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Caderno de Atividades - Ambiguidade e produção de sentidos

CADERNO DE ATIVIDADES

Bruna Matias do N. Castro


Antônio Carlos Gomes
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Caderno de Atividades - Ambiguidade e produção de sentidos

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO


ESPÍRITO SANTO

AMBIGUIDADE E
PRODUÇÃO DE SENTIDOS
CADERNO DE ATIVIDADES

Bruna Matias do N. Castro


Antônio Carlos Gomes
1ª Ed. / Vitória/ Edifes/ 2018

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Caderno de Atividades - Ambiguidade e produção de sentidos

AMBIGUIDADE E
PRODUÇÃO DE SENTIDOS
CADERNO DE ATIVIDADES

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Caderno de Atividades - Ambiguidade e produção de sentidos
INSTITUTO FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO
JADIR JOSÉ PELA
Reitor
ANDRÉ ROMERO DA SILVA
Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação
RENATO TANNURE ROTTA DE ALMEIDA
Pró-Reitor de Extensão
ADRIANA PIONTTKOVSKY BARCELLOS
Pró-Reitora de Ensino
LEZI JOSÉ FERREIRA
Pró-Reitor de Administração e Orçamento
LUCIANO DE OLIVEIRA TOLEDO
Pró-Reitor de Desenvolvimento Institucional

IFES – CAMPUS VITÓRIA


HUDSON LUIZ COGO ISBN: 978-85-8263-413-4
Diretor Geral
MÁRCIO ALMEIDA CÓ COMISSÃO CIENTÍFICA
Diretor de Ensino Antônio Carlos Gomes
Nelson Martinelli Filho
CHRISTIAN MARIANI
Diretor de Extensão Edenize Ponzo Pebres

ROSENI DA COSTA SILVA PRATTI DESIGNER GRÁFICO


Diretora de Administração Natália Mendes Ferreira
MÁRCIA REGINA PEREIRA LIMA
Diretora de Pesquisa e Pós-Graduação PROGRAMAÇÃO E DIVULGAÇÃO
PPGEH/IFES
ANTONIO DONIZETTI SGARBI
Coordenador do PPGEH

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Caderno de Atividades - Ambiguidade e produção de sentidos

AUTORES

BRUNA MATIAS DO N. CASTRO

Mestre do Programa de Pós Graduação em Ensino de Humanidade do Instituto Federal do Espírito Santo
– IFES; especializada em Coordenação Pedagógica pela Universidade Federal do ES – UFES e em Língua
Portuguesa, gramática e literatura pela Faculdade Integrada de Jacarepaguá - FIJ/ RJ; Graduada em
Letras Português/ Inglês pela Universidade Adventista de São Paulo – UNASP. É professora de Língua
Portuguesa da Rede Estadual de Educação do ES.

ANTÔNIO CARLOS GOMES

Possui graduação em Letras pela Universidade Federal do Espírito Santo (1986). Mestre (2002)
e doutor (2007) em Linguística e Língua Portuguesa pela Universidade Estadual Paulista - UNESP. É pro-
fessor do IFES - Instituto Federal do Espírito Santo, lecionando no Ensino Médio, na Graduação e Pós-gra-
duação. É docente permanente do Mestrado Profissional em Humanidades e do Mestrado Profissional em
Letras - Profletras, além de responder pelo curso de Licenciatura Letras a Distância e coordenar o Mestra-
do Profissional
em Letras - Profletras.

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Caderno de Atividades - Ambiguidade e produção de sentidos

DEDICATÓRIA

Dedicamos este trabalho aos nossos alunos,


aos colegas professores de Língua Portuguesa e a
todos que acreditam em uma educação humanizadora.

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APRESENTAÇÃO

Caro leitor,

Bem-vindo aos estudos sobre ambiguidade e produção de sentidos. Este produto é resultado de um estudo sobre “A humanidade
nas operações de linguagem: exercitando a ambiguidade sob a abordagem epilinguística”, realizado pela mestranda e professora
Bruna Matias do N. Castro, sob orientação do Dr. Antônio Carlos Gomes, em cumprimento a requisito do Mestrado Profissional de
Ensino em Humanidades, do Instituto Federal do Espírito Santo – Vitória/ ES.
Pretendemos, com este material, exercitar a criatividade e propor reflexões sobre os usos da língua(gem). Para tanto, apresentamos
uma sequência de atividades operatórias envolvendo enunciados polissêmicos e ambíguos, com ênfase na leitura, na interpreta-
ção, na escrita e na reescrita de textos. Aproveitamos contribuições dos estudantes em parte do material utilizado e buscamos
imprimir em cada unidade características que se aproximam da abordagem epilinguística.
Os exercícios aqui apresentados foram elaborados para turmas de Ensino Médio e usados em uma escola pública localizada em
Cariacica – ES, na qual se observaram, em princípio, muitas dificuldades dos estudantes em relação à leitura e à interpretação,
sobretudo, quanto à percepção de sentidos subjacentes às informações apreensíveis na superfície do texto. Aspiramos, com esta
imersão na linguagem, a facilitar a humanização e o desenvolvimento da criticidade.
Para motivar as interações, sugerimos os pressupostos da educação libertadora freiriana, tomando como princípio a problema-
tização e a dialogicidade. Recomendamos ainda a leitura dos três tópicos conceituais que precedem as atividades, pois eles são
importantes para nortear todo o trabalho.

Desejamos a você boas práticas com este caderno de atividades!

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Caderno de Atividades - Ambiguidade e produção de sentidos

SUMÁRIO

I. LÍNGUA(GEM) ....................................................................................................................................................................................... 09
II. UM ENCONTRO COM A PRÁXIS ......................................................................................................................................................... 10
III. ABORDAGEM EPILINGUÍSTICA ......................................................................................................................................................... 11
ATIVIDADE 1: QUAL É A GRAÇA? ............................................................................................................................................................ 12
ATIVIDADE 2: O QUE ESTÁ POR TRÁS DA LINGUAGEM? ...................................................................................................................... 16
ATIVIDADE 3: DESAMBIGUIZANDO TEXTOS ........................................................................................................................................ 18
ATIVIDADE 4: CAÇA ÀS AMBIGUIDADES ............................................................................................................................................... 34
ATIVIDADE 5: A POESIA É OU ESTÁ NO (CON)TEXTO? ......................................................................................................................... 37
ATIVIDADE 6: A CARA DA AMBIGUIDADE .............................................................................................................................................. 46
ATIVIDADE 7: A AMBIGUIDADE NA CABEÇA DO OUTRO ...................................................................................................................... 53
IV. SAIBA MAIS ........................................................................................................................................................................................ 57
REFERÊNCIAS ......................................................................................................................................................................................... 60

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LÍNGUA(GEM)
Pensar a língua com toda a sua elasticidade, faz-nos pensar prestigiada) afastando-o das possibilidades de aprendizagem.
também no para quem ensinamos e como ensinamos: sujeitos Entendemos ser esse um dos motivos pelos quais ouvimos os
constituídos historicamente que “absorvem” toda possibilidade estudantes dizerem que estudar português é muito difícil ou que
do mundo, das situações vividas e das experiências adquiridas, não gostam de estudar português.
por isso, é fundamental pensar esse processo de ensino a partir Para além de um ensino hegemônico e mecanicista
de uma perspectiva humanizadora. da linguagem, adotamos na elaboração deste material a
Embora ouvimos falar sobre diversas abordagens e novas concepção de língua(gem) como forma de interação – oral e
metodologias de ensino, temos visto no decorrer dos tempos, escrita – em que o sujeito, a partir de sua prática social e de
por meio de diversas pesquisas, que a concepção de língua seu contexto sócio-histórico, poderá desenvolver-se adquirindo
que ainda tem prevalecido nas aulas de LP é aquela que a possibilidades de operar com e sobre a linguagem nas diversas
encara como um conjunto de normas a serem seguidas, ou um situações comunicativas, pois entendemos que a linguagem
modelo padrão a ser imitado. Por vezes, o método prescritivo constitui a interação e é constituída por ela, ou seja, “ela tem um
torna-se hegemônico, desconsiderando toda a bagagem de papel ativo na aquisição do conhecimento e que ela não resulta
conhecimentos linguísticos construídos socioculturalmente. de uma convenção tácita entre os homens, mas das experiências
Descarta-se o que o aluno já sabe para ensiná-lo o português históricas de uma dada comunidade” (FRANCHI, 2011, p. 12).
“correto”, baseado nos modelos advindos dos cânones literários. Ao compreendermos a linguagem como constitutiva dos
Todavia, os baixos resultados das avaliações internas e sujeitos, assumimos um método reflexivo de ensino da língua, ou
externas e o contato diário com os estudantes apontam que seja, a partir dos conhecimentos já adquiridos socioculturalmente
esse não tem sido o método mais eficaz. Pois, por vezes, a o aluno, com a mediação do professor, ampliará sua capacidade
norma padrão1, ensinada na escola, distancia-se da realidade de operar com a linguagem.
do aluno (principalmente daquele falante de uma variedade não

