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Curso de Direito

Direitos Constitucional II
Professora Natália Pinheiro

Unidade II – Poder Legislativo – Parte 3


Processo legislativo
Conjunto de atos voltados à elaboração de leis nos termos em que estabelecem os
artigos 59 a 69, CF.

1. Etapas do processo legislativo

Fonte: Câmara dos Deputados


• Sistema Bicamerial – Projetos de Los, LCs, PECs, MPs e decretos legislativos
têm tramitação nas duas Casas;
• A maior parte dos projetos inicia na Câmara dos Deputados – arts. 64 c/c 61,§2º,
CF – com exceção dos projetos propostos por senadores ou comissões do Senado.
• As disposições gerais a seguir acerca do processo legislativo levam em
consideração a tramitação de projetos de lei ordinária, que abrange a maior parte
dos projetos.
• O processo legislativo é composto pelas etapas de: iniciativa, apreciação, sanção
e veto presidenciais, promulgação e publicação.
• Grande parte da regulamentação do processo legislativo está nos Regimentos
Internos das Casas legislativas.

1. Iniciativa Legislativa

• Projetos de lei de iniciativa disciplinada no art. 61, CF


• Iniciativa Legislativa da Presidência – forte característica do presidencialismo
brasileiro que permite ao Executivo desempenhar poder de agenda sobre o
Legislativo
▪ Comum;
▪ Reservada/Privativas – art. 61, §2º e art. 165, I a III, CF
• Iniciativa privativa de tribunais – art. 96, II, CF e art. 93, CF
• Iniciativa privativa do Ministério Público – art. 127, §2º, CF
• A Câmara dos Deputados e o Senado Federal têm a iniciativa privativa para leis
que fixem a remuneração dos servidores incluídos na sua organização - arts. 51,
IV, e 52, XIII, CF
• Iniciativa popular – Art. 14, III e 61, §2º, CF

2. Apreciação
• Envolve: análise nas Comissões, propostas de Emendas, discussão,
votação e revisão pela outra Casa legislativa.
Análise nas Comissões
• Depois de apresentado, o projeto é distribuído pelo presidente da Câmara
dos Deputados para as comissões temáticas que tratam dos assuntos
correlatos a ele, até três no máximo. Essas são chamadas “comissão de
mérito”, pois analisam o mérito de cada proposta. A Câmara tem 30
comissões permanentes. Em cada comissão, o projeto é analisado por um
relator, que recebe e analisa as sugestões (emendas) dos deputados. Ele
pode alterar a proposta ou não. Depois de votado o parecer do relator, o
projeto segue para a comissão seguinte.
(https://www.camara.leg.br/entenda-o-processo-legislativo/)
• As comissões de Finanças e Tributação (CFT) e de Constituição e Justiça
e de Cidadania (CCJC) são as últimas a analisar os projetos. As propostas
que criam gastos ou tratam de finanças públicas passam pela CFT, que
avalia se estão adequadas ao Orçamento federal. Todas as propostas
passam por último pela CCJC, que avalia se estão de acordo com a
Constituição. Essas análises são chamadas de admissibilidade. Se a CFT
ou a CCJC considerarem que a proposta não pode ser admitida, por
não estar adequada ao Orçamento ou por ser inconstitucional, ela será
arquivada. Essas duas comissões também podem analisar o mérito dos
projetos, caso tenham sido designadas para isso.
(https://www.camara.leg.br/entenda-o-processo-legislativo/)
• A maioria dos projetos em tramitação na Câmara só precisa passar pelas
comissões. Ou seja, tem tramitação conclusiva nas comissões. Se forem
aprovados por todas elas, vão direto para o Senado – ou para sanção
presidencial, se já tiverem passado pelo Senado. Se forem aprovados por
algumas e rejeitados por outras, vão para o Plenário.
(https://www.camara.leg.br/entenda-o-processo-legislativo/)
▪ Art. 58, §2º, I, CF
▪ Passam pelo Plenário – no caso de LOs – os códigos; as de
iniciativa popular; propostas das Comissões; as hipóteses do art.
68, §1º, CF; modificados pela Casa revisora; regime de urgência.

• Emendas – supressiva; aglutinativa; substitutiva; modificativa; aditiva.

Art. 118. Emenda é a proposição apresentada como acessória de outra, sendo a


principal qualquer uma dentre as referidas nas alíneas a a e do inciso I do art.
138.
§ 1º As emendas são supressivas, aglutinativas, substitutivas, modificativas ou
aditivas.
§ 2º Emenda supressiva é a que manda erradicar qualquer parte de outra
proposição.
§ 3º Emenda aglutinativa é a que resulta da fusão de outras emendas, ou
destas com o texto, por transação tendente à aproximação dos respectivos
objetos.
§ 4º Emenda substitutiva é a apresentada como sucedânea a parte de outra
proposição, denominando-se "substitutivo" quando a alterar, substancial
ou formalmente, em seu conjunto; considera-se formal a alteração que vise
exclusivamente ao aperfeiçoamento da técnica legislativa.
§ 5º Emenda modificativa é a que altera a proposição sem a modificar
substancialmente.
§ 6º Emenda aditiva é a que se acrescenta a outra proposição.
§ 7º Denomina-se subemenda a emenda apresentada em Comissão a outra
emenda e que pode ser, por sua vez, supressiva, substitutiva ou aditiva, desde
que não incida,
a supressiva, sobre emenda com a mesma finalidade.
§ 8º Denomina-se emenda de redação a modificativa que visa a sanar vício de
linguagem, incorreção de técnica legislativa ou lapso manifesto.

