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Business Intelligence e sua aplicação em micro e pequenas empresas

Ralph Waldo Rangel - ralphrangel@outlook.com


MBA – Governança nas Tecnologias da Informação
Instituto de Pós-Graduação - IPOG
Goiânia, Goiás, 07 de Abril de 2014

Resumo
Em um mundo cada vez mais globalizado, a obtenção e o gerenciamento de informações
sobre o mercado em que atua uma micro e pequena empresa, é condição fundamental para a
obtenção de vantagem competitiva e, sobretudo de sobrevivência. A aplicação do business
intelligence numa micro e pequena empresa surge justamente a partir desta necessidade,
permitindo o gerenciamento permanente do ambiente de atuação da empresa, mediante
coleta, análise e validação de informações sobre concorrentes, parceiros, fornecedores,
sobretudo, o desejo de clientes, este, a principal razão de existência de qualquer empresa.
Visando à diminuição de riscos na tomada de decisão, a partir do desenvolvimento de uma
base de conhecimento sobre o negócio. A pesquisa ocorreu através de levantamento
bibliográfico e documental, e em sites da internet especializados em Business Intelligence
com significativa notoriedade no mercado.
Este trabalho apresenta uma concepção para a aplicação de software de business
intelligence para micro e pequenas empresas de forma efetiva e direta.
Palavras-chave: Business intelligence; Inteligência de negócios; Inteligência competitiva;
Inteligência empresarial.

1. Introdução
Em um mundo cada vez mais globalizado, a obtenção e o gerenciamento de informações
sobre o mercado local e global em que atua uma micro e pequena empresa, é condição
fundamental para a obtenção de vantagem competitiva e, sobretudo de sobrevivência. À
medida que os empreendedores equilibram recursos críticos e combinam elementos
organizacionais, a busca pela vantagem competitiva deve ser obrigatoriamente adotada. É
importante entender o que desejam os clientes, o que fazem os concorrentes e como estão os
fornecedores e se, alguns destes itens representam riscos para o negócio.
De acordo com Serra (2002:5) há três abordagens para a construção de vantagens
competitivas:
a) Estratégia de custos baixos;
b) Estratégia da diferenciação, e
c) Estratégia de nicho.

A estratégia de custos baixos é basicamente, como já diz o próprio nome, a estratégia de se


oferecer serviços ou produtos a custos baixos, reduzidos. A Estratégia da diferenciação ocorre
quando a empresa foca e oferece ao mercado serviços e produtos agregados a “diferenciais”,
que não são oferecidos pelos concorrentes. A Estratégia de nicho ocorre quando uma empresa
foca em determinados nichos de mercado, oferecendo qualidade diferenciada e que
apresentam altas margens de lucro.
Normalmente uma micro e pequena empresa pensa e implanta a princípio a estratégia de
custos baixos, para em seguida apresentar diferenciação e em alguns casos, se especializar em
nichos específicos de mercado.
Para obter a vantagem competitiva é necessário, antes de tudo, saber como realizar uma
análise competitiva da própria empresa e do mercado concorrente. Serra(2002)
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2. Conceito
Se analisarmos historicamente, de forma prática e por observação, o Business Intelligence já
era usado pelos povos antigos, os Fenícios, persas, egípcios e outros Orientais, que ao seu
modo já utilizavam Business Intelligence, cruzando informações como, por exemplo, o
comportamento das marés, posição dos astros, períodos de chuva e seca, tudo, de maneira a
facilitar a tomada de decisões, Antonelli (2009:80).
Trazendo para a realidade atual o Business Intelligence BI é expresso através do
conhecimento e previsão dos ambientes internos e externos à empresa, orientando as ações
gerenciais, tendo em vista a análise competitiva e da obtenção de vantagens competitivas.

3. Entendendo a empresa
Para se conquistar a vantagem competitiva é importante, antes de tudo, que a empresa se
reconheça estrategicamente, e esse reconhecimento se dá através do planejamento estratégico
e da análise competitiva.

3.1. Análise Competitiva


É uma metodologia que considera determinadas técnicas que fornecem as informações básicas
para o processo decisório inerente ao delineamento estratégico da organização Serra(2002).
Logo, pode-se inferir, que a vantagem competitiva é o resultado que se consegue obter no
mercado mediante a análise competitiva e o delineamento de estratégias para alcançar o
objetivo ou objetivos da empresa. Uma empresa deve sempre ter o foco em inovação, ter bons
recursos humanos, se manter estruturada financeiramente e ser capaz de suportar esforços e
tensões, independente de turbulências ou acomodações no mercado. A empresa deve estar
sempre pronta para se movimentar, inovar e aproveitar as oportunidades.

