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Sistema Digestivo

O sistema digestivo é constituído pelos órgãos do tubo digestivo e pelos órgãos anexos,
conforme indicado no esquema seguinte e ilustrado na figura em baixo.

O ser humano possui um metabolismo próprio. O metabolismo consiste no conjunto de


transformações que as substâncias químicas sofrem no organismo. As reações metabólicas
podem ser anabolismo ou de catabolismo.

Nas reações de anabolismo, as moléculas simples são transformadas em moléculas complexas


com o auxílio de energia.

Nas reações de catabolismo, compostos químicos complexos são degradados em moléculas


mais simples, com libertação de energia.
Os processos mecânicos são controlados pelo sistema nervoso e são efetuados pela língua,
pelos dentes (mastigação) e por contrações musculares voluntárias (deglutição) e involuntárias
(movimentos peristálticos) do esófago, estômago, intestino delgado e cólon.

Os processos químicos efetuam-se pela ação dos diferentes sucos digestivos, cujas enzimas
atuam sobre os alimentos. Dependem de estímulos do sistema neurohormonal.

 Ingestão: consiste na introdução de alimentos na boca com destino ao estômago.


 Mastigação: é a trituração dos alimentos pelos dentes. Esta decomposição dos
alimentos em porções menores facilita a ação das enzimas digestivas.
 Propulsão: movimentação dos alimentos ao longo do tubo digestivo. Inicia-se na
deglutição e continua no peristaltismo, isto é, contrações e distensões musculares do
sistema digestivo.
 Mistura: movimentos do tubo digestivo que misturam os alimentos com as secreções
digestivas.
 Secreção: produção de substâncias pelas glândulas digestivas – água, enzimas (boca,
estômago, pâncreas e intestino) e bílis (fígado).
 Digestão: é um processo de catabolismo porque visa desdobrar os nutrientes dos
alimentos nos seus componentes mais simples – prótidos em aminoácidos, glícidos em
açucares simples (maltose e glicose) e lípidos em ácidos gordos e glicerol.
 Absorção: passagem dos aminoácidos, glicose, ácidos gordos e glicerol, água, minerais
e vitaminas para o sangue e linfa.
 Eliminação ou defecação: processo que remove do organismo os resíduos da digestão
ou fezes.

Alimentos: são constituídos por substâncias orgânicas de complexidade variável designadas


nutrientes, como os prótidos, os lípidos e os glícidos.

A hormona grelina estimula o centro da fome no encéfalo.


O centro da fome envia respostas através do nervo vago que atuam sobre o sistema digestivo,
estimulando as glândulas salivares a produzirem saliva e as glândulas do estômago a
produzirem suco gástrico, enquanto aumentam os movimentos peristálticos. Isso leva o
indivíduo a sentir fome e a ingerir alimentos.

Quando se alcança um nível elevado de glicose no sangue, o sistema endócrino é estimulado a


libertar hormonas, como a insulina pelo pâncreas e a leptina pelos adipócitos (células que
armazenam gordura), estimulando o centro da saciedade no encéfalo.

A digestão dos alimentos inicia-se na boca, sendo esta constituída pelo lábio superior, lábio
inferior, úvula, língua, palato e amígdalas.

O alimento, através do processo físico da insalivação é envolvido, com o auxílio da língua e dos
dentes, pela saliva produzida pelas glândulas salivares.

Ocorrem transformações químicas, onde a amílase salivar (uma enzima que decompõe o
amido, um polissacarídeo), originando moléculas mais simples, como a maltose.

Ocorrem também transformações físicas por ação dos dentes e da língua, através do processo
de mastigação realizado pelos dentes.

Ocorre na criança
Decídua
(dentição de
leite) 20 dentes (10 em
cime e 10 em
baixo)
A dentição permanente é constituída por:

 Incisivos – 8 (morder ou cortar)


 Caninos – 4 (furar ou rasgar)
 Pré-molares – 8 (esmagar e triturar)
 Molares – 12 (mastigar)

O bolo alimentar sofre o processo de deglutição que consiste na passagem do alimento da


cavidade oral para o esófago, através da faringe.

Após a deglutição, o bolo alimentar é submetido a um conjunto de movimentos peristálticos ao


longo do tubo digestivo.

