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Quero pedir desculpa se ainda houver algum erro, pois estou revisando
mais uma vez. Essa história era uma fanfic de um casal que não é um
casal, mas tem muita gente que acredita nos dois. Eu sempre que posso
escrevo sobre eles e dessa vez não seria diferente. Sim, todos os nomes
estão trocados.
Vale lembrar:
“A autora não concorda com nenhum tipo de violência, seja ela verbal
ou física, lembrando que é apenas uma história.”
Desejo a todos vocês uma boa leitura, espero que goste. Já aviso que
pretendo fazer um segundo livro da história, acho que não contei tudo
que queria.
Sinopse
Heloísa Albuquerque era uma jovem brasileira de 24 anos, ela sempre
foi muito sonhadora e um de seus sonhos era fazer intercâmbio em
algum país de fora. Então sua amiga Bianca lhe contou de uma
oportunidade que a ajudaria nesse sonho. Empolgada Heloísa
convenceu a todos que seria bom pra ela viajar pro exterior, ela só não
contava que junto à essa viagem viria algumas surpresas que o destino
havia preparado. Um amor proibido, um começo errado, mas tudo
parecia se encaixar no momento.
Heloísa
— Bom dia mãe. — falei ao encontrar minha baixinha na cozinha passando
— Bom dia minha filha. Seu irmão saiu com o David. — dei um beijo em sua
— Você tem certeza que quer ir mesmo pra longe filha? — perguntou e eu
comigo disse que viu uma família procurando alguém do Brasil que falasse
inglês, mas que também ensinasse a filha do casal o português fluente. Pensei
ser uma boa oportunidade. E acabou que conversei com a mãe da menina e
ela foi super simpática e disse que queria que eu fosse pra sua casa, o salário
era muito bom e sem falar que ainda teria onde morar.
— Mãe é só um ano. Eu vou ficar bem. — falei com ela e tentei sorrir pra ela
ver que estou feliz com isso. Minha mãe sempre foi muito apegada a mim e
abaixei a cabeça, ainda nem tinha comentado com o Bruno que pretendia
fazer isso, mas se ele gosta mesmo de mim vai entender e quem sabe me
esperar. Ele também pode tentar ir até lá. Sua família tem condições pra isso.
— Ainda não conversei com ele sobre isso. E mãe você viu o quanto o salário
é bom, vai ser duas coisas boas pra mim. — falei e ela apenas concordou.
Passei o dia conversando com a Bianca e ela é uma das poucas que vem me
iria pra lá no primeiro dia do mês que vem. Então faltam apenas quinze dias.
Resolvi que esses últimos dias aqui eu vou curtir muito meus amigos e minha
família. Vou sentir falta da cidade agitada de São Paulo, das noites agitadas
com a Bianca, da calmaria quando íamos ao interior, mas sei que também um
— Lila. Bruno está aí. — Guilherme apareceu na porta do meu quarto. Olhei
— Já estou indo. — então meu irmão se foi. Suspirei. Não sei o que esperar
dessa conversa.
concordei e descemos, deixei ela na porta e fui até a sala. Bruno conversava
com minha mãe e meu padrasto. Me sentei ao seu lado e ele logo me deu um
selinho, segurei sua mão e fingi prestar atenção na conversa, mas estava
anos quando o conheci e logo depois nos envolvemos. Foi algo que
— Amor? Podemos subir. Quero conversar com você. — falei com ele.
Segurei sua mão depois dele concordar. Minha mãe apenas me encarou, acho
que no fundo ela tem esperança que ele seja alguém que me pare, que me
impeça de viajar, mas eu sempre fui muito decidida. E acredito que se ele
Chegamos no meu quarto e ele logo se sentou na cama. Fiquei olhando pra
uma semana ela se tornou real. Sempre falei com você que sonho em ir pra
fora do Brasil, queria muito fazer intercâmbio e bom eu comecei a ver sobre
isso e recebi uma boa proposta. — dei uma parada e ele me incentivou a
continuar. —Tem uma família que precisa de uma babá, o salário é muito
bom, pois eles são brasileiros mas já moram lá a um tempo. Querem que sua
forma que imaginei. Bruno pode ter vários defeitos mas sei que ele nunca me
— Pelo que entendi, eles são em três, ela, o marido e a filha de 5 anos, pelo
que entendi se chama Manoela. O pai trabalha muito e pouco fica em casa, já
a Carly, ela não é muito diferente, mas tem um pouco mais de tempo.
Acontece que a babá vai sair e ela estava querendo muito que a filha
aprendesse a língua daqui pois os avós maternos moram aqui no Brasil. Não
sei bem como vou me adaptar cuidando de uma criança, mas vi fotos a
menina é linda e pelo visto bem calma, mas não sei parece que ainda falta
algo nela. Não sei quem sabe um sorriso mais largo. Fiz algumas chamadas e
a menina pouco falou de brincadeira. Não sei, parece que ela sente falta de
— Entendi. E como vou conseguir te ver? Acho que não aguento um ano. —
aguentaria tanto tempo. — lhe dei um beijo e deixei ele tomar sua forma.
mãe chamou a Bianca e também toda a família de Bruno. Ele que passou
colado comigo a última semana. Confesso que hoje está me dando um frio na
barriga, não sei o que esperar mas estou mega entusiasmada com a viagem
que vai acontecer amanhã pela manhã. Ontem falei com a Carly e ela junto a
apertando ainda mais. — Você vai ter que me aturar todos os dias te ligando.
Entendeu?
— Claro. E se você não ligar eu que ligo. — cai na gargalhada. Minha mãe se
aproximou e me olhou com um sorriso um pouco triste. Lhe puxei mais pra
mim.
— Eu te amo minha baixinha. E prometo voltar assim que der. E vim daqui a
seis meses nem que seja pra passar poucos dias. — seus olhos brilhavam me
vamos?
— Vamos. Que você tenha juízo nessa viagem minha filha. — falou e me deu
risadas.
Eu estava na ala do embarque, meu coração estava disparado. Voar nunca foi
muito bom pra mim, mas hoje estava ainda mais intenso, eu estaria voando
sozinha e pra uma vida totalmente nova. Quando chamaram meu voo dei
mais uma abraço na minha mãe e meu irmão. E vi Bianca chegando correndo.
— Pensei que iria perder esse momento. — ela me abraçou ofegante pela
Prometi que não iria olhar pra trás. Eu poderia querer voltar antes mesmo de
tentar.
cinco anos, Manoela tinha algo especial, ela parecia tão doce. Me senti bem
na temporada de frio por aqui, logo peguei um casaco que estava por cima da
minha mala. Sai no portão de desembarque e já avistei a morena alta e a
menina com grandes olhos expressivos que assim que me viu se fecharam por
conta do sorriso que brotou em seus lábios. Não pude deixar de notar o
quanto a Carly era linda, seus cabelos eram grandes batiam na sua cintura,
encolher já que não sou nada o padrão da beleza. Meu quadril é largo e sou
um pouco acima do peso, mas nada que me incomoda, gosto do meu corpo.
brinquei e me abaixei pra ficar da sua altura e lhe apertei em meu braço. —
Oi Dona Carly.
— Sem o dona Heloísa. Me senti velha. — ela disse com um sorriso no rosto.
— Vamos então? Está na hora de você dormir e temos que apresentar a casa
pra Heloísa.
—Tia você vai amar meu quarto da princesa. — a menina falou e eu ri. Era
— Heloísa. Temos que acertar uns pontos.— Agora Carly usava o português
coisas não são as mil maravilhas que a mídia mostra. Henrique é o meu
marido, mas ele mal fica em casa, vai ver ele mais a noite. Quero que evite
afaste. Manoela tem uma semana cheia, sempre está na escola ou nas aulas de
balé. Isso vai ser trabalho seu. Suas refeições serão feitas depois de nós, é
ou jantar, mas é uma exceção. Eu não sou muito diferente, trabalho muito e
as vezes viajo por algum tempo, Manoela sempre fica com as babás, não será
diferente com você, mas você sempre será bem recompensada por isso. Está
— Sim. — era apenas o que poderia dizer. Pois em poucos minutos percebi
que estava certa sobre a menina. Ela queria atenção, pelo visto os pais pouco
fica com ela. Deve ser por isso que ela se apega tão rápido a alguém que lhe
da casa, ela basicamente limpa tudo, menos seu quarto isso é você mesma
quem faz. E por último seu contrato vai chegar com o Henrique. Ele está
— Sou eu quem coloco Manoela pra dormir? — perguntei por alto. Era óbvio
que a resposta seria sim. Bom eu praticamente trocaria de papel com ela. —
— Sim é você quem a coloca na cama, a não ser quando o Henrique estiver, é
ele quem faz isso. E você terá tempo livre, mas não em dias certos. Se
automático. Quando o carro parou logo os dois rapazes que até então estavam
quieto desceram e abriram a porta pra nós. Manoela desceu comigo e estava
mega empolgada com o fato de me mostrar seu quarto. Logo na sala que por
sinal seja quase do tamanho da minha casa inteira, conheci as duas senhoras
que a Carly havia citado antes. Foram bem acolhedoras. Manoela
beleza. Uma cama enorme e um banheiro lindo com uma banheira, pelo visto
os empregados são bem tratados. Assim que vi tudo Manoela me puxou pro
outro lado das escadas, tinha outro corredor com apenas três portas, ela
entrou em uma delas e me senti dentro da Disney, era um quarto com uma
cama como de uma princesa, todo o quarto decorado com castelos e objetos
— Qual você gosta mais? — perguntei e ela pensou bastante até me trazer a
Cinderela.
meu lado.
acordo. Fiz um sinal como quem pedia permissão ela deu e saiu do quarto. Eu
fui dei banho na Manoela e coloquei seu pijama. Fiquei na poltrona ao lado
da cama e segurei sua mão fazendo carinho. Ela começou então a contar
história, antes mesmo do final ela dormia como anjo. Dei um beijo nos seus
cabelos e sai do quarto sem fazer barulho. Já estava tarde então resolvi ir
direto pro quarto onde seria meu. Tomei um banho coloquei um baby doll e
deitei na cama que era tão macia que poderia passar o dia aqui. Peguei meu
celular e a primeira coisa que fiz foi mandar mensagem pra minha mãe e
Henrique
Eu vim pra Washington ainda novo, pai tinha negócios que valiam
ouro aqui, depois de muito convencer minha mãe ele decidiu que seria
aqui nosso novo lar. Ele comprou uma casa e mudamos completamente
nossa vida, afinal sair de Palmas pra Seattle não era uma simples
mudança. Eu tinha 17 anos na época. Hoje eu tenho 35 cuido de uma
das empresas, me tornei o CEO de uma delas, na verdade meu nome
vai em todas. Com 19 anos eu conheci uma menina ela era linda,
modelo e me apaixonei por ela no primeiro instante. Era até engraçado
falar disso, mas bom foi tudo muito rápido, um amor muito intenso
tanto meu como dela.
Carly tinha 18 anos, pouca diferença mas ela havia vivido muita mais
coisa que eu, sua carreira de modelo já existia estava em um bom
momento. Não sei mas acontece que nos apaixonamos, nosso namoro
ficou escondido durante dois anos até que decidimos nos casar. Eu já
estava em um cargo bom nas empresas e fizemos uma festa simples
mas bem bonita. Estamos juntos até hoje mesmo que tenhamos altos e
baixos, hoje em dia mais baixos que altos. Nossas brigas são constante
sobre tudo. Vivo em viagens, eu estou em um momento de acordos na
empresa, tentando expandir mais uma filial, Carly, bem eu nem sei que
rumo está, sei que ela anda sem tempo pra tudo, inclusive pra Manoela.
Eu me sinto mal, sei que minha filha quer atenção, mas também ando
tão atarefado então sempre que estou em casa prometi que seria eu a
colocar ela na cama.
— Luiza vai sair fim do mês. Pensei em por em prática aquele plano de
trazer alguém do Brasil. Manoela já está numa idade boa pra aprender
nossa língua. — Eu não ouvi quase nada, mas pra não gerar conflitos
concordei. O silêncio se instalou ali, mas veio acompanhado de quase
um grito de Carly.
— Henrique tem como você olhar pra mim quando eu falo? Eu estou
aqui tentando te comunicar algo da Manoela e nem isso chama dia
atenção? — bufou. Tirei meus óculos e encarei minha esposa que
agora estava bem irritada.
— Eu ouvi Carly. Faz o que você achar melhor. Traga alguém que
passe confiança. Não posso falar mais que isso, depois me diga o nome
pra eu elaborar o contrato. — falei e novamente coloquei meus óculos
voltando pra tela que chamava minha atenção. Pelo visto vamos
mesmo conseguir o que eu queria, até o fim do mês eu viajo e
fechamos negócio. Meu pai vai ficar eufórico com a possibilidade.
Trabalhamos em vários ramos, seja hotel, restaurantes, clubes até casas
noturnas temos algumas na cidade. Uma ramo de entretenimento.
— Você não está nem aí. — Carly falou e eu já até tinha me esquecido
de sua presença. Saiu batendo a porta com tanta força que senti o
tremer das paredes. É desses altos e baixos que me referia. Sei que não
sou perfeito mas tenho me dedicado ao trabalho, quando nos
conhecemos eu já era assim. É algo que amo.
— Papai. — ouvi a voz fina da minha pequena e foi isso que me fez
sorri na hora. Me virei já abaixando pra receber seu abraço.
— Eu queria falar com você. Não deixa a tia Luiza ir embora. Eu gosto
tanto dela. Ela é quem brinca comigo, me coloca pra dormir, conta
história. — falou com os olhinhos cheios d’água. O que eu iria falar
agora? Puxei ela pro meu colo e limpei lágrima que agora descia.
— Olha a mamãe e falou comigo. Ela vai arrumar uma tia bem legal,
que vai brincar e contar história. E sabe a parte mais legal. — fiz
cócegas para arrancar um sorriso dela. — Ela vai te ensinar a língua do
papai e da mamãe.
— Não quero aprender papai. — olhei pra ela desconfiado. Ela
abaixou a cabeça e mexeu de leve na minha barba. — Não gosto dessa
língua. Sempre que vocês usam ela é pra brigar.
— Olha o papai promete evitar brigar. Agora eu quero que você fique
feliz. Tia Luiza vai pra um lugar que é bom pra ela, e mesmo longe ela
ainda vai lembrar de você e de seu jeitinho sapeca. — passei a barba
em seu pescoço arrancando uma risada. — Agora vamos combinar
assim, você fica feliz e o papai promete não brigar. E quando a nova tia
chegar quero que ver você mostrar pra ela tudo que gosta, tá bom?
Meu celular tocou quando eu não sentei no banco de trás. Era alguns
dos sócios das filiais. Passei o caminho resolvendo algumas coisas e
consegui apenas uma viagem de emergência por conta de ter que
comparecer à uma reunião. Bufei. Pedi ao Fernando que ligasse pra
minha casa Carly pra arrumar uma pequena mala de apenas dois dias.
Sei que em minutos meu celular tocaria com ela histérica por conta da
viagem. Não precisava ser tão mágico pra saber disso. Meu celular
então tocou e eu atendi descendo do carro em frente a empresa.
— Você vai viajar? Henrique é sério isso? — falou com a voz alta mas
sem gritar.
Não ando muito na linha com a Carly, não quero justificar o que fiz,
mas acontece que cheguei no meu limite quando já estávamos brigando
até pelo que iria comer na noite. Eu então sai de casa puto, estava um
pouco cansado, tinha trabalhado o dia inteiro. Parei em uma casa
noturna na intenção de só beber mas então uma morena com um
vestido bem curto se aproximou e foi dali em diante que eu me tornei
isso. O cara que trai a esposa mesmo não me orgulhando é isso que
vem acontecendo. Eu não sei por que ainda não cheguei no ponto final,
mas acho que Manoela ainda me prende muito. Ou então nenhuma
mulher me tirou dos eixos como diz meu irmão.
Minha família não é muito fã de Carly, acham ela fresca e as vezes fria
demais com Manoela. Eu tento não levar isso como um ponto forte,
eles até que tentam se dar bem. Hora ou outra marcamos um jantar pra
tentar manter a pose de família feliz, mas sei que meus pais só fazem
isso por causa de mim e meu irmão por causa dos meus pais. Gael é
mais novo que eu dois anos, ele é o tipo galinha, ninguém prende esse
menino e se fosse por ele eu já teria largado minha esposa e estaria por
aí pegando qualquer uma. Saímos muitas vezes juntos, quando eu estou
querendo me distrair ele é uma boa companhia. O elevador chegou no
meu andar.
— Vamos abrir um hotel em Nova Iorque. — falou e isso fez meu dia
bem. Tem quase um ano que meu pai tem tentado fazer nosso projeto
acontecer. — Mas preciso que um de vocês estejam lá semana que
vem.
— Gael você vai. Eu tenho viajado quase o mês inteiro.— falei agora
irritado.
— E aí ? Você gostou? Acha que ela vai ser legal com você? —
perguntei fazendo carinho em seu rosto.
— Não entendo o que elas falam, mas a mamãe me disse que ela chega
em duas semanas. — falou empolgada. — Ela tem os cabelos como da
Cinderela.
— É uma boa menina, ela queria fazer intercâmbio mas uma amiga
dela falou do site que eu cadastrei perguntando sobre alguém
interessado. Estamos conversando quase todos os dias. E agora temos
uma data. Ela chega não primeiro dia do mês que vem. — falou e eu
concordei.
— Vale a pena?
— Acho que sim. Tempo pra Manoela aprender nossa língua e ela
treinar o inglês. Além de ser bom pra nós é pra ela também. — ela
explicou e eu concordei.
— Vou montar o contrato. — falei e voltei a atenção pra Manoela. —
Vamos dormir meu amor.
— É claro meu amor, quem não gosta de uma menina sapeca como
você? — fiz cócegas e me deitei ao seu lado. Fiquei ali terminando a
história que contava até que ela dormiu. Fui pro meu quarto e a Carly
já dormia. Tomei um banho e desci em busca de algo pra comer, estava
quase de madrugada e o sono se recusa a vim. Estou preocupado com
tudo que eu tenho que fazer e ainda tem essa mudança na vida de
Manoela. Eu sei que a Carly tem uma viagem que vai durar quase um
mês dela fora, não sei como vou fazer mas preciso evitar viajar nesse
período.
— Oi pai. — atendi.
Pela manhã senti pequenas mãozinhas apertarem meu rosto, e logo que
cuidar dela, arrumei seus cabelos em uma Ester Chiquinha e pra quem
está cuidando de uma criança pela primeira vez estou me saindo muito
bem. Deixei ela descer sozinha e fui pro meu quarto, não estou com
fome. Vou ver se como algo na rua. Deitei na minha conta e conversei
" Ela é um doce amiga. Inteligente e nem parece que só tem 5 anos.
e eu sorri.
— Conta, como está as coisas? Minha mãe ficou bem? Ainda não
também. — Mas liga pra ela assim que der, pelo menos pra ela saber
apertar a saudades, ela perguntou como era o inglês daqui se era bem
diferente e eu falei comentei que ainda nem tive tempo de ver nada
jogando na cama.
pra ela.
— Ela ainda não fala português sua louca. — falei e então Bianca falou
parque que ela mais gosta que tem a grama mais bonita. Um dos
seguranças da casa iria nos levar e ficar com a gente até a hora que
fui ver estávamos rolando na grama. Olhei o relógio e já era quase hora
do almoço.
uma pouco emburrada. — Meu amor, está na hora de você comer. Sua
mãe vai brigar comigo se eu não te levar agora. Prometo que voltamos
outro dia.
ela e entramos na casa rindo por que estava chamando ela de sujeirinha
já que toda sua roupa estava suja. Mal pisamos na sala e um grito
barba grande gritava parecendo estar bem nervoso. Manoela que estava
sair dali, mas fiquei paralisada com seu tom de voz. Eles usavam o
português. Fiquei aliviada da Manoela não entender.— VOCÊ JÁ
lado. Eu entendo sempre o seu lado, você vive em viagem sem motivo.
— Carly falava alto mais sem gritar. Olhei pra Manoela e em segundos
ela começou a chorar alto e chamou atenção dos dois pra gente.
— Acho melhor levar ela pra tomar banho e depois ela vem almoçar.
vamos fazer um combinado? Você toma banho desce pra comer com
seus pais e depois que a tia almoçar, vamos treinar falar português? —
— Eu não quero aprender a falar a língua da briga tia. Sempre que eles
sairia dessa situação, não acredito que a menina tem medo da língua
por conta das brigas. O que será que essa menina já viu? Isso era o que
me questionava no momento.
— Olha eu vou te ensinar apenas coisa boa, você vai gostar. — falei
bom?
Coloquei um vestido bonito que ela mesmo escolheu disse que era pra
com ela e fui pra cozinha, ela foi pra sala de jantar, seus pais
esperavam pra almoçar. Laura já tinha toda uma mesa preparada pra
nós.
— Oi menina. — ela disse e forma acolhedor. Eu já me imagino
agarrada a ela por que por algum motivo me sinto bem do seu lado
noite.
comida cheirava tão bem que fez meu estômago roncar. Me servi de
correndo pra mim. Seu pai veio logo atrás, eu evitei encarar ele. Já que
por ordem da Carly não posso ficar no mesmo lugar que ele.
— Manoela vem aqui. — sua voz era grossa e causa até um pouco de
em meu colo.
— Princesa respeita seu pai, depois vamos fazer aquilo que prometi,
vai lá. A tia já vai acabar. — tentei não me meter muito, mas era
pai.
— Obrigado. É Heloísa né? — falou e o encarei. Ele tinha um rosto
era um homem lindo não teria como dizer que não, ele e Carly formam
jeans e uma blusa social preta. Abaixei o olhar por achar que já estava
saíram da cozinha.
Já fazia duas semanas que eu estava trabalhando aqui e bom parece que
agora vejo o Henrique em todo lugar. Pela manhã bato de frente com
ele, e agora por incrível que pareça na última semana ele tem almoçado
fui conversar com Bianca e agora ela não sai do meu pé questionando
sobre ele. Hoje era dia que eu iria treinar com a Manoela o Português,
por falar nisso a Bianca tem me ajudado muito, sempre faço uma vídeo
falar isso. Sempre que ver a imagem da Bianca ela fala a mesma coisa.
o que entendia e foi lindo ver que estamos evoluindo, alguma vezes ela
repetia o verso.
