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Preparo e restaurações em amálgama

Preparo e restaurações em amálgama por meio de um tratamento expectante.

• Quando o dente sofre um processo destrutivo • Neste tipo de técnica há a permanência de


por lesão de cárie ou fratura ele deve ser uma camada residual de dentina afetada nas
preparado para receber um material paredes de fundo do preparo.
restaurador.
• A dentina que permanece na cavidade pode
• Alguns de seus conceitos são relevantes, ser remineralizada se as paredes circundantes
porém, em função da evolução técnico estiverem rígidas para que possa ocorrer um
científica torna-se necessário adequá-los às vedamento adequado da restauração.
condições atuais.
• Para a abertura inicial e acesso à lesão de
1- Princípios biomecânicos dos preparos cárie devem ser utilizadas pontas diamantadas
em turbina de alta rotação, com refrigeração, e
cavitários para restaurações diretas em
para remoção do tecido cariado devem ser
amálgama
utilizadas brocas em contra-ângulo de baixa
rotação, ou colheres de dentina.
• Os preparos para amálgama precisam atender
uma série de princípios biológicos e
• Os tamanhos das colheres de dentina, pontas
mecânicos, são menos conservadores que os
ou brocas devem ser compatíveis com o
preparos para restaurações com resina
tamanho da lesão de cárie que será removida.
composta que só precisam atender aos
Quanto maior o tamanho, menor o risco de
princípios biológicos.
exposição pulpar.

• Isso significa que nas restaurações com


• As pontas ou brocas devem ser descartadas
resina composta o material restaurador
após quatro preparos de cavidade tipo MOD
adapta-se ao preparo. Enquanto, nas
restaurações com amálgama a cavidade
- Princípios mecânicos:
precisa ser adaptada.

• As cavidades para restaurações com


- Princípios biológicos:
amálgama devem ser retentivas, para que o
material não sofra deslocamento durante a
• promover acesso adequado à lesão e remover
função, é possibilitar resistência adequada ao
o tecido cariado.
conjunto dente-restauração.

• A remoção de tecido cariado deve ser


2- Classificação das ligas para amálgama
prioritariamente total, deixando a cavidade
isenta de tecido amolecido.
• Atualmente, as ligas para amálgama são
classificadas em:
• A dureza e a consistência da dentina devem
ser o critério ainda empregado para a remoção
- Função do conteúdo de cobre,
do tecido cariado.

- Conteúdo de zinco
• Porém, quando for observado que a cavidade
está muito profunda, com risco de exposição
- Formato das partículas.
pulpar, deve ser feito o selamento temporário
2.1- Quanto ao conteúdo de cobre • O formato inerentemente irregular das
partículas exige mais mercúrio para reação de
- Ligas com alto teor de cobre: amalgamação e necessitam de mais pressão
durante a condensação, o que requer
• apresentam uma quantidade maior que 6% em condensadores com diâmetro menor.
peso.
• Apresentam resistência à compressão de 45
• A adição de cobre na forma eutética (Ag3Cu2), MPa.
promove a reação do mercúrio com a prata,
formando a gama 1, que é mais resistente que a - ligas com partículas esféricas:
gama 2, e a reação do cobre com o estanho,
reduzindo ou eliminando a fase gama 2. • Uma quantidade menor de mercúrio é
necessária, uma vez que há uma melhor
• Em essência, a redução ou eliminação da fase justaposição entre as partículas, com espaços
gama 2 resulta em um amálgama mais menores para serem ocupados pelo mercúrio.
resistente à compressão, à corrosão e menos
sujeito à deformação sob pressão (redução do • Apresentam menos resistência à
¨creep¨). condensação, uma vez que as partículas rolam
umas sobre as outras, frente à pressão de
- Ligas convencionais ou com baixo teor de condensação, por isso são necessários
cobre: condensadores com diâmetro maior, que geram
menos pressão sobre o material.
• apresentam uma quantidade menor que 6% de
cobre em peso, ocorre a formação indesejável • As ligas esféricas com alto conteúdo de cobre
da fase gama 2. apresentam resistência à compressão de 250
MPa.
2.2- Quanto ao conteúdo de zinco
3- Vantagens
- Ligas com zinco:
• Resistência ao desgaste
• apresentam uma quantidade maior que 0,01%
de zinco em peso. • Vedamento marginal aumentado com o tempo
(devido à deposição de produtos de sua
• Esse tipo de liga não pode ter contato com a corrosão na interface dente-restauração que
umidade presente no meio durante a leva cerca de 6 meses para ocorrer
manipulação, pois podem sofrer ¨expansão
tardia ̈, que consiste no aumento volumétrico • Biocompatibilidade
da restauração pela liberação de hidrogênio
decorrente da reação entre a água e o zinco. • Comprovada longevidade clínica