1
A fim de ampliarmos nosso diálogo, vamos apontar a diferença entre norma-padrão e norma culta. Segundo Faraco (2002), a norma-padrão seria aquela carregada de
preconceitos quanto às demais variedades linguísticas, aquela que delimita o “certo x errado” tornando a língua homogênea. Já a norma culta, ainda segundo Faraco (2002,
p.39), diz respeito à variedade utilizada pelas pessoas que têm mais proximidade com a modalidade escrita e, portanto, possuem uma fala mais próxima das regras de tal
modalidade. Mediante essas definições, entendemos que o sujeito conhecedor da norma culta, é também conhecedor da norma-padrão, todavia ele não descarta o uso de
outras variantes linguísticas, ou as toma como erradas.

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Caderno de Atividades - Ambiguidade e produção de sentidos

UM ENCONTRO COM A PRÁXIS


É importante que nós, professores, tenhamos clara compre- A esse respeito, Geraldi (1991) assevera que
ensão de que todas as crianças, inclusive as menos favorecidas A língua nunca pode ser estuda ou ensinada como um produto
do ponto de vista material, conhecem e sabem uma língua. Elas acabado, pronto, fechado em si mesmo, de um lado porque sua
“apreensão” demanda apreender no seu interior as marcas de
não vão para a escola aprender uma língua, a evidência disso sua exterioridade constitutiva (e por isso o externo se internaliza),
como diz Possenti (2012) é que falam. Ou seja, quando a crian- de outro, porque produto histórico – resultante do trabalho
ça adentra o espaço escolar, independentemente de sua idade/ discursivo do passado – e hoje do presente que, também se
fazendo história, participa da construção desse mesmo produto,
série/ ano ela já domina uma gramática. Franchi (2006) entende sempre inacabado, sempre em construção (GERALDI, 1991, p. 2).
que a gramática “corresponde ao saber linguístico que o falante
de uma língua desenvolve dentro de certos limites impostos pela Enfatizamos aqui a relevância da pedagogia libertadora
sua própria dotação genética humana, em condições apropria- freiriana, em que o dialogicidade é princípio e meio para
das de natureza social e antropológica” (FRANCHI, 2006, p. 25). alcançarmos nossos objetivos. A dialogicidade não apenas
oportuniza o diálogo, o conhecimento da realidade do outro, de
Conhecer o quanto da língua o estudante já sabe e o quanto sua visão de mundo, o que também é muito importante, mas
ainda precisa desenvolver; quem é esse estudante e sua também oportuniza problematizarmos a situação que estamos
circunstância (seu contexto social, familiar, o que pensa, quais vivendo para então refletirmos sobre a práxis educativa.
são seus objetivos e projetos) também é importante no trabalho
do professor. Por isso, dizemos que também que é necessário Considerarmos que essa ação dialógica propõe alcançar
termos ciência da intencionalidade política de nossa atividade. a transformação da realidade. Isso implica responsabilidade,
Um ensino de língua contra-hegemônico poderá contribuir para direcionamento, determinação, disciplina e objetivos (FREIRE &
emancipação dos sujeitos, uma vez que é por meio da linguagem SHOR, 1986), não em um nível idealista, mas envolvendo ação e
escrita/falada que o estudante tem acesso aos conhecimentos reflexão num movimento dialético, segundo o qual, para Freire
produzidos historicamente, interage com a sociedade e atua nos (2016), é o que nos leva a transformação da realidade, ou ao ser
diversos contextos sociais. mais. Essa concepção de liberdade filosófica trazida por Freire
se sustenta na noção de que o homem é um ser de relações
Freire, em uma entrevista concedida a Silva e Piacentini construídas historicamente com o mundo e com os outros,
(1985) dizia não ser possível compreender a linguagem sem de forma que ele se recria e se transforma nessas relações,
uma referência ao poder de classe. Se, é condição de libertação transformando também o mundo.
apropriar-se do que dominantes utilizam, precisamos também
reforçar a discussão sobre o ensino da língua portuguesa.

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ABORDAGEM EPILINGUÍSTICA
Pensar o ensino de linguagem na perspectiva da humanização do sujeito é também mediar a atividade dos alunos para que
operem a linguagem sob uma abordagem epilinguística que é interdisciplinar. Esta leva em conta esses sujeitos em alteridade, pois
[...] a formação interdisciplinar [...] pode favorecer o conhecimento de si próprio e o conhecimento do outro, por meio de constantes processos de
centralização e de descentralização oferecidos em sala de aula. Esses exercícios permitem, também, constantemente que os alunos se coloquem
no cenário original de produção de textos e se percebam como criadores. O amadurecimento desse processo permitirá a elaboração de um projeto
de vida e, nesse momento, poderá organizar o seu aprendizado de modo instrumental (REZENDE, 2008, p. 104).

Em uma atividade de produção textual mediada pelo professor, a partir de um projeto intencional, subsidiado pelo diálogo com
textos de gêneros diversificados, o estudante começa se perceber capaz de produzir conhecimento, de criticar, argumentar. É nesse
sentido que ele também se torna capaz de organizar seu aprendizado de modo instrumental, a dar sentido aos conhecimentos
escolares por sua relevância da vida social e profissional.
Assim sendo, quando pensamos no ensino da língua portuguesa, esperamos que seja “nada mais que o exercício pleno,
circunstanciado, intencionado e com intenções significativas da própria linguagem” (Franchi, 2006, p. 95). Esse é o exercício da
atividade epilinguística que não se trata apenas da gramática em explicitação, ou da gramática em uso que se perfaz por atividades
de observação e reflexão sobre a língua, mas de uma abordagem reflexiva da língua, em que o professor, sendo mediador do
processo de ensino-aprendizagem, precisa incentivar o aluno a operar com a linguagem.
No processo de ensino aprendizagem precisamos ensinar nosso aluno a explorar as diversas possibilidades que a língua oferece,
cujas escolhas dependem das condições de uso ou propósitos para os quais a linguagem se manifesta.
Nos próximos capítulos explanaremos sete sequências de atividades a partir de uma abordagem epilinguística. Nossa proposta
baseia-se em um trabalho dialógico, a partir de situações do cotidiano que poderão ser problematizadas por estudantes e
professores, a fim de que possam operar com a linguagem descobrindo diversas possibilidades de leitura, intepretação, escrita e
reescrita de textos. Nosso maior objetivo é que essas atividades contribuam para formação de um sujeito crítico, que perceba-se
“dono da língua”.
Que o desenvolvimento destas atividades possibilite a humanização, o ser mais de cada um: de quem ensina e de quem
aprende!

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ATIVIDADE 1

QUAL É A GRAÇA?
PLANEJAMENTO

DURAÇÃO 2 aulas
Leitura e análise dos vídeos: 1) “Dove men care” – anúncio de xampu da marca Dove; 2) “Eu sinto
ATIVIDADE OPERACIONAL
muito” – anúncio de perfume da marca Natura, e “Heineken” – anúncio de cerveja.
• Feminismo x machismo;
• Humor e Ironia;
CONTEÚDO • Direitos do homem e da mulher;
• Construção de estereótipos; preconceito;
• Polissemia e ambiguidade dos enunciados.
• Assistir aos vídeos;
• Responder às questões propostas de forma oral;
OBJETIVOS
• Inferir os sentidos dos textos (vídeos);
• Estabelecer relações dialógicas entre o conteúdo dos vídeos e sua prática social.
• Contextualização da atividade;
• Arrumação da sala: sentar em semicírculo;
METODOLOGIA • Montagem do multimídia para passar os vídeos e para que os alunos vejam as atividades colori-
das;
• Distribuição da atividade fotocopiada (em preto e branco) para cada aluno;
A cada vídeo que for visualizado, o(a) professor(a) instigará o debate e participação dos alunos a
partir das questões propostas na sequência de atividades. Dar a vez de fala a todos os que desejarem
MEDIAÇÃO
e estimular a participação dos mais tímidos. É importante estar atento a outros questionamentos que
podem surgir, além dos já descritos na sequência.