— Que lindo meu amor, você está ficando boa nisso. — falei e dei um
— E viveram felizes para sempre. — ela falou como quem lia última
logo apareceu.
e tentei passar pela porta mas a mão de Henrique segurou meu braço.
— Preciso da sua ajuda. — tirei meus braços da sua mão e me afastei.
Henrique quer problemas com a mulher dele. — Meus pais estão vindo
— Tudo bem. — falei e ele olhou meu corpo de cima a baixo e depois
desconfortável.
famosas Ester Chiquinha que ela ama, e dei um beijo em seu rosto
assim que terminei. Passei um gloss que ela tinha, pronto agora ela
estava pronta pra ver os avós. Não havia terminado e a Carly apareceu
na porta do quarto.
— Nossa como está linda minha filha, uma princesa. Tia Heloísa
Carly.
— Vai dar tudo certo. Bom eu vou pro meu quarto. Qualquer coisa só
Logo meu celular tocou era uma chamada de vídeo de Bruno. Atendi já
saudade. Logo atrás dele surgiu minha mãe. Na hora meus olhos
encheram d'água.
— Vim ver minha sogra. Como está as coisas por aí amor? Estão te
— Vou mês que vem. Era pra ser surpresa, mas eu não aguentaria. Sua
— Sim mãe. A dona Laura cozinha muito bem, claro que ainda amo a
minutos. Até que me vi entediada sem fazer nada. Desci e fui direto
que quer que eu faça, não precisa se preocupar estou livre agora.
— Aí minha filha, então vou aceitar. Pode cortar esses legumes pra
mim? — falou e eu já peguei a faca e comecei pela cenoura.
— Nem sempre, mas como hoje foi de última hora fiquei um pouco
enrolada. Daqui a pouco sei que Gael vai aparecer e começar a beliscar
eles bem novos e até hoje eu trabalho na família.— falou e eu sorri. Ela
parece tratar esses meninos como filho, mesmo que um seja mais
o jantar.
— Prazer, sou o filho mais lindo da família Ávila. — soltei uma risada.
Ele é divertido.
vai aprender o português. Fico feliz que conseguiu fazer ela ver o
português sem ser como uma língua ruim. — falou e logo em seguida
revirou os olhos.
eu que pensava que aqui era só cerveja quente, mas noto que esse
namoro? — Não era uma pergunta com segundas intenções, ele estava
tentando apenas entender.
— Sim. Bom ele vai vir aqui, ele disse que vai tentar viajar pelo menos
esperar e apoiar meus sonhos. Acho que estava certa. — falei e sorri.
Perguntei sobre ele e pude ver que era baladeiro e prometeu me levar
— O assunto está bom, mas será que pode deixar minhas empregadas
escritório.
— Tenho que ir então né. — falou rindo pra mim e foi inevitável não
mesmos.
— Eu também gosto muito dela. — falei e mais uma vez olhei pra
Manoela.
— Que bom que minha neta agora tem alguém que queira realmente
está com ela. Obrigada minha filha pelo que tem feito. —concordei e
— Enquanto eu estiver aqui pode deixar que ela será bem cuidada. —
— E tem. — falei e parei pra pensar se falava ou não pra ele, mas
nunca escondi algo que passava comigo. — A merda da babá da
Manoela.
— Tenho medo da Carly notar algo. Eu não sei como vai ser se segurar
no tempo que Carly vai estar viajando. Que por falar nisso vai ser
quase dois meses. — falei e meu irmão fechou a cara na hora.
— Essa mulher não pensa na filha? Como vai ficar Manoela sem ela
por tanto tempo? — falou irritado.
— Não sei. Brigamos esses dias sobre isso. Sei que durante esse
período você precisa me cobrir nas viagens. Não pode simplesmente
eu e Carly sumir né? — falei passando a mão na barba.
— Vocês são dois filhos da puta, me desculpa, mas vocês vivem pra
trabalho. Manoela nunca está em primeiro plano Henrique. — falou
levantando e agora andava de um lado para o outro. Não poderia
argumentar. Eu mal tenho ficado com minha filha, as vezes durmo
dentro do escritório por trabalhar demais.— Espero de coração que
essa menina trate Manoela como merece.
— Ela trata Gael, por isso minha filha não vem mais comigo. Ela não
dorme mais comigo, nem se preocupa se estou ou não em casa. Acha
que estou feliz com isso? — falei alto. — Eu sei que não tenho sido
bom pai. Mas que merda.
— Carly não pude dizer não. Minha mãe quer saber quem anda
cuidando da Manoela. Contei a ela sobre a nova babá. — falei indo
pegar uma roupa.
Depois de por minha blusa preta social e uma calça com tênis, fiquei
mexendo em celular sentado na cama. Carly se arrumou e foi até
Manoela. Decidi descer e esperar meus pais. Eu estava saindo quando
ouvi Heloísa atender o celular com uma voz doce, ela chamava a
pessoa de amor. Fiquei intrigado e fui andando com calma, a pessoa
parecia ser algo dela. Meu Deus, eu estou seguindo minha babá, parei
o que fazia e esperei alguns minutos até seguir o caminho. Fui para a
sala de visitas. Não demorou muito e meus pais e irmão chegaram.
Laura trouxe uma bebida para todos. Manoela correu pro colo da
minha mãe, ela estava uma perfeita princesa, com um cabelo que tem
virado seu preferido. Sorri com a cena dela conversando com a avó.
— Nem se eu quisesse. Ela tem namorado e gosta dele. Ele vem ver ela
mês que vem.— falou e gargalhou quando viu que fiquei ainda mais
sério mas ainda sim, surpreso.
— Está tarde pra andar pela casa. — falei e a menina deu um pulo se
virou pra mim e tentou se cobrir passando a mão pelo corpo. O que não
adiantou muito chamou ainda mais minha atenção.
— Seu cheiro é bom. — falei em seu ouvido. Ela tinha o rosto virado
pro lado como quem não queria me olhar. Peguei seu queixo e fiz seus
olhos parar nos meus.
Parece que Heloísa tem adorado fugir de mim e faz isso muito bem. Eu
me enfiei na empresa na última semana. Não quero fazer besteira. Eu
não posso perder a cabeça com uma menina e depois ter que tirar ela
da vida da minha filha. Preciso da minha pequena bem. Carly vai viajar
pela manhã, então parece que a casa vai estar sob meu comando por
quem sabe dois meses.
— Acho que seu irmão está tendo algo com a nossa babá acredita? —
Carly falou ao se deitar. — Eu pensei que ela tinha um namorado.
— Não posso prender a menina 24 horas por dia durante sete dias da
semana Henrique, ela precisa conhecer lugares, viver. Ela é nova e
merece isso. — falou e pegou seu celular, assim que abriu o aparelho
abriu um sorriso. Tenho notado a Carly um pouco estranha na última
semana, está mais empolgada que o normal com essa viagem. Decidi
não me importar muito, fiquei pensando se Gael estava ou não saindo
com a Heloísa.
— Depois Aila, quero Gael na minha sala assim que chegar. — Entrei
e bati a porta. Eu não consegui pensar em nada até que a porta se abriu
e meu irmão de óculos escuros entrou, ele estava virado, vi pelo seu
olhar quando tirou seus óculos.
— Vou ser bem direto. Você está saindo com a Heloísa? — perguntei
demonstrando toda minha irritação.
— Você não vai comer minha babá. — falei baixo mas deixando toda
minha raiva sair. Ele se aproximou e sorriu.
— Se eu souber....
— Claro papai. — fui pra mesa com Manoela agarrada em meu colo.
Eu sentei ela no seu lugar e fui pro meu.
— Que linda meu amor. Então seu dia foi bem agitado. Que tal uma
história antes de dormir? — perguntei. Ela torceu a boca um pouco
sem jeito.
— Combinei com a tia Heloísa de ver um filme, mas não fica triste.
Amanhã eu durmo com você tá bom? — falou com seu jeitinho meigo.
Heloísa
Depois da madrugada na cozinha, evitei que o Henrique chegasse
perto. Não quero perder meu emprego não agora que ando me
divertindo com o Gael e conhecido ainda mais gente. Carly não pode
sonhar que seu marido praticamente me agarrou na cozinha na noite do
jantar com seus pais.
— Heloísa podemos conversar? — senti meu sangue parar quando
Carly chega na cozinha e me chama.
— Claro. — Me levantei e acompanhei ela até o que me parece um
escritório. Ela se sentou na cadeira atrás da mesa e me apontou a outra.
— Eu estou buscando uma forma de você aceitar. — soltou um sorriso
sem graça. — Bom eu preciso que você fiquei dois meses direto com
Manoela. Eu vou viajar nesse período, Henrique, bom aquele ali nem
para em casa. E eu preciso muito de você agora, mas como falei no
início você vai ser bem recompensada.
— Tudo bem Carly. — respondi mesmo que ainda estivesse chocada
por ela deixar filha e marido por dois meses. Me mantive em silêncio.
— Está um pouco assustada né? Na minha vida é normal Heloísa, as
vezes abrir mão de alguma coisa por conta da carreira. — concordei.
— Obrigada pelo que tem feito com a Manoela. Ela gosta mesmo de
você.
Depois de uma breve conversa eu saí dali. Eu estava ainda me
imaginando passando esses dois meses fugindo completamente do
Henrique. Carly iria na próxima semana e eu tenho que pensar em algo
rápido. Pelo que ela falou Manoela passaria a primeira semana com a
dona Ester, iria viajar, então pensei em pedir o Bruno pra adiantar sua
viagem. Mandei uma mensagem rápida e fui atrás de Manoela, ela
precisa se arrumar pra ir a escola.
— Tia, você vai me levar na aula hoje? — perguntou ela enquanto eu
arrumava seu uniforme.
— Vou meu amor, te levar e também te buscar. Então vamos tomar um
sorvete tá bom? — falei e ela deu pulinhos de alegria. E saí com ela
toda saltitante. Olhei meu celular e Bruno tinha respondido que viria na
próxima semana. Isso significa que vou ter uma semana longe desse
cara.
Os dias passaram e Gael me chamou pra mais um noite em uma das
casas noturnas que pertence a eles. Concordei, sempre gostei muito de
sair e tenho sentido saudades de quando fazia isso com a Mai. Na
verdade eu tenho sentido falta de muita coisa. Amanhã a Carly iria
viajar e eu ainda ficaria mais três dias cuidando da Manoela sozinha
até que a dona Ester viesse buscá-la.
— Você bebe mais que eu. — Gael gritou no meu ouvido por conta do
som alto.
— Isso por que não conhece a Bianca, uma amiga. — falei com ele.
Gael era realmente um bom amigos, conversamos sobre tudo. Ele
nunca tentou nada comigo, apenas me ouve, me faz dar várias risadas.
Eu me sinto bem com ele, na verdade ele me traz um pouquinho do
Brasil.
— Heloísa posso te perguntar uma coisa? — concordei e ele depois de
muito pensar falou. — Henrique te trata bem? — juro que se estivesse
com bebida na boca tinha cuspido tudo ali, pelo susto. Me recompus da
surpresa e tente ser indiferente.
— Dá pra contar nos dedos todas as vezes que falei com seu irmão. Ele
me trata como a babá. E eu agradeço muito por isso. — falei e virei
mais um copo de bebida.
— E seu namorado? — perguntou com curiosidade, não entendi muito
bem a pergunta. — Ele te trata bem?
— Sempre Ju, eu gosto muito dele. A gente namora desde meus 17
anos. Ele me apoia muito, inclusive ele está vindo pra cá na semana
que a Manoela vai está fora. A dona Carly já tinha me liberado essa
semana, então vou aproveitar e mostrar a ele um pouquinho do que
conheci. — falei e ele sorriu.
Passamos boa parte do tempo papeando, e quando já estava bem tarde
decidimos ir embora. Pela manhã eu mal conseguia abrir os olhos, mas
me levantei e coloquei a Manoela pra escola, eu não a levei. Precisava
descansar um pouco mais. Ela só aceitou com a promessa de que eu
iria almoçar com ela depois. Voltei pro quarto e me deitei na cama.
Quando faltavam ainda pouco mais de vinte minutos pra Manoela sair
da escola, eu desci arrumada pro nosso almoço. Passei pela cozinha e
avisei a Laura que estava indo e levaria Manoela pra comer fora.
Cheguei em frente a escola e assim que a menina me viu correu pra
mim, a peguei no colo e seguimos caminho até um restaurante.
— O que vai comer mocinha? — perguntei enquanto folheava o
cardápio.
— Tia eu posso comer um Hambúrguer. — olhei pra ela e estava
prestes a negar quando ela juntou as mãozinhas. — Só hoje tia, por
favor.
— Tá bom. Só hoje. — pedi dois hambúrgueres com batata fritas.
Enquanto esperávamos Manoela contava como foi o dia na escola e em
como vai ser a viagem com a vó. Eu ouvia tudo com muita atenção.
Quando nossos pratos chegou ela começou a devorar seu hambúrguer,
eu iria de sua forma faminta. — Parece que estava mesmo com você é
princesa.
— É que é meu preferido. Está muito bom. — falou voltando a comer.
Eu fiz o mesmo.
O som estava tão alto e estava tão cheio que com muito custo consegui
ver Gael na área vip. Ele veio até o segurança e me deixaram passar.
Tinha uma mesa carregada de bebidas. Apresentei o Bruno a Ele.
— Prazer, sou amigo dela. E agora estarei de olho em você. — Gael
brincou me fazendo gargalhar.
— Só você Gael. — falou e eu ri. Ficamos conversando até que o
celular de Gael tocou e ele se afastou pra atender.
— Gostei desse cara. — Bruno comentou. Fiquei feliz que eles tenham
se dado bem. Quando Gael voltou ele me encarou de um jeito estranho,
como quem estava aprontando algo, ou se desculpando por algo, era
difícil saber.
Quando olhei para as pessoas ao redor e meus olhos pararam eu uma
barba que era conhecida. Merda! Não acredito que ele está aqui, olhei
pra Gael que encolheu os ombros. Henrique se aproximou e me lançou
um sorriso desafiador. Isso era a merda de um jogo pra ele. Cheguei a
pensar que isso era a merda de um plano, revirei os olhos.
— Boa noite. — falou e me olhou. — Não sabia que frequentava
nossas casas noturnas Heloísa.
— Gael me trouxe. — falei e cheguei mais perto de Bruno. Ele olhou
pro meu namorado com um sorrisinho escroto nos lábios.
— Você deve ser o namorado dela. — puta merda! Ele pode calar a
boca? Olhei pra Gael suplicando pra ele parar o irmão.
— Ele é sim Mano. Fico até mais confortável de saber que a Lila tem
alguém por ela e que a apoia. — Gael falou e o Bruno apenas encarava
o Henrique. Logo depois virou pra mim e falou em meu ouvido.
— Quem é esse cara?? — perguntou.
— Meu chefe. Não costumo encontrar muito com ele, mas ele sabe da
minha vida, pois converso muito com sua esposa. — Bruno me olhou
por alguns segundos e me deu um beijo logo depois. Pronto! Virei o
troféu da noite. O que era pra ser agradável se tornou algo
extremamente sufocante. Bufei. — Vou ao banheiro.
Sai dali e entrei no que estava vazio. Fiquei por alguns minutos me
olhando no espelho, passei de novo o batom e bufei inúmeras vezes. O
que esse cara está querendo de mim. Não sei nem o que pensar. Várias
imagens começam a correr na minha mente, principalmente a manhã
de hoje que transei com meu namorado e por alguns minutos via ele.
— Droga! — falei baixo. A porta se abriu me fazendo levar um susto.
— Parece que seu namorado não curtiu muito minha presença. —
aquela voz rouca apareceu, me virei rápido e ele trancava a porta.
— O que você quer em? Pelo amor de Deus Henrique, você é casado,
sou babá da sua filha e parece que da noite pro dia você decidiu fazer
da minha vida seu inferno pessoal. — quase gritava, mas me contive.
Ele andou até mim com as mãos no bolso da calça e um sorrisinho.
Quando estava bem perto no automático virei o rosto. Ele segurou meu
queixo.
— Não tenho culpa se além de ser isso tudo você é tão gostosa. Não
imagina o tanto de mulheres que queria estar no seu lugar. — falou e
eu respirei fundo. Empurrei ele pra longe e tentei ir até a porta, mas ele
me puxou de volta. Agora sua mão agarrava meu cabelo, me fazendo
olhar diretamente pra ele. — Mas nunca quis tanto elas como quero
você.
Henrique
A Heloísa tem mexido com a minha mente, eu tenho na mente gravado
cada detalhe de seu corpo, seria impossível esquecer o que tanto tem
me perturbado. Olhei a tela do computador que estava aberta em várias
planilhas. Pensei que preciso sair e tentar fazer qualquer coisa que não
seja pensar em foder com essa menina. Peguei meu celular e liguei pra
Gael.
Cheguei na entrada da boate que por sinal estava lotada e passei por
todos. Entrei e foi um pouco difícil mas achei Gael. Merda! Não
acredito que vim pra esquecer o problema e agora estou mais de frente
pra ele ainda. De longe eu observei suas pernas, seu vestido e até seu
batom vermelho, como eu sou louco pra tirar tudo isso dela. Gael
assim que me viu encarou a loira, Heloísa não disfarçou a revirada de
olhos. Um rapaz tinha os braços em torno da sua cintura, esse deve ser
o tal namorado. Adoro um desafio e o de deixar a Heloísa excitada tem
sido meu favorito. Me aproximei e lancei a ela um olhar. Heloísa
estava desconfortável, seu namorado cochichou algo em seu ouvido e
logo depois deu um beijo nela. Senti minha mão fechar na hora.
— Não. Isso não pode continuar. Me deixa sair. — ela me pediu com
uns olhinhos que não negaria. Vou te que adiar meu prazer ainda mais
por ela não merecer isso em um banheiro de uma boate.
— Não Henrique, não como você pensa. Heloísa é minha amiga. Não
quero que ela saia da vida da minha sobrinha por que você levou ela
pra sua cama. Caralho você já pensou que ela tem sido a Mãe que
Manoela não teve. Carly nunca ligou, sempre foi trabalho. Que porra.
— Ele saiu andado e eu fui atrás dele. Quando vi já estávamos fora dali
e ele nem se quer falou mais nada entrou no carro e se foi.
Que droga! Odeio quando ele fala assim comigo. Entrei no carro e
dirigi pra casa. Eu tento, juro que estou tentando me controlar e me
manter longe, mas o jeito de menina e a forma que a Heloísa é como se
me atraísse pra ele, meu corpo pede pra ter o dela. Eu sei que não é
certo.
Tentei me afundar na empresa nos últimos três dias, hoje decidi sair
um pouco mais tarde de casa, não tenho conseguido me concentrar em
muita coisa. Gael anda estranho comigo e eu tenho me sentido péssimo
por isso. Meu celular tocou e era Carly.
—Estão normais. Manoela ainda está com a minha mãe, só volta daqui
dois dias. Eu acho. E aí como está ? — falei e ouvi uma voz masculina
chamar ela.
— Vou ser sincero com você, eu não consigo tirar a Heloísa da cabeça
e qualquer oportunidade que tenho de tocar, falar e até mesmo atiçar
ela eu aproveito. — falei rápido e foi como se tirasse um peso das
costas. — Sei que você tem um carinho por ela, mas eu vou
enlouquecer se não tiver essa mulher na minha cama. Eu não sei que
merda vai acontecer depois mas eu preciso. Estou a ponto de levar ela
pra um dos quartos de hóspedes lá de casa.
Cheguei em casa, desci do carro assim que parou e uma voz distante
chamou minha atenção. Me aproximei do Jardim e Heloísa estava
sentada no gramado, com o celular na mão.
— Eu não consegui Bianca, não sei travou. Bruno está chateado
comigo e eu não sei o que fazer pra consertar tudo isso. — ela falava
olhando a pequena tela. Não conseguia entender o que a menina do
outro lado falava. — Vou pensar em algo, obrigada Mai. Agora tenho
que entrar não quero esbarrar com o Henrique, já não basta está
sozinha nessa casa. Hoje é folga das outras funcionárias. Beijo
Puta merda! Como não lembrei que hoje era dia que nem Laura, nem a
Rosa estariam aqui. Voltei meu caminho pra porta principal e entrei em
casa. Eu subi direto pro quarto, preciso ser forte e me controlar. Se
controla Henrique.
Merda!
Lembrei das palavras de Gael, tudo que ele falou parece fazer sentido,
Heloísa está mexendo comigo mas do que devia. Eu não posso deixar
isso acontecer. Entrei pro banho e deixei a água quente cair, levando
com ela os pensamentos insanos que se passavam na minha mente.
Quando sai do banho coloquei apenas meu short e desci em busca de
algo pra comer. Pela merda do destino Heloísa estava jantando sentada
de costas pra porta. Fiz um barulho e ela logo se virou.
— Gosta do que vê? — falei e parei perto dela na cama. Peguei seu
edredom e tirei de cima dela. — Sabe não tem ninguém com a gente,
as vezes acho que o destino quer me ajudar, ou piorar tudo.
Passei a mão por sua perna e subi até perto de sua calcinha. Ela se
mexeu e sua respiração acelerou. Desci a boca perto do seu pescoço,
ela agora estava imóvel, depositei um beijo de leve e ela fechou os
olhos.
— Por favor. — ela soltou como uma súplica. Foi minha vez de fechar
os olhos e por a cabeça no lugar. Seu cheiro me fazia perder a
consciência do que eu fazia. Deixei minha mão subir pela sua coxa até
chegar no lugar que pulsava, mal toquei a calcinha e toda sua umidade
se espalhou. Meu pau doía nesse momento.
Ela não disse nada, eu deixei minha vontade dominar. Desci uma das
alças da camisola e deixei seu seio saltar pra fora, levei na boca e
suguei, dei uma leve mordida e ela gemeu. Porra! Continuei descendo
os beijos até que cheguei onde exalava cheiro de excitação. Tirei sua
calcinha e abri ainda mais suas pernas, tirei o dedo e o levei na boca.
