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Cap6 - Teoremas de Energia - 7ago23
Cap6 - Teoremas de Energia - 7ago23
ELÁSTICA
Por outras palavras, para aplicar o princípio da sobreposição, tem de existir uma relação
linear entre as cargas (que podem ser forças como momentos) e deslocamentos, tensões ou
extensões.
Uma relação não-linear pode surgir em dois casos: quando o material não segue a lei de
Hooke ou quando a geometria da estrutura se modifica significativamente durante a aplicação
das cargas (como, por exemplo, acontece com o fenómeno da encurvadura).
Figura 6-1
Se a um corpo com elasticidade linear e apoios fixos forem aplicadas lentamente forças de tal
modo que sejam desprezáveis as forças de inércia durante o movimento, não se desenvolva
calor nem haja atrito interno nos aparelhos de apoio, então o trabalho realizado pelas forças
exteriores é independente da ordem de aplicação das forças e igual a metade do valor que
teria se as forças tivessem desde o início o seu valor total, ou seja
1
1
W= 𝑓𝛿 . (6-1)
2
Efectivamente verifica-se que em virtude do princípio da sobreposição de efeitos que a
energia acumulada no corpo não pode depender da ordem pela qual se aplicam as forças,
pois, qualquer que elas seja, se atingem sempre os mesmos deslocamentos – depende
somente dos seus valores finais.
Figura 6-2
O trabalho realizado por cada força será 𝑓 𝛿 /2, donde a expressão para o trabalho total das
forças exteriores.
Quando se aplicam cargas a uma determinada estrutura, o trabalho realizado pelas forças
exteriores, desde que não haja movimento dos apoios nem dissipação de calor, é convertido
em energia elástica de deformação.
Esta energia é reconvertível desde que o limite de elasticidade não tenha sido atingido, isto é,
devolve o corpo à sua posição inicial quando as cargas são retiradas. Caso o limite de
elasticidade tenha sido atingido, aparecem algumas deformações permanentes.
2
Podemos escrever
d𝜏 = 𝑁 d𝛿 = 𝛿d𝑁. (6-2)
d𝑥
𝛿= 𝑁 (6-3)
𝐸𝐴
a equação (6-2) transforma-se em
d𝑥
d𝜏 (𝑁, 𝑥) = 𝑁d𝑁 (6-4)
𝐸𝐴
e, portanto, a energia nesse troço d𝑥 será
d𝑥 1 d𝑥
d𝜏 (𝑥) = 𝑁d𝑁 = 𝑁 . (6-5)
𝐸𝐴 2 𝐸𝐴
1 d𝑥 1 𝑁
𝜏 = 𝑁 = d𝑥 (6-6)
2 𝐸𝐴 2 𝐸𝐴
1𝑁 𝐿
𝜏 = . (6-7)
2 𝐸𝐴
3
Figura 6-3
𝛿 = 𝛾d𝑥 (6-8)
𝑇
𝛾= (6-9)
𝐺𝐴
(ver Resistência dos Materiais).
Teremos, então,
d𝑥
d𝜏 (𝑇, 𝑥 ) = d𝑇 (6-11)
𝐺𝐴
e, portanto, a energia num troço dx será
d𝑥 1 d𝑥
d𝜏 (𝑥) = 𝑇d𝑇 = 𝑇 . (6-12)
𝐺𝐴 2 𝐺𝐴
1 d𝑥 1 𝑇
𝜏 = 𝑇 = d𝑥 . (6-13)
2 𝐺𝐴 2 𝐺𝐴
1𝑇 𝐿
𝜏 = . (6-14)
2 𝐺𝐴
4
6.3.3 Energia devida ao momento flector M
Analogamente aos casos anteriores, consideremos um momento flector M variável ao longo
da barra. O deslocamento generalizado que lhe é correspondente é uma rotação relativa d𝜃.
