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E-book: Humanização e desafios

da educação
Humanização e desafios da educação

HUMANIZAÇÃO E DESAFIOS
DA EDUCAÇÃO

Objetivo
Compreender a importância da humanização da educação
para a aprendizagem.

CAMINHADA

Você já parou para pensar no quanto a


educação tem se mostrado cada vez mais
carente de um olhar que realmente acolha
o sujeito de forma mais humanizada?

Tendo em vista esse questionamento, convido você a analisar a situ-


ação a seguir escolhendo uma das alternativas. Em seguida, pense
na alternativa escolhida e as refutadas.

1.2
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Humanização e desafios da educação

Desde que “X” iniciou suas atividades no colégio pudemos observar


algumas dificuldades escolares, que permanecem desde então. O
aluno foi encaminhado anteriormente para Avaliação Neurológica
e Psicológica e obteve diagnóstico de TDAH (Transtorno de Déficit
de Atenção e Hiperatividade) e alterações no PAC (Processamento
Auditivo Central).

O aluno frequenta atualmente a oitava série do Ensino Funda-


mental, série em que foi reprovado no ano passado. Notamos
que o aluno ainda encontra dificuldade para acompanhar as
atividades escolares, mostrando-se desmotivado para o apren-
dizado e desinteressado durante as aulas. Continua disperso e
demonstra dificuldade para assimilar e fixar os conteúdos.

Não demonstra disciplina e organização para os estudos, devendo


ser orientado constantemente pela coordenação e professores. Não
gosta quando lhe são cobradas posturas diferenciadas em relação
à escola.

Diante do exposto, encaminhamos novamente o aluno para as


avaliações solicitadas anteriormente, Avaliação Neurológica e
Avaliação Psicológica e nos colocamos à disposição para outros
esclarecimentos. Aguardamos contato dos profissionais responsáveis
pelas avaliações.

1.3
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Humanização e desafios da educação

Trata-se de um caso comum em nossas escolas,


cujo encaminhamento para os profissionais se faz
a. ( ) necessário, pois a escola não tem como dar su-
porte para alunos com esse grau de dificuldade;

O encaminhamento nesses casos é necessário,


pois sem um diagnóstico preciso não é possível
b. ( ) desenvolver estratégias capazes de atender as
demandas do desenvolvimento e aprendizado
dos alunos;

Os encaminhamentos para profissionais externos


devem contar como um apoio ao desenvolvimen-
c. ( ) to do aluno, mas não em substituição ao trabalho
do professor em sala de aula, sendo necessário a
implicação no ato pedagógico;

As avaliações psicodiagnósticas permitem sepa-


rar as crianças por graus de dificuldades, e assim
d. ( ) oferecer mais recursos, já que o professor tem a
condição de desenvolver atividades que alcan-
çam um número maior de alunos.

É esperado que você tenha escolhido a alternativa c, ou seja,


aquela que considera que “os encaminhamentos para profissio-
nais externos devem contar como um apoio ao desenvolvimento
do aluno, mas não como substituição ao trabalho do professor em
sala de aula, sendo necessário a implicação no ato pedagógico”.

Observe a seguir as razões pelas quais as alternativas a, b, d de-


vem ser refutadas:

1.4
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Humanização e desafios da educação

a) A descrição aponta para comportamentos que caracterizam


“transtornos de aprendizagem”, isto é, enfatizam-se aspectos, com
uma indicação para avaliação multidisciplinar. A avaliação com
queixa escolar deve iniciar com Avaliação Psicopedagógica, para
posteriormente ser ampliada com avaliação multidisciplinar se o
psicopedagogo e a equipe pedagógica assim julgarem necessária;

b) Os encaminhamentos multidisciplinares são uteis após a avalia-


ção inicial da psicopedagogia;

d) As crianças não devem ser separadas, e o importante é conside-


rar a equidade, oferecendo o adequado para cada aluno ou grupo.

No entanto, esse infelizmente nem sempre é o caminho tomado


pelos profissionais da Educação. Percebemos a existência de
concepções que objetificam o sujeito aprendiz, significando-o a
partir do seu sintoma, ao mesmo tempo em que desassociam o
professor do ato pedagógico.

Um dos fenômenos que traduzem essa concepção é o que chama-


mos de psicopatologização do cotidiano escolar, cuja definição é
feita por Collares e Moysés:

Até alguns anos atrás, a biologização da Educação era feita


basicamente pela ciência médica, concretizada pelos profissionais
médicos, atuando tanto na Rede Pública de Saúde, como em
consultórios particulares e, principalmente, nas faculdades.
Dessa circunstância advém o termo medicalização para nomear
essa prática. Entretanto, mais recentemente, com a criação/

1.5
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Humanização e desafios da educação

ampliação de campos do conhecimento, novas áreas, com


seus respectivos profissionais, estão envolvidas nesse processo.
São psicólogos, fonoaudiólogos, enfermeiros, psicopedagogos
que se vêm aliar aos médicos em sua prática biologizante.
Daí a substituição do termo medicalização por um outro mais
abrangente - patologização -, uma vez que o fenômeno tem-se
ampliado, fugindo dos limites da prática médica.