Passei a língua por sua abertura e suas costas saiu da cama. Seu
gemido foi ainda mais alto, quando cheguei em seu clitóris ela agarrou
meus cabelos. Estava tão sensível que senti que a qualquer momento
ela irá explodir. Voltei agora com dois dedos, mal entrei e senti ela
gozar. Agora com a língua na abertura eu sugava tudo pra mim.
Levantei e olhei a menina que estava desejando a dias, ela estava
vermelha e com a respiração super acelerada. Eu pensei em tirar minha
roupa quando o celular dela começou a tocar, ela pegou o aparelho da
mesinha e depois de olhar a tela me encarou.
— Não Carly, eu apenas queria falar com você. É que estou vendo um
apartamento pra mim aqui perto, estou pensando em alugar um
espacinho por que as vezes meu namorado vai vir pra cá. Eu pensei de
estar sempre aqui de manhã e ir embora quando Manoela dormi, exceto
quando seu marido estiver. — falei rápido se não perderia a coragem.
Soltei uma gargalhada e pensei que porra ele está falando. Ele levantou
e caminhou até a porta trancando a mesma. Eu senti meu corpo inteiro
arrepiar.
— Eu não vou pra cama com você. — falei e ele abriu aquele sorriso
que detesto. O jogo começou, e ele não era um bom perdedor.
— Eu acho que não entendeu o que falei a minutos atrás. — abriu mais
o sorriso e avançou sobre mim. Mas diferente do que pensei ele apenas
segurou meu braço e saiu me puxando pra fora do quarto. Eu tentava
me soltar mas ele segurava ainda mais firme. Entramos em um quarto e
ele prontamente trancou a porta. Henrique me empurrou pra cama,
passou um tempo me olhando. Ele ficou em cima de mim, e já levou a
mão no cós do meu short, abrindo rapidamente.
— Caralho. — xinguei quando ele sugou forte demais meu peito, ele
ainda deu uma leve mordida e soprou quando se afastou um pouco.
Descendo os beijos ele chegou na minha intimidade, me olhou nessa
hora e se desfez do fino tecido que a cobria. Fechei os olhos por que
sabia o que viria a seguir, sua língua brincava com minha abertura e eu
mordia a boca pra não gemer. Não quero demonstrar pra ele que estou
gostando disso.
— Você tem um gosto tão seu. Tão único, seria impossível esquecer.
— falou e começou a tirar sua camisa e foi pra bermuda. Ele agora
estava apenas de cueca na minha frente e o volume ali era tão grande
que por um momento pensei se não me machucaria. Me apoiei nos
braços pra olhar melhor a cena. — Sabe. Desde que te vi entrando pela
porta da minha casa. Não consegui tirar mais sua imagem da cabeça.
Seu corpo é um convite pro pecado.
É essa sensualidade que falo, mesmo sendo tão bruto Henrique tinha
habilidades com as palavras e só com ela eu poderia entrar em
combustão. Umedeci os lábios, ele notou o gesto e foi se aproximando.
Tirou a única peça que o cobria, seu membro saltou pra fora. Pensei
em tocar mas ele já estava em cima de mim. Abriu ainda mais minha
perna. Quando ele se posicionou na minha abertura eu arfei e fechei os
olhos.
— Quero ver seus olhos. — abri devagar e ele entrou em mim de uma
vez. E como imaginei o seu tamanho me causou um incômodo, mas ele
não parou. Sem quebrar o contato visual ele entrava e saía com
intensidade. Eu não teria imaginado que estaria assim com ele a um
mês atrás, mas agora eu não quero está de outro jeito. Arranhei suas
costas pela intensidade. Ele me beijou e mordeu de leve meu lábio
inferior, descendo pro pescoço ele beijou forte ali. Ele parou um pouco
e me virou de costas em um movimento rápido e voltou a investir, eu
conseguia ouvir seus gemidos. Suas mãos puxavam meu cabelo com
força, arrancando gemidos involuntários de mim. — Não chame
atenção pra casa inteira.
—Henrique me deixa sair, a Manoela está pra chegar, não quero que
ela me veja com você no quarto. — falei e ele pegou a chave e me
entregou. Sai do quarto e fui direto pro meu tomei um banho e não sei
mas estava me sentindo suja de alguma forma. Minha mente foi em
Bruno e na Carly. Respirei fundo.
— Meu amor, acho que seu pai não teria tempo. — falei tentando
escapar dela.
— Vou falar com meu papai. — ela nem esperou eu responder e saiu
do quarto correndo.
Merda!
Sai do quarto dele aproveitei o tempo do jantar e fui pro meu quarto.
Assim que Entre o liguei pra Mai. Preciso que ela me atenda, não
tenho com quem conversar no momento. Ela me atendeu no terceiro
toque.
— O que houve Heloísa, não está com a voz muito boa. — falou e eu
senti uma lágrima descer. Contei a ela toda história e ela me ouvia em
silêncio. Quando terminei de falar olhei pra ela.
— Acha que não sei Bianca. Henrique não é homem por quem uma
mulher deve se apaixonar. Agora me diz o que fazer se a menina
montou um plano de cinema comigo e o pai? Estou frustrada. — falei e
ela ficou surpresa.
— Parece que vai precisar ser forte Lila. Olha lembra do por que você
está aí, e que também pode desistir. — falou tentando me consolar. —
Agora eu tenho que ir, tenho um encontro essa noite.
— Nossa amiga falei tanto de mim, nem perguntei como você está,
mas faz assim aproveita seu encontro e me conta tudo depois. — falei e
ela concordou. Desliguei o celular e foi quando a porta abriu e os
lindos olhos expressivos de Manoela apareceu.
— Sabe que isso não vai acontecer... — saí da sala sem responder e fui
até o meu quarto. Peguei minha bolsa e esperei um tempo que me dava
certeza que ele estaria no quarto.
Quando Carly voltar eu vou pro Brasil, preciso ver a Mai. E lá eu vou
decidir o que fazer. Por hoje eu quero apenas tentar dormir. Caminhei
até o quarto que tinha uma grande cama. Deitei e me esforcei pra
dormir, passei o noite tendo vários sonhos com Henrique, ele sempre
estava tocando meu corpo, ou beijando. Era lembranças da tarde de
hoje. Merda! Será que eu vou mesmo ficar lembrando disso?
Henrique
Cheguei na empresa pela manhã e de cara encontrei o Gael, ele já
estava com seu notebook na mão e parecia me esperar já que entrou na
sala logo depois de mim. Começamos uma pequena reunião sobre as
novas obras e também sobre os lucros, na verdade uma estimativa de
lucros. Enquanto ele falava as imagens de Heloísa passava na minha
cabeça, eu tenho me distraído muito depois da chegada dessa menina.
Bufei.
— Você não parece está bem. Aconteceu algo? Está bem distraído. —
meu irmão que sempre me conheceu tão bem me questionou.
— Eu não sei se devo te falar, mas também queria seu conselho sobre
umas coisas. — falei impaciente.
— Quase. Carly ligou na hora. — falei e suspirei. — Eu sei que ela não
é como as outras, nenhuma outra me fez sentir tanta vontade como ela,
nenhuma ficou na minha mente por dias. Caralho Gael você não tem
ideia do quanto eu sei que ela é diferente.
— Henrique você está se ouvindo? Ela é sua babá. Uma menina que
tem compromisso. Ela foi por que queria? — perguntou curioso..
— Invadi seu quarto, não dei muita opção. — falei e ele me olhou
surpreso.
— Você levou ela pra cama? CARALHO Henrique, você não pode
simplesmente segurar esse pau no meio das pernas? — falou irritado.
— Cadê ela agora?
— Acho que está no seu quarto. — Gael criou um laço de carinho com
essa menina e sei que tudo que eu fizer ele vai me julgar.
— Tia Heloísa não está em casa. Já procurei ela em todo lugar. — ela
queria chorar. Levantei rápido e meu desespero bateu assim como ela.
— Será que ela foi embora.
— Não. Ela não pode filha. — falei e peguei meu celular ligando pra
Gael rapidamente. Ele atendeu com voz de sono.
— Heloísa não está em casa. Eu preciso que ligue pra ela. Se eu ligar
ela não vai atender. — falei e ele quase gritou do outro lado da linha.
Xingou algo e desligou. Olhei pra Manoela e ela tinha os olhinhos
brilhando. Eu peguei ela no colo.
— Você está brincando comigo. Menina eu estou louco com você, não
aceito você ir embora. — falei baixo perto dela.
— Henrique para. Eu não fui embora. Estou aqui, mas quero você
longe de mim. Não quero você bagunçando minha vida. — ela se
debateu pra me afastar, mas claro que seria em vão. Abracei ela
apertado. Senti seu corpo tremer, levantei seu rosto e vi as lágrimas
descer. Merda!
— Heloísa. — tentei falar algo mas apenas apertei seu corpo ainda
mais contra o meu. Ficamos em silêncio por alguns minutos. — Olha
pra mim. — pedi, mas ela negou.
— Ela está em casa. — falei antes mesmo dele perguntar. Ele suspirou
em alívio. — Agora pode ir trabalhar. Desculpa as ligações.
— Nada, não aconteceu nada. Pelo que parece estou confundindo ela.
Gael. Estou criando sentimento por ela. — falei me sentando na
cadeira. Olhei pro meu irmão que me encarava, não sei. Ele buscava
algo em mim. — Me diz o que eu faço?
Entrei em algumas reuniões, e por fim meu dia já estava quase no fim
quando recebo uma ligação da minha mãe me chamando pra jantar em
sua casa. Combinei com ela de só ir em casa buscar Manoela e iria
direto pra lá. Cheguei m casa e encontrei Heloísa e ela brincando no
gramado, as gargalhadas eram ouvidas de longe, algo em mim se
alegrou. Me aproximei e assim que Manoela me viu correu pros meus
braços.
Cheguei na casa dos meus pais por volta das oito da noite, minha mãe
veio direto na neta e eu fui no meu pai. Peguei com ele uma dose de
whisky. Gael chegou logo depois de mim e se juntou a nós dois. O
jantar foi servido. Eu sentia minha mãe me olhar o tempo inteiro.
— Não sei ainda mãe. Ela tem ligado pouco. — falei e consegui ouvir
a minha mãe bufar.
— Eu ainda espero o dia que você consiga ser realmente feliz com
alguém. — falou e se levantou da mesa. Terminei de comer em
silêncio. Acompanhei meu irmão e meu pai pro escritório e fiquei
bebendo com eles.
Heloísa
Já faz uma semana que Henrique tem me tratado como se fosse namorada
dele, me cobra a todo tempo o que faço ou deixo de fazer. Eu queria muito
não estar criando nenhum tipo de sentimento, mas confesso que me pego
sorrindo pro nada ao ver ele chegar, ou lembrando de alguma coisa, eu não
queria que isso fugisse do meu controle, mas enfim fugiu. Tenho evitado
ligação do Bruno e também da Mai, eu sei que estou sendo muito errada mas
vai ser só um momento. Falei com a minha mãe pela manhã, marquei minha
viagem pra uma semana depois que a Carly voltar, mas com a certeza de que
não voltaria mais a Seattle, eu não poderia me colocar no meio de uma
família, nem mesmo continuar meu relacionamento, então eu decidi viver o
que tem acontecido, mas com a certeza de que quando eu voltar ao Brasil eu
vou iniciar uma nova vida. Olhei pra Manoela que estava vendo desenho, já
toda arrumada pra sua aula de balé. Eu vou sentir falta da minha pequena e
sei que ela também vai sofrer mas era inevitável.
— Tia como é lá no Brasil? — Manoela perguntou em aleatório.
— Lá é mais quente que aqui, as pessoas andam com menos pressa, e bom lá
é onde a Tia cresceu e viveu. — falei por alto.
— Quem você tem lá? Eu tenho meu vovô e minha vovó lá, mas nunca falei
com eles. Nunca entendi o que falavam. — falou e eu sorri.
— Mas você entende né ? — concordou rindo. — Quando sua mamãe chegar
você pede ela pra fazer uma chamada com eles igual a gente fazia com a tia
Mai. Assim você vai entender o que eles diz e pode perguntar o que tem lá
também. Por que cada cidade tem um jeitinho diferente.
— Eu vou pedir pro meu papai e minha mamãe me levar lá na casa deles. —
Eu concordei e alisei seus cabelos. Olhei a hora e chamei ela pra descer. O
segurança esperava por ela. — Titia, quando eu voltar vamos tomar um
sorvete?
— Tem que perguntar seu pai, mas você vai convencer ele. — falei rindo e
ela entrou no carro. Assim que saiu eu subi peguei um livro no meu quarto e
desci passando pela cozinha e pegando um suco. Me deitei na cama e
comecei ler.
O sol estava bem fraquinho e estava gostoso sentir o calor. Fiquei ali enfiada
no livro até que por fim peguei no sono. O dia estava lindo, mas parece que o
cansaço me venceu. Acordei sentindo algo passar pelo meu rosto, levei um
susto ao ver Henrique de terno e gravata quase deitado ao meu lado.
— O que faz em casa a essa hora? — perguntei e me sentei. Ele fez o mesmo
e virou meu rosto pra ele, selou nossos lábios e como sempre senti meu
coração disparar.
— Eu tirei um tempinho pra gente ficar junto. — levantou e me deu a mão
para que eu levantasse também. — Vai na frente me espera no seu quarto.
Preciso deitar um pouco, minha cabeça está cheia.
Não respondi, apenas fui pro quarto. Me deitei e nessa hora meu celular
tocou. Já faz quase uma semana que não atendo o Bruno e ele insiste em
ligar. Peguei o celular e decidi atender.
— Oi amor. — Ele falou e me senti ainda pior do que já estava. — Não tem
me atendido, anda ocupada?
— Sim. Acabo ficando longe do celular. — respondi um pouco seca.
— Sua mãe me disse que você chega aqui início do mês. Quando ia me
contar? — nessa hora a porta abriu e Henrique passou por ela, estava agora só
de calça.
— É eu vou. Podemos nos falar depois? — tentei não parecer tão nervosa.
Fiz sinal pro Henrique já que a chamada era de vídeo.
— Claro amor. Estou com saudades. Tenho uma surpresa quando você
chegar.— falou e eu concordei e finalizei a chamada. Bufei. Henrique ficou
parado encostado na porta.
— Você ainda está com ele? — perguntou olha diretamente em meus olhos.
— Estou. — falei e me ajeitei na cama. Ele trancou a porta como de costume.
Ficou me encarando, sua mão estava passando na barba. Ele estava irritado.
— Termina com ele. — falou sério.
— Não vou fazer isso, não agora. Não por telefone, meu namoro com ele não
começou assim. — expliquei e me sentei. — Eu sei que não e justo o que
tenho feito com ele, como não é justo o que você tem feito com a Carly. E
você já terminou com ela?
— O assunto é você. — revirei os olhos. Eu sei que Henrique não vai fazer
isso com ela. Eu sei pelo seu olhar, foi tudo isso que me levou a tomar essa
decisão de ir embora antes do combinado. Estou segura apenas por que esse
contrato ainda não chegou a mim, ainda não tinha assinado.
— Não Henrique. O assunto não é apenas eu. Eu não controlo sua vida,
espero que você não controle a minha. Entenda uma coisa, eu sou nova mas
conheço quando um cara só quer curtir com alguém. — falei irritada. —
Agora vamos evitar essa merda de discussão a toa.
— Você não é apenas minha diversão. — falou entre os dentes.
— E eu sou o que? — me levantei e fiquei perto dele. — Pretende o que? Me
levar pra jantar? Me pedir em namoro? Ou sei lá, Casar? Ter filhos. Para
Henrique.
— Eu quero. Eu faria, mas não é tão simples. — falou e eu me afastei com
um sorriso falso.
— Eu entendo. Também não é tão fácil pra mim. Bruno é alguém que eu
gosto e que pode fazer isso tudo, por que pra ele é fácil. — falei. Ele veio pra
cima de mim e me encurralou na parede. Virei o rosto, mas ele segurou forte
me fazendo encara-lo.
— Você não vai continuar com ele, não vai casar, muito menos ter filhos com
ele. Por que se eu descobrir. — falou com tanta raiva que por um momento
me assustou.
— Está me machucando.— ele me largou na hora. Eu voltei a me sentar na
cama. Fiquei em silêncio. — O que você quer comigo? Por que não me
esquece? Me deixa ser apenas a babá da Manoela?
—Eu não consigo. — falou com a cabeça baixa. — Eu me apaixonei por
você. Não suporto a ideia de alguém tocar em você, nem de alguém ter você.
Você é minha.
— Não Henrique. Eu não sou. — Ele veio pra cima de mim ficando por cima.
Começou a me beijar e passar a mão pelo meu peito e apertou com vontade.
— Sim Heloísa. Você é. — Ele tirou minha blusa rápido. E todos os seus
toques eram urgentes, ele queria me marcar, marcas essas que ficava na
mente e não no corpo.
Henrique se deitou ao meu lado suado e me puxou pro seu peito. Fechei os
olhos e tentei não pensar muito. A cada vez que Henrique tomava o meu
corpo ele dominava um pedaço dentro de mim, tenho medo que ele domine
um espaço tão grande que fique impossível ficar longe. Suspirei. Senti suas
mãos subir e descer nas minhas costas.
— Não me contraria de novo. — falou e me deu um beijo na testa. — Por que
você vai ao Brasil?
— Tenho que ver minha mãe e meu irmão. Tenho uma família Henrique. —
falei e ele bufou.
—Por que eles não vem ao invés de você ir? — perguntou e eu olhei pra ele.
— Por que eu decidi ir. — falei séria.
— Vai ficar quanto tempo? — perguntou intrigado. Eu sei que ele está
sentindo algo, mas não posso deixar isso acontecer. Ele não pode me prender
aqui.
— Uma semana. Era apenas quatro dias, mas a Carly me deu uma semana. —
falei e ele quase gritou.
— Não, você não vai ficar uma semana. Heloísa é muita coisa. — falou e isso
me fez rir. Até parece que ele vai sentir falta.
— É preciso. Agora vai pro seu quarto falta pouco pra Manoela chegar. —
Ele me apertou ainda mais contra ele.
— Só mais um beijo e eu vou. — falou e segurou meus cabelos. Seu beijo era
algo único, era marcante como ele. Chego a pensar como vai ser esquecer
tudo que passei por aqui. Quando ele se afastou começou a colocar a roupa e
saiu do meu quarto. Eu fui pro banho e depois desci pra esperar Manoela.
Quando a pequena chegou já entrou em casa gritando o pai, como ela sabe
que ele está aqui não sei.
— Calma princesa, seu pai deve estar no quarto. — falei e ela subiu correndo.
Eu fiquei ali esperando o que fazer. Fui pra cozinha e me sentei com um copo
d'água. Laura fazia comida em silêncio, eu até perguntei se queria ajuda, mas
ela negou.
— Tia Heloísa. — levantei e fui até a sala da aonde a Manoela me gritava.
Cheguei e estava ela e Henrique de banho tomado, ele com um estilo casual e
Manoela com um vestido azul e rabo de cavalo. — Vamos tomar um sorvete
comigo e com o papai?
— Obrigada princesa, mas a Tia vai ficar por aqui mesmo. — falei e ela fez
um biquinho fofo.
— Vamos titia. Só um sorvete. — falou manhosa. Neguei com a cabeça e
concordei.
— Vou trocar de roupa. — falei e subi. Coloquei uma calça jeans e uma
camiseta que tinha um decote. Não sei mais deu vontade de atiçar o Henrique
hoje. A noite estava quente. Soltei o cabelo e desci com minha bolsa. —
Vamos.
— Você está linda Tia. Quase nunca vejo você de cabelos soltos. — falou a
pequena que logo veio me dando a mão.
— Obrigada pequena. Vamos? — ela soltou minha mão e correu pra fora de
casa. Henrique me segurou um pouco.
— Odiei esse decote. Espero que ninguém olhe. — saiu andando na frente me
deixando com um sorriso vitorioso logo atrás. Henrique dispensou os
seguranças e foi apenas nos três. Ele colocou a Manoela na cadeirinha dela e
eu ia sentando atrás. — Na frente Heloísa. Na frente...
Entrei no carro e fui o caminho todo em silêncio. A não ser quando eu
respondia algo a Manoela. Ela compartilhava o seu dia na escola. Henrique
parou em frente a sorveteria e entramos, eu peguei um sorvete de morango
era meu favorito, Manoela de chocolate. Já ele não quis nada apenas sentou
ao meu lado da mesa. Eu ria das coisas que a pequena fazia, ela já estava toda
suja e pediu mais. Senti uma mão na minha perna e olhei pra ele que estava
mexendo no celular. Tirei sua mão e voltei a brincar com Manoela.
— Vamos ao parque papai? Deve ser lindo a noite. — a pequena pediu com
aquela carinha.
— Tudo bem pequena. A noite é toda sua. — Henrique falou. Depois de uma
pequena briga por quem iria pagar o meu sorvete ele me venceu. Entrei no
carro em silêncio e fui assim até o parque.
Descemos do carro e eu logo sentei no gramado, Henrique e Manoela foram
brincar, eu fiquei ali olhando os dois. Era bonito ver a forma que ele era com
Manoela, que mesmo sendo ausente durante muitas das vezes ele ainda é um
pai é tanto pra ela. Quando ele cansou se jogou ao meu lado, Manoela estava
com uma boneca sentada um pouco mais a frente.
— Não estou preparado pra você ficar uma semana longe. — falou olhando
pra filha.
— Não vamos voltar nesse assunto. — falei e ele segurou minha mão.
— Não quero que vá. — falou e me fez olhar pra ele. — Vou sentir saudades
de você.
— Henrique, sua esposa vai está de volta.
Você não está pronto pra deixá-la e não quer fazer isso. Tem Manoela que
precisa é você, então faça da certo. Isso que vivemos é bom, errado... Eu vou
tentar consertar as coisas. Faça o mesmo por vocês. — falei voltando a olhar
Manoela.
Henrique não respondeu, apenas ficou em silêncio até que voltamos pra casa.