Figura 6-4
𝑀
𝜃= d𝑥 (6-15)
𝐸𝐼
e a energia
d𝑥
d𝜏 (𝑀, 𝑥) = 𝑀d𝜃 = 𝑀d𝑀. (6-16)
𝐸𝐼
Portanto, a energia acumulada no troço d𝑥 será
d𝑥 1 d𝑥
d𝜏 (𝑥 ) = 𝑀d𝑀 = 𝑀 . (6-17)
𝐸𝐼 2 𝐸𝐼
1 d𝑥 1 𝑀
𝜏 = 𝑀 = d𝑥 . (6-18)
2 𝐸𝐼 2 𝐸𝐼
1𝑀 𝐿
𝜏 = . (6-19)
2 𝐸𝐼
𝑀
𝜑= d𝑥. (6-20)
𝐺𝐽
A expressão da energia
5
𝑀
d𝜏 = 𝑀 𝜑 = d𝑀 d𝑥. (6-21)
𝐺𝐽
No troço d𝑥
d𝑥 1 d𝑥
d𝜏 (𝑀 , 𝑥 ) = 𝑑𝑀 = 𝑀 . (6-22)
𝐺𝐽 2 𝐺𝐽
1 𝑀
𝑑𝜏 = d𝑥. (6-23)
2 𝐺𝐽
1𝑀 𝐿
𝜏 = . (6-24)
2 𝐺𝐽
6.3.5 Observações
Como se nota facilmente, as expressões da energia interna em termos de cada um dos
esforços internos são formalmente análogas.
A energia total da peça sujeita aos diversos tipos de esforços será, evidentemente, a soma das
energias correspondentes a cada um desses esforços.
Figura 6-5
ou seja
1
𝜏= 𝜎 𝜀 +𝜎 𝜀 +𝜎 𝜀 +𝜏 𝛾 +𝜏 𝛾 +𝜏 𝛾 d𝑣 . (6-26)
2
1
𝜏= 𝜎 +𝜎 +𝜎 d𝑣
2𝐸
𝜈
− 𝜎 𝜎 +𝜎 𝜎 +𝜎 𝜎 d𝑣 (6-27)
𝐸
1
+ 𝜏 +𝜏 +𝜏 d𝑣
2𝐺
𝜐 1
𝜏=𝐺 𝜀 +𝜀 +𝜀 +𝜀 + 𝛾 +𝛾 +𝛾 d𝑣 (6-28)
1 − 2𝜐 2
𝜀 =𝜀 +𝜀 +𝜀 .
Bem, consideremos então um sistema I onde estão aplicadas cargas concentradas 𝑃 , cargas
distribuídas 𝑡, forças de massa 𝛾 (volumétricas), as quais originam no interior do corpo
tensões 𝜎 .
7
Figura 6-6
em que a primeira parcela é o trabalho das forças concentradas, a segunda o trabalho das
cargas distribuídas e a terceira o das forças de massa.
𝜏 = 𝜎 𝑑 𝑑 +𝜏 𝑑 𝑑 +𝜏 𝑑 𝑑 𝑢
(6-30)
+ 𝜏 𝑑 𝑑 + 𝜎 𝑑 𝑑 + 𝜏 𝑑 𝑑 𝑣̅
+ 𝜏 𝑑 𝑑 +𝜏 𝑑 𝑑 +𝜎 𝑑 𝑑 𝑤
Em 𝜏𝑖𝑡 há que distinguir duas parcelas: uma correspondente ao trabalho realizado pelas
tensões quando os paralelepípedos se deslocam como corpos rígidos; e a outra o trabalho
interno de deformação
8
𝜏 = 𝜎 d𝑦 d𝑧 𝜀̅ d𝑥 + 𝜏 d𝑧 d𝑥 𝜀̅ d𝑦 + 𝜏 d𝑥 d𝑦 𝜀̅ d𝑧
+ 𝜏 d𝑦 d𝑧𝜀̅ d𝑥 + 𝜎 d𝑧 d𝑥𝜀̅ d𝑦
(6-31)
+ 𝜏 d𝑥 d𝑦𝜀̅ d𝑧 )
+ 𝜏 d𝑦 d𝑧𝜀̅ d𝑥 + 𝜏 d𝑧 d𝑥𝜀̅ d𝑦
+ 𝜎 d𝑥 d𝑦𝜀̅ d𝑧 ).
