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Notas da Autora

Quero primeiramente agradecer as minhas amigas que me


acompanham e sabe o quanto gosto de escrever, mesmo que eu demore
bastante pra atualizar elas ainda esperam e me mandam feedback.
Obrigada por todo apoio que me dão.

Quero pedir desculpa se ainda houver algum erro, pois estou revisando
mais uma vez. Essa história era uma fanfic de um casal que não é um
casal, mas tem muita gente que acredita nos dois. Eu sempre que posso
escrevo sobre eles e dessa vez não seria diferente. Sim, todos os nomes
estão trocados.

Vale lembrar:
“A autora não concorda com nenhum tipo de violência, seja ela verbal
ou física, lembrando que é apenas uma história.”

Desejo a todos vocês uma boa leitura, espero que goste. Já aviso que
pretendo fazer um segundo livro da história, acho que não contei tudo
que queria.

Sinopse
Heloísa Albuquerque era uma jovem brasileira de 24 anos, ela sempre
foi muito sonhadora e um de seus sonhos era fazer intercâmbio em
algum país de fora. Então sua amiga Bianca lhe contou de uma
oportunidade que a ajudaria nesse sonho. Empolgada Heloísa
convenceu a todos que seria bom pra ela viajar pro exterior, ela só não
contava que junto à essa viagem viria algumas surpresas que o destino
havia preparado. Um amor proibido, um começo errado, mas tudo
parecia se encaixar no momento.

Henrique Ávila um rapaz de 35 anos, herdou uma das empresas e dela


gerou várias outras que sustentam sua vida boa. Casado por status e
talvez comodidade, ele já não tem mais ânimo e joga seu estresse em
baladas. Sua filha é o que te traz felicidade, mas a menina sente falta
de sua presença e atenção. Com a vida corrida dos negócios ele
deposita essa tarefa em alguma babá que esteja disposta a dar a ela
tudo que os pais não consegue. Ele só não esperava que iria depositar
muito mais que essa responsabilidade em Heloísa.

Heloísa
— Bom dia mãe. — falei ao encontrar minha baixinha na cozinha passando

seu famoso café matinal que eu simplesmente amava. — Cadê o Guilherme?

— Bom dia minha filha. Seu irmão saiu com o David. — dei um beijo em sua

bochecha e me sentei na cadeira perto do balcão.

— Pensou sobre o que conversamos? — perguntei e ela me olhou com um

semblante um pouco triste.

— Você tem certeza que quer ir mesmo pra longe filha? — perguntou e eu

concordei. Era minha vontade, estudar inglês e depois ir fazer intercâmbio

por um tempo. E por pura coincidência a Bianca que também estudava

comigo disse que viu uma família procurando alguém do Brasil que falasse

inglês, mas que também ensinasse a filha do casal o português fluente. Pensei

ser uma boa oportunidade. E acabou que conversei com a mãe da menina e

ela foi super simpática e disse que queria que eu fosse pra sua casa, o salário

era muito bom e sem falar que ainda teria onde morar.

— Mãe é só um ano. Eu vou ficar bem. — falei com ela e tentei sorrir pra ela

ver que estou feliz com isso. Minha mãe sempre foi muito apegada a mim e

meu irmão, mas eu acho uma oportunidade incrível.


— Está disposta a largar tudo? Namorado? Emprego. — me questionou e eu

abaixei a cabeça, ainda nem tinha comentado com o Bruno que pretendia

fazer isso, mas se ele gosta mesmo de mim vai entender e quem sabe me

esperar. Ele também pode tentar ir até lá. Sua família tem condições pra isso.

— Ainda não conversei com ele sobre isso. E mãe você viu o quanto o salário

é bom, vai ser duas coisas boas pra mim. — falei e ela apenas concordou.

Então entendi que ali o assunto estava encerrado.

Passei o dia conversando com a Bianca e ela é uma das poucas que vem me

animando em relação a minha escolha. O combinado com a Carly foi que eu

iria pra lá no primeiro dia do mês que vem. Então faltam apenas quinze dias.

Resolvi que esses últimos dias aqui eu vou curtir muito meus amigos e minha

família. Vou sentir falta da cidade agitada de São Paulo, das noites agitadas

com a Bianca, da calmaria quando íamos ao interior, mas sei que também um

tempo longe vai me fazer muito bem.

— Lila. Bruno está aí. — Guilherme apareceu na porta do meu quarto. Olhei

pra Bianca um pouco nervosa.

— Já estou indo. — então meu irmão se foi. Suspirei. Não sei o que esperar
dessa conversa.

— Vai lá amiga. Vou em casa, qualquer coisa só me chamar viu? —

concordei e descemos, deixei ela na porta e fui até a sala. Bruno conversava

com minha mãe e meu padrasto. Me sentei ao seu lado e ele logo me deu um

selinho, segurei sua mão e fingi prestar atenção na conversa, mas estava

mesmo distraída. Eu gosto mesmo dele, namoramos desde novos, eu tinha 17

anos quando o conheci e logo depois nos envolvemos. Foi algo que

simplesmente aconteceu e até hoje estamos juntos.

— Amor? Podemos subir. Quero conversar com você. — falei com ele.

Segurei sua mão depois dele concordar. Minha mãe apenas me encarou, acho

que no fundo ela tem esperança que ele seja alguém que me pare, que me

impeça de viajar, mas eu sempre fui muito decidida. E acredito que se ele

gosta mesmo de mim deve me apoiar.

Chegamos no meu quarto e ele logo se sentou na cama. Fiquei olhando pra

ele por um tempo.

— Eu estou a um mês pensando em uma possibilidade, mas a mais ou menos

uma semana ela se tornou real. Sempre falei com você que sonho em ir pra
fora do Brasil, queria muito fazer intercâmbio e bom eu comecei a ver sobre

isso e recebi uma boa proposta. — dei uma parada e ele me incentivou a

continuar. —Tem uma família que precisa de uma babá, o salário é muito

bom, pois eles são brasileiros mas já moram lá a um tempo. Querem que sua

filha de 5 anos aprenda português. Eu pensei na proposta e aceitei. Eu sei que

poderia estar falando antes, mas...

— Amor, calma eu não vou te impedir. É seu sonho. E vou sempre de

apoiar. — ele alisou meu rosto e me deu um beijo na testa. — Agora me

conta mais sobre essa família.

Me sentei encostada na cabeceira, empolgada e feliz por ele ter reagido da

forma que imaginei. Bruno pode ter vários defeitos mas sei que ele nunca me

impediria de viver um sonho.

— Pelo que entendi, eles são em três, ela, o marido e a filha de 5 anos, pelo

que entendi se chama Manoela. O pai trabalha muito e pouco fica em casa, já

a Carly, ela não é muito diferente, mas tem um pouco mais de tempo.

Acontece que a babá vai sair e ela estava querendo muito que a filha

aprendesse a língua daqui pois os avós maternos moram aqui no Brasil. Não

sei bem como vou me adaptar cuidando de uma criança, mas vi fotos a
menina é linda e pelo visto bem calma, mas não sei parece que ainda falta

algo nela. Não sei quem sabe um sorriso mais largo. Fiz algumas chamadas e

a menina pouco falou de brincadeira. Não sei, parece que ela sente falta de

algo. — sorri. Lembro ainda do rostinho da menina se alegrar ao ouvir eu

dizer que iríamos brincar.

— Entendi. E como vou conseguir te ver? Acho que não aguento um ano. —

brincou e me puxou pra um abraço apertado.

— Eu já ia falar isso. Preciso que você de um jeito de me ver. Também não

aguentaria tanto tempo. — lhe dei um beijo e deixei ele tomar sua forma.

Suas mãos seguravam firmes meus cabelos me mantendo perto.

As semanas passaram voando e quando vi o dia da viagem estava mais

próximo do que eu imaginava. Estávamos fazendo uma despedida, minha

mãe chamou a Bianca e também toda a família de Bruno. Ele que passou

colado comigo a última semana. Confesso que hoje está me dando um frio na

barriga, não sei o que esperar mas estou mega entusiasmada com a viagem

que vai acontecer amanhã pela manhã. Ontem falei com a Carly e ela junto a

Manoela vai estar me esperando no aeroporto. Ainda posso ver o rostinho da


menina animada dizendo que vamos brincar muito.

— Aí amiga como vou sentir sua falta. — a Bianca falou comigo e me

abraçou. Seu copo de cerveja quase caiu toda em mim.

— Eu também amiga. Vou sentir falta de tudo. — correspondi seu abraço

apertando ainda mais. — Você vai ter que me aturar todos os dias te ligando.

Entendeu?

— Claro. E se você não ligar eu que ligo. — cai na gargalhada. Minha mãe se

aproximou e me olhou com um sorriso um pouco triste. Lhe puxei mais pra

mim.

— Eu te amo minha baixinha. E prometo voltar assim que der. E vim daqui a

seis meses nem que seja pra passar poucos dias. — seus olhos brilhavam me

fazendo chorar. Enxuguei suas lágrimas. — Vamos curtir nosso momento,

vamos?

— Vamos. Que você tenha juízo nessa viagem minha filha. — falou e me deu

um beijo na testa. Passamos o restante da noite entre brincadeiras e boas

risadas.
Eu estava na ala do embarque, meu coração estava disparado. Voar nunca foi

muito bom pra mim, mas hoje estava ainda mais intenso, eu estaria voando

sozinha e pra uma vida totalmente nova. Quando chamaram meu voo dei

mais uma abraço na minha mãe e meu irmão. E vi Bianca chegando correndo.

— Pensei que iria perder esse momento. — ela me abraçou ofegante pela

pequena corrida pelo saguão.

— Tchau amiga. Promete aceitar todas as minhas chamadas. — brinquei.

— Até mesmo as da madrugada. — abri um largo sorriso e me afastei deles.

Prometi que não iria olhar pra trás. Eu poderia querer voltar antes mesmo de

tentar.

Já dentro do avião coloquei meus fones e tentei me desligar de tudo. Carly

disse que estaria me esperando assim que eu desembarcasse. Meus

pensamentos se perderam, eu estava me imaginando com uma menina de

cinco anos, Manoela tinha algo especial, ela parecia tão doce. Me senti bem

com ela no primeiro instante. As longas horas de voo já estava me sufocando.

Quando finalmente pousamos eu pude respirar um pouco de ar livre. Estava

na temporada de frio por aqui, logo peguei um casaco que estava por cima da
minha mala. Sai no portão de desembarque e já avistei a morena alta e a

menina com grandes olhos expressivos que assim que me viu se fecharam por

conta do sorriso que brotou em seus lábios. Não pude deixar de notar o

quanto a Carly era linda, seus cabelos eram grandes batiam na sua cintura,

que parecia perfeitamente desenhada. Pudera a mulher é modelo, quis me

encolher já que não sou nada o padrão da beleza. Meu quadril é largo e sou

um pouco acima do peso, mas nada que me incomoda, gosto do meu corpo.

Me aproximei delas e a menina como se me conhecesse a anos apertou

minhas pernas em um abraço.

— Oi meu amor, pelo visto me esperou ansiosa pelas brincadeiras. —

brinquei e me abaixei pra ficar da sua altura e lhe apertei em meu braço. —

Oi Dona Carly.

— Sem o dona Heloísa. Me senti velha. — ela disse com um sorriso no rosto.

— Vamos então? Está na hora de você dormir e temos que apresentar a casa

pra Heloísa.

—Tia você vai amar meu quarto da princesa. — a menina falou e eu ri. Era

bom falar em inglês um pouco, apesar de estar prestando bastante atenção em

tudo pra não me perder.


— Então eu quero conhecer. — falei e segurei suas pequenas mãozinhas.

Entramos em um Audi preto, na frente tinha um segurança e um motorista,

sentamos as três atrás.

— Heloísa. Temos que acertar uns pontos.— Agora Carly usava o português

fluente. Eu concordei e a incentivei ela a continuar. — Olha, lá em casa as

coisas não são as mil maravilhas que a mídia mostra. Henrique é o meu

marido, mas ele mal fica em casa, vai ver ele mais a noite. Quero que evite

ficar em lugares que ele estiver. Se ouvir brigas ou discussão ignore ou se

afaste. Manoela tem uma semana cheia, sempre está na escola ou nas aulas de

balé. Isso vai ser trabalho seu. Suas refeições serão feitas depois de nós, é

difícil mais as vezes reunimos a família do Henrique e fazemos um almoço

ou jantar, mas é uma exceção. Eu não sou muito diferente, trabalho muito e

as vezes viajo por algum tempo, Manoela sempre fica com as babás, não será

diferente com você, mas você sempre será bem recompensada por isso. Está

acompanhando até aqui?

— Sim. — era apenas o que poderia dizer. Pois em poucos minutos percebi

que estava certa sobre a menina. Ela queria atenção, pelo visto os pais pouco

fica com ela. Deve ser por isso que ela se apega tão rápido a alguém que lhe

de o mínimo de atenção possível.


— Então. Temos outros funcionários. Laura é a nossa cozinheira, ela faz

tanto a nossa comida como a de vocês. Rosa é a responsável pela organização

da casa, ela basicamente limpa tudo, menos seu quarto isso é você mesma

quem faz. E por último seu contrato vai chegar com o Henrique. Ele está

viajando e chega pela manhã. — concordei com tudo.

— Sou eu quem coloco Manoela pra dormir? — perguntei por alto. Era óbvio

que a resposta seria sim. Bom eu praticamente trocaria de papel com ela. —

Dona Am.... Carly eu tenho algum dia livre?

— Sim é você quem a coloca na cama, a não ser quando o Henrique estiver, é

ele quem faz isso. E você terá tempo livre, mas não em dias certos. Se

precisar resolver algo avise com um pouco de antecedência. — apenas

concordei e passei o restante do caminho olhando pras ruas de Seattle, uma

cidade grande e tenho tanto a conhecer.

Chegamos em frente à uma casa enorme e os portões se abriram no

automático. Quando o carro parou logo os dois rapazes que até então estavam

quieto desceram e abriram a porta pra nós. Manoela desceu comigo e estava

mega empolgada com o fato de me mostrar seu quarto. Logo na sala que por

sinal seja quase do tamanho da minha casa inteira, conheci as duas senhoras
que a Carly havia citado antes. Foram bem acolhedoras. Manoela

praticamente me puxou escada a cima.

— Manoela ainda tenho que mostrar o quarto a Heloísa. — Carly disse

subindo a escada com elegância. A menina parou de imediato e então fomos

a um quarto no fundo do corredor, ele era o último. Não ficava atrás na

beleza. Uma cama enorme e um banheiro lindo com uma banheira, pelo visto

os empregados são bem tratados. Assim que vi tudo Manoela me puxou pro

outro lado das escadas, tinha outro corredor com apenas três portas, ela

entrou em uma delas e me senti dentro da Disney, era um quarto com uma

cama como de uma princesa, todo o quarto decorado com castelos e objetos

de realeza. Ela me mostrou sua enorme TV e inúmeros brinquedos. Me sentei

no chão com ela.

— Qual você gosta mais? — perguntei e ela pensou bastante até me trazer a

Cinderela.

— Gosto dela e da história do sapatinho. — falou se sentando novamente ao

meu lado.

— E o que você acha de tomar banho e depois me contar essa história. —


Carly nos observava da porta parecia surpresa quando a menina aceitou o

acordo. Fiz um sinal como quem pedia permissão ela deu e saiu do quarto. Eu

fui dei banho na Manoela e coloquei seu pijama. Fiquei na poltrona ao lado

da cama e segurei sua mão fazendo carinho. Ela começou então a contar

história, antes mesmo do final ela dormia como anjo. Dei um beijo nos seus

cabelos e sai do quarto sem fazer barulho. Já estava tarde então resolvi ir

direto pro quarto onde seria meu. Tomei um banho coloquei um baby doll e

deitei na cama que era tão macia que poderia passar o dia aqui. Peguei meu

celular e a primeira coisa que fiz foi mandar mensagem pra minha mãe e

também a Bianca. Larguei o aparelho e deixei o cansaço me vencer.

Henrique

Eu vim pra Washington ainda novo, pai tinha negócios que valiam
ouro aqui, depois de muito convencer minha mãe ele decidiu que seria
aqui nosso novo lar. Ele comprou uma casa e mudamos completamente
nossa vida, afinal sair de Palmas pra Seattle não era uma simples
mudança. Eu tinha 17 anos na época. Hoje eu tenho 35 cuido de uma
das empresas, me tornei o CEO de uma delas, na verdade meu nome
vai em todas. Com 19 anos eu conheci uma menina ela era linda,
modelo e me apaixonei por ela no primeiro instante. Era até engraçado
falar disso, mas bom foi tudo muito rápido, um amor muito intenso
tanto meu como dela.

Carly tinha 18 anos, pouca diferença mas ela havia vivido muita mais
coisa que eu, sua carreira de modelo já existia estava em um bom
momento. Não sei mas acontece que nos apaixonamos, nosso namoro
ficou escondido durante dois anos até que decidimos nos casar. Eu já
estava em um cargo bom nas empresas e fizemos uma festa simples
mas bem bonita. Estamos juntos até hoje mesmo que tenhamos altos e
baixos, hoje em dia mais baixos que altos. Nossas brigas são constante
sobre tudo. Vivo em viagens, eu estou em um momento de acordos na
empresa, tentando expandir mais uma filial, Carly, bem eu nem sei que
rumo está, sei que ela anda sem tempo pra tudo, inclusive pra Manoela.
Eu me sinto mal, sei que minha filha quer atenção, mas também ando
tão atarefado então sempre que estou em casa prometi que seria eu a
colocar ela na cama.

— Henrique precisamos conversar. — Carly entrou no escritório sem


bater. Bufei. Já discutimos ontem e hoje pelo visto não vai ser
diferente.

— Carly, o que foi dessa vez. — falei ainda olhando a tela do


computador que constava várias informações do mês ali. Preciso fazer
o levantamento entregar pro meu pai e por fim fechar a reunião
mensal. Não posso parar e me dar ao luxo de entrar em mais uma
discussão sem sentido com ela.

— Luiza vai sair fim do mês. Pensei em por em prática aquele plano de
trazer alguém do Brasil. Manoela já está numa idade boa pra aprender
nossa língua. — Eu não ouvi quase nada, mas pra não gerar conflitos
concordei. O silêncio se instalou ali, mas veio acompanhado de quase
um grito de Carly.

— Henrique tem como você olhar pra mim quando eu falo? Eu estou
aqui tentando te comunicar algo da Manoela e nem isso chama dia
atenção? — bufou. Tirei meus óculos e encarei minha esposa que
agora estava bem irritada.

— Eu ouvi Carly. Faz o que você achar melhor. Traga alguém que
passe confiança. Não posso falar mais que isso, depois me diga o nome
pra eu elaborar o contrato. — falei e novamente coloquei meus óculos
voltando pra tela que chamava minha atenção. Pelo visto vamos
mesmo conseguir o que eu queria, até o fim do mês eu viajo e
fechamos negócio. Meu pai vai ficar eufórico com a possibilidade.
Trabalhamos em vários ramos, seja hotel, restaurantes, clubes até casas
noturnas temos algumas na cidade. Uma ramo de entretenimento.

— Você não está nem aí. — Carly falou e eu já até tinha me esquecido
de sua presença. Saiu batendo a porta com tanta força que senti o
tremer das paredes. É desses altos e baixos que me referia. Sei que não
sou perfeito mas tenho me dedicado ao trabalho, quando nos
conhecemos eu já era assim. É algo que amo.

Depois de fechar meu notebook e colocar ele na maleta saí do


escritório rumo a porta de saída.

— Papai. — ouvi a voz fina da minha pequena e foi isso que me fez
sorri na hora. Me virei já abaixando pra receber seu abraço.

— Oi meu anjo. Por que já está acordada? — perguntei bagunçando


ainda mais seus cabelos.

— Eu queria falar com você. Não deixa a tia Luiza ir embora. Eu gosto
tanto dela. Ela é quem brinca comigo, me coloca pra dormir, conta
história. — falou com os olhinhos cheios d’água. O que eu iria falar
agora? Puxei ela pro meu colo e limpei lágrima que agora descia.

— Olha a mamãe e falou comigo. Ela vai arrumar uma tia bem legal,
que vai brincar e contar história. E sabe a parte mais legal. — fiz
cócegas para arrancar um sorriso dela. — Ela vai te ensinar a língua do
papai e da mamãe.
— Não quero aprender papai. — olhei pra ela desconfiado. Ela
abaixou a cabeça e mexeu de leve na minha barba. — Não gosto dessa
língua. Sempre que vocês usam ela é pra brigar.

Me senti mal. Abracei minha filha e fiquei em silêncio por alguns


minutos. Eu não sabia o quanto minhas discussões com a Carly afetava
a Manoela, que mesmo tão pequena sabia o que se passava. Respirei
fundo e voltei a alisar seus lindos cabelos.

— Olha o papai promete evitar brigar. Agora eu quero que você fique
feliz. Tia Luiza vai pra um lugar que é bom pra ela, e mesmo longe ela
ainda vai lembrar de você e de seu jeitinho sapeca. — passei a barba
em seu pescoço arrancando uma risada. — Agora vamos combinar
assim, você fica feliz e o papai promete não brigar. E quando a nova tia
chegar quero que ver você mostrar pra ela tudo que gosta, tá bom?

— Manoela promete papai. — beijei sua bochecha e coloquei ela no


chão.

— Agora o papai tem que ir que o vovô Gustavo está esperando e eu


não quero levar bronca. — falei rindo e ela também riu de um jeitinho
que só ela tem. Depois de dar mais um beijo em seu rosto saí de casa.

Meu celular tocou quando eu não sentei no banco de trás. Era alguns
dos sócios das filiais. Passei o caminho resolvendo algumas coisas e
consegui apenas uma viagem de emergência por conta de ter que
comparecer à uma reunião. Bufei. Pedi ao Fernando que ligasse pra
minha casa Carly pra arrumar uma pequena mala de apenas dois dias.
Sei que em minutos meu celular tocaria com ela histérica por conta da
viagem. Não precisava ser tão mágico pra saber disso. Meu celular
então tocou e eu atendi descendo do carro em frente a empresa.

— Você vai viajar? Henrique é sério isso? — falou com a voz alta mas
sem gritar.

— Eu também não esperava por isso. — falei sem muita emoção.


Cumprimentei as loiras da recepção que são lindas por sinal.
— Não pode simplesmente se programar. Henrique você voltou tem
dois dias de viagem e já vai fazer outra? — falou mostrando toda sua
irritação.

— Depois eu vou ficar com vocês. Prometo. — falei e desliguei. Não


quero render mais assunto. Coloquei meu celular no silencioso e olhei
pra fora pelo vidro do elevador que subia até o último andar.

Não ando muito na linha com a Carly, não quero justificar o que fiz,
mas acontece que cheguei no meu limite quando já estávamos brigando
até pelo que iria comer na noite. Eu então sai de casa puto, estava um
pouco cansado, tinha trabalhado o dia inteiro. Parei em uma casa
noturna na intenção de só beber mas então uma morena com um
vestido bem curto se aproximou e foi dali em diante que eu me tornei
isso. O cara que trai a esposa mesmo não me orgulhando é isso que
vem acontecendo. Eu não sei por que ainda não cheguei no ponto final,
mas acho que Manoela ainda me prende muito. Ou então nenhuma
mulher me tirou dos eixos como diz meu irmão.

Minha família não é muito fã de Carly, acham ela fresca e as vezes fria
demais com Manoela. Eu tento não levar isso como um ponto forte,
eles até que tentam se dar bem. Hora ou outra marcamos um jantar pra
tentar manter a pose de família feliz, mas sei que meus pais só fazem
isso por causa de mim e meu irmão por causa dos meus pais. Gael é
mais novo que eu dois anos, ele é o tipo galinha, ninguém prende esse
menino e se fosse por ele eu já teria largado minha esposa e estaria por
aí pegando qualquer uma. Saímos muitas vezes juntos, quando eu estou
querendo me distrair ele é uma boa companhia. O elevador chegou no
meu andar.

— Bom dia senhor Henrique. — Aila minha secretaria estava com um


grande sorriso no rosto. As vezes chega me irritar esse bom humor dela
o tempo todo. — Gael te espera na sua sala.

— Bom dia. Obrigado. — Entrei e o bastardo estava na minha cadeira.


— O que faz aqui?
— Temos reunião e apenas me adiantei. — falou rindo. Me olhou de
cima a baixo. — Parece que a primeira dama tem perturbado. Seu
humor está péssimo, juntando com essa cara.

— Não enche Gael. — falei e o puxei da minha cadeira. Me sentei e


logo a porta abriu meu pai passou com seu terno e gravata. Estava ao
celular e parecia entusiasmado. Quando desligou eu fiquei esperando
alguma explicação. — Não vai falar?

— Vamos abrir um hotel em Nova Iorque. — falou e isso fez meu dia
bem. Tem quase um ano que meu pai tem tentado fazer nosso projeto
acontecer. — Mas preciso que um de vocês estejam lá semana que
vem.

— Não posso. — Gael falou rápido.

— Gael você vai. Eu tenho viajado quase o mês inteiro.— falei agora
irritado.

— Não dá, eu tenho outra reunião na filial de Portland. — falou e eu


bufei. Merda! É agora que as coisas vão ficar ainda mais complicadas
com Carly e também com Manoela.

— Quantos dias? — perguntei.

— Quatro. Se nada fugir do controle apenas isso. — concordei e bufei


mais uma vez. Eu não vou deixar meu pai na mão mas também sei que
isso não vai ser bom pra minha vida pessoal. A reunião começou e não
falamos mais sobre a viagem.

Os dias passaram e também com ele a penúltima viagem do mês


chegava ao fim. Estava a caminho de casa e quando chego a Manoela
me recebeu com um abraço apertado. Carly nem olhou pra mim e
continuou ao celular. Eu não entendi muito bem, mas parecia com
alguém do Brasil, percebi a língua.
— Mamãe está falando com a tia que vai ficar comigo. — Manoela
falou segurando minha barba. — Eu não falei, mas vi ela.

— E aí ? Você gostou? Acha que ela vai ser legal com você? —
perguntei fazendo carinho em seu rosto.

— Não entendo o que elas falam, mas a mamãe me disse que ela chega
em duas semanas. — falou empolgada. — Ela tem os cabelos como da
Cinderela.

— Viu vai ter sua própria Cinderela. — brinquei e me joguei no sofá.


Logo eu estava com várias barbeis e também ursos brincando de
contos de fadas.

— Acho que Manoela já falou tudo. — Carly falou se sentando perto


de nós.

— Acredita que ela seja confiável? — questionei. Tenho medo de


quem possa chegar aqui.

— É uma boa menina, ela queria fazer intercâmbio mas uma amiga
dela falou do site que eu cadastrei perguntando sobre alguém
interessado. Estamos conversando quase todos os dias. E agora temos
uma data. Ela chega não primeiro dia do mês que vem. — falou e eu
concordei.

— Pega os dados para o contrato. — falei e ela abaixou a cabeça.

— Tem um porém, ela quer ficar apenas um ano. — falou e eu bufei. É


sempre assim e depois desse tempo vamos passar por um novo
processo com a Manoela.

— Vale a pena?

— Acho que sim. Tempo pra Manoela aprender nossa língua e ela
treinar o inglês. Além de ser bom pra nós é pra ela também. — ela
explicou e eu concordei.
— Vou montar o contrato. — falei e voltei a atenção pra Manoela. —
Vamos dormir meu amor.

Subi fazendo minha pequena soltar várias gargalhadas. Esses são um


dos momentos que eu estou leve e feliz. Cheguei no quarto e
começamos o ritual de dar banho e depois de escolher um pijama ela
deita em meu colo e fico por horas ouvindo suas histórias e as vezes
invento uma só pra ver seus olhinhos brilhando pra mim. Fiquei ali e
ela me encarou no meio da história que eu contava.

— Papai você acha que a titia Heloísa vai gostar de mim? —


perguntou e eu fiquei sem saber o que responder de início. Parece que
a Manoela já se apegou a tal menina. Desde que elas começaram a
conversar ela não para de falar na tal moça loira que agora iria cuidar
dela.

— É claro meu amor, quem não gosta de uma menina sapeca como
você? — fiz cócegas e me deitei ao seu lado. Fiquei ali terminando a
história que contava até que ela dormiu. Fui pro meu quarto e a Carly
já dormia. Tomei um banho e desci em busca de algo pra comer, estava
quase de madrugada e o sono se recusa a vim. Estou preocupado com
tudo que eu tenho que fazer e ainda tem essa mudança na vida de
Manoela. Eu sei que a Carly tem uma viagem que vai durar quase um
mês dela fora, não sei como vou fazer mas preciso evitar viajar nesse
período.

Os dias passaram e eu estava de novo de viagem, chegaria em casa ao


amanhecer. Acabei de falar com a Manoela e ela me contou empolgada
que estava indo ao aeroporto buscar a tal babá, então sei que a famosa
Heloísa estaria lá quando eu chegasse. Mas de certo modo ela já me
deixou tranquilo só de ver a felicidade da minha filha. Meu celular
tocou e era meu pai.

— Oi pai. — atendi.

— Como foi a reunião filho? — perguntou e eu abri um sorriso


vitorioso mesmo que ele não pudesse ver.

— Foi tudo perfeito. — falei empolgado e ouvi meu pai comemorar.


— Está tudo pronto pra mais uma filial.

— Sabia que conseguiria filho. Boa viagem de volta. — Agradeci e


desliguei.

A viagem aconteceu tranquila, eu estava satisfeito com meu


desempenho. Cheguei em casa pela manhã e encontrei minha esposa e
minha filha sentadas na mesa tomando o café da manhã, assim que me
viu Manoela correu pro meu colo.

— Papai.... Papai... a tia Heloísa chegou. Ontem ela contou história. —


ela me falou e eu sorri alisando seus cabelos. Fui até Carly e lhe dei um
selinho.

— Gostou da menina? — perguntei a ela.

— A Manoela adorou. Então é o que importa pra mim. — Carly disse e


eu concordei. Me sentei pra comer junto com elas. Passamos o café da
manhã conversando e contei a ela sobre a nova filial, me empolguei no
assunto nem vi a hora que Manoela já tinha sumido.

—Cadê Manoela? — perguntei.

— Ela tinha combinado com a Heloísa de ir ao parque logo após o


café. — minha esposa falou.

— Nossa, mas você já confia assim na menina que chegou ontem.

— Henrique elas estão com os seguranças. Espero que quando elas


chegarem você possa conhecer a nova babá. — falou e se levantou me
deu um selinho. — Agora eu tenho uma reunião.
Heloísa

Pela manhã senti pequenas mãozinhas apertarem meu rosto, e logo que

abri os olhos a figura de Manoela aparece com um sorriso sapeca.

— Bom dia Tia Heloísa. — falou e eu comecei a fazer cócegas nela.

— Você me acordou praticamente de madrugada, sua sapeca. —

brinquei e ela ainda gargalhava.

— Eu vim te falar que vamos no parque, quero muito brincar. Já pedi a

mamãe. —falou se ajeitando na cama. Seu pijama de princesa ainda

estava ali, seus cabelos ainda bagunçados.

— Tá bom. Vamos depois que você tomar um banho, comer e então

vamos. Combinado? — ela concordou com empolgação. — Agora

deixa eu tomar o meu e já vamos cuidar de você.

Tomei um banho rápido passei meu hidratante, escovei os dentes.

Depois de ajeitar os cabelos. Levei Manoela até seu quarto e comecei a

cuidar dela, arrumei seus cabelos em uma Ester Chiquinha e pra quem

está cuidando de uma criança pela primeira vez estou me saindo muito
bem. Deixei ela descer sozinha e fui pro meu quarto, não estou com

fome. Vou ver se como algo na rua. Deitei na minha conta e conversei

um pouco com a Mai, pelo WhatsApp.

" Amiga. E aí como é a sua pequena? " - perguntou em áudio rindo.

" Ela é um doce amiga. Inteligente e nem parece que só tem 5 anos.

Hoje ela me acordou e já me intimou a levá-la no parque, vai ser bom

pra eu conhecer a cidade." - respondi e logo ela me ligou pelo

aplicativo em chamada de vídeo.

— Amiga não aguentei. Precisava conversar ouvindo você. — ela disse

e eu sorri.

— Conta, como está as coisas? Minha mãe ficou bem? Ainda não

liguei pra ela. — perguntei.

— Ainda não deu tempo pra saudades Heloísa — gargalhei e ela

também. — Mas liga pra ela assim que der, pelo menos pra ela saber

como você está.

Estávamos em uma conversa, perguntei de tudo como se estivesse


longe a dias e bom não completou nem um dia ainda. Já começou a

apertar a saudades, ela perguntou como era o inglês daqui se era bem

diferente e eu falei comentei que ainda nem tive tempo de ver nada

disso. Estava rindo da piada que ela fazia e a Manoela apareceu se

jogando na cama.

— Quer ver minha princesa Mai? — Perguntei e mostrei a Manoela

pra ela.

— Oi princesa. — Bianca falou e a Manoela sorriu pra ela.

— Ela ainda não fala português sua louca. — falei e então Bianca falou

agora em inglês e Manoela respondeu. Me pediu pra irmos logo, então

desliguei e peguei minha bolsa.

Eu e Manoela saímos de casa com ela animada que iria me mostrar o

parque que ela mais gosta que tem a grama mais bonita. Um dos

seguranças da casa iria nos levar e ficar com a gente até a hora que

retornasse. Depois de poucos minutos chegamos em um parque

gramado com um pequeno lago no meio. Manoela corria por ali, o

segurança tirou de dentro da mala do carro inúmeros brinquedos. Ela


veio pegar e eu a ajudei. Tiramos várias bonecas, um tecido pra forrar

o chão. Eu sentei junto com a doce menina de cabelos pretos, ela

escolheu uma boneca e eu outra. Brincamos por várias horas, e quando

fui ver estávamos rolando na grama. Olhei o relógio e já era quase hora

do almoço.

— Está na hora de ir pequena. Temos que almoçar. — falei e ela ficou

uma pouco emburrada. — Meu amor, está na hora de você comer. Sua

mãe vai brigar comigo se eu não te levar agora. Prometo que voltamos

outro dia.

— Tá bom. — ela me ajudou a juntar tudo e voltamos pra casa. Assim

que descemos do carro no grande quintal ela me pediu colo. Segurei

ela e entramos na casa rindo por que estava chamando ela de sujeirinha

já que toda sua roupa estava suja. Mal pisamos na sala e um grito

grosso ecoou no local.

— CARLY, SÃO DOIS MESES. — um homem bonito com uma

barba grande gritava parecendo estar bem nervoso. Manoela que estava

em meu colo se encolheu e enfiou a cabeça no meu pescoço. Eu queria

sair dali, mas fiquei paralisada com seu tom de voz. Eles usavam o
português. Fiquei aliviada da Manoela não entender.— VOCÊ JÁ

PENSOU NA SUA FILHA? PORRA.

— Henrique, eu não posso perder essa oportunidade. Entende o meu

lado. Eu entendo sempre o seu lado, você vive em viagem sem motivo.

— Carly falava alto mais sem gritar. Olhei pra Manoela e em segundos

ela começou a chorar alto e chamou atenção dos dois pra gente.

— Desculpa dona Carly, eu estava chegando não imaginei... — tentei

me justificar, mas ela negou com a cabeça.

— Tudo bem Heloísa. Vem com a mamãe filha. — ela chamou a

Manoela que negou e se apertou mais em mim.

— Acho melhor levar ela pra tomar banho e depois ela vem almoçar.

— falei e a morena concordou. Não olhei pro pai de Manoela apenas

subi com a menina agarrada no meu colo. E já coloquei ela em pé no

banheiro. — Vamos tomar um banho?

— O papai prometeu não brigar mais.— ela disse limpando o rosto.

— Oh meu amor, as vezes a gente faz promessas que não podemos


cumprir só pra ver quem a gente ama sorrir. Isso vai passar. Agora

vamos fazer um combinado? Você toma banho desce pra comer com

seus pais e depois que a tia almoçar, vamos treinar falar português? —

falei enquanto tirava sua roupa e então ela negou rapidamente.

— Eu não quero aprender a falar a língua da briga tia. Sempre que eles

falam é pra brigar. — falou e eu abri o chuveiro. Pensei em como eu

sairia dessa situação, não acredito que a menina tem medo da língua

por conta das brigas. O que será que essa menina já viu? Isso era o que

me questionava no momento.

— Olha eu vou te ensinar apenas coisa boa, você vai gostar. — falei

com ela. — Vou contar a história da Rapunzel, mas em português, tá

bom?

— Tá bom. Então eu quero aprender. — sorri e terminei o banho.

Coloquei um vestido bonito que ela mesmo escolheu disse que era pra

combinar com a história que eu iria contar. Quando terminamos desci

com ela e fui pra cozinha, ela foi pra sala de jantar, seus pais

esperavam pra almoçar. Laura já tinha toda uma mesa preparada pra

nós.
— Oi menina. — ela disse e forma acolhedor. Eu já me imagino

agarrada a ela por que por algum motivo me sinto bem do seu lado

— Oi Laura. — falei um pouco tímida ainda. Só nos falamos ontem a

noite.

— Pode sentar e se servir menina. Vou cuidar do almoço dos patrões.

— falou e eu concordei. Lavei minhas mãos e me sentei na cadeira. A

comida cheirava tão bem que fez meu estômago roncar. Me servi de

um pouco de tudo. Comi em silêncio até ser interrompida por Manoela

correndo pra mim. Seu pai veio logo atrás, eu evitei encarar ele. Já que

por ordem da Carly não posso ficar no mesmo lugar que ele.

— Manoela vem aqui. — sua voz era grossa e causa até um pouco de

medo dita com tanta seriedade. Ele se aproximou e a menina se jogou

em meu colo.

— Princesa respeita seu pai, depois vamos fazer aquilo que prometi,

vai lá. A tia já vai acabar. — tentei não me meter muito, mas era

inevitável não falar nada. A menina um pouco contrariada foi com o

pai.
— Obrigado. É Heloísa né? — falou e o encarei. Ele tinha um rosto

sério, agora sei da onde Manoela puxou o olhar expressivo. Henrique

era um homem lindo não teria como dizer que não, ele e Carly formam

um capaz digno de capa de revista. Henrique estava com uma calça

jeans e uma blusa social preta. Abaixei o olhar por achar que já estava

tempo demais encarando o meu chefe.

— Sim. — disse e olhei pra Manoela. Incentivei ela a ir e então os dois

saíram da cozinha.

Já fazia duas semanas que eu estava trabalhando aqui e bom parece que

agora vejo o Henrique em todo lugar. Pela manhã bato de frente com

ele, e agora por incrível que pareça na última semana ele tem almoçado

todos os dias em casa. Isso tem me deixado um pouco desconfortável,

fui conversar com Bianca e agora ela não sai do meu pé questionando

sobre ele. Hoje era dia que eu iria treinar com a Manoela o Português,

por falar nisso a Bianca tem me ajudado muito, sempre faço uma vídeo

chamada com ela.

— Oi princesa. — Bianca falou com a Manoela.


— Oi tia Mai— uma das poucas coisas que a pequena aprendeu foi

falar isso. Sempre que ver a imagem da Bianca ela fala a mesma coisa.

— Qual vai ser a história de hoje? — Agora Bianca perguntou em

inglês para que a menina pudesse entender.

— Eu quero uma de princesa e cavalos brancos. Quero da Branca de

neve. — sorri e concordei. Começamos a história, falando com calma e

depois repetindo com em inglês mostrando algumas figuras, ela repetia

o que entendia e foi lindo ver que estamos evoluindo, alguma vezes ela

repetia o verso.

— Que lindo meu amor, você está ficando boa nisso. — falei e dei um

beijo na sua bochecha.

— E viveram felizes para sempre. — ela falou como quem lia última

frase em português. A porta se abriu nessa hora e a figura de Henrique

logo apareceu.

— Tenho que desligar Mai. — falei e finalizei a chamada. Me levantei

e tentei passar pela porta mas a mão de Henrique segurou meu braço.
— Preciso da sua ajuda. — tirei meus braços da sua mão e me afastei.

Não quero problemas, estou amando meu emprego, e parece que

Henrique quer problemas com a mulher dele. — Meus pais estão vindo

jantar, preciso que você arrume a Manoela.

— Tudo bem. — falei e ele olhou meu corpo de cima a baixo e depois

saiu. Esses olhares invasivos dele está me deixando completamente

desconfortável.

Terminei de arrumar Manoela, coloquei nela um vestido vermelho com

várias florzinha, estava uma princesa. Arrumei seus cabelos nas

famosas Ester Chiquinha que ela ama, e dei um beijo em seu rosto

assim que terminei. Passei um gloss que ela tinha, pronto agora ela

estava pronta pra ver os avós. Não havia terminado e a Carly apareceu

na porta do quarto.

— Nossa como está linda minha filha, uma princesa. Tia Heloísa

caprichou. — falou pegando a menina no colo. Ela estava linda, em um

vestido preto justo e com o cabelo preso em um coque perfeito, sua

elegância me encantava, não tenho nem um pouco disso.


— Está linda dona.... — ela me olhou com reprovação pelo dona. —

Carly.

— Obrigada. Não estou muito satisfeita. Odeio esses jantares, o

Henrique sabe que a família não me suporta e parece adorar testar a

paciência de todos . — falou em português.

— Vai dar tudo certo. Bom eu vou pro meu quarto. Qualquer coisa só

me chamar. — falei e dei mais um beijo em Manoela e sai do quarto.

Logo meu celular tocou era uma chamada de vídeo de Bruno. Atendi já

que não tinha ninguém por ali.

— Oi amor — falei e ele sorriu. Senti meu coração apertar em

saudade. Logo atrás dele surgiu minha mãe. Na hora meus olhos

encheram d'água.

— Vim ver minha sogra. Como está as coisas por aí amor? Estão te

tratando bem? Como é todo mundo? — apressei os passos e cheguei no

corredor do meu quarto.

— São todos bem legais, desde os empregados até a Carly. Manoela é

uma amor e já me apeguei a ela. Quando você vem me ver? —


perguntei e ele riu.

— Vou mês que vem. Era pra ser surpresa, mas eu não aguentaria. Sua

mãe está com saudades.

— Oi filha como você esta? — a voz e imagem da minha mãe

apareceu. — Está comendo bem? Dormindo?

— Sim mãe. A dona Laura cozinha muito bem, claro que ainda amo a

sua comida. Ela me trata como filha. Estou dormindo o necessário e

está aqui me ajudou muito em tudo no inglês. Já conheço vários

lugares. — falei e ela riu aliviada. — E as coisas por aí como estão?

Guilherme está bem?

— Tudo conforme você deixou.—falou. Conversamos por mais alguns

minutos. Até que me vi entediada sem fazer nada. Desci e fui direto

pra cozinha, Laura corria de um lado para o outro.

— Quer ajuda Laurinha? — perguntei e ela pensou bem e eu sorri. —O

que quer que eu faça, não precisa se preocupar estou livre agora.

— Aí minha filha, então vou aceitar. Pode cortar esses legumes pra
mim? — falou e eu já peguei a faca e comecei pela cenoura.

— É sempre esse movimento todo quando a família do senhor

Henrique está? — perguntei sem desviar a atenção do que fazia.

— Nem sempre, mas como hoje foi de última hora fiquei um pouco

enrolada. Daqui a pouco sei que Gael vai aparecer e começar a beliscar

tudo por aqui.— falou com afetividade.

— Quem é esse? — perguntei por curiosidade.

— É irmão do seu Henrique, mas diferente do irmão esse é brincalhão,

cheio de charme e adora invadir minha cozinha quando estou

cozinhando. Ele é um doce e lindo assim como o Henrique. Conheci

eles bem novos e até hoje eu trabalho na família.— falou e eu sorri. Ela

parece tratar esses meninos como filho, mesmo que um seja mais

carinhoso que outro. Ela seguiu contando história enquanto preparava

o jantar.

— Que cheiro maravilhoso. — um rapaz moreno entrou falando. Ela

sorriu e recebeu um abraço apertado do rapaz. — Vejo que arrumou

uma linda assistente.


— Ela é a babá da Manoela, me deu apenas uma forcinha pra acabar

tudo em tempo. — Laura explicou.

— Prazer, sou o filho mais lindo da família Ávila. — soltei uma risada.

Ele é divertido.

— Prazer, sou apenas a Heloísa. — brinquei. Ele se sentou no balcão

depois de pegar uma cerveja na grande geladeira.

— Você veio do Brasil né? Manoela só fala em você e em como ela

vai aprender o português. Fico feliz que conseguiu fazer ela ver o

português sem ser como uma língua ruim. — falou e logo em seguida

revirou os olhos.

— Eu tentei. Fico feliz de saber que funcionou. Ela já sabe algumas

palavras. — falei e ele concordou tomando um gole de sua cerveja. E

eu que pensava que aqui era só cerveja quente, mas noto que esse

costume eles trouxeram do Brasil. Embarcamos em uma conversa

sobre a Manoela, e logo depois ele começou a perguntar sobre mim.

— E então você deixou seus pais e um namorado? Como vão manter o

namoro? — Não era uma pergunta com segundas intenções, ele estava
tentando apenas entender.

— Sim. Bom ele vai vir aqui, ele disse que vai tentar viajar pelo menos

de 3 em 3 meses. Eu sempre pensei que se ele gostasse de mim ia saber

esperar e apoiar meus sonhos. Acho que estava certa. — falei e sorri.

Ele já estava na terceira cerveja e agora conhecia minha história.

Perguntei sobre ele e pude ver que era baladeiro e prometeu me levar

em alguma festa qualquer dias desses. Estávamos em altas risadas

quando Henrique entrou na cozinha, Laura continuou o que fazia

parecendo ser comum isso acontecer nesses jantares, eu fiquei séria e

Gael continuou a falar.

— O assunto está bom, mas será que pode deixar minhas empregadas

em paz? — Henrique falou olhando diretamente pra mim. Isso não

passou despercebido pelo Gael. — Pai quer falar com a gente no

escritório.

— Tenho que ir então né. — falou rindo pra mim e foi inevitável não

sorrir também. Gael levantou e antes de sair da cozinha falou alto. —

Lila eu passo pra pegar seu número antes de ir embora.


Os dois saíram e eu pude voltar a me concentrar no jantar que ocorreu

tranquilo. Conheci a mãe de Henrique que fez questão de ir comigo e

Manoela para o quarto.

— Ela já gosta muito de você. — falou e eu sorri ao ver que a menina

já dormia agarrada a sua boneca. Eu olhei pra senhora elegante a

minha frente, os filhos tinham muito dela, os olhos parece ser os

mesmos.

— Eu também gosto muito dela. — falei e mais uma vez olhei pra

Manoela.

— Que bom que minha neta agora tem alguém que queira realmente

está com ela. Obrigada minha filha pelo que tem feito. —concordei e

saímos juntas do quarto.

— Enquanto eu estiver aqui pode deixar que ela será bem cuidada. —

falei e então ela seguiu para as escadas e eu fui em direção ao meu

quarto. Depois de um banho relaxante finalmente consegui dormir.


Henrique
Já tem uma semana que Heloísa trabalha lá em casa, não sei o motivo
mas eu tenho feito questão de esbarrar com ela pela casa. Eu sei que a
Carly deve ter pedido pra ela não ficar perto, uma porque conheço a
esposa que tenho e segundo porque a menina não pode me ver que
praticamente corre e se enfia no quarto dela. Isso chega ser irritante
tem hora. Manoela o tempo todo tagarela algo dela, por que a tia fez
isso ou aquilo. Então é quase impossível esquecer que essa mulher
circula minha casa. Eu já gravei todo detalhe do seu corpo, ela é uma
menina linda, com um sorriso que mal aparece, mas é lindo. Eu escuto
as vezes sua gargalhada com Manoela. Hoje estava saindo do quarto
quando vejo ela saindo do de Manoela apenas de baby doll não deixei
que ela me visse e apenas fiquei ali parado, sai apenas quando ela
desapareceu. Não sei, mas essa menina está me despertando o
interesse.

— Que cara é essa Henrique? Mulher? — levei um susto com Gael já


sentado na cadeira de frente pra minha mesa na empresa. Soltei um
“porra”. — desculpa o susto, mas parece que tem algo ocupando seu
pensamento.

— E tem. — falei e parei pra pensar se falava ou não pra ele, mas
nunca escondi algo que passava comigo. — A merda da babá da
Manoela.

— Não sabia que já tinha chego a tal brasileira. — falou e se


acomodou ainda mais.

— Chegou tem uma semana e ela é linda, com um jeito doce de


menina, mas algo bem mulher. Estou ficando louco, agora eu sinto
vontade de esbarrar com a menina o tempo todo. Hoje de manhã tive a
visão dela de apenas baby doll. Não é tão fácil segurar meu pau, que
lateja a cada cena. — falei irritado e meu irmão gargalhou. Revirei os
olhos. — O pior é que ela faz um bem danado pra Manoela e minha
filha está completamente encantada pela nova tia. Manoela está até
aprendendo o português.

— Puta merda. Pelo visto a menina é mesmo boa. — falou


impressionado. Comecei a contar pra ele como ela é, e o que tem feito
lá em casa. Até falei de todas as vezes que tenho criado situações pra
esbarrar com ela.

— Tenho medo da Carly notar algo. Eu não sei como vai ser se segurar
no tempo que Carly vai estar viajando. Que por falar nisso vai ser
quase dois meses. — falei e meu irmão fechou a cara na hora.

— Essa mulher não pensa na filha? Como vai ficar Manoela sem ela
por tanto tempo? — falou irritado.

— Não sei. Brigamos esses dias sobre isso. Sei que durante esse
período você precisa me cobrir nas viagens. Não pode simplesmente
eu e Carly sumir né? — falei passando a mão na barba.

— Vocês são dois filhos da puta, me desculpa, mas vocês vivem pra
trabalho. Manoela nunca está em primeiro plano Henrique. — falou
levantando e agora andava de um lado para o outro. Não poderia
argumentar. Eu mal tenho ficado com minha filha, as vezes durmo
dentro do escritório por trabalhar demais.— Espero de coração que
essa menina trate Manoela como merece.

— Ela trata Gael, por isso minha filha não vem mais comigo. Ela não
dorme mais comigo, nem se preocupa se estou ou não em casa. Acha
que estou feliz com isso? — falei alto. — Eu sei que não tenho sido
bom pai. Mas que merda.

— Muda Henrique ainda da tempo. — falou e saiu da sala. Odeio


quando o Gael me trata como seu irmão mais novo. Fiquei ali por
alguns minutos pensando em o que posso fazer e depois de um tempo
voltei ao trabalho.

