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Universidade Save

Extensão da Massimga

Feudalismo e Capitalismo

Licenciatura em Ensino de Geografia

Jacinto Justino Mahumane

Massinga

2020
Índice
1.Introdução............................................................................................................................3

2.Origem de Feudalismo........................................................................................................4

2.1.Feudalismo.......................................................................................................................5

2.2.Formação do feudalismo europeu....................................................................................6

2.3.A Ordem Social................................................................................................................7

2.4.A Crise do Feudalismo.....................................................................................................7

2.5.Surgimento de uma mentalidade Pré-Capitalista.............................................................9

2.6.Origem do capitalismo.....................................................................................................9

2.7.Capitalismo.....................................................................................................................11

2.8.Revolução capitalista......................................................................................................12

2.9.Fases do capitalismo.......................................................................................................13

2.10.Capitalismo do conhecimento......................................................................................14

3.Conclusão..........................................................................................................................15
1.Introdução

A Idade média foi um periodo de grandes acontecimentos, em especifico do feudalismo, este


que foi um regime que vigorou durante a alta idade média e a baixa idade média.

O Feudalismo teve origem no século V, com a crise do Império Romano e foi uma
organização econômica, política, social e cultural baseada na posse da terra, que predominou
na Europa Ocidental.
No final da Alta Idade Média ocorreram profundas mudanças na estrutura feudal, que
introduziram parte da sociedade a uma dinâmica urbana e comercial. Sobre estas mudanças
estruturavam-se as principais causas da crise do sistema feudal, que pouco a pouco, tomava
forma do capitalismo mercantil dominante durante a Idade Moderna.
2.Origem de Feudalismo

Antes de tratar o Feudalismo como um tema é necessário saber sobre o feudalismo como uma
palavra, porque apesar de os séculos V-XI e XII-XV serem os periodos em que ocorreram a
formação, a consolidação, o apogeu, a decadência e a crise do Feudalismo, sem contar que
estes períodos remontam a idade média (Alta Idade Média e Baixa Idade Média), o
substantivo “feudalismo” não surgiu durante a Idade Média mas remonta ao século XVII.

Esta palavra foi usada de forma relativa e deslizante antes de seu uso concreto e específico,
facto este, que ainda desperta debates e controvérsias entre os estudiosos do assunto pois esta
palavra tomou vários significados ao andar dos séculos. Em alguns documentos encontrados
sob forma de fontes históricas em fins do século IX, aparecem grafias como feos ou feus que
acredita-se que estas exprimem em seu sentido periódico, uma propriedade móvel sendo mais
provável que seja gado (Pais).

O substantivo perdurou até o início do século XI, desaparecendo e ganhando novas formas e
significados como fevum, fevo, feo; desta vez a nova forma e significado do substantivo, de
forma diferente, não servem mais para exprimir ou referir uma propriedade móvel mas sim
uma concessão de terra como forma de pagamento, principalmente por serviço militar.

Durante o século XI o significado de feudalismo manteve-se constante mas de acordo com


Pais as referências a concessão de terras tornam-se bastante frequentes, passando a ser
designadas como feudum ou feodum. [...] feudum é então criada para exprimir um bem
concreto, a saber, um pedaço de terra.

Até este ponto este substantivo dificilmente era interpretado de forma complexa, não
designando um sistema de leis de governo ou de relações sociais isto porque para Pais a
idade média nunca conheceu sua sociedade ou seu governo como feudal. Como forma de
expressar um valor extretamente jurídico o substantivo “feudalismo” só é usado no século
XVII porém, só no século seguinte o termo é usado para designar uma fase atravessada por
uma civilização.

Em 1727 o Conde de Boulainviliiers usa do termo Feudalismo para exprimir o esfalecimento


da soberania entre a multidão de pequenos principes, em 1776 Adan Smith em sua obra
Wealth of Nations usa-a para expressar um sistema de produção em que os trabalhadores
trabalhavam pela força de coerção dos grandes senhores.
A partir do Iluminismo e da Revolução Francesa a interpretação do feudalismo toma duas
direções opostas sendo:

Para alguns historiadores a ênfase é colocada nos apectos juridicos,


concentrando-se nos estudos das instituições feudais e de seus aspectos legais,
como os laços de dependência de homem a homem. Para eles o feudalismo
constitui um sistema de governo; de lei e de organização militar que englobava
somente a classe governante, livre e guerreira. [...] outros historiadores,
seguindo os passos iniciais de Adan Smith e de alguns pensadores do
iluminismo, vão considerar o feudalismo como um sistema econômico de
produção, fundamentado na renda feudal proporcionada pelos cervos através
da força exercida pelos seus senhores (Pais).