• Nos casos de leis que cuidam de matéria orçamentária, é também possível


a emenda parlamentar, mas com certas ressalvas. Nas leis de orçamento
anual, as emendas devem ser compatíveis com o plano plurianual e com a
lei de diretrizes orçamentárias. Devem, ainda, indicar os recursos
necessários para atendê--las, por meio de anulação de outras despesas
previstas no projeto. Não podem ser anuladas despesas previstas para
dotações para pessoal e seus encargos, serviço da dívida e transferências
tributárias constitucionais para Estados, Municípios e Distrito Federal, nos
termos do art. 166, § 3º, da Constituição. O § 4º do mesmo dispositivo
cobra a compatibilidade da emenda ao projeto de diretrizes orçamentárias
com o plano plurianual. (MENDES; BRANCO, p. 485)
Discussão e votação
• Os projetos de leis ordinárias, quando apreciados em plenário, passam por
turno único de discussão e votação.
• Encerrada a discussão, inicia-se a votação.
• Discussão e votação em geral ocorrem considerando o todo do projeto,
mas pode ser dividida por título, capítulo, seção, artigos, etc.
o É possível que haja destaques. Nesse caso, os parlamentares
aprovam o texto principal do projeto e “destacam” alguns trechos
para votação posterior. Normalmente, essas votações posteriores
servem para confirmar ou retirar alguns trechos do texto da
proposta. Também podem ser destacadas emendas, para alterar o
texto.
• A votação pode ser simbólica ou nominal. A votação é ostensiva, sem
sigilo, salvo expressa previsão regimental. Se o projeto for de proposição
que requer quórum especial de votação, será nominal.
• Em regra, as votações requerem que estejam presentes a maioria absoluta
dos parlamentares, contabilizando-se apenas os votos válidos.
Revisão
• Aprovado na Casa iniciadora, em geral a CD, o projeto segue para a Casa
revisora, em geral o Senado.
• Se aprovado na Casa revisora sem emendas, segue para sanção.
• Se rejeitado na Casa revisora, é arquivado. Só podendo ser apresentado
outro projeto de mesmo teor e na mesma sessão legislativa mediante
proposta da maioria absoluta dos membros de uma das Casas – Art. 67,
CF.
• Se for modificado pela Casa revisora, volta para que a Casa iniciadora
aprecie as mudanças. Tanto em caso de aprovação como de rejeição, segue
para a sanção.

3. Sanção e vetos presidenciais

• Se o Presidente concordar, sanciona o projeto – art. 66, CF.


• A sanção pode ser explícita ou tácita, caso a Presidência não expresse sua
posição em 15 dias.
• Poderá vetar se o considerar (i) inconstitucional – veto jurídico - ou (ii)
contrário ao interesse público – veto político – art. 66, §1º, CF.
• O veto pode ser total ou parcial. Contudo, sendo parcial, deve abranger
texto integral de artigo, parágrafo, inciso ou alínea.
• O veto é sempre explícito. Uma vez vetado, segue-se para apreciação do
Congresso Nacional em sessão conjunta para que, dentro de trinta dias a
contar de seu recebimento, seja apreciado, só podendo ser rejeitado pelo
voto da maioria absoluta dos Deputados e Senadores – art. 66, §4º, CF
• Se o veto for rejeitado pelo CN, segue apenas para promulgação do
Executivo.

O STF entendeu, no passado, que a sanção ao projeto que


surgiu de usurpação da iniciativa privativa do Presidente da
República sanava o vício, suprindo a falta da iniciativa correta
(Súmula 5/STF). A Súmula 5 foi objeto de críticas diversas,
como a de que ela não atentaria para que o vício de
inconstitucionalidade ocorrido em uma etapa do processo
legislativo contamina de nulidade inconvalidável a lei que dele
surge, bem assim a de que o Presidente da República não pode
desvestir--se das prerrogativas que a Constituição lhe assina.
Objetou--se, mais, que a tese sumulada pode provocar o
embaraço político ao Chefe do Executivo, o que a Constituição
quis precisamente evitar, ao lhe reservar a iniciativa do
projeto536. A Súmula, afinal, embora nunca tenha sido
formalmente cancelada, foi sendo relegada na prática, até que
se firmou que a inteligência sumulada não é mais aplicável537.
Portanto, hoje, tem--se por certo que mesmo vindo o Chefe do
Executivo a sancionar lei com vício de iniciativa, o diploma
será inválido. (MENDES; BRANCO, p. 485)

4. Promulgação e publicação
• O projeto sancionado, deve ser promulgado em 48 horas.
• Uma vez promulgada, a lei segue para publicação

REFERÊNCIAS

FIGUEIREDO, Argelina Cheibub Executivo e Legislativo na nova ordem constitucional


/ Argelina Cheibub Figueiredo e Fernando Limongi. — 2ª ed. — Rio de Janeiro: Editora
FGV, 2001.

MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito


Constitucional. 17. ed. São Paulo: Saraiva, 2022.

SILVA, Virgílio Afonso da. Direito Constitucional Brasileiro. São Paulo: Editora da
Universidade de São Paulo, 2021.

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