Movimentos peristálticos: são movimentos musculares de relaxamento e contração do tubo


digestivo que visam a deslocar os alimentos.

Esófago: é um tubo que se localiza entre a faringe e o estômago, produz um lubrificante


designado mucina, que facilita a deslocação do bolo alimentar em direção ao estômago através
dos movimentos peristálticos.

Estômago: é um órgão muscular que possui um orifício de entrada da massa alimentar, o


cárdia, e um orifício de saída, o piloro. Estes orifícios são esfíncteres, isto é, estruturas
musculares em forma de anel que abrem e fecham para regular a passagem de substâncias.
A camada mais externa é uma camada serosa, que segrega um líquido designado líquido
seroso, que mantém o exterior do estômago húmido.

A camada mais interna é passível de ser observada diretamente através de endoscopia


digestiva e é constituída por várias glândulas gástricas.

Glândulas
gástricas

Célula
principal

Célula
parietal

Célula
mucosa

Quimo: massa alimentar que se forma no estômago.

Fígado: é um órgão anexo dividido em secções, designados lobos.

O fígado está constituído por células, sendo as principais os hepatócitos. Estes têm como
funções:

 A síntese de proteínas
 A reserva de vitaminas
 A reserva de glicogénio ou glicose
 A transformação de lípidos e aminoácidos em glicose
 A produção de ureia
 A neutralização de substâncias tóxicas
 A secreção da bílis que é produzida na vesícula biliar
Pâncreas: é uma glândula com função exócrina e endócrina.

A função exócrina caracteriza-se pela produção de materiais, seguida da sua libertação para o
meio externo ao corpo. Esses materiais são lançados para o canal pancreático, desaguando no
interior do duodeno.

A função endócrina caracteriza-se pela produção de materiais, seguida da sua libertação para o
meio interno do corpo. Esta função ocorre nas ilhotas de Langerhans, que consistem em
aglomerados de células essencialmente constituídos por:

 Células β: segregam insulina e amilina;


 Células α: segregam glucagon.

Intestino delgado: é o tubo mais longo do sistema digestivo e divide-se em 3 partes


consecutivas, o duodeno, o jejuno e o íleo.

Quilo: é a massa alimentar que está usualmente no intestino delgado.

É libertado secreções das vilosidades das cristas circulares. Essas secreções constituem o suco
intestinal, o qual atua principalmente no duodeno.

É no intestino delgado que ocorre a maior parte da absorção intestinal que consiste na
passagem dos nutrientes para os vasos sanguíneos e linfáticos.

É constituído por várias viscosidades intestinais, que por sua vez, cada viscosidade intestinal é
formada por diversos tipos de células e irrigada por uma rede de vasos sanguíneos que
rodeiam um vaso linfático central, também designado de quilífero.
Ao nível das viscosidades intestinais ocorre uma absorção seletiva de nutrientes.

Intestino grosso ou cólon: divide-se em 5 secções, o cólon ascendente, o cólon transverso, o


cólon descendente, o cólon sigmoide e o reto (é uma secção do cólon).

No cólon descendente são formadas as fezes.

Fezes: são constituídas por restos alimentares não digeridos, água, bactérias, células do
revestimento interno do intestino e muco.

Para proceder à evacuação das fezes é necessário relaxar voluntariamente o músculo externo.
Esta eliminação designa-se defecação.

O apêndice, em animais herbívoros como o coelho e o coala, trata-se de um órgão importante


para a digestão de celulose dos vegetais. No ser humano, tem um carácter vestigial, mas julga-
se que serve de reservatório de linfócitos e também de bactérias benéficas ao normal
funcionamento do intestino.

Microbioma: consiste nos microrganismos que existem num determinado organismo, como o
ser humano, e os genes desse microrganismo. Inclui vírus e microrganismos como fungos,
protozoários e principalmente bactérias.

Microbiota: diz respeito apenas aos microrganismos presentes num ambiente específico.
Designa-se de microbiota intestinal quando está presente no intestino.