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Caderno de Atividades - Ambiguidade e produção de sentidos

ORIENTAÇÕES AO ESTUDANTE

• Nesta atividade iremos assistir alguns vídeos.

• Participe das aulas, respondendo às questões propostas primeiro oralmente, depois registre suas respostas no caderno de ativi-
dades.

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VAMOS ASSISTIR A ALGUNS VÍDEOS...


Vídeo 1: Dove men care
a) O anúncio sinaliza um “problema”. Que problema é esse?

b) Como é sugerido que esse problema seja resolvido?

c) Como o humor do anúncio se constitui?

Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=ELbI-CO4rJk


Acesso em maio de 2018.

d) Podemos inferir que mais de um sentido perpassa a mensagem desse comercial. Quais são eles?

e) De que forma a ambiguidade do anúncio se constitui?

f) Se a personagem do vídeo fosse uma mulher, o que mudaria no contexto da enunciação ou no resultado da propaganda?

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Caderno de Atividades - Ambiguidade e produção de sentidos

Vídeo 2: Natura humor | o que sinto por você 1) O que o enunciado “eu sinto muito” pretendeu dizer?

2) Que outras leituras podemos fazer de tal enunciado?

3) E você, já “sentiu muito por alguém”? Em qual dos sentidos? Compartilhe


sua experiência.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=mwoE9lOe4WQ Aces-
so em de agosto de 2018.

4) Como se constitui o humor nesse anúncio?

5) Diante de uma cena de violência na rua, um policial expressa “eu sinto muito”. Que leituras podemos fazer desse enunciado?

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Caderno de Atividades - Ambiguidade e produção de sentidos

6) Após as eleições, um cidadão encontra um político em seu bairro onde falta muitas melhorias: pavimentação, praça, médicos
na Unidade de saúde. O cidadão cobra do político as promessas feitas, e esse apenas responde “eu sinto muito”. Como podemos
interpretar essa fala?

7) Pense em outros contextos em que você poderia utilizar a expressão “Eu sinto muito” e elabore alguns enunciados.

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Vídeo 3: Heineken 1) Quais leituras vocês conseguem inferir do anúncio a que acabamos de as-
sistir?

2) Em que consiste o humor do comercial visto?

ESTEREÓTIPO

Segundo dicionário
online estereótipo é uma
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=3ZgeHz- “concepção baseada em ideias
2-2qE. Acesso em maio de 2018.
preconcebidas sobre algo ou
3) Você concorda com o estereótipo de mulher que é transmitido no vídeo? alguém, sem o seu conhecimento real,
geralmente de cunho preconceituoso
ou repleta de afirmações gerais e
inverdades.”
Disponível em: https://www.dicio.com.br/
estereotipo/ Acesso em agosto de 2018.

4) Quais outros vídeos/ propagandas/ anúncios você já assistiu, que veiculam uma imagem
estereotipada da mulher?

5) Por que a imagem da mulher, na maioria desses comerciais, está associada a cigarro, cerveja, entre outros produtos nocivos
ao ser humano?

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Caderno de Atividades - Ambiguidade e produção de sentidos

6) Como você reescreveria o contexto deste comercial? Caso pense que não precisa mudar nada, explique por quê.

7) O vídeo faz apologia ao uso de bebidas alcóolicas. Você também acha que para se divertir é necessário fazer uso do álcool?
Justifique sua resposta.

8) Que consequências o uso do álcool pode trazer para aqueles que o ingerem?

9) Que conselhos você daria para pessoas dependentes do álcool?

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ATIVIDADE 2

O QUE ESTÁ POR TRÁS DA LINGUAGEM?


PLANEJAMENTO

DURAÇÃO 4 aulas

ATIVIDADE OPERACIONAL Produção de vídeos.

CONTEÚDO Ambiguidade, humor e ironia.

Produzir um comercial de TV que expresse a não aceitação de bulliyng e/ou pre-


OBJETIVOS conceitos, fazendo com que os colegas percebam o que está por trás da lingua-
gem veiculada no vídeo.
• Contextualização da atividade;
• Divisão dos grupos;
• Elaboração do roteiro para gravação do comercial;
METODOLOGIA • Gravação do comercial, com o recuso do celular;
• Edição dos vídeos;
• Apresentação para os colegas;
• Discussão sobre os vídeos apresentados.
Professor(a), auxilie os grupos para que consigam montar seus roteiros e gravar
MEDIAÇÃO os vídeos no espaço escolar. Caso alguém grupo prefira filmar fora do espaço
escolar, também pode lhe ser dada essa opção.

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ORIENTAÇÕES AO ESTUDANTE

• Divida-se em grupo de 5 a 7 estudantes;

• Elabore o roteiro antes de iniciarem a filmagem;

• Apresente o roteiro ao(à) professor(a);

• Faça seu vídeo. Seja criativo!

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Caderno de Atividades - Ambiguidade e produção de sentidos

SAIBA MAIS...
Se você deseja aprofundar mais os seus estudos sobre Preconceito Linguístico, sugerimos
as leituras abaixo:

• BAGNO, Marcos. Preconceito Linguístico: o que é, como se faz. São Paulo: Edições Loyola, 2015.

• BORTONI-RICARDO, Stella Maris. Educação em língua materna: a sociolinguística na sala de aula. São Paulo: Parábola Editorial,
2004.

• Sugerimos ainda a leitura do livro “Cidade de Deus” de Paulo Lins (1977) ou que assista ao filme que é uma
adaptação do livro, roteirizado por Bráulio Montovani, lançado em 2002.

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ATIVIDADE 3

DESAMBIGUIZANDO TEXTOS
PLANEJAMENTO

DURAÇÃO 1 aula
ATIVIDADE OPERACIONAL Leitura e análise de manchetes, tirinhas e charges.
• Tipos de ambiguidade;
• Escrita e reescrita de textos;
CONTEÚDO
• Uso dos recursos linguísticos (colocação pronominal, pontuação, complementos verbais e
nominais) para estabelecer a coesão e coerências dos textos;
Responder às questões de leitura e interpretação;
Identificar os sentidos ambíguos do texto;
Reescrever os enunciados desfazendo as ambiguidades;
OBJETIVOS
Identificar os tipos de ambiguidade em cada texto.
Discutir as respostas com os colegas, buscando encontrar as semelhanças e diferenças nas respos-
tas dadas.
• Contextualização da atividade;
• Montagem do multimídia para explanação do conteúdo e para que os alunos visualizem os textos
coloridos;
METODOLOGIA • Distribuição da atividade fotocopiada (em preto e branco) para cada aluno;
• Explanação dos tipos de ambiguidade;
• Registo das respostas individuais na folha de atividade;
• Resolução coletiva da atividade, fazendo comparação entre as respostas dadas.
Professor(a), faça a explanação do conteúdo para a turma; Em seguida, leia as questões propostas,
MEDIAÇÃO
para que juntos possam formular as respostas.

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Caderno de Atividades - Ambiguidade e produção de sentidos

ORIENTAÇÕES AO ESTUDANTE
• Leia as charges, manchetes e tirinhas desta atividade, com atenção;

• Responda às questões proposta;

• Tende perceber a diferença entre a ocorrência da ambiguidade nas charges e tirinhas para as manchetes;

• No “Para saber mais” você irá conhecer os diferentes tipos de ambiguidade;

• Correlacione os textos lidos aos tipos de ambiguidade que você estudou.

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Caderno de Atividades - Ambiguidade e produção de sentidos

Quais leituras podemos fazer das manchetes apresentadas abaixo?


Texto 1:
Contrato sob suspeita

Justiça bloqueia R$ 3 milhões


de Crivela e mais 8
investigados

Figura 1: Disponíve em: https://g1.globo.com/ Acesso em julho de 2018.

1) A partir dessa notícia podemos entender que a justiça bloqueia mais 8 milhões de reais ou mais 8 políticos?

2) Reescreva a frase para cada uma das possibilidades.

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Caderno de Atividades - Ambiguidade e produção de sentidos

Texto 2:

Polícia

No Rio, policial é ferido no


Complexo do Alemão
Figura 2: Disponível em: https://novo.folhavitoria.com.br/policia/noticia/07/2018/no-rio--policial-e-ferido-no-complexo-do-alemao
Acesso em julho de 2017.