Uma das possíveis hipóteses para privilegiar possíveis causas or-


gânicas para o fracasso escolar, a partir do Código Internacional
de Doenças (CID), tem sido a valorização de explicações tradu-
zidas pela comunidade da área da saúde. Aqui não se trata de
desconsiderá-la. É fundamental que cada “comunidade linguística”
construa suas hipóteses a partir de pesquisa e análise dentro de
seu campo profissional. Vale aqui lembrar o conceito de Gergen
(2010), representante das ideias do construcionismo social. Sinte-
ticamente, trata-se de considerar que cada “comunidade linguís-
tica constrói ideias e nomeações a partir de uma tradição que se
relaciona com seu campo de pesquisa”.

Como cada tradição tem seus próprios critérios de juízo,


acreditar ou não que uma testemunha está falando a verdade
é algo que dependerá do fato dela utilizar ou não a mesma
forma de linguagem que usamos. (Gergen, 2010, p. 25)

1.6
1.6
Humanização e desafios da educação

Trata-se aqui de utilizar parâme-


tros da área da Psicopedagogia
para compreensão das questões
da aprendizagem humana. Reite-
rando: o posicionamento e a des-
crição das questões do aprender
precisam ser consideradas dentro
do campo da psicopedagogia, o
que não significa a desconsidera-
ção de outras descrições proce-
dentes de áreas afins.

E já que estamos falando em educação para a humanização, é fun-


damental abordarmos o conceito de empatia:

Empatia
Com respeito à compreensão empática, Carl Rogers (1983) ex-
plica que o terapeuta deve captar com precisão os sentimentos e
significados pessoais que o cliente está vivendo e comunicar essa
compreensão ao mesmo. Ele afirma ainda que esse tipo de escuta
é extremamente rara em nossas vidas e se coloca como uma das
forças mais poderosas em uma relação (SANTOS, 2008, s/p).

Com o objetivo de amenizar o medo e ampliar a esperança no


mundo atual, é fundamental que a Psicopedagogia humanize
o ser humano por meio da educação, fazendo valer princípios
básicos (porém perdidos), como a justiça, a solidariedade, a
cooperação e a originalidade.

1.7
1.7
Humanização e desafios da educação

CHEGADA

Ao concluirmos este conteúdo,


esperamos que você aproveite as
indicações de leitura e reflita sobre a
necessidade de humanização nos
processos psicopedagógicos.

Esse material foi proveitoso para você? Conheça


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Indicação de leitura

Leia os textos de Americo Sommerman, do


CETRANS e de Akiko Santos, que podem
ser úteis à reflexão e compreensão sobre a
Complexidade e Transdisciplinaridade. A Psicopedagogia pode ser
compreendida também pela sua complexidade, considerando as
múltiplas variáveis envolvidas na aprendizagem e complexidade
humana. A teoria do pensamento complexo e a transdisciplinaridade
contribuem no sentido de questionar e buscar respostas ao desafio
da compreensão das questões envolvidas na aprendizagem.
Complexidade e Transdisciplinaridade
Link: https://bit.ly/3st8gfX Acesso: 10/05/2022

1.8
1.13
Humanização e desafios da educação

Complexidade e transdisciplinaridade em educação: cinco


princípios para resgatar o elo perdido
Link: https://bit.ly/3L2U6sn Acesso: 10/05/2022

1.9
1.14
REFERÊNCIAS
BARBOSA, Laura Monte Serrat. A psicopedagogia e o momento de aprender. São José
dos Campos: Pulso Editorial, 2006.

BOSSA, Nadia A. A psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática. Porto


Alegre: Artes Médicas Sul, 2019.

COLLARES, Cecília Azevedo Lima; MOYSÉS, Maria Aparecida Affonso. A Transformação


do espaço pedagógico em espaço clínico (A patologização da educação). Disponível em:
http://www.crmariocovas.sp.gov.br/pdf/ideias_23_p025-031_c.pdf. Acesso: 06/05/2022.

SANTOS, Akiko. Complexidade e transdisciplinaridade em educação: cinco princípios para


resgatar o elo perdido*. In Revista Brasileira de Educação, v. 13, n. 37, jan./abr. 2008, pp.
71-83. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbedu/v13n37/07.pdf. Acesso: 06/05/2022.
Professora: M.ª Edith Rubinstein, Dr.ª Elizabeth Reis
e M.ª Daniela Dau
Designer: Franciele Souza

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