Tem como vantagens:

 O auxílio do sistema imunitário a identificar substâncias nocivas e a eliminar


substâncias tóxicas;
 A contribuição para o sistema imunitário é identificar e eliminar microrganismo
prejudiciais (por exemplo, a microbiota exerce competição inter-específica ou
prestação sobre outras bactérias, eliminando-as);
 O favorecimento da absorção, para o sangue e linfa, de minerais como o cálcio, o ferro
e o magnésio e de alguns nutrientes orgânicos;
 A síntese de substâncias essenciais ao bom funcionamento do organismo como a
vitamina K, a vitamina 89 e determinados aminoácidos;
 A digestão de alguns materiais, como fibras, que não foram transformados
anteriormente no processo digestivo;
 A regulação das sensações de fome e de saciedade, devido à interação entre a
microbiota e as células do sistema nervoso presentes no intestino.

A microbiota intestinal pode ser alterada através do uso de prebióticos, probióticos e pós-
bióticos.

Prebióticos: consistem em partes dos alimentos não digeridos, como as fibras, que são usadas
para o crescimento ou outras atividades dos microrganismos da flora intestinal.

Probióticos: são microrganismos vivos que são consumidos em quantidades adequadas de


modo a repararem a flora intestinal.

Pós-bióticos: são subprodutos que resultam do metabolismo dos probióticos e que possuem
propriedades que auxiliam na regulação do Microbioma intestinal, com benefícios para a saúde
do organismo.

Diarreia: é uma perturbação do sistema digestivo comum nas crianças, mas quando ocorre
continuamente exige vigilância médica.

Enzimas: são proteínas produzidas por diversos órgãos do sistema digestivo e que facilitam a
digestão.

A função das enzimas é quebrar as ligações químicas entre as moléculas que compõem os
alimentos, através de reações de hidrólise.

As enzimas podem ser afetadas por diversos fatores, como a temperatura e o pH do meio em
que atuam. Cada enzima tem um pH ótimo de funcionamento no corpo humano. O esquema a
seguir apresenta informação sobre as enzimas, o órgão e o substrato em que atuam e o
produto que originam.
As doenças que estão associadas ao sistema digestivo e à digestão são:

 A fenilcetonúria é uma doença genética caracterizada pelo defeito ou ausência de


enzima fenilalanina hidroxilase.
 A intolerância à lactose relaciona-se com a má digestão de lactose, um açúcar presente
em lacticínios, uma vez que, o organismo produz uma enzima designada de lactase
para digerir a lactose.

Sistema Circulatório
A função de circulação é realizada pelo sistema cardiovascular e pelo sistema linfático.

Sistema cardiovascular: transporta os nutrientes provenientes da digestão e a água absorvidos


no sistema digestivo para todo o organismo.

É constituído pelo coração e pelos vasos sanguíneos.

O coração é revestido por 2 camadas que no seu conjunto constituem um saco membranoso
designado pericárdio.

O coração é constituído por 3 camadas, a mais externa designa-se epicárdio, a do meio


designa-se miocárdio e corresponde ao músculo cardíaco, e a mais externa designa-se
endocárdio.

Entre o pericárdio e o epicárdio existe a cavidade pericárdica.

Cavidade pericárdica: é preenchida pelo líquido pericárdico que amortece o impacto do


coração contra os outros órgãos e facilita o movimento do coração.
Miocárdio: é constituído por tecido muscular estriado cardíaco, com um forte poder de
contração. Controlado pelo sistema nervoso autónomo.

É formado por fibras musculares cardíacas, cilíndricas e finas, com células cardíacas alongadas.
Entre as células cardíacas existem discos intercalares.

Discos intercalares: são umas membranas que possuem uma resistência elétrica muito
pequena, o que permite que um impulso elétrico percorra velozmente as células musculares
cardíacas.

Artéria aorta: artéria que transporta o sangue proveniente do ventrículo esquerdo até ao resto
do corpo.
Artéria pulmonar: apesar deste vazo sanguíneo se designar artéria, não transporta sangue
arterial, mas sim sangue venoso. Trata-se de uma veia que transporta do sangue proveniente
do ventrículo direito até aos pulmões.

Artéria coronária: transportam sangue com oxigénio e nutrientes ao músculo cardíaco.

Aurícula direita: cavidade que recebe o sangue proveniente do corpo através da veia cava
superior e veia cava inferior.

Aurícula esquerda: cavidade que recebe o sangue proveniente dos pulmões através de quatro
veias pulmonares.