Os dias passaram rápido e hoje eu estava lotado de serviço, minha mãe


veio aqui e já disse que vai jantar lá em casa hoje a noite pra conhecer
a nova babá. Eu não podia questionar, olhei o relógio e vi que já eram
quase cinco horas da tarde então liguei pra casa e avisei que eles
estavam indo. Carly não gostou nada, é sempre assim, por mais que eu
tentasse não consigo fazer minha família e ela se dar bem, mas de uns
meses pra cá decidi não me importar com esse desentendimento.
Cheguei em casa e subi direto pro meu quarto, mas ao passar pelo de
Manoela ouvi sua voz falando uma frase em português perfeitamente.
Não pude evitar de sorri. Entrei num impulso e ela e Heloísa estava
sentadas com o celular, notei que tinha uma pessoa na linha quando
Heloísa avisou que iria desligar o aparelho. Segurei seu braço antes
que ela sumisse de vista, pedi que arrumasse Manoela saí do quarto
mas não sem antes olhar seu corpo que estava coberto por uma calça
jeans e uma blusa preta justa mas sem decote. Segui pro meu quarto
direto pra um banho. Eu senti que meu pau estava endurecendo só de
imaginar essa menina nua. Preciso tirar isso da minha cabeça. Caramba
ela é minha funcionária, e isso está fora de cogitação.

— É sério Henrique, mas um desses jantar que você me empurra goela


abaixo da sua família? — Carly falou assim que saí do banheiro.

— Carly não pude dizer não. Minha mãe quer saber quem anda
cuidando da Manoela. Contei a ela sobre a nova babá. — falei indo
pegar uma roupa.

— E ela como quem adora se intrometer decidiu que viria. Posso


imaginar. — ela entrou batendo a porta do banheiro.

Depois de por minha blusa preta social e uma calça com tênis, fiquei
mexendo em celular sentado na cama. Carly se arrumou e foi até
Manoela. Decidi descer e esperar meus pais. Eu estava saindo quando
ouvi Heloísa atender o celular com uma voz doce, ela chamava a
pessoa de amor. Fiquei intrigado e fui andando com calma, a pessoa
parecia ser algo dela. Meu Deus, eu estou seguindo minha babá, parei
o que fazia e esperei alguns minutos até seguir o caminho. Fui para a
sala de visitas. Não demorou muito e meus pais e irmão chegaram.
Laura trouxe uma bebida para todos. Manoela correu pro colo da
minha mãe, ela estava uma perfeita princesa, com um cabelo que tem
virado seu preferido. Sorri com a cena dela conversando com a avó.

Em algum momento da conversa Gael saiu como de costume indo


perturbar a Laura, ele sempre vai lá pegar alguma coisa antes da
comida ser servida. Voltei minha atenção para meu pai. Carly estava
ao meu lado, eu passei o braço pelos seus ombros. Queria que ela
interagisse. Mas parecia não está muito interessada. Um tempo passou
e eu então me levantei na intenção de buscar mais uma cerveja pra
mim e meu pai. Me aproximei da cozinha e o barulho de risada tomou
conta, apressei o passo e encontrei Gael perto de Heloísa em uma
conversa animada. Dei a desculpa de que meu pai estava chamando
então ele saiu comigo, mas antes falou que voltaria pra pegar o número
da loira, por algum motivo isso me incomodou.

— Já flertando com ela? — falei sério e ela deu de ombros.

— Nem se eu quisesse. Ela tem namorado e gosta dele. Ele vem ver ela
mês que vem.— falou e gargalhou quando viu que fiquei ainda mais
sério mas ainda sim, surpreso.

— Não brinca com isso Gael. — falei e ele negou.

— Não estou brincando. Foi ela mesmo quem disse. — falou e


apressou o passo até a sala. Eu parei um pouco pra assimilar aquilo,
por que o fato dela ter namorado está me incomodando? Deve ser por
que você quer comer ela. Meu subconsciente me lembrou. Não posso
deixar esse desejo crescer. Ela é nova e também é minha funcionária.
Não cheguei na sala, Laura chegou em seguida avisando que a comida
seria servida.

Sentei na mesa de jantar e ali era o momento de descontrair. Eu


precisava desconectar minha mente que estava pensando em algo
proibido. O jantar ocorreu como sempre. Carly mal fala e mal come,
logo que termina ela sobe com a desculpa de esta indisposta. Manoela
ficou conosco até tarde que foi quando ela decidiu ir dormir. Minha
mãe subiu com ela. Minutos depois desceu e se sentou ao meu lado.
— Essa menina parece gostar mesmo de Manoela. O cuidado que ela
tem com minha neta é lindo de ver. E pelo visto a menina já se apegou.
— falou e eu concordei.

— Elas parecem se dar bem. — falei.

Quando meus pais foram embora eu resolvi ainda beber um pouco.


Estava sem sono, fiquei ali olhando pro nada com um pouco de
whisky, talvez isso me ajudasse a dormir mais rápido. Ouvi passos na
escada e olhei a hora, estava de madrugada, nem vi a hora passar. Me
levantei e fui olhar, era ela a Heloísa descendo dessa vez com uma
camisola de bichinho. Ela foi até a cozinha e por impulso resolvi
brinca um pouco, ver até onde ela gosta desse namorado.

— Está tarde pra andar pela casa. — falei e a menina deu um pulo se
virou pra mim e tentou se cobrir passando a mão pelo corpo. O que não
adiantou muito chamou ainda mais minha atenção.

— Desculpa senhor Henrique, acordei com sede. Já estou subindo. —


ela estava tão nervosa que me fez esboçar um sorriso. Quando ela
tentou passar por mim fechei seu caminho, fui indo pra cima dela e
ouvi sua respiração mudar. Seu corpo encostou na pia e eu a travei com
o meu. Abaixei um pouco o rosto e senti seu cheiro misturado com
alguma coisa de morangos, respirei fundo.

— Seu cheiro é bom. — falei em seu ouvido. Ela tinha o rosto virado
pro lado como quem não queria me olhar. Peguei seu queixo e fiz seus
olhos parar nos meus.

— Me solta. — falou com a voz trêmula. Eu sorri, agora um sorriso


perverso. Fui me aproximando, minha boca quase encostou na sua.
Quando ouvimos...

— Henrique. — Eu bufei. Merda, Carly tinha que descer logo agora.

— Fica aqui. — falei e antes de me afastar rocei o corpo no dela, para


que ela sentisse a ereção que cresceu com o pouco contato que
tivemos. Fui até a sala e Carly estava lá. — Estou aqui. Fui colocar o
copo na cozinha. Vamos subir?

— Vamos. Vim saber por que a demora. — falou e logo se agarrou


mim. Subimos e no quarto ela começou seu jogo de sedução, tirando
minha roupa. Eu queria algo mesmo que me aliviasse. Deixei ela fazer
seu serviço completo. Depois me enterrei nela na intenção de aliviar o
tesão que cresceu poucos minutos atrás.

Parece que Heloísa tem adorado fugir de mim e faz isso muito bem. Eu
me enfiei na empresa na última semana. Não quero fazer besteira. Eu
não posso perder a cabeça com uma menina e depois ter que tirar ela
da vida da minha filha. Preciso da minha pequena bem. Carly vai viajar
pela manhã, então parece que a casa vai estar sob meu comando por
quem sabe dois meses.

— Acho que seu irmão está tendo algo com a nossa babá acredita? —
Carly falou ao se deitar. — Eu pensei que ela tinha um namorado.

— Como assim, com o Gael? — perguntei sem acreditar no que ouvia.

— Você tem outro irmão Henrique? — falou e eu neguei. — Já é a


segunda noite que eles saem juntos.

— E você dá folga a ela? — perguntei sem demonstrar minha irritação.

— Não posso prender a menina 24 horas por dia durante sete dias da
semana Henrique, ela precisa conhecer lugares, viver. Ela é nova e
merece isso. — falou e pegou seu celular, assim que abriu o aparelho
abriu um sorriso. Tenho notado a Carly um pouco estranha na última
semana, está mais empolgada que o normal com essa viagem. Decidi
não me importar muito, fiquei pensando se Gael estava ou não saindo
com a Heloísa.

Levei a Carly no aeroporto e fui direto pra empresa, encontrei com


Aila já me esperando pra passar a agenda da semana. Ignorei sua
competência por hoje.

— Depois Aila, quero Gael na minha sala assim que chegar. — Entrei
e bati a porta. Eu não consegui pensar em nada até que a porta se abriu
e meu irmão de óculos escuros entrou, ele estava virado, vi pelo seu
olhar quando tirou seus óculos.

— Vou ser bem direto. Você está saindo com a Heloísa? — perguntei
demonstrando toda minha irritação.

— Apenas tenho levado ela em um de nossos clubes pra ela curtir um


pouco, e não só ficar fazendo o papel de mãe de Manoela. — falou e
bocejou.

— Você não vai comer minha babá. — falei baixo mas deixando toda
minha raiva sair. Ele se aproximou e sorriu.

— Por que você vai? — bati na mesa e me afastei. — Me poupe


Henrique Heloísa é apenas uma amiga, eu não quero ela na minha
cama. Estou apenas mostrando a ela algum entretenimento.

— Se eu souber....

— Henrique, eu não tenho interesse nela. Agora para de tratar ela


como se fosse alguma coisa sua, ela tem namorado, namorado esse que
chega semana que vem na cidade, semana essa que Manoela vai viajar
com minha mãe. Então se prepara pra ver sua querida babá bem longe.
— falou e eu bufei com ainda mais raiva. Merda!

— Saí da minha sala agora. — Ele gargalhou e se levantou.

Cheguei em casa pro almoço e Laura avisou que Heloísa e Manoela


tinham saído avisando que iam almoçar fora. Eu decidi não me
importar muito com isso. Avisei meu pai que o restante do dia ia
trabalhar em casa. Peguei meu notebook depois do almoço e fui direto
pro meu escritório. Passei algumas planilhas e marquei algumas
reuniões em outras cidades para Gael. Meu pai me passou alguns
projetos e eu comecei a avaliar as propostas de cada empresa. Estava
distraído quando ouvi uma gritaria e risadas da parte externa da casa,
por curiosidade olhei pela janela que dava no Jardim principal. Heloísa
corria atrás de Manoela, ela hoje estava mais despojada, com short e
camiseta, o tempo não estava tão frio como nos últimos dias. Fiquei
olhando a cena. Logo depois as duas rolava na grama, eu não pude
evitar de sorri. Não posso tirar da minha filha o que faz bem a ela,
mesmo que seja difícil me controlar, eu ainda tenho que tentar por ela.
Voltei aos meus afazeres e fiquei ali até quase na hora do jantar.
Manoela correu pra mim quando me viu entrar na cozinha.

— Pensei que não vinha comer comigo. — falou depois de me dar um


beijo na bochecha.

— Papai está em casa desde cedo, vi vocês brincando na grama. —


olhei pra Heloísa e vi suas bochechas corar, ela estava com vergonha.
— Vamos jantar comigo?

— Claro papai. — fui pra mesa com Manoela agarrada em meu colo.
Eu sentei ela no seu lugar e fui pro meu.

— Como foi seu dia? — perguntei enquanto Laura colocava nossos


pratos.

— Eu brinquei, fui com a tia Heloísa no shopping, escolhi junto com


ela o presente do seu namorado. Ele vai vim aqui vê ela. — falou
empolgada. — E depois brincamos mais um pouco no Jardim. Aprendi
a dizer Eu te amo.

— Que linda meu amor. Então seu dia foi bem agitado. Que tal uma
história antes de dormir? — perguntei. Ela torceu a boca um pouco
sem jeito.

— Combinei com a tia Heloísa de ver um filme, mas não fica triste.
Amanhã eu durmo com você tá bom? — falou com seu jeitinho meigo.

— Tá bom pequena. Então bom filme. — falei e ela sorriu. Comeu


toda sua comida e depois sumiu pelas escadas.

Heloísa
Depois da madrugada na cozinha, evitei que o Henrique chegasse
perto. Não quero perder meu emprego não agora que ando me
divertindo com o Gael e conhecido ainda mais gente. Carly não pode
sonhar que seu marido praticamente me agarrou na cozinha na noite do
jantar com seus pais.
— Heloísa podemos conversar? — senti meu sangue parar quando
Carly chega na cozinha e me chama.
— Claro. — Me levantei e acompanhei ela até o que me parece um
escritório. Ela se sentou na cadeira atrás da mesa e me apontou a outra.
— Eu estou buscando uma forma de você aceitar. — soltou um sorriso
sem graça. — Bom eu preciso que você fiquei dois meses direto com
Manoela. Eu vou viajar nesse período, Henrique, bom aquele ali nem
para em casa. E eu preciso muito de você agora, mas como falei no
início você vai ser bem recompensada.
— Tudo bem Carly. — respondi mesmo que ainda estivesse chocada
por ela deixar filha e marido por dois meses. Me mantive em silêncio.
— Está um pouco assustada né? Na minha vida é normal Heloísa, as
vezes abrir mão de alguma coisa por conta da carreira. — concordei.
— Obrigada pelo que tem feito com a Manoela. Ela gosta mesmo de
você.
Depois de uma breve conversa eu saí dali. Eu estava ainda me
imaginando passando esses dois meses fugindo completamente do
Henrique. Carly iria na próxima semana e eu tenho que pensar em algo
rápido. Pelo que ela falou Manoela passaria a primeira semana com a
dona Ester, iria viajar, então pensei em pedir o Bruno pra adiantar sua
viagem. Mandei uma mensagem rápida e fui atrás de Manoela, ela
precisa se arrumar pra ir a escola.
— Tia, você vai me levar na aula hoje? — perguntou ela enquanto eu
arrumava seu uniforme.
— Vou meu amor, te levar e também te buscar. Então vamos tomar um
sorvete tá bom? — falei e ela deu pulinhos de alegria. E saí com ela
toda saltitante. Olhei meu celular e Bruno tinha respondido que viria na
próxima semana. Isso significa que vou ter uma semana longe desse
cara.
Os dias passaram e Gael me chamou pra mais um noite em uma das
casas noturnas que pertence a eles. Concordei, sempre gostei muito de
sair e tenho sentido saudades de quando fazia isso com a Mai. Na
verdade eu tenho sentido falta de muita coisa. Amanhã a Carly iria
viajar e eu ainda ficaria mais três dias cuidando da Manoela sozinha
até que a dona Ester viesse buscá-la.
— Você bebe mais que eu. — Gael gritou no meu ouvido por conta do
som alto.
— Isso por que não conhece a Bianca, uma amiga. — falei com ele.
Gael era realmente um bom amigos, conversamos sobre tudo. Ele
nunca tentou nada comigo, apenas me ouve, me faz dar várias risadas.
Eu me sinto bem com ele, na verdade ele me traz um pouquinho do
Brasil.
— Heloísa posso te perguntar uma coisa? — concordei e ele depois de
muito pensar falou. — Henrique te trata bem? — juro que se estivesse
com bebida na boca tinha cuspido tudo ali, pelo susto. Me recompus da
surpresa e tente ser indiferente.
— Dá pra contar nos dedos todas as vezes que falei com seu irmão. Ele
me trata como a babá. E eu agradeço muito por isso. — falei e virei
mais um copo de bebida.
— E seu namorado? — perguntou com curiosidade, não entendi muito
bem a pergunta. — Ele te trata bem?
— Sempre Ju, eu gosto muito dele. A gente namora desde meus 17
anos. Ele me apoia muito, inclusive ele está vindo pra cá na semana
que a Manoela vai está fora. A dona Carly já tinha me liberado essa
semana, então vou aproveitar e mostrar a ele um pouquinho do que
conheci. — falei e ele sorriu.
Passamos boa parte do tempo papeando, e quando já estava bem tarde
decidimos ir embora. Pela manhã eu mal conseguia abrir os olhos, mas
me levantei e coloquei a Manoela pra escola, eu não a levei. Precisava
descansar um pouco mais. Ela só aceitou com a promessa de que eu
iria almoçar com ela depois. Voltei pro quarto e me deitei na cama.
Quando faltavam ainda pouco mais de vinte minutos pra Manoela sair
da escola, eu desci arrumada pro nosso almoço. Passei pela cozinha e
avisei a Laura que estava indo e levaria Manoela pra comer fora.
Cheguei em frente a escola e assim que a menina me viu correu pra
mim, a peguei no colo e seguimos caminho até um restaurante.
— O que vai comer mocinha? — perguntei enquanto folheava o
cardápio.
— Tia eu posso comer um Hambúrguer. — olhei pra ela e estava
prestes a negar quando ela juntou as mãozinhas. — Só hoje tia, por
favor.
— Tá bom. Só hoje. — pedi dois hambúrgueres com batata fritas.
Enquanto esperávamos Manoela contava como foi o dia na escola e em
como vai ser a viagem com a vó. Eu ouvia tudo com muita atenção.
Quando nossos pratos chegou ela começou a devorar seu hambúrguer,
eu iria de sua forma faminta. — Parece que estava mesmo com você é
princesa.
— É que é meu preferido. Está muito bom. — falou voltando a comer.
Eu fiz o mesmo.

Chegamos em casa e Manoela decidiu que iria brincar no Jardim, o dia


estava lindo e me animei com a ideia, decidi deixar o banho pra depois.
Corremos pro lado de fora, brincamos de pique e pega até que
cansamos e rolamos na grama. Quando estava pra anoitecer eu a
chamei pra entrar e tomar um banho.
— Tia, você pode ver filme comigo depois do jantar? Com pipoca? —
perguntou enquanto eu penteava seus cabelos.
— Mas seu pai deve estar em casa a essa hora meu amor, normalmente
ele te coloca pra dormir. — expliquei com calma.
— Mas eu queria ver filme com você. Vou falar com ele tá bom? —
falou com um sorriso no rosto.
— Tá bom. Agora vamos comigo que vou tomar meu banho também.
— falei. Seguimos pro meu quarto e eu pude tirar toda a sujeira da
grama que estava na minha roupa.
Depois do jantar Manoela veio me chamar pra tal sessão de cinema, eu
fui com ela fazer pipoca e depois fomos pro seu quarto. Ela escolheu o
filme de hoje. Rapunzel. Eu me sentei encostada na cabeceira e ela
deitou em meu colo. Eu comia pipoca mais que prestava atenção no
filme. Já se passavam das onze da noite quando já estávamos indo pro
segundo filme. Meu olho queria fechar, mas eu não queria deixar a
menina. Senti ela suspirar e quando fui olhar ela já dormia. Estava me
preparando pra levantar quando Henrique entra no quarto só de short,
olhei todo seu corpo e me apressei nos movimentos.
— Ela acabou de dormir. — falei pegando o pote vazio da cama. Ele
olhava cada movimento meu, tentei passar e sair dali, mas ele me
segurou. Seus olhos estão diretamente nos meus, ele fui juntando
nossos corpos até que eu estava travada na parede. — Henrique, me
larga. — falei baixo na intenção de não acordar Manoela.
— Você não sabe o quanto venho me controlando. — falou
aproximando o rosto do meu pescoço. Senti um arrepio percorrer meu
corpo. — Olhar seu corpo e não tocar é uma tortura pra qualquer um.
Virei meu rosto pra que ele não avançasse mais. Henrique era um
homem decidido e pelo que parece que sua decisão era mexer com a
minha vida. Ele segurou meu rosto firme me fazendo encarar seus
olhos. Desceu a boca pro meu pescoço e começou a beijar de leve, e
dar algumas mordidas. Merda! Esbravejei mentalmente quando
involuntariamente soltei um suspiro. Tente me soltar, mas isso fez ele
me prender ainda mais.
— Me larga. Que porra Henrique. — falei um pouco mais alto. Ele
tapou minha boca e voltou ao que fazia. Eu pensava em uma forma de
sair dali. Quando me dei conta ele tinha me tirado do quarto de
Manoela e agora me apertava contra a parede do corredor. Eu podia
sentir sua ereção dura contra minha barriga. — Se você não me soltar
vou gritar.
— Eu sei que está gostando. — falou com a boca quase colada na
minha. Tirei força da aonde nem imaginava que tinha e empurrei ele
pra longe. Consegui correr pro meu quarto e trancar a porta.
Meu peito subia e descia rapidamente por conta da respiração
acelerada e da adrenalina que corria pelas minhas veias. Henrique é um
homem lindo, não o imaginava de outra forma, mas agora minha mente
só gira em torno dos momentos anteriores. Seus beijos, seu jeito de
falar, até sua brutalidade. Corri pro banheiro e resolvi tomar um banho
gelado pra tirar o cheiro dele de mim.
— Merda de homem maluco. — esbravejei. Fiquei rodando na cama
tentando fazer as imagens ir embora. Foi difícil mas consegui dormir.

Bruno tinha chego na cidade e eu passaria uma semana com ele no


hotel o que era uma alívio pra mim. Me afastar um pouco do Henrique,
já que não tiro o seu jeito da cabeça. É loucura pensar nele de outra
forma que não seja pai da Manoela. Sai de casa sem que ele me visse e
decidi correr pro aeroporto. Eu estava no portão de desembarque,
confesso que com um friozinho na barriga. Talvez pela saudade.
Quando vi ele passar pela porta corri até ele.
— Oi amor. — Ele falou quando nos afastamos do abraço. O beijei
com vontade.
— Que saudades eu estava de você. — falei e o apertei ainda mais.
Caminhamos abraçados até um táxi. Ao chegarmos no hotel. Bruno
veio me agarrando, mal jogou as malas no chão e foi me jogando na
cama. Sua boca deslizava pelo meu pescoço, ele tirou minha blusa
rapidamente. Tudo estava rápido demais, eu já estava sem roupa e ele
também. Mas não esperava que a imagem de Henrique fosse vim na
minha mente agora. Não era mais o Bruno ali e sim ele.
Eu forçava minha mente pra ter de volta meu namorado ao invés do
meu patrão. Mas nada tirava suas mãos, seus toques até mesmo sua
boca estava na minha mente. Deixei me levar e confesso que nunca
meu sexo com o Bruno tinha sido tão bom. Quando terminamos ele me
olhou com um sorrisinho de lado.
— Estava com saudades. — falou me puxando pra perto dele. —
Preciso te falar algo.
— O que? — falei ainda ofegante.
— Não posso ficar mais de três dias.
— O que? Por que? — Não estava assim por ele ir mais cedo, mas sim
por que eu teria que voltar pra grande casa, sabendo que não teria
Manoela pra me assegurar da inconsciência do Henrique.
— Preciso viajar com meu pai, negócios. — falou e eu revirei os olhos.
Forcei um sorriso por que do mesmo jeito que ele me entendeu e
aceitou que eu viajaria pra fora, preciso entender que ele está
montando uma carreira.
— Tudo bem amor. Mas hoje vamos com Gael pra noitada. — falei e
ele me olhou intrigado. — Gael é o irmão do pai de Manoela. Um
amor de pessoa, me fez prometer te apresentar quando você chegasse
por aqui.
— Sei. — falou querendo parecer enciumado.
— Amor, ele é mesmo um amigo. Vou ligar pra ele pra combinar. —
peguei meu celular e disquei o número de Ju.
Depois de combinar com Gael sobre a noite de hoje, eu passei o dia
deitada com Bruno. Na hora de se arrumar eu peguei na minha mala
um vestido justo preto, e uns saltos da mesma cor. Tomei um banho e
comecei uma maquiagem bem marcante, com um lindo batom
vermelho, me vesti e ao olhar no espelho vi a figura de uma mulher
linda e aparentemente decidida. Combinei que encontraria Gael já na
boate.

O som estava tão alto e estava tão cheio que com muito custo consegui
ver Gael na área vip. Ele veio até o segurança e me deixaram passar.
Tinha uma mesa carregada de bebidas. Apresentei o Bruno a Ele.
— Prazer, sou amigo dela. E agora estarei de olho em você. — Gael
brincou me fazendo gargalhar.
— Só você Gael. — falou e eu ri. Ficamos conversando até que o
celular de Gael tocou e ele se afastou pra atender.
— Gostei desse cara. — Bruno comentou. Fiquei feliz que eles tenham
se dado bem. Quando Gael voltou ele me encarou de um jeito estranho,
como quem estava aprontando algo, ou se desculpando por algo, era
difícil saber.
Quando olhei para as pessoas ao redor e meus olhos pararam eu uma
barba que era conhecida. Merda! Não acredito que ele está aqui, olhei
pra Gael que encolheu os ombros. Henrique se aproximou e me lançou
um sorriso desafiador. Isso era a merda de um jogo pra ele. Cheguei a
pensar que isso era a merda de um plano, revirei os olhos.
— Boa noite. — falou e me olhou. — Não sabia que frequentava
nossas casas noturnas Heloísa.
— Gael me trouxe. — falei e cheguei mais perto de Bruno. Ele olhou
pro meu namorado com um sorrisinho escroto nos lábios.
— Você deve ser o namorado dela. — puta merda! Ele pode calar a
boca? Olhei pra Gael suplicando pra ele parar o irmão.
— Ele é sim Mano. Fico até mais confortável de saber que a Lila tem
alguém por ela e que a apoia. — Gael falou e o Bruno apenas encarava
o Henrique. Logo depois virou pra mim e falou em meu ouvido.
— Quem é esse cara?? — perguntou.
— Meu chefe. Não costumo encontrar muito com ele, mas ele sabe da
minha vida, pois converso muito com sua esposa. — Bruno me olhou
por alguns segundos e me deu um beijo logo depois. Pronto! Virei o
troféu da noite. O que era pra ser agradável se tornou algo
extremamente sufocante. Bufei. — Vou ao banheiro.
Sai dali e entrei no que estava vazio. Fiquei por alguns minutos me
olhando no espelho, passei de novo o batom e bufei inúmeras vezes. O
que esse cara está querendo de mim. Não sei nem o que pensar. Várias
imagens começam a correr na minha mente, principalmente a manhã
de hoje que transei com meu namorado e por alguns minutos via ele.
— Droga! — falei baixo. A porta se abriu me fazendo levar um susto.
— Parece que seu namorado não curtiu muito minha presença. —
aquela voz rouca apareceu, me virei rápido e ele trancava a porta.
— O que você quer em? Pelo amor de Deus Henrique, você é casado,
sou babá da sua filha e parece que da noite pro dia você decidiu fazer
da minha vida seu inferno pessoal. — quase gritava, mas me contive.
Ele andou até mim com as mãos no bolso da calça e um sorrisinho.
Quando estava bem perto no automático virei o rosto. Ele segurou meu
queixo.
— Não tenho culpa se além de ser isso tudo você é tão gostosa. Não
imagina o tanto de mulheres que queria estar no seu lugar. — falou e
eu respirei fundo. Empurrei ele pra longe e tentei ir até a porta, mas ele
me puxou de volta. Agora sua mão agarrava meu cabelo, me fazendo
olhar diretamente pra ele. — Mas nunca quis tanto elas como quero
você.

Henrique
A Heloísa tem mexido com a minha mente, eu tenho na mente gravado
cada detalhe de seu corpo, seria impossível esquecer o que tanto tem
me perturbado. Olhei a tela do computador que estava aberta em várias
planilhas. Pensei que preciso sair e tentar fazer qualquer coisa que não
seja pensar em foder com essa menina. Peguei meu celular e liguei pra
Gael.

— Oi Henrique. — ele atendeu e a barulheira que estava do outro lado


me diz que ele está exatamente aonde deveria estar.

— Está na boate? — perguntei mas era óbvio a resposta.

— Sim. — falou praticamente gritando.

— Estou chegando aí. — desliguei e fui até o meu quarto trocar de


roupa.

Cheguei na entrada da boate que por sinal estava lotada e passei por
todos. Entrei e foi um pouco difícil mas achei Gael. Merda! Não
acredito que vim pra esquecer o problema e agora estou mais de frente
pra ele ainda. De longe eu observei suas pernas, seu vestido e até seu
batom vermelho, como eu sou louco pra tirar tudo isso dela. Gael
assim que me viu encarou a loira, Heloísa não disfarçou a revirada de
olhos. Um rapaz tinha os braços em torno da sua cintura, esse deve ser
o tal namorado. Adoro um desafio e o de deixar a Heloísa excitada tem
sido meu favorito. Me aproximei e lancei a ela um olhar. Heloísa
estava desconfortável, seu namorado cochichou algo em seu ouvido e
logo depois deu um beijo nela. Senti minha mão fechar na hora.

— Para de devorar a menina. Caralho Henrique. — Gael falou em meu


ouvido.

— Não me irrita. — falei e me mantive sério. Heloísa evitava me


olhar, eu tentei me distrair mas não estava conseguindo. Quando ela
disse que iria ao banheiro consegui ouvir. Segui ela com os olhos só
pra ver em que banheiro ela entraria.

— Vou ir ver como anda as coisas lá dentro. Ou você conferiu Gael?


— meu irmão me olhou quase me fuzilando, ele sabia que não iria em
lugar algum que não fosse aquele maldito banheiro.

— Vocês são donos daqui? — O namorado perguntou, olhei pra ele


com um sorriso falso.

— Somos. Se me der licença. — fui em direção contrária à dela só por


que sei que consigo chegar ao banheiro sem que eles me vejam.

Passei por algumas multidões de pessoas. Olhei pra algumas mulheres


e segui meu destino até ela. Heloísa levou um susto quando eu passei
pela porta, tranquei a mesma. Quando ela me perguntou o que eu
queria senti vontade de tirar essa sua roupa me enterrar nela e ao invés
de falar, mostrar a ela o que eu queria. Meu jogo favorito tinha
acabado de começar, no momento em que ela perdeu a paciência,
quando vi ela indo em direção a porta agarrei seu braço e levei a mão
em seus cabelos e segurei firme fazendo seus lindos olhos parar nos
meus.

— Henrique. — foi quase um suspiro. Olhei pra parede mais próxima e


encostei seu corpo, pressionando com o meu. Meu pau começou a
latejar. Beijei seu pescoço e levei a mão passando a mão de leve no
decote do seu vestido. Ela fechou os olhos e isso me deu um sinal
verde. Olhei em seus olhos. Não consegui segurar e encostei minha
boca na sua. Pensei que nessa hora ela iria resistir, mas não se moveu.
Pedi passagem, ela relutou mas deixou com que eu explorasse sua
boca. Seu gosto estava doce, um sabor tão seu com um toque de sua
bebida, agarrei ainda mais seus cabelos e a empurrei mais ainda na
parede. O beijo que era calmo passou a ser frenético, eu queria
explorar cada parte de seu corpo. Quando levei a mão em sua coxa ela
parou.

— Não. Isso não pode continuar. Me deixa sair. — ela me pediu com
uns olhinhos que não negaria. Vou te que adiar meu prazer ainda mais
por ela não merecer isso em um banheiro de uma boate.

— Só limpa seu batom, não queremos causar confusão. — falei e dei


passagem a ela que foi pro espelho limpou tudo e estava passando de
novo. Fiquei atrás dela e alisei seus ombros descobertos. — Você está
tirando meu autocontrole.

— Não faça mais isso. — falou calma, ainda tinha a respiração


acelerada. Ela abriu a porta e antes dela sair eu falei.

— Não prometo nada.

Fiquei ainda um tempo no banheiro pra ver se meu corpo acalmava,


então saí dali e encontrei apenas Gael encostado na mesa.

— Você foi atrás dela. — Ele disse assim que eu me aproximei. —


Henrique, você não conhece essa menina, não sabe o quão doce e o
quanto ela pode se machucar se envolvendo com você. Que merda!
— Você gosta dela Gael? — perguntei com raiva.

— Não Henrique, não como você pensa. Heloísa é minha amiga. Não
quero que ela saia da vida da minha sobrinha por que você levou ela
pra sua cama. Caralho você já pensou que ela tem sido a Mãe que
Manoela não teve. Carly nunca ligou, sempre foi trabalho. Que porra.
— Ele saiu andado e eu fui atrás dele. Quando vi já estávamos fora dali
e ele nem se quer falou mais nada entrou no carro e se foi.

Que droga! Odeio quando ele fala assim comigo. Entrei no carro e
dirigi pra casa. Eu tento, juro que estou tentando me controlar e me
manter longe, mas o jeito de menina e a forma que a Heloísa é como se
me atraísse pra ele, meu corpo pede pra ter o dela. Eu sei que não é
certo.

Tentei me afundar na empresa nos últimos três dias, hoje decidi sair
um pouco mais tarde de casa, não tenho conseguido me concentrar em
muita coisa. Gael anda estranho comigo e eu tenho me sentido péssimo
por isso. Meu celular tocou e era Carly.

— Oi. — atendi ainda deitado na cama.

— Oi Henrique, como está as coisas por aí? — perguntou.

—Estão normais. Manoela ainda está com a minha mãe, só volta daqui
dois dias. Eu acho. E aí como está ? — falei e ouvi uma voz masculina
chamar ela.

— Bem. Tenho que desligar Henrique


Assim que Manoela voltar me avisa. — a ligação terminou. Fiquei um
pouco intrigado com essa chamada, mas decidi que depois penso nisso.
Tomei um banho e coloquei a roupa de trabalho. Eu estava descendo as
escadas quando vejo Heloísa subir, ela estava de cabeça baixa
mexendo em seu celular que nem me viu, parei e esperei ela bater de
frente comigo. Segurei seu braço pra evitar um acidente.

— Bom dia. — falei e ela levantou rapidamente o olhar pra mim.


Fiquei alguns segundos olhando seu rosto.

— Bom dia senhor Henrique. — ela falou e se soltou de mim. —


Desculpa estava distraída. — acrescentou e continuou subindo. Fiquei
parado pensando se ia ou não atrás, mas decidi trabalhar.

Cheguei na empresa e me afundei em duas reuniões e 3 vídeos


conferências seguidas. No fim do dia eu estava exausto, pensei em
chamar o Gael pra conversar. Me levantei e fui até sua sala. Ele estava
concentrado no seu computador.

— Sinto que está me evitando. — falei e me sentei na cadeira de frente


pra dele. — Gael preciso conversar com você, mas preciso que me
entenda.

— O que foi? — falou ainda meio relutante.

— Vou ser sincero com você, eu não consigo tirar a Heloísa da cabeça
e qualquer oportunidade que tenho de tocar, falar e até mesmo atiçar
ela eu aproveito. — falei rápido e foi como se tirasse um peso das
costas. — Sei que você tem um carinho por ela, mas eu vou
enlouquecer se não tiver essa mulher na minha cama. Eu não sei que
merda vai acontecer depois mas eu preciso. Estou a ponto de levar ela
pra um dos quartos de hóspedes lá de casa.

— Não sei o que te falar. Só não magoa a menina. — falou depois de


vários minutos apenas me encarando. Eu fiquei ali em silêncio. —
Parece que a Heloísa não está mexendo só com seu físico. Cuidado
irmão, com o coração não se brinca.

— Eu sei. — falei e suspirei. Conversamos sobre algumas coisas por


mais meia hora e então eu fui pra casa.

Cheguei em casa, desci do carro assim que parou e uma voz distante
chamou minha atenção. Me aproximei do Jardim e Heloísa estava
sentada no gramado, com o celular na mão.
— Eu não consegui Bianca, não sei travou. Bruno está chateado
comigo e eu não sei o que fazer pra consertar tudo isso. — ela falava
olhando a pequena tela. Não conseguia entender o que a menina do
outro lado falava. — Vou pensar em algo, obrigada Mai. Agora tenho
que entrar não quero esbarrar com o Henrique, já não basta está
sozinha nessa casa. Hoje é folga das outras funcionárias. Beijo

Puta merda! Como não lembrei que hoje era dia que nem Laura, nem a
Rosa estariam aqui. Voltei meu caminho pra porta principal e entrei em
casa. Eu subi direto pro quarto, preciso ser forte e me controlar. Se
controla Henrique.

Merda!

Lembrei das palavras de Gael, tudo que ele falou parece fazer sentido,
Heloísa está mexendo comigo mas do que devia. Eu não posso deixar
isso acontecer. Entrei pro banho e deixei a água quente cair, levando
com ela os pensamentos insanos que se passavam na minha mente.
Quando sai do banho coloquei apenas meu short e desci em busca de
algo pra comer. Pela merda do destino Heloísa estava jantando sentada
de costas pra porta. Fiz um barulho e ela logo se virou.

— Boa Noite. — falou e voltou a comer dessa vez mais apressada.


Quando me dei conta ela já tinha até subido. Preparei um sanduíche
com tudo que encontrei e peguei um copo de suco. Fiquei ali comendo
em silêncio. Pensando que estamos hoje só nós dois. Eu queria
conseguir de volta meu auto controle, mas quando fui ver estava na
porta do seu quarto. Sem nem bater girei a maçaneta e a porta se abriu,
ela estava apenas de camisola preta. No susto ela jogou o edredom se
cobrindo.

— Está maluco Henrique. Sai do meu quarto. — falou e eu abri meu


sorriso. — Estou falando sério. Quando foi que decidiu bagunçar
minha vida?

— No momento eu quero bagunçar sua cama, seus cabelos e sua roupa.


— falei encostando no batente da porta. Ela suspirou.

— Sai daqui. — falou e eu avancei entrando no quarto. Ela olhou pro


meu corpo de cima a baixo.

— Gosta do que vê? — falei e parei perto dela na cama. Peguei seu
edredom e tirei de cima dela. — Sabe não tem ninguém com a gente,
as vezes acho que o destino quer me ajudar, ou piorar tudo.

Passei a mão por sua perna e subi até perto de sua calcinha. Ela se
mexeu e sua respiração acelerou. Desci a boca perto do seu pescoço,
ela agora estava imóvel, depositei um beijo de leve e ela fechou os
olhos.

— Eu poderia tirar essa camisola. — falei em seu ouvido passando a


mão por sua coxa subindo um pouco o tecido. — Poderia deixar seus
seios enrijecidos, mordendo e sugando cada um deles — agora
coloquei a mão em um deles por cima do tecido e sei que já estão
durinhos. Meu short começou a ficar apertado, já estava duro e
ansiando pra me enterrar nela. — Eu ficaria muito feliz em ver que sua
abertura está tão molhada que eu poderia facilmente entrar nela e te
comer de todas as formas possíveis.

— Por favor. — ela soltou como uma súplica. Foi minha vez de fechar
os olhos e por a cabeça no lugar. Seu cheiro me fazia perder a
consciência do que eu fazia. Deixei minha mão subir pela sua coxa até
chegar no lugar que pulsava, mal toquei a calcinha e toda sua umidade
se espalhou. Meu pau doía nesse momento.

— Você quer isso? — perguntei enquanto passava os dedos de leve por


ali. Ela abriu um pouco mais a perna. Não sei se consigo me segurar,
eu fiquei em cima dela. Joguei sua calcinha um pouco pro lado e deixei
uma de meus dedos deslizar pra dentro dela. Sua intimidade estava
quente e pronta pra me receber, mas antes eu quero conhecer seu
corpo. Beijei ela enquanto deixava meu dedo ir e voltar. — Heloísa eu
preciso que você me pare. — falei quando me afastei. Não quero me
arrepender, mas eu sei que quando estiver dentro dela eu vou querer
mais, sempre mais.

Ela não disse nada, eu deixei minha vontade dominar. Desci uma das
alças da camisola e deixei seu seio saltar pra fora, levei na boca e
suguei, dei uma leve mordida e ela gemeu. Porra! Continuei descendo
os beijos até que cheguei onde exalava cheiro de excitação. Tirei sua
calcinha e abri ainda mais suas pernas, tirei o dedo e o levei na boca.
Passei a língua por sua abertura e suas costas saiu da cama. Seu
gemido foi ainda mais alto, quando cheguei em seu clitóris ela agarrou
meus cabelos. Estava tão sensível que senti que a qualquer momento
ela irá explodir. Voltei agora com dois dedos, mal entrei e senti ela
gozar. Agora com a língua na abertura eu sugava tudo pra mim.
Levantei e olhei a menina que estava desejando a dias, ela estava
vermelha e com a respiração super acelerada. Eu pensei em tirar minha
roupa quando o celular dela começou a tocar, ela pegou o aparelho da
mesinha e depois de olhar a tela me encarou.

— Sai do meu quarto por favor. — falou e eu neguei. — Por favor.

— Quem é? — perguntei e ela me mostrou a tela, o nome de Carly


brilhava. Esbravejei, sai do quarto batendo a porta, fui direto pro meu
banheiro. Deixei a água cair por meu corpo na intenção de tirar o
cheiro dela, de parar de ouvir o gemido dela. Quando dei por mim eu
estava me aliviando pensando na sua boca envolvendo meu pau, sua
mão tocando nele. Bastou poucas imagens pra eu acabar gozando
como um louco adolescente. Quando finalmente me deitei eu avisa
conseguido aliviar um pouco o tesão. Me esforcei pra dormir.
Heloísa

O episódio do meu quarto rondava na minha mente a dias, eu não sabia


mais o que fazer pra tirar seus toques do meu pensamento. Quando
Manoela voltou de viagem foi um alívio agora eu sempre procuro estar
com ela por perto, sempre tranco a porta na intenção dele não invadir
novamente. Durante essa última semana eu estive procurando um
apartamento já mobiliado aqui por perto, algo que eu pudesse ir e vir
sempre que necessário. Achei duas opções e fiquei de olhar as duas
amanhã. O que significa que preciso conversar com a Carly, mas
também com o Henrique. Liguei pra ela por chamada de vídeo. Ela me
atendeu.

— Oi Heloísa. Aconteceu algo? — perguntou. Como eu ainda sinto


vergonha pelo que fiz. Na verdade pelo que deixei Henrique fazer.

— Não Carly, eu apenas queria falar com você. É que estou vendo um
apartamento pra mim aqui perto, estou pensando em alugar um
espacinho por que as vezes meu namorado vai vir pra cá. Eu pensei de
estar sempre aqui de manhã e ir embora quando Manoela dormi, exceto
quando seu marido estiver. — falei rápido se não perderia a coragem.

— Eu já tinha pensado nessa possibilidade, mas você consegue


esperar? Eu vou voltar mais cedo. As coisas andaram bem, então não
vou precisar ficar os dois meses completos. — falou . — Aí assim que
eu chegar a gente pensa num novo contrato. Não esquece que vou
deixar você viajar pelo menos uns 4 dias, eu pago. Você precisa ver
sua família.

— Obrigada Carly. — falei e ela se despediu. Suspirei aliviada. Depois


que deixei a Manoela na escola fui ver os apartamentos. Os dois mais
próximo. Um tinha uma vista linda da cidade e o outro era mais
simples, mas um pouco mais perto. Pensei muito e decidi que o mais
perto seria vantagem. Fechei o contrato e comuniquei que iria a partir
do mês que vem.
Depois de pegar Manoela sentamos na barraquinha de sorvete.
Manoela como sempre escolheu chocolate. Ficamos ali até que nos
duas estava cheias de tanto sorvete. Chegamos em casa e foi o mesmo
ritual, dar banho e deixá-la vendo um pouco de desenho. Até sua aula
de balé, que voltou essa semana, mas como combinado eu fico em casa
nesse período. Quando era por volta das três da tarde um dos
seguranças saiu com Manoela, no mesmo instante que Henrique
chegou de carro, mal parou e desceu caminhando em passos firmes na
minha direção.

— No meu escritório agora Heloísa. — falou e seguiu entrando pra


casa. Fiquei paralisada por alguns segundos até que fui até ele. Abri a
porta devagar, entrei e me sentei na sua frente.

— O que quer? — falei sem muito paciência.

— Vou perguntar apenas uma vez. — se encostou na cadeira e passou


a mão por sua barba. Não sei mas me parece que ele faz isso quando
está com muita raiva ou desafiando alguém. — Que porra de história
de apartamento é essa? Eu não vou deixar.

Soltei uma gargalhada e pensei que porra ele está falando. Ele levantou
e caminhou até a porta trancando a mesma. Eu senti meu corpo inteiro
arrepiar.

— Heloísa. — levei um susto com a sua voz tão próxima. — Eu


costumo ter tudo que quero, e quando eu digo que uma coisa é minha.
Normalmente ela é. Mesmo que seja uma pessoa.

— Do que você está falando? — perguntei e sua mão estava no meu


ombro começou a descer em direção aos meus seios. Elas estavam por
baixo da minha blusa e sutiã, ele apertou o bico me fazendo soltar um
leve gemido.

— Estou falando de você. — Ele falou em um sussurro no meu ouvido.


— Estou cansado de esperar menina. — segurou ainda mais firme meu
peito, joguei a cabeça pra trás. Henrique tirou a mão e se colocou na
minha frente. Seus olhos não saía dos meus. Pegou minha mão me
fazendo levantar, segurando minha cintura ele colou nossos corpos.
Senti minha intimidade pulsar. Ele agora beijava meu pescoço. — Eu
vou estar no quarto ao lado do meu, quero você lá em cinco minutos.
Ou eu desço e leve você a força.

Ele me deixou parada e totalmente sem fala. Eu fiquei ali retomando a


consciência e tentando me mexer. Olhei pra porta que agora estava
aberta. Caminhei devagar e um pouco sem direção. Parei no topo da
escada e pensei se iria ou voltaria pro meu quarto e não sairia de lá.
Acho que fico com a segunda opção. Tomei banho e coloquei um short
e uma blusinha fina tirando o sutiã, quando eu fui até a porta pra
trancar ela abriu.

— Você gosta de brincar com minha paciência? — Henrique falou e eu


revirei os olhos.

— Eu não vou pra cama com você. — falei e ele abriu aquele sorriso
que detesto. O jogo começou, e ele não era um bom perdedor.

— Eu acho que não entendeu o que falei a minutos atrás. — abriu mais
o sorriso e avançou sobre mim. Mas diferente do que pensei ele apenas
segurou meu braço e saiu me puxando pra fora do quarto. Eu tentava
me soltar mas ele segurava ainda mais firme. Entramos em um quarto e
ele prontamente trancou a porta. Henrique me empurrou pra cama,
passou um tempo me olhando. Ele ficou em cima de mim, e já levou a
mão no cós do meu short, abrindo rapidamente.

— Henrique, me larga. Me deixa sair. — pedi e tentei me debater. Ele


apenas me olhou e continuou tirando a minha peça de roupa. — Eu vou
gritar.

— Vai chamar apenas a atenção dos outros empregados. — falou e


terminou de tirar e subiu beijando minha coxa. Ele subiu atacando
minha boca em um beijo rápido e cheio de desejo. — Para de ir contra
sua vontade.— me deu um selinho e arrancou minha blusa. Umedeceu
lábios como quem estava louco pra tocar. Tentei uma última vez tirar
ele de cima de mim, mas ele me prendeu ainda mais rindo. — Você
fazendo isso me faz ter ainda mais tesão em você. Agora para.

— Caralho. — xinguei quando ele sugou forte demais meu peito, ele
ainda deu uma leve mordida e soprou quando se afastou um pouco.
Descendo os beijos ele chegou na minha intimidade, me olhou nessa
hora e se desfez do fino tecido que a cobria. Fechei os olhos por que
sabia o que viria a seguir, sua língua brincava com minha abertura e eu
mordia a boca pra não gemer. Não quero demonstrar pra ele que estou
gostando disso.

— Eu quero ouvir você. — falou e deixou dois dedos deslizarem pra


dentro de mim. Foi inevitável, soltei um gemido que estava preso.
Henrique sorriu vitorioso. Ele agora me beijava, eu queria conseguir
para-lo mas eu queria isso tanto quando ele. Eu já estava a ponto de
gozar. — Goza pra mim pequena.

Henrique sabia exatamente o que estava fazendo e isso tornava o sexo


tão intenso. Ele tinha sensualidade, era determinado e sua postura era a
junção perfeita da minha maldita perdição. Ele voltou a sugar de leve
meu clitóris sem deixar seus dedos parar, tentei fechar a perna quando
a pressão em foi ficando ainda mais intensa.

— Henrique... —falei quando meu orgasmo chegou. Foi quase um


gemido. Meu corpo perdeu as forças. Ele limpou tudo e levantou
sorrindo pra mim.

— Você tem um gosto tão seu. Tão único, seria impossível esquecer.
— falou e começou a tirar sua camisa e foi pra bermuda. Ele agora
estava apenas de cueca na minha frente e o volume ali era tão grande
que por um momento pensei se não me machucaria. Me apoiei nos
braços pra olhar melhor a cena. — Sabe. Desde que te vi entrando pela
porta da minha casa. Não consegui tirar mais sua imagem da cabeça.
Seu corpo é um convite pro pecado.

É essa sensualidade que falo, mesmo sendo tão bruto Henrique tinha
habilidades com as palavras e só com ela eu poderia entrar em
combustão. Umedeci os lábios, ele notou o gesto e foi se aproximando.
Tirou a única peça que o cobria, seu membro saltou pra fora. Pensei
em tocar mas ele já estava em cima de mim. Abriu ainda mais minha
perna. Quando ele se posicionou na minha abertura eu arfei e fechei os
olhos.

— Quero ver seus olhos. — abri devagar e ele entrou em mim de uma
vez. E como imaginei o seu tamanho me causou um incômodo, mas ele
não parou. Sem quebrar o contato visual ele entrava e saía com
intensidade. Eu não teria imaginado que estaria assim com ele a um
mês atrás, mas agora eu não quero está de outro jeito. Arranhei suas
costas pela intensidade. Ele me beijou e mordeu de leve meu lábio
inferior, descendo pro pescoço ele beijou forte ali. Ele parou um pouco
e me virou de costas em um movimento rápido e voltou a investir, eu
conseguia ouvir seus gemidos. Suas mãos puxavam meu cabelo com
força, arrancando gemidos involuntários de mim. — Não chame
atenção pra casa inteira.

— Não consigo controlar. — falei e ele se aproximou do meu ouvido e


começou a dar leve beijos no meu ombro. Tudo parecia se acalmado
mas ele voltou com tudo. Quando senti que iria gozar ele foi ainda
mais fundo, meu corpo estava suado e ele não estava diferente.
Chegamos ao orgasmo juntos e por um tempo ele se manteve dentro de
mim.

Quando ele saiu senti um vazio, me deitei na cama e trouxe o edredom


pra me cobrir. Eu não sei mas parece que agora vejo um
arrependimento, como se instantâneo. Henrique estava deitado ao meu
lado descoberto, evitei olhar. Me levantei e coloquei minha roupa com
seus olhos queimando sobre mim.

— Abre a porta. — falei sem olha-lo.

— Ei vem aqui. — Ele parou na minha frente e levantou meu rosto. —


Não pensa muito.

—Henrique me deixa sair, a Manoela está pra chegar, não quero que
ela me veja com você no quarto. — falei e ele pegou a chave e me
entregou. Sai do quarto e fui direto pro meu tomei um banho e não sei
mas estava me sentindo suja de alguma forma. Minha mente foi em
Bruno e na Carly. Respirei fundo.

Quando Manoela chegou comecei a cuidar dela, estava um completo


silêncio. Eu não sabia o que fazer daqui pra frente. Cuidei e deixei ela
preparada pro jantar, brincamos um pouco de boneca.

— Tia Heloísa. Eu pensei em fazer um cinema lá na televisão grande


da sala, eu você e meu papai. — falou do nada e eu a olhei surpresa.

