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AS PRINCIPAIS ALTERAÇÕES TRAZIDAS PELA LEI 14.

470/2022

Trata-se da Lei nº 14.470, que foi promulgada em 2022,


tornando-se um marco na defesa da ordem econômica brasileira, uma
vez que que modifica a Lei Brasileira de Defesa da Concorrência
(LBDC) ou Lei 12.529 de 2011.
A modificação em questão teve como objetivo aprimorar a
situação da repressão de infrações à ordem econômica no Brasil,
por meio da alteração do teor do artigo 47 da lei 12.529 e da
adição de novos artigos, os artigos 46-A e 47-A.
As principais mudanças podem ser descritas da seguinte forma:

- REPARAÇÃO EM DOBRO
A nova redação introduz o pagamento de dano em dobro, com base
em outras jurisdições, prevendo o ressarcimento em dobro aos
prejudicados em razão de infrações à ordem econômica.
Respectivo pagamento em dobro também será aplicado àqueles que
promoverem, obterem ou influenciarem a adoção de conduta comercial
uniforme entre concorrentes.

- PARA OS SIGNATÁRIOS DE ACORDOS COM O CADE


Os signatários beneficiados com acordos de leniência ou Termo
de Compromisso de Cessação (“TCC”) com o Conselho Administrativo
de Defesa Econômica (“CADE”), não serão solidariamente
responsáveis pelos danos causados pelos outros autores da
infração, respondendo apenas pelos danos causados aos
prejudicados.
Eles também não têm a obrigação de ressarcir os danos em dobro
e podem ser beneficiados com a redução da sua pena.

- AUSÊNCIA DE PRESUNÇÃO DO REPASSE DE SOBREPREÇO


Com o advindo desta nova legislação, o magistrado não pode
mais presumir que a empresa lesada repassou o sobrepreço aos seus
próprios produtos e serviços.
Sendo assim, a alegação de que houve repasse de um eventual
valor acima dos níveis de mercado (“pass-on defense”) e a prova de
sua ocorrência devem ser de responsabilidade dos réus, que devem
demonstrar que os autores das Ações de Reparação de Danos
Concorrenciais (ARDCs) não absorveram o prejuízo material
decorrente da conduta.

- MUDANÇA DO PRAZO PRESCRICIONAL


A lei em questão alterou o prazo de prescrição, aumentando de
03 para 05 anos. A data de início da prescrição é a ciência
inequívoca do ilícito, que é determinada pela publicação da
decisão final do Conselho Administrativo de Defesa Econômica
(CADE) sobre a ocorrência do delito.
Esse já era o entendimento predominante nos tribunais,
pois é nesse momento que as pessoas passam a ter ciência da
existência do ilícito e, consequentemente, a possibilidade de
procurar o devido ressarcimento na esfera judicial.
Essa conclusão confere vigência ao princípio da
irretroatividade das normas para proteção à segurança jurídica,
impedindo que a lei 14.470/22 alcance fatos ocorridos antes da sua
vigência.

- DA TUTELA DE EVIDENCIA
A nova norma prevê que a decisão condenatória do Tribunal do
CADE será apta a fundamentar a concessão da tutela de evidência,
ao constituir título executivo extrajudicial, permitindo ao juiz
decidir liminarmente nessas ações mesmo que não haja perigo de
dano ao autor da Ação de Reparação de Danos Concorrenciais (ARDC

Após um breve resumo, chegamos à conclusão de que a


promulgação desta lei reforça a legislação concorrencial, fazendo
com que o Brasil se alia a outros países que fazem uso extensivo
deste recurso, promovendo interesses privados através de ações
judiciais, ao mesmo tempo em que incentiva a celebração de acordos
com o CADE para amenizar as condutas anticompetitivas.

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