Vasos sanguíneos coronários: consistem em artérias coronárias, que transportam o sangue até
ao miocárdio, e em veias coronárias, que transportam o sangue do miocárdio até ao seio
coronário. O seio coronário é a principal veia do coração e abre-se na aurícula direita.

Veia cava superior: veia que transporta o sangue proveniente da cabeça, da parte superior do
tórax e dos membros superiores até ao coração.

Veia cava inferior: veia que transporta o sangue proveniente do abdómen e dos membros
inferiores até ao coração.

Veias pulmonares: consistem em quatro veias, duas provenientes do pulmão esquerdo e duas
do pulmão direito, que transportam o sangue até à aurícula esquerda.

Ventrículo direito: bombeia o sangue para a artéria pulmonar, em direção aos pulmões.

Ventrículo esquerdo: bombeia o sangue para a artéria aorta, em direção ao resto do corpo.

Cada uma das válvulas é constituída por secções designadas cúspides que abrem e fecham
conforme o sentido do fluxo de sangue.
Válvula aórtica: também se designa por válvula semilunar aórtica. Esta válvula, constituída por
três cúspides, controla o fluxo de sangue do ventrículo esquerdo para a artéria aorta.

Válvula pulmonar: também designada por válvula semilunar pulmonar. Esta válvula,
constituída por três cúspides, controla o fluxo de sangue do ventrículo direito para a artéria
pulmonar.

Válvula bicúspide: também designada por válvula mitral ou válvula auriculoventricular


esquerda. Esta válvula, constituída por duas cúspides, controla o fluxo de sangue da aurícula
esquerda para o ventrículo esquerdo.

Válvula tricúspide: também designada por válvula auriculoventricular direita. Esta válvula,
constituída por três cúspides, controla o fluxo de sangue da aurícula direita para o ventrículo
direito.

Ciclo ventricular: é um conjunto de alterações de pressão que ocorrem no coração.

As alterações de pressão resultam no movimento do sangue através das diferentes cavidades


do coração e do corpo como um todo. Têm origem em mudanças eletroquímicas que ocorrem
no miocárdio e que resultam na contração do músculo cardíaco.

Batimentos cardíacos: são despoletas por um sistema de condução cardíaco constituído por
estruturas que geram e transmitem impulsos elétricos no coração.

O impulso elétrico é gerado no nó sinusal ou nodo sinoatrial, que conduz o impulso elétrico
até às aurículas. O nodo sinoatrial também transmite o impulso elétrico ao nodo ou nó
atrioventricular, o qual, por sua vez, conduz o impulso elétrico até aos ventrículos.
Num primeiro momento, o nosso sinusal, sob influência do sistema nervoso autónomo ou de
hormonas, enviamos tinha estímulo elétrico pelos feixes internodais, estimulando a contração
da aurícula direita e da aurícula esquerda. Esse estímulo também atinge o nodo
atrioventricular.

Quando o estímulo elétrico chega ao nodo atrioventricular, é retardado para que as aurículas
possam contrair devidamente sem interferência da contração dos ventrículos. Após sofrer esse
atraso, o impulso elétrico é encaminhado para o ramo comum do feixe de His e depois para
dois ramos ramificados do feixe de His, cada um seguindo para o lado direito ou esquerdo do
coração.

No músculo cardíaco do ventrículo esquerdo e do ventrículo direito, o estímulo elétrico


continua o seu percurso pelas fibras de Purkinje, estimulando a contração dos ventrículos.

A atividade elétrica do coração pode ser avaliada através de uma eletrocardiograma (ECG).

O nó sinusal, vulgarmente designado como marca-passo natural do coração, origina o ritmo


cardíaco, ritmo sinusal ou frequência cardíaca que se expressa em batimentos cardíacos por
minuto (bpm).

No encéfalo, o bolbo raquidiano possui um centro cardiorregulador que recebe informações


sobre as alterações no organismo. Este centro estimula as glândulas suprarrenais a produzirem
adrenalina.

Adrenalina: é enviada para o sangue e, quando alcança o coração, aumenta os batimentos


cardíacos.

O ciclo cardíaco é constituído por momentos sequenciais de diástole (relaxamento e


enchimento ventricular) e de sístole (contração e esvaziamento ventricular).
O sangue percorre dois circuitos conhecidos por circulação pulmonar e circulação sistémica.