1) “Complexo do Alemão” – essa expressão poderia ser interpretada Catacrese


como uma catacrese? Por quê? Figura de linguagem que se
estabelece quando uma palavra é
empregada com um sentido diferente
do literal para suprir a falta de um termo
adequado, como se fosse um empréstimo.

Exemplos:
‘batata da perna”, “maçãs do rosto”, “céu
da boca” etc.

CEREJA, W.R. Português Linguagens. 7


ed. São Paulu: Saraiva, 2010.

2) Quando a manchete diz, “No Rio, policial é ferido no Complexo Alemão”, a frase parece-nos óbvia, mas a ênfase do enunciado
recai no sujeito ou no lugar?

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Caderno de Atividades - Ambiguidade e produção de sentidos

3) Em que consiste a ambiguidade do enunciado?

4) Ainda sobre o texto 02, você considera que ele humaniza ou desumaniza o policial? Por quê?

O texto 2 lembra algumas situações muito comuns do cotidiano. Por exemplo, quando alguém
está prestes cair e o outro diz: “cuidado fulano, vai quebrar o copo!”. Ou quando a criança está
pulando em cima de um sofá e os pais dizem: “Não pula no sofá que estraga!” Algumas vezes
falamos dessa forma por brincadeira, mas em outras vezes os objetos, infelizmente, parecem
mais importantes do que as pessoas.

5) Elabore uma pequena narrativa, exemplificando situações cotidianas em que esse tipo de fala se evidencie.

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Caderno de Atividades - Ambiguidade e produção de sentidos

Texto 3:
1) Afinal quem estava dentro do carro: a família ou o gru-
po?

Figura 3: Disponível em: https://novo.folhavitoria.com.br/policia/noticia/07/2018/grupo-atira-


-contra-familia-durante-tentativa-de-assalto-em-vila-velha Acesso em: julho de 2018 2) Qual é a ambiguidade da manchete?

Texto 4:

3)Como você pode reescrevê-la de forma a desfazer a am-


biguidade.

4) Quais leituras podemos fazer da manchete do texto 4?

Disponível em: https://novo.folhavitoria.com.br/policia/noticia/07/2018/homem-furta-cami-


nhao-de-rede-de-supermercados-na-serra Acesso em julho de 2018.

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Caderno de Atividades - Ambiguidade e produção de sentidos

Após vermos como a ambiguidade ocorre nas manchetes, que tal observar-
mos como ela se manifesta nas tirinhas e charges?!
Texto 5:

Disponível em: https://tiroletas.wordpress.com/tag/tirinhas/ Acesso em: julho de 2018

1) A charge, também utilizada na capa de nosso caderno de atividades, constitui o humor a partir dos sentidos ambíguos de
qual palavra?

2) Como se pode reescrever a tirinha desfazendo a ambiguidade?

3) Após a reescrita do texto da tirinha, o humor se manteve?

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Caderno de Atividades - Ambiguidade e produção de sentidos

Texto 6:
1) A charge de Amarildo publicada em maio de 2018, retoma uma
fala do então presidente do Brasil, Michel Temer. No entanto, o efei-
to de sentido produzido pela fala do presidente é provocador de
riso. Por que isso ocorre?

Disponível em: https://amarildocharge.wordpress.com/page/12/. Acesso em julho de 2018.

2) Na atual conjuntura política do Brasil, o que mais provoca “riso” em você?

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Caderno de Atividades - Ambiguidade e produção de sentidos

Texto 7:
1) O efeito de humor da charge de Alvarenga foi produzido pela
ambiguidade de que palavra? Quais sentidos podemos dar a tal
palavra no contexto da charge?

2) Mudando o contexto de enunciação, se a fala fosse : “A qua-


drilha de Brasília roubava os sonhos da juventude”, que leituras
poderíamos fazer?

ALVARENGA. Festa Junina. Disponível em: https://gilsonalvarengailustrador.


blogspot.com/ Acesso em julho de 2018.

3) No atual contexto da política nacional, de que forma os sonhos da juventude estariam sendo roubados?

4) Como a juventude pode se precaver contra o roubo dessa quadrilha?

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Caderno de Atividades - Ambiguidade e produção de sentidos

Texto 8: 1) Qual sentido foi dado por Mafalda, à palavra “cultura” na tiri-
nha?

2) Qual é a ambiguidade da tirinha?

3) Que elementos culturais a TV tem veiculado?

4) Qual a sua opinião sobre os programas televisivos que a rede


aberta de comunicação tem veiculado?

5) Relate como “andam” as atividades culturais em seu bairro/


cidade.

QUINO. Mafalda 2. São Paulo: Martins Fontens, 2002.

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Caderno de Atividades - Ambiguidade e produção de sentidos

REFLETINDO SOBRE A LINGUAGEM:


Nas atividades anteriores, fizemos a análise de algumas tirinhas, charges e man-
chetes. Após ler o “Para saber mais” na página seguinte, diferencie o fenômeno da
ambiguidade nas manchetes da forma como ele ocorre nas charges ou tirinhas. Es-
tabeleça também a diferença entre a linguagem e a intencionalidade desses textos.

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Caderno de Atividades - Ambiguidade e produção de sentidos

PARA SABER MAIS...


TIPOS DE AMBIGUIDADE:

• Ambiguidade Semântica;

• Ambiguidade Lexical;

• Sintática;

• Por Escopo;

• Por Correferência;

• Múltipla.

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Caderno de Atividades - Ambiguidade e produção de sentidos

Sabemos que dar significado às palavras não é uma tarefa fácil, justamente porque esse significado só é estabelecido pelo con-
texto. Se analisarmos o enunciado a seguir, por exemplo: “Cortaram minha rede”. É provável que perguntem: “De que rede você está
falando?” “Elétrica, de água, de balançar, de internet, de pescar, de cabelo?” Nesse caso e necessário que o falante contextualize a
fala antes de fazer tal declaração, caso contrário a palavra rede será ambígua de seis maneiras, “[...] o contexto pode acrescentar
informações que não estão especificadas no sentido; e, em exemplos de ambiguidade, o contexto exemplificará qual o sentido a ser
selecionado” [...] (CANÇADO, 2013, p. 66).
Para Cançado (2013, p. 138), a polissemia ocorre “quando os possíveis sentidos de uma palavra ambígua têm alguma relação
entre si.”
É importante lembrarmos que a polissemia representa a multiplicidade de significado de uma palavra. O que irá diferenciar o
significado é o contexto em que a palavra aparece.
Ainda segundo Cançado (2013), a polissemia ocorre “quando os possíveis sentidos da palavra ambígua têm alguma relação
entre si” [...] Por exemplo, a palavra pé – temos: “pé da cadeira, pé da mesa, pé de fruta, pé de página, etc.” (CANÇADO, 2013, p. 60).
Podemos perceber assim que em todos os registros da palavra pé há uma correlação entre os sentidos dados. Todavia,
Para estabelecer essa relação entre as palavras polissêmicas, usamos a nossa intuição de falante e, às vezes, os nossos conhecimentos his-
tóricos a respeito dos itens lexicais. Entretanto, você perceberá que estabelecer se os itens são, ou não, relacionados não é tão trivial, sendo,
por isso, a polissemia um dos temas bastante investigados na literatura linguística. Nem sempre há uma concordância entre os falantes se há a
relação entre os itens em questão, ou mesma a recuperação histórica desses itens pode ser tão antiga que, na atualidade, mesmo se houvesse
uma relação anterior, seriam palavras sem relação (CANÇADO, 2013, p. 61).
A ambiguidade, por sua vez, é quando uma palavra ou expressão está associada a mais de um significado, podendo ser utiliza-
da intencionalmente para provocar humor, ironia, para manipulação dos sujeitos, ou de forma acidental, provocando confusão de
sentidos.
Analisemos, como exemplo, este primeiro anúncio: Figura 1 - Anúncio

Nesse anúncio a palavra onda assume intencional-


mente dois significados, referindo-se ao formato ondu-
lado da batata ou enfatizando que esta é “a batata da
moda/ do momento”.