2.1.Feudalismo

É num periodo anterior ao moderno que encontramos a idade média que começa desde o
século V até ao século XV mas o termo Idade Média foi criado somente no século XVI por
filósofos que consideraram este periodo diferente das Idades Antiga e Moderna. A
organização do Sistema Feudal ocorreu durante a Alta Idade Média, após a fragmentação do
território do Império Romano no Ocidente em vários reinos bárbaros menores,
principalmente após o fim do Império de Carlos Magno. É um sistema característico da
Europa, principalmente na parte ocidental, mas também difundido na Europa oriental e nos
territórios do Oriente Próximo ocupados pelos europeus durante as Cruzadas. Este sistema,
também vigorou no Japão e na China, mas em geral, quando falamos em Sistema Feudal,
estamos nos restringindo ao território europeu durante a Idade Média.

Como afirmado anteriormente, a Idade Média é subdividida em dois períodos: a Alta Idade
Média, do século V a XI, em que ocorre a formação e aconsolidação do feudalismo europeu e
a Baixa Idade Média, do século X ao XV, quando ocorre o apogeu, a decadência e a crise do
feudalismo.

Durante o regime feudal o principal meio de produção, a terra, não pertencia


aos produtores diretos que eram os camponeses, mas aos senhores feudais. A
propriedade da terra pelos senhores constituiu a base da sociedade. As terras
eram permanentemente concedidas aos camponeses para que as cultivassem
mas os senhores atraves da força, é que se beneficiavam do trabalho. “A
propriedade dos senhores sobre a terra, combinada com a pequena exploração
independente dos camponeses era o traço característo da economia feudal.
(Pais)

Na Europa, os Senhores feudais exploravam os trabalhadores de diversas maneiras,


constituindo o que acabou denominado-se de renda feudal, ou seja, formas de explorar o
produto angariado pelos trablhadores durante o trabalho praticado nas terras de seus senhores.
Dependendo da evolução do sistema feudal, os senhores exploravam os trabalhadores
constituindo-se de corvéias (trabalho nas propriedade do senhor), pagamentos em produtos ou
dinheiro e banalidades (pagamento pelo uso do moinho, lagar, forno, de propriedade do
senhor). Apesar dos factos acima referidos a carga de trabalho dos camponeses, isto é, o
quanto e como seriam definidos os encargos que iriam constituir a renda feudal não eram
determinados pelo Senhor Feudal mas sim pelo costume local (Pais).

As características gerais deste regime, de entre vários autores, para Bloch apud Pais o
feudalismo tem as seguintes caracteristicas básicas: um campesinato subjugado, uso
generalizado de concessão de terras em vez de salário, supremacia de uma classe de
guerreiros especializados, laços de obediência e proteção ligando homem a homem,
fragmentação da autoridade central, sobrevivência de outras formas de associação.

2.2.Formação do feudalismo europeu

Para a formação do feudalismo, são destacáveis os seguintes elementos:

A Formação dos Reinos Bárbaros e sincretismo cultural entre elementos romanos e


germânicos: os povos germânicos tomaram múltiplos territórios do Império Romano
Ocidental, formando diferentes reinos menores, os chamados Reinos Bárbaros, distribuindo-
se da seguinte forma: os Anglos-Saxões dominaram a actual Inglaterra, os Visigodos a
Península Ibérica, os Ostrogodos e os Lombartos a Itália, os Vândalos o norte da África, os
Burgúndios parte da Alemanha e por fim, os Francos o actual território francês. Em todos
esses territórios, os germanos difundiram sua cultura, e no seio dessa cultura, era comum que
um chefe germânico concedesse terras para os melhores combatentes, familiares e parentes
directos em troca de sua lealdade, um traço que apareceu sob o Império de Carlos Magno e
que permaneceu preponderante durante toda a Idade Média.