Na circulação pulmonar, o sangue venoso é impulsionado pelo ventrículo direito através da


artéria pulmonar até aos pulmões. Nos pulmões ocorrem trocas gasosas que transformam o
sangue venoso em sangue arterial. A seguir, esse sangue percorre as veias pulmonares até
alcançar a aurícula esquerda.
Na circulação sistémica, o sangue arterial é impulsionado pelo ventrículo esquerdo através da
artéria aorta até aos restantes órgãos e tecidos do organismo. Nesses órgãos e tecidos, ao nível
celular, ocorrem trocas gasosas que transformam o sangue arterial em sangue venoso. A seguir,
esse sangue percorre as veias cavas superior e inferior até alcançar a aurícula direita.

O sangue desloca-se no interior de vasos sanguíneos que podem ser de vários tipos: artérias,
arteríolas, capilares, vénulas e veias.

As artérias e as arteríolas transportam sangue do coração até aos tecidos.

Artérias: são os vasos sanguíneos de maior calibre (com maior secção transversal) e paredes
mais espessas, porque no seu interior o sangue circula a pressões elevadas.

Constituição das artérias

Arteríolas: distinguem-se das artérias devido ao seu elevado calibre inferior.

As veias e as vénulas transportam sangue dos tecidos até ao coração.


Distinção entre uma artéria e uma veia

Constituição de uma veia

Quando as válvulas das veias são danificadas, o sangue pode retomar para trás, originando
dilatações que podem causar varizes.

As veias não possuem um mecanismo para impulsionar o sangue em direção ao sangue. O


sangue é enviado nesse sentido devido à ação dos músculos do corpo que rodeiam as veias.

Vénulas: distinguem-se das veias devido ao seu calibre inferior.

Capilares: são os vasos sanguíneos mais finos do organismo porque são constituídos por uma
única camada de células.

Encontram-se mais próximos dos vasos arteriais designam-se capilares arteriais e os que se
localizam mais próximos dos vasos venosos designam-se capilares venosos. Os capilares
ramificam-se formando uma rede de capilares que está em contacto próximo com as células do
organismo, de modo a ocorrerem as trocas gasosas e de outras substâncias. Essa rede de
capilares contacta também com os vasos linfáticos.
Sangue: é constituído pelo plasma e por elementos celulares como os eritrócitos, os
leucócitos, os linfócitos e as plaquetas.

Plasma: é um líquido que contém água, gases, iões, nutrientes, enzimas, hormonas e outras
proteínas, assim como outras moléculas, como as hormonas não proteicas.

Eritrócitos: também designados de glóbulos vermelhos ou hemácias, são células anucleadas


(sem núcleo), com o formato de um disco bicôncavo, presentes no sangue dos vertebrados, e
constituem a maioria das células do sangue. A principal função é o transporte de gases
respiratórios (oxigénio e dióxido de carbono).

Leucócitos e os linfócitos: vulgarmente designados no seu conjunto por glóbulos brancos,


integram o sistema imunitário e participam na defesa do organismo contra, por exemplo,
células cancerosas, bactérias, vírus, protozoários e fungos causadores de doenças.

Diferentes tipos de leucócitos

Diferentes tipos de linfócitos

Plaquetas: consistem em fragmentos de células anucleadas, presentes no sangue, cuja


principal função é formar coágulos quando ocorre uma rutura num vaso sanguíneo.

Hematopoiese: consiste no processo que produz os elementos celulares do sangue, eritrócitos,


plaquetas, leucócitos e linfócitos. Esse processo ocorre nas células da medula óssea.
Os elementos celulares do sangue passam por diferentes etapas de maturação e diferenciação
na medula óssea, antes de transitarem para o sangue. Essas etapas partem da diferenciação
das células indiferenciadas pluripotentes ou células estaminais.

Estas células tem a capacidade de originarem diferentes tipos de células. Num primeiro
momento originam células mieloides e células linfoides.

Processo I: as células mieloides se diferenciam progressivamente em diferentes células até


originarem os eritrócitos. Estes perdem o núcleo inicialmente existente nas células mieloides.

Processo II: as células mieloides produzem células de grandes dimensões que originam
megacariócitos (células com grandes núcleos). Por sua vez, produzem fragmentos celulares,
correspondentes às plaquetas.