4. A tecnologia da informação TI e suas relações com relação a estratégias adotadas


A tecnologia da informação TI, deve contribuir para que a organização seja ágil, flexível e
forte e não deve atuar como ponto de apoio somente. No que diz respeito às pessoas, o poder
da internet está sendo subestimado por aqueles que gerenciam as empresas. Há certa
linearidade de pensamento: Primeiro se pensa no real, no físico, para na sequência se pensar
no virtual, para na sequência se pensar em inovação. Há também, um temor generalizado de
que atuar no meio virtual irá expor as informações estratégicas da empresa e que a internet vai
potencializar ainda mais seus defeitos e problemas.
É preciso entender que a tecnologia da informação TI modifica a forma que se interage com
clientes, fornecedores, parceiros, concorrentes de forma proativa e consistente, mas que
sozinha não gera resultado algum.
Desta forma, percebe-se que a tecnologia da informação TI tem uma grande influência na
administração por:
a) Propiciar a abertura de novos mercados;
b) Expor a empresa, seus serviços e produtos a uma comunidade muito mais
ampla;
c) Otimizar processos e reduzir trabalhos na produção, de serviços ou produtos;
d) Possibilitar um gerenciamento mais rápido e direto, encurtando distâncias e
diminuindo tempo, inteligência;
e) Facilitar a administração de dados, informações e conhecimentos, por
intermédio de banco de dados.

4.1 A estratégia de custos baixos mediante a aplicação da tecnologia da informação TI


A estratégia de custos baixos pode ser alcançada via TI no momento em que ela se propõe à:
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a) Otimizar e aumentar a produção de serviços e ou produtos;


b) Reduzir custos com mão de obra em toda empresa;
c) Permitir significativas reduções em estoques e contas a pagar;
d) Reduzir o retrabalho, e
e) Prover melhor utilização de materiais, tanto na produção quanto em outras
áreas da empresa.

4.2 A estratégia de diferenciação mediante a aplicação da tecnologia da informação TI


A estratégia de diferenciação pode ser alcançada via TI no momento em que ela se propõe à:
a) Permitir a diferenciação de valor adicional aplicado na ótica do cliente ao
longo de um ou mais aspectos da cadeia de valores;
b) Por prover uma qualidade notadamente superior ao serviço ou produto
produzido pela empresa e oferecido aos clientes com relação ao que mercado
concorrente pratica;
c) Por conseguir reduzir significativamente o tempo de resposta dada aos clientes;
d) Por permitir a adaptação do produto ou serviço de acordo com as necessidades
específicas dos clientes.

4.3 A estratégia de nicho de mercado mediante a aplicação da tecnologia da informação


TI
A estratégia de nicho de mercado pode ser alcançada via TI no momento em que ela se propõe
à:
a) Apontar necessidades especifica dos clientes mediante percepção analítica dos
dados e informações em operação;
b) Apontar novos mercados com base na experiência adquirida, e,
c) Propiciar a gestão online de dados e informações.

5. O Planejamento estratégico e o planejamento estratégico da tecnologia da informação


A maioria das empresas no Brasil não realiza o planejamento estratégico, e quando se é
realizado, o planejamento estratégico é a última atividade que é executada para o início do
exercício fiscal, normalmente, o planejamento estratégico da informação não é realizado, ou
não é realizado concomitante ao planejamento da empresa, em alguns casos, quando é feito,
se enfatiza de forma errônea a tecnologia da informação ou informática, como sendo, o
negócio principal da organização.
Determinar e enfatizar a importância do planejamento parece ser uma tarefa desnecessária ou
até mesmo uma discussão a respeito do óbvio, mas se não for feito as consequências nas
empresas serão:
a) Mudanças constantes de prioridades;
b) Impossibilidade de se analisar os benefícios e ou prejuízos advindos da gestão;
c) Mal dimensionamento de recursos advindos do processamento de dados e infra
estrutura;
d) Mal dimensionamento de recursos humanos;
e) Não entendimento do papel da tecnologia da informação no negócio final da
empresa;
f) Falta de orientação sólida na monitoria de dados e informações;
g) Retrabalhos;
h) Baixa da qualidade de produtos e ou serviços ofertados aos clientes e mercado.