Fonte: Mundo das Marcas: Ruffles, 2010

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Caderno de Atividades - Ambiguidade e produção de sentidos

Analisando a charge, temos também uma ambiguidade in- A ambiguidade também pode ser acidental, como no anún-
tencional que prova humor: cio abaixo:

Figura 2 - Charge Figura 3 - Anúncio

Fonte: Descomplica blog Fonte: Ricardo Eletro

O enunciado do cartum “Não trocamos roupas íntimas” O enunciado “Móveis por estes preços não vão durar
gera na personagem um espanto, que o faz chamar a vende- nada!” com certeza estaria se referindo ao estoque de móveis
dora de “Porcona”, uma vez que ele não compreendeu, talvez que acabaria logo pelo fato de estarem muito baratos, toda-
por sua falta de conhecimentos prévios, em relação a essa via a construção do enunciado foi infeliz, uma vez que gerou
situação, que uma loja de roupas íntimas não faz a troca das ambiguidade, provocando dúvidas no consumidor quanto à
mesmas, caso o cliente venha comprá-las, associando o qualidade desses móveis.
enunciado à falta de higiene da vendedora.

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Caderno de Atividades - Ambiguidade e produção de sentidos

Tipos de Ambiguidade

Segundo Cançado (2013), a ambiguidade pode ser:

- Lexical: a duplicidade de sentido incide sobre um léxico (palavra), como exemplo de rede – existindo vários tipos de rede é
necessário um contexto para determinar o sentido da palavra. Para Cançado (2013), a ambiguidade lexical é provocada por palavras
homônimas e/ou polissêmicas.

- Sintática: gerada pela estrutura sintática do enunciado. No exemplo citado por Cançado (2013, p. 76), “Homens e mulheres
competentes têm o mesmo emprego”. Não sabemos se o adjetivo “competentes” está modificando homens e mulheres ao mesmo
tempo, ou apenas mulheres, podendo assim ser interpretado das duas formas.

- Por Escopo: a ambiguidade é gerada pela estrutura semântica do enunciado, ou seja, pela forma como se distribuem as palavras
dentro da frase. Por exemplo, no enunciado “Todos os alunos comeram seis sanduíches”. Não se sabe se tínhamos apenas seis
alunos na sala e cada um comeu um, ou se havia mais de seis alunos na sala e a soma de sanduíches comidos por todos foi igual
a seis.

- Por Correferência: nesse caso a ambiguidade é gerada pelos pronomes, quando não conseguimos definir qual é o eu referente.
Por exemplo: “O ladrão roubou a casa de José, com sua própria arma”. O pronome possessivo sua não permite identificarmos de
quem era a arma: de José ou do ladrão?

Por fim, Cançado (2013) também define que a ambiguidade pode ser múltipla, ou seja, quando temos mais de uma das
ambiguidades citadas acima em um mesmo enunciado como, por exemplo, no enunciado: “Jorge não tinha ouvido”. Podemos
interpretar ouvido como órgão do corpo ou como a habilidade de ouvir música. Se for interpretado como órgão, sintaticamente
ouvido é complemento verbal de ter; se for interpretado como habilidade, ouvido será predicativo do sujeito de Jorge. Podemos
ainda interpretar o enunciado como ouvido sendo uma ação do sujeito, nesse caso seria o particípio do verbo ouvir, formando assim
uma locução verbal tinha ouvido.

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Caderno de Atividades - Ambiguidade e produção de sentidos

Contextualizando a pesquisa
1) A seguir, tente correlacionar os texto da atividade 3 aos tipos de ambiguidades estudados:

A) Ambiguidade lexical

B) Ambiguidade por escopo

C) Ambiguidade por correferência

D) Ambiguidade sintática

E) Ambiguidade Múltipla

( ) Texto 1 – p. 19

( ) Texto 2 – p. 20

( ) Texto 3 – p. 22

( ) Texto 4 – p. 22

( ) Texto 5 – p. 23

( ) Texto 6 – p. 24

( ) Texto 7 – p. 25

( ) Texto 8 – p. 26

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Caderno de Atividades - Ambiguidade e produção de sentidos

2) Identifique a ambiguidade das frases abaixo, reescreva-as de modo a desfazer a ambiguidade, e por fim, correlacione-as aos
tipos de ambiguidade que você pesquisou:

a) O diretor da turma pegou o aluno correndo no pátio da escola.

b) Na festa, Ana disse para João que encontrou seu patrão

c) Casal procura filho sequestrado via internet.

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Caderno de Atividades - Ambiguidade e produção de sentidos

d) Deixei o carro gritando.

e) O diretor encontrou o aluno desesperado.

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Caderno de Atividades - Ambiguidade e produção de sentidos

ATIVIDADE 4

CAÇA ÀS AMBIGUIDADES

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Caderno de Atividades - Ambiguidade e produção de sentidos

PLANEJAMENTO

DURAÇÃO 2 aulas

ATIVIDADE OPERACIONAL Pesquisa de enunciados ambíguos.

• Ambiguidade;
• Escrita e reescrita de textos;
CONTEÚDO
• Uso dos recursos linguísticos (colocação pronominal, pontuação, complementos verbais e
nominais) para estabelecer a coesão e coerências dos textos.
• Procurar em jornais, cartazes, anúncios, placas, folhetos enunciados que sejam ambíguos;
• Identificar a ambiguidade desses textos;
OBJETIVOS
• Apresentar os enunciados encontrados para a turma;
• Reescrever os enunciados desfazendo as ambiguidades.

• Contextualização da atividade, a fim de orientar os estudantes que esta será uma tarefa dividida
em duas etapas: primeiro em casa, depois na escola.
• Divisão da turma em grupos;
METODOLOGIA • Os alunos levarão todo material que encontrarem para a escola (pode ser xerocado, recortado,
fotografado), reunirão o grupo e montarão um cartaz a fim de apresentar o que encontraram para
os colegas.
• Apresentação dos grupos.

Professor(a), auxilie os grupos na confecção dos cartazes, fornecendo os materiais necessários


(cartolina, régua, cola, tesoura, impressão etc.) e orientando-os à medida que as dúvidas forem
MEDIAÇÃO
surgindo. É importante lembrar que nesta atividade, muitos alunos recorrerão à internet onde já
encontrarão muita coisa pronta, oriente-os a buscar algo novo.

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Caderno de Atividades - Ambiguidade e produção de sentidos

ORIENTAÇÕES AO ESTUDANTE
Sua primeira tarefa é procurar em cartazes, panfletos, folhetos, anúncios, manchetes, entre outros tipos de textos, mensagens
que sejam ambíguas. Faça isso, quando estiver andando pelas ruas de seu bairro/ cidade, ou assistindo a TV em sua casa.
Se encontrar mensagens ambíguas você pode recortar, tirar foto, imprimir, filmar... O importante é recolher tudo que encontrar e
na aula agendada pela professora leve todo esse material para a escola.
Na escola, você irá sentar-se em grupo, apresentar aos colegas do grupo as ambiguidades encontradas e a partir daí vocês pro-
duzirão um cartaz.
Caso o grupo tenha algum vídeo a ser mostrado, ou material para ser impresso, dialogue com a professora para que ela possa
viabilizar isso para vocês.
Por fim, vocês apresentarão aos colegas o que encontraram, explicitando e explicando as ambiguidades existentes nos textos.
Em seguida, cole seu cartaz no mural da classe.

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Caderno de Atividades - Ambiguidade e produção de sentidos

ATIVIDADE 5

A POESIA É OU
ESTÁ NO (CON)TEXTO?

Disponível em: https://br.pinterest.com/pin/346214290087658284/?lp=true Acesso em agosto


de 2018.

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Caderno de Atividades - Ambiguidade e produção de sentidos

PLANEJAMENTO

DURAÇÃO 2 aulas

• Leitura de poemas;
ATIVIDADE OPERACIONAL
• Produção de textos verbais e não verbais
• Ambiguidade;
• Texto verbal e não verbal;
• Uso dos recursos linguísticos (colocação pronominal, pontuação, complementos verbais e
CONTEÚDO
nominais) para estabelecer a coesão e coerências dos textos;
• Figuras de linguagem;
• Relações dialógicas entre o conteúdo dos poemas e as condições psicossociais do estudante;
• Ler e compreender os textos lidos;
• Inferir possibilidades de leituras nesses textos;
OBJETIVOS • Elaborar um texto que traduza em linguagem verbal, não verbal ou mista a ideia que o poema quer
transmitir;
• Apresentar as leituras e o texto produzido para os colegas.
• Contextualização da atividade;
• Divisão da turma em grupos;
• Entrega de um poema para cada grupo;
METODOLOGIA
• Entrega dos materiais necessários para que o texto seja produzido em um cartaz;
• Apresentação das leituras dos poemas para os colegas;
• Colagem dos cartazes em mural.
Professor(a), auxilie os grupos para que elaborem o cartaz com o texto produzido a partir da leitura
MEDIAÇÃO dos poemas listados nas páginas seguintes. Em seguida, motive a participação dos grupos, para que
apresentem as leituras que fizeram para a turma.