Processo III: as células mieloides dão origem aos diferentes leucócitos. As células mieloides
também se diferenciam em outras células que originam macrófagos.

Processo IV: as células linfoides diferenciam-se em diferentes tipos de linfócitos: as células


naturais killer, os linfócitos T e os linfócitos B.

Coagulação: é a acumulação de plaquetas, eritrócitos, leucócitos, linfócitos e substâncias que


formam um coágulo espesso que impede a passagem do sangue para o exterior.

Posteriormente, ocorrem processos bioquímicos complexos que conduzem à reparação dos


tecidos danificados.
Hemofilia: é uma doença genética, associadas ao cromossoma X, que descreve um grupo de
distúrbios da coagulação hereditários, nos quais existe uma anomalia permanente no
mecanismo da coagulação do sangue.

Caracteriza-se pela ausência ou acentuada carência de um dos fatores da coagulação.

As doenças do sistema cardiovascular ou doenças coronárias incluem uma variedade de


condições que afetam a estrutura e o funcionamento do coração.

Aterosclerose: pode ser provocada pela acumulação de gordura no interior das artérias,
formando uma placa rígida designada ateroma.

A determinada altura, uma artéria pode ficar bloqueada pela formação de um coágulo de
sangue (trombo), o que impede a sua passagem do sangue.

Angioplastia: através de uma artéria, é direcionado um cateter com um stent (rede metálica)
até ao local da artéria onde se localiza o ateroma.

Ataques cardíacos: também designados enfartes do miocárdio, podem ter várias causas, mas
uma delas resulta do bloqueio da passagem do sangue acusado por um coágulo. Nessa
situação, a passagem do oxigénio e dos nutrientes até ao músculo cardíaco é impedida, o que
causa morte do miocárdio.
As doenças associadas ao sistema cardiovascular são:

 A anemia – caracteriza-se por valores inferiores aos normais de eritrócitos ou a


hemoglobina (a proteína que transporta oxigénio).

 A leucemia – é uma doença oncológica que ocorre nas células estaminais da medula
óssea. Ocorre nas células linfoides que resultam das células estaminais da medula
óssea produzindo linfócitos anormais.

Sistema Linfático
O sistema linfático contribui para a circulação de um fluido no organismo designado linfa. É
essencialmente constituído pelas amígdalas, baço, gânglios linfáticos, vasos linfáticos e timo.

Amígdalas: localizam-se na boca e são agregados de nódulos linfáticos, formando uma barreira
contra microrganismos.
Baço: é um órgão responsável, essencialmente, pela filtração do sangue no corpo. Ocorre na
filtração de eritrócitos, leucócitos, linfócitos e plaquetas envelhecidas.

Gânglios linfáticos: filtram a linfa e são responsáveis pela maturação, proliferação e


acumulação de linfócitos, processos que ocorrem nos nódulos ou folículos linfoides.

Vasos linfáticos: transportam a linfa, possuem válvulas que impedem o refluxo do fluido que
transportam, neste caso, a linfa.

Estes possuem diferentes tamanhos e os mais pequenos designam-se de capilares linfáticos,


que estão intimamente relacionados aos capilares sanguíneos.

No intestino existem vasos linfáticos especializados, designados quilíferos, para os quais são
enviadas parte das gorduras digeridas pelo organismo.

Timo: é responsável pela maturação de linfócitos T. esses linfócitos depois migram e são
armazenados no baço e nos gânglios linfáticos.
Linfa: é o fluido que é transportado no sistema linfático e é constituída, essencialmente, pelos
mesmos materiais que entram na composição do sangue, à exceção dos eritrócitos e das
plaquetas, embora em diferentes concentrações.

Circula em vasos linfáticos (linfa circulante) ou em espaço entre as células (linfa intersticial).

Linfa intersticial: distribui os nutrientes e transporta os gases para o sangue e deste para as
células.

Linfa circulante: é drenante para o sangue ao nível da veia subclávia esquerda, a qual contacta
com a veia jugular interna esquerda, e da veia subclávia direita, que contacta com a veia
jugular interna direita.

As doenças associadas ao sistema linfático são:

 O linfoma – é uma doença oncológica do sistema linfático em que as células afetadas


são os linfócitos. Há essencialmente dois tipos de linfomas, os linfomas não Hodgkin
(mais frequentes) e os linfomas Hodgkin (menos frequentes).