Assim se percebe que de forma destacada, alheia, a tecnologia da informação TI, através da
administração de dados feita a toque de caixa, tem sido o caminho encontrado pelas
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organizações para viabilizar a execução de novas estratégias de negócios, com ênfase no


mercado e nichos de mercados, buscando a maior aproximação do cliente.
É preciso então, propor um norte, de tal forma que a empresa possa apresentar proposições,
valorizando os elementos inteligentes que a constituem, deliberando com informações
corretas e a tempo, existindo e agindo de forma a atender as necessidades de seus clientes e
mercado com a mais alta qualidade possível, acionando e administrando dados com
inteligência.

6. Administração de dados
A administração de dados pode ser definida como uma função responsável por desenvolver e
administrar o dado como um recurso estratégico da empresa, desta forma, a administração de
dados tem uma atuação ampla, ela deverá participar do planejamento estratégico de tal forma
que se permita, através de uma profunda análise, o atendimento dos objetivos dos negócios da
empresa.

6.1. Dado
O dado é um conjunto de letras, números ou dígitos que, tomado isoladamente, não transmite
nenhum conhecimento, ou seja, não contém um significado claro. Pode ser entendido como
elemento da informação. Pode ser definido como algo depositado ou armazenado Rezende
(2010:7). Como exemplos, podem ser citados: 11; 21de ; setembro; 99,90, José, Maria.
6.2. Informação
A informação é todo dado tratado ou trabalhado. Pode ser entendida como um dado com
valor significativo atribuído ou agregado a ele com um sentido natural e lógico para quem a
manipula Rezende (2010:8). Como exemplos, podem ser citados: Cor do automóvel, número
da conta bancária, data de nascimento.

6.2.1 O valor da informação


Segundo Moresi (2010:16) é possível admitir que a informação possua valor, é preciso definir
parâmetros capazes de quantificá-lo, o que não é uma tarefa trivial. Uma das maneiras é
realizada por meio dos juízos de valor, que, apesar de serem indefinidos, consideram que o
valor varia de acordo com o tempo e a perspectiva. Podem, em certos casos, ser negativos,
como acontece na sobrecarga de informação. Sob esta perspectiva, o valor da informação
pode ser classificado nos seguintes tipos (Cronin, 1990):

a) Valor de uso: baseia-se na utilização final que se fará com a informação;–
b) Valor de troca: é aquele que o usuário está preparado para pagar e variará de
acordo com as leis de oferta e demanda, podendo também ser denominado de
valor de mercado;
c) Valor de propriedade, que reflete o custo substitutivo de um bem;
d) Valor de restrição, que surge no caso de informação secreta ou de interesse
comercial, quando o uso fica restrito apenas a algumas pessoas.

Muitas vezes não é possível quantificar o valor da informação estabelecendo uma


equivalência a uma quantia em dinheiro. Por ser um bem abstrato e intangível, o seu valor
estará associado a um contexto. Assim, os valores de uso e de troca poderão ser úteis na
definição de uma provável equivalência monetária.

6.3. Conhecimento
O conhecimento é o conjunto de percepções humanas (tácitas) ou inferências computacionais
Rezende (2010:8). Como exemplos, podem ser citados: percepção da dificuldade de reversão
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de prejuízo futuro de uma atividade da organização; praticas que podem ser utilizadas em
virtude do cenário atual do mercado; concepção de quais materiais, equipamentos e pessoas
são vitais para um serviço ou produção.
De maneira geral, os dados e as informações se apresentam em grande volume atualmente e
que pode ser armazenados e acessados pelas mais variadas formas de comunicação. Já os
conhecimentos são mais difíceis de armazenar, acessar e compartilhar.
Desse modo, o conhecimento pode ser visto como informações repletas de experiência,
julgamento, insight e valores. Em última análise, quase todo conhecimento reside no
individuo. Por esse motivo, as organizações bem-sucedidas continuamente oferecem
oportunidades para que seus empregados ampliem os seus estoques de dados e transformem
em informações, Silveira (1995).
Desta forma se pode afirmar que os dados, informações e os conhecimentos não podem de
forma alguma ser confundidos com decisões, que são atos mentais advindos de um ou mais
objetivos que se deseja atingir Rezende(2010).