𝜏 =𝜏 −𝜏 . (6-32)
Pelo princípio dos trabalhos virtuais, o trabalho realizado para deslocamentos virtuais dum
corpo rígido tem de ser nulo
𝜏 +𝜏 =0=𝜏 +𝜏 −𝜏 (6-33)
mas
𝜏 =0 (6-34)
porque nas superfícies contíguas de dois elementos actuam tensões 𝜎 e, por conseguinte,
forças iguais e opostas, logo, o trabalho realizado por umas forças é anulado pelo que as
outras realizam no elemento vizinho. Portanto:
𝜏 =𝜏 . (6-35)
Como veremos a seguir, o TTV é um teorema que permite facilmente calcular deslocamentos
de pontos da estrutura.
Antes disso, notemos que o trabalho interno de deformação poderá ser expresso em termos de
esforços internos e das deformações correspondentes em lugar de tensões e extensões. (de
forma análoga à energia interna acumulada numa barra)
9
𝑁
d𝛿 = d𝑥. (6-36)
𝐸𝐴
Da mesma maneira ao esforço transverso T corresponde o deslocamento transverso d𝜆 (𝜆 é
representado por d𝜆 por ser um infinitésimo) dado por (6-8), ou seja:
𝑇
d𝜆 = d𝑥. (6-37)
𝐺𝐴′
Similarmente, ao momento flector 𝑀 corresponde a rotação relativa dada por (6-15), ou
então:
𝑀
d𝜃 = d𝑥. (6-38)
𝐸𝐼
A rotação relativa d𝜑 (veja equação (6-23)), deformação correspondente ao momento torçor
𝑀 , é dado por:
𝑀
d𝜑 = d𝑥. (6-39)
𝐺𝐽
Consideremos então a viga representada na Figura 6-7, constituída por um perfil metálico
INP 18, que tem as seguintes características: 𝐼 = 1450cm ; 𝐴 = 27.9cm , 𝐸 = 2.1 ×
10 𝑡𝑓/m ; 𝐺 = 8.08 × 10^6𝑡𝑓/m . Pretende-se calcular o deslocamento de 𝑃 que será
naturalmente vertical.
Figura 6-7
Para isso, vamos considerar o sistema dado como aquele em que se verifica um determinado
conjunto de deslocamentos virtuais (por definição de deslocamento virtual, qualquer
deslocamento real é também um deslocamento virtual). Chamar-lhe-emos sistema I, sistema
de deslocamentos.
Consideremos um sistema auxiliar, sistema II ou sistema de forças em que a mesma viga está
sujeita a uma única carga unitária aplicada em 𝑃 e dirigida (arbitrariamente) para baixo.
Nos dois sistemas, os únicos esforços internos existentes são momentos flectores e esforços
transversos.
10
Figura 6-8
Estamos agora em condições de aplicar o TTV. Como os apoios não se movem, o trabalho
das forças exteriores será apenas 1 × 𝛿 . O trabalho interno de deformação será.
onde d𝜃 e d𝛿 são as deformações virtuais dadas por (6-38) e (6-37). Assim (6-40)
transforma-se em:
M T
𝜏 = 𝑀 d𝑥 + 𝑇 d𝑥 = 1 × 𝛿 . (6-41)
𝐸𝐼 GA
Nesta igualdade, todos os termos são conhecidos excepto 𝛿 que será assim calculado. A na
expressão acima é aproximado à área da alma:
𝐴 ≈𝐴 = 10.4𝑐m = 10.4 × 10 m .
Fazendo as contas
.
0.87𝑥
1×𝛿 = 0.25𝑥 d𝑥
2.1 × 10 × 1.45 × 10
.
4.35 − 0.87𝑥
+ 0.25𝑥 d𝑥
. 2.1 × 10 × 1.45 × 10
.
0.87𝑥′
+ 0.75𝑥′ d𝑥
2.1 × 10 × 1.45 × 10
.
0.87
+ 0.25 d𝑥
8.08 × 10 × 11.4 × 10
.
−0.87
+ 0.25 d𝑥
. 8.08 × 10 × 11.4 × 10
−0.87
+ (−0.75) d𝑥 = 10.24 × 10 + 11.9
. 8.08 × 10 × 11.4 × 10
× 10 = 10.9 × 10 𝑚.
11
A influência do esforço transverso é normalmente desprezável desde que o vão da peça não
seja demasiado curto.
