o
abacate e ajudam a elevar o nível do HDL, chamado "bom colesterol" porque retira o excesso
de gordura do sangue, sendo por isso considerado mais saudável. Enquanto as saturadas são
consideradas mais prejudiciais porque aumentam os níveis de colesterol no sangue.

Características Importantes

No esquema anterior da estrutura do colesterol e dos triglicerídeos observar as ligações duplas


das moléculas insaturadas.

Grau de Saturação

Quando os átomos de carbono apresentam ligações simples entre si, o ácido gordo é saturado.
Se houver ligações duplas entre um ou mais pares de carbonos, a molécula é chamada de
monoinsaturada ou poliinsaturada, respectivamente. Na figura acima estão representadas as
estruturas dos 3 tipos de triglicerídeos: saturado (ligação simples), monoinsaturado (uma
ligação dupla) e poliinsaturado (duas ligações duplas).
Comprimento da Cadeia

Há ácidos gordos que contêm apenas 1 carbono, como é o caso do ácido fórmico. No leite há
quantidades significativas de AG de cadeia curta, com 4 carbonos, como é o caso do ácido
butírico, mas também podem ter 10 carbonos, como o ácido caprílico. Lípidos estruturais e
triglicerídios contêm AG de cadeia longa, com pelo menos 16 carbonos (ácido palmítico),
como é o caso do ácido araquidónico (produzido pelos aracnídeos) - um dos AG essenciais
do tipo omega- 6 com 20 carbonos e 4 ligações duplas.

Estrutura química de alguns ácidos gordos (AG) essenciais.

Ácidos Gordos Essenciais

Existem alguns AG que são estruturais e sua deficiência provoca problemas, como é o caso do
ácido linoléico e do ácido linolénico, esse último é um ácido gordo omega 3, obtido da
alimentação, que é precursor de outros AG omega 3 importantes para o crescimento e
desenvolvimento (a sua deficiência implica uma diminuição da visão e alteração da
aprendizagem).

Estrutura dos Ácidos Gordos

Representação de uma molécula com uma extremidade hidrofílica e o corpo hidrofóbico. Essas
moléculas reúnem-se formando micelas (monocamada).
LIposomas

Liposomas são vesículas nanométricas (cerca de 100 nanómetros) constituídas por uma ou mais
bicamadas fosfolipídicas (lípidos com uma cabeça polar- que tem afinidade para compostos
aquosos e uma cauda apolar - possui afinidade para compostos lipídicos) orientadas
concentricamente à volta de um compartimento aquoso. Por possuírem características muito
parecidas com a membrana celular são comumente utilizados como transportadores de
fármacos, biomoléculas ou material genético (RNA e DNA).

Apesar da indústria farmacêutica ter obtido ao longo dos anos sucesso na descoberta de novos
fármacos e suas aplicações, principalmente fármacos que combatem o cancro, muito dos
medicamentos utilizados na terapia antitumoral podem possuir efeitos tóxicos, resultando na
citotoxicidade para as células normais. Isso deve-se a que parte das células cancerígenas têm
características muito comuns com as células normais, das quais foram originadas. Deste modo,
torna-se difícil encontrar um alvo único contra o qual os fármacos possam ser direcionados.

Uma estratégia é o uso de liposomas como transportadores de fármacos. Os transportadores


liposómicos têm sido aceites clinicamente no tratamento do cancro, visto que eles alteram a
farmacocinética e biodistribuição do fármaco no organismo. Os liposomas ainda podem ser
modificados para atacar somente as células tumorais, uma estratégia é a da inserção de folatos.
As células tumorais possuem mais receptores de folatos que as células “normais”, isso auxilia
a direccionar os liposomas apenas para as células tumorais, ornando o tratamento mais efectivo
e diminuindo os danos para o organismo.

Além disso, os liposomas podem ser utilizados na indústria alimentar, como transportadores
de antioxidantes, como por exemplo o beta caroteno. O beta caroteno é um carotenóide rico
em vitamina A, o seu uso em alimentos é extremamente complicado, visto que ele é altamente
sensível à luz e temperatura. Nesse caso, o liposoma age como uma “barreira” que protege a
vitamina evitando a sua degradação.