Daqui uma semana Carly está de volta, e logo na próxima eu embarco pro
Brasil. Estou com saudades da minha mãe, do seu café da manhã, da suas
broncas. Entrei no meu quarto e me joguei na cama depois de tirar a calça
jeans que me apertava. Dormi sem nem perceber, mas me lembro de alguma
hora na madrugada Henrique se juntar a mim.
— Henrique vai pro seu quarto. — falei sonolenta.
— Deixa eu ficar aqui só hoje. — voltei a fechar os olhos e ele me abraçou.
Na manhã seguinte acordei e ele já não estava mais. Me espreguicei e
levantei indo tomar um banho. Cheguei na sala e ouvi vozes no fundo. Fui
direto pra cozinha imaginando ser alguém da família do Henrique. Cheguei e
Laura preparava o café.
— Quer ajuda? — perguntei e ela concordou.
— Aí minha filha eu aceito. Dona Carly voltou de surpresa e estou correndo
com o café deles. — falou e eu quase tive uma crise de tosse. Me contive por
que não quero dar motivos pra ninguém falar nada. Ajudei ela um pouco
distraída, logo no final me queimei deixando a água fervendo cair na minha
mão.
— Droga. — xinguei em português. Minha mão queimava muito tentei enfiar
de baixo d'água, mas nada adiantou. Estava doendo demais.
— Minha filha o que houve? — Laura falou assim que entrou na cozinha. —
Heloísa está muito vermelho.
— A água caiu na minha mão. — falei e senti meus olhos encher de água. Ela
segurou minha mão e depois foi até uma gaveta, pegou uma pomada e
começou a passar.
— Sobe minha filha. Eu termino aqui. — sem discutir fiz o que ela falou.
Tranquei a porta e comecei a colocar todas minhas coisas na mala, hoje
mesmo eu vou passar a ir pro apartamento. Eu conversei com o dono e
expliquei o dia que entregaria e o motivo, fiquei feliz que o senhorzinho
entendeu meus motivos.
Quando sai do quarto Manoela estava vindo até mim. Ela me chamou pra
brincar com ela e eu fui.
— O que é isso tia Lila? — perguntou sobre minha mão.
— A tia queimou. — falei e voltamos a brincadeira. A porta abriu e Carly
entrou no quarto.
— Oi Heloísa. Como Manoela se comportou? — falou se sentando na beirada
da cama.
— Ela foi um amor como sempre. — falei bagunçando os cabelos da menina.
— Carly eu queria ver se já posso ir pro meu apartamento a partir de hoje.
— Claro Heloísa. — falou com seu jeito simpático. Eu evitava encarar ela.
— Hoje vamos jantar fora. Então se quiser ir indo. Quando Henrique chegar
vejo se ele fez o contrato.
— Tá bom. Então vou indo. — beijei a cabeça de Manoela e me despedi da
Carly. Peguei minhas coisas no quarto e segui pro meu apartamento.
Henrique
— Pelo visto ela entrou nas suas veias mesmo. — falou com um
sorriso. — Ela vai voltar Henrique. E você vai ter uma semana pra
decidir, ou abre mão dela ou toma atitude por ela.
— Tá bom. Vou ver com a Heloísa se ela pode dormir aqui com
Manoela. — falou e mesmo sem olhar pra ela eu estava atento a tudo
que ela falava agora. — Ela foi pro seu apartamento hoje.
— Ela disse que fica dez minutos aqui, mas ela é responsável
Henrique. Acredito que ela esteja aqui antes mesmo do horário
combinado. — concordei não querendo conversar muito sobre isso. Eu
terminei de almoçar e peguei minhas coisas voltando pro trabalho.
Eu não acredito que Heloísa simplesmente foi ela essa merda de
apartamento quando eu pedi pra ela não ir. Bufei. Peguei meu celular e
voltei a ligar pra ela, e por mais que eu tentasse não saia da caixa
postal, mandei uma mensagem.
“ Você está querendo o que saindo da minha casa? Eu falei que você
não iria fazer isso. Por que insisti em me desafiar? Me diz aonde é?
Espero que me responda assim que ver. “
— Heloísa. Olha pra mim. — segurei seu rosto fazendo ela olhar em
meus olhos. — Até o fim do dia eu quero o endereço do seu
apartamento. Eu passei a porra da noite em claro por sua causa.
— Entendi. Mas está tudo certo. — falei pro rapaz do outro lado da
linha. — Te ligo depois.
— Não quero nada. Bom passeio. — falei e ela saiu. Meu celular
voltou a tocar mas dessa vez era Gael.
— Henrique. Vamos sair hoje? — tem vezes que o Gael faz a coisa
certa como agora.
“ Estou esperando Heloísa. Vou ter que descobrir pelos meus meios?”
— Pensei que não ia mais te ver por aqui Henrique. — Ela falou em
meu ouvido, olhei pra Heloísa e ela estava bufando. Sorri com sua
reação.
— Parece que ela sabe jogar melhor do que você. Vamos apostar se ela
beija ou não ele? — falou rindo e eu queria socar a cara dele.
— Não me testa Gael. Eu vou matar a Heloísa por isso. — falei e sai
em disparado pro andar de baixo. Me aproximei dela já afastando o
outro cara. — Se você não sair dessa pista agora, eu vou causar uma
confusão e seu rosto vai estar em todas as revista amanhã. Ela não me
respondeu e saiu batendo o pé pra fora da boate, eu a segui. Consegui
alcança-la e segurei seu braço.
Dormi tão bem a noite que acabei perdendo a hora. Heloísa nem estava
mais na cama. Abri os olhos e tinha um bilhete na mesinha ao lado da
cama.
“ Eu fui trabalhar. Quando sair leva a chave com você e deixa no meu
antigo quarto, pego quando estiver saindo de lá. Bom dia.”
— Carly, abaixa o tom de voz. Não tem ela, mas já você acho que tem
ele, pelas vozes atrás de todas suas ligações. — Ela se encolheu, mas
depois voltou a sua postura.
— Eu acho que você já está bem ciente do que vai acontecer se pensar
em se separar né? — ela falou com uma voz debochada.
— Não Carly, quem quer nossa separação sou eu. — falei e subi
rápido. Consegui deixar as chaves de Heloísa no quarto e corri pro
meu. Carly ainda estava lá embaixo. Eu bati a porta do quarto fui pro
banho. Me arrumei o mais rápido e sai de casa indo pra empresa. Não
aguento mais essas ameaças.
Entrei na minha sala e liguei pra Gael pra ele ir até minha sala. Eu
estava andando de um lado para o outro, não sabia o que fazer, mas
também não quero agir por impulso agora. Gael entrou e só de me
olhar ele entendia que tinha algo de errado.
— Você sabe que não vai ser algo da noite pro dia né? — falou e eu
bufei. — Mas fico feliz que tenha dado o primeiro passo Henrique.
Heloísa
— Meu papai não ama mais a mamãe. — falou e eu senti como uma
faca no meu peito. Que merda estou fazendo? Me deixei envolver com
Henrique e não pensei na menina que sofreria com os pais longe.
— Não meu amor. Isso não é verdade. — falei com ela. — Olha
pequena as vezes as coisas não sai como a gente espera. Nunca
conseguimos prever o dia de amanhã, por mais que a gente planeje
antes de dormir sempre algo de diferente vai acontecer. Você precisa
ser forte sempre e sorrir também.
— Eu vou ser forte. E você vai estar ao meu lado também. — fechei os
olhos por que nesse momento eu quis chorar.
— Meu amor, posso falar com você algo muito sério? — perguntei e
ela concordou me encarando. — Quando a tia decidiu vir pra cá, ela
tinha tudo planejado, seria um ano bem produtivo. Mas muita coisa
mudou meses poucos meses. A tia não esperava também, e olha, talvez
a tia não consiga voltar tão rápido do Brasil, mas você não pode falar
nada agora. Quando a tia fala que você deve ser forte é por isso.
— A tia vem, mas não sabe se tão rápido como imaginava. Então olha,
eu vou conversar com o tio Gael pra vir aqui todo dia enquanto eu não
voltar tá bom? Eu quero que você me prometa não falar nada agora pra
ninguém. — Ela se jogou no meu colo e beijou os dedinhos cruzados.
— Heloísa, eu não quero que vá..— falou com uma voz um pouco
triste. — Estou sentindo algo estranho com essa viagem.
— Não preciso prometer isso. — falei e ele bufou mais uma vez..
— Qualquer coisa sabe que pode me ligar, até amanhã eu ainda estou
aqui. — falei e ele sorriu concordando. Ouvimos passos e Carly e
Henrique desciam as escadas, ela estava em um vestido marsala com
uma fenda na perna mostrando sua coxa. Henrique estava de terno.
Ouvi Gael bufar.
— Aceita, que foi uma bela jogada. Vamos princesa. — Gael falou
olhando pra sobrinha, eu olhei o casal e depois olhei pro Gael.
Não sei explicar o quanto ver Henrique com Carly mexeu comigo.
Estava sufocada, um chora preso. Quando pisei no meu apartamento eu
deixei a lágrima rolar. Eu agora estava me sentindo mal, por que me
apaixonei por ele. Seu jeito ogro, mandão misturado a suas palavras
doces me fizeram render. Não posso ficar mal por ver um casal juntos,
afinal eles são casados tem uma filha e isso não vai mudar. Deitei na
minha cama agarrada a um travesseiro, minhas malas estavam prontas
espalhadas pelo quarto. Não me recordo de ter dormido de tanto chorar
como hoje.
Não esperei muito e fiz o que ele pediu. A noite de sono foi tranquila,
eu me senti bem, e sei também que o motivo é Henrique está ao meu
lado. Acordei bem cedo no outro dia, estava me sentindo sufocada
Henrique praticamente me prendia a ele como quem tinha medo de eu
sair. Olhei pra ele por alguns segundos e me levantei com cuidado. Eu
tinha pouco mais de uma hora pra estar no aeroporto, me arrumei e
olhei pro Henrique, ele dormia tranquilo. Escrevi um bilhete pra ele, e
em silêncio sai do apartamento e pedi um táxi.
Nunca pensei que seria tão difícil deixar essa cidade, estou sentindo
que uma parte de mim Está ficando aqui. Cheguei no aeroporto e fiz
check-in. Quando chamaram meu voo eu entrei sem olhar pra trás.
Acho que se tivesse visto Henrique acordado não conseguiria chegar
até aqui. Entrei no avião coloquei meu fone e deixei algumas músicas
rolar enquanto meus pensamentos estavam regados de lembranças
boas.
Eu estou sendo injusta comigo e com Manoela por saber que não vou
voltar, mas sei que estar aqui com ele não é certo. Minha cabeça estava
começando a doer e eu me esforcei pra dormir, a hora precisava voar e
eu estar em casa, com minha mãe. Eu preciso do seu colo. Do seu
carinho, dos conselhos. Meu celular vibrou e uma mensagem chegou.
“ Não acredito que foi embora sem falar comigo. Heloísa por que estou
sentindo que é uma despedida? Você vai voltar? “
— Parece que você gosta de lá. Já estou vendo você ficando por lá de
vez. — Engoli em seco, olhei pra Bianca que sabia um pouco da
história. Suspirei.
— Sinto muita falta de tudo aqui. — falei e puxei assunto sobre o que
iríamos fazer na minha volta. Ela comentou que Bruno estava me
esperando em casa. Droga! Esqueci completamente dele.
Eu sei que hora ou outra teríamos que conversar, mas nem sei se estou
preparada pra terminar com ele. Bruno sempre me fez tão bem. Seria
tão injusto com nós dois manter isso. Decidi mentalmente conversar
com ele no outro dia, não estou preparada pra uma conversa dessas
agora. Chegamos em casa e eu fui recebida por Bruno com um beijo e
meus sogros. Forcei um sorriso.
— Porra Heloísa por que você não está me atendendo. Isso foi uma
despedida? Você vai embora de vez não é? — Soltei um soluço, eu
estava me segurando mas ouvir sua voz acabou comigo.
— Pequena, não faz isso. Você quer mesmo que eu vá pro Brasil né?
— fiquei em silêncio por um tempo. — Heloísa, eu não vou me
segurar aqui longe de você.
— Não me pede pra ficar longe. Te dou um mês Heloísa, você pensa
em tudo que vivemos e eu uso esse tempo pra resolver tudo aqui. Se
você não me ligar, eu vou até você, pra conversar. — falou e eu não
sabia o que responder. Um mês pra pensar em tudo seria tempo
suficiente?
— Parece que não foi só você que se apaixonou né? — falou e eu sorri
de canto.
— Primeiro você tem que se resolver com o Bruno, ele gosta mesmo
de você amiga. — Eu concordei com ela.
Minha mãe ficou ainda alguns minutos conversando com os outros, até
que inventou a desculpa de que estava indisposta, e eu tentei não rir.
Dona Ester quando quer algo, ela não espera simplesmente faz.
Quando todos saíram eu também segui o caminho.
— O que você e sua mãe tanto cochichava? — Carly perguntou.
— Nada. — falei ríspido. Estou apenas tolerando ela, isso acho que
está claro. — Vou te deixar em casa e vou sair.
— Vai ver mulher Henrique?. — Ela começou a se alterar.
— Não começa. E não estou indo ver ninguém, vou apenas beber. —
falei tentando ser o mais indiferente possível.
— Sei. — Ela bufou e eu não me importei. Parei em frente casa e ela
desceu batendo a porta com força. Olhei a hora e já se passavam de
meia noite.
Dirigi um pouco mais a frente e entrei no prédio da Heloísa. Eu fiz
uma cópia da chave dela, sem que nem ela percebesse. Abri a porta do
seu apartamento e ali na sala tirei o terno, a camisa e sapato ficando só
de calça. Ela estava dormindo no seu quarto. Suas malas estavam
espalhadas pelo quarto, notei que não estava ficando nada. Isso me
deixou bem inquieto ainda mais sobre essa viagem. Sinto que a Heloísa
está me deixando não só por uma semana. Parei do seu lado e a chamei
pra acorda-la. Quero que ela veja que estou aqui.
— Heloísa acorda. — ela se mexeu e logo acordou, seus olhinhos
estavam confusos. — Precisava te ver hoje.
— Henrique como entrou aqui? — levei o dedo na sua boca pra te
silenciar, e fui descendo a boca até iniciar um beijo calmo. Eu queria
intensificar, mas sei que ela está cansada.
— Vem deita no meu peito. — puxei ela pra mim, deixando sua cabeça
em meu peito.— Pode voltar dormir meu amor.
Heloísa voltou a dormir, fiquei alisando seus cabelos. Se essa menina
soubesse o tanto que ela balançou minha vida aqui dentro. Ter
paciência nunca foi meu forte, sou acostumado a ter as coisas quando
quero, eu sou assim desde sempre. Agora que me vejo tento que
esperar um resguardo em relação a Manoela, ter que esperar Heloísa
voltar. Tudo que foge do meu controle me deixa irritado. Fiquei por
algumas horas pensando e acariciando os cabelos dela. Não percebi
quando peguei no sono.
Acordei na manhã seguinte e procurei pela Heloísa na cama. Levantei
num pulo quando não senti ela ali. Porra! Não acredito que ela foi
embora sem ao menos falar comigo. Busquei meu celular e antes que
eu pudesse pegar vi um bilhete.
" Bom dia. Eu não quis te acordar, então sai sem fazer barulho. Quero
te pedir pra pensar bem em tudo. Dizer que vou sentir saudades, e seja
paciente pela Manoela. Deixa a chave junto com a minha no balcão."
Bati forte na mesinha. Eu não acredito, sabia que ela estava indo
embora de vez. Eu senti isso. Fui na sala e me vesti, deixei a chave no
lugar que ela pediu. Sai do seu prédio ligando pra ela o tempo todo,
mas de nada adiantava. Ela não atendi. Eu me xingava mentalmente
por que já não adianta ir no aeroporto. Voltei pra casa e apenas troquei
de roupa e fui pra empresa. Sei que vou encontrar Gael por lá.
— Aila. Quero Gael na minha sala. — falei e entrei batendo a porta.
Meu humor com toda certeza essa manhã está pior do que nos outros
dias.
Eu andava de um lado para o outro na minha sala. Não me recordo de
um dia ter ficado tão indeciso com alguma coisa na minha vida. Eu
pensava se poderia ir ao Brasil, mas me questiono se não estou
pressionando tanto a Heloísa. Suspirei.
Consigo lembrar do dia que passei a observar a Heloísa, seu corpo é
como um convite pro pecado. Só de olhar eu sempre sentia meu pau se
agitar, mas algo começou a fugir do controle e eu passei a querer ela só
pra mim. Não sei, por um momento eu tentei colocar na minha cabeça
que ela seria como as outras que eu saia, que eu apenas curtia por já
está sufocado em casa. Mas no fundo eu sabia que ela não tinha nada
das outras meninas. Heloísa era decidida e a forma que ela negava a
mim me deixou ainda mais louco por ela. Eu não contava me
apaixonar, não contava querer jogar tudo pro alto por conta dela. E
agora estou aqui pensando na porra da possibilidade de ir ao Brasil e
trazer ela de volta.
— Posso entrar. — Gael falou e eu concordei olhando pelas grandes
janelas de vidro a cidade estava mais cinza que o normal. — O que
aconteceu?
— Heloísa foi embora de vez. — falei e encarei ele. Eu queria ver se
ele sabia de algo.
— Então foi por isso que ela me pediu pra olhar Manoela. — falou um
pouco triste. — Manoela vai sofrer com isso.
— Eu sei Gael. Não esperava por isso. Na verdade passei a desconfiar.
— falei e ele suspirou.
— O que vai fazer? — perguntou. E eu dei de ombros.
— Ainda não sei. Não consigo falar com ela. — falei e me sentei na
cadeira. — Com quem deixou Manoela?
— Com minha mãe.
— Vou ir buscá-la. — me levantei e me despedi do meu irmão.
Entrei no carro e voltei a tentar ligar, já tinha deixado mensagem e não
tinha resposta. Eu já estava desistindo. Cheguei na casa da minha mãe
e ela estava fazendo um bolo com Manoela.
— Que lindo meus dois amores. — falei e minha filha correu pro meu
colo. Beijei a testa da minha mãe. — O cheiro está bom em.
— Bolo que Manoela fez. — minha mãe falou e eu dei um beijo na
bochecha de Manoela.
— Minha cozinheira. — desci ela que correu pra brincar. Me sentei na
cadeira do balcão. E minha mãe me olhava com seus olhos avaliadores.
— Pergunta mãe.
— O que aconteceu com vocês? — sei a quem ela se referia e suspirei.
Não consigo esconder nada da minha mãe. Nunca consegui ela me
conhece tão bem.
— Heloísa foi embora, e não volta. Ela ainda não me confirmou, mas
eu sei que não volta. Errei mais uma vez mãe. — falei e ela chegou
perto.
—Ainda da tempo de arrumar as coisas. Tenha paciência e respeite o
momento dela. — Não tinha o que responder então me calei.
Fiquei na minha mãe por um tempo, era bom conversar e ouvir seus
conselhos. Peguei Manoela e seguimos para casa, no meio do caminho
ela me pediu pra ir ao parque então, eu que já estava afim de fugir de
tudo, fui com ela. Sentamos na grama, e ela se sentou ao meu lado.
— Papai. A tia Heloísa não vai voltar. — falou enquanto balançava sua
boneca que anda sempre com ela. — Quem vai cuidar de mim agora?
— Como sabe disso pequena? — trouxe ela pro meu colo.
— Ela me disse papai. É um segredo nosso, mas eu não aguentei.
Quero ela pra cuidar de mim. — falou e eu não respondi. Apenas
suspirei.
Fiquei com Manoela por quase uma hora sentado, olhando ela brincar.
Isso me acalmou um pouco. Cheguei em casa e logo ela foi pro
banheiro e Carly veio até o quarto que estava ficando.
— O que você quer Carly? — falei e ela bufou.
— Quem é a mulher? Quem é que fez você abandonar nosso
casamento? — falou mostrando irritação.
— Carly para de procurar culpados quando na verdade sabe que já não
estava dando certo. — Olhei meu celular e não tinha nada de um sinal
de Heloísa. Estou ficando irritado com isso.
— Eu vou descobrir. — saiu batendo a porta.
Eu sei que a Carly não vai se aquietar enquanto não descobrir quem é a
pessoa. Mas enquanto eu puder privar a Heloísa eu vou fazer. Tentei
mais uma vez ligar e por algum motivo ela atendeu. Ouvi sua voz fez
meu peito apertar. Heloísa não precisava usar muitas palavras, em
pouco tempo eu passei a conhecer ela tão bem que seria estranho não
saber o que ela pensa. Desliguei a chamada quando ouvi a voz do seu
namorado, ou eu poderia fazer a loucura de ir ao Brasil agora mesmo.
Heloísa
Já estou há mais de uma semana no Brasil e ainda não consegui tomar
uma atitude com relação a Bruno. Vivo sempre que posso fugindo e
inventando uma desculpa. Eu não tenho um motivo pra terminar com
ele, não um motivo que eu possa contar. A Bianca até me deu algumas
opções mas nada me agradou. Henrique desde a ligação no dia que
cheguei não voltou a ligar, nem uma mensagem e mandou. Eu estou
sentindo falta dele, pelo menos da sua voz.
— Mãe, você não vai me julgar né? — estou me sentindo sufocada por
tudo, por não ter falado pra ninguém tudo que venho sentindo. Eu
estou me sentindo tão mal por tudo.
Já estava quase dando um mês que estou por aqui, eu não sei mas me
parece que Henrique sumiu, eu decidi que não tomar atitude já que ele
não tem feito nada por lá também, pelo menos eu acho. Estou a uma
semana passando mal, não consigo me alimentar bem. Tudo gira ao
meu redor, me sinto em uma eterna ressaca. Bianca me arrastou pra um
hospital, eu não queria. Na verdade ultimamente ando sem disposição,
não sei, mas sinto que Henrique tem algo haver com isso. Entrei no
consultório com Bianca fazendo o papel de mãe, antes mesmo que eu
pudesse falar algo, ela já tinha contato pro médico o que eu sentia.
Chega ser engraçado. Sai da sala com um monte de exames pra fazer.