𝑀 𝑇 𝑁 𝑀
𝛿 = 𝑀 d𝑥 + 𝑇 d𝑥 + 𝑁 d𝑥 + 𝑀 d𝑥 . (6-43)
𝐸𝐼 𝐺𝐴′ 𝐸𝐴 𝐺𝐽
10 kN / m
C D
E, I, A
2.0
30 kN
E
E, I, A
E, I, A 2.0
A B
6.0 [m]
Figura 6-9
O sistema I é o sistema da Figura 6-9. O sistema II (Figura 6-10) tem como solicitação única
uma força unitária na direcção horizontal do nó B. Para estar em condições de aplicar o TTV
é necessário primeiro determinar os esforços internos nos dois sistemas.
12
C D
2.0
E, I, A 2.0
1
A B
6.0 [m]
Figura 6-10
x
10 kN / m
M_2 M_2
N_2
C N_2 D
2 2
T_1
1 T_2
T_2 3
M_1 T_3
N_1 M_3
N_3
N_1
N_3
M_1
1 T_1 M_3
3
T_3
x 30 kN
x
A (c) B
H_A
V_A V_B
Figura 6-11
H A N 2 0 N 2 H A 30k N .
13
V A 10 x T2 0 T2 10 x 20 .
10 x 2
M CD 20 x 30 4 120 20 x 5 x 2 .
2
Como os apoios não se deslocam, o trabalho realizado pelas forças externas nos
correspondentes deslocamentos virtuais será apenas 1 hB .
WM M II d I
l
4 6 2 4
30 x (120 20 x 5 x 2 ) (30 x 60) 3720
x d x 4 d x x 0d x x dx .
0
EI 0
EI 0 2
EI EI
14
WN N II d I
l
4 6 4
20 30 ( 40) 180
0 d x 1 d x 0 dx .
0
EA 0
EA 0
EA EA
180 3720
1 hB hB Wi , N Wi ,M .
EA EI
A Figura 6-12 ilustra o sistema I. O sistema II (veja a Figura 6-14) é o sistema estrutural
constituído pela estrutura dada e uma força unitária vertical aplicada no nó C.
20 kN / m
10 kN / m
D E, I
B
E, 2I
75 kN 3.0
E, I A
C
2.0 4.0 m 3.0
Figura 6-12
15
20 kN / m
10 kN / m
52.5kNm
M_DB(x)
D
B
N_DB(x)
N_AD(x) T_DB(x)
75 kN x 32.5kN
M_CA(x)
N_CA(x) M_AD(x)
A
C T_AD(x)
T_CA(x) 152.5kN
x x
Figura 6-13
B
D
1.5
1 0.5
A
C
1.5
Figura 6-14
A convenção de sinais dos esforços internos usada nos cálculos está ilustrada na Figura 6-13.
Os momentos flectores que equilibram as solicitações dos sistemas I e II estão colocados na
tabela abaixo.
1 vC M II d I
l
2 5 3
( 75 x) ( 150 62 x 6.4 x 2 ) (2.5 5 x 2 )
( x) d x ( 2 0.4 x) d x (0.5 x) dx
0
EI 0
2 EI 0
EI
ou
321.45
vC .
EI
Exemplo 6-3. ABC é uma viga isostática sendo A um apoio fixo e B uma mola cuja constante
L3
tem o valor f (L = 4 m com E em kN/m2 e I em m4). Calcule, pelo TTV, o
2 EI
deslocamento do ponto C.
5 kN
A B C
D
1.0 3.0 m 2.0
Figura 6-15
x x
5 kN
A B C
V_A = 3.75 kN
V_B = 1.25 kN
Figura 6-16
17
1
A B
C
D
V_A = 0.5
V_B = 1.5
Figura 6-17
1 1 2 EI EI
k 3 .
f L /(2 EI ) 64 32
F 1.25 40
x .
k EI / 32 EI
O sistema das forças (sistema II) está ilustrado na Figura 6-17. As equações dos momentos
flectores nos dois sistemas estão na tabela abaixo. Os momentos flectores que traccionam as
fibras de baixo da viga foram considerados como positivos.
40
EI l
1 C 1. 5 M II d I
1 4
3.75 x (5 1.25 x)
( 0.5 x ) d x ( 0.5 x) dx
0
EI 1
EI
donde
18
60 6.25 53.75
C .