Adopção do colonato pelos romanos e pelos próprios germânicos: outro elemento auxiliar
a influenciar a formação do feudalismo foi a adopção do sistema de Colonato pelos romanos,
a partir dos séculos II e III. Isso porque, com o fim da expansão imperial e com a fixação de
limites para o Império (limes), o número de escravos começou a diminuir nas plantações das
Províncias. Por meio desse novo sistema, muitos indivíduos expropriados de terras, incluindo
camponeses germânicos, passaram a receber pequenos lotes para trabalhar, em troca de
cultivarem as terras dos senhores aristocratas, tanto dos senhores romanos, como dos novos
ocupantes, os senhores germânicos.

Conversão dos povos europeus à fé cristã e à Igreja Romana: além de todos esses
elementos de sincretismo cultural, os bárbaros germânicos começaram também a se converter
ao cristianismo, o que acabou conferindo unidade cultural entre suas diferentes tribos e
etnias. Isso porque, os reis bárbaros viam na conversão, uma forma de legitimar seu poder,
recebendo o apoio da Igreja Romana. A Igreja passou a ganhar amparo militar e terras da
nobreza, tornando-se a maior proprietária da Europa Medieval. Os discursos do clero
amparavam ideolologicamente a aristocracia germânica, educando a todos os camponeses
europeus e difundindo a concepção de que Deus destinara diferentes funções para os homens.
Assim, segundo seus dogmas, haviam aqueles homens destinados a guerra (os nobres/
bellatores), aqueles que representavam a palavra de Deus na Terra (os clérigos/oratores), bem
como aqueles que produziam os alimentos para a sobrevivência de todos (os camponeses
servos/laboratores).

2.3.A Ordem Social

A sociedade era hierarquizada por estados jurídicos definidos pelo sangue, ocupação e
obtenção de riqueza, uma organização que impedia qualquer pretensão de mobilidade social,
sendo:

 Clero: subdividido em Clero Secular ou Alto Clero, era composto por bispos e cardeais,
aqueles que administravam a Igreja Romana e Clero regular ou Baixo Clero, aqueles que
rezavam, e viviam sob pesados dogmas eclesiásticos, ou seja, os padres e monges.
 Senhores feudais: ou senhores das terras, era uma sociedade composta pela nobreza
proprietária de terras, pelos descendentes dos antigos senhores germanos ou romanos.
Chefiavam os feudos, controlando-os de forma absoluta seja no campo político,
administrativo, jurídico ou militar.
 Servos: camponeses fixos aos feudos, obrigados a prestar serviços e a pagar impostos
para os senhores em troca de um lote de terras. Além deles haviam os Vilões, pequenos
proprietários ou trabalhadores livres que não estavam fixo a nenhum feudo, prestando
serviços temporários para algum nobre em troca de um mísero salário provisório.

2.4.A Crise do Feudalismo


Trata-se de um longo processo ocorrido durante a baixa idade média (XI-XV) que levou a
formação das Monarquias Nacionais Europeias e consequentemente, do Estado Moderno.

Ao longo da Alta Idade Média, o ocidente foi assolado por constantes invasões de povos e
etnias diferentes, os bárbaros germânicos devastaram o Império Romano; no século V
ocorreram as incursões dos hunos, um povo asiático, conhecido por sua perícia na arte de
cavalgar e no uso de arco e flecha; os próprios germânicos pilharam os territórios ocidentais
do antigo Império Romano, aos poucos se sedentarizando; nos séculos VIII e IX, os
normandos naturais e os vikings (como se autodenominavam os normandos em condição de
pirataria) da Escandinávia (Suécia, Noruega, Dinamarca) começaram a atacar os feudos
medievais, principalmente as igrejas e os mosteiros cristãos, causando medo e insegurança
entre os povos.

As incursões de pilhagem diminuíram a partir do final do ano 1000. Muitos saqueadores


começaram a procurar novas rotas e territórios, muitas vezes sedentarizando-se e tornando-se
senhores feudais e com o fim das invasões vikings, os feudos se estabilizaram e a mortalidade
da população caiu, processo esse que levou ao advento da crise do feudalismo.