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Caderno de Atividades - Ambiguidade e produção de sentidos

ORIENTAÇÕES AO ESTUDANTE
• Esta atividade será feita em grupo;
• Cada grupo irá receber um poema;
• Após a leitura, cada componente do grupo terá a oportunidade de explicar o que entendeu, ou quais leituras conseguiu inferir da
mensagem do poema;
• O grupo criará um cartaz, utilizando recortes de jornais ou revistas, para expor as leituras que fizeram do poema. Para isso po-
dem usar recortes de imagens, palavras, títulos de notícias e reportagens, montagens de textos e fotos, etc.
• O grupo deverá usar a criatividade;
• Quando os cartazes estiverem prontos, o grupo deverá apresenta-los para a turma;
• Por fim, o grupo deverá colar o cartaz no mural da classe.

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Caderno de Atividades - Ambiguidade e produção de sentidos

POEMA 1:

SENTIMENTO DO MUNDO
Carlos Drummond de Andrade (1940)

Tenho apenas duas mãos


e o sentimento do mundo,
mas estou cheio escravos,
minhas lembranças escorrem
e o corpo transige
na confluência do amor.

Quando me levantar, o céu


estará morto e saqueado,
eu mesmo estarei morto,
morto meu desejo,
morto o pântano sem acordes.

Os camaradas não disseram


que havia uma guerra
e era necessário
trazer fogo e alimento.
Sinto-me disperso,
anterior a fronteiras,
humildemente vos peço
que me perdoeis.

(ANDRADE, 2012)

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Caderno de Atividades - Ambiguidade e produção de sentidos

POEMA 2:

QUE É QUE ELA TEM?


Franchi (1953)

Que é que ela tem?


Cabelos sedosos encaracolados?
A fronte serena talhada em marfim?
Na flor de seus lábios que inveja o carmim
Poesia do beijo que sempre sonhei?
Não sei...

Que é que ela tem?


A verde esperança pintada nos olhos?
No arfar de seu seio um ritmo de amor?
Nos dedos carinhos de em sonhos me pôr?
O colo torneado em madeira de lei?
Não sei...

Que é que ela tem?


Belezas nas ninfas? A graça das flores?
O amor dos amores? O dote de um rei?
Não sei...

Que é que ela tem?


Só sei ( e já me basta)
Que inteiramente me tem.

(FRANCHI, 2011)

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Caderno de Atividades - Ambiguidade e produção de sentidos

POEMA 3:

TEREZA
Manuel Bandeira (1930)

A primeira vez que vi Teresa


Achei que ela tinha pernas estúpidas
Achei também que a cara parecia uma perna

Quando vi Teresa de novo


Achei que os olhos eram muito mais velhos que o resto do corpo
(Os olhos nasceram e fizeram dez anos esperando que o resto do corpo nascesse)

Da terceira vez não vi mais nada


Os céus se misturaram com a terra
E o espírito de Deus voltou a se mover sobre a face das águas.

(BANDEIRA, 1977)

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Caderno de Atividades - Ambiguidade e produção de sentidos

POEMA 4

RETRATO
Cecília Meireles (1939)

Eu não tinha este rosto de hoje,


assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,nem o lábio amargo.

Eu não tinha estas mãos sem força,


tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.

Eu não dei por esta mudança,


tão simples, tão certa, tão fácil:
– Em que espelho ficou perdida
a minha face?

(MEIRELES, 1939 [2001])

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Caderno de Atividades - Ambiguidade e produção de sentidos

POEMA 5 Uma parte de mim


é só vertigem:
TRADUZIR-SE outra parte,linguagem.
Ferreira Gular (1980)
Traduzir uma parte
Uma parte de mim na outra parte—
é todo mundo: que é uma questão
outra parte é ninguém: de vida ou morte —será arte?
fundo sem fundo. GULLAR, 1980 [2004])

Uma parte de mim


é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.

Uma parte de mim


pesa, pondera:
outra partedelira.

Uma parte de mim


almoça e janta:
outra partese espanta.

Uma parte de mim


é permanente:
outra partes
e sabe de repente.

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Caderno de Atividades - Ambiguidade e produção de sentidos

Após desenvolver esta atividade, que resposta você daria a pergunta: “A poesia é ou
está no (con)texto?”

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Caderno de Atividades - Ambiguidade e produção de sentidos

ATIVIDADE 6

A CARA DA AMBIGUIDADE
PLANEJAMENTO

DURAÇÃO 1 aula

• Leitura de memes;
ATIVIDADE OPERACIONAL
• Produção de enunciados humorísticos e/ou irônicos.
• Texto verbal e não verbal;
CONTEÚDO • Ironia e humor;
• Ética e respeito.
Fazer a leitura de memes;
Discutir a interferência e impacto do memes na sociedade;
OBJETIVOS
Produzir memes, utilizando como recurso a ironia, o humor e a ambiguidade intencional.
Partilhar os textos produzidos com os colegas;
• Contextualização da atividade;
• Montagem do multimídia para explanação do conteúdo e para que os alunos visualizem os textos
METODOLOGIA coloridos;
• Distribuição da atividade fotocopiada (em preto e branco) para cada aluno;
• Produção de memes;

Professor, após explanação do conteúdo e discussões sobre o impacto dos memes na nossa
MEDIAÇÃO
sociedade, auxilie os estudantes a produzirem seus memes.

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Caderno de Atividades - Ambiguidade e produção de sentidos

ORIENTAÇÕES AO ESTUDANTE
• Nesta atividade faremos leitura de alguns memes;

• Em seguida, individualmente, você fará a análise e interpretação dos memes, identificando as ambiguidades;

• Por fim, iremos para as atividades de produção de texto a partir de memes.

53
Caderno de Atividades - Ambiguidade e produção de sentidos

Já parou para rir dos memes que têm saído nos sites de notícias, Segundo o dicionário online de termos da internet Meme é um termo grego que
de humor, nos blogs, Facebook e outros tantos canais virtuais?! significa imitação.
Não escapa ninguém, não é mesmo? Atores, políticos, jogadores, O termo é bastante conhecido e utilizado no “mundo da internet”, referindo-
se ao fenômeno de “viralização” de uma informação, ou seja, qualquer vídeo,
cantores... imagem, frase, ideia, música e etc, que se espalhe entre vários usuários
rapidamente, alcançando muita popularidade.
Até aquela nossa foto estranha, se cair nas mãos da galera, já
Disponível em: https://www.significados.com.br/meme/ Acesso em julho de 2018.
era, vira meme também!
E quem não se divertiu com os memes da Copa 2018?
Vamos analisar essas caras e bocas, lances e olhares registrados
por meio de fotos que viralizam rapidamente nas redes sociais
Neymar, atacante da Seleção Brasileira de Futebol, deu um show
e carregam todo tipo de mensagem, na maioria das vezes
à parte: na mesma proporção em que jogava, também caía. E é
engraçadas, com uma pitada de ironia ou até mesmo uma crítica,
claro, a galera não perderia um meme!
muitas delas cheias de duplo sentido.
Por exemplo, quando bate o desejo de que a sexta chegue logo,
lá vem o Chapolim Colorado:

Disponível em: https://www.todayonline.com/8days/sceneandheard/entertain-


ment/here-are-best-memes-world-cup-2018.
Disponível em: https://www.google.com.br/search?q=memes+chapolin+colorado&tbm=is- Acesso em julho de 2018.
ch&tbo=u&source=univ&sa=X&ved=0ahUKEwi13dP71q3cAhWEgJAKHWGKBzAQsAQIJg&-
biw=1280&bih=617#imgdii=5Oi6ZqHeamSUNM:&imgrc=HpJTEvvtbYja5M:
Acesso em julho de 2018.