Fui colher o sangue e tomar um pouco de soro, já que estou sem comer
nada, seria uma forma de me manter em pé.
— Mai. Eu estou bem, pode esperar lá fora. — falei e ela negou rápido
com a cabeça.
Eu não quero ter que pensar, não agora. Descobri que estou grávida,
que o pai do meu filho é casado, já tem uma filha, uma vida toda
formada. Eu não posso simplesmente ligar e dizer que estou grávida.
Henrique talvez nem acreditaria que é dele. Não sei, mesmo com os
dias batendo me recuso a acreditar que fui tão desatenta. Eu teria que
seguir daqui pra frente com as consequências e sozinha pois não quero
fazer isso. Não quero falar. Não quero.
— Vamos pra casa. — minha mãe falou mas eu não respondi. Meu
silêncio era uma forma de dizer que não quero perguntas, não quero
questionamentos. Eu quero ficar sozinha, até que eu consiga entender
que isso realmente está acontecendo.
— Leva a Bianca com você, não quero que passe mal sozinha. —
minha mãe sempre foi do estilo que não questiona, nem julga. Nem
tudo ela aceita, mas ela deixa que eu vá até o fim e perceba que errei.
Voltei pro meu quarto e peguei meu celular ligando de volta. Tinha
inúmeras mensagem do Henrique e duas de Gael. Comecei lendo.
“ Oi Lila. Sei que não atendeu pois já sabia que não era eu. Bom eu
estou escrevendo tanto pra explicar, tanto pra contar que Manoela
sente sua falta. Ela sempre diz que você vai ser sempre a Cinderela
dela, não sei mais parece que ela já te chamava assim antes. Tenho
feito o que prometi, sempre que posso vou visita -lá. Ela tem ficado
com minha mãe, já que não aceitou ninguém depois de você. Bom se
cuida. “
Joguei meu celular na cama. Não sei como tive coragem de fazer isso
com ela. Meu coração se quebra toda vez que vejo que ela ainda
lembra de mim. Manoela sempre foi tão só, ela se apegou em mim, do
mesmo jeito que eu me apeguei a ela. Só que diferente dela eu sei que
nem tão cedo vou encontra-la. Fui pro banheiro e entrei no box
deixando a água quente cair sobre mim. Talvez assim eu pudesse
relaxar ao menos um pouco. Alisei minha barriga. Como pode uma
vida virar tão rápido em meses. Eu tinha tudo pra ter uma vida calma,
um namorado que gostava de mim, um emprego estável, quase um
futuro casamento. E então eu decidi ir a Seattle e lá minha vida mudou,
eu não sabia o que era paixão, até sentir com tamanha intensidade. Não
sabia que me apegado a tanto a menina que sofri ao embarcar. Não
imaginava que o meu chefe ia passar pro status de pai de um filho meu.
Bufei. No quarto eu escolhi um vestido rosa, soltinho, uma rasteirinha.
O dia estava quente. Soltei meus cabelos e liguei pra Mai, ela topou de
ir comigo, mas na hora que eu estiver com Bruno, ela disse que não vai
se aproximar.
— É....
— Eu disse que cansei de esperar, você não me atendia. Decidi vir aqui
pessoalmente. — ele sorriu de canto e voltou a ficar sério. — Acho que
precisamos conversar.
— Carly, você sabe que eu ia embora. Você quis a casa, e ela vai ficar
pra você. — falei e continuei o que fazia.
— HENRIQUE....
Saí da casa o mais rápido possível. Queria chegar na minha mãe, ligar
pra Augusto e também conversar com o Advogado, eu preciso de
algum documento que me garanta que Carly não sai da cidade com
minha filha. Entrei em casa minha mãe estava brincando com Manoela
no tapete da sala.
— Você vai vir sempre pra cá. Agora não pensa muito nisso tá bom?.
— baguncei seus cabelos e dei um beijo estalado em sua bochecha. Me
levantei deixando ela brincando com minha mãe. — Papai precisa
fazer umas ligações.
Fui pro meu quarto e tomei um banho antes de ligar tanto pra Augusto
quanto pro advogado. Fechei com Erick, que ele vai fazer um
documento pra Carly, que dá direito a ela de ficar com a casa, mas com
a condição de que ela não pode sair da cidade sem minha autorização.
O negócio é Carly assinar, mas com um pouco de insistência quem
sabe conseguimos. Eu já não estou mais afim de discutir, preciso de
algo certo e rápido. Quero muito o divórcio, mas antes eu preciso me
assegurar que Manoela não vai sair da minha vista.
Nada mudou em relação a Heloísa, ela continua em casa, muito mal vai
até a casa de sua amiga, que é apenas três casas depois. Recebi
algumas fotos, estou achando ela bem abatida, seus olhos carregam
grandes olheiras. A pior parte foi saber que Bruno ainda anda
frequentando sua casa. O que me dar a certeza que a Heloísa tomou
uma decisão. Não quero aceitar que depois de anos vivendo uma vida
monótona, quando finalmente me apaixono por alguém com tanta
intensidade, ela não quer viver comigo. Eu sempre fui muito
superficial com coisas de sentimento, nunca soube demonstrar o que
realmente sentia. Com Heloísa foi tudo diferente, ela arranca meu
melhor lado, mas também o meu pior. Quando o assunto é ciúmes eu
não sei explicar, mas eu surto.
Mais duas semanas e hoje não estou em um bom dia, estou cansado de
esperar, ainda falta três dias pro prazo de um mês que dei a Heloísa. Eu
já não estou me contentando com informações, ou até mesmo fotos.
Não é o suficiente, nunca vai ser. Essa mulher entrou nas minhas veias
e tem feito uma bagunça e tanto na minha vida. Já nem consigo
trabalhar direito, mal venho a empresa, meu pai tem ficado a frente de
tudo. Nem em reunião ele me deixar ir, diz que não estou com cabeça,
o que não é mentira. Cheguei na empresa depois de dois dias sem
aparecer, passei pela minha secretaria e pedi que ela chamasse Gael.
Que apareceu na minha porta minutos depois.
Atendi o celular.
— Henrique tenho uma notícia não muito boa. — falou e senti um frio
estranho percorrer meu corpo.
Porra!
Heloísa está Grávida de um filho meu, um filho nosso. Olhei pra Gael
que me encarava preocupado. Me sentei na cadeira. Uma imagem linda
veio na minha cabeça, um menino lindo com os cabelos escuros, um
sorriso bagulho lindo, correndo pela casa junto com Manoela. Se antes
eu não aceitaria Heloísa com ninguém hoje muito menos, não aguento
mais um dia sem falar com ela. Peguei meu celular e comecei depois
de inúmeras tentativas, eu já estava ficando irritado.
— Heloísa...
— Ela está Grávida. — falei sem muita cerimônia. Acho que também
não teria outra forma de falar.
— Sim o filho é meu. Anda Gael liga pra ela. Eu preciso falar com ela.
Minha mulher não vai ficar longe de mim. Eu cansei disso de esperar.
— falei e ele deu de ombros.
Tanto eu como Gael tentamos de todas as formas falar com ela, mas
parece que essa menina resolveu sumir. Não acredito que ela vai ficar
fugindo de mim. Gael já tinha desistido e eu fiz o mesmo. Abri meu
computador e a primeira coisa que fiz foi procurar passagem pro
Brasil, ela pode pensar que vai se ver livre, mas isso não vai acontecer.
Tinha uma pra daqui duas horas, eu chegaria lá pela manhã.
— Você não vai fazer isso né Henrique? Está maluco? Não sabe o que
vai encontrar. — meu irmão falava alto.
— Vou Gael, sabe por que? Não vou deixar minha mulher, muito
menos agora que ela espera um filho meu. — falei e finalizei a compra
da passagem. — Não quero que fale nada pra mãe, nem pro pai. Eu
vou e pretendo voltar com a Heloísa.
•••
Minha pequena agora estava bem maior, tinha uns cabelos mais claros.
Se aproximou me dando um abraço.
•••
Quando abri os olhos ainda faltavam alguns minutos pro avião pousar.
Eu me senti um pouco apreensivo. Nunca me imaginei voltando ao
Brasil e hoje estou aqui por causa de uma mulher. Suspirei. Passei pelo
portão de desembarque e vi o Augusto parado mexendo no celular. Me
aproximei.
— Não. Antes quero falar com ela. — seguimos andando até que
paramos do lado de um carro. Ele me entregou as chaves e eu fui pro
banco do motorista. — Onde ela está?
— Eu disse que cansei de esperar, você não me atendia. Decidi vir aqui
pessoalmente. — dei um sorrisinho de canto, me sentei ainda olhando
pra ela. — Acho que precisamos conversar.
— Como você sabe? — perguntou mais pra ela que pra mim. — Por
que está aqui? Como sabia onde eu estava? — ela falava baixo, mas
ainda dava pra eu ouvir. — Henrique como você sabia que estava
aqui?
— Henrique você tem sua vida. Sua família, não posso chegar e
simplesmente estragar tudo não achar? Por que está aqui? — perguntou
alterando a voz.
— Por que eu descobri que a mulher que amo está Grávida de um filho
meu, e ela não me atendia. Por fim descubro que ela tem tinha
terminado com o namorado, e que nem pretendia fazer isso. Me diz,
acha pouco tudo isso? — perguntei um pouco nervoso. Olhei a volta,
estávamos começando a chamar atenção ao redor. — Agora vamos sair
daqui e conversar em outro lugar. Estamos chamando atenção.
— Mas...
— Não tenho o que falar, parece que você já sabe de tudo. — ela
também cruzou os braços. — Ainda não me respondeu como sabe de
tudo.
Heloísa
Minha cabeça não parava, eu estava gerando um monte de questões,
quando estávamos saindo do parque olhei pro lado pra ver se eu via
algo diferente. Não me conformo ele estar sabendo de tudo, isso está
me irritando de uma maneira surreal. Odeio que me tirem a
privacidade. Fui o caminho até minha casa explicando o caminho, na
hora não pensei muito, mas nem sei se foi boa ideia trazer ele aqui.
Minha mãe vai ficar sem entender. Preciso me lembrar de ver o hotel
dele. Quando entramos minha mãe veio falar comigo, e estranhou ver
Henrique ali, eu podia ver seu olhar avaliador pra ele. Minha mãe
entendeu quando falei que precisava conversar com ele.
Eu olhava o Henrique falando, mas meu foco estava em cada
movimento do seu corpo. Merda! Eu tenho que por meus pensamentos
em ordem, pois estou perdendo toda minha linha de raciocínio. Sua
boca, seu cheiro tudo virou uma droga pra mim, me perco em casa
segundo. Mas quando me lembrei de tudo que quero saber, minha raiva
volta.
Ele não me deixou terminar e selou nossos lábios. Seu beijo foi calmo,
sua língua pedia espaço e eu cedi. O aperto do Henrique se intensificou
na minha cintura. Logo uma mão foi pra minha nuca e puxou o cabelo
ali. Seu jeito bruto sempre me deixa encantada e completamente
entregue. Subi a mão pelo seu peito e levei ao seu pescoço arranhando
de leve ali.
— Heloísa. Não aguento estar longe. Me deixa cuidar de vocês. —
falou e voltou a me beijar. Fui me afastando. Até que estava um pouco
distante.
— O que quer que eu faça? — perguntei ofegante.
— Você vai comigo pra Seattle. — soltei uma gargalhada alta.
— Está maluco? Eu não posso. Minha mãe...
— Você não ficaria durante um ano? Você pode vir aqui quando
quiser. Eu posso fechar o jatinho da família sempre que quiser. —
falou e foi a primeira vez que a riqueza do Henrique me assustou. Que
família tem um jatinho? Ele fala como se Brasil e Seattle fosse
vizinhos. Ele voltou a me abraçar. — Eu faço o que quiser, mas você
vem comigo.
— Henrique...
— Você vem comigo. — ele falou pausadamente todas as palavras. Eu
ia debater mas ouvi barulho vindo da casa e sei que minha mãe voltou.
Me afastei e ele se endireitou tomando uma postura apreensiva. — Vou
tentar encontrar um hotel, devo ficar aqui por uma semana.
— Pode ficar aí, vou te ajudar com isso. —falei e puxei sua mão e fiz
ele me acompanhar. Minha mãe estava na cozinha, me aproximei. —
Mãe a senhora sabe de algum hotel por aqui?
— Pra quem? — perguntou e olhou pra Henrique. — Pensei que ele
ficaria aqui. Tem o quarto de hóspede..
— Não quero incomodar dona Catarina, nem sei se ficaria tão a
vontade. — minha mãe abriu um sorriso simpático.
— Acho que preciso conhecer melhor o pai do meu neto ou neta. —
falou e Henrique abaixou a cabeça. — Pode ficar aí. Não me
incomodo. Até porque meu quarto é em baixo.
— Mãe... — a repreendi. — Você me mata de vergonha. — olhei pra
Henrique e ele tinha um sorriso discreto nos lábios. Mereço! — Vem
vou te mostrar seu quarto.
Henrique foi até o carro pegar suas coisas e depois subimos com ele no
meu encalço. Passei pelo meu quarto que estava aberto e fechei a porta
e o próximo era o que Henrique ficaria. Entrei e ele fez o mesmo.
— Está entregue, pode descansar e tomar banho. O banheiro fica ali.
— apontei pra porta logo a frente. — Bom qualquer coisa estou lá
embaixo. — tentei passar por ele mas sua mão me segurou.
— Sabe que ainda não terminamos nossa conversa. Não vou te prender
aqui por conta da sua mãe, mas mais tarde temos que resolver umas
coisas. — falou e me puxou pra ele, selou nossos lábios e logo se
afastou.
Eu desci as escadas e encontrei Bianca conversando com minha mãe.
Embarquei na conversa. Eu não sei ao certo o que decidir sei que
preciso colocar bem a cabeça no lugar antes de sentar pra conversar
com ele. Não sei o que pensar, se eu for a Seattle é da a certeza de que
vou me prender a Henrique eternamente, mas se eu não for não sei
como vai ser com esse bebê. A dúvida está me deixando um pouco
distraída.
— Heloísa. — minha mãe me chamou e eu levei um susto. — Você
está distraída, o que houve?
— É mesmo amiga, nem parece que você está com a gente. Essa
gravidez está mexendo com você . — Bianca falou, eu olhei pra duas.
— Henrique quer me levar pra Seattle e eu não sei se quero ir ou não.
Não sei nem o que fazer agora que descobri essa gravidez. — falei
rápido. Agora estava até me sentindo mais leve. Eu estava tão
engasgada que nem respirei enquanto falava.
Minha mãe e Bianca ficaram me olhando e eu fiquei ainda mais
nervosa sobre isso. Meu pensamento vai em Manoela e em tudo que
pode acontecer, Carly não vai aceitar que eu e Henrique tenha um
relacionamento principalmente comigo.
— Você sente vontade de ir? — minha mãe perguntou se sentando
com a gente no balcão.
— Não sei mãe, ele é pai do meu bebê. Eu queria ele por perto. Mesmo
sabendo que as situações são mais complicadas do que aparentam, eu
sinto....
— Você sente vontade de estar com ele, de estar juntos. Você o ama
Heloísa. — Bianca falou. — Estou vendo que vou perder minha amiga,
pelo menos ganho um lugar pra ir.— Gargalhei e neguei com a
cabeça.
— Só você Bianca. — falei, estava me sentindo um pouco mais leve.
— Se você escolher ir, saiba que vou sempre te apoiar. — minha mãe
me deu um beijo na minha testa.
É um pouco difícil imaginar minha vida com Henrique longe da minha
mãe. Eu sempre fui muito apegada, adoro conversar no café da manhã,
ouvir seus conselhos. Olhei pra porta e Henrique apareceu de bermuda,
camisa e chinelo. Não sei mas toda vez que vejo ele sem a roupa toda
formal me apaixono ainda mais. Ele se aproximou um pouco sem jeito.
— Pensei que fosse descansar. — falei baixo.
— Eu não consegui, estou me sentindo agitado. — falou. Bianca olhou
ele de cima a baixo, me deu uma vontade de rir pois ela fazia uma cara
feia, como quem fosse por medo no Henrique.
— Essa é Bianca, Bianca esse é Henrique. — falei e ele apertou a mão
dela.
— Então é você que bagunçou a vida da minha amiga. — falou séria.
Não aguentei é comecei a rir, minha mãe também abriu um sorriso. —
Se você machucar ela, eu não vou te perdoar. Mas agora seja bem
vindo.
— Obrigada. Não pretendo fazer isso. — Henrique falou com seu jeito
formal, acho que nunca vi ele descontraído. Brincando ou estampando
por várias vezes seu sorriso.
— Vocês vão beber? — perguntei descendo da mesa e indo pegar uma
cerveja pra cada um que apenas fizeram sinal positivo com a cabeça.
Henrique ficava tenso a cada hora que chegava alguém, mas só era o
meu irmão e meu padrasto. De início ele estava bem quieto, mas o fim
do dia se aproximava e ele agora brincava com todos. Meu irmão o
levou pra jogar vídeo game. Era lindo ver ele um pouco menos
preocupado. Sentei com a Bianca no sofá e entre uma conversa e outra
ela me contou de um rapaz que anda conversando, gargalhei algumas
vezes dela dizendo algumas de suas brincadeiras. Quando já se
passavam das oito da noite, ela foi pra casa. Henrique ainda jogava
com o Guilherme e eu fui pra cozinha ver o que minha mãe preparava,
pois a comida estava cheirando. Já estávamos sentados na mesa
comendo, hoje Henrique seria o centro de todas as atenções, e por
incrível que pareça ele parece confortável nessa posição.
— Henrique sei que pretende levar a Heloísa com você, mas como vai
ser isso? — minha mãe perguntou me fazendo revirar os olhos.
— Eu ainda não decidi mãe, eu acho que ainda faço minhas escolhas.
— O olhar de Henrique pra mim não era nenhum pouco agradável.
— Eu preciso dela perto de mim dona Catarina, espero que entenda.
Quero cuidar tanto dela como do meu filho que está por vim. E quero a
opinião dela sobre as casas que vamos olhar. Não quero fazer escolha
nenhuma sem ela. — falou com já convicto que eu iria. Bufei.
— Eu entendo. Como seus pais vão reagir e sua filha? — minha mãe
parece está me resguardando, como se tivesse estudando o novo
terreno que eu iria pisar.
— Manoela ama Heloísa, no último mês foi difícil responder às
inúmeras perguntas sobre por que a Heloísa não voltaria. — meu peito
apertou ao ouvir de Manoela, não sei explicar mas ainda tenho a
sensação que trai essa menina saindo com o pai dela. — Meus pais,
pelo menos minha mãe me dá apoio em relação a Heloísa, ela me
conhece muito mais que eu pensava.
— As mães sempre conhece seus filhos Henrique. Sua ex mulher será
um problema. — minha mãe não perguntou ela afirmou isso. O clima
ficou um pouco desconfortável.
— Não será, está tudo sendo resolvido com a justiça dona Catarina. —
falou e voltou a comer. Ele não quer falar sobre isso, pedi a Deus que
parasse a boca da minha mãe nesse momento, pelo que parece até ela
entendeu o recado.
— E você trabalha com o que ? — perguntou meu padrasto tentando
quebrar o clima.
— Somos donos de várias empresas de diversos ramos, fazemos
negócio de tudo um pouco. — Henrique falou com um sorriso no rosto.
Ele tem muito orgulho de tudo que alcançou.
As perguntas cessaram e eu fiquei a maior parte do tempo em silêncio,
não tinha muito o que falar e ter o Henrique olhando o tempo inteiro
pra mim estava me deixando desconfortável. Eu sei que ele deve está
pensando em inúmeras formas de me levar pra Seattle, ele não vai
deixar eu ficar, eu sei que se eu bater o pé consigo mais algum tempo,
mas não fugir disso. Quando o jantar terminou eu fui limpar a cozinha.
Tudo bem, eu estava tentando ganhar tempo. Minha mãe e meu
padrasto já tinham se retirado, Guilherme voltou pro seu jogo e então
estávamos a sós. Ele estava ainda sentado na mesa eu podia sentir seus
olhos sobre mim sem nem precisar olhar. Enrolei o máximo que pude,
mas não teve jeito, Henrique era paciente quando queria.
— Podemos conversar agora? — falou e eu concordei.
— Vamos subir, eu preciso de um banho. — falei e ele me
acompanhou. Abri a porta do meu quarto quando ele entrou fez
questão de olhar tudo a sua volta. Eu não esperei muito corri pro
banheiro trancando a porta. Estou me sentindo uma covarde, mas não
queria tomar uma decisão agora.
Quando sai do banheiro Henrique me encarou, eu estava de camisola
com os cabelos soltos. Me sentei perto dele na cama.
— Pode falar. — falei e puxei a coberta pra mim.
— Você sabe que não vou te dar escolha né? Não vou deixar você e
meu filho aqui no Brasil longe de mim. — bufei.
— Perto de você estaremos seguros Henrique? Se a Carly cumprir o
prometido, sumir com Manoela? Me diz, se tiver que escolher? — falei
irritada. — Eu não vou ficar no meio de você e sua filha. Não seria
justo.
Eu estou a 3 dias no Brasil, Gael tem me ligado puto por que está me
cobrindo em todas as reuniões que ele considera chata, eu por sua vez
estou me sentindo leve. Depois da noite que ouvi o “Amo você” de
Heloísa fez meu mundo ter ainda mais cor. Ela não tem andado muito
bem, seus enjoos matinais tem sido difícil de controlar, então tenho
acordado todos os dias com ela dentro do banheiro. Sua mãe já sabe
que ela vai viajar comigo e anda preocupada por conta dela viajar
assim, mas já entendi que não vai poder ser de manhã nossa viagem, já
que durante o restante do dia ela fica bem.
Acordei e já pude ouvir que Heloísa estava novamente mal. A fato de
eu não pode ajudar muito me deixa completamente mal, levantei e fui
até ela.
— Amor. — chamei e ela olhou pra mim, seus olhinhos andam bem
cansados. — Tomou o remédio? — ontem dona Catarina conseguiu
que ela fosse atendida por um médico amigo e ele receitou um remédio
que ela pudesse tomar.