Com a diminuição das incursões de pilhagem houve crescimento demográfico. Só para


termos uma ideia, no século X haviam 18 milhões de pessoas no Velho Continente,
aumentando para 26 milhões no século XI e 34 milhões no século XII. O problema estava na
baixa produtividade agrícola dos feudos, levando à falta de alimento para famílias
camponesas cada vez mais numerosas. Para tentar solucionar o problema, a nobreza senhorial
decidiu procurar novas terras para plantar, na tentativa de incorporá-las a seus feudos e
aumentar sua produtividade. Com o grande número de feudos já ocupados por outros
senhores, tornou-se comum o aterramento de pântanos e a derrubada de florestas nativas, um
empreendimento insuficiente diante das altas taxas de natalidade da época.

Logo, os nobres perceberam sua impotência para solucionar o problema da fome. Como as
tecnologias agrícolas eram muito atrasadas para permitir o aumento da produtividade dos
campos, os senhores feudais, de forma arbitrária, começaram a expulsar alguns servos de suas
terras. Esses servos deslocaram-se para as cidades, muitas vezes vagando pelas estradas como
mendigos e/ou bandidos, aumentando ainda mais o clima de insegurança.

O crescimento demográfico aumentou também a quantidade de filhos de cada senhor feudal.


Diante do tradicional direito de primogenitura, que concedia ao filho mais velho a
prerrogativa de herdar o feudo e os títulos do pai, muitos jovens da nobreza passaram a
perambular pelo ocidente à procura de suseranos que pudessem lhes conceder algum
território. O clima entre a nobreza se tornou ainda mais tenso, já que faltava um inimigo
comum para unir a todos em uma mesma causa.

Apesar de todos os factos ocorridos acima a primeira grande consequência de toda essa
situação de instabilidade foi o movimento das cruzadas em direção ao oriente próximo,
proporcionando a dinamização dos contactos entre os povos nos séculos XI e XIII. O
movimento cruzadista fez contribuiu para a união de todas as forças europeias contra um
inimigo comum, os muçulmanos, chamados de infiéis pela igreja católica, e, apesar de as
cruzadas terem parecido uma solução para a crise do feudalismo foram na verdade
responsáveis por tranformar ainda mais a sociedade feudal (Ferreira).

2.5.Surgimento de uma mentalidade Pré-Capitalista

Surge uma nova mentalidade a questionar a moral católica medieval anti-lucro ou a usura.
Incialmente os burgueses, apoiados pela Igreja advogam o Justo Preço, baseado no custo da
mercadoria, mais o trabalho empregado, mas aos poucos uma mentalidade pré-capitalista
começa a se formar, surgindo concepções em torno da acumulação, desde que regrada pelas
organizações burguesas. Outra concepção presente diz respeito a ascenção social, visto que
no interior das Corporações de Ofício era possível a um aprendiz chegar a condição de mestre
e adquirir sua propria oficina, a burguesia defendendo essa conduta para toda a sociedade.
Mais o importante, foi a partir da vontade de ascender cada vez mais economicamente que a
burguesia passou a apoiar os reis para derrubarem os entraves feudais que prejudicavam o
comércio (Ferreira).

2.6.Origem do capitalismo

De acordo com Pereira (2011), o comércio mercante de longa distância já existia no segundo
milênio A.C com os mercadores assírios e, depois, com os comerciantes fenícios. Estes foram
responsáveis pela criação de rotas comerciais entre o Mediterrâneo ocidental (onde criaram
numerosas colónias), a Grécia e o Oriente Médio, que era seu local de origem.

De modo geral o estádio da produção mercantil, com o qual começa a civilização, distingue-
se pela introdução: da moeda metálica e com ela do capital-dinheiro, do empréstimo, do juro
e da usura; dos mercadores, como classe intermediária entre os produtores; da propriedade
territorial e da hipoteca; do trabalho escravo, como forma dominante da produção (Ibidem).