54
Caderno de Atividades - Ambiguidade e produção de sentidos

A Copa de 2014 ficou na memória dos brasileiros, após a Se- Outro meme que viralizou em 2018, foi o “É verdade esse bilhete”
leção brasileira ter sofrido goleada história de 7x1 da Seleção que surgiu após um menino de 5 anos do interior de São Paulo
alemã. Com a Vitória da Seleção belga sobre os canarinhos, na tentar enganar a mãe com um bilhete falso. No bilhete, ele fingia
Copa de 2018, não faltaram memes que retomassem o vexame ser sua professora informando que não haveria aula, e no fim
de 2014.Veja este, fazendo uma referência entre as cores das ainda afirma que “é verdade esse bilete”.
bandeiras dos dois países:

Disponível em: https://www.dicionariopopular.com/e-verdade-esse-bilete/


Acesso em 24 de fevereiro, 2019.

Veja alguns memes que surgiram a partir do bilhete:

Disponível em: https://brasil.elpais.


com/brasil/2018/07/13/depor-
tes/1531506906_859443.html
Acesso em julho de 2018.

Disponível em: https://bocainainforma.com. Disponível em: https://bocainainforma.com.


br/cidade/bilhete-rendeu-memes-pensou- br/cidade/bilhete-rendeu-memes-pensou-
-em-algum/ Acesso em 24 de janeiro, 2019. -em-algum/ Acesso em 24 de janeiro, 2019.

55
Caderno de Atividades - Ambiguidade e produção de sentidos

Atenção!

A LEITURA DE MEMES TAMBÉM REQUER A ATENÇÃO PARA O DUPLO SENTIDO QUE ENUNCIADOS PODEM
TRANSMITIR. ALÉM DISSO, PRECISAMOS TER CUIDADO AO CRIAR UM MEME PARA QUE NÃO ESTEJAMOS
DE ALGUMA FORMA SENDO PROPAGADORES DE BULLYING.

Conhece outros casos de


memes que viralizaram
na internet e acabaram
trazendo transtorno para seus
personagens?
Comente com sua turma.

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Caderno de Atividades - Ambiguidade e produção de sentidos

Identificando a ambiguidade dos memes:

a)

b)

c)

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Caderno de Atividades - Ambiguidade e produção de sentidos

d)

e)

f)

58
Caderno de Atividades - Ambiguidade e produção de sentidos

Hora da produção

1) O Chapolim aparece em todas, não é mesmo?!


Agora é sua vez de produzir memes com a foto do Chapolim.
Quais mensagens você registraria aqui e em quais situações usaria?

Disponível em: https://br.pinterest.com/bibi_barros03/chapolin-


-sincero/ Acesso em julho de 2018.

59
Caderno de Atividades - Ambiguidade e produção de sentidos

2) E se você tivesse que escrever um “bilete”, qual mensagem escreveria e para


quem?

60
Caderno de Atividades - Ambiguidade e produção de sentidos

3) Agora use a sua criatividade e produza um meme original. Você pode utilizar a
foto de alguém conhecido, ou até recortar uma foto de jornal/ revista, para sua pro-
dução. Lembre-se de ser ético e respeitoso na hora da brincadeira.

61
Caderno de Atividades - Ambiguidade e produção de sentidos

ATIVIDADE 7

A AMBIGUIDADE NA CABEÇA DO OUTRO


PLANEJAMENTO

DURAÇÃO 3 aulas
• Leitura do texto “Incidente na casa do ferreiro” de Luís Fernando Veríssimo;
• Interpretação de ditados populares;
ATIVIDADE OPERACIONAL • Reflexão sobre o significado dos ditados populares;
• Produção de textos a partir da leitura de ditados populares;
• Interação entre os grupos.
• Ditados populares;
CONTEÚDO
• Texto verbal e não verbal.
• Destacar os ditados populares encontrados;
• Discutir sobre o significado desses ditados;
OBJETIVOS
• Escolher dois ou mais ditados e produzir mensagens a partir deles;
• Relacionar no texto do outro, um ou mais ditados populares.
• Contextualização da atividade;
• Leitura individual do texto, grifando os ditados populares;
• Leitura circular do texto, destacando os ditados;
• Discussão sobre o significado dos ditados;
METODOLOGIA
• Divisão da turma em grupos;
• Produção de texto (quadrinho, narrativa ficcional, poema) a partir dos ditados;
• Troca de texto entre os grupos, para que um possa identificar no texto do outro, qual ditado se
aplicaria àquela questão.
Professor(a), auxilie os estudantes na produção de seus textos e estimule o envolvimento do grupo
MEDIAÇÃO
para que todos participem e deem suas contribuições.

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Caderno de Atividades - Ambiguidade e produção de sentidos

ORIENTAÇÕES AO ESTUDANTE
• Faça a leitura do texto: é interessante que cada um represente um personagens durante a leitura;
• Grife todos os ditados populares que você encontrar no texto;
• Dica: ao todo é possível identificarmos 20 ditados populares no texto.

• Dividir-se em grupo de até 5 alunos;


• Produza um texto a partir dos ditados (pode ser um poema ou uma tirinha);
• Não explicite no texto em qual ditado o grupo se baseou;
• Troque de texto com outro grupo e identifique no texto do outro, em qual ditado popular ele se baseou;
• Dialogue entre os grupos, verificando em qual(is) ideia(s) convergiram e/ou divergiram;
• Analise se a resposta do colega é igual ou diferente da sua, e lembre-se de que, se for diferente, não significa que esteja errada.

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Caderno de Atividades - Ambiguidade e produção de sentidos

INCIDENTE NA CASA DO FERREIRO (O cego se choca com o vendedor de pombas, que larga a pomba
Luis Fernando Veríssimo que tinha na mão. Agora são três pombas voando sob o telhado
de vidro da casa).
Pela janela vê-se uma floresta com macacos. Cada um no seu Ferreiro – Esse cego está cada vez pior!
galho. Dois ou três olham o rabo do vizinho, mas a maioria Guarda – Eu vou atrás do coxo. Cuidem do mentiroso por mim.
cuida do seu. Há também um estranho moinho, movido por Amarrem com uma corda.
águas passadas. Pelo mato, aparentemente perdido – não tem Filho do enforcado (com raiva) – Na minha casa você não diria
cachorro – passa Maomé a caminho da montanha, para evitar isso!
um terremoto. Dentro da casa, o filho do enforcado e o ferreiro (O guarda fica confuso, mas resolve não responder. Sai pela
tomam chá. porta e volta em seguida).
Ferreiro – Nem só de pão vive o homem. Guarda (para o ferreiro) – Tem um pobre aí fora que quer falar com
Filho do enforcado – Comigo é pão, pão, queijo, queijo. você. Algo sobre uma esmola muito grande. Parece desconfiado.
Ferreiro – Um sanduíche! Você está com a faca e o queijo na Ferreiro – É a história. Quem dá aos pobres empresta a Deus,
mão. Cuidado. mas acho que exagerei.
Filho do enforcado – Por quê? (Entra o pobre).
Ferreiro – É uma faca de dois gumes. Pobre (para o ferreiro) – Olha aqui, doutor. Essa esmola que o
(Entra o cego). senhor me deu. O que é que o senhor está querendo? Não sei
Cego – Eu não quero ver! Eu não quero ver! não. Dá para desconfiar…
Ferreiro – Tirem esse cego daqui! Ferreiro – Está bem. Deixa a esmola e pega uma pomba.
(Entra o guarda com o mentiroso). Cego – Essa eu nem quero ver…
Guarda (ofegante) – Peguei o mentiroso, mas o coxo fugiu. (Entra o mercador).
Cego – Eu não quero ver! Ferreiro (para o mercador) – Foi bom você chegar. Me ajuda a
(Entra o vendedor de pombas com uma pomba na mão e duas amarrar o mentiroso com uma… (Olha para o filho do enforcado).
voando). A amarrar o mentiroso.
Filho do enforcado (interessado) – Quanto cada pomba? Mercador (com a mão atrás da orelha) – Hein?
Vendedor de pombas – Esta na mão é 50. As duas voando eu Cego – Eu não quero ver!
faço por 60 o par. Mercador – O quê?
Cego (caminhando na direção do vendedor de pombas) – Não Pobre – Consegui! Peguei uma pomba!
me mostra que eu não quero ver. Cego – Não me mostra.

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Caderno de Atividades - Ambiguidade e produção de sentidos

Mercador – Como? encontro à parede. Mas o último protesta).