7. A inteligência organizacional
Entendido então, os elementos que constituem o verdadeiro valor de uma empresa, é preciso
então, saber como aplicar e como tirar proveito para a conquista dos objetivos. Em algumas
literaturas, pode-se dizer que uma organização é inteligente quando ela é capaz de identificar,
capturar, analisar, disponibilizar e usar de forma extensiva o dado, a informação e o
conhecimento em prol do seu objetivo maior.
Em uma concessionária inteligente a funcionária da limpeza vende carros, em uma escola
inteligente o porteiro também “ensina”, em um hotel inteligente se pode também “hospedar”
pessoas, Rezende (2011:6).
Esta “inteligência” existe e funciona de maneira independente da aplicação de software ou de
tecnologia da informação TI.

8. BUSINESS INTELLIGENCE na empresa


Numa avaliação, a grosso modo, o desafio de toda empresa é dispor de elementos e
ferramentas necessárias para a análise dos fatos relacionados a seu objetivo principal, de
modo que, os recursos humanos possam detectar tendências e tomar decisões eficientes e no
devido tempo.
A inteligência de negócios (Business Intelligence – BI) é então, o resultado de um processo
que começa com a coleta de dados, esses dados são então armazenados, organizados e
transformados em informação, que, depois de analisada e contextualizada, transforma-se em
conhecimento, conhecimento este que na medida em que é compartilhado e trabalhado resulta
na inteligência. Esta, por sua vez, aplicada a processos de decisão gera vantagens
competitivas para a organização, como é mostrado, Medeiros(1999:191).

Dado Informação Conhecimento Inteligência


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Figura 1 – Cadeia do processo de inteligência


Fonte: Figura produzida pelo o autor (2014)

O Business Intelligence como é percebido atualmente, foi idealizado na década de 1970,


quando alguns software e computadores foram disponibilizados aos analistas de negócios das
empresas, ocorre que naquela época a utilização de recursos de tecnologia da informação era
extremamente caro, não havia mão de obra especializada, e não havia o conceito de
informação em tempo real como temos hoje em dia, tornando o processo quase que
inexistente.
A partir do surgimento e da democratização da microinformática, na década de 1980, dos
bancos de dados relacionais, da internet, aliada as crescentes necessidades dos clientes e
mercados, houve também um aumento e melhora no fornecimento de software e metodologia
para Business Intelligence.
Com esta evolução foi possível a um custo razoável:
a) Extrair e integrar dados de diversas fontes;
b) Analisar dados de forma contextualizada;
c) Procurar relações entre causa e efeito;
d) Trabalhar hipóteses;
e) Transformar os dados e informações em conhecimento útil;
f) Antecipar ações dos competidores;
g) Descobrir novos ou potenciais competidores;
h) Aprender com os sucessos e as falhas dos outros;
i) Conhecer melhor as empresas que possam vir a ser adquiridas ou parceiras;
j) Conhecer sobre novas tecnologias, produtos ou processos que tenham impacto
no seu negócio;
k) Conhecer sobre política, legislação, ou mudanças que possam afetar o
negócio;
l) Entrar em novos negócios.
No fluxo do Business Intelligence podemos ressaltar três pontos básicos e primordiais:
a) O dado e a informação devem ser armazenados e disponibilizados de forma
perene;
b) O processo de inteligência competitiva deve ser permanente;
c) As referências mudam constantemente, logo, elas precisam ser avaliadas
constantemente.
Seguindo a definição de diversos autores, o Business Intelligence pode ser visto com uma
pirâmide, sendo que as quatro faces possuem os seguintes elementos:
Face 1 – Pessoas – Seleção, treinamento, alocação e gestão das pessoas que irão atuar
em Business Intelligence na empresa;
Face 2 – Processos – São os processos definidos e documentados aplicados em
Business Intelligence;
Face 3 – Informações – Conjunto de dados e informações existentes no universo de
registros e interesses da empresa, os quais serão manipulados pela Face 1 utilizando a
Face 2;
Face 4 – Tecnologia – Toda infra estrutura de tecnologia da informação TI aplicada
para suportar os processos de Business Intelligence na empresa.
O processo de planejamento e operacionalização do sistema, por meio do "ciclo de
inteligência", que leva em conta aspectos como abrangência do ambiente competitivo e
planejamento estratégico da empresa devem segundo a maioria dos autores serem compostas
de:
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Figura 2 - Ciclo de inteligência