EI EI EI
Vimos como o TTV pode ser utilizado para o cálculo de deslocamentos provocados num
sistema com elasticidade linear por um qualquer sistema de cargas. Vamos agora ver como é
que se podem calcular os deslocamentos provocados por variações de temperatura em
sistemas isostáticos. Consideremos variação uniforme e variação diferencial.
Figura 6-18
Figura 6-19
A Figura 6-20 ilustra uma secção arbitrária duma peça linear sujeita a uma variação de
temperatura linearmente variável ao longo da altura da peça. Na figura TS é a variação de
temperatura nas fibras superiores e Ti é a variação de temperatura nas fibras inferiores.
Conforme se ilustra na Figura 6-20 e na Figura 6-21 essa variação pode ser separada em duas
parcelas: uma uniforme com valor T igual a variação de temperatura que se verifica nas
fibras situadas no eixo y e outra linear traduzindo uma mudança de temperatura de
TS T até Ti T ao longo da altura da peça, anulando-se em z 0 .
19
Z T TS T
TS
h y =
Ti T
Ti
(a) (b) (c)
Figura 6-20
TS Ti
T TS T
TS
h = +
Ti Ti T
(a) (b) (c)
Figura 6-21
d
T TS T
Ti T dx d dx
(a) (b) (c)
Figura 6-22
d T d x 0 d x (6-44)
em que
20
0 T
é a extensão axial das fibras baricêntricas causada pela variação uniforme de temperatura.
Portanto, quando se pretende calcular um deslocamento num sistema em que algumas peças
estão sujeitas a variações uniformes de temperatura, bastará (para essas peças) entrar com
(6-44) em (6-42). Assim a parcela correspondente a deformação axial torna-se
𝑁𝛼Δ𝑇d𝑥 (6-45)
𝑁 = 𝛼 ΔT𝐸𝐴. (6-46)
Há que notar que variações de temperatura (uniformes ou diferenciais) não geram esforços
em estruturas isostáticas pois estas adaptam-se às deformações introduzidas.
h d TS T d x Ti T d x
(TS Ti )
d d x 0 d x (6-47)
h
em que
Portanto, quando se pretender calcular um deslocamento num sistema em que haja variação
diferencial de temperatura, bastará entrar com d𝜃 dado por (6-47) em (6-42), obtendo-se
𝛼Δ𝑇′
𝑀 d𝑥, (6-48)
ℎ
21
𝛼Δ𝑇′
𝑀= 𝐸𝐼. (6-49)
ℎ
Exemplo 6-4. Na estrutura da Figura 6-23 determine a rotação do nó A e a rotação relativa no
nó B para uma variação uniforme de temperatura T 15 C em BC. Considere: secção
0 . 2 0 .4 ; E 3 10 7 k N/ m 2 ; 10 5 / C .
B C DT=15
0.4
3.0
A
0.2
Figura 6-23
B C H_C = -1/3
V_C = 0
1
A
H_A = 1/3
V_A = 0
Figura 6-24
22
B H_C = 2/3
C
V_C = 0.25
H_A = -2/3
A
V_A = -0.25
Figura 6-25
O sistema I é o sistema dado (com aumento de temperatura na barra BC). Os sistema II que
serão usados na determinação da rotação da secção A e da rotação relativa em B estão
ilustrados na Figura 6-24 e na Figura 6-25, respectivamente.
ou
5 4
A (4 / 15) 0 d x (1 / 3) 10 5 15 d x 20 10 5 .
0 0
5 4
1 B N II d I N AB 0 d x N BC t d x
l 0 0
ou
5 4
B (41 / 60) 0 d x (2 / 3) 10 5 15 d x 40 10 5 .
0 0
23
Note-se que embora haja momentos flectores nos dois sistemas II, as deformações virtuais
correspondentes são nulas (razão pela qual não se incluíram os momentos flectores na tabela
acima).
B C DT_s=7.5
0.4
3.0
A DT_i=-7.5
0.2
Figura 6-26
x
S_2 C
B
x S_1 0.125
1
A
0.125
Figura 6-27
24
B C 1
0.375
1 A
0.375
Figura 6-28
O sistema I é o sistema dado (Figura 6-26). O tracejado indica o lado traccionado por
momentos positivos. Os sistema II que serão usados na determinação da rotação em A e do
deslocamento horizontal de C estão ilustrados na Figura 6-27 e na Figura 6-28,
respectivamente.