— Precisa ficar pequena..— levei ela de volta pra cama. Deitei com
ela, deixando que ela repousasse a cabeça em meu peito.
Quando Heloísa se sentiu melhor levantamos, ela foi pra cozinha com
sua mãe e eu fui tomar um banho. Logo depois desci indo pra sala.
Guilherme já estava em frente a TV jogando, me sentei no sofá e fiquei
olhando o que ele fazia. Heloísa apareceu com a sua mãe, me entregou
uma xícara de café e se sentou no meu colo.
— Você vai embora hoje? — ela perguntou com um tom de voz baixo.
Olhei pra ela por um instante.
— Não vou com você, eu vou no dia que disse que iria. — falou e
olhou pro lado de fora da janela. — Pode ao menos me dizer o que
aconteceu?
— Meu filho, vai, mas deixa a Heloísa. Ela não anda bem e acho que
não seria bom ela lá agora. — Senti uma raiva crescer em mim, eu não
vou deixar minha mulher e meu filho. Não vou fazer isso.
— Desculpa. Mas isso eu não vou poder fazer, Heloísa vai comigo. Eu
prometo cuidar dela. Eu não estaria bem sabendo que ela está longe. —
falei e a moça respirou fundo.
— Não vou me meter, mas não deixe ela estressada. Não é bom pro
bebê. — falou passando por mim. Droga! Não conheço minha sogra e
já arrumo um pequeno conflito. Subi as escadas contando várias vezes
até dez, não posso mesmo estressar ela. Cheguei no seu quarto e ela
estava deitada chorando, me aproximei e quando pensei em falar algo
meu celular tocou. Era Gael.
— Hoje. Vou precisar do jatinho, Heloísa não anda bem, não quero
arriscar um voo convencional. — falei e a menina que estava chorando
se levantou talvez por querer distância. — Depois te ligo Mano.
Prepara isso pra mim.
— Amor, eu não posso te deixar aqui. Quero você por perto, quero
cuidar de você. — falei e me levantei caminhando até ela. Segurei seu
rosto e colei nossos lábios. — Vamos comigo.
— Heloísa, eu não vou sem você, mas você consegue entender que
preciso estar lá? Minha filha sumiu e eu só estou te pedindo pra estar
comigo. Ir comigo. Eu já te disse que pode vir aqui quando quiser.
Custa ir comigo agora? — falei irritado.
— Meu amor, você não deve ser sentir culpada por querer ir com ele.
Eu estou aqui e sempre vou estar, quando quiser vir passar dias, meses,
ou simplesmente decidir ficar, ainda vai ser sua casa. — sua mãe falou.
Eu sabia que me envolver com a Heloísa não seria certo, mas eu não
imaginei que isso deixaria marcas nela, que ela hoje teria medo de eu
fazer a mesma coisa. Eu amo essa menina, ela chegou do nada,
bagunçou minha vida em poucos meses, mas hoje não me vejo sem ela,
sem o sorriso, sem seu jeito carinhoso, e até mesmo seu jeito bravo. E
eu que pensava que já tinha vivido um amor, quando na verdade nada
chegava nem perto do que sinto hoje. Levei um susto quando bateram
na porta, a mãe de Heloísa apareceu e fiz sinal que ela entrasse.
— Tudo bem. — falou mas sem tirar o olhar duro. Suspirei. Beijei seu
pescoço e fui pegar suas coisas. Desci com tudo e já coloquei no carro.
Subi as escadas com ela em meu encalço, mal entramos no quarto ela
correu pra primeira porta, era o banheiro. E sua rotina estava de volta,
pensei que por hoje o remédio tinha feito efeito. Entrei no cômodo e
segurei seus cabelos, já tinha virado costume mesmo que em pouco
tempo.
— Claro. É sempre depois. Mas vai lá, você tem coisas pra resolver. —
falou e tentei me aproximar pra lhe dar um beijo.
Heloísa
Henrique saiu me deixando na enorme mansão de sua família, eu nem
sabia o que fazer agora. Mesmo com um pouco de vergonha desci as
escadas e logo dona Ester me viu, ela como sempre abriu um largo
sorriso. Então senti segurança de ir até lá.
— Quer conhecer a casa minha filha? Pode andar por aí. Tem sala de
vídeo, tem a biblioteca e tem várias coisas. Vai lá. — Sorriu com
simpatia.
— Aceito sim. — meu estômago estava pedindo por algo, mas sei que
se me atrever a comer agora vou por tudo pra fora.
— Pode ir lá, vou pedir alguém pra levar pra você. —falou e eu segui
pelo caminho que ela indicou. Logo eu estava em um jardim ainda
mais bonito que o da casa de Henrique, ali tinha cadeiras, mesas e
também alguns sofás. Optei por deitar no sofá.
Olhei pro céu que estava bonito, os raios de sol mesmo que fracos
podiam aquecer. Se me perguntasse o que mais me encanta no Brasil,
seria o calor, eu gosto. Fiquei ali deitada olhando a minha volta, a casa
dos pais de Henrique é linda, tem muitos vidros mas consegue ter
alguma coisa aconchegante. Chegaram com o suco e eu agradeci por
isso. Tomei quase que de uma vez, estava delicioso, repouse o copo na
mesinha que tinha ali perto.
— Eu também não achei que isso aconteceria. — falei e olhei pra ela
que continuava de olhos fechados. — Henrique está bem nervoso com
tudo, só me preocupo, ele não conversa.
— Eles sempre foram assim com Manoela? Digo de viajar sem pensar
muito na menina?
— Você não me julga por ter feito isso com a família dele? —
perguntei em um tom bem baixo. Agora dona Ester me encarava.
— Não Heloísa, aconteceu do jeito errado, mas parece que foi a coisa
certa, não sei explicar. — falou e sorriu. Ouvimos passos. Era Gael e
Henrique.
— Não acredito que demore muito Lila, ela não teria como ir longe,
ainda mais agora com todos os cartões bloqueados. — falou e eu soltei
um suspiro aliviado. Pelo menos sei que não vai demorar pra Manoela
está segura, sabe se lá o que pode acontecer com as duas na rua.
Henrique balançava a perna ao meu lado parecendo irritado.
Continuei no banheiro por mais tempo que o necessário, não quero que
essa fúria toda se vire contra mim. Quando sai enrolada no roupão
Henrique digitava rapidamente no celular, eu peguei minhas coisas e
voltei pro banheiro pra me vestir. Evitei olhar pra ele, não sei o que
aconteceu mas parece ser algo sério. Voltei e senti seus olhos em mim.
— Só isso? — perguntei, por que sinto que tem mais coisa que ele não
quer falar. — Aconteceu mais alguma coisa?
—Você acha que ela pode fazer alguma coisa contra mim? Ela tem
essa coragem? — me afastei olhando pra ele um pouco assustada.
— Não sei Heloísa, eu nem achava que ela poderia fugir com minha
filha, e no final me pedir quase metade de tudo que tenho. — falou
ríspido. Henrique estava mesmo nervoso. Decidi não prolongar a
conversa pois sei que daria em discussão, então é bem melhor me
calar.
— Não estou com muita fome, comi o que aguentei. — menti e muito
mal por sinal, já que mal coloquei três garfadas na boca. Henrique me
olhou sério, tentei esboçar um sorriso, já que todos estavam me
encarando.
Hoje completa cinco dias que estou em Seattle, mal vejo Henrique em
casa. Pelo que parece ele anda bem estressado por conta da Carly está
sempre trocando de lugar, quase todos os dias ela muda de uma cidade
a outra. Isso tem tirado o sono dele. Depois de um enjoo matinal me
deu uma fome, então desci e escolhi algo na cozinha pra comer. A casa
estava em um silêncio, mesmo eu sabendo que tem inúmeros
empregados, sem contar com os seguranças que estão como muros lá
na entrada. Me deu uma vontade de ir ao parque, mas não quero
ninguém me controlando. Então preciso conseguir sair sem ser vista,
eu sei que o único lugar que ainda falharam na segurança foi a
garagem. Peguei minha bolsa e fui andando devagar, como imaginei.
Sai pela garagem, que dava na rua de trás. Então seria fácil o restante
do caminho. Consegui um táxi que me deixou bem em frente ao
parque.
— Estão como sempre. Sua mãe está bem, só preocupada com você.
— falou e eu forcei um pequeno sorriso.
— Recebi uma foto sua. Então eles estão bem olhando você. Carly não
está sozinha nessa. Custa ficar em casa? — perguntou agora em um
tom mais calmo. — Eu vou tentar ficar mais em casa.
— Ela estava tirando dinheiro? Por que? Mas ela tinha tanto
trabalhando e de você também. — Não conseguia entender.
— Não vou fazer. — falei e ele me abraçou. Senti seu corpo relaxar
um pouco.
Henrique fez o que prometeu, depois do almoço ele ficou em casa mas
precisamente no escritório, sei que ele está fazendo isso pra se
certificar de que eu não vou sair de casa. Depois de ver um filme, eu
decidi me sentar no Jardim é o meu lugar preferido da casa. Gosto do
ar fresco e também do solzinho que pega aqui, mas hoje o dia está mais
frio. Então eu estava com um casaco bem quente, fechei meus olhos e
suspirei.
— Vou com alguns seguranças. Não vou demorar. Gael também vai
estar comigo. — falou me apertando contra si. — Preciso acabar com
isso pequena.
Henrique
— Gael, como vou ter calma? Eu só queria hoje está em casa com
minha mulher, cuidando dela que tem passado mal toda manhã. —
falei e ele abaixou a cabeça. Meu celular vibrou, era uma mensagem de
um número desconhecido.
— Henrique, vamos ter que levar tudo isso a polícia. Vai ajudar com
sua filha. — olhei pra Erick. Suspirei.
— Quero que a polícia me ajude com esses filhos da puta. Erick cuida
dessa parte. Eu vou atrás da minha mulher. — saí sem nem esperar
alguma resposta. Gael quase correu atrás de mim. Entrei no carro
batendo a porta.
Como pode uma casa cercada de segurança ela simplesmente sair sem
que nenhum deles tenham visto. Cheguei em casa e fui quase como um
furacão pra cima dos seguranças.
— Quero saber como vocês não viram minha mulher saindo hoje? —
perguntei controlando a respiração.
— Mas a Dona Heloísa não passou por aqui senhor, ninguém deixou
seu lugar. — minha raiva subiu.
— Recebi uma foto sua. Então eles estão bem olhando você. Carly não
está sozinha nessa. Custa ficar em casa? — falei com mais calma.
Preciso que ela se acalme. Sei que posso evitar isso, preciso ter mais
tempo pra ela. — Eu vou tentar ficar mais em casa.
— Junta alguns homens, vamos hoje mesmo seja pra onde for. — falei
rápido. Não posso esperar nenhum minuto, preciso terminar com isso
logo.
Eu teria que conversar com a Heloísa, essa viagem não veio em boa
hora, pois estou preocupado em deixar a Heloísa por aqui sozinha, mas
eu preciso me livrar disso agora. Quanto mais rápido eu conseguir
resolver tudo em relação Manoela, mas rápido consigo ficar com
Heloísa e acompanhar sua gravidez. Suspirei. Me levantei e sai em
busca dela, depois de procurar no quarto fui ao jardim, ela estava
sentada com a cabeça jogada pra trás. Me aproximei e sentei perto
dela. Eu não sei mas desde que olhei pra Heloísa a primeira vez, eu
sabia que ela seria a pessoa certa. Sei que não gostou muito da história
da viagem, mas também entende que as coisas precisam ser resolvidas.
— Estou preocupado irmão, e tenso. Não quero falhar dessa vez. Estou
com saudades da minha filha e hoje só volto pra casa com ela junto. —
falei enquanto olhava pro lado de fora. — Que dê tudo certo.
— Henrique acho melhor você levar isso aqui. — Olhei pra Augusto
que tinha uma arma na mão. Levantei a sobrancelha. — Não sabe o
que vai te esperar.
— Pelo menos um dia você chega no horário né? — ela abriu a porta e
quando me viu o sangue fugiu do seu rosto, ela tentou fechar mas não
poderia competir comigo.
— Vejo que esperava outra pessoa. — falei e entrei. Manoela assim
que me viu correu pro meu colo, apertei minha filha tão apertado que
talvez tenha lhe faltado o ar, mas sei que a saudade era recíproca já que
ela tinha lágrimas nos olhos. — Papai está aqui princesa.
— Pensei que não fosse mais te ver. — ela falou com a voz de choro.
Olhei pra Carly que estava aparentemente nervosa.
— Ela não vai. Ela vai morar comigo. Você não vai levar minha filha
pra viver com aquela babá. Pensou mesmo que seria tão fácil se
separar de mim?— Carly falou alterada. — Eu vou tirar esse dinheiro
que você tem e também a Manoela.
— Carly cala a boca. Você não vai tirar nada, pensa mesmo que vai
conseguir, olha o que você criou. Acha que isso lhe ajudou algo? Fugir
com minha filha? Tentar tirar de mim, dinheiro? O que você está
pensando ? — falei tentando manter a calma.
— Você e aquela vadiazinha não vão ficar juntos, nem que pra isso eu
tenha que fazer uma loucura. É por causa dela que você quer me tirar
tudo né? — minha raiva subiu.
Gael chegou rápido e suspirei aliviado quando Manoela correu pra ele.
Logo saíram eu me encostei na parede. Tentando me controlar pois
estava ao ponto de fazer uma besteira.
— Você não tem esse poder. — soltei uma gargalhada e olhei pra ela.
— Acho que me conhece, não vai pagar pra ver né? — falei
caminhando até a porta.— Ah antes que eu me esqueça, seus cartões
estão todos bloqueados, suas contas travadas, não tem como
movimentar dinheiro algum. Ao menos que tenha dinheiro com você,
espero que dê um jeito com o hotel.
— Você não pode fazer isso. — ela correu até mim e começou a me
bater. Me virei e segurei seus pulsos.
—Xiii.. papai está aqui agora. — coloquei ela em meu colo e comecei
a cantar baixinho. Manoela mexia em minha barba, precisou de poucos
minutos pra ela estar dormindo. Eu fiquei olhando pra ela e suspirando
aliviado, pois agora vamos estar em casa e poderei finalmente cuidar
delas.
— Ela não tem muita opção a não ser aceitar o nosso acordo. Ela não
pode mais mexer em nenhuma de suas contas. — falei e Gael me olhou
pelo retrovisor.
— Henrique ela roubou a empresa. Não vai fazer nada quanto a isso?
— perguntou e eu respirei fundo.
— Por isso quero que fique de olho nela, quero saber sempre
exatamente quais são seus passos, até mesmo onde anda comendo. —
Olhei pra eles que pareciam contrariados com minha decisão, mas
sabia que nenhum deles falaria algo.
— Não sei. Ela gosta muito da Heloísa, mas não sei como foi esses
dias com Carly. Acha que devo me preocupar?
— Vai ser uma surpresa e tanto, vamos ver. Já pensou em contar pros
pais sobre a gravidez da Heloísa? — perguntou e eu tinha me
esquecido de que eles ainda nem sabiam que seria avós de novo.
Minha mãe parece gostar tanto dela, meu pai mesmo sendo mais
discreto, também não me parece ser contra.
— Uma coisa de cada vez por favor. — falei e ele deu de ombros.
Mais uma coisa a se pensar. Paramos em frente em casa, era de
madrugada. Entramos na garagem, tudo estava em silêncio, desci do
carro com Manoela no colo. Subi com ela com cuidado e coloquei no
quarto que ela tinha aqui. Espero que ela durma o restante da noite. Dei
um beijo em sua testa e fui até o meu. Entrei em silêncio e me assustei
quando não vi Heloísa. Um barulho vinha do banheiro, fui até lá, ela
estava de joelhos no chão perto do vaso. — Amor?
— Não queria ficar mais um dia longe.— falei olhando ela que
escovava os dentes. Eu tirei as minhas roupas e fui pro box, tomei um
banho quente que me ajudou a relaxar por completo. Me deitei junto
com ela, puxei seu corpo pro meu. — Manoela está no quarto ao lado.
— O corpo dela ficou tenso e beijei sua cabeça. — Vai dar tudo certo.
Heloísa
— Vamos ver isso essa semana. Os pais dele não sabe ainda. — falei e
ela revirou os olhos. — Estamos pensando em contar quando fizermos
todos os exames. Como Guilherme está?
— Está bem. Agora deve ter estar dormindo. Como foi com Manoela?
— perguntou e eu quase me engasguei, mas tentei não parecer nervosa.
— Sabe que uma hora vai acontecer né? — concordei. — Tudo bem
filha, a mãe precisa desligar. Me ligue mais vezes. Sinto sua falta.
— Também sinto muito sua falta mãe. — falei e ela sorriu. — Amo
você.
— O papai ainda nem pediu isso filha. Só que eu amo essa menina
aqui e espero muito que você entenda isso. — Henrique falou calmo,
prendi a respiração esperando alguma reação da menina.
— Isso quer dizer que a Tia Heloísa não vai embora mais?
— Tia, agora você vai ficar comigo? Vai cuidar de mim? — Olhei pra
menina que agora tinha olheiras fundas.
Descemos pro café da manhã, e quando dona Ester viu a neta chorou
emocionada. Seu Gustavo apesar de bem sério sorriu com a menina.
Gael bagunçou os cabelos dela. Henrique parecia tão feliz que seus
olhos se fechavam a cada sorriso. Meu enjoo matinal parece ter dado
uma trégua por hoje. Me sentei ao lado do meu, na verdade ainda não
sei ao certo o que tenho com Henrique.
— Vovó você sabia que meu pai e a Tia Heloísa estão namorando? —
ela falou e isso me fez engasgar com o suco. Henrique deu um sorriso
de lado, Gael caiu na gargalhada. E dona Ester sorriu pra neta.
— Sim vovó, agora a Tia Heloísa vai ficar comigo e vai fazer o papai
feliz. Ele até anda sorrindo olha. — falou apontando pra Henrique, que
corou como nunca vi antes.
— E a princesa voltou pro reino junto com seus pais e viveu feliz para
sempre. — terminei mais uma vez a história da Rapunzel. Manoela me
olhava com os olhinhos brilhando, ela ama as histórias.
— Igual eu voltei pra casa com meu papai.— ela falou e eu abri um
pequeno sorriso e baguncei seus cabelos.
— Claro papai, é sua vez de contar uma história bem legal. — Ela
correu pros braços de Henrique. Ele se sentou ao meu lado e começou
a brincar com a menina, eu fiquei admirando sua paciência com ela, a
forma que ele trata sua filha encantaria qualquer um que olhasse de
longe, pelo menos sempre vi o quanto Manoela gostava dele em casa.
Tentei me levantar pra deixar eles terem o momento pai e filha, mas
Henrique me segurou.
Preciso muito ir ao médico ver como está sendo minha gravidez, eu sei
que precisa tomar algo agora no início. Não conheço quase nada aqui,
principalmente médicos, isso me lembrou de pedir ajuda a Dona Ester,
mas o fato dela não saber sobre minha gravidez complica as coisas.
Entrei no quarto me jogando na cama, o jantar foi tranquilo já que só
estava eu, Henrique, sua mãe e Manoela. Ele por sinal foi colocar a
pequena pra dormi, vou aproveitar esse tempo pra tomar um banho. De
banho tomado eu coloquei uma camisola e me deitei novamente.
— Você ainda é casado, sabe disso. Pelo menos pela lei, você é. —
minha voz saiu um pouco triste. Ele me deu um beijo de leve.
— Claro. Quero que coma e logo depois vá pro banho pois vou com
você no médico, já está tudo certo.— concordei pegando uma das
torradas. Eu estava com fome que no primeiro pedaço minha barriga
protestou. – Podemos contar pros meus pais hoje a noite?
— Não sei se estou preparada, sua mãe gosta muito de mim mas não
sei o que ela pensaria sobre a gravidez. Já seu pai quase não se
comunica. Eles podem achar que fiz isso por conta do que vocês tem,
não quero....
— Xiiu, ninguém vai pensar nada meu amor, não deixaria. Olha pra
mim pequena, se hoje você carrega uma parte minha é por que fui tão
culpado quanto você, mas eu já amo esse pequeno pontinho meu em
você. — falou e alisou meu rosto. Henrique tem um lado tão carinhoso
que é capaz de me acalmar nas piores tempestades. Continuei comendo
em silencio, até que me senti satisfeita. Fui pro banho e logo depois
escolhi uma calça e também uma blusinha larguinha, olhei o tempo e
me pedia um casaco, escolhi um sobre tudo preto e coloquei. Henrique
logo apareceu de terno, ele era o homem de negócios perfeito, estava
sempre tão elegante e encantador. Difícil acreditar que alguém como
ele poderia se apaixonar por mim que não tenho nada a oferecer.
— Olá Henrique, quanto tempo. E sua mãe como está? — parece que
se conhecem a anos.
Fiz o que Henrique falou. Me deparei com uma grande sala, três sofá
em um tom de marrom escuro fazia parte dos moveis, uma grande
televisão, tinha alguns vasos com plantas, alguns quadros na parede.
Caminhei pelo ambiente e achei uma cozinha que não ficava pra trás
em questão de tamanho, todos os móveis pré moldados, uma mesa com
no mínimo dezesseis lugares. As paredes de vidro dava uma visão
perfeita de um lindo gramado. Voltei passando pela sala indo até um
corredor, tinha um escritório, uma sala que parecia um cinema. Olhei
pra Henrique que mexia na barba me olhando. Deixei ele pra trás e
subi as escadas, tinha várias portas, todas elas eram quartos mas tinha
um que era especial, uma cama enorme estava no meio, uma porta toda
de vidro que dava na sacada, um banheiro que deve ser do tamanho do
meu quarto no Brasil. Era lindo. O tom azul forte era predominante.
Olhei pro meu namorado e parei olhando pro exterior, tinha uma
piscina, uma área linda pra festas.
— É sua casa, mas posso ficar com você. — falei e ele me parou na
hora segurando meu rosto, olhando no fundo dos meus olhos.