Isto é, devido à sua versatilidade para incorporar tanto compostos hidrofílicos e lipofílicos, os
liposomas são potentes transportadores tanto na indústria farmacêutica como na indústria
alimentar: aumentam a eficácia aos tratamentos e a biodisponibilidade de certas vitaminas.
REPORT THIS AD

Representação gráfica da estrutura de um liposoma com a sua biocamada lipídica.

Os ácidos gordos (AG) ou ácidos gordos como também são conhecidos, são compostos por
cadeias de carbono com um grupo carboxilo na extremidade. É uma molécula de natureza
anfipática (veja figura abaixo), ou seja, contém uma cadeia hidrocarbonada hidrofóbica,
enquanto que o grupo carboxilo terminal é hidrofílico (pode ser ionizado em pH=7). Os AG de
cadeia longa são predominantemente hidrofóbicos, sendo, portanto, altamente insolúveis em
água.

Funções
Os ácidos gordos esterificados compõem moléculas complexas como os triglicerídeos que
são armazenados nas células adiposas e representam a principal reserva energética do
organismo.

Já os ácidos gordos não-esterificados são encontrados na forma livre em todos os tecidos em


níveis baixos ou em níveis mais elevados no plasma durante o jejum. Esses AG livres podem
ser oxidados em muitos tecidos, mas em especial no fígado e nos músculos e, assim, produzir
energia.

Além disso são componentes estruturais de membranas celulares, uma vez que constituem
moléculas de lípidos como os fosfo lípidos e os glico lípidos. São ainda precursores de
prostaglandinas (eicosanóide) que produzem respostas fisiológicas e patológicas, actuando
por exemplo, como mediadores nos processos inflamatórioss, na febre e nas alergias (asma).

Sais biliares
Um sal biliar é um produto químico produzido no fígado e armazenado na vesícula biliar.
Ajuda na digestão de gorduras e ajuda na eliminação de toxinas do corpo.
Quando os sais biliares estão/são produzidos em quantidades insuficientes podem ocorrer
patologias como resultado da acumulação de substâncias tóxicas.

Sais biliares – Digestão

Os sais biliares são um dos principais componentes da bilís. A bílis é um líquido amarelo
esverdeado produzido pelo fígado e armazenado na vesícula biliar.

Os sais biliares ajudam na digestão das gorduras bem como a absorver vitaminas lipossolúveis
(A, D, E e K).

O que são Sais biliares?

Substâncias produzidas no fígado por células especializadas chamadas hepatócitos -os sais
biliares compreendem cerca de 10% da bílis. Estão na forma ionizada, uma forma que os torna
mais activos na digestão de gorduras. Uma vez ionizadas, as moléculas de sais biliares têm
uma porção que é hidrofílica – o que favorece a água – e outra que é hidrofóbica – repele a
água.

Assim as moléculas envolvem gotículas de gordura no intestino delgado e impedem que elas
se agrupem para formar grandes glóbulos de gordura. Se não houvesse sais biliares as gorduras
passariam dentro do nosso intestino em grande parte sem serem digeridas.

Uma vez produzidos, estes sais fluem pelos ductos biliares do fígado até o ducto biliar comum
que liga o fígado, a vesícula biliar e o intestino delgado. A partir daqui da vesícula os sais
biliares fluem para os intestinos ou ficam lá armazenados, dependendo do estágio em que se
encontra o processo digestivo. Quando os alimentos estão presentes nos intestinos, a bíli flui
através de um esfíncter entre o ducto biliar comum e o intestino delgado para aí ajudar na
digestão das gorduras. Se não houver alimentos no intestino, a bílis é armazenada e concentrada
na vesícula biliar.

A principal função dos sais biliares é emulsificar as gorduras no intestino delgado. Agindo da
mesma forma que os detergentes, os sais biliares quebram as gorduras dos alimentos em
partículas menores. Eles cercam cada gotícula de gordura com o lado hidrofóbico voltado para
a partícula de gordura. Essa acção de quebrar as gorduras em pequenas partículas aumenta a
área de superfície total das gorduras a serem digeridas. As partículas de gordura estão mais
disponíveis para as enzimas que completam sua digestão.