— Meu amor, acho que seu pai não teria tempo. — falei tentando
escapar dela.

— Vou falar com meu papai. — ela nem esperou eu responder e saiu
do quarto correndo.

Merda!

O que eu fiz da minha vida?

Sai do quarto dele aproveitei o tempo do jantar e fui pro meu quarto.
Assim que Entre o liguei pra Mai. Preciso que ela me atenda, não
tenho com quem conversar no momento. Ela me atendeu no terceiro
toque.

— Amiga... — falei com a voz chorosa. Ela apareceu no vídeo deitada


na cama, me olhou intrigada. — Está podendo falar?

— O que houve Heloísa, não está com a voz muito boa. — falou e eu
senti uma lágrima descer. Contei a ela toda história e ela me ouvia em
silêncio. Quando terminei de falar olhei pra ela.

— O que eu faço? Bianca eu não sei se quero continuar aqui. — falei.


— Amiga já pensou em adiantar os planos do apartamento? Assim que
a Carly voltar você vem, e aqui você decide o que fazer. Agora tenta se
manter longe Heloísa, você não pode se apaixonar por um homem
casado e nem manter relação com ele. — falou.

— Acha que não sei Bianca. Henrique não é homem por quem uma
mulher deve se apaixonar. Agora me diz o que fazer se a menina
montou um plano de cinema comigo e o pai? Estou frustrada. — falei e
ela ficou surpresa.

— Parece que vai precisar ser forte Lila. Olha lembra do por que você
está aí, e que também pode desistir. — falou tentando me consolar. —
Agora eu tenho que ir, tenho um encontro essa noite.

— Nossa amiga falei tanto de mim, nem perguntei como você está,
mas faz assim aproveita seu encontro e me conta tudo depois. — falei e
ela concordou. Desliguei o celular e foi quando a porta abriu e os
lindos olhos expressivos de Manoela apareceu.

— Papai está esperando a gente na sala. — falou empolgada. —


Vamos tia Lila já tem pipoca. — ela me arrastou escada a baixo.

Cheguei na sala e Henrique estava de bermuda e sem camisa, seus


cabelos molhados indicava o banho recém tomado, misturado ao cheiro
de sabonete me dava a certeza. Manoela se jogou com ele no sofá e eu
me sentei no outro mais distante.

— Vamos ver um filme de princesa. — A menina disse empolgada, eu


não olhava pra eles apenas concordei. O filme começou.

Eu olhava a grande TV mas minha cabeça não estava ali, eu pensava


em várias coisas ao mesmo tempo. Meu celular vibrou alertando uma
mensagem de Bruno.

“ Oi amor que saudades de você”

Li a mensagem e senti meu coração apertar. Que saco! Não pensei em


nenhuma consequência. Decidi ignorar e voltar a ver o filme.

Passamos por dois filmes até que Manoela dormiu e eu pensei em


quem a levaria para cama.

— Eu levo Heloísa. — Ele falou como quem lia minha mente.


Concordei ainda sem olhar em seus olhos. Antes dele pegar a menina
ele veio até mim. — Pode parar de agir assim?

— Henrique, quero te pedir pra esquecer o que aconteceu. — falei e


me levantei na intenção de subir.

— Sabe que isso não vai acontecer... — saí da sala sem responder e fui
até o meu quarto. Peguei minha bolsa e esperei um tempo que me dava
certeza que ele estaria no quarto.

Saí da casa e respirei um pouco de ar livre, eu me sentia aliviada.


Andei por cerca de 10 minutos até que parei em frente ao prédio que eu
peguei um apartamento, peguei as chaves na bolsa. Subi de elevador
até o meu andar, abri o lugar e de cara me joguei no sofá. Por essa
noite eu vou ficar aqui, pensando em tudo que vai vir pela frente.

Quando Carly voltar eu vou pro Brasil, preciso ver a Mai. E lá eu vou
decidir o que fazer. Por hoje eu quero apenas tentar dormir. Caminhei
até o quarto que tinha uma grande cama. Deitei e me esforcei pra
dormir, passei o noite tendo vários sonhos com Henrique, ele sempre
estava tocando meu corpo, ou beijando. Era lembranças da tarde de
hoje. Merda! Será que eu vou mesmo ficar lembrando disso?
Henrique
Cheguei na empresa pela manhã e de cara encontrei o Gael, ele já
estava com seu notebook na mão e parecia me esperar já que entrou na
sala logo depois de mim. Começamos uma pequena reunião sobre as
novas obras e também sobre os lucros, na verdade uma estimativa de
lucros. Enquanto ele falava as imagens de Heloísa passava na minha
cabeça, eu tenho me distraído muito depois da chegada dessa menina.
Bufei.

— Você não parece está bem. Aconteceu algo? Está bem distraído. —
meu irmão que sempre me conheceu tão bem me questionou.

— Eu não sei se devo te falar, mas também queria seu conselho sobre
umas coisas. — falei impaciente.

— É a Heloísa. Você transou com ela? — perguntou e eu neguei. —


Henrique, a Heloísa não é como as outras mulheres que sai com você,
ela vai esperar algo e você sabe que não vai abrir mão desse
casamento.

— Quase. Carly ligou na hora. — falei e suspirei. — Eu sei que ela não
é como as outras, nenhuma outra me fez sentir tanta vontade como ela,
nenhuma ficou na minha mente por dias. Caralho Gael você não tem
ideia do quanto eu sei que ela é diferente.

— Henrique você está se ouvindo? Ela é sua babá. Uma menina que
tem compromisso. Ela foi por que queria? — perguntou curioso..

— Invadi seu quarto, não dei muita opção. — falei e ele me olhou
surpreso.

— Eu desisto de te aconselhar. — falou e ficou em silêncio. Meu


celular começou a tocar e eu peguei pra atender.

— Oi. — falei, nem tinha olhado quem era.


— Henrique. Preciso que você faça outro contrato para a Heloísa. — A
voz de Carly surgiu e ouvir o nome da Heloísa fiquei alarmado.

— Por que? — perguntei e afrouxei a gravata.

— Ela não vai mais dormir lá em casa, muda apenas a parte da


moradia, não mexa no valor. Foi meu combinado com ela. — falou e
eu quase gritei.

— Mas como vai ser agora? — tentei parecer indiferente.

— Ela decidiu morar em um apartamento próximo, chegando uma hora


antes da Manoela ir pra escola e ficando apenas durante o dia. Ela disse
que prefere assim por conta do namorado que quer vir e ver ela mais
vezes, tem sua mãe também. — falou e me subiu uma raiva, uma
vontade de amarrar a Heloísa lá em casa. Não sei por que dessa
possessividade.

— Está bem. Tenho que desligar. — finalizei a chamada. — PORRA!

— O que aconteceu? — Gael perguntou.

— Heloísa está querendo me fazer perder a porta da cabeça. Me cobre


na reunião em 5 minutos. Vou em casa resolver umas coisas. — falei e
já sai da sala.

Entrei no carro e o segurança me deixou na entrada. Heloísa estava na


porta se despedindo de Manoela. Passei por ela e já dei uma ordem. De
hoje Heloísa não me escapa, eu preciso ter essa mulher na minha cama,
quero ela de uma forma incontrolável.

Ela entrou em meu escritório e eu comecei meu jogo favorito, ver


Heloísa excitada era a coisa mais gostosa. Deixei ela se render e
mandei ela me encontrar no quarto de hóspede. Cheguei no quarto e
fiquei impaciente, não sei se ela vai ou não vir aqui, mas eu preciso
dela.
Nunca me imaginei chegando ao ponto de agarrar um mulher e
praticamente arrastar ela pra cama, mas fiz isso com ela. E estar dentro
dela era uma das melhores sensações, ela tinha um jeito único. Seu
gosto era só seu, e parece que nunca vou estar satisfeito de ter ela.
Quando deitei na cama vi a confusão em seus olhos, ela estava
anestesiada. Ela levantou e começou a se vestir me senti péssimo por
um momento. O que eu posso oferecer a ela não é nada do que ela
merece. Não posso deixar a Carly, ela iria tirar a Manoela de mim e
não sei viver sem minha filha por perto. Respirei fundo quando a porta
do quarto bateu.

Na minha mente passou o dia em que tentei deixar a Carly, ela me


jurou que levaria Manoela pra bem longe e que faria de tudo pra
afastar a menina de mim, não sei até que ponto é verdade. Por isso
sempre levo esse casamento assim do jeito que dá. Bufei e me levantei
indo pro meu quarto depois de colocar a roupa. Passei as horas ali
deitado olhando pro nada. Heloísa tem mexido comigo e não sei o
quão intenso isso está. Na hora do jantar Manoela veio se jogando em
mim.

— Pai.. Vamos fazer um cinema na sala da TV? — perguntou e pensei


em negar. Então ela continuou. — Eu você e a Tia Lila. Eu já falei com
ela, mas ela acha que você não vai ter tempo. Vamos papai.

— Tá bom Manoela. — era mais uma oportunidade de ficar perto dela.


— Agora vamos jantar.

— Tá bom. — falou se sentando e comendo rapidamente a comida. Eu


comecei a rir pela sua empolgação. Ela terminou mais rápido que o
normal e pediu licença indo correndo pelas escadas.

— Cuidado. — falei alto. Terminei de jantar e fui direto pra sala.


Fiquei sentado mexendo no celular até Manoela se jogar em cima de
mim. Heloísa passou sem me olhar e se sentou no outro sofá.

Foram as duas horas mais constrangedoras, ela não me olhava, mas


quando notou que Manoela dormia se mexeu como quem ia levantar.
Me adiantei e disse que iria levá-la pra cama, antes eu fui falar com
ela. Estava me sufocando o jeito que ela estava, então tentei conversar,
mas seu pedido pra esquecer tudo mexeu comigo. Nem se eu quisesse
conseguiria tirar da minha cabeça os momentos dessa tarde, já tenho na
cabeça todos os detalhes de seu corpo. Suspirei. Heloísa já tinha subido
e eu então peguei Manoela e coloquei em seu quarto. Fui pro meu e
peguei meu celular ligando pra Gael.

— Fala. — Ele atendeu com a voz um pouco rouca. Devo estar


dormindo.

— Não consegui resistir, e agora estou um pouco mal por que a


Heloísa, bom ela não está nem falando comigo direito. — falei com
ele.

— Você levou ela pra cama? CARALHO Henrique, você não pode
simplesmente segurar esse pau no meio das pernas? — falou irritado.
— Cadê ela agora?

— Acho que está no seu quarto. — Gael criou um laço de carinho com
essa menina e sei que tudo que eu fizer ele vai me julgar.

— Henrique. Tenta se controlar, já aconteceu mas você pode poupar a


menina de sofrer com suas decisões. Eu criei um carinho por ela, e não
quero que ela fique mal por causa de você. — falou agora mais calmo

— Tudo bem. — falei e desliguei.

Passei a noite rodando na cama, eu não tirava ela da cabeça. E quando


penso sobre fazer ela sofrer sinto algo ruim. Ela está mexendo comigo
mais que o normal e isso está começando a me assustar. Eu não sei se
deveria deixar ela seguir, voltar pra casa, com seu namorado, mas aí é
que começa meu desespero. Não quero ela com ninguém, não consigo
imaginar alguém tocando nela como eu fiz. Merda! Isso não era pra
estar acontecendo. Quando o dia já estava amanhecendo consegui
dormir um pouco.
— Papai. Papai... — Manoela entrou em meu quarto correndo, eu abri
os olhos com um pouco de esforço. Ela pulou em cima da minha cama.
— Papai acorda.

— Oi Manoela. — me virei pra ela coçando os olhos.

— Tia Heloísa não está em casa. Já procurei ela em todo lugar. — ela
queria chorar. Levantei rápido e meu desespero bateu assim como ela.
— Será que ela foi embora.

— Não. Ela não pode filha. — falei e peguei meu celular ligando pra
Gael rapidamente. Ele atendeu com voz de sono.

— Dá pra parar de me ligar quando estou dormindo. Aprende a


resolver sozinho. — falou irritado.

— Heloísa não está em casa. Eu preciso que ligue pra ela. Se eu ligar
ela não vai atender. — falei e ele quase gritou do outro lado da linha.
Xingou algo e desligou. Olhei pra Manoela e ela tinha os olhinhos
brilhando. Eu peguei ela no colo.

— Ela vai voltar né papai? —falou colocando a cabecinha em meu


ombro.

— Meu amor vamos tomar um banho e se arrumar pra ir a escola,


quando você voltar ela vai estar aqui. — falei. E segui com ela pro seu
quarto, ligando o tempo todo pro celular dela.

Depois de colocar Manoela pra escola contra sua vontade, perguntei


aos seguranças se viram ela saindo. Fui informado que ontem a noite
ela saiu, mas não deixou nenhum segurança acompanhá-la. Respirei
fundo. Fui pro escritório e comecei a pensar em onde ela poderia estar,
revirei tudo que Carly me mandou por que podia ter me dado o
endereço do novo apartamento, mas não tinha nada. Merda! Ela não
pode ter ido embora, não pode. Meu celular tocou e atendi sem nem
olhar.
— A senhorita Heloísa acabou de entrar em casa. — era um de meus
seguranças. Desliguei e quase corri pra sala. Ela já estava subindo as
escadas. Quando me viu apressou o passo. Subi e cheguei a tempo dela
está ainda com a porta aberta.

— Onde você estava? — falei ao entrar no quarto. Ela revirou os


olhos. — Você quer me enlouquecer? Tem noção do quanto fiquei
preocupado. QUE PORRA!

— Para de gritar. — falou e eu fiquei ainda mais irritado. Cheguei


perto dela e segurei seus braços com força, mas não pra machucar, era
apenas pra ela não sair dali.

— Você está brincando comigo. Menina eu estou louco com você, não
aceito você ir embora. — falei baixo perto dela.

— Henrique para. Eu não fui embora. Estou aqui, mas quero você
longe de mim. Não quero você bagunçando minha vida. — ela se
debateu pra me afastar, mas claro que seria em vão. Abracei ela
apertado. Senti seu corpo tremer, levantei seu rosto e vi as lágrimas
descer. Merda!

— Heloísa. — tentei falar algo mas apenas apertei seu corpo ainda
mais contra o meu. Ficamos em silêncio por alguns minutos. — Olha
pra mim. — pedi, mas ela negou.

— Henrique você não entende. Eu não quero ficar no meio de um


relacionamento, não queria ter estragado o meu. Eu vim pra cá, só por
que queria aprender mais o inglês e ensinar a Manoela, eu não queria
me envolver com a porra de um homem casado. — abaixei a cabeça.
— Você não pensou nas consequências. Simplesmente fez.

— Heloísa, eu não fiz sem pensar. Eu tentei me segurar, mas não


consegui. Eu não sequer consigo estar perto de você e não te tocar. —
falei e olhei em seus olhos — Também não esperava me encantar pela
babá da minha filha.
— Não me confunde. — falou e se sentou na cama. — Se eu soubesse
que seria essa confusão não teria vindo.

Fui até a cama e sentei me encostando na cabeceira, puxei Heloísa pra


mim fazendo ela ficar entre minhas pernas. Alisei seus cabelos. Não
sabia o que dizer, na verdade não posso prometer nada a ela, mas só sei
que queria ela ao meu lado. Poder chegar e dar um abraço, um beijo.
Sinto que estou me apaixonando por essa menina. Ficamos um bom
tempo em silêncio, até que ela se afastou.

— Você precisa trabalhar. — falou tentando se levantar, mas não


deixei.

— O bom de ser o chefe é que posso faltar quando eu quiser. — soltei


um sorriso. Segurei seu rosto entre minhas mãos e olhei pra ela
pedindo permissão. — Deixa pra pensar mais tarde.

— Não Henrique. Preciso de distância. — falou e se levantou rápido.


— Vai trabalhar, ou quem sabe dormir, não sei. Só me deixa um pouco
quieta.

— Tá Heloísa. — levantei e fui até ela. Parei na sua frente. Segurei


seus cabelos e colei nossas bocas, eu precisava pelo menos de um
beijo. Pensei que ela fosse resistir mas cedeu. — Agora se cuida. —
dei um selinho e sai do seu quarto.

Cheguei na empresa e já na minha sala encontrei Gael. Ele levantou


assim que me viu passar da porta.

— Ela está em casa. — falei antes mesmo dele perguntar. Ele suspirou
em alívio. — Agora pode ir trabalhar. Desculpa as ligações.

— Mas e vocês? O que aconteceu? — perguntou e eu revirei os olhos.

— Nada, não aconteceu nada. Pelo que parece estou confundindo ela.
Gael. Estou criando sentimento por ela. — falei me sentando na
cadeira. Olhei pro meu irmão que me encarava, não sei. Ele buscava
algo em mim. — Me diz o que eu faço?

— Henrique... Você largaria Carly? Seria capaz de enfrentar tudo por


ela? — perguntou voltando a se sentar.

— Não sei Gael. Eu não sei. — falei e ficamos em silêncio.— Agora


vai trabalhar que estou precisando esquecer um pouco isso.

Entrei em algumas reuniões, e por fim meu dia já estava quase no fim
quando recebo uma ligação da minha mãe me chamando pra jantar em
sua casa. Combinei com ela de só ir em casa buscar Manoela e iria
direto pra lá. Cheguei m casa e encontrei Heloísa e ela brincando no
gramado, as gargalhadas eram ouvidas de longe, algo em mim se
alegrou. Me aproximei e assim que Manoela me viu correu pros meus
braços.

— Papai você já chegou. — recebi um beijo e Heloísa se levantou já


indo em direção a casa.

— Heloísa? — ela me olhou. — Pode arrumar Manoela? Vou jantar na


minha mãe.

— Claro. Vamos princesa? — minha filha desceu e foi correndo pra


ela. As duas sumiram do meu campo de visão. Entrei indo direto pro
meu quarto, tomei um banho coloquei uma calça jeans e uma blusa
preta. Arrumei meu cabelo e barba.

Cheguei na casa dos meus pais por volta das oito da noite, minha mãe
veio direto na neta e eu fui no meu pai. Peguei com ele uma dose de
whisky. Gael chegou logo depois de mim e se juntou a nós dois. O
jantar foi servido. Eu sentia minha mãe me olhar o tempo inteiro.

— O que você quer falar dona Ester? — falei e vi ela rindo.

— Estou te achando diferente. Tem algo em você que mudou. — falou


e eu a encarei. — Você vivia sério e hoje está sorrindo por nada.
— Estou feliz com meu trabalho mãe. Com o andamento de tudo. —
falei e ela negou com a cabeça.

— Você não fica de sorrisos quando o assunto é serviço. Eu posso


apostar que é sentimento. — quase me engasguei. — Não precisa falar
nada. Quando a Carly volta?

— Não sei ainda mãe. Ela tem ligado pouco. — falei e consegui ouvir
a minha mãe bufar.

— Eu ainda espero o dia que você consiga ser realmente feliz com
alguém. — falou e se levantou da mesa. Terminei de comer em
silêncio. Acompanhei meu irmão e meu pai pro escritório e fiquei
bebendo com eles.

Levei um susto quando olhei o relógio e já se passavam de meia noite.


Fui atrás de Manoela pra ir embora. Minha mãe pediu pra deixar ela já
que minha filha já tinha dormido e amanhã é sábado. Não teria aula.
Cheguei em casa e fui direto pro meu quarto tomar um banho, assim
que sai do banheiro tentei dormir mas quando vi já estava em pé na
porta do quarto da Heloísa. Puxei a maçaneta e a porta abriu. Ela
estava deitada com um short curto e apenas de top. Entrei e fechei a
porta. Me deitei ao seu lado, puxei seu corpo pra mim. Ela se mexeu
mas não acordou apenas se aninhou em meu peito, por algum motivo
eu dormi logo em seguida.

Heloísa
Já faz uma semana que Henrique tem me tratado como se fosse namorada
dele, me cobra a todo tempo o que faço ou deixo de fazer. Eu queria muito
não estar criando nenhum tipo de sentimento, mas confesso que me pego
sorrindo pro nada ao ver ele chegar, ou lembrando de alguma coisa, eu não
queria que isso fugisse do meu controle, mas enfim fugiu. Tenho evitado
ligação do Bruno e também da Mai, eu sei que estou sendo muito errada mas
vai ser só um momento. Falei com a minha mãe pela manhã, marquei minha
viagem pra uma semana depois que a Carly voltar, mas com a certeza de que
não voltaria mais a Seattle, eu não poderia me colocar no meio de uma
família, nem mesmo continuar meu relacionamento, então eu decidi viver o
que tem acontecido, mas com a certeza de que quando eu voltar ao Brasil eu
vou iniciar uma nova vida. Olhei pra Manoela que estava vendo desenho, já
toda arrumada pra sua aula de balé. Eu vou sentir falta da minha pequena e
sei que ela também vai sofrer mas era inevitável.
— Tia como é lá no Brasil? — Manoela perguntou em aleatório.
— Lá é mais quente que aqui, as pessoas andam com menos pressa, e bom lá
é onde a Tia cresceu e viveu. — falei por alto.
— Quem você tem lá? Eu tenho meu vovô e minha vovó lá, mas nunca falei
com eles. Nunca entendi o que falavam. — falou e eu sorri.
— Mas você entende né ? — concordou rindo. — Quando sua mamãe chegar
você pede ela pra fazer uma chamada com eles igual a gente fazia com a tia
Mai. Assim você vai entender o que eles diz e pode perguntar o que tem lá
também. Por que cada cidade tem um jeitinho diferente.
— Eu vou pedir pro meu papai e minha mamãe me levar lá na casa deles. —
Eu concordei e alisei seus cabelos. Olhei a hora e chamei ela pra descer. O
segurança esperava por ela. — Titia, quando eu voltar vamos tomar um
sorvete?
— Tem que perguntar seu pai, mas você vai convencer ele. — falei rindo e
ela entrou no carro. Assim que saiu eu subi peguei um livro no meu quarto e
desci passando pela cozinha e pegando um suco. Me deitei na cama e
comecei ler.
O sol estava bem fraquinho e estava gostoso sentir o calor. Fiquei ali enfiada
no livro até que por fim peguei no sono. O dia estava lindo, mas parece que o
cansaço me venceu. Acordei sentindo algo passar pelo meu rosto, levei um
susto ao ver Henrique de terno e gravata quase deitado ao meu lado.
— O que faz em casa a essa hora? — perguntei e me sentei. Ele fez o mesmo
e virou meu rosto pra ele, selou nossos lábios e como sempre senti meu
coração disparar.
— Eu tirei um tempinho pra gente ficar junto. — levantou e me deu a mão
para que eu levantasse também. — Vai na frente me espera no seu quarto.
Preciso deitar um pouco, minha cabeça está cheia.
Não respondi, apenas fui pro quarto. Me deitei e nessa hora meu celular
tocou. Já faz quase uma semana que não atendo o Bruno e ele insiste em
ligar. Peguei o celular e decidi atender.
— Oi amor. — Ele falou e me senti ainda pior do que já estava. — Não tem
me atendido, anda ocupada?
— Sim. Acabo ficando longe do celular. — respondi um pouco seca.
— Sua mãe me disse que você chega aqui início do mês. Quando ia me
contar? — nessa hora a porta abriu e Henrique passou por ela, estava agora só
de calça.
— É eu vou. Podemos nos falar depois? — tentei não parecer tão nervosa.
Fiz sinal pro Henrique já que a chamada era de vídeo.
— Claro amor. Estou com saudades. Tenho uma surpresa quando você
chegar.— falou e eu concordei e finalizei a chamada. Bufei. Henrique ficou
parado encostado na porta.
— Você ainda está com ele? — perguntou olha diretamente em meus olhos.
— Estou. — falei e me ajeitei na cama. Ele trancou a porta como de costume.
Ficou me encarando, sua mão estava passando na barba. Ele estava irritado.
— Termina com ele. — falou sério.
— Não vou fazer isso, não agora. Não por telefone, meu namoro com ele não
começou assim. — expliquei e me sentei. — Eu sei que não e justo o que
tenho feito com ele, como não é justo o que você tem feito com a Carly. E
você já terminou com ela?
— O assunto é você. — revirei os olhos. Eu sei que Henrique não vai fazer
isso com ela. Eu sei pelo seu olhar, foi tudo isso que me levou a tomar essa
decisão de ir embora antes do combinado. Estou segura apenas por que esse
contrato ainda não chegou a mim, ainda não tinha assinado.
— Não Henrique. O assunto não é apenas eu. Eu não controlo sua vida,
espero que você não controle a minha. Entenda uma coisa, eu sou nova mas
conheço quando um cara só quer curtir com alguém. — falei irritada. —
Agora vamos evitar essa merda de discussão a toa.
— Você não é apenas minha diversão. — falou entre os dentes.
— E eu sou o que? — me levantei e fiquei perto dele. — Pretende o que? Me
levar pra jantar? Me pedir em namoro? Ou sei lá, Casar? Ter filhos. Para
Henrique.
— Eu quero. Eu faria, mas não é tão simples. — falou e eu me afastei com
um sorriso falso.
— Eu entendo. Também não é tão fácil pra mim. Bruno é alguém que eu
gosto e que pode fazer isso tudo, por que pra ele é fácil. — falei. Ele veio pra
cima de mim e me encurralou na parede. Virei o rosto, mas ele segurou forte
me fazendo encara-lo.
— Você não vai continuar com ele, não vai casar, muito menos ter filhos com
ele. Por que se eu descobrir. — falou com tanta raiva que por um momento
me assustou.
— Está me machucando.— ele me largou na hora. Eu voltei a me sentar na
cama. Fiquei em silêncio. — O que você quer comigo? Por que não me
esquece? Me deixa ser apenas a babá da Manoela?
—Eu não consigo. — falou com a cabeça baixa. — Eu me apaixonei por
você. Não suporto a ideia de alguém tocar em você, nem de alguém ter você.
Você é minha.
— Não Henrique. Eu não sou. — Ele veio pra cima de mim ficando por cima.
Começou a me beijar e passar a mão pelo meu peito e apertou com vontade.
— Sim Heloísa. Você é. — Ele tirou minha blusa rápido. E todos os seus
toques eram urgentes, ele queria me marcar, marcas essas que ficava na
mente e não no corpo.
Henrique se deitou ao meu lado suado e me puxou pro seu peito. Fechei os
olhos e tentei não pensar muito. A cada vez que Henrique tomava o meu
corpo ele dominava um pedaço dentro de mim, tenho medo que ele domine
um espaço tão grande que fique impossível ficar longe. Suspirei. Senti suas
mãos subir e descer nas minhas costas.
— Não me contraria de novo. — falou e me deu um beijo na testa. — Por que
você vai ao Brasil?
— Tenho que ver minha mãe e meu irmão. Tenho uma família Henrique. —
falei e ele bufou.
—Por que eles não vem ao invés de você ir? — perguntou e eu olhei pra ele.
— Por que eu decidi ir. — falei séria.
— Vai ficar quanto tempo? — perguntou intrigado. Eu sei que ele está
sentindo algo, mas não posso deixar isso acontecer. Ele não pode me prender
aqui.
— Uma semana. Era apenas quatro dias, mas a Carly me deu uma semana. —
falei e ele quase gritou.
— Não, você não vai ficar uma semana. Heloísa é muita coisa. — falou e isso
me fez rir. Até parece que ele vai sentir falta.
— É preciso. Agora vai pro seu quarto falta pouco pra Manoela chegar. —
Ele me apertou ainda mais contra ele.
— Só mais um beijo e eu vou. — falou e segurou meus cabelos. Seu beijo era
algo único, era marcante como ele. Chego a pensar como vai ser esquecer
tudo que passei por aqui. Quando ele se afastou começou a colocar a roupa e
saiu do meu quarto. Eu fui pro banho e depois desci pra esperar Manoela.
Quando a pequena chegou já entrou em casa gritando o pai, como ela sabe
que ele está aqui não sei.
— Calma princesa, seu pai deve estar no quarto. — falei e ela subiu correndo.
Eu fiquei ali esperando o que fazer. Fui pra cozinha e me sentei com um copo
d'água. Laura fazia comida em silêncio, eu até perguntei se queria ajuda, mas
ela negou.
— Tia Heloísa. — levantei e fui até a sala da aonde a Manoela me gritava.
Cheguei e estava ela e Henrique de banho tomado, ele com um estilo casual e
Manoela com um vestido azul e rabo de cavalo. — Vamos tomar um sorvete
comigo e com o papai?
— Obrigada princesa, mas a Tia vai ficar por aqui mesmo. — falei e ela fez
um biquinho fofo.
— Vamos titia. Só um sorvete. — falou manhosa. Neguei com a cabeça e
concordei.
— Vou trocar de roupa. — falei e subi. Coloquei uma calça jeans e uma
camiseta que tinha um decote. Não sei mais deu vontade de atiçar o Henrique
hoje. A noite estava quente. Soltei o cabelo e desci com minha bolsa. —
Vamos.
— Você está linda Tia. Quase nunca vejo você de cabelos soltos. — falou a
pequena que logo veio me dando a mão.
— Obrigada pequena. Vamos? — ela soltou minha mão e correu pra fora de
casa. Henrique me segurou um pouco.
— Odiei esse decote. Espero que ninguém olhe. — saiu andando na frente me
deixando com um sorriso vitorioso logo atrás. Henrique dispensou os
seguranças e foi apenas nos três. Ele colocou a Manoela na cadeirinha dela e
eu ia sentando atrás. — Na frente Heloísa. Na frente...
Entrei no carro e fui o caminho todo em silêncio. A não ser quando eu
respondia algo a Manoela. Ela compartilhava o seu dia na escola. Henrique
parou em frente a sorveteria e entramos, eu peguei um sorvete de morango
era meu favorito, Manoela de chocolate. Já ele não quis nada apenas sentou
ao meu lado da mesa. Eu ria das coisas que a pequena fazia, ela já estava toda
suja e pediu mais. Senti uma mão na minha perna e olhei pra ele que estava
mexendo no celular. Tirei sua mão e voltei a brincar com Manoela.
— Vamos ao parque papai? Deve ser lindo a noite. — a pequena pediu com
aquela carinha.
— Tudo bem pequena. A noite é toda sua. — Henrique falou. Depois de uma
pequena briga por quem iria pagar o meu sorvete ele me venceu. Entrei no
carro em silêncio e fui assim até o parque.
Descemos do carro e eu logo sentei no gramado, Henrique e Manoela foram
brincar, eu fiquei ali olhando os dois. Era bonito ver a forma que ele era com
Manoela, que mesmo sendo ausente durante muitas das vezes ele ainda é um
pai é tanto pra ela. Quando ele cansou se jogou ao meu lado, Manoela estava
com uma boneca sentada um pouco mais a frente.
— Não estou preparado pra você ficar uma semana longe. — falou olhando
pra filha.
— Não vamos voltar nesse assunto. — falei e ele segurou minha mão.
— Não quero que vá. — falou e me fez olhar pra ele. — Vou sentir saudades
de você.
— Henrique, sua esposa vai está de volta.
Você não está pronto pra deixá-la e não quer fazer isso. Tem Manoela que
precisa é você, então faça da certo. Isso que vivemos é bom, errado... Eu vou
tentar consertar as coisas. Faça o mesmo por vocês. — falei voltando a olhar
Manoela.
Henrique não respondeu, apenas ficou em silêncio até que voltamos pra casa.
Daqui uma semana Carly está de volta, e logo na próxima eu embarco pro
Brasil. Estou com saudades da minha mãe, do seu café da manhã, da suas
broncas. Entrei no meu quarto e me joguei na cama depois de tirar a calça
jeans que me apertava. Dormi sem nem perceber, mas me lembro de alguma
hora na madrugada Henrique se juntar a mim.
— Henrique vai pro seu quarto. — falei sonolenta.
— Deixa eu ficar aqui só hoje. — voltei a fechar os olhos e ele me abraçou.
Na manhã seguinte acordei e ele já não estava mais. Me espreguicei e
levantei indo tomar um banho. Cheguei na sala e ouvi vozes no fundo. Fui
direto pra cozinha imaginando ser alguém da família do Henrique. Cheguei e
Laura preparava o café.
— Quer ajuda? — perguntei e ela concordou.
— Aí minha filha eu aceito. Dona Carly voltou de surpresa e estou correndo
com o café deles. — falou e eu quase tive uma crise de tosse. Me contive por
que não quero dar motivos pra ninguém falar nada. Ajudei ela um pouco
distraída, logo no final me queimei deixando a água fervendo cair na minha
mão.
— Droga. — xinguei em português. Minha mão queimava muito tentei enfiar
de baixo d'água, mas nada adiantou. Estava doendo demais.
— Minha filha o que houve? — Laura falou assim que entrou na cozinha. —
Heloísa está muito vermelho.
— A água caiu na minha mão. — falei e senti meus olhos encher de água. Ela
segurou minha mão e depois foi até uma gaveta, pegou uma pomada e
começou a passar.
— Sobe minha filha. Eu termino aqui. — sem discutir fiz o que ela falou.
Tranquei a porta e comecei a colocar todas minhas coisas na mala, hoje
mesmo eu vou passar a ir pro apartamento. Eu conversei com o dono e
expliquei o dia que entregaria e o motivo, fiquei feliz que o senhorzinho
entendeu meus motivos.
Quando sai do quarto Manoela estava vindo até mim. Ela me chamou pra
brincar com ela e eu fui.
— O que é isso tia Lila? — perguntou sobre minha mão.
— A tia queimou. — falei e voltamos a brincadeira. A porta abriu e Carly
entrou no quarto.
— Oi Heloísa. Como Manoela se comportou? — falou se sentando na beirada
da cama.
— Ela foi um amor como sempre. — falei bagunçando os cabelos da menina.
— Carly eu queria ver se já posso ir pro meu apartamento a partir de hoje.
— Claro Heloísa. — falou com seu jeito simpático. Eu evitava encarar ela.
— Hoje vamos jantar fora. Então se quiser ir indo. Quando Henrique chegar
vejo se ele fez o contrato.
— Tá bom. Então vou indo. — beijei a cabeça de Manoela e me despedi da
Carly. Peguei minhas coisas no quarto e segui pro meu apartamento.
Henrique

Eu estava deitado olhando pra Heloísa enquanto ela ainda dormia.


Ouvi a voz de Carly e dei um pulo da cama. Desci as escadas e ela
estava na sala. Suas malas todas por ali, e parece que ela chegou com
mais duas, das que levou. Assim que me viu ela veio até mim e me deu
um beijo. Nessa hora Manoela veio correndo e abraçou a mãe, Carly
começou a tirar presentes de dentro da mala, me entregou um perfume
e eu agradeci. Subi com a desculpa que precisava me arrumar pra
trabalhar. Tomei um banho coloquei meu terno e ajeitei os cabelos.
Meu humor estava péssimo. Eu pensei que teria mais uma semana com
a Heloísa, quem sabe convencer ela de não ir. Não estou com um bom
pressentimento sobre essa viagem.

Depois de um café da manhã, eu segui pra empresa. Entrei na minha


sala batendo a porta. Estou sem nenhum pouco de paciência pra nada.
Peguei meu celular e pedi Gael pra vir a minha sala. Em mais ou
menos cinco minutos ele estava entrando pela porta.

— Péssimo humor hoje? — perguntou já se sentando. — Você estava


andando mais simpático.

— Carly voltou. Antes do esperado. Falta duas semanas pra Heloísa ir


pro Brasil e encontrar seu namorado. E eu não consegui fazer nada pra
ela não ir. — falei. E bufei.

— Pelo visto ela entrou nas suas veias mesmo. — falou com um
sorriso. — Ela vai voltar Henrique. E você vai ter uma semana pra
decidir, ou abre mão dela ou toma atitude por ela.

— Eu sei Gael. — bufei. — Só venho pensado nisso nos últimos dias.


Eu já acostumei com seu jeito e com seu cheiro enquanto durmo.

— Você está apaixonado. — falou e então a porta abriu, meu pai


entrou com um sorriso no rosto.
— Quem está apaixonado? — perguntou e ficamos em silêncio. — Tá
bom, ninguém vai falar. Eu tenho um comunicado. Daqui a três dias
vamos ter um jantar com uns sócios, Henrique recomendo que leve sua
esposa, por que você tem uma. E todos vão com suas mulheres. Então
mande ela voltar de viagem até esse dia.

— Ela já voltou. — falei e meu pai concordou. Ficamos os três falando


sobre negócios. Depois de acertar algumas coisas. Descobri que não
vai demorar pra minha rotina de viagem voltar, mas pior que vou sentir
falta de estar sempre em casa com a Manoela e também com ela.
Novamente Heloísa estava na minha mente.

Cheguei em casa na hora do almoço e encontrei Manoela e Carly no


sofá da sala. Minha filha brincava com uma boneca que ganhou da
mãe, enquanto via TV. Subi indo pro meu quarto, deixei meu notebook
e sem pensar muito fui no quarto da Heloísa, mas estava vazio. Tudo
vazio. Me bateu um desespero, mas eu não podia perguntar nada.
Bufei. Droga. Bati a porta e fui no meu quarto, peguei meu celular e
liguei pra ela mas só dava caixa postal. Desci e me sentei na mesa, eu
estava inquieto.

— Aconteceu alguma coisa? — Carly perguntou e eu neguei.

— Coisas na empresa. — falei ríspido. — Temos um jantar daqui a


três dias, todos os sócios vão com suas esposas, preciso que vá.

— Tá bom. Vou ver com a Heloísa se ela pode dormir aqui com
Manoela. — falou e mesmo sem olhar pra ela eu estava atento a tudo
que ela falava agora. — Ela foi pro seu apartamento hoje.

— Já combinou com ela o horário? É aqui perto? — perguntei me


esforçando tanto pra ser indiferente.

— Ela disse que fica dez minutos aqui, mas ela é responsável
Henrique. Acredito que ela esteja aqui antes mesmo do horário
combinado. — concordei não querendo conversar muito sobre isso. Eu
terminei de almoçar e peguei minhas coisas voltando pro trabalho.
Eu não acredito que Heloísa simplesmente foi ela essa merda de
apartamento quando eu pedi pra ela não ir. Bufei. Peguei meu celular e
voltei a ligar pra ela, e por mais que eu tentasse não saia da caixa
postal, mandei uma mensagem.

“ Você está querendo o que saindo da minha casa? Eu falei que você
não iria fazer isso. Por que insisti em me desafiar? Me diz aonde é?
Espero que me responda assim que ver. “

Larguei meu celular e entrei na empresa irritado. Não participei de


nada hoje só passei o restante do dia olhando pro meu celular em busca
de alguma coisa dessa garota. E logo veio a minha mente sua viagem,
eu vou enlouquecer uma semana sabendo que ela está em outro país.
Por mais que eu tentasse não consegui contato. Meu dia foi péssimo, e
pra completar minha madrugada foi ainda pior por que não consegui
dormir.

Pela manhã estava na sala com a cabeça já doendo quando a porta


principal abriu e a Heloísa entrou em silêncio. Eu olhei todo seu corpo
e parei na sua mão enfaixada, me levantei correndo e fui até ela.

— O que aconteceu com você? — perguntei preocupado. — Por que


não atendeu a porra do celular? Você está testando minha paciência é
isso?

— Bom dia Henrique. Isso.. — Ela levantou a mão. — Eu queimei no


café da manhã de ontem. Sobre não te atender, eu já tinha sido liberada
do serviço, não vejo motivos. E não estou testando você. Agora se me
der licença tenho que ir trabalhar.

— Heloísa. Olha pra mim. — segurei seu rosto fazendo ela olhar em
meus olhos. — Até o fim do dia eu quero o endereço do seu
apartamento. Eu passei a porra da noite em claro por sua causa.

— Me larga. — falou e se soltou. Ela subiu as escadas provavelmente


indo até Manoela. Eu fui pro sofá e me joguei nele. Por um lado
suspirando aliviado e por outro eu ainda estava puto.
Fiquei ali deitado até que decidi levantar e ir trabalhar, mas escolhi
trabalhar de casa mesmo. Não quero que a Heloísa fuja sem me dizer
onde posso encontra-la. Me enfiei no escritório, passei por algumas
vídeos conferências e algumas ligações importante. Carly entrou em
uma dessas chamadas no escritório.

— Entendi. Mas está tudo certo. — falei pro rapaz do outro lado da
linha. — Te ligo depois.

— Estou indo ao shopping com Manoela e Heloísa. Quer alguma


coisa? — perguntou e eu neguei. Não sei bem se essa proximidade
delas está me agradando, pelo simples fato de que dessa forma Heloísa
se afasta ainda mais.

— Não quero nada. Bom passeio. — falei e ela saiu. Meu celular
voltou a tocar mas dessa vez era Gael.

— Henrique. Vamos sair hoje? — tem vezes que o Gael faz a coisa
certa como agora.

— Estou mesmo precisando. Te encontro lá. — falei e desliguei. Voltei


pro que fazia.

Consegui sair do escritório e já se passavam das seis da noite, não tinha


ninguém em casa. Decidi dormir um pouco por conta da noite que não
dormi. Olhei o celular antes, não tinha nada da Heloísa. Deixei mais
uma mensagem pra ela.

“ Estou esperando Heloísa. Vou ter que descobrir pelos meus meios?”

Deitei na cama e dormi em pouco tempo. Eu estava realmente cansado,


não aguentaria ir pra noite antes de dormir.

Cheguei em frente a boate e estava cheio como sempre. Gosto do


movimento que essa casa tem. Entrei e com um pouco de dificuldade
consegui passar pela mar de gente e entrar na área vip. Olhei em volta
tentando encontrar o Gael, mas não foi ele que olhei de primeira.
Heloísa está lá com um vestido vermelho justo e com a porra de um
decote que faria qualquer um desses filho da puta babando por ela. Em
passos firmes cheguei perto dela. Segurei seus braços.

— Você só pode estar brincando comigo. Que porra de roupa é essa?


Por que você está aqui? —falei entre os dentes com ela. Gael segurou
meu braço nessa hora.

— Olha a cena Henrique, está chamando atenção das pessoas. É isso


que você quer? — Ele falou e eu soltei ela irritado. Heloísa voltou a
dançar parecia não se importar com a raiva que eu estava sentindo. Ela
bebia algumas doses de uma bebida azul. Gael e ela parecia se dar
bem.

Eu estava tão vidrado em cada movimento dela que levei um susto


quando uma mão tocou meu ombro já indo em direção ao meu peito.
Olhei pro lado e era uma das meninas que costumava sair antes do
furacão Heloísa entrar na minha vida. Ela tinha um grande sorriso no
rosto e aproximou seu rosto do meu.

— Pensei que não ia mais te ver por aqui Henrique. — Ela falou em
meu ouvido, olhei pra Heloísa e ela estava bufando. Sorri com sua
reação.

Decidi bater um papo com a menina, ela já estava quase se esfregando


em mim. Busquei pela loira mas não encontrei, apenas Gael estava
debruçado olhando pra baixo. Seu sorriso era largo demais. Me
aproximei e olhei na mesma direção que ele. Heloísa dançava na pista
de dança, os homens ao redor babava nela. Um teve a audácia de se
aproximar. Ele segurava sua cintura, ela ria descontraída.

— Filha da puta. — xinguei em português. Gael me olhou rindo ainda


mais.

— Parece que ela sabe jogar melhor do que você. Vamos apostar se ela
beija ou não ele? — falou rindo e eu queria socar a cara dele.
— Não me testa Gael. Eu vou matar a Heloísa por isso. — falei e sai
em disparado pro andar de baixo. Me aproximei dela já afastando o
outro cara. — Se você não sair dessa pista agora, eu vou causar uma
confusão e seu rosto vai estar em todas as revista amanhã. Ela não me
respondeu e saiu batendo o pé pra fora da boate, eu a segui. Consegui
alcança-la e segurei seu braço.

— Me solta Henrique. CARALHO. — Ela falava em português. E a


língua deixava sua voz ainda mais rouca. Eu puxei ela até meu carro
coloquei ela no banco do carona e travei o carro. Dei a volta e me
sentei no banco do motorista. Ela me dava tapas no braço. — Você
está maluco? Me deixa em paz. Eu não quero estar com você. Você vai
me machucar e eu não vou deixar. Henrique me deixa sair.

— Quieta Heloísa. Estou perdendo a paciência. Você pode não


acreditar, mas caralho eu me apaixonei por você. Pensa que eu faria
essa cena toda por alguém que fosse indiferente, que eu me
preocuparia. Olha sua mão, eu perguntei como você estava por que me
preocupo. — falei alto. — Eu não sei como vou fazer ou até mesmo
como vou me desligar da Carly, mas eu não quero perder você. Não
vou deixar você se afastar.

— Me leva embora. — falou e eu me senti perdido. Eu me declarei pra


ela, e é isso que escuto. Segurei a cintura da Heloísa e coloquei ela
sentada de frente pra mim. Com uma perna de cada lado. Agarrei seus
cabelos e beijei sua boca. Estou cansado de tentar ser legal, e sempre
ter que fazer tudo do meu jeito. Ela rebolou em meu colo e eu soltei
um gemido. Agradeci por meus vidros ser escuros e assim ninguém
poderia ver nos dois. Levantei seu vestido na altura da barriga e joguei
sua calcinha pro lado, deslizei dois dedos dentro dela. Seu beijo ficou
ainda mais rápido, ela estava muito molhada. Eu não quero mais
esperar preciso estar dentro dela, abri minha calça, meu pau agradeceu
pois a calça já me machucava. Heloísa desceu se encaixando nele e eu
apertei ela contra mim sentindo ainda mais fundo. Nosso movimentos
começaram calmos e depois aceleramos até que os dois gozaram. Ela
agora respirava rápido com a cabeça no meu pescoço.
— Não me deixa irritado mais por favor. — pedi e ela me olhou séria.

— Não fiz isso. Agora me leva embora. — Ela pediu e me deu um


beijo. Saiu do meu colo e se arrumou no banco ao lado, me arrumei
também e sai com o carro. Heloísa me falou aonde estava morando e
eu subi com ela. Ela entrou e tirou o vestido no meio da sala, ficando
apenas de calcinha. Ela é tão linda que não me canso de olhar seu
corpo assim. Entramos em seu quarto, depois de um banho me deitei
ao seu lado.

— Posso dormir aqui com você? — perguntei e ela apenas concordou.


Puxei ela pra mim.

Dormi tão bem a noite que acabei perdendo a hora. Heloísa nem estava
mais na cama. Abri os olhos e tinha um bilhete na mesinha ao lado da
cama.

“ Eu fui trabalhar. Quando sair leva a chave com você e deixa no meu
antigo quarto, pego quando estiver saindo de lá. Bom dia.”

Sorri feito um bobo. Me arrumei e fui pra casa, preciso tomar um


banho antes de ir pra empresa. Mal entrei em casa e Carly me olhava
bem irritada.

— Onde você estava Henrique? — ela falou em português.

— Não adianta usar o português, Manoela já entende quase tudo. —


falei. — Eu saí e acabei ficando com Gael.

— Você anda estranho, mal fala comigo. HENRIQUE QUEM É A


MULHER? — ela gritava.

— Carly, abaixa o tom de voz. Não tem ela, mas já você acho que tem
ele, pelas vozes atrás de todas suas ligações. — Ela se encolheu, mas
depois voltou a sua postura.

— Eu acho que você já está bem ciente do que vai acontecer se pensar
em se separar né? — ela falou com uma voz debochada.

— CHEGA DE AMEAÇA, DE USAR MINHA FILHA CONTRA


MIM. CARLY EU ESTOU CANSADO. SÓ VOCÊ AINDA NÃO
PERCEBEU. — gritei e olhei por cima de seu ombro Heloísa subia
com Manoela.

— SEUS PAIS QUE COLOCAM ESSAS COISAS NA SUA


CABEÇA, SEU IRMAO VIVE TE LEVANDO PRA BALADAS.
VOCÊ NÃO PERCEBE QUE ELES QUEREM NOSSA
SEPARAÇÃO. — ela não sabia o que falava. Preferi pensar assim.

— Não Carly, quem quer nossa separação sou eu. — falei e subi
rápido. Consegui deixar as chaves de Heloísa no quarto e corri pro
meu. Carly ainda estava lá embaixo. Eu bati a porta do quarto fui pro
banho. Me arrumei o mais rápido e sai de casa indo pra empresa. Não
aguento mais essas ameaças.

Entrei na minha sala e liguei pra Gael pra ele ir até minha sala. Eu
estava andando de um lado para o outro, não sabia o que fazer, mas
também não quero agir por impulso agora. Gael entrou e só de me
olhar ele entendia que tinha algo de errado.

— Preciso de um advogado muito bom. Estou ficando maluco. — falei


e ele entendeu de vez do que se tratava.

— Temos um Henrique. Ele é bom. Conversa com ele. E explica a


situação. — falou.

— Eu vou fazer isso. — falei e me joguei na cadeira. Mandei uma


mensagem pra Heloísa dizendo que deixei sua chave. — Eu não sei se
consigo esperar muito tempo.

— Você sabe que não vai ser algo da noite pro dia né? — falou e eu
bufei. — Mas fico feliz que tenha dado o primeiro passo Henrique.

— Eu sei. — fiquei em silêncio. Peguei meu celular e marquei uma


reunião pra hoje a tarde. Preciso saber como agir com a Carly agora.

Heloísa

Presenciar a briga de Henrique com a Carly me deixou ainda pior. Subi


com a Manoela quase correndo, entramos no seu quarto e ela cobria os
ouvidos. Eu segurei ela em meu colo e comecei a contar história, ela
com o tempo se distraiu e eu suspirei aliviada. Quando não ouvia mais
barulho beijei sua cabeça.

— Meu amor fica calma passou. — falei e ela me olhou com os


olhinhos assustados.

— Meu papai não ama mais a mamãe. — falou e eu senti como uma
faca no meu peito. Que merda estou fazendo? Me deixei envolver com
Henrique e não pensei na menina que sofreria com os pais longe.

— Não meu amor. Isso não é verdade. — falei com ela. — Olha
pequena as vezes as coisas não sai como a gente espera. Nunca
conseguimos prever o dia de amanhã, por mais que a gente planeje
antes de dormir sempre algo de diferente vai acontecer. Você precisa
ser forte sempre e sorrir também.

— Você nunca chora tia Heloísa? — perguntou e eu sorri.

— Eu choro. Choro de medo, saudade, tristeza. Até mesmo de


felicidade. Chorar é normal pequena. Só por que você chora não
significa que você não é forte. — falou ela concordou.

— Eu vou ser forte. E você vai estar ao meu lado também. — fechei os
olhos por que nesse momento eu quis chorar.

— Meu amor, posso falar com você algo muito sério? — perguntei e
ela concordou me encarando. — Quando a tia decidiu vir pra cá, ela
tinha tudo planejado, seria um ano bem produtivo. Mas muita coisa
mudou meses poucos meses. A tia não esperava também, e olha, talvez
a tia não consiga voltar tão rápido do Brasil, mas você não pode falar
nada agora. Quando a tia fala que você deve ser forte é por isso.