Sistema Imunitário
Imunologia: é a ciência que estuda o sistema imunitário (ou imunológico ou imune) na saúde e
na doença.

O sistema imunitário é constituído pelos órgãos linfoides primários designados medula óssea e
timo, e órgãos linfoides secundários, designados gânglios linfáticos, baço e amígdalas.

Este sistema assegura a homeostasia dos tecidos ao identificar os fatores de perigo e a


promover as respostas para a sua eliminação. É ainda responsável pela defesa do organismo
contra agentes invasores.

Agentes patogénicos: são os agentes que têm o potencial de causar doenças ao ser humano.

Sistema
Imunitário

Sistema Sistema
Imunitário Imunitário
Inato Adquirido
Imunidade inata: consiste num conjunto de processos que conferem proteção contra agentes
patogénicos, impedindo a entrada dos agressores ou distribuindo-os quando conseguem entrar
para o interior do organismo.

O corpo humano possui um conjunto de mecanismos, as barreiras primárias, que contribuem


para reconhecer e neutralizar agentes exteriores prejudiciais ao organismo, como por exemplo,
as glândulas salivares, as glândulas sudoríparas, o microbioma, a pele, os pelos, as secreções
mucosas, os vómitos e a diarreia.

Glândulas lacrimais: constituem uma barreira química porque segregam lágrimas, um


composto bactericida constituído por água, cloreto de sódio e lisozima, que protege os olhos.

Glândulas salivares: constituem uma barreira química porque produzem saliva com lisozima.

Glândulas sudoríparas: constituem uma barreira química porque produzem suor, um composto
que auxilia a proteger a pele de microrganismos.

Microbioma: os microrganismos que existem no corpo humano, nomeadamente à superfície


da pele, no intestino e em órgãos como a vagina, ocupam o espaço que poderia ser invadido
por bactérias patogénicas e contribuem, com a sua ação, para o sistema imunitário.

Pele: através das glândulas sebáceas, a pele também atua como uma barreira química porque
segrega lípidos tóxicos que matam microrganismos.

Pelos: localizam-se à superfície da pele e, por exemplo, no interior das narinas ou dos ouvidos,
ajudam a reter agentes invasores.

Secreções mucosas: são produzidas por células especializadas e constituem barreiras químicas
e físicas importantes. Essas células produzem um muco que envolve os microrganismos,
impedindo que entrem no tecido epitelial.

Vómitos e diarreia: contribuem para expulsar grandes quantidades de microrganismos para o


exterior do corpo.

Fagocitose: consiste na capacidade que algumas células possuem de envolverem substâncias e


agentes infeciosos, através de extensões da membrana plasmática, as introduzirem e digerirem
no seu interior.

Fagócitos: são células com capacidade de realização da fagocitose.

Que podem ser:


Macrófagos: porque possuem grandes dimensões e uma maior longevidade e têm a
capacidade de regenerar os lisossomas, umas vesículas cheias de enzimas que auxiliam na
distribuição dos agentes invasores.

Células NK (natural killer): também contribuem para a imunidade inata, causando a lise
(destruição) de células infetadas através de mecanismos de citotoxicidade e facilitando desse
modo a eliminação do agente invasor.

Febre: são as toxinas produzidas pelos agentes patogénicos e certos compostos produzidos
pelos leucócitos que podem fazer aumentar a temperatura do corpo.

O sistema imunitário adquirido é responsável pela imunidade adaptativa ou específica.

Caracteriza-se por desencadear respostas personalizadas para cada tipo de agente patogénico
e por ter um efeito de memória.

Efeito de memória: após uma primeira infeção pelo agente patogénico, quando ocorre outra
invasão pelo mesmo agente, o sistema imunitário é mais rápido a responder devido a este
efeito de memória.

Imunidade
Específica

Imunidade Imunidade
Humoral Celular

Os agentes infeciosos que têm crescimento ou se disseminam de forma extracelular


combatem-se através de anticorpos, desencadeando uma resposta imunitária humoral,
enquanto os agentes infeciosos que necessitam de se desenvolver através de uma resposta
imunitária celular.