Fonte: Figura criada pelo próprio autor(2014) segundo Serra(2002:79)

Etapa 1 – Planejamento e direção – Nesta etapa são definidas as bases para o sistema. É
extremamente importante a participação da alta gerência nesta etapa, deve se formalizar um
termo de adesão e envolvimento da direção, no caso de micro e pequena empresa, dos sócios
que gerem o negócio, de tal forma que o processo não seja interrompido.
Nesta etapa define-se que usos terá o sistema, que necessidades da empresa este sistema irá
atender, quais atores (clientes, fornecedores, pessoas, departamentos, etc) serão envolvidos e
com qual finalidade.
É recomendado um sistema de Business Intelligence descentralizado, essa configuração torna
a organização mais sensível às mudanças do mercado e permite respostas mais rápidas às
oportunidades e ameaças, Serra(2010).

Etapa 2 – Coleta, Pesquisa e coleta de informações – Nesta etapa são definidas as fontes
para a busca de informações para o atendimento às necessidades levantadas na etapa 1, bem
como de ferramentas para o tratamento e armazenamento dessas informações.
São ferramentas de Business Intelligence segundo Serra (2002:79):
a) Database marketing, CRM;
b) Data mart, data warehouse, OLAP, data mining;
c) Webhouse;
d) Balanced scorecard.

Alguns critérios para a organização e disseminação de dados, devem ser seguidos e


observados:
a) A entrada de dados no software deve ser fácil;
b) A consulta de dados no software deve ser fácil;
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c) O software precisa estar apto para receber todas as informações coletadas,


como figuras, gráficos e brochuras;
d) O software precisa ser dimensionado para crescer de acordo com o crescimento
dos sistemas de informação;
e) As informações devem ser precisas. Informações baseadas em suposições,
rumores, estimativas, precisam ser notificadas como tal;
f) O software deve ser centralizado, embora cada setor poss ter a possibilidade de
acessar essas informações e migrar para sua base de dados local. Tais dados e
informações devem ser qualquer novo cruzamento ou filtragem de informação que
eles tenham feito;
g) O sistema deve dispor de mecanismos de segurança que evitem o acesso a
usuários não autorizados, Herring J.P (1989).

2.1. Ferramentas de extração


A extração transformada de dados ou ETL, termo original da língua inglesa Extract
Transform Load, que tem como objetivo trabalhar com toda a parte de extração de dados de
fontes externas e internas, estas extrações ocorrem por meio de ferramentas de Back End,
estas ferramentas são fundamentais para o processo de Business Intelligence, e são
responsáveis pela preparação dos dados a serem armazenados em no Data Warehouse.
Segundo Barbieri (2001) o processo de ETL se resume basicamente em 5(cinco) passos:

a) Identificação da origem dos dados a serem coletados, sendo que as fontes


podem estar espalhadas em diversos sistemas transacionais e banco de dados da
organização;
b) Realizar a limpeza dos dados para possibilitar posterior transformação, e nesta
etapa ocorre os ajustes nos dados, com o intuito de corrigir imperfeições com o
objetivo de oferecer um melhor resultado para o usuário final;
c) A terceira etapa é de transformação dos dados e tem por objetivo fazer a
padronização dos dados em um único formato;
d) A fase seguinte é de carga dos dados para o Data Warehouse;
e) Por fim, existe a etapa de atualização dos dados no DW (refresh), realizada a
partir das alterações sofridas pelos dados nos sistemas operacionais da organização.
Segundo Primak (2008, p. 63), é importante salientar que “que a etapa de ETL é uma
das mais críticas de um Data Warehouse, pois envolve a fase de movimentação dos
dados”.

Etapa 3 – Análise e contextualização – Nesta etapa os dados e informações coletados na


etapa anterior, sem uma aparente conexão entre si, são analisadas pelos especialistas da área,
devem as mesmas verificar a consistência das informações, estabelecer relações e avaliar o
impacto na empresa.
Esta etapa é complexa e, uma boa seleção de pessoal deve ser feita, sob-risco de uma das
faces da pirâmide (Face 1 - Pessoas), já mencionada neste artigo, não funcionar, então, é de
vital importância que se observe durante o processo de seleção e contratação:
a) O nível de conhecimento do negócio da pessoa contratada da fazer parte da
equipe;
b) O nível de conhecimento em recursos tecnológicos da pessoa contratada para
fazer parte da equipe.