Depois de ser usada nos intestinos a bílis é, a maioria dos sais biliares, reabsorvida. Eles são
devolvidos ao fígado e reprocessados em novos sais. Para além de ajudar na digestão de
gorduras, estes sais podem actuar como hormonas. Essas hormonas desempenham um papel
na regulação do colesterol no organismo.

Outro papel dos sais é auxiliar na digestão e absorção adequadas das vitaminas lipossolúveis –
vitaminas A, D, E e K.

As pessoas a quem foi retirada a vesícula biliar (colecistectomia) não têm mais o local onde a
bílis é armazenada, concentrada e disponibilizada para a digestão. O fígado ainda segrega bílis,
mas sem a vesícula biliar, os processos digestivos normais podem ser interrompidos. Por vez
pode haver excesso de bílis intestinal ou não haver suficiente noutras. Suplementos de sais
biliares podem ser tomados com as refeições mais abundantes em lípidos para ajudar na
digestão de gorduras saudáveis; a falta de bílis pode causar obstipação (constipação).

Composição

Além dos sais biliares, a bílis contém colesterol, água, ácidos biliares e bilirrubina pigmentar.

Depois de comermos há gorduras presentes no nosso trato digestivo, as nossas hormonas


enviam um sinal para a vesícula biliar libertar a bílis. A bile é libertada na primeira parte do
intestino delgado, chamada duodeno. É aqui que a maior parte da digestão das gorduras ocorre.

Outra função primária da bile é remover toxinas. As toxinas são excretadas na bílis e eliminadas
nas fezes. A falta de sais biliares pode causar um acúmulo de toxinas no nosso organismo.

Deficiência de bílis também pode causar problemas de formação de hormonas, já que os lípidos
são a sua base estrutural.

Sais biliares – Colesterol

Os sais biliares em pH fisiológico estão presentes como aniões. Os termos ácido biliar e sal
biliar são frequentemente usados como sinónimos.

Como os sais biliares são anfipáticos (têm uma região solúvel em água e outra em lípicos),
podem ligar-se a gorduras e óleos e emulsioná-los no ambiente à base de água do intestino.
Uma vez emulsionadas, essas gorduras e óleos são mais facilmente metabolizados e
decompostos por enzimas digestivas.

Após a digestão, os ácidos biliares transportam as gorduras degradadas para o revestimento


intestinal, onde podem ser absorvidas.

Os sais biliares também são importantes na regulação do colesterol. Os sais biliares, que são
construídos à base de colesterol, são tipicamente reciclados pelo organismo. Quando os níveis
de colesterol são altos, a reabsorção dos sais biliared através do intestino pode ser reduzida,
permitindo a excreção desses sais nas fezes. O fígado usa então o excesso de colesterol para
sintetizar mais sais biliares para compensar a perda daqueles que foram excretados.

Exames ou parâmetros bioquímicos

O exame de bilirrubina auxilia o diagnóstico de problemas no fígado, vias biliares ou anemia


hemolítica, por exemplo, já que a bilirrubina é produto da destruição das hemácias e que, para
ser eliminada pelo organismo, necessita ser conjugada com um glúcido no fígado e sofrer a
acção da bílis.

A bilirrubina é uma substância amarelada encontrada na bílis, que permanece no plasma


sanguíneo até ser eliminada na urina. Quanto mais bilirrubina for eliminada na urina, mais
amarela ela se torna. Excesso de bilirrubina (hiperbilirrubinemia) pode indicar problemas no
fígado, baço, nos rins ou na vesícula biliar.

A bilirrubina é um pigmento da bílis produzido por quebra do heme e redução da biliverdina,


que normalmente circula no plasma sanguíneo. É absorvido pelos hepatócitos e conjugado de
modo a formar diglicuronide, um pigmento solúvel em água excretado na bílis. Cerca de 70%
a 80% da bilirrubina são provenientes da destruição de hemácias velhas, 15% de fontes
hepáticas e o restante é proveniente da destruição de hemácias defeituosas na medula óssea e
nos citocromos.

A hemoglobina é dividida no grupo heme e na globina. O anel heme é aberto, produzindo ferro
livre e biliverdina, que é reduzida a bilirrubina pela enzima biliverdina redutase. Essa
bilirrubina recém-formada circula no sangue ligada à albumina sérica (forma não-conjugada
no sangue). É transportada pelo sistema porta até ao fígado, entrando nos por dois mecanismos
distintos: difusão passiva e endocitose.