— Você não vem mais? — perguntou com uns olhinhos tristes.

— A tia vem, mas não sabe se tão rápido como imaginava. Então olha,
eu vou conversar com o tio Gael pra vir aqui todo dia enquanto eu não
voltar tá bom? Eu quero que você me prometa não falar nada agora pra
ninguém. — Ela se jogou no meu colo e beijou os dedinhos cruzados.

— Prometo tia Lila. Eu vou sentir muita saudade. — falou me


abraçando. Apertei ela em meus braços e senti uma lágrima descer,
limpei antes que ela pudesse ver.

— Mas enquanto eu não vou podemos brincar e muito. — fiz cócegas


e ela gargalhou. Descemos as escadas correndo e fomos pro jardim que
era nosso lugar favorito ali a gente leu, correu, comeu, rolamos.

O dia já estava anoitecendo quando eu entrei com ela e dei um banho


colando uma roupinha fofa pro jantar. Ela me pediu pra fazer Ester
Chiquinha e eu fiz ainda peguei na minha bolsa um batom e passei. Ela
estava toda animada se olhando no espelho, quando desceu eu fui até
meu antigo quarto e peguei minhas chaves, era hora de ir. Antes de sair
passei pela sala de jantar e Henrique estava sentado com Manoela no
colo, Carly estava próximo com o celular na mão. Ele me olhou e eu
desviei o olhar pra Carly.

— Eu vou indo. — Ela me olhou e sorriu concordando. Manoela pulou


em meu colo me deu um beijo e sussurrou que vai guardar nosso
segredo. — Se cuida baixinha. Boa noite.

Sai da casa deles e caminhei respirando fundo o ar fresco. Eu estava


feliz de ter falado com Manoela, talvez assim ela entenda melhor
quando eu for pro Brasil. Entrei no meu apartamento e me joguei no
sofá, liguei a TV e pensei no que faria pra jantar. Fui até a cozinha e
peguei as coisas pra fazer uma macarronada. Não tem quase nada na
geladeira, já que estou pra viajar, na verdade nem minha mala eu desfiz
toda.

Depois de uma hora eu estava de volta ao sofá com um prato de


macarrão. Meu celular tocou e o nome de Henrique brilhou na tela.
Atendi.

— Oi. — falei enquanto comia.

— Queria estar com você. — falou e eu suspirei.

— Não é um bom momento. Henrique, Manoela está sofrendo com as


brigas de vocês. Eu não posso pedir pra não ter mais, mas tenta se
controlar. — falei e foi a vez dele suspirar.

— Conversei com o Advogado hoje. Me pediu calma. — eu não queria


saber, mas sei que ele tinha necessidade de falar.

— Pensa bem antes de tudo.

— Heloísa, eu não quero que vá..— falou com uma voz um pouco
triste. — Estou sentindo algo estranho com essa viagem.

— Quando você vê já estou de volta. — menti. — Vou daqui a poucos


dias.

— Exatamente três dias. — falou bufando. — Olha me promete voltar.

— Não preciso prometer isso. — falei e ele bufou mais uma vez..

— Você me tira do sério. Vou dormir. Amanhã ou depois vou ficar


com você. — falou e desligou. Vai entender o que esse homem quer.

Se passaram dois dias e eu estava com Manoela no quarto enquanto ela


arrumava uma bolsa pois vai dormir com o tio Gael, já que Henrique e
Carly vão sair pra jantar. Acho que eles se entenderam. Também não
quero pensar muito. Amanhã eu viajo e sei que posso ou não voltar
atrás do que decidi. Só que essa história de jantar está me
incomodando como nunca antes. Quando deu oito horas eu desci, Gael
já esperava por Manoela.

— Oi — falei quando ele parou de agarrar Manoela. Que soltava


gargalhadas das brincadeiras dele. — Amanhã eu vou em casa. Gael eu
queria muito te pedir pra vim ver Manoela todos os dias, enquanto eu
estiver lá.

— Eu prometo tentar vim. — falou e olhou pra sobrinha. — E você


animada pra dormir comigo?

— Sim. Eu não vou te deixar dormir. — Manoela falou arrancando


uma risada nossa.

— Qualquer coisa sabe que pode me ligar, até amanhã eu ainda estou
aqui. — falei e ele sorriu concordando. Ouvimos passos e Carly e
Henrique desciam as escadas, ela estava em um vestido marsala com
uma fenda na perna mostrando sua coxa. Henrique estava de terno.
Ouvi Gael bufar.

— Gael cuidado com a minha filha. — Henrique falou. — Não pense


que esqueci que só fez isso pra escapar.

— Aceita, que foi uma bela jogada. Vamos princesa. — Gael falou
olhando pra sobrinha, eu olhei o casal e depois olhei pro Gael.

— Vou com vocês. — saímos da casa e eu fui em uma direção eles em


outra.

Não sei explicar o quanto ver Henrique com Carly mexeu comigo.
Estava sufocada, um chora preso. Quando pisei no meu apartamento eu
deixei a lágrima rolar. Eu agora estava me sentindo mal, por que me
apaixonei por ele. Seu jeito ogro, mandão misturado a suas palavras
doces me fizeram render. Não posso ficar mal por ver um casal juntos,
afinal eles são casados tem uma filha e isso não vai mudar. Deitei na
minha cama agarrada a um travesseiro, minhas malas estavam prontas
espalhadas pelo quarto. Não me recordo de ter dormido de tanto chorar
como hoje.

— Heloísa acorda. — ouvi uma voz lá no fundo. E abri os olhos com


dificuldade. Henrique estava só com a calça do terno. — Precisava te
ver hoje.

— Henrique como entrou aqui? — ele levou o dedo na minha boca e


desceu selando nossos lábios. Seu beijo era tão calmo. Sua mão
acariciava meu rosto.

— Vem deita no meu peito. — ele se jogou na cama e me puxou. —


Pode voltar dormir meu amor.

Não esperei muito e fiz o que ele pediu. A noite de sono foi tranquila,
eu me senti bem, e sei também que o motivo é Henrique está ao meu
lado. Acordei bem cedo no outro dia, estava me sentindo sufocada
Henrique praticamente me prendia a ele como quem tinha medo de eu
sair. Olhei pra ele por alguns segundos e me levantei com cuidado. Eu
tinha pouco mais de uma hora pra estar no aeroporto, me arrumei e
olhei pro Henrique, ele dormia tranquilo. Escrevi um bilhete pra ele, e
em silêncio sai do apartamento e pedi um táxi.

Nunca pensei que seria tão difícil deixar essa cidade, estou sentindo
que uma parte de mim Está ficando aqui. Cheguei no aeroporto e fiz
check-in. Quando chamaram meu voo eu entrei sem olhar pra trás.
Acho que se tivesse visto Henrique acordado não conseguiria chegar
até aqui. Entrei no avião coloquei meu fone e deixei algumas músicas
rolar enquanto meus pensamentos estavam regados de lembranças
boas.

Eu estou sendo injusta comigo e com Manoela por saber que não vou
voltar, mas sei que estar aqui com ele não é certo. Minha cabeça estava
começando a doer e eu me esforcei pra dormir, a hora precisava voar e
eu estar em casa, com minha mãe. Eu preciso do seu colo. Do seu
carinho, dos conselhos. Meu celular vibrou e uma mensagem chegou.

“ Não acredito que foi embora sem falar comigo. Heloísa por que estou
sentindo que é uma despedida? Você vai voltar? “

Ignorei. Senti meus olhos lacrimejar, eu limpei antes que as lágrimas


pudesse descer. As longas horas de viagem parece que durou dias.
Quando cheguei no Brasil eu estava exausta. Sai no portão de
desembarque e vi minha mãe, corri pra abraça-la. Eu deixei as lágrimas
vir com vontade, não estava mais conseguindo segurar. Minha cabeça
estava uma confusão, várias ligações ignoradas, por várias vezes
pensei em atender. Eu estou me sentindo tão errada por ter me
apaixonado por ele.

— Isso tudo é saudade minha filha? — minha mãe perguntou e eu


concordei, pois em parte era sim saudade.

— Senti falta de vocês. — falei com ela. Depois dei um abraço em


meu irmão. Logo atrás dele estava a Mai, com os olhos brilhando e eu
puxei ela pra um abraço. Chorei mais um pouco e então seguimos pra
minha casa.

No caminho eu me distraí contanto sobre Manoela, sobre todos os


lugares que fui, sobre Gael. Até mesmo sobre Henrique, mas claro não
contei nosso envolvimento. Minha mãe se encantou por muita coisa
que falei.

— Parece que você gosta de lá. Já estou vendo você ficando por lá de
vez. — Engoli em seco, olhei pra Bianca que sabia um pouco da
história. Suspirei.

— Mãe eu não pretendo voltar. — falei e então minha mãe me encarou


surpresa.

— Por que? — isso ativou seu lado curioso.

— Sinto muita falta de tudo aqui. — falei e puxei assunto sobre o que
iríamos fazer na minha volta. Ela comentou que Bruno estava me
esperando em casa. Droga! Esqueci completamente dele.

Eu sei que hora ou outra teríamos que conversar, mas nem sei se estou
preparada pra terminar com ele. Bruno sempre me fez tão bem. Seria
tão injusto com nós dois manter isso. Decidi mentalmente conversar
com ele no outro dia, não estou preparada pra uma conversa dessas
agora. Chegamos em casa e eu fui recebida por Bruno com um beijo e
meus sogros. Forcei um sorriso.

Eles compraram bebidas e eu comecei a beber. Meu celular não


parava, era inúmeras chamadas do Henrique. Eu pensei se atendia ou
não, me afastei de todos pra atender ele.

— Oi. — falei baixo.

— Porra Heloísa por que você não está me atendendo. Isso foi uma
despedida? Você vai embora de vez não é? — Soltei um soluço, eu
estava me segurando mas ouvir sua voz acabou comigo.

— Henrique... — minha voz saiu completamente embargada.

— Pequena, não faz isso. Você quer mesmo que eu vá pro Brasil né?
— fiquei em silêncio por um tempo. — Heloísa, eu não vou me
segurar aqui longe de você.

— Henrique. Posso ter pedir uma coisa? — perguntei

— Não me pede pra ficar longe. Te dou um mês Heloísa, você pensa
em tudo que vivemos e eu uso esse tempo pra resolver tudo aqui. Se
você não me ligar, eu vou até você, pra conversar. — falou e eu não
sabia o que responder. Um mês pra pensar em tudo seria tempo
suficiente?

— Tá. — falei e a linha caiu em um silêncio.

— Amor. Estamos te esperando. — Bruno apareceu na porta de


entrada.

— Se resolve com ele pequena. Até daqui um mês. Não deixa de se


cuidar. Deixa que eu converso com a Carly sobre não vir mais. —
Henrique falou e desligou.

Merda! Entrei em casa. A confusão tinha ficado ainda pior na minha


cabeça. Respirei fundo e entrei em casa com um sorriso falso, somente
minha mãe e Bianca notava que eu estava ali forçada. Que bagunça
está minha vida depois da chegada do Henrique.

— Amiga quer conversar? — Bianca perguntou assim que todos foram


embora. Eu estava sentada na beira da piscina, olhando a luz que a
água refletia.

— Eu me apaixonei pelo Henrique, estávamos quase tendo uma


relação. Eu já estava até acostumada em dormir com ele. Mas como
sempre usei a razão e decidi ir embora, ele dormiu comigo noite
passada e hoje cedo eu deixei ele sozinho.— falei e ela me olhava. —
Bianca ele me deu um mês, se eu não decidir nada ele vai vir atrás de
mim.

— Parece que não foi só você que se apaixonou né? — falou e eu sorri
de canto.

— Parece que não. — Ela me abraçou e eu fiquei ali por vários e


vários minutos. — O que acha que devo fazer?

— Primeiro você tem que se resolver com o Bruno, ele gosta mesmo
de você amiga. — Eu concordei com ela.

— Não sei como fazer isso. — confessei.

— Vamos pensar em algo amiga. Por que independente do que você


decidir, ele não merece traição. — suspirei.

— Vamos pensar, mas vamos fazer isso amanhã? Quero dormir. —


falei e ela subiu pra ficar comigo por hoje.

Depois de um banho eu e Bianca deitamos e foi minha vez de


perguntar tudo pra ela, sobre o que ela fez no tempo que estive fora,
quem ela conheceu e eu ouvia tudo com atenção até que cai no sono.
Nos meus sonhos Henrique estava presente, não era bem sonhos, era
lembranças dos dias que passei lá na casa dele.
Henrique
Eu não tinha como fugir do jantar de hoje, eu queria mesmo era ir pra
Heloísa e convencer ela a não viajar, mas meu pai me fez prometer que
estaria lá e teria que levar a Carly comigo. Eu cheguei em casa mais
cedo, consegui ver a Heloísa de longe, mas tinha que me arrumar pro
tão jantar que provavelmente vai ser um saco estar lá. Coloquei um
terno, arrumei minha barba, e passei um perfume. Eu estava no outro
quarto, venho dormido aqui desde o dia da discussão. Estava saindo e
na mesma hora vi a Carly, acabou que descemos juntos. Eu do alto da
escada conseguia ver Heloísa conversando com Gael, foquei nela.
Quando me aproximei falei algo com meu irmão e ela olhou pra mim e
a vi negar rapidamente com a cabeça. Quando Heloísa saiu senti uma
vontade tremenda de ir atrás dela, de cuidar. De falar pra não ir.
— Vamos Henrique. — Carly falou saindo pela porta. Eu entrei no
carro em silêncio. Não tenho o que conversar com ela.
O advogado me pediu pra não fazer isso tão rápido, pois Carly pode
simplesmente cumprir a ameaça e sumir com Manoela, eu dei a ele
apenas um mês. Não posso esperar mais que isso, mesmo que os papéis
saiam depois, eu ainda preciso me ver livre. Mas pelo menos com a
Heloísa eu vou me sentir mais leve. Cheguei no local do jantar e falei
com todos que estavam na mesa, inclusive meu pai, eu vi até minha
mãe revirar um pouco os olhos pra Carly. Sentei ao lado dela com
minha esposa do lado, eu estava tão inquieto que todos poderia sentir.
Meu pai puxou um assunto da empresa e por um momento eu me
distraí, entrei na conversa me esquecendo de tudo por um momento.
Quando terminei de comer olhei meu celular, estava ficando tarde, mas
não posso deixar a mesa antes de ninguém.
— Parece inquieto meu filho. — minha mãe falou em meu ouvido. —
Precisa ver alguém?
— Mãe. — tentei repreender ela.
— Não tente me enganar, sei que tem alguém. Na verdade sei até quem
é. — Olhei pra ela assustado. Ela abriu um sorriso e se aproximou
mais. — Fica com ela, por que amanhã ela vai pro Brasil e vai demorar
uns dias pra voltar.
— Como sabe? — Eu falava tão baixo como ela .
— Seu olhar. O dela. Tudo isso entrega. Agora se ela te faz bem, luta
por isso. Vou chamar seu pai pra ir. Com a condição que você vai
aproveitar. — falou e eu sorri.
— Te amo mãe. — falei rindo.

Minha mãe ficou ainda alguns minutos conversando com os outros, até
que inventou a desculpa de que estava indisposta, e eu tentei não rir.
Dona Ester quando quer algo, ela não espera simplesmente faz.
Quando todos saíram eu também segui o caminho.
— O que você e sua mãe tanto cochichava? — Carly perguntou.
— Nada. — falei ríspido. Estou apenas tolerando ela, isso acho que
está claro. — Vou te deixar em casa e vou sair.
— Vai ver mulher Henrique?. — Ela começou a se alterar.
— Não começa. E não estou indo ver ninguém, vou apenas beber. —
falei tentando ser o mais indiferente possível.
— Sei. — Ela bufou e eu não me importei. Parei em frente casa e ela
desceu batendo a porta com força. Olhei a hora e já se passavam de
meia noite.
Dirigi um pouco mais a frente e entrei no prédio da Heloísa. Eu fiz
uma cópia da chave dela, sem que nem ela percebesse. Abri a porta do
seu apartamento e ali na sala tirei o terno, a camisa e sapato ficando só
de calça. Ela estava dormindo no seu quarto. Suas malas estavam
espalhadas pelo quarto, notei que não estava ficando nada. Isso me
deixou bem inquieto ainda mais sobre essa viagem. Sinto que a Heloísa
está me deixando não só por uma semana. Parei do seu lado e a chamei
pra acorda-la. Quero que ela veja que estou aqui.
— Heloísa acorda. — ela se mexeu e logo acordou, seus olhinhos
estavam confusos. — Precisava te ver hoje.
— Henrique como entrou aqui? — levei o dedo na sua boca pra te
silenciar, e fui descendo a boca até iniciar um beijo calmo. Eu queria
intensificar, mas sei que ela está cansada.
— Vem deita no meu peito. — puxei ela pra mim, deixando sua cabeça
em meu peito.— Pode voltar dormir meu amor.
Heloísa voltou a dormir, fiquei alisando seus cabelos. Se essa menina
soubesse o tanto que ela balançou minha vida aqui dentro. Ter
paciência nunca foi meu forte, sou acostumado a ter as coisas quando
quero, eu sou assim desde sempre. Agora que me vejo tento que
esperar um resguardo em relação a Manoela, ter que esperar Heloísa
voltar. Tudo que foge do meu controle me deixa irritado. Fiquei por
algumas horas pensando e acariciando os cabelos dela. Não percebi
quando peguei no sono.
Acordei na manhã seguinte e procurei pela Heloísa na cama. Levantei
num pulo quando não senti ela ali. Porra! Não acredito que ela foi
embora sem ao menos falar comigo. Busquei meu celular e antes que
eu pudesse pegar vi um bilhete.
" Bom dia. Eu não quis te acordar, então sai sem fazer barulho. Quero
te pedir pra pensar bem em tudo. Dizer que vou sentir saudades, e seja
paciente pela Manoela. Deixa a chave junto com a minha no balcão."
Bati forte na mesinha. Eu não acredito, sabia que ela estava indo
embora de vez. Eu senti isso. Fui na sala e me vesti, deixei a chave no
lugar que ela pediu. Sai do seu prédio ligando pra ela o tempo todo,
mas de nada adiantava. Ela não atendi. Eu me xingava mentalmente
por que já não adianta ir no aeroporto. Voltei pra casa e apenas troquei
de roupa e fui pra empresa. Sei que vou encontrar Gael por lá.
— Aila. Quero Gael na minha sala. — falei e entrei batendo a porta.
Meu humor com toda certeza essa manhã está pior do que nos outros
dias.
Eu andava de um lado para o outro na minha sala. Não me recordo de
um dia ter ficado tão indeciso com alguma coisa na minha vida. Eu
pensava se poderia ir ao Brasil, mas me questiono se não estou
pressionando tanto a Heloísa. Suspirei.
Consigo lembrar do dia que passei a observar a Heloísa, seu corpo é
como um convite pro pecado. Só de olhar eu sempre sentia meu pau se
agitar, mas algo começou a fugir do controle e eu passei a querer ela só
pra mim. Não sei, por um momento eu tentei colocar na minha cabeça
que ela seria como as outras que eu saia, que eu apenas curtia por já
está sufocado em casa. Mas no fundo eu sabia que ela não tinha nada
das outras meninas. Heloísa era decidida e a forma que ela negava a
mim me deixou ainda mais louco por ela. Eu não contava me
apaixonar, não contava querer jogar tudo pro alto por conta dela. E
agora estou aqui pensando na porra da possibilidade de ir ao Brasil e
trazer ela de volta.
— Posso entrar. — Gael falou e eu concordei olhando pelas grandes
janelas de vidro a cidade estava mais cinza que o normal. — O que
aconteceu?
— Heloísa foi embora de vez. — falei e encarei ele. Eu queria ver se
ele sabia de algo.
— Então foi por isso que ela me pediu pra olhar Manoela. — falou um
pouco triste. — Manoela vai sofrer com isso.
— Eu sei Gael. Não esperava por isso. Na verdade passei a desconfiar.
— falei e ele suspirou.
— O que vai fazer? — perguntou. E eu dei de ombros.
— Ainda não sei. Não consigo falar com ela. — falei e me sentei na
cadeira. — Com quem deixou Manoela?
— Com minha mãe.
— Vou ir buscá-la. — me levantei e me despedi do meu irmão.
Entrei no carro e voltei a tentar ligar, já tinha deixado mensagem e não
tinha resposta. Eu já estava desistindo. Cheguei na casa da minha mãe
e ela estava fazendo um bolo com Manoela.
— Que lindo meus dois amores. — falei e minha filha correu pro meu
colo. Beijei a testa da minha mãe. — O cheiro está bom em.
— Bolo que Manoela fez. — minha mãe falou e eu dei um beijo na
bochecha de Manoela.
— Minha cozinheira. — desci ela que correu pra brincar. Me sentei na
cadeira do balcão. E minha mãe me olhava com seus olhos avaliadores.
— Pergunta mãe.
— O que aconteceu com vocês? — sei a quem ela se referia e suspirei.
Não consigo esconder nada da minha mãe. Nunca consegui ela me
conhece tão bem.
— Heloísa foi embora, e não volta. Ela ainda não me confirmou, mas
eu sei que não volta. Errei mais uma vez mãe. — falei e ela chegou
perto.
—Ainda da tempo de arrumar as coisas. Tenha paciência e respeite o
momento dela. — Não tinha o que responder então me calei.
Fiquei na minha mãe por um tempo, era bom conversar e ouvir seus
conselhos. Peguei Manoela e seguimos para casa, no meio do caminho
ela me pediu pra ir ao parque então, eu que já estava afim de fugir de
tudo, fui com ela. Sentamos na grama, e ela se sentou ao meu lado.
— Papai. A tia Heloísa não vai voltar. — falou enquanto balançava sua
boneca que anda sempre com ela. — Quem vai cuidar de mim agora?
— Como sabe disso pequena? — trouxe ela pro meu colo.
— Ela me disse papai. É um segredo nosso, mas eu não aguentei.
Quero ela pra cuidar de mim. — falou e eu não respondi. Apenas
suspirei.
Fiquei com Manoela por quase uma hora sentado, olhando ela brincar.
Isso me acalmou um pouco. Cheguei em casa e logo ela foi pro
banheiro e Carly veio até o quarto que estava ficando.
— O que você quer Carly? — falei e ela bufou.
— Quem é a mulher? Quem é que fez você abandonar nosso
casamento? — falou mostrando irritação.
— Carly para de procurar culpados quando na verdade sabe que já não
estava dando certo. — Olhei meu celular e não tinha nada de um sinal
de Heloísa. Estou ficando irritado com isso.
— Eu vou descobrir. — saiu batendo a porta.
Eu sei que a Carly não vai se aquietar enquanto não descobrir quem é a
pessoa. Mas enquanto eu puder privar a Heloísa eu vou fazer. Tentei
mais uma vez ligar e por algum motivo ela atendeu. Ouvi sua voz fez
meu peito apertar. Heloísa não precisava usar muitas palavras, em
pouco tempo eu passei a conhecer ela tão bem que seria estranho não
saber o que ela pensa. Desliguei a chamada quando ouvi a voz do seu
namorado, ou eu poderia fazer a loucura de ir ao Brasil agora mesmo.

Cheguei na empresa pela manhã e logo recebi meu advogado, contei


pra ele tudo que já havia falado. Reforcei que seu prazo era de um mês.
Ele por sua vez disse que estaria entrando em contato com Carly, já
estou me preparando para briga. Pedi Aila que ligasse pra Augusto, ele
é um grande amigo meu. E sempre me faz alguns favores. Estava em
uma chamada importante quando me avisaram que Augusto estava me
esperando, desliguei mais rápido.

— Henrique, posso entrar. — concordei e me levantei pra apertar a


mão dele estendida pra mim. — Quanto tempo meu amigo, mas se me
chamou com urgência, creio que precisa de um favor meu.
— Preciso. E desse eu não aceito falhas. Um pouco mais complicado.
— falei. Ele me encarou curioso. Augusto ele já foi a sombra de muita
gente pra mim, e sempre com muita eficácia. Nunca notado. — Eu
quero saber tudo de uma pessoa, até mesmo o que ela comer na janta,
se comprar uma bala na esquina. Durante um mês você vai ser a
sombra dessa pessoa.
— É alguém importante pelo visto. — falou dando um sorrisinho de
canto.
— É a minha mulher....
— Quer que eu vigie a Carly? — perguntou intrigado.
— Não é Carly. Minha mulher está no Brasil. — falei com ele. — Sei
que em São Paulo. Augusto eu preciso saber tudo que essa mulher
fizer. Pois vou estar longe dela nesse período, você vai ter que ser
meus olhos e ouvidos.
— Não vai sair barato. — falou e eu me encostei na cadeira.
— Não quero valor, quero o serviço feito. — falei e ele entendeu.
Passei pra ele tudo que sabia, eu tinha o endereço por conta do
contrato. Então facilitei ainda mais seu trabalho. — Entendeu?
— Perfeitamente. Amanhã estou embarcando pro brasil. — Se
levantou e eu fiz o mesmo. Sorri por que agora eu vou estar perto
mesmo que de longe.
Passei o restante do dia me afundando em reuniões, preciso me distrair
mesmo que por alguns minutos. Quando finalizei o trabalho fui direto
pra casa, quero conseguir por Manoela pra dormir. Não entrei dentro
de casa e os gritos de Carly começaram.

— VOCÊ ESTÁ PENSANDO QUE VOU DAR O DIVORCIO ?


ESTÁ MUITO ENGANADO. EU NÃO VOU DAR. — gritou e eu
respirei fundo.
— Não complica as coisas. — tentei parecer calmo.
—EU NÃO VOU ASSINAR, EU VOU SAIR DAQUI COM
MANOELA MAS O DIVORCIO EU NÃO DOU. SE PENSA QUE
VAI SE LIVRAR DE MIM PRA FICAR COM A VAGABUNDA
QUE VOCÊ ANDA SAINDO, ESTA ENGANADO. — seus gritos
estavam me tirando do sério.
— CALA A PORRA DA BOCA. — me aproximei dela e fiquei bem
perto. — Se você pensa que tirar minha filha de mim vai ser fácil, acho
que está precisando me conhecer mais. Não entra em uma briga
sabendo que vai perder. — falei entre os dentes e vi seu ombro se
encolher. — Quanto ao divórcio, se não assinar por bem sabe que vai
ser feito por mal, mesmo que demore.
— Você não vai ficar com essa VAGABUNDA. — segurei seus
braços, meu sangue ferveu.
— Pensa bem antes de falar uma palavra sequer dela. Eu estou
perdendo minha paciência com você. — falei e a soltei. — Quando
antes assinar o divórcio melhor pra você e também pra Manoela.
— Se eu assinar quero a casa. — eu gargalhei.
— Pra me ver livre lhe dou a casa. — falei e ela bufou subindo as
escadas. Passei as mãos pelos cabelos. Carly não vai me impedir de
nada, não vou deixar.

Heloísa
Já estou há mais de uma semana no Brasil e ainda não consegui tomar
uma atitude com relação a Bruno. Vivo sempre que posso fugindo e
inventando uma desculpa. Eu não tenho um motivo pra terminar com
ele, não um motivo que eu possa contar. A Bianca até me deu algumas
opções mas nada me agradou. Henrique desde a ligação no dia que
cheguei não voltou a ligar, nem uma mensagem e mandou. Eu estou
sentindo falta dele, pelo menos da sua voz.

— Está com a cabeça longe. O que está acontecendo minha filha? Eu


sei que aconteceu algo nessa viagem. Sempre fomos amigas Heloísa.
— Minha mãe se sentou ao meu lado do sofá.

— Mãe, você não vai me julgar né? — estou me sentindo sufocada por
tudo, por não ter falado pra ninguém tudo que venho sentindo. Eu
estou me sentindo tão mal por tudo.

— Não. Sabe que não. — respirei fundo e comecei a descarregar sobre


minha mãe tudo que tem acontecido comigo, e tudo que tenho sentido.
— Meu amor, você se apaixonou por alguém bem errado né?

— Sim. — pensei comigo que seria um bom momento de contar a ela


que não ando bem. Que por um momento eu tenho pensado que minha
vida vai dar uma reviravolta. — Eu não sei como terminar com Bruno.

— Seja sincera meu amor, ninguém manda no coração. — falou e me


deu um beijo na testa.

Já estava quase dando um mês que estou por aqui, eu não sei mas me
parece que Henrique sumiu, eu decidi que não tomar atitude já que ele
não tem feito nada por lá também, pelo menos eu acho. Estou a uma
semana passando mal, não consigo me alimentar bem. Tudo gira ao
meu redor, me sinto em uma eterna ressaca. Bianca me arrastou pra um
hospital, eu não queria. Na verdade ultimamente ando sem disposição,
não sei, mas sinto que Henrique tem algo haver com isso. Entrei no
consultório com Bianca fazendo o papel de mãe, antes mesmo que eu
pudesse falar algo, ela já tinha contato pro médico o que eu sentia.
Chega ser engraçado. Sai da sala com um monte de exames pra fazer.
Fui colher o sangue e tomar um pouco de soro, já que estou sem comer
nada, seria uma forma de me manter em pé.

— Mai. Eu estou bem, pode esperar lá fora. — falei e ela negou rápido
com a cabeça.

— Não vou ficar aqui. — falou. Ela tentou me distrair conversando


sobre várias coisas, mas com tudo eu estava ficando sonolenta. Minha
visão estava meio turva, quando de repente se apagou, não ouvi mais
nada. Era como se estive desligado todo o meu sistema.

Algumas vozes, eu conseguia ouvir bem no fundo. Me esforcei pra


abrir os olhos, a claridade me incomodou mas ainda consegui ver
imagem borrada da minha mãe, Bianca, e posso estar enganada, mas
também de Bruno. Voltei a fechar, meu corpo não está me obedecendo
como deveria. Depois de várias tentativas consegui abrir totalmente.
Minha mãe conversava com um médico, Bianca falava ao celular,
Bruno estava em um canto isolado. Fechei novamente os olhos, mas
ainda podia ouvir.

— Como assim grávida doutor? — era minha mãe. Ela estava


nitidamente nervosa. Eu senti tudo em mim gelar, esse não poderia ser
o resultado do meu exame não é mesmo?

— Dona Catarina, a Heloísa está entrando na 6 semana. Isso vai


acontecer se ela se estressar, agora quero você tenha calma ao
conversar com ela, pois parece que sua filha não esperava por isso. —
O médico falava calmo e com um tom acolhedor. Abri os olhos pelo
susto.

— Mãe. — falei baixo e fraco. O olhar de Bruno pra mim era


decepcionado, minha mãe me olhou um pouco assustada, talvez se
perguntando se eu tinha ouvido a conversa. Ela veio até mim e segurou
minha mão. Minha boca estava seca. — Estou com cede.

— Vou pegar água amiga. — Bianca falou.

— Beba devagar Heloísa você acabou de acordar de um desmaio. —


perto de mim ele checou meus reflexos e se ainda estava tonta, mas eu
me sentia bem. Olhei em volta da sala, Bruno havia sumido. Bianca
voltou com a água e eu fui bebendo com calma. O médico saiu falando
que em duas horas poderia dar minha alta. Os olhares se voltaram pra
mim quando a porta fechou.

— Eu ouvi a conversa. — falei entre um gole e outro.

— Então claramente sabe de quem é esse filho. Heloísa você sempre


foi tão cuidadosa, nunca precisei me preocupar. Agora o que vai fazer.
Ele é um homem casado meu amor. — minha mãe falava tudo com
preocupação. Nunca tinha me sentindo como agora, estou anestesiada.
Como eu pude me deixar levar ao ponto de esquecer da prevenção.
Senti as lágrimas ocupar meus olhos, entrei em um pequeno desespero.

— Calma Lila. Respira. — Quando enfim consegui me acalmar, eu não


queria mais conversar.

Eu não quero ter que pensar, não agora. Descobri que estou grávida,
que o pai do meu filho é casado, já tem uma filha, uma vida toda
formada. Eu não posso simplesmente ligar e dizer que estou grávida.
Henrique talvez nem acreditaria que é dele. Não sei, mesmo com os
dias batendo me recuso a acreditar que fui tão desatenta. Eu teria que
seguir daqui pra frente com as consequências e sozinha pois não quero
fazer isso. Não quero falar. Não quero.

— Vamos pra casa. — minha mãe falou mas eu não respondi. Meu
silêncio era uma forma de dizer que não quero perguntas, não quero
questionamentos. Eu quero ficar sozinha, até que eu consiga entender
que isso realmente está acontecendo.

Não poderia fugir a vida toda do problema, eu preciso conversar com


Bruno. Mandei uma pequena mensagem pedindo pra ele me encontrar
no parque que costumávamos ir. Não tive resposta, mas eu estaria lá
amanhã no horário que marquei. Me deitei na cama e meu celular não
parava de tocar, era completamente irritante ver as inúmeras vezes que
o nome de Henrique e também Gael apareceram na tela. Eu desliguei o
aparelho. Preciso dormir, eu quero acreditar que entrei em um sonho e
que quando o dia amanhecer nada disso vai ter acontecido. Eu não me
recordo de ter tido uma noite tão agitada como essa, sempre acordando
e sempre com o mesmo sonho. Henrique dizia que o filho não era dele.

Acordei com umas olheiras fundas, me recusando a levantar da cama,


mas eu preciso enfrentar aquilo que está acontecendo. Henrique não
precisa saber, ele está longe. Eu só preciso trocar de número e esquecer
que eu tive qualquer coisa com ele, se possível que fui um dia a
Seattle, mas seria impossível, eu lembro de Manoela a todo instante,
me preocupo com seu bem estar, não sei nem quem está hoje cuidando
dela. Espero que minha pequena esteja bem. Cheguei na cozinha minha
mãe já estava com o café servido. Até mesmo o cheiro de tudo me
enjoou, mas me sentei na mesa e peguei um copo de suco. Bebi com
calma, pelo menos isso precisa parar no meu estômago.

— Pretende falar pro pai? — perguntou e eu olhei pro meu padrasto e


pro meu irmão. — Eles sabem.

— Não vou falar. — falei apenas. — Eu vou sair antes do almoço.


Preciso resolver umas coisas e marquei com Bruno. Precisamos
conversar.

— Leva a Bianca com você, não quero que passe mal sozinha. —
minha mãe sempre foi do estilo que não questiona, nem julga. Nem
tudo ela aceita, mas ela deixa que eu vá até o fim e perceba que errei.

— Tudo bem. — falei e peguei um pão. Comi alguns pedaços. Quando


senti que estava ficando mal, parei.

Voltei pro meu quarto e peguei meu celular ligando de volta. Tinha
inúmeras mensagem do Henrique e duas de Gael. Comecei lendo.

“ Você pode me atender, estou perdendo a cabeça”

“ Heloísa tem algo que queira me falar? “

“ QUE PORRA HELOÍSA EU ESTOU ENLOUQUECENDO COM


VOCÊ”

“ Eu sei que prometi ficar um mês sem te procurar, mas estou


enlouquecendo não dá mais. Minha vida está uma bagunça desde que
se foi. Manoela sente sua falta, mas sempre diz ter certeza que você vai
voltar. Ela disse que você nunca iria deixar ela de vez. Não foi só a
mim que você encantou. Eu espero que você entenda que eu estou com
você mesmo que não queira”
“ EU NÃO AGUENTO MAIS, PRA MIM DEU DE ESPERAR. “

Eu comecei a chorar ao ouvir sobre Manoela. Eu queria que ela tivesse


razão, queria que ela não me odiasse quando souber que estou grávida
de um irmãozinho dela. Queria poder fazer isso pra ela, mas não dá,
não seria tão fácil assim. Talvez ela nunca saiba que tem um
irmãozinho ou irmãzinha. Olhei pra minha barriga ainda nem parecia
que uma vida crescia ali dentro. Olhei as mensagem de Ju.

“ Oi Lila. Sei que não atendeu pois já sabia que não era eu. Bom eu
estou escrevendo tanto pra explicar, tanto pra contar que Manoela
sente sua falta. Ela sempre diz que você vai ser sempre a Cinderela
dela, não sei mais parece que ela já te chamava assim antes. Tenho
feito o que prometi, sempre que posso vou visita -lá. Ela tem ficado
com minha mãe, já que não aceitou ninguém depois de você. Bom se
cuida. “

“ Ah e quando quiser, manda uma mensagem”

Joguei meu celular na cama. Não sei como tive coragem de fazer isso
com ela. Meu coração se quebra toda vez que vejo que ela ainda
lembra de mim. Manoela sempre foi tão só, ela se apegou em mim, do
mesmo jeito que eu me apeguei a ela. Só que diferente dela eu sei que
nem tão cedo vou encontra-la. Fui pro banheiro e entrei no box
deixando a água quente cair sobre mim. Talvez assim eu pudesse
relaxar ao menos um pouco. Alisei minha barriga. Como pode uma
vida virar tão rápido em meses. Eu tinha tudo pra ter uma vida calma,
um namorado que gostava de mim, um emprego estável, quase um
futuro casamento. E então eu decidi ir a Seattle e lá minha vida mudou,
eu não sabia o que era paixão, até sentir com tamanha intensidade. Não
sabia que me apegado a tanto a menina que sofri ao embarcar. Não
imaginava que o meu chefe ia passar pro status de pai de um filho meu.
Bufei. No quarto eu escolhi um vestido rosa, soltinho, uma rasteirinha.
O dia estava quente. Soltei meus cabelos e liguei pra Mai, ela topou de
ir comigo, mas na hora que eu estiver com Bruno, ela disse que não vai
se aproximar.

Antes de ir ao parque fui ao shopping comprei um novo chip. Eu iria


trocar assim que chegasse em casa. Quando cheguei o Bruno já me
esperava, ele estava sentado em um dos bancos que tinha ali. Me
aproximei e sentei em silêncio.

— Oi. — falei e ele só me olhou. Fiquei formulando o que falar. —


Não tenho muito o que dizer, acho que descobriu de uma forma errada.
Eu posso te pedir desculpa, mas sei que isso foi um grande erro meu.
Eu não imaginei que saindo do Brasil eu ia bagunçar nossas vidas. Eu
tentei tanto evitar isso, mas quando vi...

— Não quero saber detalhes. — falou sério. — Eu já tinha notado algo


diferente quando estive lá. Só me diz uma coisa. É dele não é? É
daquele tal de Henrique.

— É....

— Eu sabia. Ele te olhava diferente do Gael. —falou e abaixou a


cabeça. — Eu não sei se te perdoo, mas gosto muito de você Heloísa.
Hoje sei que não gosta tanto assim de mim, mas eu ainda vou me
preocupar. Quero que você se cuide, eu vou seguir minha vida, quem
sabe não namorar, casar e também ter filhos. Eu não vou guardar
mágoa, se precisar eu estou aqui.

— Desculpa por isso. — ele me abraçou e eu juro que não esperava


uma atitude dessa mas me senti bem. Me senti menos sufocada. Ele
deu um beijo na minha testa.

— Eu tenho que ir agora. Vai ficar bem? — perguntou e eu concordei.


E ele simplesmente se foi, por um momento suspirei de alívio, mas por
outro eu queria entender o que se passava realmente na cabeça dele.
Bianca se sentou ao meu lado.

— Como assim ele te abraçar e vai embora? — Dei de ombros. —


Você é mesmo uma menina de sorte.

— Não exagera Mai. — falei.

— E agora, o que pretende fazer com relação ao Henrique. Não acha


que ele precisa saber? — perguntou. Eu pensei mais uma vez se
contaria ou não. Seria injusto com meu bebê e também comigo, mas
meu medo é ele rejeitar. Mesmo com todas as mensagens ainda não me
sinto bem pra fazer isso. E se mesmo no meio da bagunça ele ainda
estiver com ela. — Heloísa. Volta pra cá.

— Oi? Eu não se Mai. Tenho medo de contar sobre minha....

— Sobre sua gravidez Heloísa? — a voz de Henrique surgiu. Bianca


estava travada olhando por cima de mim, eu virei com calma pra trás.

— Henrique? — falei como quem não acreditava, mas era o que de


fato acontecia. Não acredito que ele está aqui, mas, merda! Como ele
sabe da gravidez. Como pode? Ninguém além dos mais próximos
sabia. Eu não conseguia entender, era estranho demais. Como se meu
cérebro tive parado por um instante. Eu olhava pra ele assustada. — O
que faz aqui?

— Eu disse que cansei de esperar, você não me atendia. Decidi vir aqui
pessoalmente. — ele sorriu de canto e voltou a ficar sério. — Acho que
precisamos conversar.

Bianca entendeu o recado se levantou e sumiu de vista, ele se sentou


ainda olhando diretamente em meus olhos. Eu tinha mil perguntas mas
nenhuma delas saía em voz alta. Henrique estava no Brasil isso era
verdade, mas não consigo entender como ele descobriu que estou
grávida, será que ele já sabe que é dele. Meus questionamentos não
paravam.
Henrique

Já são quase duas semanas que eu estou em uma situação complicada,


brigo com Carly todos os dias e tenho me controlado pra não ligar pra
Heloísa. Tudo que ela faz eu estou sabendo, Augusto tem feito questão
de me avisar tudo. Mas sei que minha menina quase não tem saído de
casa, isso tem me preocupado. Minha cabeça não para de pensar em
tudo. Manoela tem ficado com minha mãe e eu quase não tenho ido em
casa, também tenho ido pros meus pais. Fui em casa pra buscar o resto
das minhas roupas, entrei tentando fazer silêncio. A última briga que
tive com a Carly foi pelo seu desespero quando soube que Heloísa ao
voltaria mais, ela sabia que agora teria mais responsabilidade, Manoela
não tem aceitado ninguém mais.

— Henrique. — ouvi sua voz e xinguei mentalmente. Continuei


andando até o quarto, Carly entrou com uma cara emburrada. Peguei
minhas roupas , e comecei a colocar na mala. — Que porra é essa?

— Carly, você sabe que eu ia embora. Você quis a casa, e ela vai ficar
pra você. — falei e continuei o que fazia.

— HENRIQUE....

— CHEGA DE GRITAR CARLY. ACABOU E ACEITA. QUE


MERDA. — fechei a mala e fui saindo. Ela não veio atrás, coisa que
agradeci muito. Não aguento mais ela falando na minha cabeça.

Saí da casa o mais rápido possível. Queria chegar na minha mãe, ligar
pra Augusto e também conversar com o Advogado, eu preciso de
algum documento que me garanta que Carly não sai da cidade com
minha filha. Entrei em casa minha mãe estava brincando com Manoela
no tapete da sala.

— Boa Noite meus amores. — falei e me sentei com elas.


— Vejo que está vindo pra ficar mesmo né? — falou e apontou pras
malas. Manoela olhou também e veio se jogando no meu colo.

— Você também vai me deixar papai? Igual a tia Heloísa? —


Perguntou com seu jeitinho meigo, mas um pouco triste.

— Não, meu amor. Olha pequena, acontece que eu e sua mamãe já


estamos brigando demais, com isso ficamos triste e eu preciso que
você entenda que bem eu nem ela vamos deixar você. Mas agora você
vai ter a casa do mamãe e a da vovó que é onde o papai vai ficar. —
falei com calma.

— Eu entendo papai, não quero vocês triste. Eu queria ficar só aqui na


vovó, por que assim você vai poder me fazer dormir. — falou deitando
em meu peito.

— Você vai vir sempre pra cá. Agora não pensa muito nisso tá bom?.
— baguncei seus cabelos e dei um beijo estalado em sua bochecha. Me
levantei deixando ela brincando com minha mãe. — Papai precisa
fazer umas ligações.

Fui pro meu quarto e tomei um banho antes de ligar tanto pra Augusto
quanto pro advogado. Fechei com Erick, que ele vai fazer um
documento pra Carly, que dá direito a ela de ficar com a casa, mas com
a condição de que ela não pode sair da cidade sem minha autorização.
O negócio é Carly assinar, mas com um pouco de insistência quem
sabe conseguimos. Eu já não estou mais afim de discutir, preciso de
algo certo e rápido. Quero muito o divórcio, mas antes eu preciso me
assegurar que Manoela não vai sair da minha vista.

Nada mudou em relação a Heloísa, ela continua em casa, muito mal vai
até a casa de sua amiga, que é apenas três casas depois. Recebi
algumas fotos, estou achando ela bem abatida, seus olhos carregam
grandes olheiras. A pior parte foi saber que Bruno ainda anda
frequentando sua casa. O que me dar a certeza que a Heloísa tomou
uma decisão. Não quero aceitar que depois de anos vivendo uma vida
monótona, quando finalmente me apaixono por alguém com tanta
intensidade, ela não quer viver comigo. Eu sempre fui muito
superficial com coisas de sentimento, nunca soube demonstrar o que
realmente sentia. Com Heloísa foi tudo diferente, ela arranca meu
melhor lado, mas também o meu pior. Quando o assunto é ciúmes eu
não sei explicar, mas eu surto.

Mais duas semanas e hoje não estou em um bom dia, estou cansado de
esperar, ainda falta três dias pro prazo de um mês que dei a Heloísa. Eu
já não estou me contentando com informações, ou até mesmo fotos.
Não é o suficiente, nunca vai ser. Essa mulher entrou nas minhas veias
e tem feito uma bagunça e tanto na minha vida. Já nem consigo
trabalhar direito, mal venho a empresa, meu pai tem ficado a frente de
tudo. Nem em reunião ele me deixar ir, diz que não estou com cabeça,
o que não é mentira. Cheguei na empresa depois de dois dias sem
aparecer, passei pela minha secretaria e pedi que ela chamasse Gael.
Que apareceu na minha porta minutos depois.

— Oi — falou e eu fiz sinal pra ele sentar. Me sentei também.

— Preciso de um favor seu. — Gael é um bom irmão, sempre me ajuda


seja com conselhos ou me trazendo a realidade quando estou passando
dos limites. Meu celular começou a tocar e olhei rapidamente a tela, o
nome de Augusto apareceu. — Um minuto.

Atendi o celular.

— Henrique tenho uma notícia não muito boa. — falou e senti um frio
estranho percorrer meu corpo.

— Fala logo Augusto. — me levantei, um pouco nervoso.

— Heloísa deu entrada pela manhã na emergência. — falou eu travei.


Porra! — Tem uma coisa que precisa saber..

— Não enrola porra. — falei ríspido.

— Ela está Grávida. — deixei o celular cair no chão. Meu mundo


parou por um instante. Como assim grávida. Abaixei peguei o aparelho
e vi que a chamada ainda estava ativa.

— Quanto tempo? — perguntei sentindo um pouco de medo da


resposta.

— 6semanas. — ele falou e eu desliguei.

Porra!

Heloísa está Grávida de um filho meu, um filho nosso. Olhei pra Gael
que me encarava preocupado. Me sentei na cadeira. Uma imagem linda
veio na minha cabeça, um menino lindo com os cabelos escuros, um
sorriso bagulho lindo, correndo pela casa junto com Manoela. Se antes
eu não aceitaria Heloísa com ninguém hoje muito menos, não aguento
mais um dia sem falar com ela. Peguei meu celular e comecei depois
de inúmeras tentativas, eu já estava ficando irritado.

— Me empresta seu celular Gael. — ele me olhou. — ANDA GAEL.

— Vai me explicar o que está acontecendo primeiro. Você não me


disse nada e agora está aí toda estressado. Me diz que merda foi essa
de ligação? — falou sério.

— Heloísa...

— Que é a Heloísa eu sei, mas o que te deixou tão alterado Henrique.


— ele estava impaciente.

— Ela está Grávida. — falei sem muita cerimônia. Acho que também
não teria outra forma de falar.

— O que? — ele quase gritou. — O filho é.....

— Sim o filho é meu. Anda Gael liga pra ela. Eu preciso falar com ela.
Minha mulher não vai ficar longe de mim. Eu cansei disso de esperar.
— falei e ele deu de ombros.
Tanto eu como Gael tentamos de todas as formas falar com ela, mas
parece que essa menina resolveu sumir. Não acredito que ela vai ficar
fugindo de mim. Gael já tinha desistido e eu fiz o mesmo. Abri meu
computador e a primeira coisa que fiz foi procurar passagem pro
Brasil, ela pode pensar que vai se ver livre, mas isso não vai acontecer.
Tinha uma pra daqui duas horas, eu chegaria lá pela manhã.

— Você não vai fazer isso né Henrique? Está maluco? Não sabe o que
vai encontrar. — meu irmão falava alto.

— Vou Gael, sabe por que? Não vou deixar minha mulher, muito
menos agora que ela espera um filho meu. — falei e finalizei a compra
da passagem. — Não quero que fale nada pra mãe, nem pro pai. Eu
vou e pretendo voltar com a Heloísa.

— Você é maluco. Não tem outra explicação. — falou levantando a


mão em rendição.

Eu estava dentro do avião, já tinha combinado com Augusto dele


alugar um carro e me buscar no aeroporto. Também preciso que ele me
leve até onde a Heloísa está, não sei como ele vai fazer isso, mas eu
preciso que ele faça isso. Estou sentindo um nervosismo que nunca
senti antes. Fechei meus olhos e muitas coisas vinham na minha mente.
Até que sem perceber cai em um sono leve.

•••

— Amor cheguei. — entrei em uma das grande, uma sala


aconchegante e tudo tinha detalhes predominando em um marrom
escuro com branco. Olhei pra escada e um menino lindo, aparentava
ter uns 3 anos. Ele correu pra mim.

— Papai. — O menino tinha os olhos tão expressivos, um sorriso


encantador. Peguei ele no colo, logo a Heloísa apareceu, me deu um
beijo.
— Senti sua falta durante o dia. — falou e abriu um largo sorriso. Foi
então que comparei com o do menino, era igual. As semelhanças era
misturada. Me sentei no sofá e brinquei com o menino, ele ria pra mim,
mostrando seus inúmeros carrinhos. — A Manoela chegou.

Minha pequena agora estava bem maior, tinha uns cabelos mais claros.
Se aproximou me dando um abraço.

— Oi pai. — falou se sentando ao meu lado. — Oi pirralho.

— Oi Lena. — O menino respondeu rindo. Fiquei olhando pros dois e


imaginando que não poderia estar mais perfeito que isso.

•••

Quando abri os olhos ainda faltavam alguns minutos pro avião pousar.
Eu me senti um pouco apreensivo. Nunca me imaginei voltando ao
Brasil e hoje estou aqui por causa de uma mulher. Suspirei. Passei pelo
portão de desembarque e vi o Augusto parado mexendo no celular. Me
aproximei.

— Vamos? — falei chamando a atenção dele.

— Não vai nem passar em um hotel? Deixar essas coisas? — apontou


pra mala na minha mão.

— Não. Antes quero falar com ela. — seguimos andando até que
paramos do lado de um carro. Ele me entregou as chaves e eu fui pro
banco do motorista. — Onde ela está?