Essa produção, porém, não era ainda uma produção capitalista, embora fosse direcionada
para o mercado: “Falar de ‘capitalismo’ antigo ou medieval, porque havia financistas em
Roma ou mercadores em Veneza é um abuso de linguagem. Esses personagens jamais
dominaram a produção social de sua época, assegurada em Roma pelos escravos e na Idade
Média (Coggiola, 2017)

Wood apud Roiz (2009: pp.298-299) em sua obra sobre a origem do capitalismo diz que:

Quase sem exceção, os relatos sobre a origem do capitalismo são


fundamentalmente circulares: presumem a existência prévia do capitalismo
para explicar o seu aparecimento. No intuito de explicar o impulso de
maximização do lucro que é característico do capitalismo, pressupõem a
existência de uma racionalidade universal maximizadora do lucro; para
explicar o impulso capitalista de aumentar a produtividade do trabalho através
de recursos técnicos, pressupõem um progresso contínuo e quase natural do
aprimoramento tecnológico na produtividade do trabalho. Essas explicações
paralogísticas têm sua origem na economia política clássica e nas concepções
iluministas de progresso [...]. Na maioria das descrições do capitalismo e de
sua origem, na verdade não há origem. O capitalismo parece estar sempre lá,
em algum lugar, precisando apenas ser libertado de suas correntes – dos
grilhões do feudalismo, por exemplo – para poder crescer e amadurecer.
Caracteristicamente, esses grilhões são políticos os poderes senhoriais
parasitários ou as restrições de um Estado autocrático. Às vezes, são culturais
ou ideológicos – a religião errada, quem sabe. Essas restrições limita[ria]m a
livre movimentação dos agentes econômicos, a livre expressão da
racionalidade econômica [...]. Esse pressuposto costuma ser tipicamente
associado a um outro: o de que a história é um processo quase natural de
desenvolvimento tecnológico. De um modo ou de outro, o capitalismo aparece,
mais ou menos naturalmente, onde e quando os mercados em expansão e o
desenvolvimento tecnológico atingem o nível certo [...]. O efeito dessas
explicações é enfatizar a continuidade entre as sociedades não-capitalistas e
capitalistas, e negar ou disfarçar a especificidade do capitalismo

O texto citado acima, mostra que de forma prática, o capitalismo já existia até mesmo durante
o periodo em que predominava o regime feudal mas a sua existencialidade ganha mais ênfase
através do desenvolvimento tecnológico que por sua vez contribuiu para a produção em
massa fazendo com que os mercados expandissem mais rapidamente.
2.7.Capitalismo

O capitalismo, a sociedade dominada pelo capital, é um modo de produção da


vida social que, nas suas características gerais (as comuns a todas as formações
econômico-sociais modernas) se constitui como objeto da análise teórica, que
o caracteriza pelas forças produtivas que ele suscita e mobiliza, e pelas
relações de produção sobre as quais se assenta (Coggiola, 2017).

Como relação social entre capitalistas e trabalhadores livres, o capital existiu


embrionariamente desde as primeiras sociedades históricas. É possível encontra-lo no Egipto
dos faraós, na Grécia clássica ou no Império Romano. Boa parte dos construtores das
pirâmides do Egipto, por exemplo, era composta por trabalhadores assalariados (pagos por
tempo de trabalho ou por empreitada); o Egipto antigo, porém, não era uma sociedade
capitalista, mas uma sociedade baseada em formas diversas de trabalho compulsório,
inclusive a escravidão. Sobre essa base, diversas sociedades desenvolveram uma economia
mercantil. Considerando as formas antediluvianas do capital (o capital comercial ou o
usurário) como plenamente capitalistas, diversos autores postularam a
atemporalidade/naturalidade do capitalismo, como um sistema econômico-social que se
poderia projectar indefinidamente em direção do passado (e, hipoteticamente, também do
futuro), considerando capitalista qualquer sociedade em que existissem dinheiro e capital
comercial ou portador de juros (Coggiola, 2017)

A relação social fundamental e fundante do capitalismo é a existente entre


trabalho assalariado e capital. A diferença específica que o modo capitalista de
produção impõe ao trabalho enquanto elemento geral da vida humana está na
sua forma histórica antitética como trabalho alienado, processo objetivo de
venda da capacidade de trabalho para outros. O trabalho assalariado é a
manifestação socialmente determinada da venda de trabalho para outros. A
história das sociedades contemporâneas está determinada, de modo geral, pelas
relações sociais estabelecidas com base nesse fundamento, por sua dinâmica e
contradições. Modernidade, mobilidade social, carreira baseada no mérito,
vínculo direto entre educação e ascensão social, igualdade de oportunidades,
flexibilidade profissional, mercantilização geral, egoísmo hedonista, etc., são
suas manifestações derivadas e contingentes (Coggiola, 2017).
2.8.Revolução capitalista