• O zinco diminui a friabilidade, diminui o ̈creep ̈ • Facilidade de manipulação (técnica menos


e aumenta as propriedades mecânicas do sensível que para resina composta)
amálgama.
• Baixo custo
- Ligas sem zinco:
4- Desvantagens
• apresentam uma quantidade igual ou menor
que 0,01% de zinco em peso. • Estética – é a grande limitação na era da
odontologia estética
2.3- Quanto ao formato das partículas
• Presença de mercúrio

- ligas tipo limalha ou irregular:


• Margem frágil (quando em pequena => Forma de Retenção
espessura, por isso o preparo não deve
apresentar bisel) => Forma de Conveniência

• Preparo específico para reter o material (que => Remoção de Tecido Cariado
promove o desgaste de estrutura dental sadia)
=> Acabamento das Paredes de Esmalte
• Possibilidade de oxidação e corrosão
=> Limpeza da Cavidade
• Condutor de calor (requerendo, portanto,
isolamento térmico nas cavidades) Três aspectos é suficiente para a confecção de
um preparo que atenda aos requisitos do
• Sofre ação da corrente galvânica preparo cavitário para restaurações de
amálgama:
• Não possui adesão à estrutura dental.
• retenção,
5 – Preparo cavitário classe I para
restaurações diretas em amálgama • resistência do material

• A definição de cavidades classe I inclui lesões • resistência do remanescente dental.


e cavidades na região do cíngulo dos incisivos
superiores (face palatina), nas regiões de Retenção:
cicatrículas e fissuras dos pré-molares e
molares (face oclusal) e nos 2/3 oclusais das • Cavidades com profundidade igual ou maior
faces vestibulares e linguais/palatinas de que o istmo vestibulolingual são consideradas
molares. autor retentivas, portanto as paredes
circundantes podem ser paralelas entre si.
• Antes do início dos preparos cavitários os
contatos oclusais devem ser registrados e • Cavidades mais largas do que profundas são
memorizados, para que o término da cavidade consideradas expulsivas e, nesse caso, as
esteja fora dos contatos oclusais. paredes vestibulares e linguais/palatinas
devem ser convergentes para oclusal.
• Idealmente, não devem existir contatos
exatamente na interface dente-restauração, • Essa convergência é obtida com a utilização
visto que aumenta o risco de fratura e posterior de brocas 329 ou 330 com forma de cone
infiltração marginal. invertido.

• A marcação dos contatos oclusais deve ser • As paredes mesial e distal devem ser
realizada com papel articular e pinça Muller. paralelas entre si, ou levemente divergentes
para oclusal, evitando o solapamento das
• Para sistematizar o preparo de cavidades que cristas marginais e permitindo que seja
atendessem os requisitos mecânicos do acompanhada a orientação dos prismas de
amálgama, esmalte.

Os princípios gerais do preparo cavitário que Resistência do material:


demonstram uma sequência lógica de tempos
operatórios para confecção dessas cavidades, • Para evitar fraturas o amálgama necessita de
a seguir: pelo menos 1,5mm de espessura e que não
haja irregularidades nessa espessura.
=> Forma de Contorno
• Dessa forma, em determinadas situações é
=> Forma de Resistência necessário aprofundar a cavidade, removendo
estrutura rígida, ou executar uma escultura - Convergência da caixa proximal,
rasa.
- Acabamento
• Para obter uma parede pulpar plana e paralela
ao plano oclusal devem ser utilizados - Resistência material/remanescente.
instrumentos manuais como a enxada ou em
irregularidades muito acentuadas devem ser Convergência da caixa proximal:
inseridos materiais forradores como o cimento
de ionômero de vidro, deixando a parede plana. • Assim como na caixa oclusal, as paredes
vestibulares e linguais/palatinas devem
• É importante lembrar que devido à forma convergir levemente para oclusal, com o
anatômica dos pré-molares inferiores, a parede objetivo de auxiliar na retenção do amálgama.
pulpar deve ser inclinada de vestibular para
lingual, estando paralela ao plano oclusal, para Acabamento:
minimizar o risco de exposição pulpar e
preservar a estrutura dentária. • As espículas de esmalte devem ser removidas
para uma adequada adaptação marginal.
• O ângulo entre as paredes circundantes da
cavidade e a superfície externa da restauração • Para o acabamento devem ser utilizados
(cavo superficial) deve ser o mais próximo instrumentos manuais como os recortadores
possível de 90º ou pelo menos 70°, nas paredes de margem gengival e o machado.
vestibulares e linguais/palatinas, para prover
espessura adequada ao amálgama e à estrutura • Os recortadores de margem gengival são
dental. utilizados na parede gengival ou cervical,
removendo os prismas de esmalte sem apoio e
Resistência do remanescente: promovendo um corte paralelo à orientação
dos prismas de esmalte nessa região, que
• Os ângulos internos devem ser arredondados devem ficar em um ângulo aproximado de 20º.
para dissipar tensões sobre o conjunto
dente-restauração e podem ser obtidos com as • Promovem também o arredondando dos
brocas 329 e 330 que 4 possuem ponta ativa ângulos gengivo vestibulares e gengivo
arredondada. linguais/palatinas e do ângulo axiol pulpar.

• Estruturas dentais sem suporte devem ser • O ângulo axial pulpar deve ser arredondado
removidas, pois em virtude da falta de adesão para aumentar a espessura de material nessa
do amálgama, o mesmo não é capaz de reforçar região e evitar fraturas da porção mesial ou
o esmalte que perdeu suporte dentário. distal.

• As paredes mesiais e distais devem ser • O machado é utilizado para o acabamento das
paralelas ou ligeiramente divergentes, para paredes vestibulares e linguais/palatinas que
evitar o solapamento da crista marginal. devem estar posicionadas sem contato com o
dente vizinho.
6 – Preparo cavitário classe II para
restaurações diretas em amálgama Resistência remanescente/material:

• Cavidades classe II envolvem as faces • Para garantir espessura adequada ao material


proximais de molares e pré-molares, podendo e ao esmalte na região das margens é
envolver outras faces simultaneamente. importante que o ângulo cavo superficial seja o
mais próximo possível de 90º.
Devem ser atendidos todos os aspectos já
mencionados para cavidades classe I e os • Para garantir essa angulação na parede
específicos para o preparo das faces vestibular da caixa proximal deve-se executar a
proximais: curva reversa de Hollenback.
• Assim como no preparo para classe I, todos 4- trituração ou amalgamação:
os ângulos internos devem ser arredondados.
• Tem a função de promover maior contato
7- Protocolo restaurador após remoção do entre a liga e o mercúrio e possibilita o início
tecido cariado e preparo cavitário das reações químicas de cristalização do
amálgama.
1- proteção do complexo dentinopulpar
dependendo da profundidade da cavidade: • A trituração pode ser manual ou mecânica. Na
trituração manual, utiliza-se o gral e o pistilo de
• Cavidade rasa (0,5 a 1,0 mm da junção vidro de superfícies esmerilhadas (despolidas).
amelodentinária): verniz ou adesivo.
• A trituração mecânica, por meio de
• Cavidade média (1,0mm ou mais de dentina amalgamadores, parece ser superior, por
remanescente entre a cavidade e a câmara permitir maior padronização da trituração,
pulpar) e cavidade profunda (até 0,5mm de economia do tempo de trabalho e possibilitar a
dentina remanescente): base de cimento de obtenção de amálgamas com menor teor de
ionômero de vidro (para servir como isolante fase gama 2. Inserir o amálgama na cavidade
térmico e elétrico) + verniz ou adesivo. com porta-amálgama.