— Em um parque falando com o namorado dela. — falou e senti


minha raiva subir por conta do ciúme. — Pelo visto terminando.

— Melhor assim. — ele foi me guiando o caminho e paramos em um


lugar gramado, com alguns bancos e várias pessoas sentadas. Era um
lugar leve. Augusto me apontou onde ela estava. De longe eu vi Bruno
dando um beijo em sua testa e logo depois levantou. Me aproximei
mais um pouco, ela conversava com sua amiga. Ela olhava pro nada,
parecia confusa. Cheguei bem próximo e ouvi a conversa com mais
clareza.

— E agora, o que pretende fazer com relação ao Henrique. Não acha


que ele precisa saber? — perguntou sua amiga. Eu olhei pra Heloísa
que agora estava perdida em pensamentos, eu não gostei do medo que
pude ver em seu olhar. — Heloísa. Volta pra cá.

— Oi? Eu não se Mai. Tenho medo de contar sobre minha....

— Sobre sua gravidez Heloísa? — falei me aproximando ainda mais.


Sua amiga me olhou assustada, talvez ligando os pontos ela sabe quem
sou eu.

— Henrique? — ela falou sem acreditar que eu estava mesmo ali. — O


que faz aqui?

— Eu disse que cansei de esperar, você não me atendia. Decidi vir aqui
pessoalmente. — dei um sorrisinho de canto, me sentei ainda olhando
pra ela. — Acho que precisamos conversar.

— Como você sabe? — perguntou mais pra ela que pra mim. — Por
que está aqui? Como sabia onde eu estava? — ela falava baixo, mas
ainda dava pra eu ouvir. — Henrique como você sabia que estava
aqui?

— Heloísa isso não vem ao caso agora. Quero saber se você ia me


esconder essa gravidez. — falei e ela revirou os olhos, voltando a olhar
pro nada. Bufou por algumas vezes. — Posso considerar ser um sim?

— Henrique você tem sua vida. Sua família, não posso chegar e
simplesmente estragar tudo não achar? Por que está aqui? — perguntou
alterando a voz.
— Por que eu descobri que a mulher que amo está Grávida de um filho
meu, e ela não me atendia. Por fim descubro que ela tem tinha
terminado com o namorado, e que nem pretendia fazer isso. Me diz,
acha pouco tudo isso? — perguntei um pouco nervoso. Olhei a volta,
estávamos começando a chamar atenção ao redor. — Agora vamos sair
daqui e conversar em outro lugar. Estamos chamando atenção.

— Tá. — ela respondeu se levantando indo na frente, mas logo a


alcancei. Mostrei o carro pra ela. Augusto já tinha sumido, como sua
amiga. Entramos e ela permaneceu emburrada. Liguei o carro mais
fiquei parado, não conheço nada por aqui. — Vamos Henrique.

— Não conheço nada aqui. Preciso de um hotel e bom, me ajuda né. —


falei e pela primeira vez no dia ouvi sua gargalhada, ela nem conseguia
se controlar. Automaticamente ri também.

— Tá legal, vamos lá em casa. Vou pensar em algum hotel no


caminho. — olhei pra ela meio nervoso. — Fica tranquilo minha mãe
não é um bicho de sete cabeças.

— Mas...

— Anda Henrique. Ela sabe sobre você. — mesmo meio assustado


segui as instruções dela e quando vi estava entrando em um
condomínio. Heloísa desceu e me esperou. Entramos na casa. Logo
uma moça baixinha se aproximou, ela me olhou avaliando quem seria
eu. Heloísa se adiantou em falar. — Mãe esse é Henrique. Henrique
essa é minha mãe, dona Catarina.

— Prazer. — falei e tentei abrir um sorriso pra não demonstrar o


nervosismo. Ela apertou minha mão.

— Eu preciso conversar com ele, então...

— Guilherme está indo jogar bola e eu vou ao mercado. — falou me


encarando um pouco séria. — Juízo Heloísa.
Quando a mãe de Heloísa saiu me senti um pouco sem jeito, não sabia
o que fazer. Ela me chamou pra sentarmos na área da piscina. Foi até o
freezer e pegou duas cervejas, uma ela colocou na minha frente e abriu
a outra, quando ia levar na boca eu me levantei e segurei seu braço.

— Sabe que não. — ela me encarou, e por um momento me perdi nos


seus olhos. — Você está esperando um filho meu, não vai beber.

— Por que você é assim? Tão super protetor? — falou se sentando e


revirando os olhos. Bebi a cerveja que seria dela. Fiquei olhando pra
ela, analisando cada detalhe, eu estava com tanta saudade. Seus olhos
pararam nos meus. O silêncio se instalou por vários minutos.

— É só com você, muito mais com você. — falei e ela continuou me


encarando. Ela umedeceu seus lábios chamando minha atenção pra
eles. Eu estava louco de saudades e está aqui com ela não está
ajudando o meu auto controle. Hoje vejo que ela é tão minha, sem
nenhuma opção pra escapar, eu não deixaria. Coloquei a cerveja na
mesa que tinha próximo ali e voltei a parar na sua frente, cruzei os
braços. — Fala alguma coisa Heloísa, não vou conseguir me controlar
se ficar apenas olhando pra você.

— Não tenho o que falar, parece que você já sabe de tudo. — ela
também cruzou os braços. — Ainda não me respondeu como sabe de
tudo.

— Não precisa. — ela soltou um sorriso debochado.

— Não precisa? Henrique você sai de Seattle, me encontra exatamente


aonde eu estava a poucos minutos, sabe da minha gravidez, sendo que
só quem sabe é minha família. Virou vidente e eu não sabia? — ela se
levantou e finalmente respirou depois de falar rápido. Ela andava de
um lado para o outro. — Você não entende o que é privacidade? Não
consegue esperar uma decisão? Me diz por que isso tudo? Não podia
simplesmente esperar?

— NÃO. Não tinha como esperar, eu te liguei você ignorou. Usei o


celular de Gael e foi a mesma coisa. Tudo me indicava que você ia
esconder de mim a gravidez. — falei irritado.

— E isso era uma escolha MINHA Henrique, eu teria escolhido não


contar ou contar. Você não entende que está sendo invasivo? — falou e
bufou. — Se eu soubesse que minha vida ia virar esse carnaval tinha
ficado aqui. — segurei seus braços e me aproximei dela.

— Se arrepende de ter ficado comigo? Não sente nada por mim


Heloísa? Fala... — nossos rostos estavam tão perto que eu conseguia
sentir sua respiração

Heloísa
Minha cabeça não parava, eu estava gerando um monte de questões,
quando estávamos saindo do parque olhei pro lado pra ver se eu via
algo diferente. Não me conformo ele estar sabendo de tudo, isso está
me irritando de uma maneira surreal. Odeio que me tirem a
privacidade. Fui o caminho até minha casa explicando o caminho, na
hora não pensei muito, mas nem sei se foi boa ideia trazer ele aqui.
Minha mãe vai ficar sem entender. Preciso me lembrar de ver o hotel
dele. Quando entramos minha mãe veio falar comigo, e estranhou ver
Henrique ali, eu podia ver seu olhar avaliador pra ele. Minha mãe
entendeu quando falei que precisava conversar com ele.
Eu olhava o Henrique falando, mas meu foco estava em cada
movimento do seu corpo. Merda! Eu tenho que por meus pensamentos
em ordem, pois estou perdendo toda minha linha de raciocínio. Sua
boca, seu cheiro tudo virou uma droga pra mim, me perco em casa
segundo. Mas quando me lembrei de tudo que quero saber, minha raiva
volta.

— E isso era uma escolha MINHA Henrique, eu teria escolhido não


contar ou contar. Você não entende que está sendo invasivo? — falei
bufando de raiva. — Se eu soubesse que minha vida ia virar esse
carnaval tinha ficado aqui. — Henrique agarrou meus braços e
praticamente colou nossos corpos. Senti aquela eletricidade gostosa
percorrer meu corpo.
— Se arrepende de ter ficado comigo? Não sente nada por mim
Heloísa? Fala... — olhei pra sua boca, com toda proximidade senti meu
juízo indo embora pouco ao pouco. Me afastei dele, preciso respirar
longe.
— Não é se arrepender, nem gostar Henrique. É entender que você
invadiu algo que devia ser só meu, eu poderia te contar, mas aí seria no
meu momento. Nem eu aceitei essa gravidez ainda, não sei como vai
ser daqui pra frente. Já pensou se Manoela não aceitar? Se ela me culpa
pelas brigas de vocês? Henrique você é casado. — falei sentindo
minhas lágrimas descer.
— Heloísa. — ele me abraçou por trás. — Estou me separando por sua
causa, Atualmente eu tenho ficado na minha mãe, quero muito ver uma
casa, mas não sem você. Não pense que te deixaria grávida. — beijou
meu pescoço. — Eu sou louco por você menina. E sei que Manoela vai
entender.
— Não é tão simples. — falei de olhos fechados. Me virei pra ele, seus
olhos grudaram nos meus. — Henrique....

Ele não me deixou terminar e selou nossos lábios. Seu beijo foi calmo,
sua língua pedia espaço e eu cedi. O aperto do Henrique se intensificou
na minha cintura. Logo uma mão foi pra minha nuca e puxou o cabelo
ali. Seu jeito bruto sempre me deixa encantada e completamente
entregue. Subi a mão pelo seu peito e levei ao seu pescoço arranhando
de leve ali.
— Heloísa. Não aguento estar longe. Me deixa cuidar de vocês. —
falou e voltou a me beijar. Fui me afastando. Até que estava um pouco
distante.
— O que quer que eu faça? — perguntei ofegante.
— Você vai comigo pra Seattle. — soltei uma gargalhada alta.
— Está maluco? Eu não posso. Minha mãe...
— Você não ficaria durante um ano? Você pode vir aqui quando
quiser. Eu posso fechar o jatinho da família sempre que quiser. —
falou e foi a primeira vez que a riqueza do Henrique me assustou. Que
família tem um jatinho? Ele fala como se Brasil e Seattle fosse
vizinhos. Ele voltou a me abraçar. — Eu faço o que quiser, mas você
vem comigo.
— Henrique...
— Você vem comigo. — ele falou pausadamente todas as palavras. Eu
ia debater mas ouvi barulho vindo da casa e sei que minha mãe voltou.
Me afastei e ele se endireitou tomando uma postura apreensiva. — Vou
tentar encontrar um hotel, devo ficar aqui por uma semana.
— Pode ficar aí, vou te ajudar com isso. —falei e puxei sua mão e fiz
ele me acompanhar. Minha mãe estava na cozinha, me aproximei. —
Mãe a senhora sabe de algum hotel por aqui?
— Pra quem? — perguntou e olhou pra Henrique. — Pensei que ele
ficaria aqui. Tem o quarto de hóspede..
— Não quero incomodar dona Catarina, nem sei se ficaria tão a
vontade. — minha mãe abriu um sorriso simpático.
— Acho que preciso conhecer melhor o pai do meu neto ou neta. —
falou e Henrique abaixou a cabeça. — Pode ficar aí. Não me
incomodo. Até porque meu quarto é em baixo.
— Mãe... — a repreendi. — Você me mata de vergonha. — olhei pra
Henrique e ele tinha um sorriso discreto nos lábios. Mereço! — Vem
vou te mostrar seu quarto.
Henrique foi até o carro pegar suas coisas e depois subimos com ele no
meu encalço. Passei pelo meu quarto que estava aberto e fechei a porta
e o próximo era o que Henrique ficaria. Entrei e ele fez o mesmo.
— Está entregue, pode descansar e tomar banho. O banheiro fica ali.
— apontei pra porta logo a frente. — Bom qualquer coisa estou lá
embaixo. — tentei passar por ele mas sua mão me segurou.
— Sabe que ainda não terminamos nossa conversa. Não vou te prender
aqui por conta da sua mãe, mas mais tarde temos que resolver umas
coisas. — falou e me puxou pra ele, selou nossos lábios e logo se
afastou.
Eu desci as escadas e encontrei Bianca conversando com minha mãe.
Embarquei na conversa. Eu não sei ao certo o que decidir sei que
preciso colocar bem a cabeça no lugar antes de sentar pra conversar
com ele. Não sei o que pensar, se eu for a Seattle é da a certeza de que
vou me prender a Henrique eternamente, mas se eu não for não sei
como vai ser com esse bebê. A dúvida está me deixando um pouco
distraída.
— Heloísa. — minha mãe me chamou e eu levei um susto. — Você
está distraída, o que houve?
— É mesmo amiga, nem parece que você está com a gente. Essa
gravidez está mexendo com você . — Bianca falou, eu olhei pra duas.
— Henrique quer me levar pra Seattle e eu não sei se quero ir ou não.
Não sei nem o que fazer agora que descobri essa gravidez. — falei
rápido. Agora estava até me sentindo mais leve. Eu estava tão
engasgada que nem respirei enquanto falava.
Minha mãe e Bianca ficaram me olhando e eu fiquei ainda mais
nervosa sobre isso. Meu pensamento vai em Manoela e em tudo que
pode acontecer, Carly não vai aceitar que eu e Henrique tenha um
relacionamento principalmente comigo.
— Você sente vontade de ir? — minha mãe perguntou se sentando
com a gente no balcão.
— Não sei mãe, ele é pai do meu bebê. Eu queria ele por perto. Mesmo
sabendo que as situações são mais complicadas do que aparentam, eu
sinto....
— Você sente vontade de estar com ele, de estar juntos. Você o ama
Heloísa. — Bianca falou. — Estou vendo que vou perder minha amiga,
pelo menos ganho um lugar pra ir.— Gargalhei e neguei com a
cabeça.
— Só você Bianca. — falei, estava me sentindo um pouco mais leve.
— Se você escolher ir, saiba que vou sempre te apoiar. — minha mãe
me deu um beijo na minha testa.
É um pouco difícil imaginar minha vida com Henrique longe da minha
mãe. Eu sempre fui muito apegada, adoro conversar no café da manhã,
ouvir seus conselhos. Olhei pra porta e Henrique apareceu de bermuda,
camisa e chinelo. Não sei mas toda vez que vejo ele sem a roupa toda
formal me apaixono ainda mais. Ele se aproximou um pouco sem jeito.
— Pensei que fosse descansar. — falei baixo.
— Eu não consegui, estou me sentindo agitado. — falou. Bianca olhou
ele de cima a baixo, me deu uma vontade de rir pois ela fazia uma cara
feia, como quem fosse por medo no Henrique.
— Essa é Bianca, Bianca esse é Henrique. — falei e ele apertou a mão
dela.
— Então é você que bagunçou a vida da minha amiga. — falou séria.
Não aguentei é comecei a rir, minha mãe também abriu um sorriso. —
Se você machucar ela, eu não vou te perdoar. Mas agora seja bem
vindo.
— Obrigada. Não pretendo fazer isso. — Henrique falou com seu jeito
formal, acho que nunca vi ele descontraído. Brincando ou estampando
por várias vezes seu sorriso.
— Vocês vão beber? — perguntei descendo da mesa e indo pegar uma
cerveja pra cada um que apenas fizeram sinal positivo com a cabeça.
Henrique ficava tenso a cada hora que chegava alguém, mas só era o
meu irmão e meu padrasto. De início ele estava bem quieto, mas o fim
do dia se aproximava e ele agora brincava com todos. Meu irmão o
levou pra jogar vídeo game. Era lindo ver ele um pouco menos
preocupado. Sentei com a Bianca no sofá e entre uma conversa e outra
ela me contou de um rapaz que anda conversando, gargalhei algumas
vezes dela dizendo algumas de suas brincadeiras. Quando já se
passavam das oito da noite, ela foi pra casa. Henrique ainda jogava
com o Guilherme e eu fui pra cozinha ver o que minha mãe preparava,
pois a comida estava cheirando. Já estávamos sentados na mesa
comendo, hoje Henrique seria o centro de todas as atenções, e por
incrível que pareça ele parece confortável nessa posição.
— Henrique sei que pretende levar a Heloísa com você, mas como vai
ser isso? — minha mãe perguntou me fazendo revirar os olhos.
— Eu ainda não decidi mãe, eu acho que ainda faço minhas escolhas.
— O olhar de Henrique pra mim não era nenhum pouco agradável.
— Eu preciso dela perto de mim dona Catarina, espero que entenda.
Quero cuidar tanto dela como do meu filho que está por vim. E quero a
opinião dela sobre as casas que vamos olhar. Não quero fazer escolha
nenhuma sem ela. — falou com já convicto que eu iria. Bufei.
— Eu entendo. Como seus pais vão reagir e sua filha? — minha mãe
parece está me resguardando, como se tivesse estudando o novo
terreno que eu iria pisar.
— Manoela ama Heloísa, no último mês foi difícil responder às
inúmeras perguntas sobre por que a Heloísa não voltaria. — meu peito
apertou ao ouvir de Manoela, não sei explicar mas ainda tenho a
sensação que trai essa menina saindo com o pai dela. — Meus pais,
pelo menos minha mãe me dá apoio em relação a Heloísa, ela me
conhece muito mais que eu pensava.
— As mães sempre conhece seus filhos Henrique. Sua ex mulher será
um problema. — minha mãe não perguntou ela afirmou isso. O clima
ficou um pouco desconfortável.
— Não será, está tudo sendo resolvido com a justiça dona Catarina. —
falou e voltou a comer. Ele não quer falar sobre isso, pedi a Deus que
parasse a boca da minha mãe nesse momento, pelo que parece até ela
entendeu o recado.
— E você trabalha com o que ? — perguntou meu padrasto tentando
quebrar o clima.
— Somos donos de várias empresas de diversos ramos, fazemos
negócio de tudo um pouco. — Henrique falou com um sorriso no rosto.
Ele tem muito orgulho de tudo que alcançou.
As perguntas cessaram e eu fiquei a maior parte do tempo em silêncio,
não tinha muito o que falar e ter o Henrique olhando o tempo inteiro
pra mim estava me deixando desconfortável. Eu sei que ele deve está
pensando em inúmeras formas de me levar pra Seattle, ele não vai
deixar eu ficar, eu sei que se eu bater o pé consigo mais algum tempo,
mas não fugir disso. Quando o jantar terminou eu fui limpar a cozinha.
Tudo bem, eu estava tentando ganhar tempo. Minha mãe e meu
padrasto já tinham se retirado, Guilherme voltou pro seu jogo e então
estávamos a sós. Ele estava ainda sentado na mesa eu podia sentir seus
olhos sobre mim sem nem precisar olhar. Enrolei o máximo que pude,
mas não teve jeito, Henrique era paciente quando queria.
— Podemos conversar agora? — falou e eu concordei.
— Vamos subir, eu preciso de um banho. — falei e ele me
acompanhou. Abri a porta do meu quarto quando ele entrou fez
questão de olhar tudo a sua volta. Eu não esperei muito corri pro
banheiro trancando a porta. Estou me sentindo uma covarde, mas não
queria tomar uma decisão agora.
Quando sai do banheiro Henrique me encarou, eu estava de camisola
com os cabelos soltos. Me sentei perto dele na cama.
— Pode falar. — falei e puxei a coberta pra mim.
— Você sabe que não vou te dar escolha né? Não vou deixar você e
meu filho aqui no Brasil longe de mim. — bufei.
— Perto de você estaremos seguros Henrique? Se a Carly cumprir o
prometido, sumir com Manoela? Me diz, se tiver que escolher? — falei
irritada. — Eu não vou ficar no meio de você e sua filha. Não seria
justo.

— Ninguém vai ficar no meio de Ninguém. — falou entre os dentes.


— Para de arrumar empecilhos. Isso não vai rolar comigo. Uma
semana Heloísa, e a gente embarca pra casa.
— Eu estou em casa. Aqui é minha casa. — falei e queria chorar. Me
levantei passando as mãos no cabelo. — Você não está vendo meu
lado.
— Eu quero o melhor pra vocês. Só isso. Já disse que eu faço o
possível se quiser vir ver sua família. E até mesmo se eles quiserem ir.
— falou e se levantou ficando perto de mim. Sua mão agarrou minha
cintura e deu um aperto. — Eu não vou deixar você longe.
Fiquei em silêncio encarando seus olhos, eles pareciam transbordar
sinceridade. Meu olhar desceu pra sua boca, automaticamente mordi o
lábio. Henrique suspirou. Com seu corpo ele foi me empurrando até a
cama, me deitou e subiu em cima de mim sem colocar peso. Sua boca
colou na minha praticamente devorando, suas mãos apertavam meu
corpo em diversos lugares. Soltei um leve gemido e agarrei seus
cabelos forçando ainda mais contato. Henrique se livrou da minha
camisola de deixando apenas de calcinha, começou a sugar meus seios,
mas logo estava descendo mais e indo pra minha intimidade que
pulsava, pedindo pro ele. Em um gesto rápido ele tirou a peça e
começou a beijar minha coxa.
— Por favor. —pedi e sua língua encontrou minha abertura. Sugando e
lambendo, Henrique tinha um jeito único de me levar a loucura. Senti
seus dedos abrindo caminho e soltei um gemido alto. Era a mistura
perfeita de brutalidade com carinho. Quando estava quase chegando a
um orgasmo ele parou e abriu um sorrisinho de leve. Voltou a me
beijar.
— Promete ir comigo.. — beijou meu pescoço e apertava meu mamilo
entre seus dedos. Puxei sua camisa tirando ele. Consegui inverter a
posição com ele e tirei sua bermuda junto com a cueca. Seu pau saltou
pra fora, segurei e comecei a massagear, Henrique olhava em meus
olhos. Foi minha vez de abrir um leve sorriso, levei a boca até a cabeça
e passei língua de leve. Me atrevi a sugar e tentar levar todo seu
comprimento mas me engasguei pouco depois da metade. Voltei a
masturba-lo enquanto chupava. — Heloísa... — soltou meu nome um
pouco rouco. Agarrou meus cabelos e me fez ir mais fundo antes de me
puxar pra ele. Tomou minha boa em um beijo e trocou as posições
novamente. Ele entrou em mim tão rápido e acabei me contorcendo.
— Henrique. — ele entrava e saía de mim intercalando entre rápido e
devagar sem perder a intensidade. Eu me esforçava em controlar meus
gemidos, e ele também ajudava cobrindo minha boca com a sua.
Nossos corpos estavam suados, tudo com ele era intenso demais. Senti
a pressão em meu ventre se intensificando, fechei as pernas em volta
da sua cintura e ele foi ainda mais fundo. Chegamos ao ápice e
Henrique respirava ofegante me olhando, soltou um breve sorriso.
Deitou ao meu lado, e eu o olhei, seus olhos me prendiam era o que
tinha de mais bonito, a forma que eles falavam por ele. — Amo você.
Henrique

Eu estou a 3 dias no Brasil, Gael tem me ligado puto por que está me
cobrindo em todas as reuniões que ele considera chata, eu por sua vez
estou me sentindo leve. Depois da noite que ouvi o “Amo você” de
Heloísa fez meu mundo ter ainda mais cor. Ela não tem andado muito
bem, seus enjoos matinais tem sido difícil de controlar, então tenho
acordado todos os dias com ela dentro do banheiro. Sua mãe já sabe
que ela vai viajar comigo e anda preocupada por conta dela viajar
assim, mas já entendi que não vai poder ser de manhã nossa viagem, já
que durante o restante do dia ela fica bem.
Acordei e já pude ouvir que Heloísa estava novamente mal. A fato de
eu não pode ajudar muito me deixa completamente mal, levantei e fui
até ela.

— Amor. — chamei e ela olhou pra mim, seus olhinhos andam bem
cansados. — Tomou o remédio? — ontem dona Catarina conseguiu
que ela fosse atendida por um médico amigo e ele receitou um remédio
que ela pudesse tomar.

— Tomei. — falou e foi lavar seu rosto. Me aproximei e acariciei seus


ombros. — Eu vou ficar melhor.

— Precisa ficar pequena..— levei ela de volta pra cama. Deitei com
ela, deixando que ela repousasse a cabeça em meu peito.

Quando Heloísa se sentiu melhor levantamos, ela foi pra cozinha com
sua mãe e eu fui tomar um banho. Logo depois desci indo pra sala.
Guilherme já estava em frente a TV jogando, me sentei no sofá e fiquei
olhando o que ele fazia. Heloísa apareceu com a sua mãe, me entregou
uma xícara de café e se sentou no meu colo.

— Está pensativo. — falou em meu ouvido. Heloísa parece ler minha


alma.
— Só pensando em como anda a empresa. — alisei suas costas.
Começamos a conversar até que Heloísa decidiu que queria ir ao
parque.

Eu estava pensando em tudo que tinha que fazer ao chegar em Seattle,


pois agora eu preciso ver uma nova casa. Pensar na separação, cuidar
da Heloísa e me dedicar mais na empresa. Gael tem feito meu papel e
provavelmente está me odiando, meu irmão ele é um ótimo
profissional, mas ele odeia participar de reuniões, viajar, ter que lidar
com todos os sócios e fazer de tudo pra convence-los. Chegamos ao
parque, Heloísa se sentou na grama e senti ela respirar fundo, seu olhar
estava longe. Eu não sei bem o que tanto ela pensa, mas tudo me indica
que ela está com medo de ir embora comigo. Sentei perto dela e
segurei sua mão, meu celular tocou nessa hora. Olhei o nome do meu
advogado, não sei, mas senti um calafrio passar por mim.

— Henrique. — ele parecia desesperado. Na hora meu sangue gelou,


Manoela veio na minha cabeça. Me levantei em um pulo. — Carly
sumiu com Manoela.

— Porra, como isso aconteceu. Como vocês deixaram isso acontecer.


CARALHO. EU PAGO A MERDA DA SEGURANÇA PRA UM
SERVIÇO BEM FEITO. — Heloísa se aproximou e me olhava
assusta. — Chego em Seattle de madrugada, espera vocês tenham um
bom plano pra achar minha filha, ou vou matar todos vocês.

Desliguei o celular e segurei a mão da Heloísa, ela me acompanhou em


silêncio. Quando entramos no carro, bufei, estou tão puto e não quero
falar nada agora.

— Você vai embora hoje? — ela perguntou com um tom de voz baixo.
Olhei pra ela por um instante.

— Vamos hoje. Não temos muito tempo. Pega apenas o necessário


chegando lá eu compro tudo novo pra você. — falei colocando o carro
em movimento. Eu sabia que algo estava pra acontecer, alguma coisa
me dizia. Estou tentando respirar fundo, mas até mesmo assim não me
acalmo.

— Não vou com você, eu vou no dia que disse que iria. — falou e
olhou pro lado de fora da janela. — Pode ao menos me dizer o que
aconteceu?

— Não foi um pedido. — falei e ignorei a segunda pergunta. Parei com


o carro em frente sua casa, ela desceu batendo a porta com força. Eu
peguei o celular no bolso, fiquei o número de Augusto que me atendeu
no terceiro toque.

— Oi Henrique. — disse calmo.

— Preciso da sua ajuda. Carly sumiu com minha filha, preciso


encontra-la o mais rápido possível. — falei rápido.

— Mais difícil que pensei. Já está em Seattle?

— Não. Chego pela madrugada. Podemos nos encontrar? — perguntei.

— Sim. Me liga. — falou e desligou.

Entrei na casa de Heloísa e ela estava olhando pra mãe. Parecia


conversar sobre algo, limpei a garganta e ela me olhou. Passando por
mim como um furacão ela subiu as escadas pisando fundo.

— Dona Catarina. Vou precisar adiantar a viagem. — falei, pois sinto


que devo uma explicação.

— Meu filho, vai, mas deixa a Heloísa. Ela não anda bem e acho que
não seria bom ela lá agora. — Senti uma raiva crescer em mim, eu não
vou deixar minha mulher e meu filho. Não vou fazer isso.

— Desculpa. Mas isso eu não vou poder fazer, Heloísa vai comigo. Eu
prometo cuidar dela. Eu não estaria bem sabendo que ela está longe. —
falei e a moça respirou fundo.
— Não vou me meter, mas não deixe ela estressada. Não é bom pro
bebê. — falou passando por mim. Droga! Não conheço minha sogra e
já arrumo um pequeno conflito. Subi as escadas contando várias vezes
até dez, não posso mesmo estressar ela. Cheguei no seu quarto e ela
estava deitada chorando, me aproximei e quando pensei em falar algo
meu celular tocou. Era Gael.

— Oi. — falei seco.

— Pelo visto já está sabendo. Coloquei alguns homens pra ir a casa, lá


deve ter alguma pista dessa mulher. Você vem quando? — perguntou.

— Hoje. Vou precisar do jatinho, Heloísa não anda bem, não quero
arriscar um voo convencional. — falei e a menina que estava chorando
se levantou talvez por querer distância. — Depois te ligo Mano.
Prepara isso pra mim.

— Tá ok. — ele finalizou a chamada. Fiquei olhando pra Heloísa,


pensando numa forma de dizer algo, mas que não a deixasse nervosa.

— Amor, eu não posso te deixar aqui. Quero você por perto, quero
cuidar de você. — falei e me levantei caminhando até ela. Segurei seu
rosto e colei nossos lábios. — Vamos comigo.

— Henrique. Não é um bom momento pra eu simplesmente aparecer.


Já imaginou que Carly pode surtar ainda mais? — falou se afastando.
— Não estou pronta pra isso, nem pra ver Manoela me odiando por
separar vocês.

— Heloísa, eu não vou sem você, mas você consegue entender que
preciso estar lá? Minha filha sumiu e eu só estou te pedindo pra estar
comigo. Ir comigo. Eu já te disse que pode vir aqui quando quiser.
Custa ir comigo agora? — falei irritado.

Heloísa não respondeu nada, mas pegou algumas de suas coisas e


jogou na cama bufando. Tentei me aproximar mas ela me afastou.
Resolvi deixar ela um pouco sozinha, fui até o quarto que estava
minhas coisas e peguei tudo. Fiz algumas ligações, o jatinho chegaria
de noite apenas, então o que estaria programado para madrugada só ia
conseguir chegar de manhã. Eu estava tentando pensar em algum lugar
que a Carly poderia estar. Pensei na sua família aqui no Brasil, pedi
algumas pessoas que levantasse toda as informações de sua família.
Ela tinha vários trabalhos por algumas cidades de Washington, mas
nenhum vinha a minha mente. Pedi também que conseguisse sua
agenda com sua agência, ela deve ter algum serviço nos próximos dias.
Estou esperando algumas ligações, me aproximei do quarto da Heloísa
e não queria mas acabei ouvindo um conversa dela com a mãe.

— Meu amor, você não deve ser sentir culpada por querer ir com ele.
Eu estou aqui e sempre vou estar, quando quiser vir passar dias, meses,
ou simplesmente decidir ficar, ainda vai ser sua casa. — sua mãe falou.

— Estou com medo. Medo da Manoela me odiar, dos pais do Henrique


me olhar como interesseira, do Gael não conversar comigo da mesma
forma. Mãe eu até penso se acontecer a mesma coisa comigo? O que
eu fiz não foi certo. Henrique pode fazer a mesma coisa comigo. —
sua voz estava embargada. Pensei em entrar, dizer que não pretendo
fazer isso. Dizer que o que sinto por ela não senti por mais ninguém.
Eu queria poder abraça-la, mas me contive. Voltei pro quarto onde
estava e ali eu fiquei.

Droga! Preciso pensar em como passar segurança pra Heloísa e ainda


resolver tudo isso que virou uma bagunça. Eu nunca pensei que Carly
fosse cumprir com essa promessa maluca, eu sei que ela nunca foi
nenhuma Santa, mas acontece que isso pra mim sempre foi algo
surreal. Ela nunca se importou muito de cuidar da menina e do nada
decidi sumir com minha filha. Lembro que quando a conheci ela era
doce, diferente, calma, alguém com quem me parecia boa ideia passar
bons momentos juntos, foi uma atração forte, mas tudo saiu dos trilhos
quando suas viagens passaram ser mais longas e dentro de casa ela ser
ainda mais distante. Foi quando passei a me envolver com outras
mulheres, eu sabia que era errado, mas eu tinha tentado terminar e ela
tinha falado várias coisas, e entre uma delas era que tiraria Manoela de
perto de mim. Então eu me virei pro serviço, vivia em viagens e
quando estava em casa era apenas com Manoela, eram raras as vezes
que tocava nela.

Eu sabia que me envolver com a Heloísa não seria certo, mas eu não
imaginei que isso deixaria marcas nela, que ela hoje teria medo de eu
fazer a mesma coisa. Eu amo essa menina, ela chegou do nada,
bagunçou minha vida em poucos meses, mas hoje não me vejo sem ela,
sem o sorriso, sem seu jeito carinhoso, e até mesmo seu jeito bravo. E
eu que pensava que já tinha vivido um amor, quando na verdade nada
chegava nem perto do que sinto hoje. Levei um susto quando bateram
na porta, a mãe de Heloísa apareceu e fiz sinal que ela entrasse.

— Posso conversar com você? — perguntou e eu concordei. —


Henrique, minha filha se apaixonou por você, mas não sei se foi o
certo a se fazer. Só que eu não posso tirar o sentimento de dentro dela,
mas como mãe, eu te peço que você faça o possível pra não machucar
minha menina. Ela é parte de tudo que tenho, e se algo acontecer a ela
não vou te perdoar.

— Prometo dona Catarina. Eu sei que começamos errados, mas a partir


de hoje eu quero fazer o certo. Quero cuidar dela, do meu filho, quero
ver seu sorriso sempre. Eu amo sua filha. — falei olhando em seus
olhos para que ela enxergasse a sinceridade. — Eu vou fazer de tudo
para que ela seja feliz ao meu lado.

— Assim espero menino. — falou e soltou um pequeno sorriso. —


Cuida deles.

Quando a mãe de Heloísa deixou o quarto recebi a notícia de que o


jatinho já estava chegando e que em pouco menos de uma hora estaria
chegando no aeroporto. Sai com as minhas coisas na mão e passei pelo
quarto de Heloísa, ela estava se olhando no espelho, um vestido justo
cobria seu corpo, ele era de manga longa e parava pouco acima dos
joelhos. Seus cabelos estavam soltos, uma maquiagem leve. Ela estava
linda. Limpei a garganta e seu olhar se voltou pra mim ainda bem
sério. Entrei no quarto e encostei a porta.
— Pequena. — me coloquei atrás dela e seus olhos encontraram os
meus através do espelho. — Não quero você irritada comigo. Estou
fazendo isso por não conseguir ficar longe, pois preciso proteger você.
Eu sei que sua vontade era ficar aqui colada com sua mãe, mas
prometo que assim que tudo passar voltamos aqui com Manoela.

— Tudo bem. — falou mas sem tirar o olhar duro. Suspirei. Beijei seu
pescoço e fui pegar suas coisas. Desci com tudo e já coloquei no carro.

Heloísa se despediu da mãe e do irmão com lágrima nos olhos, eu fiz o


mesmo e mais uma vez prometi a dona Catarina que cuidaria da filha
dela. O caminho até o aeroporto foi em completo silêncio, quando me
informaram que o jatinho estava pronto, seguimos pro portão de
embarque privado. Ajudei Heloísa com o cinto e me coloquei ao seu
lado. Em poucos minutos o avião estava decolando, ela fechou os
olhos e podia sentir seu nervosismo segurei sua mão e mesmo estando
irritada comigo ela apertou. Quando minha menina pegou no sono
evitar relaxei e me permiti fechar os olhos também.

Chegamos pela manhã em Seattle, Gael nos esperava no aeroporto. Ele


e Heloísa se abraçaram, senti um certo ciúmes, mas logo deixei de
lado. Ela estava sorrindo de novo, em uma conversa animada com ele,
então se ele está trazendo de volta os sorrisos dela já me sinto aliviado.

— Vão pra onde? — meu irmão perguntou me encarando.

— Vamos pra casa da mãe e do pai. Até que tudo se estabilize


ficaremos lá. Heloísa não pode ficar sozinha. — falei e olhei pra ela
que fingia não prestar atenção no que falávamos. — Quando foi que se
deram conta do sumiço?

— Ontem assim que te ligaram. — falou e suspirou. — Ela não vai


longe Henrique. Espero que quando ela aparecer você não de
oportunidade pra isso acontecer de novo.

— Agora a culpa é minha? Sabe o tanto de seguranças que coloquei


em volta daquela casa? O que descobriram? — perguntei um pouco
inquieto pelo silêncio que Heloísa fazia no banco de trás, em momento
algum ela questionou..

— Mesmo com tantos seguranças Carly ainda conseguiu fugir com


Manoela. — nessa hora o par de olhos castanhos pararam em Gael. Eu
conseguia ver tudo pelo espelho. — Temos algumas informações, mas
marquei uma reunião com todos em meia hora.

— Vou só deixar Heloísa em casa. — falei e ele continuou dirigindo.


Heloísa não se manifestou um instante se quer. Paramos em frente a
casa da minha mãe, desci e abri a porta pra loira descer. Peguei em sua
mão e fomos entrando. Minha mãe estava na cozinha que ultimamente
tem sido seu lugar favorito já que não anda mais trabalhando. — Mãe.

— Oi meu filho. Que susto. — me abraçou e olhou pra Heloísa. —


Vejo que o motivo do seu sorriso voltou.

— Oi Dona Ester. — Heloísa falou em seu tom doce.

— Que bom te rever menina. — minha mãe lhe deu um abraço e me


olhou novamente. — Meu filho, quero que ache logo minha neta. Eu
ainda pensei eu não deixar ela ir.

— Vou encontrar mãe. — falei. — Agora deixa eu levar Heloísa pro


quarto, tenho uma reunião em poucos minutos.

Subi as escadas com ela em meu encalço, mal entramos no quarto ela
correu pra primeira porta, era o banheiro. E sua rotina estava de volta,
pensei que por hoje o remédio tinha feito efeito. Entrei no cômodo e
segurei seus cabelos, já tinha virado costume mesmo que em pouco
tempo.

— Está melhor? — perguntei quando voltamos pro quarto. Ela ficou


quieta. — Então acho que já conheceu, esse é meu quarto, agora nosso.
Ali é o banheiro, mas você já sabe. Quando voltar prometo lhe mostrar
a casa.
— Então Manoela sumiu? — perguntou ignorando o que eu disse. —
Quando ia me falar? Pensei que quisesse compartilhar as coisas
comigo. Carly sabe que sou eu?

— Heloísa podemos falar sobre isso depois? — perguntei calmo.

— Claro. É sempre depois. Mas vai lá, você tem coisas pra resolver. —
falou e tentei me aproximar pra lhe dar um beijo.

— Depois. — virou a cara e se afastou.

Heloísa
Henrique saiu me deixando na enorme mansão de sua família, eu nem
sabia o que fazer agora. Mesmo com um pouco de vergonha desci as
escadas e logo dona Ester me viu, ela como sempre abriu um largo
sorriso. Então senti segurança de ir até lá.

— Quer conhecer a casa minha filha? Pode andar por aí. Tem sala de
vídeo, tem a biblioteca e tem várias coisas. Vai lá. — Sorriu com
simpatia.

— Na verdade, não estou muito bem. Queria aproveitar o solzinho que


apareceu. Como chego lá fora? — perguntei sorrindo.

— Só ir por aquele corredor ali. Aceita um suco de laranja? Acabaram


de fazer. — olhando bem pra mãe de Henrique, como ele parece com
ela, pelo menos os olhos são parecidos. Sorri com minha ligeira
comparação.

— Aceito sim. — meu estômago estava pedindo por algo, mas sei que
se me atrever a comer agora vou por tudo pra fora.

— Pode ir lá, vou pedir alguém pra levar pra você. —falou e eu segui
pelo caminho que ela indicou. Logo eu estava em um jardim ainda
mais bonito que o da casa de Henrique, ali tinha cadeiras, mesas e
também alguns sofás. Optei por deitar no sofá.

Olhei pro céu que estava bonito, os raios de sol mesmo que fracos
podiam aquecer. Se me perguntasse o que mais me encanta no Brasil,
seria o calor, eu gosto. Fiquei ali deitada olhando a minha volta, a casa
dos pais de Henrique é linda, tem muitos vidros mas consegue ter
alguma coisa aconchegante. Chegaram com o suco e eu agradeci por
isso. Tomei quase que de uma vez, estava delicioso, repouse o copo na
mesinha que tinha ali perto.

Pensar em tudo que estou passando parece mentira, comecei


mentalmente rever meus passos e pensar até no dia de hoje. Lembro do
dia que embarquei com um grande frio na barriga, eu sabia que algo
diferente me esperava aqui, só não contava com uma gravidez, muito
menos que o pai seria meu chefe. Olha que loucura. Alisei minha
barriga que nem aparenta gerar uma vida, sorri, pois mesmo sendo uma
loucura eu já amo o bebê. Ouvi passos e abri os olhos devagar, dona
Ester se sentou no outro sofá próximo, fiz menção de levantar mas ela
me parou.

— Só vim aproveitar o sol também. — se encostou e fechou os olhos.


— Sabe minha filha, Henrique gosta muito de você. Foi difícil aturar o
mal humor dele no último mês. Nunca vi meu filho tão louco por conta
de uma mulher.

— Eu também amo muito seu filho, só que a senhora também entende


que entrei em uma loucura. Eu não vi a Seattle pra conhecer ninguém.
Meu sonho era fazer intercâmbio, voltar pra casa e conseguir um
emprego melhor. Eu só parei na casa do seu filho por que era uma boa
oportunidade. Não contava me apaixonar por ele, nem por Manoela. —
suspirei. — Estou preocupada com ela.

— Eu também minha filha. Eu também. — falou soltando um suspiro


triste. — Carly nunca me agradou, mas nunca imaginei que ela
chegaria ao ponto de fazer tal coisa.

— Eu também não achei que isso aconteceria. — falei e olhei pra ela
que continuava de olhos fechados. — Henrique está bem nervoso com
tudo, só me preocupo, ele não conversa.

— Tenha paciência com ele. Henrique nunca teve quem perguntasse


ou se importasse. Carly nunca foi de conversar muito, nem mesmo se
importava em demonstrar interesse. — dona Ester, parece conhecer
bem o que se passava com o filho e isso despertou minha curiosidade.

— Eles sempre foram assim com Manoela? Digo de viajar sem pensar
muito na menina?

— Henrique sempre trabalhou muito, Carly ainda tinha mais tempo,


mas quase nunca se dedicava com a menina. Dizia não ter muita
paciência. Então Manoela sempre teve babá, ela cresceu vendo os pais
no jantar e almoço, ou no café da manhã. Só que isso não é o suficiente
pra uma criança, então sempre cobrei de Henrique, daí entrou o
combinado, Henrique em casa fazia ela dormir, então foi quando ela
passou a ficar mais apegada a ele. É uma história bem estranha, não
lembro de ter visto meu menino tão apaixonado como vejo nos últimos
dias. — falou e eu fiquei um pouco sem graça.

— Você não me julga por ter feito isso com a família dele? —
perguntei em um tom bem baixo. Agora dona Ester me encarava.

— Não Heloísa, aconteceu do jeito errado, mas parece que foi a coisa
certa, não sei explicar. — falou e sorriu. Ouvimos passos. Era Gael e
Henrique.

— As mulheres mais linda que já vi. — Gael falou e se ajeitou no sofá


com a mãe dele. Henrique se jogou ao meu lado.

— Se você falar algo assim da minha mulher de novo eu te mato, seu


bastardo. — O barbudo falou e arrancou risada da mãe e do irmão, eu
ainda estava séria..

— Como está as coisas Ju, digo já estão perto de achar a Manoela? —


perguntei sem encarar Henrique, mas sei que ele me olhava com raiva.

— Não acredito que demore muito Lila, ela não teria como ir longe,
ainda mais agora com todos os cartões bloqueados. — falou e eu soltei
um suspiro aliviado. Pelo menos sei que não vai demorar pra Manoela
está segura, sabe se lá o que pode acontecer com as duas na rua.
Henrique balançava a perna ao meu lado parecendo irritado.

— Vocês vão almoçar em casa? — dona Ester perguntou sorridente.


Parece que a notícia que Manoela voltaria logo a deixou mais animada.

— Eu vou mãe. — Henrique falou e se levantou. — Vou só tomar um


banho, estou cansado da viagem. Vem comigo? — me olhou e eu
segurei sua mão.

Chegamos no quarto Henrique entrou pro banheiro e eu fui olhar meu


celular. Tinha inúmeras mensagens de Bianca, eu comecei a rir.
“ Você foi embora sem ao menos falar comigo Heloísa. Eu vou te
matar garota”

“ O que aconteceu pra você fazer isso?”

Comecei a digitar uma mensagem quando Henrique sai apenas com


uma toalha enrolada na cintura. Dei uma breve avaliada e depois
desviei o olhar, me concentrando no celular. Expliquei a Bianca tudo
que tinha acontecido, espero que ela entenda que não era minha
intenção vir embora assim. Mesmo que meus olhos quisessem olhar o
homem que agora está desfilando pelo quarto apenas de cueca, eu me
segurei. Deixei o celular de lado e fui pro banheiro, preciso de um
banho também. A água estava quente e isso me fez relaxar um pouco,
estava distraída quando ouvi os gritos do Henrique.

— ELA NÃO É MALUCA. EU QUERO LOCALIZAÇÃO, QUERO


LUGAR EXATO QUE ELA ESTÁ. EU MESMO VOU ATÉ ELA. —
senti um arrepio estranho. — EU NÃO VOU DAR A ELA NADA
DISSO. NÃO. E NÃO. SE VIRA, TE DOU UM DIA E QUERO O
LUGAR EXATO, CIDADE, CASA, O QUE TEM FEITO. TUDO.

Continuei no banheiro por mais tempo que o necessário, não quero que
essa fúria toda se vire contra mim. Quando sai enrolada no roupão
Henrique digitava rapidamente no celular, eu peguei minhas coisas e
voltei pro banheiro pra me vestir. Evitei olhar pra ele, não sei o que
aconteceu mas parece ser algo sério. Voltei e senti seus olhos em mim.

— Carly sabe que é você a mulher que mexeu comigo. — falou e eu o


encarei. — Ela está pedindo uma parte das ações da empresa, pra me
deixar em paz. Cheguei a conclusão que sempre foi dinheiro.

— Só isso? — perguntei, por que sinto que tem mais coisa que ele não
quer falar. — Aconteceu mais alguma coisa?

— Não. — falou rápido. Dei de ombros.


— Tudo bem, você não quer falar já entendi. — falei e me virei pra
sair do quarto. Senti suas mãos em meu braço, ele me virou pra ele,
apertando seus braços a minha volta.

— Ela ameaçou você. — falou e eu senti novamente aquele arrepio


estranho.

—Você acha que ela pode fazer alguma coisa contra mim? Ela tem
essa coragem? — me afastei olhando pra ele um pouco assustada.

— Não sei Heloísa, eu nem achava que ela poderia fugir com minha
filha, e no final me pedir quase metade de tudo que tenho. — falou
ríspido. Henrique estava mesmo nervoso. Decidi não prolongar a
conversa pois sei que daria em discussão, então é bem melhor me
calar.

— Vamos almoçar. — saí do quarto antes que ele pudesse me segurar.

Na mesa, seu pai agora estava presente, ele conversou um pouco


comigo e logo entrou em um silêncio que chegava ser constrangedor,
mas toda a família é bem acolhedora, sem dúvidas Gael era o mais
aberto a tudo, ele sorria mais e brincava mais. Mal toquei na comida,
minha cabeça não parava de se questionar se Carly seria capaz de fazer
alguma coisa comigo.

— Você precisa comer. — Henrique falou chamando atenção de todos


pra mim. — Mal colocou nada na boca.

— Não estou com muita fome, comi o que aguentei. — menti e muito
mal por sinal, já que mal coloquei três garfadas na boca. Henrique me
olhou sério, tentei esboçar um sorriso, já que todos estavam me
encarando.

— O que você comeu de manhã? — perguntou. Merda! Henrique


quando quer ser super protetor ele consegue ser chato mais que o
normal.
— Não estava bem pela manhã, mas bebi um suco que sua mãe me
deu. Agora come, não se preocupa. — falei e ele bufou. Eu odeio ser o
centro das atenções.

Quando terminamos Henrique, seu Gustavo e Gael forma pro


escritório. Eu acho bonito a cumplicidade deles, é admirável ver que
um pai apoia os filhos e os ajuda quando as coisas ficam difíceis. Eu
subi pro quarto e deitei, estou me sentindo mais cansada que o normal.
Acho que por conta da gravidez, então me permiti dormir um pouco.

Hoje completa cinco dias que estou em Seattle, mal vejo Henrique em
casa. Pelo que parece ele anda bem estressado por conta da Carly está
sempre trocando de lugar, quase todos os dias ela muda de uma cidade
a outra. Isso tem tirado o sono dele. Depois de um enjoo matinal me
deu uma fome, então desci e escolhi algo na cozinha pra comer. A casa
estava em um silêncio, mesmo eu sabendo que tem inúmeros
empregados, sem contar com os seguranças que estão como muros lá
na entrada. Me deu uma vontade de ir ao parque, mas não quero
ninguém me controlando. Então preciso conseguir sair sem ser vista,
eu sei que o único lugar que ainda falharam na segurança foi a
garagem. Peguei minha bolsa e fui andando devagar, como imaginei.
Sai pela garagem, que dava na rua de trás. Então seria fácil o restante
do caminho. Consegui um táxi que me deixou bem em frente ao
parque.

Esse lugar me trás lembranças de Manoela, me apeguei a essa menina,


será que um dia vou ver ela correndo por aqui com meu bebê. Sorri
com a imagem que veio na minha mente. Peguei meu celular e liguei
pra Bianca em chamada de vídeo, ela atendeu rápido.

— Oi amiga. — falou olhando bem pra minha imagem no celular. —


Como saiu daquela casa sem que ninguém percebesse?

— A garagem anda sem segurança. Eu precisava respirar. Já gravei


todos os cômodos daquela casa, já vi tantos filmes que posso resumir
todos eles. — falei e ela gargalhou. — Como está as coisas por aí?
Tem visto minha mãe?

— Estão como sempre. Sua mãe está bem, só preocupada com você.
— falou e eu forcei um pequeno sorriso.

— Acima de tudo eu estou bem. — falei. Começamos a falar sobre


tudo, por um momento até me perdi na hora. Me preocupei com o
horário de almoço quando meu estômago roncou. — Amiga tenho que
ir, estou com fome e Henrique já chega pra almoçar.

Consegui um táxi rápido e agradeci a Deus por isso. Voltei pelo


mesmo caminho que fiz, entrei na casa escondida. E ainda da garagem
eu ouvi o Henrique.

— COMO VOCÊS NÃO VIRAM ELA SAINDO? VAI DIZER QUE


MINHA MULHER AGORA É MAGICA? — seus gritos estavam
altos demais. Me aproximei e vi os seguranças me encarar.

— Pode parar com a gritaria Henrique. — falei e tentei seguir meu


caminho, mas ele me segurou.