A rigor só existem duas fases da história humana: uma fase pré-capitalista, na qual se
sucederam e coexistiram a comunidade primitiva, os impérios antigos escravistas, o
feudalismo, as sociedades aristocráticas letradas do absolutismo, e a fase capitalista. Entre as
duas fases há um período de grande transformação, a Revolução Capitalista – que, entendida
amplamente, é um período longo, porque começa no norte da Itália, e partir do século XIV, e
pela primeira vez se completa na Inglaterra com a formação do Estado-nação e a Revolução
Industrial no final do século XVIII (Pereira, 2011).

Considerados os quatro grandes ciclos sistémicos de acumulação Arrighi apud Pereira


(2011), dividiu a história do capitalismo (o ciclo genovês, do século XV ao início do século
XVI; ciclo holandês, do fim do século XVI até meados do século XVIII; o ciclo inglês, da
última metade do século XVIII até o início do século XX; e o cíclo americano, durante o
século XX), a revolução capitalista na Inglaterra corresponde aos dois primeiros ciclos e à
segunda metade do século XVIII, quando ocorre a Revolução Industrial. Entendida em
termos estritos, foi essa a revolução que compreendeu os dois últimos fenômenos históricos:
cerca de cento e cinquenta anos, entre meados do século XVII e o fim do século XVIII.

No plano econômico, a revolução capitalista deu origem ao capital e às demais instituições


econômicas fundamentais do sistema – o mercado, o trabalho assalariado, os lucros, e o
desenvolvimento econômico. No plano científico e tecnológico, é o tempo da transformação
de uma sociedade agrícola letrada em uma sociedade industrial. No plano social, é o
momento de duas novas classes sociais: a burguesia e a classe trabalhadora. No plano
político, a revolução capitalista deu origem às nações e ao Estado moderno, e, somando a
esses dois fenômenos um território, ao Estado-nação (Pereira, 2011).

Para que revolução capitalista pudesse se desencadear foi necessário que primeiro houvesse
uma transformação fundamental da tecnologia agrícola na Europa. Até o século XI a
agricultura estava limitada quase exclusivamente a terras de aluvião; foi o uso de arados com
lâminas de ferro e outras ferramentas capazes de cortar terras duras que viabilizou a
exploração das terras altas e férteis da Europa (Landes apud Pereira, 2011).

Só graças a esse progresso técnico decisivo foi possível produzir o excedente econômico
necessário para que trabalhadores pudessem ser transferidos para o comércio e a indústria – e
também para que pudessem ser construídas as grandes catedrais góticas, quase todas datadas
do século XII. E foi possível, alguns séculos mais tarde, passar das cidades-Estado para os
Estados-nação como forma de organização político-territorial própria do capitalismo (Pereira,
2011)

Os impérios eram a forma de organização política territorial da antiguidade os Estados-nação


o serão nos tempos modernos ou capitalistas. Enquanto o poder imperial limitava-se a cobrar
impostos da colônia, deixando intactas sua organização econômica e sua cultura, os Estados-
nação estão diretamente envolvidos na competição internacional por maior poder e maiores
taxas de crescimento. Para isso, buscam homogeneizar sua cultura, dotando-se de uma língua
comum, para, através da educação pública, poder garantir que padrões crescentes de
produtividade sejam compartilhados por toda a população (Gellner apud pereira 2011); e os
respectivos governos passam a ser os condutores do processo de desenvolvimento econômico
favorecendo as empresas nacionais na concorrência internacional.

Empresários, políticos, classe profissional pública e privada, e trabalhadores formam a nação


– a sociedade politicamente orientada que compartilha um destino comum – que, ao se dotar
de um Estado e de um território, forma o Estado-nação. A constituição dos Estados nacionais
e, portanto, de mercados seguros para os empresários investirem na indústria foi, por sua vez,
a condição da revolução industrial, inicialmente na Inglaterra e na França e, depois, nos
Estados Unidos (Pereira, 2011).