— Vai ser nossa, tão minha quanto sua, nem que pra isso eu coloque
no seu nome. Não gosto quando você diz que algo é meu, ou que
precisamos caminhar. Eu não vejo a hora de ter você comigo, de por
uma aliança no seu dedo. — fiquei quieta e ele suspirou. — Parece que
você ainda não entendeu que eu te amo.
— Ninguém vai pensar nada, ninguém tem nada haver com nós dois,
nem mesmo meus pais. Eu quero você em um lugar seguro e ter um
lugar pra chamar de nosso só isso. Pode ser? — falou um pouco
chateado.
Henrique
como a minha loira trata ela como filha. Isso me acalma como
ninguém. Fiquei hoje pelo escritório, nosso combinado seria contar pra
minha família durante o jantar. Não sei como todos vão reagir, mas
pequena. Ela ria pro celular, seu sorriso tinha uma lágrima também.
rapidamente.
também embargada.
— Eu também queria você perto de mim, sinto sua falta minha
— Assim que der eu vou te ver tá bom minha filha. Agora vai se
por um longo tempo. — Não precisa se sentir mal, sei o quanto sua
Heloísa se arrumou pro jantar em silencio, não fez muita coisa mas só
de colocar um vestido longo deixou ela, tão linda. Eu amo essa mulher
e se for preciso por ela eu devolvo um jatinho e vou buscar sua mãe.
ombro, ela me encarou e então virei ela pra mim. Segurei seu rosto.
— Não fica tão tensa por conta de um jantar. — falei e a abracei.
lugares. Heloísa se sentou ao meu lado e por baixo da mesa segurei sua
dizer que qualquer um que prestasse atenção nela conseguiria ver seu
quase vazia.
atenção de todos. — Como vocês sabem estou com a Heloísa, fui até o
eu poderia dizer que não notei, mas Heloísa mal anda comendo, já vi
suas caras de enjoo. E posso dizer que o corpo dela também está
mudando.
nós.
seu Henrique.
— Pai eu só peço que respeite mais a Heloísa, ela vai ser minha esposa
e estou feliz com isso. Espero que você fique também quando conhecer
a menina de verdade. — falei e seu olhar pra mim era frio. Esse seu
— Calma meu filho. Seu pai apenas se assustou com a notícia e falou
de empolgação.
— Sim meu amor, ou irmãzinha. — ela bateu palminhas e isso me fez
senhora Heloísa passou muito rápido por nós e entrou em um táxi que
celular.
As chamadas todas iam pra caixa postal, olhei pro meu pai que
Henrique, você precisa imaginar aonde ela iria a essa hora, num
ideia surgir, até que me lembrei do Brasil, Heloísa adora parques, ela
não sei o que meu pai tem pensado, parece que ele não está muito a
favor da Heloísa. Isso me faz pensar que preciso acelerar os ajustes da
nossa casa, não quero ver minha pequena mal por estar ali. Na verdade
se ela quiser vou hoje mesmo pra lá. Não quero que ela passe por
Rodamos em dois parques próximos, mas não achei ela, isso está me
desligado. Passamos pelo último parque mais ainda sim não tinha sinal
procurar por ela. Voltei pra casa e assim que abri a porta minha mãe
Suspirei.
desanimado.
— Calma meu filho, ela vai voltar. — falou alisando meu rosto.
pode ter ido, ela quase não teve tempo de conhecer a cidade, ela vivia
apenas em shoppings ou parques com a Manoela. O último lugar que
levei ela foi... É isso, ela pode ter ido lá, mas como iria entrar. Me
levantei sem falar com ninguém e corri pro quarto, as chaves estavam
charada, ela foi exatamente pra onde eu queria levá-la. Corri pro meu
hoje me sinto intrusa com sua família, por mais que a dona Ester seja
uma simpatia e Gael seja um grande amigo, ainda não me sinto bem.
Eu quero ir pra casa, pra minha casa, com a minha família. — ela
suspirou. — Seu pai não está errado em querer proteger vocês, até
outros olhos em tão pouco tempo, eu não esperava nada disso. Só não
hoje precisa de espaço. Fiquei com ela em meu colo até sentir sua
em sua testa e subi com ela pro quarto. Me sentei na cadeira perto da
vidas. Heloísa entrou pra fazer a diferença, ela é doce, gentil, está
casa. Hoje eu preparei uma surpresa pra minha menina. Ainda sinto ela
meio pra baixo e decidi o que precisava fazer. Liguei pra sua mãe e
disse que precisava dela aqui, no início dona Catarina quase infartou
imaginando que algo poderia ter acontecido com a filha dela, mas
depois expliquei que era apenas por que Heloísa anda reclamando de
desembarcando em Seattle.
—A Mãe da Heloísa esta chegando hoje, preparei essa surpresa pra ela.
— Você gosta mesmo dela viu, e parece que ela desperta seu melhor
lado. — sorri.
— Claro.
— Bianca falou, sorri pra ela. — Mas não pense que está com passe
família dela. Eles são leves, simples, parece sempre felizes, isso me
chorava. Sua mãe lhe deu um abraço e logo sua amiga e irmão se
juntaram.
— Ainda não sabemos o sexo mãe. — falou abraçando mais uma vez a
mãe. Logo todos se voltaram pra mim que estava ainda na porta de
Depois de uma breve apresentação minha filha estava rindo com o Tio
tão linda. Escolhi pra hoje um dos melhores restaurante queria uma
ombro.
daria tudo pra ter momentos como este mais vezes. Eu gosto de estar
quarto. Entrei no meu e lá estava ela com uma camisola pequena com
os cabelos soltos e com seu sorriso que se fez presente a noite toda.
— Faria tudo por você, não sei se entendeu, mas espero que entenda
Henrique
Parece que hoje o dia que começou bem, com uma notícia maravilhosa,
minha menina está esperando um filho meu, um meninão lindo e saudável.
Mas foi só chegar em casa que os problemas começaram a surgir. Um de
meus seguranças me avisou que viu Carly rondando a nossa casa, e isso tirou
completamente minha paz. Preciso me manter mais em casa, e foi com esse
pensamento que atendi meu pai que me ligava insistentemente.
— Oi pai. — falei ainda olhando a tela do computador que mostrava imagens
das câmeras daqui de casa, eu queria ver alguma coisa que me ajudasse a
encontrar essa mulher.
— Henrique, você vai precisar viajar esse fim de semana. — falou e eu
respirei fundo, ele só pode está de brincadeira.
— Impossível pai. Estou com problemas com a segurança da minha família e
não posso estar longe agora. Manda Gael. — falei sem muita emoção. Ele
não iria me convencer de ir a uma viagem de negócios quando na verdade
isso aqui está começando a ficar bagunçado de novo.
— Preciso que você vá. — passei a mão pelo cabelo na intenção de aliviar a
raiva que crescia. Não era só por isso, minha irritação estava aqui só de saber
sobre Carly.
— Tenho uma viagem com a Heloísa e Manoela marcada. — falei.
— Cancela.
— Eu já tinha planejado pai. Você não pode mandar o Gael dessa vez? —
falei baixo controlando a raiva.
— Isso sempre foi trabalho seu. — meu pai ultimamente tem conseguido me
deixar estressado. Ele sempre foi mais trabalho, mas nunca pensei que
colocaria tudo abaixo disso.
4 meses depois...
As coisas parece que pioraram desde que o pai de Henrique decidiu colocar
ele em praticamente todas as viagens de negócios possíveis. Isso começou a
me incomodar, mas já estava ciente de que essa luta eu não ganharia.
Henrique tentava de alguma forma suprir sua ausência com ligações sempre
que podia, mas não era a mesma coisa. Principalmente agora que vivo com
medo de Carly aparecer a qualquer momento. Manoela tem ficado bastante
tempo com dona Ester. Na verdade minha sogra até me chamou pra passar
esses dias em sua casa, bom. Neguei óbvio. Eu não iria cutucar onça com
vara curta, então mesmo sentindo medo ficava em casa. Hoje decidi chamar
Gael pra cá, sei que Henrique não vai gostar muito, mas caramba é seu irmão
e sempre se mostrou um grande amigo.
— Oi Lila. — ele chegou na porta com duas caixas de pizza. Como hoje o
Gael estaria aqui, Manoela também ficou. A verdade ela anda mais agarrada
comigo que o normal. Isso me deixa feliz. Ainda mais agora faltando tão
pouco tempo pro meu filho chegar. Meu pequeno Heitor. Depois de muito
pensar em nomes optamos por esse.
— Entra. Manoela já está descendo. — falei e fomos pra sala, como sempre a
TV estava pausada em um de desenhos de Manoela.
— A casa está com bastante seguranças né? — concordei e revirei os olhos.
— Isso não me agrada, mas compreendo. — comentei e ouvimos passos na
escada.
— Tio Gael. — a pequena correu e abraçou seu tio que riu como um bobo pra
menina. Está quase chegando o aniversário de 6 anos da Manoela, eu queria
fazer algo pra ela, mas com essa vida corrida de Henrique, vou ficar feliz se
conseguir apenas um momento nosso. Com um bolo, velas quem sabe.
— Você parece que cresceu pequena. — comentou ele.
— Eu também acho. Estou ficando grande e forte. — fingiu mostrar algum
músculo no braço.
Jogados no chão da sala, foi assim que ficamos depois de comer tanta pizza.
Minha barriga já estava grande demais, afinal entrei no oitavo mês de
gestação, tenho andado bem cansada e um pouquinho indisposta. Depois que
Manoela dormiu, Gael colocou ela no quarto e foi pro de hospede. Já estava
tarde, mas eu ainda estava sem sono. Limpei toda a bagunça e depois subi e
fui pro banheiro tomar um banho na intenção que ele me fizesse relaxar.
Sinto falta de Henrique em casa, da forma que só sua presença me traz uma
paz e eu consigo de fato relaxar. Sei que era tarde já, mas ainda sim resolvi
lavar o cabelo, isso me deixava renovada. Mas me levaria mais uns vinte
minutos no banheiro. Sai do banheiro de roupão e com uma toalha enrolada
na cabeça, na verdade eu tentava de toda forma fazer o roupão cobrir meu
corpo, claro que perdi essa guerra, minha barriga estava grande demais.
— Boa noite amor. — levei um susto com a voz do Henrique, ele estava de
terno deitado na cama com a cabeça apoiada na cabeceira afrouxando a
gravata. Não esperava ele em casa hoje, imaginei que só chegaria pela
manhã.
— Que susto Henrique, não esperava você hoje. — falei e ele se sentou
retirando o terno, e abrindo a camisa. Abriu um sorriso lindo e veio
caminhando até mim.
— Decidi vir embora logo que acabou a reunião. — falou e foi tirando a
toalha da minha cabeça. Seu olhos não desgrudavam dos meus. Balancei um
pouco a cabeça para o cabelo se ajeitar. Seus dedos fazia um carinho gostoso
na minha bochecha. — Você é linda. — Isso me fez sorrir. Depositou um
beijo na minha testa. — Eu amo você.
— Também te amo amor. — falei e subi a boca na sua, dei um selinho e o
abracei deitando a cabeça em seu peito. Sim agora eu estava completamente
relaxada.
— Vou tomar um banho pra deitar, estou cansado da viagem. — suas mãos
abriram mais o meu roupão. — Mas acho que não preciso dormir. Não agora.
— Rique. — falei com a voz um pouco alterada, minha respiração acelerou
com seu toque carinhoso. Descendo o rosto no meu pescoço ele deu um beijo
e foi descendo pros meus seios, sugou um deles fazendo todo meu corpo
arrepiar. Levantou e abriu um sorriso safado.
— Vou tomar banho. Não precisa se vestir não. — me deu um beijo. Fiquei
um tempo ainda parada e depois decidi secar meu cabelo. Henrique saiu do
banheiro passando a toalha em seu cabelo. Eu já estava deitada na cama,
tinha colocado uma camisa social dele e uma calcinha, elas já não me serviam
como antes. Meu namorado abriu um sorriso safado e eu correspondi. Logo
ele estava em cima de mim depositando beijos em meu pescoço.
Acordamos pela manhã com Manoela batendo na porta do quarto, pois o tio
Gael tinha feito algo pro café. Henrique me encarou como quem dizia, por
que o meu irmão está aqui.
— Ontem ele veio me fazer companhia. — como um bom ciumento ele
apenas me encarou e se levantou e foi ao banheiro, depois de escovar os
dentes ele desceu apenas de calça de moletom.
Tomei um banho e arrumei o cabelo em um coque, coloquei um vestido
soltinho, que mesmo sendo bem larguinho se prendia na minha barriga. É
bebê de mamãe você está crescendo muito rápido, sorri alisando minha
barriga. Decidimos o nome junto a Manoela e dei algumas opções, entre
Miguel e Heitor, parece que Heitor venceu, gostei o nome. Heitor
Albuquerque Ávila. Até que é um nome bem forte.
— Vamos descer meu amor, antes que seu pai brigue com seu tio. Do jeito
que é ciumento. — falei rindo. No andar de baixo o cheiro de bacon parece,
ou algo bem parecido exalava, fazendo minha barriga protestar e até mesmo
Heitor se movimentou. Entrei na cozinha e Henrique estava sério e Gael
rindo como sempre. — Bom dia Ju. Bom dia princesinha de tia. — Beijei o
topo de sua cabeça e ele deu um beijo na minha barriga.
— Bom dia cunhada. Você pode explicar pro seu marido, namorado, não sei.
Que eu apenas vim fazer companhia pra vocês, já que ele estava de viagem?
— Olhei pra Henrique e ele encarava o irmão com cara de poucos amigos.
Não aguentei e gargalhei, ele fica lindo com ciúmes, não imaginava que ele
era tão ciumento assim. Me aproximei dele ficando atrás de sua cadeira. Dei
um beijo em sua bochecha e depois um selinho rápido.
— Eu só estava com medo de ficar sozinha amor. Por isso chamei o Ju, e
ficamos até tarde vendo desenho com Manoela e ele acabou dormindo aqui.
— falei e ele concordou, mas não mudando sua expressão. — Homem
ciumento meu Deus.
Sentei na mesa e Henrique foi ficando mais tranquilo, ele e o irmão
conversavam sobre negócios, eu apenas comia. Não queria prestar muita
atenção no assunto. Manoela estava focada comendo seus ovos com bacon,
tomando também um suco de laranja. Quando terminei de comer coloquei
tudo na pia. Pegando também o de Manoela. Os meninos ainda comiam.
— Vamos ter um jantar semana que vem. — Ouvi Henrique falando.
— Não suporto esses jantares em que somos colocados como exemplo. —
Gael protestava.
— Amor, você vai ter que ir comigo. — olhei pra Henrique. Eu? Não sei nem
como me comportar nesse tipo de evento. — É tranquilo amor, Gael que é
chato.
— Não sei se quero ir. — fui sincera.
— Por favor loira. — insistiu e eu apenas concordei.
Depois do café Gael se foi. Henrique tinha tirado o dia de folga, então
decidimos ir ao parque com Manoela logo depois do almoço para que ela
pudesse brincar um pouco. Já estávamos no carro, com os seguranças atrás
de nós. Sentamos no gramado e deixamos a menina correr e brincar com
suas bonecas. Henrique deitou a cabeça na minha perna.
— E a Mãe de Manoela? — perguntei e senti o corpo dele ficar tenso.
— Ela sumiu. — falou um pouco seco, sei que é por não querer render
assunto. Não falei mais nada sobre isso, fiquei ali apenas olhando pro nada.
Inalando um pouco de ar fresco. Coloquei a mão na barriga sentindo Heitor
mexendo, Henrique quando percebeu logo levou a mão e começou a
conversar com o nosso pequeno.
Henrique
Minha rotina está tão corrida entre várias reunindo e inúmeras vídeo
conferência, não ando com muito tempo pra minha família e isso
também tem me deixado um tanto irritado, fora que meu pai e eu
estamos se estranhando quase sempre por que faço de tudo pra recusar
viagem e então ele coloca a Heloísa como causadora da minha falta de
interesse no trabalho. Terminei uma reunião e teria mais uma, estava
um tanto longe de Seattle mas eu já tinha ligado e pedido o jatinho da
família, quero voltar pra casa hoje e tirar o dia de folga amanhã. Peguei
meu celular que vibrava na mesa. Era meu chefe segurança.
— Pronto. — atendi um pouco sem ânimo. Sempre que ele me liga sei
que não vem boa notícia.
— Boa tarde Henrique. A Carly ainda está rondando sua casa. Acredito
que ela está esperando uma brecha apenas. — Bati na mesa forte, estou
de saco cheio.
— Vai atrás dela. Cansei de ficar parado. — falei irritado. — Tragam
ela até mim. Vou ligar para alguns contatos, quero descobrir quem está
junto com ela.
Desliguei a chamada, pensei em ligar pra Heloísa perguntar como ela
está, mas então anunciaram que os futuros sócios haviam chegado.
Coloquei minha pose de homem controlado e como se não tivesse
problemas nenhum segui em frente com a reunião.
Já estava dentro do jatinho, impaciente. Fui informado que alguns de
meus seguranças tentaram alcançar a Carly mas foi em vão. Isso já está
fugindo do meu controle. Eu só quero chegar em casa. Encostei a
cabeça no encosta do assento e fechei os olhos, eu me esforçava pra
acalmar minha raiva. Preciso pensar em algo. Meu celular tocou e era
meu pai, pensei em duas antes de atender mas sei que ele insistiria.
— Oi pai. — atendi um pouco impaciente.
— Henrique, estou ligando pra avisar que teremos um jantar
beneficente semana que vem. Leva aquela menina. Pode levar a
Manoela também. — revirei os olhos. É mais um daqueles jantares que
eu apenas suporto.
— Ela é minha namorada pai, minha futura esposa. Dá pra ao menos
trata-la bem? — eu não estou nada satisfeito com a forma que meu pai
recebeu a Heloísa. Sei que começamos errado, mas ela me faz feliz.
— Só liguei pra avisar. Te passo o local por mensagem. — falou e
desligou. Joguei o celular no assento ao lado. Levei alguns 40 minutos
pra estar de volta a Seattle. Já estava de madrugada e fazia mais frio
nesse horário, isso fez meu corpo protestar, já que estava só de terno,
não sendo suficiente por hora.
Cheguei em casa e estava tudo escuro, deixei minha mala por ali
mesmo e subi. Abri a porta do quarto de Manoela e dei um beijo em
sua testa, ela dormia como um anjinho. Entrei no quarto e não
encontrei minha menina, mas ouvi barulho do chuveiro, me deitei na
cama e esperei. Só de olhar pro rostinho dela me deu uma calmaria, o
fato de Carly estar escorregando pelos meus dedos tem em deixado
aflito e preocupado que algo possa acontecer a Heloísa, e eu só me
aquieto quando estou perto dela, quando estou em parte no controle da
situação.
Heloísa
No meio de toda aquelas pessoas engravatadas, mulheres com vestidos
caríssimos eu me sentia totalmente fora daquilo. Apesar de estar
vestida a altura, Henrique fez questão de comprar meu vestido e sei
que barato não foi. Os homens da mesa conversavam entre si, eram
apenas negócios, bastante negócios. Tentei me manter fora de qualquer
assunto.
— Está tudo bem? — Henrique perguntou próximo ao meu ouvido.
Apenas concordei. — Eu vou ter que ir cumprimentar alguns sócios.
Minha mãe vai ficar com você.
— Tudo bem Henrique. Não se preocupa comigo. — falei e ele me deu
um selinho, levantou sendo acompanhado por Gael e seu pai. De longe
conseguia ver o tédio que meu cunhado sentia, isso me fez abrir um
sorriso. Como pode ser irmãos e ser tão diferentes.
— Esses jantares não são tão legais. — falou dona Ester, ganhando
minha atenção.
— São bem chic também. — comentei olhando mais uma vez o local.
— Fico até sem jeito de estar aqui.
— Você agora faz parte disso. — concordei. — Com o tempo você se
acostuma.
— Espero que sim. — falei por fim. Manoela estava ao meu lado um
pouco encolhida. O ambiente era bem aberto, e passada uma corrente
fria.
— Estou com frio tia. — a pequena falou. Me lembrei que tem um
casaco no carro. Olhei em volta e Henrique ainda conversava com
vários homens. Ele parecia empolgado falando.
— Vou buscar um casaco no carro. Agora vai pra perto do papai, ele te
esquenta por enquanto. — ela concordou e eu me levantei. Fui em
direção do elevador. Estava tão cheio o lugar que foi até um pouco
difícil chegar até o mesmo. A porta abriu e algumas pessoas saíram e
eu fiz um pouco de esforço pra entrar. Apertei o botão do térreo e desci
inúmeros andares. Ainda bem que a chave do carro ficou na minha
bolsa.
Parecia uma eternidade dentro dessa caixa de metal. Fiquei olhando o
espelho e como minha barriga estava grande. Bom eu estou
aparentemente muito elegante, mas sei que no fundo mesmo não
estaria de salto, sei lá, um tênis talvez. Uma roupa com menos pano.
Sorri com o pensamento de alguém me ver chegando nessa festa nós
trajes que pensei. Quando o elevador abriu, me assustei com o tanto de
carro, como não foi o Henrique que guardou, foi o manobrista, não
faço ideia de onde esteja. Olhei pra todos os lados, nem sinal daquele
bendito carro preto, bom, me resta procurar. Comecei a andar por ali e
depois de longos minutos achei o carro. Apertei o botão na chave para
as portas destravar.
— Heloísa? — olhei pra trás por ter reconhecido a voz. Era Carly ali,
ela estava bem mais magra e tinha um olhar doentio. Isso me
assustava. — Finalmente vou ter o prazer de fazer o Henrique sofrer.
— Carly, olha... — comecei a falar mais ela levantou a mão em sinal
para que me calasse.
— Pode levar.— não tinha vistos os dois homens atrás de mim, mas
quando senti um não braços fiz questão de encara-los, não os conhecia.
— CARLY ME SOLTA. — gritei, só que isso despertou a raiva nela
que amarrou algo na minha boca. Eu não conseguia falar mais. Eu
começo a chorar e sentir meu coração cada vez mais acelerado.
Entramos em um carro e ele saiu em disparada cantando pneu.