— VOCÊ ESTÁ MALUCA HELOÍSA? COMO VOCÊ ME SAI DE


CASA SEM NENHUMA SEGURANÇA? QUERIA IR AO PARQUE
FALASSE. VOCÊ NÃO ENTENDE O PERIGO QUE ESTÁ
CORRENDO NÉ? — ele gritava e isso me irritou.

— NÃO, EU NÃO SEI. VOCÊ NÃO CONVERSA COMIGO, NÃO


TE VEJO CHEGAR, NEM SAIR. NÃO SEI MESMO QUE PERIGO
EU CORRO. SÓ SEI QUE ESTOU CANSADA DE FICAR ASSIM
SEM FAZER NADA. — gritei no mesmo tom. Ele me encarava
mexendo impacientemente em sua barba.

— Recebi uma foto sua. Então eles estão bem olhando você. Carly não
está sozinha nessa. Custa ficar em casa? — perguntou agora em um
tom mais calmo. — Eu vou tentar ficar mais em casa.

— Ela quer o que de mim?


— Pelo ponto de vista dela, você tirou tudo que ela tinha. Dinheiro. No
caso eu sou seu dinheiro. — falou e eu bufei. — A empresa estava com
um grande desvio, e eu não reparei até que hoje descubro que ela
estava fazendo isso.

— Ela estava tirando dinheiro? Por que? Mas ela tinha tanto
trabalhando e de você também. — Não conseguia entender.

— Ela não trabalha a mais de um ano. Suas viagens nunca foram de


negócio, ela tem um homem que ela está junto. Não sei quem é. —
falou e suspirou. — Só não faz mais isso. Por favor.

— Não vou fazer. — falei e ele me abraçou. Senti seu corpo relaxar
um pouco.

— Não posso perder vocês Heloísa. Eu só quero que tudo acabe e eu


possa curtir com vocês, cuidar, viajar. Eu quero a calmaria. — falou
soltando mais um suspirou pesado.

— Vai passar. — ele me deu um beijo calmo.

Henrique fez o que prometeu, depois do almoço ele ficou em casa mas
precisamente no escritório, sei que ele está fazendo isso pra se
certificar de que eu não vou sair de casa. Depois de ver um filme, eu
decidi me sentar no Jardim é o meu lugar preferido da casa. Gosto do
ar fresco e também do solzinho que pega aqui, mas hoje o dia está mais
frio. Então eu estava com um casaco bem quente, fechei meus olhos e
suspirei.

— Amor. — ouvi a voz do Henrique e abri os olhos, ele se sentou ao


meu lado me abraçando. — Tenho que te falar uma coisa.

— Pode falar. — ele segurou meu rosto e me deu um beijo rápido.

— Vou ter que viajar. Preciso resolver isso logo. Descobriram o


próximo destino de Carly, eu preciso chegar lá a tempo. — falou
apreensivo. — Mas preciso que você prometa se cuidar.
— O que? Como assim? Você vai sozinho? — perguntei um pouco
nervosa.

— Vou com alguns seguranças. Não vou demorar. Gael também vai
estar comigo. — falou me apertando contra si. — Preciso acabar com
isso pequena.

— Tudo bem. Se cuida. — falei e ficamos ali um tempo abraçados.

Henrique

— Estou cansado de brincar de cão e gato com ela porra, vocês


precisam estar na frente. — falei pra todos que estavam comigo na
busca de Carly. Ela agora anda brincando comigo, cada dia em uma
cidade diferente.

— Mas Henrique estamos fazendo o possível, mas é difícil prever o


destino de alguém. — Augusto falou e eu o encarei.

— Então vocês comecem a fazer o impossível, por que o que pago


vocês era pra já estar com minha filha. — esbravejei.
— Você está se alterando Henrique. — meu irmão me repreendeu. —
Sei que não é fácil ter calma agora, mas precisamos.

— Gael, como vou ter calma? Eu só queria hoje está em casa com
minha mulher, cuidando dela que tem passado mal toda manhã. —
falei e ele abaixou a cabeça. Meu celular vibrou, era uma mensagem de
um número desconhecido.

“ Vejo que sua namoradinha adora correr riscos, sozinha em um


parque. Que oportunidade perfeita.”

Logo em seguida uma foto de Heloísa. Ela estava sentada na grama,


aparentemente sorrindo pra tela do seu celular. Porra!

— É disso aqui que estou falando. — joguei o celular na mesa, e todos


olharam rápido o conteúdo. — Me diz como vocês ainda não acharam
essas pessoas?

— Henrique, vamos ter que levar tudo isso a polícia. Vai ajudar com
sua filha. — olhei pra Erick. Suspirei.

— Quero que a polícia me ajude com esses filhos da puta. Erick cuida
dessa parte. Eu vou atrás da minha mulher. — saí sem nem esperar
alguma resposta. Gael quase correu atrás de mim. Entrei no carro
batendo a porta.

Como pode uma casa cercada de segurança ela simplesmente sair sem
que nenhum deles tenham visto. Cheguei em casa e fui quase como um
furacão pra cima dos seguranças.

— Quero saber como vocês não viram minha mulher saindo hoje? —
perguntei controlando a respiração.

— Mas a Dona Heloísa não passou por aqui senhor, ninguém deixou
seu lugar. — minha raiva subiu.

— COMO VOCÊS NÃO VIRAM ELA SAINDO? VAI DIZER QUE


MINHA MULHER AGORA É MAGICA? — gritei, pois tinha chego
no meu limite. Vi um dos seguranças olha por cima do meu ombro.
Logo a voz da Heloísa surgiu atrás de mim e eu me virei rapidamente.

— Pode parar com a gritaria Henrique. — falou e tentou passar por


mim mas segurei seu braço. Ela estava tão calma, isso me irritou ainda
mais.

— VOCÊ ESTÁ MALUCA HELOÍSA? COMO VOCÊ ME SAI DE


CASA SEM NENHUMA SEGURANÇA? QUERIA IR AO PARQUE
FALASSE. VOCÊ NÃO ENTENDE O PERIGO QUE ESTÁ
CORRENDO NÉ? — eu gritava e ela mudou sua feição, ela estava
irritada.

— NÃO, EU NÃO SEI. VOCÊ NÃO CONVERSA COMIGO, NÃO


TE VEJO CHEGAR, NEM SAIR. NÃO SEI MESMO QUE PERIGO
EU CORRO. SÓ SEI QUE ESTOU CANSADA DE FICAR ASSIM
SEM FAZER NADA. — ela gritou e minha raiva meio que se desfez,
passei a mão nervosamente pela barba. Eu não posso estressar ela,
conseguia quase ouvir a voz da dona Catarina na minha cabeça.

— Recebi uma foto sua. Então eles estão bem olhando você. Carly não
está sozinha nessa. Custa ficar em casa? — falei com mais calma.
Preciso que ela se acalme. Sei que posso evitar isso, preciso ter mais
tempo pra ela. — Eu vou tentar ficar mais em casa.

Depois de conversar com a Heloísa e finalmente nos entender, eu


suspirei um pouco mais aliviado. Segui pro escritório e comecei a
conversar com meu advogado que disse que toda a polícia esta do
nosso lado, como não estaria também né. Logo depois entrei em
chamada com Augusto.

— Henrique, descobrimos o próximo destino da Carly. — falou assim


que atendi.

— Junta alguns homens, vamos hoje mesmo seja pra onde for. — falei
rápido. Não posso esperar nenhum minuto, preciso terminar com isso
logo.

— Ok, nos encontramos em duas horas na empresa. Lá falamos sobre o


destino. — falou e desligou.

Eu teria que conversar com a Heloísa, essa viagem não veio em boa
hora, pois estou preocupado em deixar a Heloísa por aqui sozinha, mas
eu preciso me livrar disso agora. Quanto mais rápido eu conseguir
resolver tudo em relação Manoela, mas rápido consigo ficar com
Heloísa e acompanhar sua gravidez. Suspirei. Me levantei e sai em
busca dela, depois de procurar no quarto fui ao jardim, ela estava
sentada com a cabeça jogada pra trás. Me aproximei e sentei perto
dela. Eu não sei mas desde que olhei pra Heloísa a primeira vez, eu
sabia que ela seria a pessoa certa. Sei que não gostou muito da história
da viagem, mas também entende que as coisas precisam ser resolvidas.

— Eu amo você. Se cuida por favor. — dei um beijo em sua testa e


depois em sua boca.

— Primeiro Henrique não precisa se preocupar, eu vou estar aqui


quando voltar. Agora espero que você volte inteiro, do jeitinho que foi.
— falou e me abraçou apertado. Por um momento não quis sair de
casa.

Cheguei na empresa e meu irmão, junto a 5 seguranças, mais o


Augusto estavam me esperando na minha sala. Começamos a passar
um plano, sabíamos onde seria sua reserva e qual horário ela chegaria
na cidade. O ponto chave seria eu entrar no seu quarto sem que ela
pudesse desconfiar ou voltar atrás. Passamos e repassamos o que
poderia ser feito, Gael estaria ali só por que cismou que não poderia
me deixar sozinho. Depois de pensar um pouco ficou decidido que
alugaríamos carros, nada parecido com o da nossa família, eu teria que
esperar ela entrar no hotel e só então entraria.

— Vamos Henrique. — Gael me chamou pois ficaria no carro com ele


e Augusto, enquanto os seguranças iria no outro carro. Entrei e me
sentei no carona. Vamos demorar um pouco mais que o esperado, mas
nada que interfira no plano. — Você está bem calado.

— Estou preocupado irmão, e tenso. Não quero falhar dessa vez. Estou
com saudades da minha filha e hoje só volto pra casa com ela junto. —
falei enquanto olhava pro lado de fora. — Que dê tudo certo.

— Vai dar. — ele falou e o restante do caminho conversamos um


pouco e depois ficamos em um silêncio total.

Paramos o carro em frente a um hotel da cidade. Não saímos do carro


por que não podemos ser visto, não sei quem está vigiando ela. Quando
sair do carro vai ter que ser jogo rápido, já tenho o número do carro,
não posso pensar em dar a ela oportunidade de fugir. Minhas pernas
não paravam de balançar entregando todo meu nervosismo.

— Henrique acho melhor você levar isso aqui. — Olhei pra Augusto
que tinha uma arma na mão. Levantei a sobrancelha. — Não sabe o
que vai te esperar.

— Tudo bem. — peguei e coloquei na cintura, colocando o terno em


cima.

— Parece que chegaram. — Olhei pra entrada. Carly desceu de um táxi


com Manoela que parecia abatida e que pouco tem se alimentado,
minha filha tinha olheiras. Me controle muito pra não descer e tirar ela
dali. Esperei alguns minutos depois que entraram, os seguranças já
tinha se posicionado na entrada. Desci do carro andando rapidamente
pra entrar no prédio. Na recepção disse apenas que minha esposa
estava me esperando, não foi difícil convencer que eu entrasse. Subi
até o andar de seu quarto, meu corpo cada vez mais era dominado pela
adrenalina. Cheguei na porta e bati na porta, ouvi sua voz do outro
lado.

— Pelo menos um dia você chega no horário né? — ela abriu a porta e
quando me viu o sangue fugiu do seu rosto, ela tentou fechar mas não
poderia competir comigo.
— Vejo que esperava outra pessoa. — falei e entrei. Manoela assim
que me viu correu pro meu colo, apertei minha filha tão apertado que
talvez tenha lhe faltado o ar, mas sei que a saudade era recíproca já que
ela tinha lágrimas nos olhos. — Papai está aqui princesa.

— Pensei que não fosse mais te ver. — ela falou com a voz de choro.
Olhei pra Carly que estava aparentemente nervosa.

— Você vai embora comigo hoje pequena. — falei.

— Ela não vai. Ela vai morar comigo. Você não vai levar minha filha
pra viver com aquela babá. Pensou mesmo que seria tão fácil se
separar de mim?— Carly falou alterada. — Eu vou tirar esse dinheiro
que você tem e também a Manoela.

— Carly cala a boca. Você não vai tirar nada, pensa mesmo que vai
conseguir, olha o que você criou. Acha que isso lhe ajudou algo? Fugir
com minha filha? Tentar tirar de mim, dinheiro? O que você está
pensando ? — falei tentando manter a calma.

— Você e aquela vadiazinha não vão ficar juntos, nem que pra isso eu
tenha que fazer uma loucura. É por causa dela que você quer me tirar
tudo né? — minha raiva subiu.

— VEJA BEM COMO VOCÊ FALA DA HELOÍSA. EU NÃO TE


DARIA O QUE ME PEDIU NEM SE ESTIVESSE LOUCO. NÃO
BASTA O QUE ANDOU DESVIANDO DA EMPRESA. — gritei
fazendo ela se encolher. Desci Manoela e peguei meu celular discando
número de Gael. — Vem pegar Manoela e traz dois seguranças. —
desliguei rápido.

Gael chegou rápido e suspirei aliviado quando Manoela correu pra ele.
Logo saíram eu me encostei na parede. Tentando me controlar pois
estava ao ponto de fazer uma besteira.

— Sabe Carly, eu tenho pena de uma pessoa como você. Me roubou,


você sabe que sempre lhe dei o que queria, mas ainda sim pegou
dinheiro. — falei com um tom irônico.

— PEGUEI MESMO. VOCÊ É UM BABACA, BURRO, COMO


NUNCA NOTOU O TANTO DE DINHEIRO QUE EU TIRAVA DE
VOCÊ? SÓ QUE EU QUERO MAIS, EU QUERO TIRAR TUDO
QUE VOCÊ TEM. POR QUE EU MEREÇO. VOCÊ E AQUELA....

— PENSA BEM ANTES DE FALAR DA MINHA MULHER. —


gritei e segurei seu rosto com força . — Você não vai ter nada do que é
meu. Nem minha filha você tira de mim. Não lembra que assinou um
documento? Você ainda sim foi burra e saiu com ela da cidade.

— EU VOU DESTRUIR VOCÊ. — ela estava visivelmente nervosa e


eu controlava a raiva que sentia.

— Não você não vai. — falei e me afastei. — Quero você longe da


Manoela, e longe de todo mundo da minha família, ou eu acabo com o
que você chama de vida.

— Você não tem esse poder. — soltei uma gargalhada e olhei pra ela.

— Acho que me conhece, não vai pagar pra ver né? — falei
caminhando até a porta.— Ah antes que eu me esqueça, seus cartões
estão todos bloqueados, suas contas travadas, não tem como
movimentar dinheiro algum. Ao menos que tenha dinheiro com você,
espero que dê um jeito com o hotel.

— Você não pode fazer isso. — ela correu até mim e começou a me
bater. Me virei e segurei seus pulsos.

— Então veja. — larguei e sai batendo a porta.

— Eu vou matar vocês. — gritou mas pela distância eu já ouvia de


longe. Entrei no carro de volta e segurei Manoela contra mim, minha
filha chorava e senti minhas lágrimas descer também. Augusto agora
estava no banco da frente e Gael saiu com o carro.
— Papai, eu estava com medo de nunca mais ver você.

—Xiii.. papai está aqui agora. — coloquei ela em meu colo e comecei
a cantar baixinho. Manoela mexia em minha barba, precisou de poucos
minutos pra ela estar dormindo. Eu fiquei olhando pra ela e suspirando
aliviado, pois agora vamos estar em casa e poderei finalmente cuidar
delas.

— O que vai fazer com Carly? — Augusto perguntou.

— Ela não tem muita opção a não ser aceitar o nosso acordo. Ela não
pode mais mexer em nenhuma de suas contas. — falei e Gael me olhou
pelo retrovisor.

— Henrique ela roubou a empresa. Não vai fazer nada quanto a isso?
— perguntou e eu respirei fundo.

— Eu ainda não pensei sobre isso. Eu preciso de uma semana de paz


irmão, apenas uma semana. — falei um pouco cansado. — Faz dias
que não durmo. Minha cabeça não pensa em mais nada que não seja
respirar.

— Deixar ela impune não é uma boa opção. — Augusto falou em um


tom baixo.

— Por isso quero que fique de olho nela, quero saber sempre
exatamente quais são seus passos, até mesmo onde anda comendo. —
Olhei pra eles que pareciam contrariados com minha decisão, mas
sabia que nenhum deles falaria algo.

— Vou cuidar disso. — meu amigo falou e eu fiquei em silêncio.


Quando chegar em casa eu quero conversar com Heloísa, quero ver
como Manoela vai reagir a tudo que temos que contar. Soltei um
pequeno sorriso, ao lembrar de meu sonho de dias atrás. Eu não quero
que minha filha pense que Heloísa foi culpada de algo. Hoje eu sei que
meu ultimo pensamento vai ser Carly. Deixei meu corpo relaxar um
pouco, eu estou me sentindo mais leve, como se tivesse tirado um
grande peso das costas.

— Como acha que Manoela vai reagir? — Gael me perguntou depois


que Augusto desceu do carro. Olhei pra minha filha que ainda dormia
como um anjo, ela parecia tão cansada como eu. Seu suspiro era longo.

— Não sei. Ela gosta muito da Heloísa, mas não sei como foi esses
dias com Carly. Acha que devo me preocupar?

— Vai ser uma surpresa e tanto, vamos ver. Já pensou em contar pros
pais sobre a gravidez da Heloísa? — perguntou e eu tinha me
esquecido de que eles ainda nem sabiam que seria avós de novo.
Minha mãe parece gostar tanto dela, meu pai mesmo sendo mais
discreto, também não me parece ser contra.

— Uma coisa de cada vez por favor. — falei e ele deu de ombros.
Mais uma coisa a se pensar. Paramos em frente em casa, era de
madrugada. Entramos na garagem, tudo estava em silêncio, desci do
carro com Manoela no colo. Subi com ela com cuidado e coloquei no
quarto que ela tinha aqui. Espero que ela durma o restante da noite. Dei
um beijo em sua testa e fui até o meu. Entrei em silêncio e me assustei
quando não vi Heloísa. Um barulho vinha do banheiro, fui até lá, ela
estava de joelhos no chão perto do vaso. — Amor?

— Henrique? — ela me olhou e se levantou com certa dificuldade, me


aproximei pra ajudar. — Pensei que não iria vir hoje.

— Não queria ficar mais um dia longe.— falei olhando ela que
escovava os dentes. Eu tirei as minhas roupas e fui pro box, tomei um
banho quente que me ajudou a relaxar por completo. Me deitei junto
com ela, puxei seu corpo pro meu. — Manoela está no quarto ao lado.
— O corpo dela ficou tenso e beijei sua cabeça. — Vai dar tudo certo.

— Espero Henrique. — falou e se ajeitou na cama. Sei que ficou um


pouco nervosa com o fato de Manoela ter voltado. — Ela está bem?
Digo sem nenhum arranhão.
— Parece só que não andava comendo, emagreceu. — ela se virou pra
mim.

— Preciso de você ao meu lado quando falar com ela. — falou e eu


sorri alisando seu rosto.

— Vou estar bem aqui. Agora vamos descansar. — ela se aninhou


deitando em meu peito e jogando as pernas sobre mim. Não demorou
pra pegarmos no sono.

Heloísa

Henrique saiu e eu me sentei na biblioteca tentando procurar algo que


tirasse meus pensamentos de lá. Fechei meus olhos e orei por um
momento pedindo que ele voltasse em segurança pra casa. Os pais de
Henrique saíram, então eu estava em casa apenas com os seguranças.
Peguei meu celular e decidi falar com minha mãe, estou com saudades
da minha baixinha. Coloquei em chamada de vídeo e esperei até ela
atender.

— Oi minha filha. — ela estava com um lindo sorriso no rosto, parecia


bem. — Como estão as coisas?

— Oi mãe. Está... — Pensei se falava tudo que está acontecendo,


sabendo que ela poderia pegar o primeiro voo pra cá decidi não entrar
em detalhes. — estão bem, só que esse enjoo não me deixa. Não sei
mais o que fazer.

— Procura um médico logo Heloísa. Não acredito que Henrique ainda


não fez isso. — falou e eu suspirei.

— Vamos ver isso essa semana. Os pais dele não sabe ainda. — falei e
ela revirou os olhos. — Estamos pensando em contar quando fizermos
todos os exames. Como Guilherme está?

— Está bem. Agora deve ter estar dormindo. Como foi com Manoela?
— perguntou e eu quase me engasguei, mas tentei não parecer nervosa.

— Ainda não estou preparada pra encontra-la. — Não estava


mentindo, eu não sei mesmo se quero que o encontro aconteça agora.

— Sabe que uma hora vai acontecer né? — concordei. — Tudo bem
filha, a mãe precisa desligar. Me ligue mais vezes. Sinto sua falta.

— Também sinto muito sua falta mãe. — falei e ela sorriu. — Amo
você.

— Também amo você. Se cuida. — falou e desligou.

Depois de muito procurar achei um livro que pudesse prender minha


atenção pelo menos por algumas horas. Me deitei no sofá e comecei a
folhear as folhas. Peguei meu celular em um momento na esperança de
ver qualquer notícia que seja do Henrique. Estou começando a ficar
impaciente e ansiosa, me levantei e fui até a cozinha, revirei algumas
coisas e fiz um sanduíche, eu estava comendo mais pra passar o tempo.
Aqui nos pais de Henrique é engraçado, quase nunca esbarramos em
funcionários, Dona Ester vive na cozinha, o que me faz pensar que ela
ama cozinhar.

Entrei no quarto tirei minha roupa e coloquei uma camisa de Henrique,


que fica como um vestido. Me revirei tanto na cama, não achava
posição pra dormir. Sei que já estava tarde, fui até a grande janela do
quarto e fiquei olhando a rua que agora estava em um completo
silêncio. Eu não estou me sentindo muito bem, acho que a mistura que
fiz não foi muito boa. Corri pro banheiro quando a vontade de vomitar
veio com mais força, me ajoelhei perto do vaso. Fiquei ali por vários
minutos, quando aliviou respirei um pouco, mas a vontade voltou com
tudo, escutei passos e já sabia de quem era por que seu cheiro lhe
entregou. Já estava cansada quando finalmente senti um alívio. Tentei
me levantar, mas já estava meio fraca, Henrique correu pra me ajudar.
Pensei que ele nem viria hoje, não imaginei ver ele pela madrugada.

Deitamos na cama, conversamos sobre como seria com Manoela, mas


nem sei como a menina vai reagir, é difícil. Ser a babá legal é fácil,
agora ela vai me ver como alguém que separou seus pais. Isso é o que
me deixa mal, eu amo Henrique, não esperava me apaixonar assim por
alguém tão diferente de mim, mas ao mesmo tempo tão completo. Me
esforcei pra não pensar nisso agora, não quero.

Pela manhã eu estava ouvindo vozes, mas me recusei a abrir os olhos.


Quando identifiquei a voz senti o ar me faltar por um instante.

— Papai, você namora a tia Heloísa agora? — sua voz estava


sonolenta. Fingi que ainda dormia.

— O papai ainda nem pediu isso filha. Só que eu amo essa menina
aqui e espero muito que você entenda isso. — Henrique falou calmo,
prendi a respiração esperando alguma reação da menina.

— Isso quer dizer que a Tia Heloísa não vai embora mais?

— Nem se ela quiser. — Henrique falou ainda mantendo um tom


suave, não parecia nenhum pouco nervoso.

— Então eu entendo. Acorda ela papai, eu quero dar um abraço nela.


— senti as mãos de Henrique alisando meu rosto e fui abrindo os olhos
aos pouco. A menina sorriu pra mim e me senti aliviada. — Oi tia
Heloísa..

— Oi minha pequena. — ela pulou em mim e me abraçou apertado.


— Filha assim você machuca ela. — Henrique falou quando Manoela
se mexeu ficando em cima da minha barriga. Ela então se sentou ao
meu lado.

— Tia, agora você vai ficar comigo? Vai cuidar de mim? — Olhei pra
menina que agora tinha olheiras fundas.

— Vou. Vamos começar se alimentando né dona Manoela. — me


levantei e Henrique me olhou por inteira, revirei os olhos soltando um
pequeno sorriso.

— Eu quero um chocolate quentinho. — a menina falou e eu concordei


indo ao banheiro pra colocar uma roupa.

Descemos pro café da manhã, e quando dona Ester viu a neta chorou
emocionada. Seu Gustavo apesar de bem sério sorriu com a menina.
Gael bagunçou os cabelos dela. Henrique parecia tão feliz que seus
olhos se fechavam a cada sorriso. Meu enjoo matinal parece ter dado
uma trégua por hoje. Me sentei ao lado do meu, na verdade ainda não
sei ao certo o que tenho com Henrique.

— Vovó você sabia que meu pai e a Tia Heloísa estão namorando? —
ela falou e isso me fez engasgar com o suco. Henrique deu um sorriso
de lado, Gael caiu na gargalhada. E dona Ester sorriu pra neta.

— Você está feliz com isso? — ela perguntou pra menina.

— Sim vovó, agora a Tia Heloísa vai ficar comigo e vai fazer o papai
feliz. Ele até anda sorrindo olha. — falou apontando pra Henrique, que
corou como nunca vi antes.

— Eu concordo com você princesa. — Dona Ester falou, eu abaixei a


cabeça e evitei olhar muito para todos. Estava me sentindo um pouco
desconfortável com toda atenção voltada pra mim, tentei observar
Manoela que comia com gosto tudo na sua frente. Sorri por um
momento, essa menina tem algo especial que mexe comigo.
Quando todos terminaram eu me levantei, a pequena me acompanhou e
fomos para o jardim aonde ela me propôs brincar de pique esconde, e
passamos vários minutos nos divertindo. Parece que o momento de
calmaria chegou, me sinto aliviada de poder curtir um momento assim.

— E a princesa voltou pro reino junto com seus pais e viveu feliz para
sempre. — terminei mais uma vez a história da Rapunzel. Manoela me
olhava com os olhinhos brilhando, ela ama as histórias.

— Igual eu voltei pra casa com meu papai.— ela falou e eu abri um
pequeno sorriso e baguncei seus cabelos.

— Toc Toc. — Henrique falou ao chegar na porta do quarto dela. —


Posso entrar princesas?

— Claro papai, é sua vez de contar uma história bem legal. — Ela
correu pros braços de Henrique. Ele se sentou ao meu lado e começou
a brincar com a menina, eu fiquei admirando sua paciência com ela, a
forma que ele trata sua filha encantaria qualquer um que olhasse de
longe, pelo menos sempre vi o quanto Manoela gostava dele em casa.
Tentei me levantar pra deixar eles terem o momento pai e filha, mas
Henrique me segurou.

— Pode ficar aqui. — falou e eu me calei, enquanto ouvia mais uma


vez a história de alguma princesa. Isso me fez pensar no meu bebê,
será que vai ser uma menininha também? Seria bom por que já vou
estar treinada com esse tanto de princesa. Já se for menino não sei
como será, nem de super herói entendo. — Agora que terminamos
vamos jantar e depois cama mocinha.

— Nem vi a hora passar. — falei e assustando com o horário.

Preciso muito ir ao médico ver como está sendo minha gravidez, eu sei
que precisa tomar algo agora no início. Não conheço quase nada aqui,
principalmente médicos, isso me lembrou de pedir ajuda a Dona Ester,
mas o fato dela não saber sobre minha gravidez complica as coisas.
Entrei no quarto me jogando na cama, o jantar foi tranquilo já que só
estava eu, Henrique, sua mãe e Manoela. Ele por sinal foi colocar a
pequena pra dormi, vou aproveitar esse tempo pra tomar um banho. De
banho tomado eu coloquei uma camisola e me deitei novamente.

— Ela dormiu rápido hoje. — ele deu uma parada ao me ver só de


camisola. — Está linda.

— Obrigada. — falei e abaixei o olhar um pouco sem graça. Ele se


aproximou e levantou meu rosto selando nossos lábios. Logo depois
foi pro banheiro e saiu de lá ainda com gotas de água e apenas de
cueca. — Preciso ir ao médico Henrique, eu quero saber como está
tudo aqui dentro.

— Conheço um bom, vamos amanhã. — se deixou ao meu lado. —


Quero te levar a um lugar amanhã. Na verdade uns lugares

— Que lugares seriam esses? — perguntei com um sorriso.

— Amanhã você vai ver curiosa. — me puxou pra ele e começou a


beijar meu pescoço, fechei olhos aproveitando o que seus beijos me
causavam. Sua mão foi pra minhas costas e logo depois estava
apertando minha bunda trazendo mais meu corpo pra si.

— Henrique. — minha voz saiu um pouco fraca, afastei um pouco ele.


— O que sou sua?

— Você ainda pergunta? — falou com um sorriso e num movimento


rápido se colocou em cima de mim. — Você é minha menina. — deu
um beijo de leve na minha boca mordendo o lábio inferior ao se
afastar. — Alguém que amo. — Agora deu leve mordidas em meu
pescoço. — Você é minha namorada. — sua mão encontrou
rapidamente minha calcinha. — Você é minha mulher Heloísa, só
minha.

— Hum. — fiz um som sem abrir a boca, Henrique já tinha afastado


minha calcinha e seus dedos percorriam toda minha intimidade.
— Casa comigo? — Olhei pra ele assustada, e em seus lábios tinha um
grande sorriso. Fiquei séria, presa em seus olhos. Henrique pensa que
será tudo tão fácil, mas não acredito nisso. Não sei, algo me diz que
ainda teremos algumas dificuldades.

— Você ainda é casado, sabe disso. Pelo menos pela lei, você é. —
minha voz saiu um pouco triste. Ele me deu um beijo de leve.

— Mas tudo vai acabar. — falou alisando meus cabelos.

— Então quando tudo acabar pensamos nisso. — sorri e ele também.

— Isso é um possível sim? — perguntou e eu neguei, seu rosto ficou


sério.

— Isso é um, vamos caminhar antes de correr.— falei e lhe dei um


selinho, que iniciou um beijo.

Acordei pela manhã Henrique já não estava na cama, olhei a hora e


estava um pouco tarde, então ele deve ter ido na empresa. Me
espreguicei, tenho notado que meus enjoos tem sido menos frequente,
pelo menos agora sinto fome. Tirei o lençol de cima de mim, estava
completamente nua, a porta abriu e muito rápido me cobri.

— Calma amor sou eu. — Henrique estava apenas de calça de pijama.


Suspirei aliviada. Na sua mão tinha uma bandeja de café da manhã —
Pensei que iria te acordar.

— Isso é pra mim? — perguntei me sentando sem deixar a lençol cair.

— Claro. Quero que coma e logo depois vá pro banho pois vou com
você no médico, já está tudo certo.— concordei pegando uma das
torradas. Eu estava com fome que no primeiro pedaço minha barriga
protestou. – Podemos contar pros meus pais hoje a noite?

— Não sei se estou preparada, sua mãe gosta muito de mim mas não
sei o que ela pensaria sobre a gravidez. Já seu pai quase não se
comunica. Eles podem achar que fiz isso por conta do que vocês tem,
não quero....

— Xiiu, ninguém vai pensar nada meu amor, não deixaria. Olha pra
mim pequena, se hoje você carrega uma parte minha é por que fui tão
culpado quanto você, mas eu já amo esse pequeno pontinho meu em
você. — falou e alisou meu rosto. Henrique tem um lado tão carinhoso
que é capaz de me acalmar nas piores tempestades. Continuei comendo
em silencio, até que me senti satisfeita. Fui pro banho e logo depois
escolhi uma calça e também uma blusinha larguinha, olhei o tempo e
me pedia um casaco, escolhi um sobre tudo preto e coloquei. Henrique
logo apareceu de terno, ele era o homem de negócios perfeito, estava
sempre tão elegante e encantador. Difícil acreditar que alguém como
ele poderia se apaixonar por mim que não tenho nada a oferecer.

Chegamos no consultório, era um lugar amplo com algumas cadeiras


de espera, uma decoração simples e aconchegante. Eu me sentei ao
lado de Henrique, a recepcionista já havia pego meu nome e também
tudo que seria necessário para a ficha de pré atendimento. Eu
balançava as pernas um pouco nervosa, acho que estava mais pra
ansiedade. Ouvir meu nome fez meu coração quase saltar pela boca,
seguimos pro consultório. Uma moça elegante estava atrás da mesa e
levantou o olhar pra nós dois. Ela aparentava ter em média uns
quarenta anos, seu sorriso se abriu, era reconfortante.

— Olá Henrique, quanto tempo. E sua mãe como está? — parece que
se conhecem a anos.

— Oi doutora Fernandez, minha mãe está ótima. Assim como todos lá


em casa. — Henrique falou com um sorriso. — Essa é minha
namorada.

— Você é a Heloísa? Como ela é linda Henrique. — ela disse me


fazendo corar. Apertamos as mãos. — Bom sentem ai, vamos
conversar um pouco. Em seguida vamos para o exame de imagem.
Passamos vários minutos com ela explicando tudo, cada remédio que
iria fazer parte da minha rotina por alguns meses. Também
conseguimos ver o bebe, ela me prometeu que na próxima consulta de
pra ver o que estou esperando. Foi alívio saber que está tudo bem com
meu filho, Henrique prestava atenção em tudo, fico feliz que ele queira
compartilhar desses momentos. Quando saímos do consultório o
segurança já parou em uma farmácia e Henrique comprou tudo que
precisava. Voltamos a estrada e eu olhava pro lado de fora do espelho.
Estávamos em uma área mais distante da cidade, uma rua com casas
completamente lindas. O carro parou em frente uma e Henrique me
olhou.

— Vem comigo. — desceu do carro e segurou minha mão me dando


apoio pra fazer o mesmo. Ele me guiou até a porta da casa, tirou uma
chave do bolso e me entregou. — Abre.

Fiz o que Henrique falou. Me deparei com uma grande sala, três sofá
em um tom de marrom escuro fazia parte dos moveis, uma grande
televisão, tinha alguns vasos com plantas, alguns quadros na parede.
Caminhei pelo ambiente e achei uma cozinha que não ficava pra trás
em questão de tamanho, todos os móveis pré moldados, uma mesa com
no mínimo dezesseis lugares. As paredes de vidro dava uma visão
perfeita de um lindo gramado. Voltei passando pela sala indo até um
corredor, tinha um escritório, uma sala que parecia um cinema. Olhei
pra Henrique que mexia na barba me olhando. Deixei ele pra trás e
subi as escadas, tinha várias portas, todas elas eram quartos mas tinha
um que era especial, uma cama enorme estava no meio, uma porta toda
de vidro que dava na sacada, um banheiro que deve ser do tamanho do
meu quarto no Brasil. Era lindo. O tom azul forte era predominante.
Olhei pro meu namorado e parei olhando pro exterior, tinha uma
piscina, uma área linda pra festas.

— Essa casa é sua? — perguntei.

— Comprei ela a muito tempo, quando pensei em morar sozinho. Eu


gosto da tranquilidade do local. Pensei. — ele buscava palavras. —
Pensei que pudesse virar nossa casa, eu sei que ainda precisa mudar
algumas coisas, a decoração tem que ser do seu gosto. Tem o quarto de
Manoela pra terminar, mas se não gostar eu posso comprar outra, ou te
mostrar as outras opções...

— Calma. Eu amei a casa. Está linda do jeito que está. — me


aproximei dele e segurei seu rosto, selei nossos lábios. — Ainda falta
algo que não vi?

— Falta área externa, lavanderia, sala de brinquedos da Manoela. Essa


casa foi quando eu tomei a decisão de terminar, mas não aconteceu. O
resto você sabe. — concordei.

— Então vamos conhecer. — ele me levou em cada cômodo


explicando o que quer acrescentar, o que mais gosta, o que deveria
sair. Ele fazia planos encantado, como uma criança que estava prestes
a viajar pra outro lugar.

— Pode ser nossa casa? — ele perguntou quando saímos.

— É sua casa, mas posso ficar com você. — falei e ele me parou na
hora segurando meu rosto, olhando no fundo dos meus olhos.

— Vai ser nossa, tão minha quanto sua, nem que pra isso eu coloque
no seu nome. Não gosto quando você diz que algo é meu, ou que
precisamos caminhar. Eu não vejo a hora de ter você comigo, de por
uma aliança no seu dedo. — fiquei quieta e ele suspirou. — Parece que
você ainda não entendeu que eu te amo.

— Eu entendi, só não quero que pense....

— Ninguém vai pensar nada, ninguém tem nada haver com nós dois,
nem mesmo meus pais. Eu quero você em um lugar seguro e ter um
lugar pra chamar de nosso só isso. Pode ser? — falou um pouco
chateado.

— Tudo bem Henrique. – falei e ele me abraçou colocando minha


cabeça encostada no seu peito.
— Vou fazer os ajustes e nos mudamos semana que vem. — olhei pra
ele assustada. — Não podemos ficar nos meus pais pra sempre, sua
mãe deve querer vir te visitar também.

— Tá. Apressado. — ganhei um selinho e depois seguimos o caminho


de volta pra casa dos seus pais.

Henrique

Já teve a sensação de estar fazendo a coisa certa? O sorriso de Heloísa

e Manoela brincando me passa isso. A forma que elas ficam juntas em

como a minha loira trata ela como filha. Isso me acalma como

ninguém. Fiquei hoje pelo escritório, nosso combinado seria contar pra

minha família durante o jantar. Não sei como todos vão reagir, mas

espero que eles entendam. Entrei no quarto e ouvi a voz da minha

pequena. Ela ria pro celular, seu sorriso tinha uma lágrima também.

— Eu ouvi o coração mãe, está tudo bem. — falou e me olhou

rapidamente.

— Eu queria estar perto de você. — dona Catarina falou com a voz

também embargada.
— Eu também queria você perto de mim, sinto sua falta minha

baixinha. — esse momento mexeu um pouco comigo, era como se a

Heloísa não estivesse muito feliz em estar aqui.

— Assim que der eu vou te ver tá bom minha filha. Agora vai se

aprontar pro seu jantar. — falou e depois de uma despedida Heloísa

largou o celular e me encarou.

— Quer ir ver sua mãe? — perguntei e ela ficou apenas me encarando

por um longo tempo. — Não precisa se sentir mal, sei o quanto sua

mãe faz falta pra você.

— É ela faz.— falou e entrou pro banheiro. Ficou lá dentro por um

longo período. Foi tempo suficiente pra eu conseguir pegar o número

de dona Catarina em seu celular.

Heloísa se arrumou pro jantar em silencio, não fez muita coisa mas só

de colocar um vestido longo deixou ela, tão linda. Eu amo essa mulher

e se for preciso por ela eu devolvo um jatinho e vou buscar sua mãe.

Me aproximei enquanto ela olhava seu reflexo no espelho e beijei seu

ombro, ela me encarou e então virei ela pra mim. Segurei seu rosto.
— Não fica tão tensa por conta de um jantar. — falei e a abracei.

Descemos pra sala de jantar, meus pais já estavam sentados em seus

lugares. Heloísa se sentou ao meu lado e por baixo da mesa segurei sua

mão, Manoela estava conversando com Gael e meus pais interagiam

entre si. As pernas da minha namorada não parava de balançar, posso

dizer que qualquer um que prestasse atenção nela conseguiria ver seu

nervosismo. Ela mal tocou na comida, disfarçava ao dar umas garfadas

quase vazia.

— Gente eu preciso dar uma notícia a vocês. — falei e assim ganhei a

atenção de todos. — Como vocês sabem estou com a Heloísa, fui até o

Brasil por causa dela, mas tudo isso tem um motivo...

— Ela está grávida. — minha mãe completou e eu a encarei. — Filho

eu poderia dizer que não notei, mas Heloísa mal anda comendo, já vi

suas caras de enjoo. E posso dizer que o corpo dela também está

mudando.

— Isso é serio? — Gael perguntou e eu concordei. Olhei pra loira que

ficava em silencio, meu pai continuou comendo como se nada


estivesse acontecendo, percebeu o silêncio que o cercava e olhou pra

nós.

— Espero que não tenha engravidado pensando em algo relacionado a

empresa. — falou ríspido. — Ainda precisamos confirmar se é mesmo

seu Henrique.

— Pai eu confio na Heloísa. — falei e ele negou com a cabeça.

— Do mesmo jeito que confiou em Carly. — falou e nessa hora

Heloísa se levantou, saindo da sala de jantar.

— Pai eu só peço que respeite mais a Heloísa, ela vai ser minha esposa

e estou feliz com isso. Espero que você fique também quando conhecer

a menina de verdade. — falei e seu olhar pra mim era frio. Esse seu

jeito me tira do serio, não me conformo.

— Calma meu filho. Seu pai apenas se assustou com a notícia e falou

mais do que devia. — minha mãe como sempre tentou acalmar.

— Eu vou ter um irmãozinho Papai? — Manoela falou com um pouco

de empolgação.
— Sim meu amor, ou irmãzinha. — ela bateu palminhas e isso me fez

sorrir. — Agora se vocês me der l......

— Senhor Henrique. — meu segurança entrou e parecia nervoso. — A

senhora Heloísa passou muito rápido por nós e entrou em um táxi que

estava passando na hora. Não... Não conseguimos impedir.

— Merda! Vou ligar pra ela. — me levantei da mesa e peguei meu

celular.

As chamadas todas iam pra caixa postal, olhei pro meu pai que

permanecia como se nada estivesse acontecendo, eu revirei os olhos.

Me levantei quase derrubando a cadeira e corri pro lado de fora. Pensa

Henrique, você precisa imaginar aonde ela iria a essa hora, num

momento de emoção. Eu bati no carro e estava irritado por nenhuma

ideia surgir, até que me lembrei do Brasil, Heloísa adora parques, ela

gosta de estar neles quando tem algum problema.

— Pro parque. Pra todos eles, em algum eu devo encontrar minha

mulher. — voltei as inúmeras chamadas nenhuma delas concluía. Eu

não sei o que meu pai tem pensado, parece que ele não está muito a
favor da Heloísa. Isso me faz pensar que preciso acelerar os ajustes da

nossa casa, não quero ver minha pequena mal por estar ali. Na verdade

se ela quiser vou hoje mesmo pra lá. Não quero que ela passe por

situações que a deixe triste.

Rodamos em dois parques próximos, mas não achei ela, isso está me

deixando cada vez mais apreensivo. O celular dela ainda estava

desligado. Passamos pelo último parque mais ainda sim não tinha sinal

da Heloísa. Meu nervosismo só aumentava e eu não sei mais aonde

procurar por ela. Voltei pra casa e assim que abri a porta minha mãe

veio na minha direção.

— Cadê ela Henrique? — perguntou olhando por cima do meu ombro.

Suspirei.

— Não sei mãe. Não sei aonde procurar. — falei um pouco

desanimado.

— Calma meu filho, ela vai voltar. — falou alisando meu rosto.

Me joguei no sofá e comecei a pensar em algum lugar que a Heloísa

pode ter ido, ela quase não teve tempo de conhecer a cidade, ela vivia
apenas em shoppings ou parques com a Manoela. O último lugar que

levei ela foi... É isso, ela pode ter ido lá, mas como iria entrar. Me

levantei sem falar com ninguém e corri pro quarto, as chaves estavam

na gaveta do criado mudo, abri a mesma e não encontrei. Matei a

charada, ela foi exatamente pra onde eu queria levá-la. Corri pro meu

carro e logo tinha seguranças atrás de mim, em seus carros. Cheguei

em frente a casa e a porta estava aberta, suspirei aliviado. Heloísa

estava jogada no sofá com os olhos banhados de lágrimas, seu olhar

estava focado no teto. Me aproximei e mesmo sabendo que estava ali

ela não me encarou.

— Pequena? — chamei e me sentei no chão próximo a ela. — Não fica

assim. Não liga pro que meu pai disse.

— Eu nunca quis atrapalhar ou entrar na vida de ninguém Henrique,

hoje me sinto intrusa com sua família, por mais que a dona Ester seja

uma simpatia e Gael seja um grande amigo, ainda não me sinto bem.

Eu quero ir pra casa, pra minha casa, com a minha família. — ela

suspirou. — Seu pai não está errado em querer proteger vocês, até

mesmo a empresa. Eu não quero nada.


— Eu sei. — fiz ela se sentar no meu colo, alisei seus cabelos na

intenção de acalma-la. — Acredite, eu sei de tudo isso. Eu também não

esperava me apaixonar por você, nem que eu fosse te enxergar com

outros olhos em tão pouco tempo, eu não esperava nada disso. Só não

quero que você duvide do meu sentimento.

O silêncio da Heloísa me deixou um pouco confuso mas eu sei que ela

hoje precisa de espaço. Fiquei com ela em meu colo até sentir sua

respiração ficando leve, percebi que havia dormido. Depositei um beijo

em sua testa e subi com ela pro quarto. Me sentei na cadeira perto da

cama e fiquei pensando em como uma pessoa pode mudar nossas

vidas. Heloísa entrou pra fazer a diferença, ela é doce, gentil, está

sempre sorrindo e todos ao redor dela se encantam pela menina

brincalhona e pela mulher decidida que vivem na mesma pessoa.

A semana passou rápido, eu já estava com Heloísa e Manoela na nossa

casa. Hoje eu preparei uma surpresa pra minha menina. Ainda sinto ela

meio pra baixo e decidi o que precisava fazer. Liguei pra sua mãe e

disse que precisava dela aqui, no início dona Catarina quase infartou

imaginando que algo poderia ter acontecido com a filha dela, mas
depois expliquei que era apenas por que Heloísa anda reclamando de

saudade e dizendo como queria que ela estivesse aqui. Combinamos

segredo e hoje dona Catarina, junto com Bianca, Guilherme estão

desembarcando em Seattle.

—A Mãe da Heloísa esta chegando hoje, preparei essa surpresa pra ela.

— falei com Gael. Ele sorriu.

— Você gosta mesmo dela viu, e parece que ela desperta seu melhor

lado. — sorri.

— Parece que sim. Vamos jantar com a gente hoje? — perguntei.

— Claro.

As horas passaram e no fim do dia eu estava no portão do desembarque

quando a baixinha morena sai, junto a Bianca e também Guilherme.

Me aproximei e ajudei minha sogra com as malas.

— Sempre quis conhecer isso aqui. Obrigada pelo presente Henrique.

— Bianca falou, sorri pra ela. — Mas não pense que está com passe

livre. Se fizer a Heloísa sofrer não vou perdoar você.


— Não pretendo fazer isso.

O caminho até em casa foi regado de conversas, eu gosto da energia da

família dela. Eles são leves, simples, parece sempre felizes, isso me

traz uma tranquilidade incomum. Minha menina teve a quem puxar.

Parei com o carro e todos fizeram silêncio. Quando entrei Manoela

veio correndo e logo Heloísa apareceu ficando paralisada ao ver a mãe.

Nesse momento eu vi como a saudade estava realmente grande, ela

chorava. Sua mãe lhe deu um abraço e logo sua amiga e irmão se

juntaram.

— Sinto falta de vocês. — a loira falou.

— Como você está ? Como está meu neto. — Heloísa limpou as

lágrimas abrindo um sorriso.

— Ainda não sabemos o sexo mãe. — falou abraçando mais uma vez a

mãe. Logo todos se voltaram pra mim que estava ainda na porta de

entrada com a Manoela no colo.

Depois de uma breve apresentação minha filha estava rindo com o Tio

Guilherme e com vovó Catarina, ela mesmo decidiu que os chamaria


assim. Fiquei olhando pra eles, Heloísa e Bianca estavam em um canto.

E então desde que voltamos do Brasil foi a primeira vez que vi o

sorriso da Heloísa tão radiante, isso me fazia sorrir também. Estou

mesmo um bobo apaixonado. Chamei todos para irmos jantar fora,

logo estava Manoela com um vestido de princesa, Heloísa saiu do

quarto com um vestido longo de alcinha, algo simples mais a deixava

tão linda. Escolhi pra hoje um dos melhores restaurante queria uma

noite perfeita, mandei o nome do lugar pra Gael. Me sentei ao lado da

minha namorada e ela segurou minha mão deitando a cabeça em meu

ombro.

— Obrigada pela surpresa. Amo você. — falou e eu selei nossas bocas.

— Tudo pelo sua felicidade pequena.— falei e recebi um sorriso largo.

Pronto eu pude respirar um pouco de paz, coisas leves e também pude

dar gargalhadas. A noite estava em um clima tão agradável que eu

daria tudo pra ter momentos como este mais vezes. Eu gosto de estar

em família, sempre gostei, era algumas das minhas prioridades, mas

acontece que com o tempo as viagens estavam me deixando mais

tranquilo e era como uma válvula de escape. Balancei a cabeça na


intenção de esquecer qualquer coisa negativa. Chegamos em casa já

estava tarde, Manoela dormia em meu colo e coloquei ela em seu

quarto. Entrei no meu e lá estava ela com uma camisola pequena com

os cabelos soltos e com seu sorriso que se fez presente a noite toda.

— Você parece feliz. — brinquei.

— Obrigada por sempre tentar me fazer se sentir amada. — falou me

abraçando. — Obrigada por trazer meu Brasil até mim.

— Faria tudo por você, não sei se entendeu, mas espero que entenda

agora. — falei e a beijei.