2.9.Fases do capitalismo

Tomando-se como referência a Inglaterra e a França, e como ponto de partida o início da


revolução capitalista, o capitalismo passou por três grandes estágios: o capitalismo mercantil
entre o século XIV e o XVIII, o capitalismo clássico no século XIX e, desde o início do
século XX, o capitalismo dos profissionais ou tecnoburocrático.

O livro de Pereira (2011) situa esta periodização no plano da sociedade, isto é, esta
periodização tem como critério as relações de produção ou a natureza das classes dominantes.

A primeira fase – o capitalismo mercantil – foi fruto das grandes navegações e da revolução
comercial. Nessa fase a aristocracia proprietária de terras é ainda dominante, mas uma grande
classe média burguesa está emergindo. Com a formação dos primeiros Estados-nação e a
revolução industrial nos séculos XVII e XVIII, a revolução capitalista pode ser considerada
completa em cada sociedades nacional desenvolvida e entramos na fase do capitalismo
clássico.
A terceira fase do capitalismo – o Capitalismo Profissional – desencadeia-se com a segunda
revolução industrial: a revolução da eletricidade, do motor a explosão, da produção em linha
de montagem, e do consumo de massa e de outros dois novos factos, a organização substitui
a família no papel de unidade básica de produção, e o conhecimento substitui o capital na
qualidade de factor estratégico de produção, e a burguesia é obrigada a partilhar poder e
privilégio com a nova classe média profissional que então emerge e se configura o
capitalismo dos profissionais (ibidem)

2.10.Capitalismo do conhecimento

No último quartel do século XX uma conjunção de vários factos históricos novos – a


revolução da tecnologia da informação e da comunicação, o colapso do regime financeiro de
Bretton Woods, a crise do fordismo, a desindustrialização que começa nos países ricos, a
expansão dos serviços, a globalização, e a hegemonia neoliberalismo abriram um novo e
fascinante capítulo da história (Pereira, 2011)

Falou-se em sociedade pós-industrial, mas o facto é que a indústria continua fundamental


para a riqueza de uma nação. Falou-se em sociedade digital, na medida em que se criavam
plataformas eletrônicas comuns que serviam de suporte para o armazenamento e a
transmissão de informações, e para a realização de trocas comerciais e financeiras. E se falou
cada vez mais, no “capitalismo do conhecimento”. Este último é um bom conceito, mas
apresenta um problema (Ibidem)

A principal razão porque o capitalismo clássico se transformou no capitalismo profissional


foi o facto de o capital se haver tornado abundante enquanto o conhecimento se tornava o
novo factor estratégico de produção. Logo, capitalismo do conhecimento e capitalismo
profissional são sinônimos. Esta é uma formação social que está presente no mundo desde o
início do século XX. A revolução da tecnologia da informação e da comunicação tornou esse
conhecimento ainda mais estratégico do que já era desde o início do século com a revolução
organizacional. Naquele momento a revolução não foi do conhecimento e não resultou na
produção de bens imateriais, mas foi a revolução da tecnologia industrial (a segunda
revolução industrial) e da forma de organizar a produção, que já então tornaram o
conhecimento estratégico (Ibidem)
3.Conclusão

A política no feudalismo estava restrita e monopolizada pelo senhor feudal. Era ele quem
formava os exércitos particulares e construíam castelos fortificados, dentro e em torno do
qual se desenvolvia a comunidade feudal, protegida por ele.

A revolução capitalista é a transformação fundamental da história humana depois do


surgimento da agricultura e da passagem das sociedades nômades para as sedentárias e a
formação das primeiras civilizações ou impérios.
4.Referências Bibliográficas

Caggiola, O. História do Capitalismo: das Origens até a Primeira Guerra Mundial. 1a ed.
Santiago,Chile, 2017.

Roiz, D. S. Origem Do Capitalismo. 2009

Pais, M. A. O. Consideração em torno do conceito de Feudalismo.

Pereira, L. C. B. As Duas Fases Da História E As Fases Do Capitalismo. São Paulo, Brasil,


2011.

Ferreira D. Feudalismo. Colégio Gozanga

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