• Cavidade bastante profunda (0,5mm ou menos 5- condensação:


de dentina remanescente): cimento de
hidróxido de cálcio + cimento de ionômero de • Tem como objetivo compactar e adaptar o
vidro + verniz ou adesivo. material às paredes da cavidade, minimizar as
porosidades internas e reduzir o conteúdo de
2- adaptação de matriz metálica e cunha: mercúrio.

• Para restabelecer o ponto de contato em • A condensação do material deve ser firme,


cavidades de classe II, matrizes metálicas sendo realizada com condensadores de
devem ser adaptadas e estabilizadas com diâmetro crescente, ou seja, do menor para o
cunha de madeira, abaixo da parede gengival. de maior diâmetro, de modo que a adaptação
às paredes do preparo seja adequada e que o
• Sendo as de 5mm de altura utilizadas em excesso de mercúrio do amálgama aflore para
pré-molares e as de 7mm em molares. superfície.

3- estabelecimento da proporção • Em cavidades classe II inicia-se a


mercúrio/liga: condensação pelas proximais e em casos de
amálgama pins pelos orifícios.
• o proporcionamento correto entre a liga e o
mercúrio é essencial para que o amálgama 6- Brunidura pré-escultura:
obtenha suas propriedades ideais e apresente
plasticidade adequada. • Após o preenchimento da cavidade, é feita
uma brunidura do amálgama, movimentando o
• A proporção entre os dois elementos varia de brunidor do centro da restauração para as
material para material, sendo 5 influenciada margens cavitárias.
pela forma, pelo tamanho e pela composição
das partículas. 7- escultura:

• A utilização de cápsulas pré-dosadas é mais • Durante a escultura o amálgama deve oferecer


indicada, pois possui proporções adequadas uma ligeira resistência à ação de corte do
desses materiais. instrumento e este, sempre que possível, deve
encontrar-se apoiado em estrutura dental,
seguindo as inclinações das vertentes Considerações finais
cuspídeas.
• No estágio atual da Dentística Restauradora é
• Entre os instrumentos mais utilizados estão o importante que a Odontologia seja baseada em
Hollemback 3S, os esculpidores de Frahm, de evidência científica, não se admite mais a
Ward e o Discóide-cleoide. prática odontológica clínica sem que a mesma
esteja respaldada por trabalhos científicos de
• A definição das cristas marginais deverá ser qualidade que assegurem sua eficácia.
executada com o auxílio de uma sonda
exploradora. • Antigos conceitos mecânicos foram
ultrapassados pela ¨Era adesiva¨, sendo
8- Brunidura pós-escultura: possível afirmar que com a incorporação de
materiais adesivos aos preparos cavitários
• A brunidura pós-escultura, realizada com passam a ser limitados à extensão do tecido
brunidor 29 ou 33, é feita com pressão e cariado, preservando estruturas dentais sadias.
movimentando do centro da restauração para a
margem da cavidade. • As técnicas como laser, uso de pontas
ultrassônicas e métodos químicos mecânicos
• Esta etapa tem por objetivo diminuir a vêm proporcionando abordagens minimamente
porosidade do amálgama, melhorar a invasivas para remoção de tecido cariado.
adaptação marginal, proporcionar uma
superfície mais lisa, diminuir o conteúdo de
mercúrio residual das margens da restauração
e melhorar o desempenho clínico das
restaurações.

9- acabamento e polimento:

• Como regra geral, as restaurações de


amálgama são consideradas concluídas após
receberem adequadamente o acabamento e o
polimento, que deve ser realizado depois de no
mínimo 24 a 48 horas.

• O acabamento é efetuado com o uso de


brocas multilaminadas em baixa rotação, por
meio de movimentos intermitentes.

• O polimento é efetuado com borrachas


abrasivas, usadas em ordem decrescente de
abrasividade - marrom, verde e azul.

• As superfícies proximais podem ser melhor


acabadas com o emprego de tiras de lixa,
usadas no acabamento de resinas compostas.
Com o objetivo de dar brilho à restauração,
deve-se utilizar escovas com pastas
específicas para polimento de amálgama
(“Amalgloss”).

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