Com dados e informações armazenadas e catalogadas por período, e principalmente com uma
boa equipe, é necessário então saber tratar e extrair com perguntas inteligentes, objetivas e
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com foco no objetivo da empresa. Apresento duas tabelas com perguntas com focos definidos
como exemplos para extração, tratamento e análise de dados e informações com foco
estratégico:

Fidelidade – Perda de clientes mais lucrativos. Quais? Por quê?


Custo – Qual o custo para manter programas de manutenção de clientes e fornecimento de bônus ou tabelas
especiais de vendas?
Preço – Qual é o impacto do fornecimento de bônus ou tabelas especias no preço final de vendas por família
de produtos?
Planejamento – Início e fim do programa de bônus?
Telemarketing e e-mail marketing – O que gerará mais resultado para a manutenção do cliente?
Tabela 1 – Utilização de Business Intelligence na análise de perda de clientes
Fonte: O próprio autor (2014)

Exclusividade – Quantos clientes citaram ou mencionaram algo parecido?


Demanda – A região (geográfica) demanda por este tipo de produto ou serviço?
Preço – O preço da solução compensará o investimento do cliente? Ou é desejo pessoal?
Concorrência – Em quanto tempo a concorrência conseguirá algo similar? Já existem concorrentes?
Investimento: Temos pessoal preparado para este novo nicho? Temos infraestrutura? Teremos impacto na
produção atual?
Tabela 2 – Utilização de Business Intelligence na análise para novo nicho
Fonte: O próprio autor (2014)

Observe que uma boa estratégia começa sempre com suposições do que se quer encontrar ou
chegar: “Se mudarmos a matéria-prima X, qual será a qualidade final esperada do produto
YX?”, “Se mudarmos a matéria-prima X e a qualidade final esperada for atingida para o
produto YX, qual impacto terá no mercado consumidor?”, observe a importância do recurso
humano que irá propor as questões e qual deve ser seu nível de conhecimento do negócio. É
possível então afirmar que o sucesso na implantação de Business Intelligence não está ligado
diretamente à tecnologia, ela é importante, mas não é o fator preponderante.

Como elaborar perfis com um banco de dados?


Como ampliar o valor de tempo de vida do consumidor?
Como descobrir novos consumidores?
Como compreender o consumidor?
Qual perfil de consumo do meu cliente?
Tabela 3 – Quais estratégias devem ser observadas em um Data Marketing
Fonte: O próprio autor (2014) segundo o que propõe Serra(2002:92)

Etapa 4 – Disseminação e uso – Nesta etapa encerra-se teoricamente o ciclo de Business


Intelligence, quando disponibiliza o resultado do processo para os usuários da Inteligência.
É muito comum se acreditar que o produto final do processo de Business Intelligence seja o
resultado apurado, na verdade ele é o ponto de partida para implementação das estratégias
para vantagens competitivas. Um erro muito comum é dispender muita energia durante todo o
processo e não saber ou não se ter como aplicar tudo que foi apurado na análise competitiva.

Etapa 5 – Gestão e avaliação – Nesta etapa todas as outras etapas anteriores são analisadas
de forma vertical, de tal forma que se garanta o sucesso e melhoria contínua do processo.
Além das soluções voltadas aos gerentes e diretores, deverá ser elaborada e implementada
uma forma de disseminação para todos envolvidos no processo, através de reuniões, intraweb
ou a forma que for mais rápida e interessante para a empresa.

10. Fatores críticos para o sucesso


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Entende-se como fatores críticos de sucesso, na língua inglesa Critical Success Factor (CSF),
os pontos chave que definem o sucesso ou o fracasso de um determinado objetivo definido
mediante um planejamento na empresa. Os fatores que podem impactar diretamente o sucesso
da implantação de Business Intelligence estão relacionados tipicamente à: Recursos humanos,
qualidade dos dados, qualidade das informações, integração e cooperação.