Heloísa
Minha barriga já aparente me dava a certeza que já não estava mais
sozinha, Manoela como uma boa irmã fazia questão de sempre
conversar com o pequeno que crescia em meu ventre. Hoje era dia de
ultrassonografia, iríamos nos três e a animação de Manoela contagiava
o carro.
— Tia Heloísa será que vai ser uma irmãzinha? — perguntou pela
terceira vez. Isso me fez gargalhar, ela estava inquieta com o
pensamento de que seria uma menina. Minha mãe e ela estão em times
opostos, já que Dona Catarina já colocou na cabeça que seria um
menino.
— Meu amor, daqui a pouco vamos saber tá bom? — falei e ela
concordou. Olhei pra Henrique que sorria olhando pra filha através do
retrovisor. Desci do carro quando paramos em frente a clínica, o carro
dos seguranças pararam logo atrás. Isso tem me irritado, Henrique
decidiu que precisávamos andar com esses engravatados o dia todo.
Depois que fomos pra nossa casa foram instaladas câmeras e também
muitos dispositivos de segurança, de brinde tem essas muralhas em
forma de homens, até pra ir no mercado eu tenho um desses em meu
encalço. Segurei a mão de Manoela depois de ajeitar seu vestido e
seguimos pra dentro. Fiz minha pré ficha e me sentei ao lado do
Henrique.
— Amor, vou ter uns dias tranquilos na empresa, pensei em viajar, o
que acha? — perguntou encarando o celular.
— Vamos ver se está tudo bem com o bebê e pensamos melhor nisso.
— ele agora beijou minha testa e concordou.
Se alguém me contasse que eu estaria vivendo isso hoje poderia rir
facilmente da pessoa, já que eu tinha minha vida toda planejada perto
da minha mãe e meu ex namorado, que por falar nele descobri através
de Bianca que ele está trabalhando bastante e ganhou um cargo
importante na empresa de seus pais. Fico feliz até por que Bruno é uma
pessoa boa demais. Minhas pernas está balançando um pouco ansiosa.
Pensamos em chamar o Gael e também dona Ester pra jantar lá em
casa e contar o que esperamos, acabou que depois do episódio com seu
pai, Henrique já não faz mais questão de chamá-lo pra nada.
— Heloísa Albuquerque. — meu nome foi chamado e eu me levantei.
Entramos na sala da doutora Fernandez e ela sorriu ao ver Manoela.
—Que menina linda. — a pequena menina sorriu e sussurrou um
obrigada. —Oi Henrique, Oi Heloísa. Como tem passado esse mês?
— Meus enjoos já acabaram, agora eu tenho sentido bastante azia, mas
nada que me incomode tanto. — falei e ela anotou em minha ficha, na
verdade tudo que falo vai pra esse pequeno bloco com meu nome.
— Nada além disso? — neguei — Tem tomado todas as vitaminas?
— Tenho sim. — Henrique prestava atenção em tudo, sei que seria
pelo simples fato de me cobrar tudo se caso eu esquecesse de algo.
— Vou passar alguns exames, só por que já chegou o período mesmo.
— ela fez alguns receituários. — Vamos ver como está esse
bebezinho?
— É agora que vamos ver tia? — Manoela sussurrou em meu ouvido e
eu concordei. Seus olhinhos brilharam. Me desfiz de meus casacos e
subi minha blusa. Me arrepiei quando o gel gelado caiu na minha pela,
logo as imagens borradas surgiram no monitor, eu olhava e conseguia
ver perfeitamente meu pequeno pontinho de paz, não está mais tão
pequeno assim já estava com cinco meses.
— E aí já querem saber o que ? — perguntou a doutora Fernandez e
Manoela soltou um sim bem empolgado, Henrique esperava ansioso.
— Sim doutora. — falei e ela riu de nós três.
—Você tem preferência? — neguei. Ela então olhou pra Manoela. —
E você princesa?
— Quero uma irmãzinha. — falou e eu ri.
— Papai? — a doutora falou olhando Henrique, que deu de ombros.
— Menino. — falou e eu o olhei, nem imaginava que ele tinha uma
preferência. Sempre que conversamos ele diz que queria só que ele
chegasse em paz e com saúde.
— Bom vejo que estão divididos, mas parece que o papai venceu dessa
vez. É um menino. — Henrique sorriu e me deu um beijo na testa logo
depois um selinho. Manoela deu de ombros e sorriu, mas sei que ela
queria mesmo que fosse uma irmãzinha já que tinha planos e diversas
brincadeiras em mente.
Depois de me vestir e também colocar meu casaco saímos do
consultório. Dentro do carro Manoela estava quieta, parece que ela não
ficou muito feliz com o resultado.
— Meu amor, seu irmãozinho vai poder brincar com você do mesmo
jeito. — falei me virando pra trás e alisando suas mãos.
— Tudo bem tia Heloísa. — falou e eu me estiquei pra dar um beijo
nela. Henrique não tirava o sorriso vitorioso dos lábios e isso me
deixava feliz.
Chegamos em casa e Henrique veio com a gente, comecei a fazer um
almoço pra nós enquanto um estava na sala vendo desenhos e o outro
estava no escritório resolvendo algumas coisas. Peguei meu celular e
comecei a ligar pra minha mãe de vídeo. Depois de um tempinho
tentando ela atendeu.
— Oi minha filha como estão as coisas? — vi que ela estava deitada
com Guilherme ao seu lado. Ele jogava no celular.
— Estou bem mãe e como vocês estão? —perguntei olhando para os
legumes que cortava.
— Estamos bem. Bianca esteve aqui ontem. Ela tem sentido sua falta.
— comentou e isso me lembrou que tenho que ligar pra ela.
— Também sinto muito a dela. Hoje descobri o sexo do bebê. — falei
e seus olhos curiosos ficaram em mim.
— Fala logo Heloísa. — pediu impaciente.
— É um menino mãe. Você estava certa.. — falei e ela deu um
gritinho vitoriosa. Soltei uma gargalhada de sua empolgação, mas eu
também pensei que queria está lá com ela, dar um abraço, comemorar
juntas.
— Eu sabia minha filha. E o Henrique como está? Gostou da notícia?
— perguntou e ouvi Guilherme falando que ia ensinar meu filho a
brincar de vídeo game. Soltei outra risada.
— Ele está bem mãe. Manoela que está um pouquinho decepcionada
por que esperava uma menina que fosse ler todas as histórias de
princesa juntos. — comentei por que isso está me deixando inquieta
por que sei que ela está chateada, e eu não sei como contornar essa
situação. — Não sei como convencê-la que um irmãozinho também é
legal.
— Ela vai se acostumar minha filha, pode confiar. — falou e como
palavras de mãe confortam né? Ficamos um tempo conversando
enquanto eu fazia o almoço. Desliguei quando estava indo ao escritório
chamar o Henrique, passei pela sala e mandei Manoela ir lavar as mãos
e segui pelo corredor. Ouvi a voz do Henrique bem irritado.
— Eu já tinha planejado pai. Você não pode mandar o Gael dessa vez?
— ele estava mesmo irritado. — EU NÃO VOU DESSA VEZ. SERÁ
QUE NÃO CONSEGUE PENSAR QUE EUD QUERO UM
MOMENTO TRANQUILO COM A MINHA FAMILIA? ....
IMAGINO MESMO QUE O SENHOR NÃO ENTENDA...
Depois de um tempo em silêncio eu me aproximei da porta e abri
devagar. Henrique estava com os braços apoiados na mesa e a cabeça
deitada sobre eles. Me aproximei e fiz ele me encarar , dei um beijo de
leve em seus lábios. Ele então me puxou pro seu colo e me abraçou.
— Não sei por que meu pai vai está agindo desse jeito. Confesso que
ele sempre foi o mais frio, mas agora ele está me irritando. —
comentou enterrando a cabeça em meu pescoço. Alisei seus cabelos.
— Ele deve está tentando te proteger. — suspirei. — Agora esquece
isso e vamos almoçar. Manoela deve está nos esperando.
— Já chego lá. — concordei e me levantei. Ele deve precisar de um
momento sozinho.
Coloquei a comida de Manoela e me sentei na mesa ao seu lado, me
servi de um pouco da comida, na verdade estava sem fome. Henrique
chegou e deu um beijo na testa da filha e um selinho em mim. Comeu
em silêncio e assim ficamos até Manoela terminar. Subi pro quarto
logo depois, com a pequena em meu encalço. Ela deitou ao meu lado
sei que tanto ela como eu acabaria dormindo, não demoraria muito.
Acordei ouvindo barulhos no andar de baixo, Henrique estava mesmo
estressado hoje. Ele gritava com alguém, então imaginei que sei pai
pudesse estar aqui. Fiquei com receio de sair do quarto, mas também
queria ver o que estava acontecendo. Me esforcei pra levantar da cama
sem que Manoela acordasse. Ainda no topo da escada eu conseguia ver
o Henrique andando de um lado para o outro praticamente esmagando
o celular em sua mão. Desci depois de me certificar que ele estava
sozinho.
— Aconteceu alguma coisa? — perguntei.
— Não. — respondeu ríspido. Encolhi com seu tom. — Nada que
precise saber.
— Tem certeza? — questionei por que sei que tem algo bem
complicado acontecendo.
— Já disse que não é nada. — concordei e fui pra cozinha, fiz um suco
e estava bebendo com calma. Caminhei até a área da piscina, a noite
estava fresca e com bastante estrelas no céu. Eu gostava de sentir o ar
fresco, do vento suave da noite, desde nova me sentia renovada quando
podia apenas ficar olhando o céu sem dizer nada.
Com as mãos repousando na barriga me encostei na espreguiçadeira,
fechei meus olhos e deixei minha mente completamente vazia. Foi
quando senti o primeiro movimento brusco do meu filho, abri os olhos
um tanto assustada, mas não consegui evitar de sorrir.
— Oi pequeno. Como você está aí dentro em? — alisei e sorri ainda
mais quando recebi mais um chute como resposta. — Está feliz hoje
né?
— Está falando com quem tia? — Manoela se aproximou coçando os
olhos. E se sentou na cadeira ao lado.
— Com seu irmãozinho, ele está chutando. Quer sentir? — pensei que
ela negaria, mas vi seus olhinhos brilhando. Ela se sentou no chão mais
próximo e colocou a mão. Logo o bebê novamente chutou.
— Oi irmãozinho. — era lindo de ver a cena. Ficou apenas nós duas
babando em cada chute que recebíamos. Quando entramos já estava na
hora do jantar, eu ia preparar mas Manoela pediu pra comer pizza,
então busquei o número e fomos pra sala esperar.
— Amor. — ouvi Henrique me chamar do escritório. Fui até lá e ele
parecia mais calmo. — Podemos conversar?
— Sim. — me sentei na cadeira de frente da sua mesa e esperei ele
falar.
— Carly me procurou. Ela quer ver Manoela e está me ameaçando se
eu não deixar. — falou rápido e aquilo me deixou um pouco assustada.
Ele olhava pra mim como se esperasse alguma reação, mas nem sabia
o que dizer. Ela é mesmo louca. E como assim ameaça? Eu tinha
algumas perguntas, mas nenhuma saía em voz alta. — Fala alguma
coisa Heloísa.
— Não sei o que falar Henrique. Como assim ameaça? Ela não era
nem pra estar solta por aí. — falei lhe encarando.
— Foi aí que errei. Eu não deveria ter deixado ela sair impune. Só que
eu deixei. E pensei que estava fazendo o certo. — falou abaixando o
olhar.
— Não fez. — falei e suspirei. — Desculpa falar assim, mas o que
pretende fazer agora?
— Não sei, vou pensar em algo. — ele passava a mão pela barba e
suspirava. — Só toma cuidado amor, por favor. Vou dobrar a
segurança.
— Não acha que já temos demais? — falei e ele negou.
— Quando se trata de vocês nenhuma segurança é demais. — falou e
eu sabia que não dava pra discutir com ele sobre isso.
— Tá. Então a Manoela queria pizza e eu pedi, estamos esperando na
sala. Seria bom se você se juntasse com a gente. — falei já me
levantando. Ele concordou e me seguiu até lá.

Henrique
Parece que hoje o dia que começou bem, com uma notícia maravilhosa,
minha menina está esperando um filho meu, um meninão lindo e saudável.
Mas foi só chegar em casa que os problemas começaram a surgir. Um de
meus seguranças me avisou que viu Carly rondando a nossa casa, e isso tirou
completamente minha paz. Preciso me manter mais em casa, e foi com esse
pensamento que atendi meu pai que me ligava insistentemente.
— Oi pai. — falei ainda olhando a tela do computador que mostrava imagens
das câmeras daqui de casa, eu queria ver alguma coisa que me ajudasse a
encontrar essa mulher.
— Henrique, você vai precisar viajar esse fim de semana. — falou e eu
respirei fundo, ele só pode está de brincadeira.
— Impossível pai. Estou com problemas com a segurança da minha família e
não posso estar longe agora. Manda Gael. — falei sem muita emoção. Ele
não iria me convencer de ir a uma viagem de negócios quando na verdade
isso aqui está começando a ficar bagunçado de novo.
— Preciso que você vá. — passei a mão pelo cabelo na intenção de aliviar a
raiva que crescia. Não era só por isso, minha irritação estava aqui só de saber
sobre Carly.
— Tenho uma viagem com a Heloísa e Manoela marcada. — falei.
— Cancela.
— Eu já tinha planejado pai. Você não pode mandar o Gael dessa vez? —
falei baixo controlando a raiva.
— Isso sempre foi trabalho seu. — meu pai ultimamente tem conseguido me
deixar estressado. Ele sempre foi mais trabalho, mas nunca pensei que
colocaria tudo abaixo disso.

— EU NÃO VOU DESSA VEZ. SERÁ QUE NÃO CONSEGUE PENSAR


QUE EU QUERO UM MOMENTO TRANQUILO COM A MINHA
FAMILIA?
— Isso pode esperar. — falou calmo, como se nada do que falei fosse
importante.
— IMAGINO MESMO QUE O SENHOR NÃO ENTENDA. — desliguei a
chamada. Nada vai me convencer a sair da cidade agora.
Heloísa entrou no escritório, nem precisava olhar pra saber que era ela quem
se aproximava, seu perfume invadia o local rapidamente. Ela é como uma
dose de calmaria no meio do caos, eu respirei fundo inalando seu cheiro que
agora estava próximo e me acalmei. Quando ela saiu, desliguei o monitor e
também segui pra sala de jantar. O almoço foi em silêncio, não queria
conversar, minha cabeça trabalhava o tempo todo em como achar a Carly e
não sei, quem sabe entregar ela a justiça, a um psicólogo não sei.
Sei que as meninas foi dormir quando a casa toda ficou em um silêncio chato,
gosto quando consigo ouvir suas conversas e risadas. Meu celular tocou e eu
observei a tela, o número não estava salvo, decidi ignorar, só que mais uma
vez ele insistia em tocar. Atendi.
— Henrique. — não acredito que essa mulher teve coragem de me ligar.
— O que você quer? Eu te deixei um aviso, um único aviso, que você ficasse
longe da minha família. — quase gritava.
— Eu quero ver minha filha. Eu ainda sou mãe. Você não pode me impedir
de vê-la. — soltei uma gargalhada falsa.
— Você só pode estar de brincadeira.
— Henrique, ela também é minha filha. Se você não me deixar vê-la, vou
levar na mídia, na justiça em todo lugar possível. — falou e eu respirei fundo.
— Leve aonde você quiser, agora começa a rezar bastante pra eu não te
encontrar, por que dessa vez você não vai ficar impune. — desliguei a
chamada e me segurei pra não jogar o celular na parede.
Parece que o dia resolveu se virar contra mim, nada estava sob meu controle
e isso me deixava vulnerável e completamente irritado. Joguei um vaso que
tinha próximo a mim no chão. Eu vou matar quem está ajudando Carly com
isso. Ela sozinha nem teria cabeça pra arrumar tanta confusão na minha vida.
Eu acho. Não sei o que esperar dela e de sua ganância por dinheiro.
Fui pra sala peguei uma dose dupla de whisky e virei toda de uma vez, me
servindo de outra. Eu andava inquieto pra um lado e para o outro. Tentava me
manter no controle. Preciso me manter calmo pra conseguir destruir essa
mulher. Heloísa desceu e eu acabei sendo grosso com ela, não era assim que
eu tinha planejado meu dia, eu queria está com ela deitado curtindo nossa
nova descoberta. Então pra resolver logo as coisas eu a chamei pra conversar,
sei que isso a deixaria um pouco assustada, mas ela também precisa saber o
risco que corre se por um acaso inventar de sair por aí sozinha como faz as
vezes. Depois de tudo resolvido fui pra sala me sentar com elas, com um
braço abracei Heloísa e com o outro Manoela. Ficamos olhando a grande TV
que passava alguns desenhos. Ali eu me senti em paz. Depois de comermos
uma grande pizza, Heloísa por Manoela pra escovar os dentes, eu fui colocar
ela em seu quarto. Contei história, mas antes de eu acabar ela me encarou.
— Hoje o meu irmãozinho mexeu papai. Eu estou feliz de ser um menino,
assim podemos brincar de tudo um pouco. De bola, de jogos. — sorri pra ela
com uma imensa felicidade, passei tanto tempo no escritório que esqueci de
ajudar ela a aceitar o pequeno que está vindo.
— Fico feliz de saber que aceitou ele com o coraçãozinho aberto minha
pequena princesa. — abracei ela e terminei a história. Enquanto ela alisava
minha barba até cair no sono. Sai de sua pequena cama com cuidado e
depositei um beijo em sua testa antes de ir pro meu.
Entrei encontrando Heloísa de camisola preta e um sorriso no rosto enquanto
olhava o celular. Meus olhos percorreram cada pedacinho de pele exposta.
Fui pro banheiro por que precisava me sentir renovado por completo,
demorei um pouco mais que o normal, quando voltei a loira ainda digitava
algo em seu aparelho e eu tirei de sua mão.
— Acho que está na hora de dormir né? — beijei sua boca e mordi seu lábio
inferior puxando um pouco.
— Não sei, não. Estou sem sono sabia? — passou a unha de leve em meu
pescoço. Me joguei do seu lado e puxei seu corpo pra cima do meu. Ela se
sentou causando um atrito entre nossas intimidades. — Acho que você está
bem tenso senhor Henrique, precisa relaxar. Que tal uma massagem?
— Sou todo seu — ela então deixou suas mãos percorrerem por todo meu
peito, hora ela segurava firme, eu outras apenas passava a unha. Descendo o
rosto até o meu pescoço, ela beijou ali, e foi descendo trilhando beijos e
carinho. Quando encontrou o cós da cueca que eu usava, ela me olhou com
um sorrisinho sapeca. Esse seu jeito menina me deixa ainda mais louco por
ela. Descendo a peça devagar, meu membro saltou pra fora e ela o segurou,
um toque firme mas suave. No automático fechei os olhos. Eu deixei o
momento me levar, senti sua língua o tocando de leve e soltei um gemido.
Então ela decidiu sugar com vontade, me fazendo sentir um grande prazer.
Em perfeito sincronia de sua mão e boca ela me levava pra um abismo ainda
mais profundo chamado Heloísa Albuquerque. Segurei seus cabelos e fiz ela
ir ainda mais fundo. — Chega amor. Se não, não vou aguentar.
Coloquei ela na cama depois de tirar sua camisola e também sua calcinha, me
coloquei em cima dela, fiz o mesmo que ela trilhando um caminho que eu
conhecia bem. Chegando aonde pulsava no momento, levei um de meus
dedos na sua abertura, introduzindo devagar. Ela estava tão molhada e isso
me fez sorrir. Levei os dedos na boca e voltei passando a língua dessa vez.
Nessa hora ela agarrou meus cabelos me puxando ainda mais pra ela. Adoro
quando ela faz isso. Não queria que ela atingisse o orgasmo agora, voltei a
beija-la aproveitando pra entrar nela. Em movimentos rápidos e fundos levei
Heloísa pra um orgasmo e a acompanhei.
— Heloísa. — falei seu nome enquanto me derramava nela. Me deitei ao seu
lado e trouxe seu corpo pra mim. Sua cabeça repousou em meu peito e fiquei
ali alisando seus cabelos até que ela pegasse no sono.
Heloísa

4 meses depois...
As coisas parece que pioraram desde que o pai de Henrique decidiu colocar
ele em praticamente todas as viagens de negócios possíveis. Isso começou a
me incomodar, mas já estava ciente de que essa luta eu não ganharia.
Henrique tentava de alguma forma suprir sua ausência com ligações sempre
que podia, mas não era a mesma coisa. Principalmente agora que vivo com
medo de Carly aparecer a qualquer momento. Manoela tem ficado bastante
tempo com dona Ester. Na verdade minha sogra até me chamou pra passar
esses dias em sua casa, bom. Neguei óbvio. Eu não iria cutucar onça com
vara curta, então mesmo sentindo medo ficava em casa. Hoje decidi chamar
Gael pra cá, sei que Henrique não vai gostar muito, mas caramba é seu irmão
e sempre se mostrou um grande amigo.
— Oi Lila. — ele chegou na porta com duas caixas de pizza. Como hoje o
Gael estaria aqui, Manoela também ficou. A verdade ela anda mais agarrada
comigo que o normal. Isso me deixa feliz. Ainda mais agora faltando tão
pouco tempo pro meu filho chegar. Meu pequeno Heitor. Depois de muito
pensar em nomes optamos por esse.
— Entra. Manoela já está descendo. — falei e fomos pra sala, como sempre a
TV estava pausada em um de desenhos de Manoela.
— A casa está com bastante seguranças né? — concordei e revirei os olhos.
— Isso não me agrada, mas compreendo. — comentei e ouvimos passos na
escada.
— Tio Gael. — a pequena correu e abraçou seu tio que riu como um bobo pra
menina. Está quase chegando o aniversário de 6 anos da Manoela, eu queria
fazer algo pra ela, mas com essa vida corrida de Henrique, vou ficar feliz se
conseguir apenas um momento nosso. Com um bolo, velas quem sabe.
— Você parece que cresceu pequena. — comentou ele.
— Eu também acho. Estou ficando grande e forte. — fingiu mostrar algum
músculo no braço.
Jogados no chão da sala, foi assim que ficamos depois de comer tanta pizza.
Minha barriga já estava grande demais, afinal entrei no oitavo mês de
gestação, tenho andado bem cansada e um pouquinho indisposta. Depois que
Manoela dormiu, Gael colocou ela no quarto e foi pro de hospede. Já estava
tarde, mas eu ainda estava sem sono. Limpei toda a bagunça e depois subi e
fui pro banheiro tomar um banho na intenção que ele me fizesse relaxar.
Sinto falta de Henrique em casa, da forma que só sua presença me traz uma
paz e eu consigo de fato relaxar. Sei que era tarde já, mas ainda sim resolvi
lavar o cabelo, isso me deixava renovada. Mas me levaria mais uns vinte
minutos no banheiro. Sai do banheiro de roupão e com uma toalha enrolada
na cabeça, na verdade eu tentava de toda forma fazer o roupão cobrir meu
corpo, claro que perdi essa guerra, minha barriga estava grande demais.
— Boa noite amor. — levei um susto com a voz do Henrique, ele estava de
terno deitado na cama com a cabeça apoiada na cabeceira afrouxando a
gravata. Não esperava ele em casa hoje, imaginei que só chegaria pela
manhã.
— Que susto Henrique, não esperava você hoje. — falei e ele se sentou
retirando o terno, e abrindo a camisa. Abriu um sorriso lindo e veio
caminhando até mim.
— Decidi vir embora logo que acabou a reunião. — falou e foi tirando a
toalha da minha cabeça. Seu olhos não desgrudavam dos meus. Balancei um
pouco a cabeça para o cabelo se ajeitar. Seus dedos fazia um carinho gostoso
na minha bochecha. — Você é linda. — Isso me fez sorrir. Depositou um
beijo na minha testa. — Eu amo você.
— Também te amo amor. — falei e subi a boca na sua, dei um selinho e o
abracei deitando a cabeça em seu peito. Sim agora eu estava completamente
relaxada.
— Vou tomar um banho pra deitar, estou cansado da viagem. — suas mãos
abriram mais o meu roupão. — Mas acho que não preciso dormir. Não agora.
— Rique. — falei com a voz um pouco alterada, minha respiração acelerou
com seu toque carinhoso. Descendo o rosto no meu pescoço ele deu um beijo
e foi descendo pros meus seios, sugou um deles fazendo todo meu corpo
arrepiar. Levantou e abriu um sorriso safado.
— Vou tomar banho. Não precisa se vestir não. — me deu um beijo. Fiquei
um tempo ainda parada e depois decidi secar meu cabelo. Henrique saiu do
banheiro passando a toalha em seu cabelo. Eu já estava deitada na cama,
tinha colocado uma camisa social dele e uma calcinha, elas já não me serviam
como antes. Meu namorado abriu um sorriso safado e eu correspondi. Logo
ele estava em cima de mim depositando beijos em meu pescoço.
Acordamos pela manhã com Manoela batendo na porta do quarto, pois o tio
Gael tinha feito algo pro café. Henrique me encarou como quem dizia, por
que o meu irmão está aqui.
— Ontem ele veio me fazer companhia. — como um bom ciumento ele
apenas me encarou e se levantou e foi ao banheiro, depois de escovar os
dentes ele desceu apenas de calça de moletom.
Tomei um banho e arrumei o cabelo em um coque, coloquei um vestido
soltinho, que mesmo sendo bem larguinho se prendia na minha barriga. É
bebê de mamãe você está crescendo muito rápido, sorri alisando minha
barriga. Decidimos o nome junto a Manoela e dei algumas opções, entre
Miguel e Heitor, parece que Heitor venceu, gostei o nome. Heitor
Albuquerque Ávila. Até que é um nome bem forte.
— Vamos descer meu amor, antes que seu pai brigue com seu tio. Do jeito
que é ciumento. — falei rindo. No andar de baixo o cheiro de bacon parece,
ou algo bem parecido exalava, fazendo minha barriga protestar e até mesmo
Heitor se movimentou. Entrei na cozinha e Henrique estava sério e Gael
rindo como sempre. — Bom dia Ju. Bom dia princesinha de tia. — Beijei o
topo de sua cabeça e ele deu um beijo na minha barriga.
— Bom dia cunhada. Você pode explicar pro seu marido, namorado, não sei.
Que eu apenas vim fazer companhia pra vocês, já que ele estava de viagem?
— Olhei pra Henrique e ele encarava o irmão com cara de poucos amigos.
Não aguentei e gargalhei, ele fica lindo com ciúmes, não imaginava que ele
era tão ciumento assim. Me aproximei dele ficando atrás de sua cadeira. Dei
um beijo em sua bochecha e depois um selinho rápido.
— Eu só estava com medo de ficar sozinha amor. Por isso chamei o Ju, e
ficamos até tarde vendo desenho com Manoela e ele acabou dormindo aqui.
— falei e ele concordou, mas não mudando sua expressão. — Homem
ciumento meu Deus.
Sentei na mesa e Henrique foi ficando mais tranquilo, ele e o irmão
conversavam sobre negócios, eu apenas comia. Não queria prestar muita
atenção no assunto. Manoela estava focada comendo seus ovos com bacon,
tomando também um suco de laranja. Quando terminei de comer coloquei
tudo na pia. Pegando também o de Manoela. Os meninos ainda comiam.
— Vamos ter um jantar semana que vem. — Ouvi Henrique falando.
— Não suporto esses jantares em que somos colocados como exemplo. —
Gael protestava.
— Amor, você vai ter que ir comigo. — olhei pra Henrique. Eu? Não sei nem
como me comportar nesse tipo de evento. — É tranquilo amor, Gael que é
chato.
— Não sei se quero ir. — fui sincera.
— Por favor loira. — insistiu e eu apenas concordei.
Depois do café Gael se foi. Henrique tinha tirado o dia de folga, então
decidimos ir ao parque com Manoela logo depois do almoço para que ela
pudesse brincar um pouco. Já estávamos no carro, com os seguranças atrás
de nós. Sentamos no gramado e deixamos a menina correr e brincar com
suas bonecas. Henrique deitou a cabeça na minha perna.
— E a Mãe de Manoela? — perguntei e senti o corpo dele ficar tenso.
— Ela sumiu. — falou um pouco seco, sei que é por não querer render
assunto. Não falei mais nada sobre isso, fiquei ali apenas olhando pro nada.
Inalando um pouco de ar fresco. Coloquei a mão na barriga sentindo Heitor
mexendo, Henrique quando percebeu logo levou a mão e começou a
conversar com o nosso pequeno.
Henrique
Minha rotina está tão corrida entre várias reunindo e inúmeras vídeo
conferência, não ando com muito tempo pra minha família e isso
também tem me deixado um tanto irritado, fora que meu pai e eu
estamos se estranhando quase sempre por que faço de tudo pra recusar
viagem e então ele coloca a Heloísa como causadora da minha falta de
interesse no trabalho. Terminei uma reunião e teria mais uma, estava
um tanto longe de Seattle mas eu já tinha ligado e pedido o jatinho da
família, quero voltar pra casa hoje e tirar o dia de folga amanhã. Peguei
meu celular que vibrava na mesa. Era meu chefe segurança.
— Pronto. — atendi um pouco sem ânimo. Sempre que ele me liga sei
que não vem boa notícia.
— Boa tarde Henrique. A Carly ainda está rondando sua casa. Acredito
que ela está esperando uma brecha apenas. — Bati na mesa forte, estou
de saco cheio.
— Vai atrás dela. Cansei de ficar parado. — falei irritado. — Tragam
ela até mim. Vou ligar para alguns contatos, quero descobrir quem está
junto com ela.
Desliguei a chamada, pensei em ligar pra Heloísa perguntar como ela
está, mas então anunciaram que os futuros sócios haviam chegado.
Coloquei minha pose de homem controlado e como se não tivesse
problemas nenhum segui em frente com a reunião.
Já estava dentro do jatinho, impaciente. Fui informado que alguns de
meus seguranças tentaram alcançar a Carly mas foi em vão. Isso já está
fugindo do meu controle. Eu só quero chegar em casa. Encostei a
cabeça no encosta do assento e fechei os olhos, eu me esforçava pra
acalmar minha raiva. Preciso pensar em algo. Meu celular tocou e era
meu pai, pensei em duas antes de atender mas sei que ele insistiria.
— Oi pai. — atendi um pouco impaciente.
— Henrique, estou ligando pra avisar que teremos um jantar
beneficente semana que vem. Leva aquela menina. Pode levar a
Manoela também. — revirei os olhos. É mais um daqueles jantares que
eu apenas suporto.
— Ela é minha namorada pai, minha futura esposa. Dá pra ao menos
trata-la bem? — eu não estou nada satisfeito com a forma que meu pai
recebeu a Heloísa. Sei que começamos errado, mas ela me faz feliz.
— Só liguei pra avisar. Te passo o local por mensagem. — falou e
desligou. Joguei o celular no assento ao lado. Levei alguns 40 minutos
pra estar de volta a Seattle. Já estava de madrugada e fazia mais frio
nesse horário, isso fez meu corpo protestar, já que estava só de terno,
não sendo suficiente por hora.
Cheguei em casa e estava tudo escuro, deixei minha mala por ali
mesmo e subi. Abri a porta do quarto de Manoela e dei um beijo em
sua testa, ela dormia como um anjinho. Entrei no quarto e não
encontrei minha menina, mas ouvi barulho do chuveiro, me deitei na
cama e esperei. Só de olhar pro rostinho dela me deu uma calmaria, o
fato de Carly estar escorregando pelos meus dedos tem em deixado
aflito e preocupado que algo possa acontecer a Heloísa, e eu só me
aquieto quando estou perto dela, quando estou em parte no controle da
situação.

Depois de uma noite maravilhosa com minha mulher, acordei com


minha pequena avisando que meu irmão estava fazendo café, como
assim? O que o Gael está fazendo aqui? Olhei pra Heloísa com uma
cara de quem interrogava ela. Não gostei dele aqui. Gael não presta,
apesar de saber que ele jamais entraria no meu caminho. Desci depois
de escovar os dentes, encontrei meu irmão e Manoela em uma
brincadeira enquanto ele fazia ovos.
— Posso saber o que faz na minha casa? — perguntei já sabendo a
resposta.
— Vim ficar com as meninas, Heloísa me pediu. Ela está bem
assustada Henrique. — falou e concordei com a cabeça.
— E eu bem irritado com toda essa situação. — me sentei e fiquei
ainda mais sério que antes.
Depois de um café tranquilo me irmão foi pra casa e eu fiquei com
minhas meninas. Curtimos o almoço e depois decidimos ir ao parque.
Aonde Manoela brincou e se divertiu, eu estava deitado no colo da
Heloísa e quando ela me perguntou da Carly não tinha como não ficar
tenso. Não vou assusta-la. Não posso falar pra ela a verdade. Então
disse que ela havia sumido, não queria estar mentindo, mas como digo
a ela que Carly está rondando nossa casa sempre que pode. Depois dali
decidi leva-las pra jantar. Foi algo bom, sair e curtir minha família um
pouco. Olho pra Heloísa e já consigo ver o meu menino nascendo,
lindo e forte. Seus chutes são sempre uma festa lá em casa, é como se
cada vez que isso acontece ele falasse, estou aqui papai. E daqui a
pouco vou sair daqui e te ajudar com as meninas. O pensamento me fez
sorrir. Não vejo a hora de ver seu rostinho.

O dia do jantar chegou e eu estava de certa forma apreensivo, não sei


explicar o motivo, mas algo me está me dando um aperto no peito.
Estava no escritório com minha equipe de segurança, pegamos a planta
do local e ali acertamos aonde teria seguranças. O jantar seria em uma
grande cobertura. Pedi que meus seguranças para que não deixasse
nada passar despercebido.
— Vocês me entenderam? — perguntei olhando pro rosto de cada um
deles.
— Sim senhor Henrique. — falaram juntos. Dei a nossa reunião por
encerrada. Então eles saíram do meu escritório. Eu fiquei ali por um
tempo, revisando tudo que conversamos. Bom e acho que tudo vai dar
certo essa noite.

Já se passavam das sete da noite, eu estava com Manoela na sala. Ela


vestia um vestido azul caneta rodado, seu cabelo estava com Ester
chiquinhas bem feitas com um laço em cada uma. Eu estava em um
terno azul escuro, com uma blusa branca e uma gravata combinando.
Olhei no espelho e arrumei mais uma vez a barba. Ficamos ali
esperando até a Heloísa aparece com um vestido azul claro, em um
tecido fino e soltinho. Nem mesmo isso deixava de marcar a barriga
que carregava meu menino. Seus cabelos estavam em um coque
elegante, ela estava linda, perfeitamente linda. Uma maquiagem leve
completava o pacote. Me aproximei do fim da escada e segurei sua
mão.
— Você está linda. — falei e ela abriu um sorriso tímido. Eu adorava
quando ela corava diante de um simples elogio.
— Obrigada. Você também está lindo. — falou e então depositei um
beijo rápido em seus lábios. Manoela logo se aproximou.
— E eu também estou linda. Como uma princesa. — falou dando
rodopiando fazendo o vestido se armar ainda mais.
— A mais bela de todas as princesas. — falei e peguei minha pequena
no colo. Saímos de casa e já tínhamos três carros a nossa espera. Dois
deles estavam cheio de seguranças.
— É preciso mesmo isso? — Heloísa apontou pros carros.
— É necessário amor. Agora vamos? — mesmo não muito satisfeita
ela entrou no carro e eu fui colocar o cinto em Manoela no assento, no
banco de trás. Fui pro lado do motorista e então dei partida no carro. O
caminho até o evento foi em silêncio. Já que Manoela estava com o
celular na mão vendo desenhos. Quando parei em frente ao prédio
Heloísa me encarou. Havia muitos fotógrafos e também muitos
jornalista. Afinal era um evento de grande porte, estamos falando de
CEO's renomeados de Seattle.
— Estou nervosa. — ela confessou baixinho.
— Calma amor. Você está linda, vou estar ao seu lado. — tentei
conforta-la. Desci do carro, dei a volta abrindo a porta pra ela, depois
de ajudá-la foi a vez de Manoela. Essa já sorria pra câmera e dava
tchau. Em passos cautelosos fomos passando pelo mar de fotógrafos.
Algumas perguntas eram lançadas no ar, uma delas tomou minha
atenção " Quem é sua nova acompanhante Henrique? " — Minha
futura esposa. Agora se me der licença. — apressei os passos e logo
estávamos em um silencioso elevador.
— Não lembro de ter sido pedida em noivado. — Heloísa falou com
um sorriso.
— E não foi. — ela fez um bico. — Ainda. Quero que seja um pedido
bem especial. — ela me abraçou junto a Manoela que estava no meu
colo. Eram vinte longos andares e passamos por cada um deles até a
porta ser aberta e já estávamos dentro de uma grande festa. Fomos
recepcionados e encaminhados para mesa dos meus pais.
Cumprimentamos a todos, Heloísa mesmo um pouco desconfortável
falou com meu pai, e então nós sentamos.
— Seu pai não gosta mesmo de mim. — falou em meu ouvido.
— Ele não precisa gostar. Já que eu te amo. — falei e ela sorriu
novamente com seu jeito tímido. Senti meu peito apertar por algum
motivo. Olhei em volta em busca de algo que pudesse estar causando
essa sensação, mas ali tinha apenas rostos que estava acostumado a ver
nas colunas de notícias.
Durante o jantar eu precisei ir conversar com alguns deles, junto ao
meu pai. Olhei para todos os cantos e consegui ver meus seguranças.
Estava numa roda de sócios enquanto meu pai falava dos novos
investimentos, pediu para que eu comentasse um pouco sobre o nosso
novo projeto. Me deixei levar por aquilo que sempre amei, meu
trabalho. Eu sempre sonhei em estar em um momento como esse aonde
eu seria um grande homem de negócios. Passei alguns minutos
conversando e explicando sobre como tudo começaria, respondi
algumas dúvidas e recebi bastante parabéns pela ideia.
— Papai. — Manoela puxou a minha calça. E eu a peguei no colo. —
Tia Heloísa foi buscar um casaco pra mim no carro. Estou com frio.
Ela pediu pra eu vir pra perto do senhor.
— Ela foi com quem? — fiquei alarmado. Olhei pra todos os lados e
meus seguranças estavam ali. Quem desceu com a Heloísa?
— Sozinha papai. — falou com sua inocência.
— Me deem licença. — falei e fui pra perto da minha mãe. Coloquei
Manoela em seu colo. Olhei pra Gael que parecia entender que algo
não estava indo bem. — Olha ela mãe. Preciso ir atrás da Heloísa.
— Calma meu filho. Ela só foi buscar um casaco pra Manoela. — a
encarei e não respondi. Cheguei em um dos seguranças que estavam
próximo ao elevador.
— Quem desceu com a minha mulher? — perguntei em um tom
ameaçador.
— A dona Heloísa não passou por aqui não. — respondeu e eu respirei
fundo pra não agredir ele. Entrei no elevador que por alguma boa ação
do destino estava com as portas abertas. Eu apertava insistentemente o
botão que dava na garagem aonde ficavam os carros. Quando
finalmente cheguei, busquei meu carro, droga. Por que não fui eu a
guardar. Andei por alguns minutos logo achei, mas ela não estava ali.
Novamente aquele aperto no peito voltou. Eu não conseguia mais
pensar. Peguei meu celular. Liguei pro chefe da segurança.
— EU QUERO TODOS VOCÊS AQUI NO TÉRREO AGORA. —
gritei e nessa hora meu desespero já tomava conta de mim. Pensa
Henrique. Talvez ela tenha ido no banheiro. — MELHOR. QUERO
QUE ALGUÉM DE VOCÊS OLHE TODOS OS BANHEIROS.
QUERO QUE VASCULHEM CADA CANTO DESSE LUGAR E
ACHEM A MINHA MULHER. OU EU MATO VOCÊS.
Sim. Eu já tinha perdido a cabeça, meu sangue pulsava tão forte que eu
podia sentir. Meu coração estava apertado. Preciso pensar. Senhor que
ele esteja nesse prédio. Que isso seja um mal entendido.

— Henrique? — ouvi a voz do meu irmão e me virei. — Pegaram a


Heloísa.
Meu mundo desabou e eu não consegui responder, minha boca já não
recebia mais os comandos do meu cérebro. Suas palavras rodavam na
minha cabeça. E eu repetia elas mentalmente. Isso não está
acontecendo.
— QUERO TODA A EQUIPE DE SEGURANÇA DA FAMILIA.
MESMO QUE EU TENHA QUE RODAR CADA CANTO DESSA
CIDADE. — Gael já estava ligando pra alguém. Eu tentava falar com
todos que poderiam me ajudar. Eu vou matar a Carly. Eu só conseguia
ter esse pensamento. Meu filho. Pensar nele fez meus olhos encher de
lágrimas.
" Senhor proteja meu filho e a minha menina. Eles são parte de tudo
que tenho. Não deixe nada tirar eles de mim."
Meu celular tocou, era novamente um número desconhecido. Carly.
Pensei comigo. Só pode ser ela. Sem falar nada apenas coloquei o
aparelho próximo ao ouvido.
— Oi Henrique. Vejo que sua amante não é tão boa em cumprir
ordens. Saindo sozinha, tão inocente. — ouvi sua risada e um choro no
fundo. Meu sangue fugiu do corpo. Eu estava estático. — Eu falei que
acabaria com você.
— EU VOU MAT.... — pensei antes de continuar o que iria falar.
Agora meu filho e minha mulher estava nas mãos dela. A mesma
sensação que tive com Manoela com ela, só que agora duplicada. —O
que você quer?
— No momento ver seu sofrimento. — falou e eu precisei respirar
fundo.
— EU VOU ACHAR VOCÊ. — falei . Eu precisava achar uma
solução. Então pra isso preciso agir rápido.
— Vamos ver Henrique. Curta o momento. — e então a ligação
chegou ao fim.

Heloísa
No meio de toda aquelas pessoas engravatadas, mulheres com vestidos
caríssimos eu me sentia totalmente fora daquilo. Apesar de estar
vestida a altura, Henrique fez questão de comprar meu vestido e sei
que barato não foi. Os homens da mesa conversavam entre si, eram
apenas negócios, bastante negócios. Tentei me manter fora de qualquer
assunto.
— Está tudo bem? — Henrique perguntou próximo ao meu ouvido.
Apenas concordei. — Eu vou ter que ir cumprimentar alguns sócios.
Minha mãe vai ficar com você.
— Tudo bem Henrique. Não se preocupa comigo. — falei e ele me deu
um selinho, levantou sendo acompanhado por Gael e seu pai. De longe
conseguia ver o tédio que meu cunhado sentia, isso me fez abrir um
sorriso. Como pode ser irmãos e ser tão diferentes.
— Esses jantares não são tão legais. — falou dona Ester, ganhando
minha atenção.
— São bem chic também. — comentei olhando mais uma vez o local.
— Fico até sem jeito de estar aqui.
— Você agora faz parte disso. — concordei. — Com o tempo você se
acostuma.
— Espero que sim. — falei por fim. Manoela estava ao meu lado um
pouco encolhida. O ambiente era bem aberto, e passada uma corrente
fria.
— Estou com frio tia. — a pequena falou. Me lembrei que tem um
casaco no carro. Olhei em volta e Henrique ainda conversava com
vários homens. Ele parecia empolgado falando.
— Vou buscar um casaco no carro. Agora vai pra perto do papai, ele te
esquenta por enquanto. — ela concordou e eu me levantei. Fui em
direção do elevador. Estava tão cheio o lugar que foi até um pouco
difícil chegar até o mesmo. A porta abriu e algumas pessoas saíram e
eu fiz um pouco de esforço pra entrar. Apertei o botão do térreo e desci
inúmeros andares. Ainda bem que a chave do carro ficou na minha
bolsa.
Parecia uma eternidade dentro dessa caixa de metal. Fiquei olhando o
espelho e como minha barriga estava grande. Bom eu estou
aparentemente muito elegante, mas sei que no fundo mesmo não
estaria de salto, sei lá, um tênis talvez. Uma roupa com menos pano.
Sorri com o pensamento de alguém me ver chegando nessa festa nós
trajes que pensei. Quando o elevador abriu, me assustei com o tanto de
carro, como não foi o Henrique que guardou, foi o manobrista, não
faço ideia de onde esteja. Olhei pra todos os lados, nem sinal daquele
bendito carro preto, bom, me resta procurar. Comecei a andar por ali e
depois de longos minutos achei o carro. Apertei o botão na chave para
as portas destravar.
— Heloísa? — olhei pra trás por ter reconhecido a voz. Era Carly ali,
ela estava bem mais magra e tinha um olhar doentio. Isso me
assustava. — Finalmente vou ter o prazer de fazer o Henrique sofrer.
— Carly, olha... — comecei a falar mais ela levantou a mão em sinal
para que me calasse.
— Pode levar.— não tinha vistos os dois homens atrás de mim, mas
quando senti um não braços fiz questão de encara-los, não os conhecia.
— CARLY ME SOLTA. — gritei, só que isso despertou a raiva nela
que amarrou algo na minha boca. Eu não conseguia falar mais. Eu
começo a chorar e sentir meu coração cada vez mais acelerado.
Entramos em um carro e ele saiu em disparada cantando pneu.
Não sei por quanto tempo ficamos dentro daquele carro, que por sinal
não me lembro a cor e nem mesmo o modelo. Meus pensamentos iam
pro meu filho que agora me chutava, talvez sentindo minha agitação.
Eu só pensava que ela não poderia machucar ele, ela não pode. Por
favor. Ela não pode. Eu repetia isso várias vezes. Tentei parar de
chorar, mas era em vão. Meu corpo estava dominado por desespero.
— Liguem para aquele babaca. — a voz da Carly era séria. E com um
toque de prazer, como se ela estivesse gostando da dor que causava.
Meu choro intensificou ao vê-la provocando o Henrique, ele deve está
tão nervoso. — Babaca. — disse assim que a ligação finalizou. —
Vamos pro local.
O carro balançava bastante e eu já não via mais as luzes da cidade. Foi
então que meu desespero duplicou, fiquei com tão nervosa que sentia o
pé da minha barriga doer. Levei a mão ali na intenção de aliviar. Não
posso ficar nervosa. Pelo meu filho. Eu tentava repetir isso na minha
mente. Engoli o choro e comecei a pensar em qualquer coisa que não
fosse a situação que me encontrava. Paramos e Carly foi a primeira a
descer, logo os dois homens me puxaram pra fora. Era um lugar com
muitas árvores, tinha uma casa, não era bem uma casa, estava mais pra
um chalé. Olhei para os lados em busca de algo que me desse uma
pista de onde estou, mas a verdade é que já não conheço tanto a cidade,
então tudo complicou ainda mais. Percebendo que estava parada tempo
demais um dos homens pegam meu braço com força e me levam pra
dentro da "casa".
Um homem alto moreno para ao lado da Carly e ela lhe abraça com
carinho, não sei, com sentimento talvez. Lhe dá um selinho e aponta
pra mim.
— É com ela que vamos conseguir todo o dinheiro que precisamos. —
os olhos dele me analisaram. Eu senti um certo medo.
— Bom. Vamos ver se o babaca do Henrique ama mesmo essa menina.
Já que com a filha não funcionou. — pensei em retrucar. Responder
pra ele que Henrique faz de tudo por Manoela, mas eu não poderia por
a vida de Heitor em risco. — Levem-na para o quarto reservado.
Fui puxada novamente e jogada no chão de um cômodo escuro e com
uma cama apenas. A porta foi trancada logo em seguida. Me levantei
com um pouco de esforço e me deitei na cama. Eu queria chorar, e
talvez dormir e acordar do pesadelo que estava vivendo. Coloquei a
mão sobre minha barriga e ali me permiti chorar. Chorei tanto que
peguei no sono.
Quando acordei já estava claro, não tinha barulho, talvez alguns
pássaros cantando, o balanço das árvores, mas não era esse tipo de
barulho que me referia. Não tinha conversa ali, não tinha barulho de
sapatos tocando o chão. Abri os olhos devagar e ainda me encontrava
sozinha. Me levantei com dificuldade, minha barriga doía.
— Preciso que seja forte filho. Sei que seu pai vai achar nós dois. —
falei fazendo carinho como se meu filho pudesse sentir. Não tinha
janela nesse lugar, o que ajudava na luz era uma pequeno basculante
no teto. Isso aqui é sufocando. Ouvi passos e eles ficavam cada vez
mais próximos, eram saltos, pelo menos parecia ser. A porta foi
destrancada e a Carly apareceu.
— Bom dia. Vamos conversar. — ela puxou uma cadeira que estava
bem no canto do local. Me olhou e deixou escapar um sorriso de
satisfação. — Imagino que seu "marido" — fez questão de fazer sinal
de aspas com as mãos. — Ele deve está bem louco nesse momento.
Não consigo esconder o quanto isso é satisfatório, mas não quero que
isso dure mais que o necessário. E pra isso você vai me ajudar.
— Não faça nada com meu filho Carly. Ele ainda não nasceu. — falei
e ela me olhou com certa tristeza nos olhos.
— Não sou tão cruel a esse ponto. Eu só quero o dinheiro do seu
namoradinho. Se ele me der tudo que pedi antes a ele, libero divórcio e
sumo da vida de vocês. — falou e eu fiquei assustada com sua frieza.
Sempre que olhei pra ela imaginei uma menina doce, talvez com
muitos sonhos. Muita vontade de ser feliz, mas agora aquela imagem
se desfez. Não existe mais.
— Não posso te ajudar Carly. Acha que o Henrique vai dar o que quer
só por você teve a ideia maluca de me sequestrar? — falei e ela me
pareceu irritada.
— Se ele não fizer o que quero... — sua respiração estava acelerada. E
eu tive um certo medo, já que podia sentir sua raiva. — EU MATO
VOCÊS.
Ela saiu batendo a porta com força me fazendo estremecer na cama.
Fiquei olhando pra parede e me questionando como eu iria fazer pra
sair daqui. E se Henrique não viesse, se ele não conseguisse nós achar.
Que fim eu teria? Pensar em morte agora não estava me ajudando
muito, mas o que eu poderia fazer se minha mãe só me dava essa saída.
Henrique

— ACHEM A MINHA MULHER AGORA. — gritei quando a equipe


de segurança estava toda na garagem do prédio. — VOCÊS NÃO
SABEM RECEBER A PORRA DE UMA ORDEM. ERA SÓ NÃO
DEIXÁ-LA SAIR DAQUI. ERA SÓ ISSO.
— Se acalme Henrique. — Gael falou. — Você precisa se manter
calmo pra conseguirmos achar ela.
— É a minha mulher Gael. Será que não vê isso? Ela está grávida. —
falei ainda nervoso mais sem gritar.
— EU SEI QUE É A SUA MULHER PORRA. MAS NÃO É
GRITANDO DESSE JEITO QUE VAMOS CONSEGUIR ACHA-LA.
— gritou.
Eu bati a mão no carro com força. Eu queria não ter saído do lado dela,
eu poderia ter evitado tudo isso. Era só ter me mantido do lado dela. A
Carly não é muito inteligente, isso me dá a certeza de que é alguém
com experiência que a ajudou com isso. Suspirei e tentei calcular tudo
que poderia fazer.
— Façam uma varredura na cidade. Olhem tudo. Quando eu digo tudo
é tudo. — falei e começaram a entrar nos carros e saíram cantando
pneu. — Pede a mãe pra descer com Manoela, vou leva-las pra casa.
Se o pai perguntar de mim. Não fale nada. Apenas diga que quero ir
embora. Ele não me ajudaria em nada mesmo.
Gael saiu sem falar nada. Fiquei um tempo respirando fundo pra
manter a calma. Isso não poderia ficar pior. Peguei meu celular disquei
o numero de Augusto, ele me atendeu com prontidão.
— Fala meu irmão. — atendeu com certa animação.
— Carly sequestrou Heloísa. Descobre quem está com ela nisso e
também onde minha mulher está. Não demora. — dei a ordem.
— Vou começar agora. — desliguei. Guardei o meu celular. Fiquei
esperando impaciente. Minha mãe chegou com Manoela encolhida em
seu colo. E sem nem perguntar ela entrou no carro, fiz o mesmo e
coloquei o carro em movimento.
— Mãe você pode ficar com Manoela hoje? — perguntei e a olhei pelo
retrovisor, já que ela estava no banco de trás.
— Claro meu filho, mas mantenha a calma. — falou e eu assenti.