Pobre – Agora é só arranjar um espeto de ferro que eu faço um Último – Parem! Eu serei o primeiro.
galeto. (Todos saem com o último na frente. O cego vai atrás).
Mercador – Hein? Cego – Meu rei! Meu rei!
Ferreiro (perdendo a paciência) – Me dêem uma corda. (O filho
do enforcado vai embora, furioso).
Pobre (para o ferreiro) – Me arranja um espeto de ferro?
Ferreiro – Nesta casa só tem espeto de pau.
(Uma pedra fura o telhado de vidro, obviamente atirada pelo
filho do enforcado, e pega na perna do mentiroso. O mentiroso
sai mancando pela porta enquanto as duas pombas voam pelo
buraco no telhado).
Mentiroso (antes de sair) – Agora quero ver aquele guarda me
pegar!
(Entra o último, de tapa-olho, pela porta de trás).
Ferreiro – Como é que você entrou aqui?
Último – Arrombei a porta.
Ferreiro – Vou ter que arranjar uma tranca. De pau, claro.
Último – Vim avisar que já é verão. Vi não uma mas duas
andorinhas voando aí fora.
Mercador – Hein?
Ferreiro – Não era andorinha, era pomba. E das baratas.
Pobre (para o último) – Ei, você aí de um olho só…
Cego (prostrando-se ao chão por engano na frente do mercador)
– Meu rei.
Mercador – O quê?
Ferreiro – Chega! Chega! Todos para fora! A porta da rua é
serventia da casa!
(Todos se precipitam para a porta, menos o cego, que vai de

65
Caderno de Atividades - Ambiguidade e produção de sentidos

SAIBA MAIS...

Para aprofundamento de estudos, trouxemos algumas definições abordadas nesta sequência.

Rezende (2008) define as atividades epilinguísticas como como um trabalho de representação, referenciação e equilibração que
permite ao homem construir a significação. Mas o que seriam essas operações? Vamos descrever brevemente algumas delas.

1 REPRESENTAÇÃO

Essa primeira operação, que alicerça a atividade de linguagem, é segundo Zavaglia (2016) e Onofre (2007) predominantemente de
caráter psicológico. É a capacidade que o indivíduo desenvolve de construir suas noções2, ou ainda de representar o que deseja, ou
a forma como apreende o mundo. Representar:
Trata-se da capacidade que o sujeito tem de observar os objetos do mundo, atribuir-lhes valores, e isso se faz na relação entre os valores de (P)
de um objeto e os não-valores (P’) desse objeto. A representação mental, então, constrói-se pela afirmação de uma série de valores característicos
de um objeto X, o que implica a negação de tantos valores (ONOFRE, 2007, p. 154).

2
Noção, ao contrário do que muitos pensam, não é uma unidade lexical, ou uma palavra. Embora seja através das palavras que temos acesso às noções, elas não têm igualdade
de valor. Ainda segundo a TOPE (Teoria das Operações Predicativas e Enunciativas), a noção é uma atividade mental que envolve três processos (representação, referenciação
e regulação ). Segundo Culioli (1985): “As palavras são como resumos desses sistemas de representações nocional. São captadoras: por uma palavra você pode remeter a
uma noção. Ela evoca toda uma noção, mas a relação não é simétrica: uma noção vai ser aprisionada parcialmente numa palavra. Uma vez mais, pois, não há relação termo a
termo; sempre há evasivas, sempre há excessos. Na realidade sempre há, a partir da palavra, a possibilidade de haver um sistema que escape à palavra” (CULIOLI, 1985, p. 19,
apud, ZAVAGLIA, 2016, p. 70).

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Ao falarmos da representação, remetendo-nos para o contexto de sala de aula, podemos considerar o reconhecimento de sentidos
diversos, ao tratarmos por exemplo, da leitura e compreensão de textos. Muitas vezes, na escola, segundo Geraldi (2013, p. 106) o
texto aparece como um objeto de leitura vozeado em que o professor lia o texto em voz alta e depois pedia que os alunos lessem,
lia melhor quem se aproximasse mais do “modelo” lido pelo professor; um objeto de imitação em que nas atividades de produção
imitava-se tanto a estrutura quanto a forma escrita do texto lido; e como objeto de fixação de sentidos em que não era possível
produzir sentidos, como o fazemos (ou ao menos tentamos) hoje, o significado era fixo de acordo com o ditado pelo professor ou
escritor.
Se considerássemos apenas essas três possibilidades nas atividades de leitura, compreensão de sentidos e escrita de textos, es-
taríamos anulando a capacidade de o sujeito realizar suas representações, ou formular suas noções que são produzidas a partir de
um conjunto de referências formuladas nas interações sócio-históricas e culturais.

2 REFERENCIAÇÃO

A referenciação é uma operação que correlaciona os domínios linguísticos e extralinguísticos, é uma construção e como tal, segun-
do Zavaglia (2016)
[...] não pode ter os resultados possíveis de seus mecanismos operacionais pré-estabelecidos de modo que os elementos do nível linguageiro, que
são objetos simbólicos e construídos, representantes do mundo físico-cultural, estabeleçam com os elementos do nível linguístico, que também
são objetos simbólicos construídos e, ao mesmo tempo, físicos (sons ou letras), uma relação univocamente simétrica (ZAVAGLIA, 2016, p. 50).

O que Zavaglia quer dizer é que referenciar não é simplesmente correlacionarmos o objeto com seu nome, mas termos condições
de fazermos agenciamentos entre o signo e seu significante. Ou seja, quando o sujeito diz flor a relação entre signo e objeto é
construída a partir do contexto sócio histórico e ideológico em que o processo de referenciação foi produzido. Flor: de qual espécie,
tamanho, cor, etc. A referência de um sujeito para esse objeto pode não ser a do outro.
Compreendendo as atividades epilinguística como “operações que se manifestariam nas negociações de sentido, em hesitações,
em autocorreções, reelaborações, rasuras, pausas longas, repetições, antecipações, lapsos, etc. e que estão sempre presentes nas
atividades verbais...” Podemos assim dizer que a referenciação é construída mediante as possibilidades de interação do sujeito,
quanto mais diversas forem essas possibilidades, maior será a capacidade do sujeito de operar com a língua, e produzir sentidos.
Dessa forma permitimos que o falante também reconheça que não há homogeneidade linguística, abrindo-se para diferentes pos-
sibilidades de trabalho com as variações linguísticas sejam elas regionais, temporais ou geográficas, enriquecendo-se a capaci-
dade linguística do falante.

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3 REGULAÇÃO

A regulação é a terceira atividade de operação linguística, e é indissociável das operações de representação e referenciação. Nesse
processo, segundo Zavaglia (2016), estão em jogo as representações daqueles que participam da enunciação, sendo, portanto, uma
confirmada e outra suposta, poderíamos dizer ainda que seria um “jogo” de ajustamentos. Segundo Onofre (2007):
[...] tais ajustamentos são possíveis se levar em conta que a linguagem caracteriza-se por ser ao mesmo tempo estável e instável, o que possibilita
a incessante criação de sentidos, que se cristalizam no momento da enunciação e já se abrem para novas ocorrências e novos valores (ONOFRE,
2007, p. 156).

Regular, portanto, é estabilizar, é escolher o que será dito, como será dito, para quem vou dizer, com que propósito. Todavia, nesse
processo, embora pareça contraditório, não há rigibilidade nem imutabilidade, mas sim, é um processo plástico, dinâmico.

CONCLUINDO

Vale ressaltarmos ainda que esses processos são mecanismos dinâmicos que se correlacionam, nesse sentido,
Quanto mais intenso for o diálogo interno, ou a atividade epilinguística, mais intenso será o dialogo externo, ou o resultado intersubjetivo dos
processos de produção e reconhecimento de formas. [...] ao investir esse material de significação para falar e ouvir, ler e escrever, é o sujeito que
construirá, de modo plástico e dinâmico através de sua atividade epilinguística, a significação (ZAVAGLIA, 2016, p. 39).

Não podemos esquecer de que ao operarmos com a língua não usamos apenas aquele significado estático dicionarizado, mas o sig-
nificado construído no contexto enunciativo, pois é exatamente esse contexto que fornece a moldura para a construção dos significa-
dos. Nos diferentes contextos lemos os signos, atribuindo-lhes sentidos diversos, apropriamo-nos das noções e as transformamos
em enunciados, com as noções parafraseamos, metaforizamos, ironizamos, choramos, rimos, etc.
As atividades epilinguísticas possibilitam assim um trabalho com a língua, nas quais o estudante em contato com textos reais, orais
e escritos de gêneros diferentes, em variações históricas, temporais, regionais e culturais diversas, poderá em situação de aprendi-
zagem, construir conhecimento.

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