11. Dificuldades na implementação do Business Intelligence


Segundo Antonelli (2009:84) na implementação do Business Intelligence muitas barreiras
devem ser transpostas, garantindo assim o sucesso do projeto. Muitos fracassos ocorreram
mostrando que a implementação do Business Intelligence deve ser muito bem planejada.
Desta forma, de acordo com Primak (2008:95) as dificuldades em uma implementação de
Business Intelligence estão ligadas à:
a) Dados operacionais dispersos, e muitas vezes incoerentes com a organização;
b) Deficiência dos sistemas utilizados pelas organizações, que não armazenam dados
úteis para futura tomada de decisão;
c) A organização não reconhece as necessidades de informações, e só reconhece quando
muitas vezes é tarde demais;
d) A falta de conhecimento dos gestores pode deixar um projeto de Business Intelligence
sem utilidade prática;
e) Necessidade de uma boa inter-relação entre a área de negócio com a equipe de
tecnologia da informação;
f) As ferramentas técnicas operacionais da atualidade são dispersas e ineficientes, e
necessitam de uma reconstrução para serem utilizadas para o Business Intelligence;
g) A obtenção de informações de diversas fontes externas é feita de uma maneira que a
relação custo benefício pode não ser favorável;
h) Alguns projetos falham em decorrência de uma adoção de hardware e software
equivocada;
i) Muitos problemas podem ocorrer devido à falta de experiência e conhecimento do
fornecedor da ferramenta de Business Intelligence;
j) O tratamento dos dados (ETL) e o armazenamento (Data mart, data warehouse) é um
processo que deve ser bem planejado, em decorrência de ser trabalhoso e complexo,
necessitando de profissionais de alto gabarito para garantir o sucesso desta etapa;
k) Simples erros na elaboração e desenvolvimento de um Data mart podem ser fatais e
trazerem resultados negativos ao projeto;
l) Dificuldade de realizar o nivelamento entre o Business Intelligence e a gestão do
conhecimento da organização;
m) O custo para implementação de um projeto de Business Intelligence não é acessível.

12. Conclusão
Conforme apresentado neste artigo, pode-se perceber que o processo de implantação de
Business Intelligence é complexo e que demanda muita dedicação e paciência do
empreendedor. Os problemas diários associados à inabilidade em gerenciar o conhecimento
também estão inviabilizando o uso do Business Intelligence em micro e pequenas empresas, e
com isso, estão aumentando também os riscos da gestão. É comum observar a reclamação das
empresas que a falta de habilidade do usuário final seja uma barreira para o uso do Business
Intelligence tradicional, ainda, se observa, que a maioria das empresas se apoiam em seus
próprios departamentos de tecnologia da informação TI ou nas empresas fornecedoras de
software para a solução de um problema que é ligado à gestão do negócio e não de tecnologia.
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Então fica o dilema: É preferível gerir os negócios à cegas ou somente com dados
operacionais e com isso perder mercado e lucratividade ou é preferível investir, tempo,
dedicação e valores na implantação de Business Intelligence?
As vantagens que advêm da utilização de Business Intelligence têm a ver com o
armazenamento correto dos dados e informações, com a preparação dos colaboradores da
empresa, para que os mesmos sejam também analistas do negócio, para então, executar a
correta extração e acesso a informações de qualidade que permitam que as empresas
conheçam melhor a sua realidade, quer seja interna, quer seja externa, permitindo-lhes obter
indicadores preciosos para melhorar e ou corrigir o desempenho da sua atuação, gerando uma
mentalidade de melhoria continua e de inovação tão necessária ao seu crescimento.
Mas é somente a empresa que ganha? E os clientes? O que ganham? Ganham produtos e
serviços com qualidade e adequados à realidade, ninguém gosta de ser incomodado por
vendedores que tentam empurrar produtos ou serviços que não lhe são convenientes no
momento. É preciso atuar com inteligência sempre, é preciso saber o momento certo de
ofertar novos produtos ou serviços. Se há uma falha no timming de atendimento toda empresa
paga por esta falha, em contrapartida, se a abordagem ocorre no momento correto, em que o
cliente procura um produto ou um serviço a satisfação é garantida. Então, num mercado onde
há uma extrema competitividade, estar no lugar certo e no momento certo é fundamental para
o sucesso e para a sobrevivência da empresa e o Business Intelligence se compromete a
resolver esta demanda.
Por fim a recomendação deste artigo é também a de não se avaliar o Business Intelligence
como um custo, mas como um investimento que trará bons frutos a médio e longo prazo.

Referências

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Ferramenta de Auxílio à Tomada de Decisão , Revista TECAP - Número 03 - Ano 3 -
Volume 3 - 2009 anual. Link:
http://revistas.utfpr.edu.br/pb/index.php/CAP/article/viewFile/933/544

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MORESI, Eduardo Amadeu Dutra. Delineando o valor do sistema de informação de uma


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