No sistema I os esforços internos são nulos. A barra AB não sofre, portanto, qualquer
deformação. Devido à presença da variação diferencial de temperatura, A barra BC deforma-
se.
donde
A 0.000375 .
25
4
10 5 15
1 hC M II d I 0.325( 4 x) d x
l 0 0 .4
donde
hC 0.001125 m .
Dado um corpo estável com elasticidade linear e sujeito separadamente a 2 sistemas de cargas
(I e II), o trabalho realizado pelas forças do sistema I para os correspondentes deslocamentos
provocados pelas forças do sistema II é igual ao trabalho realizado pelas forças do sistema II
para os correspondentes deslocamentos provocados pelas forças do sistema I.
Figura 6-29
𝑓𝛿 +𝑓 𝛿 =𝑓𝛿 .
𝜏 = 𝜎 𝜀̅ + 𝜏 𝜀̅ + 𝜏 𝜀̅ + 𝜏 𝜀̅ + 𝜎 𝜀̅ + 𝜏 𝜀̅
(6-50)
+ 𝜏 𝜀̅ + 𝜏 𝜀̅ + 𝜎 𝜀̅ d𝑣.
26
1
𝜏 = 𝜎 𝜎 +𝜎 𝜎 +𝜎 𝜎 d𝑣
𝐸
𝜈
− 𝜎 𝜎 +𝜎 𝜎 +𝜎 𝜎 +𝜎 𝜎 +𝜎 𝜎 (6-51)
𝐸
1
+ 𝜎 𝜎 )d𝑣 + 𝜏 𝜏̅ + 𝜏 𝜏̅ + 𝜏 𝜏̅ d𝑣 .
𝐺
1
𝑓𝛿 = 𝜎 𝜀 d𝑣 = 𝜎 𝜎 +𝜎 𝜎 +𝜎 𝜎 d𝑣
𝐸
𝜐
− 𝜎 𝜎 +𝜎 𝜎 +𝜎 𝜎 +𝜎 𝜎 +𝜎 𝜎 (6-52)
𝐸
1
+𝜎 𝜎 d𝑣 + 𝜏 𝜏 +𝜏 𝜏 +𝜏 𝜏 d𝑣 .
𝐺
1
𝑓𝛿 = 𝜎 𝜀 d𝑣 = 𝜎 𝜎 +𝜎 𝜎 +𝜎 𝜎 d𝑣
𝐸
𝜐
− 𝜎 𝜎 +𝜎 𝜎 +𝜎 𝜎 +𝜎 𝜎 +𝜎 𝜎
𝐸 (6-53)
1
+𝜎 𝜎 d𝑣 + 𝜏 𝜏 +𝜏 𝜏 +𝜏 𝜏 d𝑣
𝐺
= 𝑓 𝛿 .
Como aplicação importante do teorema de Betti surge a dedução das linhas de influência para
sistemas hiperstáticos como veremos num capítulo mais adiante.
𝑃𝛿 = 𝑀𝜃 .
𝛿 =𝜃 . (6-54)
Esta conclusão vai-nos permitir poupar bastante trabalho quando formos fazer o cálculo de
estruturas hiperstáticas pelo método das forças.
No exemplo apresentado, procurou chamar-se a atenção para o facto de se estar a lidar com
forças e deslocamentos generalizados. Tendo isso em atenção
𝛿 =𝛿 . (6-55)
Considerando um sistema com elasticidade linear e dois pontos 𝑖 e 𝑗 a que estão associadas
determinadas direcções, a força 𝑘 aplicada em 𝑖 que provoca um deslocamento 𝛿 em j é
igual à força 𝑘 aplicado em 𝑗 que provoca um deslocamento 𝛿 em i
Bem: tal como no caso anterior, é suficiente aplicar o teorema de Betti às duas situações
𝑘 𝛿 =𝑘 𝛿.