Uma vez dentro do hepatócito, a bilirrubina desliga-se da albumina e forma um complexo


protéico com as chamadas proteínas Y e Z (também chamadas ligandinas). É então transportada
para o retículo endoplasmático liso, onde se torna um substrato da enzima glicuronil
transferase, dando origem a um diglicuronídeo conjugado (mono- e triglicuronídeos também
são formados). A bilirrubina, agora já conjugada, é transportada até à membrana celular. Na
face oposta aos sinusóides (capulares sanguíneos) e próxima dos canalículos biliares, ela é
excretada diretamente, drenando no trato intestinal, onde é metabolizada pelas bactérias da
microbiota intestinal, formando o stercobilinogénio. A maior parte deste stercobilinogénio é
excretada nas fezes, outra parte é reabsorvida e eventualmente re-excretada na bílis (circulação
entero-hepática). Uma pequena quantidade é excretada pelos rins, sendo designada
urobilinogénio.

Existem dois tipos principais de bilirrubina que podem ser medidos nas análises clínicas:

• bilirrubina indirecta ou não conjugada: é a substância que se forma no momento da


destruição dos glóbulos vermelhos no sangue e que depois é transportada para o fígado.
Por isso, a sua concentração é maior no sangue e pode estar alterada quando existe
alguma condição envolvendo as hemácias, como a anemia hemolítica, por exemplo;
• bilirrubina directa ou conjugada: corresponde à conjugação entre a bilirrubina e o
ácido glicurónico, um glúcido, no fígado. A bilirrubina directa sofre acção da bílis no
intestino, sendo eliminada na forma de urobilinogénio ou stercobilinogénio. Assim, a
concentração de bilirrubina directa está alterada quando há alguma lesão hepática ou
obstrução biliar.

O exame da bilirrubina é solicitado com o objectivo de avaliar a função do fígado, monitorizar


o tratamento de recém-nascidos ictéricos e avaliar doenças que podem interferir na produção,
armazenamento, metabolismo ou excreção de bilirrubinas. Na icterícia, a pele e a parte branca
dos olhos ficam amareladas. Ocorre quando há excesso de bilirrubina (um pigmento amarelo)
no sangue - uma condição denominada hiperbilirrubinemia.
Normalmente o médico solicita a bilirrubina total, no entanto os laboratórios também
costumam efectuar as dosagens de bilirrubina directa e indirecta, já que essas duas dosagens
são responsáveis pelo valor da bilirrubina total.

Muitas pessoas com icterícia também apresentam urina escura e fezes claras. Essas alterações
ocorrem quando uma obstrução ou outro problema evita que a bilirrubina seja eliminada nas
fezes, provocando uma maior eliminação na urina.

Se os níveis de bilirrubina estiverem altos, pode haver acúmulo das substâncias formadas
devido à degradação da bílis, causando comichão em todo o corpo, principalmente na zona dos
tornozelos. Além disso, muitos distúrbios que provocam icterícia, particularmente doenças
hepáticas graves, provocam outros sintomas ou problemas sérios. Em pessoas com uma doença
hepática esses sintomas podem incluir náuseas, vómitos, dor abdominal e vasos sanguíneos em
forma de aranha visíveis na pele (angiomas de aranha). Os homens apresentam mamas
aumentadas, testículos encolhidos e crescimento de pêlo pubiano igual aos das mulheres.
Se as pessoas consomem grandes quantidades de alimentos ricos em betacaroteno (como
cenouras, abóbora e alguns tipos de melão), a pele pode tornar-se levemente amarelada, mas o
mesmo não acontece com os olhos. Essa situação não é icterícia, nem está relacionada com
uma doença hepática.

A icterícia será perigosa ou não dependendo do que está a causar o aumento da concentração
de bilirrubina. Alguns distúrbios que causam icterícia são perigosos independentemente do
valor da concentração de bilirrubina. Uma concentração extremamente elevada de bilirrubina,
independentemente da causa, é perigosa.