Deixei minha mãe na sua casa, dei um beijo na minha filha e fui pra
minha casa. Entrei já afrouxando a gravata. Fui direto pro escritório e
comecei a olhar tudo relacionado a Carly, eu buscava um furo. Apenas
um deslize e não achei nada relevante. Estava frustrado por não ter
nenhuma informação.
As horas foi passando e com elas minha paciência diminuía ainda
mais. A equipe de segurança ainda está nas ruas em busca de algo.
Esse sumiço, o silêncio, tudo ia sugando o resto de paciência. O dia já
havia amanhecido, eu pensei em tomar um banho mas meu celular
tocou.
— Oi. — atendi sem nem olhar quem era.
— Bom dia Henrique. Acredito que não tenha dormido muito bem essa
noite. — era a voz da Carly.
— O que você quer Carly. Fala logo. — suspirei.
— Quero o que te pedi lá trás. Quero parte das ações da empresa. —
bati na mesa com força.
— Carly isso não vou dar. Diga uma quantia, eu lhe dou. Mas se eu
souber que encostou um dedo na minha mulher eu acabo com você. —
falei entre os dentes, não conseguia mais controlar a raiva que crescia
em mim.
— Já disse o que quero. Você que sabe, sua amantezinha e seu filho
está nas suas mãos. — falou e desligou.

— DROGAAAA. — gritei e comecei a andar de um lado para o outro.


Minha aparência deve está horrível, estou sem dormi, com a mesma
roupa da festa. Estou a base de whisky.
A Carly pensa que vai conseguir tirar de mim tudo que conquistei, mas
não vou dar isso a ela, seria entregar toda minha história, mas também
não posso perder minha menina, ela é a mulher que mais amei, na
verdade o pouco que conheço do amor, talvez tenha sido a única. Com
ela tudo é diferente, não consigo ficar com raiva, sempre tento
justificar suas atitudes, ela sempre me faz sorrir mesmo nos dias
difíceis. É com ela que quero casa, ter mais filhos. Só Heitor não será o
suficiente, quero tentar uma menina, quem sabe ela vem com seus
olhos, e tenha o mesmo sorriso. Ah minha menina. Heloísa chegou na
minha vida com um propósito, me fazer refletir sobre família e me
mostrar o amor que tudo pode e se supera a cada dia. Eu vou tirar
vocês das mãos dessa mulher, nem que pra isso eu precise entregar
parte de tudo que tenho. Isso não importa se vocês estiverem bem.
Meu celular voltou a tocar, era meu pai.
— Oi Pai. — Atendi sem muita paciência.
— Por que foi embora desse jeito, ainda trouxe sua mãe? Você está
perdendo a cabeça Henrique?
— Pai. Agora não, por favor. — o interrompi, me servi de mais whisky
e me sentei no sofá que tinha ali.
— Você não pode larga tudo por conta dessa menina. — falou irritado
e com isso ele despertou minha ira.
— ELA NÃO É UMA SIMPLES MENINA, ELA É MINHA
MULHER. E PRA VOCÊ SABER ELA FOI SEQUESTRADA, NÃO
SAÍ DAQUELA PORRA DE JANTAR ATOA. — gritei. — AGORA
POR FAVOR SE VOCÊ NÃO VAI ME AJUDAR, NÃO ME TIRA
AINDA MAIS DO SÉRIO.

— Como isso aconteceu? — perguntou desse vez adotando um tom


preocupado.
— A Carly. Não sei quem está ao lado dela. Mas foi muito bem
arquitetado esse plano. Ela pegou a Heloísa quando estava no
estacionamento do prédio. Heloísa foi pegar um casaco pra Manoela. E
bom, já pode imaginar o que aconteceu. — falei cansado, e eu estava
mesmo assim. Meu corpo parecia carregar um peso maior que o
normal.
— Vou acionar alguns conhecidos. — falou e desligou. Minha mente
não me deixava pensar muito em alguma coisa, ela trabalhava a mil.
Eu já não aguentava mais esperar, tirei apenas o terno e sai de carro.
Dirigi por várias e várias horas, olhando cada canto dessa cidade.
Estou me sentindo impotente. Parei em frente ao parque aonde a
Heloísa adora sentar e olhar pro nada. Ali me lembra ela, me sentei na
grama e fiquei pensando em tudo, mas olhando pro nada. Meu celular
tocou e o nome do Augusto apareceu.
— Oi. — já estava sem muita esperança.
— Encontrei um local, mas não podemos ir sozinhos. Vamos precisar
de um tempo Henrique. As pessoas que cercam o local estão armado.
— me levantei num salto.
— Ok. Te encontro na minha casa em quinze minutos. — falei e
desliguei. Já entrei no carro discando o número do meu chefe de
segurança. Demorou alguns minutos pra conseguir falar, eu já estava
praticamente chegando em casa. — Quero todos vocês na minha casa
agora.

Parei o carro e entrei já indo pro escritório. Sei que não deveria ter isso
em casa, mas sim eu tinha um porte de arma, quando se tem a vida que
tenho, temos acesso a várias coisas e eu decidi desde novo ter meu
porte de arma, mas era pelo simples fato que gostava de praticar tiro,
mas hoje seria mais que isso. Atrás de uma das estante tinha um cofre,
ali eu tinha algumas coisas que eram importantes. Eu usava essa casa
como meu esconderijo de um monte de coisas. Já que somente eu
vinha aqui. Menos de dez minutos depois, Augusto e a equipe de
segurança já preenchiam o lugar, todos me olhavam com expectativas,
mas eu apenas me sentei na minha cadeira.
— Vamos envolver a polícia, tenho alguns conhecidos lá. Eu quero
Carly presa, não estou com muita paciência de esperar tanto tempo,
mas não posso deixar Carly sair impune dessa vez. — falei com calma.
Olhei pros seguranças. — Bom Augusto já achou o local e eu só vou
prosseguir com isso junto com a polícia.
— Eu acho que é a coisa certa Henrique. Também conheço alguns
policiais, vou tentar ajudar como puder. — Augusto falou.

— Obrigada. Agora se vocês puderem me dar licença. Vou tomar um


banho e fazer algumas ligações. Se quiserem comer algo tem na
geladeira. — saí do escritório e entrei no meu quarto. Corri o olhar
pelo ambiente e fui um pouco desorientado pro closet e peguei uma
roupa. Tomei um banho que demorou um pouco mais que o normal.
Liguei pra alguns contatos, falei até mesmo com um dos delegados, eu
pedi que agilizassem tudo. Me propus até pagar por isso, mas como
sou bem renomeado por aqui então não precisei chegar em a tanto. O
delegado me prometeu que amanhã pela manhã vamos até o local,
junto com minha equipe de segurança, e uma equipe de policias. Era
um prazo bom, mas eu passaria mais uma noite em claro. Desci e
avisei a todos, já se passavam das sete da noite e eles combinaram de
vir amanhã cedo. Então eu fiquei sozinho ali, não era a melhor opção
já que eu não conseguia pensar em mais nada que não fosse na manhã
seguinte.
Heloísa
Dor, eu estava sentindo dor. Não sabia identificar o que sentia, eu
tentava controlar as emoções para não passar pra Heitor, mas quem eu
queria enganar? Estou nervosa com medo e pedindo a Deus para que
ele cuidasse de nós dois.

— Meu Deus, talvez eu nunca tenha sido tão próxima de você como
nas últimas horas, mas eu preciso que você me ajude. Sinto que as
dores estão piorando. Cuida do meu bebê pra mim, se algo acontecer
comigo faça um milagre pra ele se salvar. — pedi com lágrimas nos
olhos. Minha cabeça também doía, mas nada comparado com a dor que
eu sentia no pé da barriga, ela se intensificava cada hora mais. — Meu
bebê seja forte, por nós. Vamos sair daqui.

Ouvi passos pela casa, hoje estavam agitados e sei que provavelmente
a resposta de Henrique não foi o esperado, a Carly falava alto, mas não
conseguia compreender o que ela falava. Me aproximei da porta pra
ver se me dava pista de algo, mas ouvi passos se aproximando, me
afastei rapidamente. A porta abriu e eu me sentei na cama.

— Parece que seu namoradinho gosta de brincar com a vida de vocês.


— dessa vez era o rapaz que Carly estava do lado na noite anterior. Me
encolhi quando ele se aproximou. Segurando meu rosto com força. —
Talvez se ele ouvir você.

— Pelo amor de Deus não me machuca. — eu suplicava. Não me


sentia envergonhada de fazer isso, eu estava com muito medo e eu
faria de tudo pra salvar meu pequeno.

— Então seja uma boa menina e a noite convença seu namorado de dar
o que estamos pedindo. Ou então. — falou e soltou meu rosto me
empurrando pra cama. A dor veio forte e eu me encolhi.

— Por favor, eu estou com dor. Não comi nada. — tentei mais uma
vez amolecer o coração dele mas parecia que nada o faria parar, não
enquanto não conseguisse o que quer. Ele nem me olhou apenas saiu
do quarto me deixando ali encolhida com dor.

Comecei a repensar na minha vida, nos últimos meses, na verdade


desde que Henrique entrou na minha vida, tudo virou uma grande
bagunça. Meu sentimento por ele é algo que tira o ar quando estamos
juntos, algo que se fortalece quando estamos longe. No começo eu
pensei em negar, mas estava ficando cada vez mais óbvio os meus
sentimentos. Um começo errado, mas parece que foi a forma de
começar algo certo. Abracei o travesseiro que tinha ali. Revivendo
momentos com meu namorado, hoje em dia pai do nosso menino.
Lembrei do primeiro beijo, a primeira vez que olhei pra ele, tão sério,
tão charmoso, algo nele me atraia sem que eu quisesse. Eu fazia de
tudo pra esquecer a dor que se intensificava. O choro agora era alto.

— Carly. — falei alto, talvez ela tivesse um pouco mais de coração.


Afinal ela teve uma filha. Ela a ama, não ama? Me questionei isso por
um instante. Ouvi passos próximo da porta. Ela entrou e ao me olhar vi
um breve desespero percorrer seu rosto.— Por favor, me ajuda. Estou
com muita dor. Sinto que meu filho não está bem.

— Não posso fazer nada. — senti sua voz vacilar, mas ela não parecia
que voltaria atrás com a decisão que tinha tomado. Tornar a vida de
Henrique um inferno. Fechei os olhos com força, o suor escorria em
minha testa.

— Pelo menos água. — falei com dificuldade. Ela me olhou e depois


saiu. Minutos depois ela voltou com umas frutas e também a água que
eu tinha pedido. Não ficou muito tempo. Talvez com medo de sentir
empatia ir mim. Me levantei com dificuldade e fui até a mesinha,
peguei um pouco de água. Bebi devagar. Me deitei de novo. Em meio
as dores que aliviaram um pouco, a noite chegou, não sei que horas
eram, quando novamente senti fome fui até a mesa peguei uma maçã e
voltei a me deitar. — Preciso de um sinal que esteja bem meu filho.

Um leve chute na barriga veio minutos depois, não era como antes.
Esse foi mais fraco. Ele deve estar tão desanimado quanto eu. Comi a
maçã e isso me aliviou um pouquinho na fome. Bebi mais água e
decidi ficar deitada mesmo, era uma forma de repousar. Coloquei a
mão na barriga e comecei a cantarolar alguma canção de ninar, algo
que passasse tranquilidade. Em algum momento a porta abriu. Era
Carly ao lado do rapaz que nem sei o nome ainda.

— Chegou a hora de você nos ajudar garota. Já estou ficando sem


paciência. — ele agarrou meu braço e me fez levantar com rapidez.

— Calma Gustavo, ela estava com dor agora pouco. Não queremos
matar nenhum deles. — Carly falou.

— Mas se aquele seu ex não der o que quero, sim vai ela e o bebê pro
mesmo caminho. — me encolhi e ele se afastou. Carly discou um
número no celular e entrou em uma personagem diferente da que
tentou me ajudar agora pouco.

— Boa noite Henrique. Ainda tendo dias difíceis. — ela mexeu no


aparelho e colocou no viva voz. — Tem uma pessoa que quer falar
com você.

— Estou cansando dos seus joguinhos garota. Eu vou acabar com


você, isso não é apenas um aviso é uma promessa. — a voz do
Henrique tinha raiva, nojo e ela passava empoderamento. Ele nunca
abaixaria a guarda nem mesmo nesse tipo de situação e sei que nem
mesmo eu pedindo ele faria o que ela quer.

— Calma querido. Sua namorada quer dá uma palavrinha com você.


— a voz da Carly agora era debochada e ela até mesmo sorria. Ela
colocou o celular perto de mim. Não consegui segurar o choro, ele veio
com tudo, eu apenas queria correr pros seus braços, queria abraçar e
me sentir segura de novo.

— Amor. Calma eu vou tirar vocês dois daí. — ele falou e isso me fez
chorar mais. Tentei secar as lágrimas e regularizar a respiração.

— Henrique. Estou com dor, se tiver que escolher, escolhe ele por
favor. — falei chorando e senti meu peito apertar. Ao pensar que não
vou ver meu filho crescer, não vou me casar com Henrique, não vou
ver Manoela ser a melhor irmã mais velha.

— Amor. Respira. Não vou ter que escolher. Vai ficar tudo bem. —
falou e a Carly tirou o celular de perto de mim.

— Chega com o showzinho. Acho que viu que as coisas não estão tão
boas. Você precisa ser mais rápido, Heloísa precisa de um hospital e
você não está colaborando. — falou sem esboçar nenhuma emoção.

— EU VOU MATAR VOCÊ CARLY. — ele estava desesperado


agora e também com raiva. Eu sabia, já tinha gravado cada sentimento
que ele havia me mostrado e em como ele reagia a cada um deles. Os
dois deixaram o quarto logo depois de desligar a chamada. Isso acabou
comigo, me deixou mais desesperada, por que senti que Henrique já
planejou algo, mas não sei o quão arriscado isso pode ser. Me deitei de
novo e chorei até que o sono me vencesse.

Na madrugada senti uma dor forte, me fazendo soltar um gemido alto


de dor. Levei a mão no pé da barriga. Respirei fundo, mas não estava
adiantando como antes. Chorei por que não sabia o que fazer, meu
bebê pedia ajuda e eu não podia, não tinha forças pra ajudar. Tentei me
levantar pra talvez pedir ajuda a alguém, com muita dificuldade achei
aonde acendia a luz. Bati na porta, mas a casa estava em completo
silêncio, não consegui gritar, mas o pouco que podia, eu chamava por
Carly. Vendo que não teria resposta voltei a me deitar. Respirando
calmamente eu tentava ignorar a dor, mas estava cada vez mais difícil.

Eu vi o dia clarear, eu vi quando os primeiros raios de sol iluminaram


o quarto. A dor estava tão forte, que já não tinha forças nem pra manter
os olhos abertos, meu vestido já estava molhado de suor, por que não
havia ventilação ali, apenas aquele maldito basculante no teto. A dor se
intensificava a cada minuto, ela já estava tão frequente que eu podia
contar nos dedos os minutos que ficava sem dor. Me inclinei um pouco
pra olhar a minha barriga, mas me desesperei ao ver sangue.
— CARLYAA. — gritei o mais alto que pude. — Carly o meu filho.
— dessa vez minha voz falhou. A porta abriu e ela me olhou, sua
fisionomia agora era de desespero. — Salva o meu filho por favor.

— Heloísa fica calma. Eu vou chamar um médico. — ela pegou o


celular no bolso da calça. Ela discava desesperada e ficou nervosa
quando não obteve resposta.

— Carly. — a voz do tal Gustavo surgiu na porta e ele estava


assustado. — Vamos sair daqui. A polícia está aqui. Anda.

— Gustavo ela está sangrando. — falou com talvez o último vestígio


de compaixão.

— Não é problema nosso. — falou e tentou puxar ela. Eu fechei os


olhos por que eles pesavam. Senti minha respiração ficar mais fraca.
Abri de novo os olhos. Eles ainda estavam ali, mas agora tinha mais
gente. Alguns barulhos altos, não sabia o que era. Meu olhos pesavam
e eu vi queria poder ver mais, só que não era forte pra isso.

— Heloísa. — senti alguém tocar meu rosto. A voz era inconfundível,


era Henrique. — Meu amor, olha pra mim.

— Salva o Heitor. — falei num sussurro. E foi como se um apagão


tomasse conta de mim, deixei de ouvir. Era apenas uma nuvem negra,
nada além do preto.
Henrique
Depois de quebrar tudo no escritório, no quarto e até mesmo na
cozinha, a minha raiva ainda não tinha esvaziado. Eu queria matar
quem quer que fosse a pessoa que ajudava a Carly nisso. Não acredito
que ela seja tão ruim ao ponto de não ter empatia por Heloísa grávida.
Eu sabia que algo não ia bem, Heloísa não me pediria pra salvar Heitor
atoa. E foi no mesmo momento que comuniquei a todos que iríamos
antes mesmo do dia clarear. Eu queria pegar eles no primeiro momento
do dia. Não queria dar chances de fuga. Cercaríamos a casa pouco
antes do amanhecer. Eu já não dormia antes, agora mesmo que não
conseguiria, estava uma pilha de nervos, meu corpo tinha uma carga
maior que a necessária de adrenalina.

Quando foi por volta das cinco da minha casa virou um centro de
treinamento aonde o delegado dava as ordens. Ele nos pedia pra manter
a calma, que por mais que a situação fuja do nosso controle não
podíamos deixar isso passar por cima da nossa razão. Pediu para que
só atirassem em caso de defesa, nossa intenção não era machucar
ninguém e sim salvar alguém.

— Henrique, acho melhor que fique. Você está bem nervoso. E parece
cansado. — olhei pra ele e abri um sorriso cínico.

— Você só pode estar de brincadeira. É a minha mulher e eu vou junto.


— falei e já me levantei arrumando a camisa.

Seguimos em fileira com os carros, na frente ia augusto, o delegado e


alguns policiais. Eu fiquei no meio entre eles e meus seguranças.
Entramos em uma estrada de difícil acesso. O carro balançava por
conta dos buracos, de longe eu conseguia ver uma casa, mas estava
mais pra um chalé, era de madeira e tudo em volta era árvores e mato.
Paramos com o carro um tanto distante. Quando o sol clareou
avançamos e com isso vários homens começou a se posicionar em
defesa da casa. Suas armas eram de porte pesado, eu me assustei ao ver
com o tipo de gente que Carly foi capaz de se envolver por dinheiro.
O delegado fez sinal e os carros aceleraram parando um em cada canto
estratégico. Quem quer que fosse não sairia dali sem ser preso.
Desceram do carro e começou uma troca de tiro, que levou a alguns
feridos, mas nenhum tirou foi na intenção de ser letal. Me deram sinal
e eu saí do carro. O interior da casa entrou eu, alguns seguranças e
também alguns policiais e o delegado que comandava a missão.
Ouvimos vocês vindo de um corredor. Algumas vozes masculinos
falavam que não dava pra segurar, estávamos em maior número. Com
um simples sinal iniciamos mais uma leve troca de tiros, novamente
não foi nada pra arrancar a vida da pessoa. Quando entrei no quarto
pensei em ir até a Carly e acabar com sua vida, mas algo mais
importante me chamou atenção. Heloísa estava deitada, com os olhos
fechados e uma aparência de dor. Olhei mais pra baixo, era sangue.
Meu desespero tomou conta.

— Heloísa. — toquei seu rosto. Tentei balançar ele de um lado para o


outro. — Meu amor. Olha pra mim. — ela fez uma careta, como quem
fazia força.

— Salva o Heitor. — senti o corpo todo da Heloísa perder a força, ela


tinha perdido até mesmo a cor dos lábios.

— Me Ajudem por favor. — pedi desesperado. Peguei Heloísa em meu


colo, eu só queria sair dali com ela. Augusto apareceu ao meu lado e
me ajudou a colocar Heloísa no carro. Ele se sentou no banco de
motorista e saiu em disparado. No caminho eu fazia carinho no cabelo
da Heloísa. Pedia baixinho pra ela ser forte. Quando pisamos no
melhor hospital da cidade alguns enfermeiros se aproximaram com
uma maca, coloquei ela em cima e praticamente correndo eles a
levaram para sala de exames, tentei acompanhar, mas eles me pediram
pra fazer a ficha dela. Fiz tudo com rapidez, eu queria estar ao lado
dela. Não consegui dar dois passos e um médico veio até mim.

— Você é parente da menina que entrou agora né? — concordei.

— Ela é minha noiva. — falei rápido. — O que houve?


— Ela está indo pra sala de cirurgia, precisamos fazer uma cesárea de
emergência. Os batimentos do bebê e o dela está fraco. — meu mundo
parou por um instante. Ainda não estava na hora, eu fiz tudo errado.
Não devia ter esperado tanto tempo.

— Eu posso ficar com ela. — ele parecia pensar e talvez até medo
negar. — Por favor.

— Ok. Vai trocar de roupa e se higienizar. Estaremos na sala quatro de


cirurgia. — concordei e um funcionário do hospital me ajudou com as
roupas e higienização. Foi tudo muito rápido quando vi eu já estava
abrindo a porta da sala. Entrei e vi um monte de aparelhos ligados na
Heloísa, entre eles o oxigênio. O procedimento já tinha começado, eles
já estavam abrindo a barriga dela. Fiquei próximo ao seu rosto.

— Vai ficar tudo bem amor. — falei na intenção de que ela me


escutasse. Eu queria acreditar que ela me ouvia. Isso acalmava meu
coração. Não foram muitos minutos, mas logo ouvi um choro suave.
Um tanto fraco, isso me fez olhar pro pequeno menino que acabava de
vir ao mundo, ele estava tão frágil, isso me partia o coração. Fizeram
os primeiros procedimentos.

— Vamos precisar levá-lo pra incubadora. Ele precisa de oxigênio,


está com dificuldade pra respirar. — uma enfermeira falou. Senti uma
nova onde de nervosismo.

— O que ele tem? Por que ele está assim? — questionei e a pediatra
me chamou pra fora da sala. Olhei pra Heloísa, pensando se a deixaria
ou não.

— Ela está sendo bem cuidada. — parecendo ler meus pensamentos a


pediatra falou. Eu a acompanhei até a saída da sala. No corredor ela me
encarou. — O seu filho nasceu bem, mas o pulmãozinho ainda não
estava cem por cento completo, precisava de mais um tempinho. Isso
está dificultando um pouquinho a respiração dele. Mas vai ficar tudo
bem. Ele só vai precisar ficar aqui por algum tempo. Tomando
remédios e cuidando para que termine de formar o pulmãozinho.
— Você está sendo sincera? Ele vai ficar bem? — perguntei pra que eu
queria ter certeza de que isso ia além de palavras de conforto.

— Sim papai. Ele vai ficar bem. Eu garanto. Ele já é bem forte. —
colocou a mão em meu ombro afim de me consolar. Eu apenas
balancei a cabeça assentindo. — Fica tranquilo.

Como eu ficaria tranquilo vendo meu filho precisar de oxigênio, minha


mulher na mesma situação. Como conseguiria manter a calma? Fiquei
ali mesmo no corredor, quando passaram com a Heloísa subindo pro
quarto. Ela estava serena dormindo, sua expressão era tranquila. Fiquei
a olhando por alguns minutos e foi então que me dei conta que
precisava avisar dona Catarina e também a minha mãe. Comecei pela
minha sogra, ela seria mais difícil de explicar.

— Oi Henrique. Aconteceu algo? — perguntou assim que sua imagem


apareceu na tela, já que eu ligava por chamada de vídeo. — Sei que
aconteceu, meu coração anda apertado e já não consigo falar com a
Heloísa tem dias.

— Calma dona Catarina. Sim aconteceu umas coisas que prefiro falar
pessoalmente, mas eu liguei pra avisar que a Heloísa acabou de ganhar
o Heitor. Não estava no tempo, mas como já falei aconteceu algumas
coisas. Ela está dormindo, e Heitor está na incubadora, ele precisa de
oxigênio e de terminar de formar seu pulmãozinho. Preciso que
mantenha a calma, vou ligar pra empresa mandar o Jatinho buscar
vocês. — falei tudo sem dar a ela a oportunidade de questionar.

— Meu Deus Henrique. Eu vou arrumar tudo aqui. E me avisa quando


chegarem. — concordei e desliguei. Com a minha mãe foi mais
tranquilo, ela me tranquilizou e disse que tudo ficaria bem. Eu tinha
medo de Dona Catarina achar que não cuidei da sua filha direito. Não
sei como vou falar tudo que aconteceu. As horas passaram.

Recebi algumas ligações que me informaram que tanto Carly como o


rapaz que a ajudava foram presos, isso me deu um certo alívio. Seria
uma coisa a menos para me preocupar. Heloísa ainda dormia quando
uma enfermeira chegou, ela ainda estava com o oxigênio.

— Ela ainda não acordou? — perguntou e eu neguei.

— Está assim desde que chegou. — falei e ela anotou na sua ficha. O
seu olhar não é dos melhores. Isso não tinha passado despercebido por
mim. — O que tem de errado?

— Ela já deveria estar acordada. — falou dando de ombros. Isso me


deixou com medo, não sei o que esperar agora. Pensei que fosse
normal ela dormir, afinal, não sei se fez isso nos últimos dias.

— O que você quis dizer com isso? — ela me encarou por alguns
segundos. — FALA...

— Calma você está em um hospital.

— Você entra aqui, diz que a minha mulher não era pra estar dormindo
e me pede calma? — falei ainda irritado.

— É Henrique né? — assenti. — Bom Henrique, não era pra ela está
dormindo, normalmente isso não acontece, já se passaram mais de
quatro horas do parto. Vou chamar o médico e vamos fazer alguns
exames.

Ela me deixou ali na sala parado olhando pra Heloísa que ainda tinha
um semblante calmo. Me aproximei dela e segurei sua mão.

— Pequena, você está bem não está? Não aguentaria viver sem você.
Não depois de me acostumar com seu sorriso, com sua forma de me
deixar leve. Tudo em você me faz feliz. Preciso de você aqui. — falei
depositando um beijo em sua testa. Ela não se mexeu ficou como
estava. Isso me causou um desespero. Logo uma equipe médica me
afastou dela e a levaram pra fazer exames. Eu não conseguia ter uma
reação, apenas fiquei olhando a porta enquanto ela se fechava.
Quando minha mãe chegou ao hospital eu tive uma única reação. Eu
lhe dei um abraço apertado e me permiti chorar como eu não fazia a
muito tempo. Ela não deve ter entendido nada, afinal apenas avisei que
o Heitor nasceu, mas mesmo assim ela me retribuiu. Fiquei me
acalmando até conseguir de fato encarar minha mãe, logo atrás dela
tinha Gael. Ele me olhava tão confuso quanto minha mãe.
— O que houve? — sua pergunta era baixa e com uma grande
preocupação estampada no seu rosto. Olhei pro meu irmão pra lhe
responder.
— A Heloísa não acordou. Estão fazendo exames nela. — eles me
olharam espantados. — Estou com medo.
— Calma meu filho. Ela é forte. Pode ter sido apenas algo com os
últimos acontecimentos. — minha mãe falou e passou a mão em meus
cabelos. Eu fiquei imaginando minha vida sem a Heloísa, era algo
sufocante, não consigo me ver chegando em casa e não encontrá-la.
Meu menino, ele também precisa dela. Ficamos sentados na sala de
espera até que um médico apareceu.
— Você é noivo da Heloísa Albuquerque? — perguntou olhando pra
mim e eu concordei de imediato e ele olhou o prontuário que estava na
sua mão.
— Todos os exames da Heloísa deram normais, não temos uma causa
concreta do motivo dela ainda não acordar. Os sinais vitais estão todos
como esperado. — ele parecia confuso e me deixou ainda mais
amedrontado. — Vamos pedir mais alguns exames e esperar que ela
acorde.
— Doutor. — parei bem na sua frente e lhe encarei por alguns
segundos. — Faça tudo que for preciso, eu quero minha mulher
acordada.
Sai de lá o deixando com certo medo, nem havia falado tão rude com
ele. Entrei no quarto que a Heloísa estava. Parei ao seu lado segurei
sua mão, dando um leve aperto. Eu queria que tudo isso não passasse
de um sonho e que vocês estivem em casa, com meu pequeno ainda na
sua barriga, queria ter te protegido aquele dia. Como você é teimosa.
Eu avisei e pedi tanto que ficasse sempre perto dos seguranças, mas
nada adiantou. Você e seu instinto recém criado de boa mãe, fez tudo
ao contrário.
— Meu amor. Acorda. Não sei como lidar com Heitor sozinho. —
pedia a ela. Na verdade meu tom de voz implorava para um único sinal
que fosse de que ela me ouvia. Beijei sua testa com delicadeza, em
seguida selei nossos lábios. Saí do quarto e fui até a UTI neonatal, as
enfermeiras me deixaram entrar.
Lá estava ele com os olhinhos abertos, suas perninhas se mexiam com
movimentos leves. Tão pequeno e tão forte ao mesmo tempo. Depois
de higienizar as mãos, através dos buracos na incubadora toquei seus
cabelos. Assim como foi com Manoela, me apaixonei. Ali criei um
laço pra vida toda, por ele eu seria capaz de qualquer coisa. Fiquei
fazendo carinho até que ele dormisse.
As horas passaram e logo dona Catarina chegou ao hospital, junto com
Guilherme, o seu marido e também Bianca. Ela parecia preocupada,
com medo talvez e ansiosa, lhe dei um abraço e ela então foi falar com
minha mãe e meu irmão. Seus olhos pediam informações em silêncio.
— Heloísa deu a luz Catarina, mas ainda não acordou e os médicos não
sabem o motivo de seu estado. — minha mãe explicou quando viu que
nada sairia da minha boca. Eu estava me sentindo culpado, eu tinha
prometido cuidar da sua filha e não foi isso que fiz.
— Como assim? — ela me encarou. — O que aconteceu? — comecei a
contar toda história, me sentindo ainda mais culpado a cada olhar de
espanto ou reprovação de dona Catarina. Sei o quanto ela é apegada a
filha e isso me deixa com uma responsabilidade ainda maior.
— Dona Catarina me perdoa. Eu tentei proteger ela de todas as formas.
— falei e ela amenizou um pouco o olhar.
— Não estou chateada com você meu filho, sei que tem coisas que
fogem do nosso controle. Só estou impressionada com a capacidade
das pessoas de fazer o mal. — concordei. Ela ficou alguns minutos
pensativa. Bianca estava ao seu lado com os olhos cheios de lágrima
— Posso ver minha filha?
— Claro dona Catarina. Vamos lá no quarto. — caminhei e ela foi me
seguindo. O cansaço já estava me dominando afinal, faz dois dias que
não durmo nada. Apenas breves cochilos que me deixam ainda mais
cansado. Abri a porta e entrou a família dela, me sentei na poltrona,
apenas pra observar de longe.
Dona Catarina foi a primeira, ela se aproximou da filha, alisou os fios
loiros. Era inevitável não chorar junto, em breves orações ela pedia a
Deus pra sua filha acordar e eu a acompanhava. Já não me vejo sem
minha menina. Logo Guilherme ficou ao lado da mãe, ele falava mais
descontraído, talvez pra não pesar tanto o ambiente, mas do seu
jeitinho ele pedia o mesmo da mãe. David foi mais discreto, apenas
beijou a testa da Heloísa e abraçou sua esposa. Os três se juntaram em
um canto dando espaço pra Bianca se aproximar.
— Amiga. Que bagunça foi essa que você se meteu em? Primeiro um
amor, depois um filho e agora mais essa? — ela abriu um breve
sorriso. — Eu juro que quando acordar vou te bater. — segurou a mão
da minha menina e vi que apertava contra seu rosto. — O amiga.
Acorda logo. Não sabemos o por que ainda dorme, mas posso te dizer
que aqui estão todos ansiosos pra lhe abraçar e proteger.
Deixei que eles ficassem com ela tempo o suficiente, depois de uma
hora eles saíram. Eu fiquei de novo sozinho com ela. Olhando pro seu
rosto, eu queria estar ali quando ela acordasse, não quero que ela sinta
medo. Coloquei a poltrona do seu lado e deitei a cabeça perto da sua
cama, segurei sua mão e fechei os olhos.
— Henrique. — ouvi uma voz distante, e alguém sacudindo meu
corpo. Abri os olhos devagar. Olhei e era minha mãe. — Vai pra casa
descansar.
— Quero ficar com ela mãe. — cocei os olhos, minhas vistas ainda
estavam embaçadas.
— Eu prometo não sair do lado dela enquanto você dorme. Agora você
precisa descansar, seu corpo precisa disso. E precisa levar sua sogra
pra casa, ela deve estar cansada da viagem. — me dei por vencido,
levantei beijei a testa de Heloísa e a da minha mãe.

Saímos do hospital e fui o caminho todo em silêncio. Quando


chegamos na minha casa mostrei a todos onde poderiam dormir, fui
pro meu quarto. Lá tomei um banho, me deitei e agarrei o travesseiro
de Heloísa. Ele ainda tinha seu cheiro. Meu pensamento criou sonhos
bons, eu sonhei com ela, com nosso filho, com Manoela. Por falar nela,
amanhã preciso trazer ela pra casa, minha mãe deixou ela com meu
pai, mas sei que não é obrigação dele ficar.
Oito horas exatas, sim, isso foi o suficiente pra eu dormir e recuperar
os dois dias que me mantive acordado. Fiquei ainda um tempo deitado,
até que fui me arrumar pra voltar ao hospital. Desci as escadas e
encontrei Bianca e dona Catarina.
— Meu filho, fiz um café. — comentou minha sogra. Tentei abrir um
sorriso, mas acho que não funcionou muito bem.
— Vou beber um pouco, antes de ir. — não faria desfeita. Fui até a
cozinha me servi uma caneca generosa, me sentei em uma das
cadeiras.
— Vai pro hospital? — Dona Catarina perguntou assim que adentrou a
cozinha.
— Vou sim. Quero saber se Heloísa evoluiu em algo, nem que seja
uma mexida de dedo. — falei e ela abriu um sorriso largo.
— Você ama mesmo minha menina né?
— Muito mais do que eu imaginava sogra... — me levantei colocando
a xícara na pia. — Muito mais...
— Mande um beijo meu pra ela, mesmo ela não estando acordada. —
falou e eu concordei lhe dando um beijo na testa.

Fiquei por hora no hospital, conversei com a Heloísa, mandei o beijo


de sua mãe, fiquei apenas a olhando e nada. Simplesmente nada de
diferente aconteceu. Isso está me tirando a paz. Fui informado pelos
médicos que hoje a tarde seriam feitos mais exames. Quando sai de lá
fui até a casa de minha mãe, preciso ver Manoela, buscar ela pra ver
dona Catarina. E ainda vou precisar explicar o por que de Heloísa não
estar em casa.
— PAPAI. — ela gritou assim que me viu, pulou em meu colo e me
deu um abraço forte. Beijei suas bochechas. — Pensei que não viria me
buscar. Cadê tia Heloísa?
— Ela está... Ela está no hospital minha pequena. — seus olhinhos
ficaram espantados. — Seu irmãozinho nasceu, mas eles estão
precisando de mais cuidado.
Ela não falou nada apenas deitou a cabeça no meu ombro e alisava
meu rosto. Um pequeno gesto que foi capaz de me tranquilizar um
pouco. Minha mãe que tinha vindo pra casa aquela manhã nos chamou
pra comer um bolo que havia feito. Quando terminamos vim pra casa e
trouxe minha filha comigo. Ela adorou ver a vó Catarina, a qual ela
ama desde que conheceu. Eu fiquei em casa com a cabeça no hospital,
queria ir pra lá mas decidi passar essa noite com Manoela. Ela dormiu
depois que contei do irmãozinho dela, de como ele dormiu em meu
colo hoje. Sua ansiedade de conhecê-lo me alegrou.
A semana se resumiu em eu me dividir com Manoela, Heitor e Heloísa.
Minha filha me questionava do por que a tia não voltava pra casa, eu já
inventei tantas desculpas que estou ficando completamente sem ideia.
Heitor está cada dia mais forte e não deve demorar a ir pra casa. Já a
Heloísa parece não querer sair do seu estado atual.
— Heloísa por favor? Se esforça. Estou perdido, quero você ao meu
lado quando chegar o momento de ir pra casa. Manoela não cansa de
perguntar de você, já não tenho mais desculpas pra dar a ela. — falei e
me sentei na poltrona ao seu lado, encostei a cabeça na sua cama. —
Tenta por nós, estamos esperando você meu amor, te amo tanto. Sinto
sua falta. A cama é tão vazia, seu travesseiro já não tem mais seu
cheiro. Quero dormir com você, acordar com seus beijos. Estou
cansado pequena, não sei ser forte sem você.
Fechei meus olhos me sentindo um pouco frustrado. Os médicos me
disseram que depende dela querer acordar, já que não temos uma causa
concreta desse coma. Isso me deixa ansioso, sabendo que ela pode
acordar daqui um mês ou talvez daqui uma semana, é tão imprevisível,
foge do meu controle. Fiquei ali apenas deitado, deixando o silêncio
pairar no quarto. Dormi sem ao menos perceber.

— MEU FILHO... — levantei a cabeça no susto e a Heloísa estava se


debatendo ainda de olhos fechados. — Salva ele por favor. — ela
chorava. Fiquei sem reação do que fazer nesse momento, tentei tomar
seu rosto na intenção de acalma-la.
— Amor. Olha pra mim. — seus olhos se abriram e foram diretamente
nos meus.

Heloísa
Eu estava deitada em uma casa e com muito sangue a minha volta, e
por mais que eu gritasse ninguém aparecia para me ajudar. Meu choro
era desesperado. Coloquei a mão na minha barriga e ela já não estava
mais grande.
— MEU FILHO. — tentei me levantar, mas não tinha forças, meu
corpo não me respondia. A imagem da Carly apareceu e ela sorria pra
mim, com um bebê no colo. Era meu filho. — Salva ele por favor. —
pedi e ela concordou. Senti alguém tocar meu rosto, mas não tinha
ninguém ali. Esse toque, eu reconheceria em qualquer lugar. Busquei o
rosto de Henrique.
— Amor. Olha pra mim. — e como se eu estivesse dormindo meus
olhos abriram e o cenário mudou o lugar era claro, muito claro. Os
olhos de Henrique estavam apreensivo, e pude ver uma lágrima se
formar ali. Ele não se mexia apenas me encarava.
— Henrique. — falei baixo. Olhei pro lado e tinha alguns aparelhos
ligados a mim. Era difícil saber o motivo. Não me lembro de vim pro
hospital, só lembro dele entrando naquele lugar. Meu filho? Olhei pra
minha barriga e ela estava menor. Cadê meu filho? — Meu filho.
Henrique cadê meu filho? — tentei me levantar e foi então que ele se
mexeu e me abraçou.
— Calma amor. Calma. Nosso filho está bem. Ele nasceu tem uma
semana já. — o afastei e ele deu de ombros vendo minha confusão.
— Como assim? — perguntei.
— Amor. Eu prometo te explicar tudo, mas agora preciso chamar os
médicos. — ele saiu rapidamente do quarto e eu fiquei ali buscando
qualquer memória que fosse. Não me lembro de nada depois do meu
pedido ao Henrique que salvasse nosso filho. O que será que
aconteceu? Como posso ter tido meu filho e não lembrar? Eu
lembraria? Ou não? Minha cabeça começou a doer depois de tanto
buscar algo. Os médicos entraram e começaram a me examinar
pedindo pra seguir luz, até mesmo falar algumas coisas, e quando
finalmente tudo isso acabou ficou apenas eu e Henrique.
— Pode me explicar. —pedi calma e chamando ele com a mão pra
perto. Ele se sentou na poltrona ao meu lado. Me olhando nos olhos ele
contou toda a história, desde que me tirou daquele lugar. Era difícil pra
mim acreditar, não me parecia algo que um dia fosse acontecer
comigo. Fiquei um tempo digerindo tudo que ele me contou. — Posso
ver nosso filho?
— Vou falar com os médicos. Só um minuto. — ele se levantou e se
aproximou me dando um beijo na testa. Me senti em casa novamente.
Henrique demorou alguns minutos pra voltar. Nesse meio tempo me
trouxeram um suco. Bebi com calma e estava bom, era de laranja. —
Vamos?
— Posso ir ao banheiro antes? — concordou com um sorriso.
— Vai pequena, quer ajuda com algo? — neguei. — Então vou ligar
pra sua mãe avisar que você acordou e mandar alguém buscá-la.
— Minha mãe está aqui? — perguntei da porta do banheiro. Eu estava
andando bem devagar, parecia primeiro passos.
— Está sim. Ela vai ficar feliz em saber que você acordou. —
concordei ainda bem aérea. Essa história de que dormi por uma semana
parecia mentira. Eu tentava assimilar tudo que meu namorado falou.
Parecia um sonho.
Saí do banheiro e acompanhei o Henrique pelo corredor, e entramos no
elevador. Ele segurava minha mão o tempo todo, era bom sentir seu
toque. Olhei em seus olhos e ele também me encarava, abri um sorriso.
Lhe dei um selinho e voltei a me apoiar nele. Dois andares depois
estávamos em frente a UTI neonatal. Meu coração deu pequenos pulos
de alegria, não acredito que estou a poucos passos de abraço meu
pequeno. Entramos na sala e as enfermeiras assim que viram o
Henrique sorriu pra ele, péssima hora Heloísa. Péssima hora pra
ciúmes. Olhei pro meu namorado ele sorriu timidamente, ou apenas
com medo da minha reação.
— Parece que fez amigas enquanto eu dormia. — falei séria e ele me
encarou, e segurou a gargalhada que estava prestes a sair. Uma das
meninas me explicou o procedimento de higienização e depois de lavar
os braços, passar álcool, eu fui em direção a pequena incubadora. Meu
bebê estava com uma mangueirinha de oxigênio. Ele dormia
tranquilamente, senti uma paz danada de está com ele agora. Abri a
pequena janelinha que me dava acesso a ele, passei o dedo de leve por
seu rosto. Senti as lágrimas descer no meu rosto.
— Oi meu filho. A mamãe está aqui agora. — falei com a voz
embargada. Por algum motivo isso fez Heitor despertar. Ele agora
chorava.
— Parece que ele te ouviu. — uma das enfermeiras falou se
aproximando. — Quer pegá-lo? — concordei com a cabeça. Ela me fez
sentar em uma poltrona, com cuidado ela tirou meu filho da incubadora
e o colocou em meu colo. Meu amor por ele se multiplicou e eu já
sorria feito boba. Por instinto ele começou a caçar na minha roupa
mama, eu acho. Henrique ficou atrás de nós, ele limpou uma lágrima
quase invisível que caía em seu rosto. Olhando para meu pequeno
menino eu tive a certeza que daqui pra frente eu seria tudo, que ele me
pedisse que fosse. Um herói, uma companheira de brincadeira, um
porto seguro, seria qualquer coisa por ele e para ele.
Meses Depois.

— Amor. Você viu minha.... — Henrique parou na porta ao me ver.


Seus olhos percorreram cada centímetro do meu corpo, seus lábios se
curvaram em um sorriso. — Você... Está linda.
— Obrigada amor. — ele se aproximou e me deu um beijo apaixonado.
Estamos no Brasil, decidimos passar uma boa temporada por aqui, já
que o Henrique decidiu investir em alguns negócios por aqui. Hoje
decidimos sair todos pra jantar, já que sua família também está por
aqui. Escolhi um vestido preto com um decote cavado na frente, um
tecido leve que favorecia mostrar minhas pernas através da fenda, meu
cabelo estava em um coque bagunçado.
— Papai. — Manoela entrou no quarto e como o pai ela teve a mesma
reação. Vejamos como cresceu a minha menina. Sorri pra ela. — Você
está linda tia Heloísa.
— Obrigada pequena. E você está digna de uma princesa. — me
abaixei ficando na sua altura e alisei seu vestido no tom rosa bem
clarinho.
— Estou mesmo né tia? Vovó Catarina que me deu. — sorri de sua
empolgação.
— Papai. Só vim avisar que o vovô e a vovó estão aí. — falou olhando
pro pai. Henrique ainda estava apenas de calça e sapatos.
— Já estou indo princesa. — respondeu alisando o rosto da sua
pequena cópia. Como nossa vida está no lugar agora.
Carly pegou um bom tempo de prisão, sempre que Manoela pergunta
falamos que a mãe voltou a trabalhar bastante, não temos motivos pra
contar a verdade. Henrique até quis fazer isso, mas não permitiria que
ele tirasse da filha a boa visão que tem da mãe, bom, não tão boa
assim, mas não é necessário mais que isso. Heitor já está com nove
meses e é tão esperto, tão lindo, tão meu. Sou sim a mãe mais babona
que existe e meus filhos gostam disso. Não consigo ver Manoela como
se não fosse minha, apesar de me chamar de tia, sei que ela me vê do
mesmo jeito que vejo ela.
— Eu queria minha camisa preta, aquela que eu gosto. — Henrique
falou e me tirou dos pensamentos que estavam longe.
— Está no terceiro cabide, da segunda porta. — falei e ele foi em
direção ao closet. Voltei a passar o batom e me afastei um pouco do
espelho pra ter uma visão melhor. Sim, eu estava realmente muito
bonita. Fiquei olhando meu reflexo e buscando aquela menina
sonhadora de um tempo atrás, não a encontro, hoje sou uma mulher
decidida e bem segura de si. Meu namorado me abraçou por trás e
beijou meu pescoço.
— Eu sou um filho da puta de um sortudo. Tenho a esposa mais linda
do mundo. — falou e sorriu pra mim, levantei uma das sobrancelhas.
— Esposa? — falei rindo.
— Sim. Heloísa, você é minha esposa. Mas eu ainda quero oficializar.
— falou e me virou pra ele. Sua boca tocou a minha e iniciamos um
beijo, mas quando foi ficando intenso demais parei, não vou deixar
meus sogros me esperando.

Entramos em um restaurante elegante, Henrique reservou um espaço só


pra nós. Me sentei ao lado da minha mãe, que estava com Heitor no
colo e de Henrique. Gael agora estava acompanhado com sua
namorada, ele parece feliz com ela e sem dúvidas isso me deixou feliz
também. Seu Gustavo ainda não fala tão bem comigo, mas também
não me julga como antes. Dona Ester me trata como mãe, e eu me sinto
como uma filha mais nova dela. O jantar não demorou pra ser servido,
comemos em meio a uma conversa agradável.
— Vou ao banheiro. — Henrique falou parecendo nervoso e logo se
afastou da mesa. Isso me deixou em alerta. Olhei pra todos os lados,
em busca de algo que possa ter deixado inquieto. Alguns minutos ele
voltou, seu olhar estava colados no meu. Engoli a seco quando ele se
ajoelhou na minha frente. — Amor. Não sei por onde começar e nem o
que falar. Sei o que sinto e talvez não saía tudo como está aqui dentro,
mas quero que saiba que desde aquele dia em que entrou na minha sala
com Manoela no colo, parecendo assustada com meu tom de voz,
naquele dia seu olhar ficou gravado na minha mente, tive noites mal
dormidas, sonhos no qual você apenas me olhava. Com o passar dos
dias tive a certeza de que você tinha entrado na minha vida pra me
mostrar muito mais do que amor, me ensinou a ser paciente, mesmo
sem eu querer. Você me ensinou muito mais do que imagina, mas tem
uma coisa que você esqueceu... — meus olhos já estavam carregados
de lágrimas e eu sorria em meio a suas palavras. — Não me ensinou
como viveria sem você. E eu também não quero aprender. Eu quero
ver você acordando todos os dias, ser seu último pensamento antes de
dormir, e ser o motivo do seu sorriso pela manhã. Sei que já fazemos
isso, mas agora eu quero isso com uma aliança no seu dedo, com meu
sobrenome nome na sua assinatura. Quero te chamar de esposa e não
receber seu olhar interrogativo. — nem ele mesmo aguentou e sorriu
junto com todos na mesa. Henrique limpou uma lágrima que descia em
meu rosto.— Heloísa Albuquerque você aceita de casar comigo?
O silêncio se instalou no lugar, eu repassa todos nossos momentos na
minha mente. De como tudo começou tão errado e tem dado tão certo.
De como meu sentimento por ele só cresce, eu amo esse homem
ajoelhado na minha frente que as vezes me assusta. Eu não tinha outra
resposta pra dar.
— Eu aceito. — falei e ele se levantou me levando junto, me deu um
beijo comportado, mas carregado de sentimentos. Tirou uma caixinha
do bolso e revelou um par de aliança prata, a minha tinha uma pedrinha
sutil em cima, uma anel delicado, mas que não passaria despercebido
por ninguém. Já que o brilhante que estava em cima refletia as luzes.
Coloquei a aliança em seu dedo e ele fez o mesmo comigo, beijei o seu
dedo agora enfeitado. — Eu amo você.
— Também te amo minha loira. — falou e então a família foi se
levantando nos dando parabéns. Minha mãe beijou minha testa e
sussurrou um "seja feliz", minha sogra me abraçou e me deu mais uma
vez boas vindas à família. Gael fez suas brincadeiras e sua namorada
me deu uma abraço carinhoso. Meu irmão foi como Gael. Manoela me
abraçou apertado e me fez abaixar até na sua altura.
— Eu amo você tia. Como uma mamãe. — falou me fazendo derramar
mais lágrimas.
— Também amo você minha princesa. — me levantei e o pai de
Henrique estava parado na minha frente. Meu namorado, agora noivo
se colocou atrás de mim e me apertou contra ele.
— Seja bem vinda Heloísa. Sei que não fui tão receptivo quando
chegou em nossa família, mas depois que vi meu filho chorar por que
você não acordava, eu notei que ele gosta muito de você. E se você faz
meu filho feliz, está me fazendo também. — falou com seu jeito sério,
mas ele estava sendo sincero. Eu podia ver.
No restante da noite eu fiquei olhando pro anel que agora brilhava em
meu dedo. Meus pensamentos vagaram pro dia que embarquei pra
Seattle, pro dia em que descobri minha gravidez. Nosso recomeço.
Quando descobrimos que era o Heitor. O meu acordar e ver ele. Esse
homem veio mesmo pra bagunçar minha vida. O pensamento me fez
sorrir. A conversa na mesa já não era nem ouvida por mim. Senti uma
pequenas mãozinhas em meu braço, meu filho pedia meu colo.
— Oi meu amor. Mamãe está aqui. — assim que o peguei ele deitou
em meu ombro. Henrique colocou a mão na minha perna chamando
minha atenção.
— Espero ter te surpreendido. — falou com aquele seu olhar
galanteador.
— E surpreendeu. Pena que eu não tenha pensado em nada pra
retribuir a surpresa. — falei piscando pra ele.
— Posso te dar uma ideia. — Henrique é um safado, seu sorriso agora
me desmanchava por inteira. Não conseguia nem mesmo desviar o
olhar.
— Vão para um quarto. — Gael falou e eu gargalhei. Henrique negou
com a cabeça. O restante da mesa sorria. E assim foi o restante da
noite, em brincadeiras com nossa família. Que daqui pra frente viraria
uma só. E eu posso garantir que estou no momento mais feliz da minha
vida e só tenho a agradecer.

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