Como |𝛿 | = 𝛿 = 𝛿, virá:
𝑘 =𝑘 . (6-56)
Há que não esquecer também neste caso que os deslocamentos e forças são generalizados. O
teorema recíproco será muito utilizado na simplificação de cálculo no método dos
deslocamentos.
28
6.11 Teorema de Castigliano
A derivada parcial da energia interna de deformação em ordem a uma determinada força que
actua na peça é igual ao correspondente deslocamento do ponto onde actua a força.
Bem: consideremos um corpo com elasticidade linear em que actuam duas forças P e Q
produzidos nos pontos de aplicação deslocamentos Δ e 𝛾.
1 1
𝑊= 𝑃Δ + 𝑄𝛾. (6-57)
2 2
Consideremos agora um pequeno acréscimo d𝑃 à força P: serão produzidos deslocamentos
adicionais dΔ e d𝛾. O acréscimo na energia interna de deformação será, então:
1
d𝑊 = 𝑃dΔ + d𝑃𝑑Δ + Qdγ = 𝑃dΔ + Qdγ, (6-58)
2
desprezando diferencial de segunda ordem
Como a energia interna é independente da forma como as forças são aplicadas, vamos admitir
que 𝑃 + d𝑃 e 𝑄 são aplicadas gradual e simultaneamente. A energia interna de deformação
será:
1 1
𝑊 = (𝑃 + d𝑃)(Δ + dΔ) + 𝑄(𝛾 + d𝛾),
2 2
que desprezando as diferenciais de segunda ordem reduz-se em:
1 1 1 1 1
𝑊 = 𝑃Δ + 𝑄𝛾 + d𝑃Δ + 𝑃dΔ + 𝑄d𝛾. (6-59)
2 2 2 2 2
Como d𝑊 = 𝑊 − 𝑊 temos
1 1 1 1 dW
d𝑊 = d𝑃Δ + 𝑃dΔ + 𝑄d𝛾 = d𝑃Δ + (6-60)
2 2 2 2 2
de onde concluímos que
dW 1
= d𝑃Δ
2 2
de onde obtemos que
dW
Δ= . (6-61)
d𝑃
Exemplo 6-6. Na viga ilustrada na Figura 6-31, pede-se o deslocamento vertical da
extremidade livre.
29
Figura 6-31
1 𝑀
𝑊= d𝑥.
2 𝐸𝐼
𝜕𝑀 𝜕𝑀
𝜕𝑊 1 2𝑀 𝑀
𝛿= = 𝜕𝑃 d𝑥 = 𝜕𝑃 d𝑥
𝜕𝑃 2 𝐸𝐼 𝐸𝐼
donde:
(−𝑃𝑥)(−𝑥) 𝑃𝑙
𝛿= d𝑥 = .
𝐸𝐼 3𝐸𝐼
Note-se que, para aplicar o teorema de Castigliano, não é necessário que esteja aplicada uma
carga no ponto em que se pretende calcular o deslocamento. Basta colocar aí uma carga
fictícia, exprimir a energia interna em função dessa carga, derivar e depois por o valor dessa
carga igual a zero.
6.12 Problemas
Exercício 6-1. Calcule o deslocamento vertical do ponto B (Figura 6-32), aplicando o TTV e
o teorema de Castigliano. A viga é um perfil INP40; E 210 10 6 k Pa . (
vB 300.25k Nm 2 / EI 0.004896 m (para baixo))
30
Figura 6-32
Figura 6-33
q
0.8qL
E D B
A C
0.4L 0.4L 0.2L L
31
20k
B D
C
5'
20k
20' E
10'
A F
20'
4k
C
E
D
5'
2k
B 16'
6'
12' 20'
Exercício 6-6. Dado o pórtico da figura em baixo, determinar usando o TTV a rotação
relativa em C e o deslocamento horizontal do nó E. E = 2.1x108 kN/m2, I = 32000 cm4 e ABD
= 4 cm2. Considere as deformações axiais só na barra BD. (Resposta:
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CD CB 234.96 kft 2 / EI 0.003496 (diminuição do ângulo BCD),
hE 13696k Nm 2 / EI 0.2038 m
25 kN / m
E, I
E, I
30° 30 kN
E, A
B
D
4.0
E, I
E, I
15 kN
2.0
A E
6.0 m 6.0
6.13 Bibliografia
33