• A consequência mais grave de uma concentração elevada de bilirrubina é o


Querníctero

O querníctero é uma lesão cerebral causada devido ao acúmulo de bilirrubina no cérebro. O


risco deste distúrbio é mais elevado em recém-nascidos prematuros que estão gravemente
doentes ou que tomam determinados medicamentos. Se não forem tratados, os quernícteros
podem causar danos cerebrais significativos, resultando em atraso no desenvolvimento,
paralisia cerebral, perda de audição, convulsões e até mesmo morte. Embora actualmente seja
raro, ainda ocorrem estas situações, mas é possível prevenir esse quadro clínico em quase todos
os casos através de um diagnóstico e tratamento precoces da hiperbilirrubinemia. Depois dos
danos cerebrais ocorrerem, não há tratamento para a sua reversão.

A icterícia fisiológica ocorre por dois motivos. Primeiro, os glóbulos vermelhos do recém-
nascido decompõem-se mais rapidamente que em bébés mais velhos, o que resulta num
aumento da produção de bilirrubina. Segundo, o fígado do recém-nascido não amadureceu
ainda e não consegue processar a bilirrubina e eliminá-la do organismo de maneira tão eficaz
como os bébés mais velhos. Quase todos os recém-nascidos têm icterícia fisiológica. Ela
normalmente surge dois a três dias após o nascimento (a icterícia que surge nas primeiras
24 horas após o nascimento pode ser devida a um distúrbio grave). A icterícia fisiológica em
geral não causa outros sintomas e resolve-se no prazo de uma semana. Se o bébé permanecer
ictérico além de duas semanas de idade, o médico avalia-o para tentar detectar outras causas
de hiperbilirrubinemia além da icterícia fisiológica.

A amamentação pode causar icterícia de duas maneiras:


• Icterícia associada à amamentação (mais comum)
• Icterícia do leite materno

A icterícia associada à amamentação desenvolve-se nos primeiros dias de vida e


normalmente resolve-se na primeira semana de vida. Ela ocorre em recém-nascidos que não
consomem leite materno suficiente, por exemplo, quando o leite materno ainda não está a ser
produzido em quantidade suficiente. Esses recém-nascidos têm menos evacuações e, assim,
eliminam menos bilirrubina. À medida que os recém-nascidos continuam a ser amamentados
e a consumir mais leite, a icterícia desaparece por conta própria.

A icterícia do leite materno é diferente da icterícia associada à amamentação, pois ela tende
a ocorrer mais para o final da primeira semana de vida e pode resolver-se até a segunda semana
de vida ou persistir por vários meses. A icterícia do leite materno é causada por substâncias no
leite materno que interferem com o processo que o fígado segue para eliminar a bilirrubina do
organismo.

A decomposição excessiva de glóbulos vermelhos (hemólise) pode sobrecarregar o fígado do


recém-nascido com mais bilirrubina do que ele pode processar. Há várias causas para a
hemólise, que são classificadas de acordo com o facto de elas serem ou não causadas por uma

• doença imunológica
• doença não imunológica

As doenças imunológicas causam hemólise quando há um anticorpo no sangue do bébé que


ataca e destrói os seus glóbulos vermelhos. Essa destruição pode ocorrer quando o tipo de
sangue do feto não é compatível com o da mãe ou, com menos frequência, pode resultar de
uma incompatibilidade de Rh (doença hemolítica do recém nascido).

Causas não imunológicas da decomposição excessiva de glóbulos vermelhos incluem a


deficiência hereditária da enzima dos glóbulos vermelhos glicose-6-fosfato desidrogenase
(G6PD) e doenças hereditárias dos glóbulos vermelhos, como a talassemia (são um grupo de
doenças hereditárias resultantes de um desequilíbrio na produção de uma das quatro cadeias de
aminoácidos que compõem a hemoglobina).

Os recém-nascidos que foram lesionados durante o nascimento têm acúmulos de sangue


(hematomas) sob a pele. A decomposição do sangue de um grande hematoma pode causar
icterícia. Caso o cordão umbilical não tenha sido pinçado rapidamente, os recém-nascidos
podem obter sangue demais da placenta. A decomposição desse sangue também pode causar
icterícia. A decomposição das células sanguíneas transfundidas pode causar uma elevação na
bilirrubina.

Você também pode gostar