1. Libertação de linfócitos imaturas: a partir do seu desempenho de células pluripotentes


que existem no saco vitelino, fígado fetal ou medula óssea, produzem-se linfócitos B e
linfócitos T imaturos.
2. Diferenciação e maturação: os linfócitos B e os linfócitos T imaturos sofrem um
processo de diferenciação e maturação em linfócitos B e linfócitos T maduros. No caso
dos linfócitos B esse processo ocorre na própria medula óssea (Bone marrow),
enquanto no caso dos linfócitos T, ocorre no timo (Thymus).
3. Formação dos recetores específicos: Os linfócitos B, na medula óssea, e os linfócitos T,
no timo, sofrem rearranjos do seu genoma que os leva a produzirem recetores
específicos para um determinado antigénio de um agente patogénico.
4. Migração para locais específicos dos órgãos linfáticos: Os linfócitos B e T são
armazenados em locais específicos dos gânglios linfáticos. No entanto, esses linfócitos
circulam continuamente entre o sangue e os locais de armazenamento, como os
órgãos linfáticos e o baço, efetuando um patrulhamento que visa encontrar o antigénio
de um agente patogénico complementar ao do seu recetor específico.

A imunidade humoral depende do reconhecimento dos antigénios de um agente infecioso


pelos linfócitos B, que circulam no sangue e na linfa, e que ainda não tenha invadido as células.

Num primeiro momento, os recetores antigénicos específicos dos linfócitos B reconhecem um


antigénio de um agente patogénico, por exemplo, um vírus ou uma bactéria. De seguida, os
linfócitos B dividem-se originando plasmócitos e células B de memória, num processo
designado resposta imunitária primária.

A resposta imunitária primária joga com as vacinas.

Os plasmócitos produzidos pelos linfócitos B desenvolvem, em aproximadamente sete dias, os


anticorpos contra os antigénios e destroem o agente patogénico. Os anticorpos são proteínas
globulares (imunoglobulinas – Ig), habitualmente com a forma de “Y”, com elevada
especificidade para determinado antigénio. Quando o anticorpo se liga ao antigénio forma-se o
complexo antigénio-anticorpo que desencadeia os processos destrutivos do agente patogénico
(Moreira, 2013). Uma vez debelada a doença, permanecem as células-B de memória que
memorizam os antigénios do agente infecioso.

Se, mais tarde, o indivíduo voltar a ser exposto ao mesmo antigénio, ocorre uma resposta
imunitária secundária, mais rápida, intensa e prolongada que a primária. Nesse caso, as células
B de memória, que possuem uma grande longevidade, reconhecem o agente patogénico e
começam a produzir os anticorpos num tempo inferior ao da resposta primária, originando
uma resposta imunitária mais forte do que o primeiro contacto com esse agente.
Quando os agentes patogénicos invadem as células, entram em ação os linfócitos T, que
desencadeiam a imunidade celular.

Os linfócitos T podem estar armazenados nos gânglios linfáticos. A determinado momento do


processo infecioso os linfócitos T entram em contacto com um antigénio. Esse antigénio pode
ter sido apresentado aos linfócitos T por células como os macrófagos ou linfócitos B, ou pelo
próprio agente infecioso.

Os linfócitos T são os responsáveis pelo impedimento de ter doenças.

Os linfócitos T, após entrarem em contacto com o antigénio, desencadeiam várias respostas


imunitárias. Por exemplo, reconhecem e destroem as células infetadas ou libertam mediadores
químicos (citoquinas) que estimulam a resposta imunitária dos linfócitos B, fagócitos e/ou
outros linfócitos T.

Quando a infeção já está controlada, cabe também aos linfócitos T (supressores) libertar
substâncias que reduzem ou suprimem a reposta imunitária.

Doenças associadas ao sistema imunitário:

 As doenças autoimunes são doenças como o diabetes tipo 1, o lúpus eritematoso


sistémico, a artrite reumatoide, esclerose múltipla ou a doença de Crohn.
 As alergias, onde em algumas situações o individuo torna-se intolerante ao ambiente
em que está integrado e gera respostas inapropriadas contra, por exemplo, alimentos,
pólenes, etc.

Doenças de evicção escolar: são aquelas que conduzem ao afastamento temporário da


frequência escolar e demais atividades desenvolvidas nos estabelecimentos de educação e de
ensino, dos discentes, pessoal docente e não docente.

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