Não sei por quanto tempo ficamos dentro daquele carro, que por sinal
não me lembro a cor e nem mesmo o modelo. Meus pensamentos iam
pro meu filho que agora me chutava, talvez sentindo minha agitação.
Eu só pensava que ela não poderia machucar ele, ela não pode. Por
favor. Ela não pode. Eu repetia isso várias vezes. Tentei parar de
chorar, mas era em vão. Meu corpo estava dominado por desespero.
— Liguem para aquele babaca. — a voz da Carly era séria. E com um
toque de prazer, como se ela estivesse gostando da dor que causava.
Meu choro intensificou ao vê-la provocando o Henrique, ele deve está
tão nervoso. — Babaca. — disse assim que a ligação finalizou. —
Vamos pro local.
O carro balançava bastante e eu já não via mais as luzes da cidade. Foi
então que meu desespero duplicou, fiquei com tão nervosa que sentia o
pé da minha barriga doer. Levei a mão ali na intenção de aliviar. Não
posso ficar nervosa. Pelo meu filho. Eu tentava repetir isso na minha
mente. Engoli o choro e comecei a pensar em qualquer coisa que não
fosse a situação que me encontrava. Paramos e Carly foi a primeira a
descer, logo os dois homens me puxaram pra fora. Era um lugar com
muitas árvores, tinha uma casa, não era bem uma casa, estava mais pra
um chalé. Olhei para os lados em busca de algo que me desse uma
pista de onde estou, mas a verdade é que já não conheço tanto a cidade,
então tudo complicou ainda mais. Percebendo que estava parada tempo
demais um dos homens pegam meu braço com força e me levam pra
dentro da "casa".
Um homem alto moreno para ao lado da Carly e ela lhe abraça com
carinho, não sei, com sentimento talvez. Lhe dá um selinho e aponta
pra mim.
— É com ela que vamos conseguir todo o dinheiro que precisamos. —
os olhos dele me analisaram. Eu senti um certo medo.
— Bom. Vamos ver se o babaca do Henrique ama mesmo essa menina.
Já que com a filha não funcionou. — pensei em retrucar. Responder
pra ele que Henrique faz de tudo por Manoela, mas eu não poderia por
a vida de Heitor em risco. — Levem-na para o quarto reservado.
Fui puxada novamente e jogada no chão de um cômodo escuro e com
uma cama apenas. A porta foi trancada logo em seguida. Me levantei
com um pouco de esforço e me deitei na cama. Eu queria chorar, e
talvez dormir e acordar do pesadelo que estava vivendo. Coloquei a
mão sobre minha barriga e ali me permiti chorar. Chorei tanto que
peguei no sono.
Quando acordei já estava claro, não tinha barulho, talvez alguns
pássaros cantando, o balanço das árvores, mas não era esse tipo de
barulho que me referia. Não tinha conversa ali, não tinha barulho de
sapatos tocando o chão. Abri os olhos devagar e ainda me encontrava
sozinha. Me levantei com dificuldade, minha barriga doía.
— Preciso que seja forte filho. Sei que seu pai vai achar nós dois. —
falei fazendo carinho como se meu filho pudesse sentir. Não tinha
janela nesse lugar, o que ajudava na luz era uma pequeno basculante
no teto. Isso aqui é sufocando. Ouvi passos e eles ficavam cada vez
mais próximos, eram saltos, pelo menos parecia ser. A porta foi
destrancada e a Carly apareceu.
— Bom dia. Vamos conversar. — ela puxou uma cadeira que estava
bem no canto do local. Me olhou e deixou escapar um sorriso de
satisfação. — Imagino que seu "marido" — fez questão de fazer sinal
de aspas com as mãos. — Ele deve está bem louco nesse momento.
Não consigo esconder o quanto isso é satisfatório, mas não quero que
isso dure mais que o necessário. E pra isso você vai me ajudar.
— Não faça nada com meu filho Carly. Ele ainda não nasceu. — falei
e ela me olhou com certa tristeza nos olhos.
— Não sou tão cruel a esse ponto. Eu só quero o dinheiro do seu
namoradinho. Se ele me der tudo que pedi antes a ele, libero divórcio e
sumo da vida de vocês. — falou e eu fiquei assustada com sua frieza.
Sempre que olhei pra ela imaginei uma menina doce, talvez com
muitos sonhos. Muita vontade de ser feliz, mas agora aquela imagem
se desfez. Não existe mais.
— Não posso te ajudar Carly. Acha que o Henrique vai dar o que quer
só por você teve a ideia maluca de me sequestrar? — falei e ela me
pareceu irritada.
— Se ele não fizer o que quero... — sua respiração estava acelerada. E
eu tive um certo medo, já que podia sentir sua raiva. — EU MATO
VOCÊS.
Ela saiu batendo a porta com força me fazendo estremecer na cama.
Fiquei olhando pra parede e me questionando como eu iria fazer pra
sair daqui. E se Henrique não viesse, se ele não conseguisse nós achar.
Que fim eu teria? Pensar em morte agora não estava me ajudando
muito, mas o que eu poderia fazer se minha mãe só me dava essa saída.
Henrique
Deixei minha mãe na sua casa, dei um beijo na minha filha e fui pra
minha casa. Entrei já afrouxando a gravata. Fui direto pro escritório e
comecei a olhar tudo relacionado a Carly, eu buscava um furo. Apenas
um deslize e não achei nada relevante. Estava frustrado por não ter
nenhuma informação.
As horas foi passando e com elas minha paciência diminuía ainda
mais. A equipe de segurança ainda está nas ruas em busca de algo.
Esse sumiço, o silêncio, tudo ia sugando o resto de paciência. O dia já
havia amanhecido, eu pensei em tomar um banho mas meu celular
tocou.
— Oi. — atendi sem nem olhar quem era.
— Bom dia Henrique. Acredito que não tenha dormido muito bem essa
noite. — era a voz da Carly.
— O que você quer Carly. Fala logo. — suspirei.
— Quero o que te pedi lá trás. Quero parte das ações da empresa. —
bati na mesa com força.
— Carly isso não vou dar. Diga uma quantia, eu lhe dou. Mas se eu
souber que encostou um dedo na minha mulher eu acabo com você. —
falei entre os dentes, não conseguia mais controlar a raiva que crescia
em mim.
— Já disse o que quero. Você que sabe, sua amantezinha e seu filho
está nas suas mãos. — falou e desligou.
Parei o carro e entrei já indo pro escritório. Sei que não deveria ter isso
em casa, mas sim eu tinha um porte de arma, quando se tem a vida que
tenho, temos acesso a várias coisas e eu decidi desde novo ter meu
porte de arma, mas era pelo simples fato que gostava de praticar tiro,
mas hoje seria mais que isso. Atrás de uma das estante tinha um cofre,
ali eu tinha algumas coisas que eram importantes. Eu usava essa casa
como meu esconderijo de um monte de coisas. Já que somente eu
vinha aqui. Menos de dez minutos depois, Augusto e a equipe de
segurança já preenchiam o lugar, todos me olhavam com expectativas,
mas eu apenas me sentei na minha cadeira.
— Vamos envolver a polícia, tenho alguns conhecidos lá. Eu quero
Carly presa, não estou com muita paciência de esperar tanto tempo,
mas não posso deixar Carly sair impune dessa vez. — falei com calma.
Olhei pros seguranças. — Bom Augusto já achou o local e eu só vou
prosseguir com isso junto com a polícia.
— Eu acho que é a coisa certa Henrique. Também conheço alguns
policiais, vou tentar ajudar como puder. — Augusto falou.
— Meu Deus, talvez eu nunca tenha sido tão próxima de você como
nas últimas horas, mas eu preciso que você me ajude. Sinto que as
dores estão piorando. Cuida do meu bebê pra mim, se algo acontecer
comigo faça um milagre pra ele se salvar. — pedi com lágrimas nos
olhos. Minha cabeça também doía, mas nada comparado com a dor que
eu sentia no pé da barriga, ela se intensificava cada hora mais. — Meu
bebê seja forte, por nós. Vamos sair daqui.
Ouvi passos pela casa, hoje estavam agitados e sei que provavelmente
a resposta de Henrique não foi o esperado, a Carly falava alto, mas não
conseguia compreender o que ela falava. Me aproximei da porta pra
ver se me dava pista de algo, mas ouvi passos se aproximando, me
afastei rapidamente. A porta abriu e eu me sentei na cama.
— Então seja uma boa menina e a noite convença seu namorado de dar
o que estamos pedindo. Ou então. — falou e soltou meu rosto me
empurrando pra cama. A dor veio forte e eu me encolhi.
— Por favor, eu estou com dor. Não comi nada. — tentei mais uma
vez amolecer o coração dele mas parecia que nada o faria parar, não
enquanto não conseguisse o que quer. Ele nem me olhou apenas saiu
do quarto me deixando ali encolhida com dor.
— Não posso fazer nada. — senti sua voz vacilar, mas ela não parecia
que voltaria atrás com a decisão que tinha tomado. Tornar a vida de
Henrique um inferno. Fechei os olhos com força, o suor escorria em
minha testa.
Um leve chute na barriga veio minutos depois, não era como antes.
Esse foi mais fraco. Ele deve estar tão desanimado quanto eu. Comi a
maçã e isso me aliviou um pouquinho na fome. Bebi mais água e
decidi ficar deitada mesmo, era uma forma de repousar. Coloquei a
mão na barriga e comecei a cantarolar alguma canção de ninar, algo
que passasse tranquilidade. Em algum momento a porta abriu. Era
Carly ao lado do rapaz que nem sei o nome ainda.
— Calma Gustavo, ela estava com dor agora pouco. Não queremos
matar nenhum deles. — Carly falou.
— Mas se aquele seu ex não der o que quero, sim vai ela e o bebê pro
mesmo caminho. — me encolhi e ele se afastou. Carly discou um
número no celular e entrou em uma personagem diferente da que
tentou me ajudar agora pouco.
— Amor. Calma eu vou tirar vocês dois daí. — ele falou e isso me fez
chorar mais. Tentei secar as lágrimas e regularizar a respiração.
— Henrique. Estou com dor, se tiver que escolher, escolhe ele por
favor. — falei chorando e senti meu peito apertar. Ao pensar que não
vou ver meu filho crescer, não vou me casar com Henrique, não vou
ver Manoela ser a melhor irmã mais velha.
— Amor. Respira. Não vou ter que escolher. Vai ficar tudo bem. —
falou e a Carly tirou o celular de perto de mim.
— Chega com o showzinho. Acho que viu que as coisas não estão tão
boas. Você precisa ser mais rápido, Heloísa precisa de um hospital e
você não está colaborando. — falou sem esboçar nenhuma emoção.
Quando foi por volta das cinco da minha casa virou um centro de
treinamento aonde o delegado dava as ordens. Ele nos pedia pra manter
a calma, que por mais que a situação fuja do nosso controle não
podíamos deixar isso passar por cima da nossa razão. Pediu para que
só atirassem em caso de defesa, nossa intenção não era machucar
ninguém e sim salvar alguém.
— Henrique, acho melhor que fique. Você está bem nervoso. E parece
cansado. — olhei pra ele e abri um sorriso cínico.
— Eu posso ficar com ela. — ele parecia pensar e talvez até medo
negar. — Por favor.
— O que ele tem? Por que ele está assim? — questionei e a pediatra
me chamou pra fora da sala. Olhei pra Heloísa, pensando se a deixaria
ou não.
— Sim papai. Ele vai ficar bem. Eu garanto. Ele já é bem forte. —
colocou a mão em meu ombro afim de me consolar. Eu apenas
balancei a cabeça assentindo. — Fica tranquilo.
— Calma dona Catarina. Sim aconteceu umas coisas que prefiro falar
pessoalmente, mas eu liguei pra avisar que a Heloísa acabou de ganhar
o Heitor. Não estava no tempo, mas como já falei aconteceu algumas
coisas. Ela está dormindo, e Heitor está na incubadora, ele precisa de
oxigênio e de terminar de formar seu pulmãozinho. Preciso que
mantenha a calma, vou ligar pra empresa mandar o Jatinho buscar
vocês. — falei tudo sem dar a ela a oportunidade de questionar.
— Está assim desde que chegou. — falei e ela anotou na sua ficha. O
seu olhar não é dos melhores. Isso não tinha passado despercebido por
mim. — O que tem de errado?
— O que você quis dizer com isso? — ela me encarou por alguns
segundos. — FALA...
— Você entra aqui, diz que a minha mulher não era pra estar dormindo
e me pede calma? — falei ainda irritado.
— É Henrique né? — assenti. — Bom Henrique, não era pra ela está
dormindo, normalmente isso não acontece, já se passaram mais de
quatro horas do parto. Vou chamar o médico e vamos fazer alguns
exames.
Ela me deixou ali na sala parado olhando pra Heloísa que ainda tinha
um semblante calmo. Me aproximei dela e segurei sua mão.
— Pequena, você está bem não está? Não aguentaria viver sem você.
Não depois de me acostumar com seu sorriso, com sua forma de me
deixar leve. Tudo em você me faz feliz. Preciso de você aqui. — falei
depositando um beijo em sua testa. Ela não se mexeu ficou como
estava. Isso me causou um desespero. Logo uma equipe médica me
afastou dela e a levaram pra fazer exames. Eu não conseguia ter uma
reação, apenas fiquei olhando a porta enquanto ela se fechava.
Quando minha mãe chegou ao hospital eu tive uma única reação. Eu
lhe dei um abraço apertado e me permiti chorar como eu não fazia a
muito tempo. Ela não deve ter entendido nada, afinal apenas avisei que
o Heitor nasceu, mas mesmo assim ela me retribuiu. Fiquei me
acalmando até conseguir de fato encarar minha mãe, logo atrás dela
tinha Gael. Ele me olhava tão confuso quanto minha mãe.
— O que houve? — sua pergunta era baixa e com uma grande
preocupação estampada no seu rosto. Olhei pro meu irmão pra lhe
responder.
— A Heloísa não acordou. Estão fazendo exames nela. — eles me
olharam espantados. — Estou com medo.
— Calma meu filho. Ela é forte. Pode ter sido apenas algo com os
últimos acontecimentos. — minha mãe falou e passou a mão em meus
cabelos. Eu fiquei imaginando minha vida sem a Heloísa, era algo
sufocante, não consigo me ver chegando em casa e não encontrá-la.
Meu menino, ele também precisa dela. Ficamos sentados na sala de
espera até que um médico apareceu.
— Você é noivo da Heloísa Albuquerque? — perguntou olhando pra
mim e eu concordei de imediato e ele olhou o prontuário que estava na
sua mão.
— Todos os exames da Heloísa deram normais, não temos uma causa
concreta do motivo dela ainda não acordar. Os sinais vitais estão todos
como esperado. — ele parecia confuso e me deixou ainda mais
amedrontado. — Vamos pedir mais alguns exames e esperar que ela
acorde.
— Doutor. — parei bem na sua frente e lhe encarei por alguns
segundos. — Faça tudo que for preciso, eu quero minha mulher
acordada.
Sai de lá o deixando com certo medo, nem havia falado tão rude com
ele. Entrei no quarto que a Heloísa estava. Parei ao seu lado segurei
sua mão, dando um leve aperto. Eu queria que tudo isso não passasse
de um sonho e que vocês estivem em casa, com meu pequeno ainda na
sua barriga, queria ter te protegido aquele dia. Como você é teimosa.
Eu avisei e pedi tanto que ficasse sempre perto dos seguranças, mas
nada adiantou. Você e seu instinto recém criado de boa mãe, fez tudo
ao contrário.
— Meu amor. Acorda. Não sei como lidar com Heitor sozinho. —
pedia a ela. Na verdade meu tom de voz implorava para um único sinal
que fosse de que ela me ouvia. Beijei sua testa com delicadeza, em
seguida selei nossos lábios. Saí do quarto e fui até a UTI neonatal, as
enfermeiras me deixaram entrar.
Lá estava ele com os olhinhos abertos, suas perninhas se mexiam com
movimentos leves. Tão pequeno e tão forte ao mesmo tempo. Depois
de higienizar as mãos, através dos buracos na incubadora toquei seus
cabelos. Assim como foi com Manoela, me apaixonei. Ali criei um
laço pra vida toda, por ele eu seria capaz de qualquer coisa. Fiquei
fazendo carinho até que ele dormisse.
As horas passaram e logo dona Catarina chegou ao hospital, junto com
Guilherme, o seu marido e também Bianca. Ela parecia preocupada,
com medo talvez e ansiosa, lhe dei um abraço e ela então foi falar com
minha mãe e meu irmão. Seus olhos pediam informações em silêncio.
— Heloísa deu a luz Catarina, mas ainda não acordou e os médicos não
sabem o motivo de seu estado. — minha mãe explicou quando viu que
nada sairia da minha boca. Eu estava me sentindo culpado, eu tinha
prometido cuidar da sua filha e não foi isso que fiz.
— Como assim? — ela me encarou. — O que aconteceu? — comecei a
contar toda história, me sentindo ainda mais culpado a cada olhar de
espanto ou reprovação de dona Catarina. Sei o quanto ela é apegada a
filha e isso me deixa com uma responsabilidade ainda maior.
— Dona Catarina me perdoa. Eu tentei proteger ela de todas as formas.
— falei e ela amenizou um pouco o olhar.
— Não estou chateada com você meu filho, sei que tem coisas que
fogem do nosso controle. Só estou impressionada com a capacidade
das pessoas de fazer o mal. — concordei. Ela ficou alguns minutos
pensativa. Bianca estava ao seu lado com os olhos cheios de lágrima
— Posso ver minha filha?
— Claro dona Catarina. Vamos lá no quarto. — caminhei e ela foi me
seguindo. O cansaço já estava me dominando afinal, faz dois dias que
não durmo nada. Apenas breves cochilos que me deixam ainda mais
cansado. Abri a porta e entrou a família dela, me sentei na poltrona,
apenas pra observar de longe.
Dona Catarina foi a primeira, ela se aproximou da filha, alisou os fios
loiros. Era inevitável não chorar junto, em breves orações ela pedia a
Deus pra sua filha acordar e eu a acompanhava. Já não me vejo sem
minha menina. Logo Guilherme ficou ao lado da mãe, ele falava mais
descontraído, talvez pra não pesar tanto o ambiente, mas do seu
jeitinho ele pedia o mesmo da mãe. David foi mais discreto, apenas
beijou a testa da Heloísa e abraçou sua esposa. Os três se juntaram em
um canto dando espaço pra Bianca se aproximar.
— Amiga. Que bagunça foi essa que você se meteu em? Primeiro um
amor, depois um filho e agora mais essa? — ela abriu um breve
sorriso. — Eu juro que quando acordar vou te bater. — segurou a mão
da minha menina e vi que apertava contra seu rosto. — O amiga.
Acorda logo. Não sabemos o por que ainda dorme, mas posso te dizer
que aqui estão todos ansiosos pra lhe abraçar e proteger.
Deixei que eles ficassem com ela tempo o suficiente, depois de uma
hora eles saíram. Eu fiquei de novo sozinho com ela. Olhando pro seu
rosto, eu queria estar ali quando ela acordasse, não quero que ela sinta
medo. Coloquei a poltrona do seu lado e deitei a cabeça perto da sua
cama, segurei sua mão e fechei os olhos.
— Henrique. — ouvi uma voz distante, e alguém sacudindo meu
corpo. Abri os olhos devagar. Olhei e era minha mãe. — Vai pra casa
descansar.
— Quero ficar com ela mãe. — cocei os olhos, minhas vistas ainda
estavam embaçadas.
— Eu prometo não sair do lado dela enquanto você dorme. Agora você
precisa descansar, seu corpo precisa disso. E precisa levar sua sogra
pra casa, ela deve estar cansada da viagem. — me dei por vencido,
levantei beijei a testa de Heloísa e a da minha mãe.
Heloísa
Eu estava deitada em uma casa e com muito sangue a minha volta, e
por mais que eu gritasse ninguém aparecia para me ajudar. Meu choro
era desesperado. Coloquei a mão na minha barriga e ela já não estava
mais grande.
— MEU FILHO. — tentei me levantar, mas não tinha forças, meu
corpo não me respondia. A imagem da Carly apareceu e ela sorria pra
mim, com um bebê no colo. Era meu filho. — Salva ele por favor. —
pedi e ela concordou. Senti alguém tocar meu rosto, mas não tinha
ninguém ali. Esse toque, eu reconheceria em qualquer lugar. Busquei o
rosto de Henrique.
— Amor. Olha pra mim. — e como se eu estivesse dormindo meus
olhos abriram e o cenário mudou o lugar era claro, muito claro. Os
olhos de Henrique estavam apreensivo, e pude ver uma lágrima se
formar ali. Ele não se mexia apenas me encarava.
— Henrique. — falei baixo. Olhei pro lado e tinha alguns aparelhos
ligados a mim. Era difícil saber o motivo. Não me lembro de vim pro
hospital, só lembro dele entrando naquele lugar. Meu filho? Olhei pra
minha barriga e ela estava menor. Cadê meu filho? — Meu filho.
Henrique cadê meu filho? — tentei me levantar e foi então que ele se
mexeu e me abraçou.
— Calma amor. Calma. Nosso filho está bem. Ele nasceu tem uma
semana já. — o afastei e ele deu de ombros vendo minha confusão.
— Como assim? — perguntei.
— Amor. Eu prometo te explicar tudo, mas agora preciso chamar os
médicos. — ele saiu rapidamente do quarto e eu fiquei ali buscando
qualquer memória que fosse. Não me lembro de nada depois do meu
pedido ao Henrique que salvasse nosso filho. O que será que
aconteceu? Como posso ter tido meu filho e não lembrar? Eu
lembraria? Ou não? Minha cabeça começou a doer depois de tanto
buscar algo. Os médicos entraram e começaram a me examinar
pedindo pra seguir luz, até mesmo falar algumas coisas, e quando
finalmente tudo isso acabou ficou apenas eu e Henrique.
— Pode me explicar. —pedi calma e chamando ele com a mão pra
perto. Ele se sentou na poltrona ao meu lado. Me olhando nos olhos ele
contou toda a história, desde que me tirou daquele lugar. Era difícil pra
mim acreditar, não me parecia algo que um dia fosse acontecer
comigo. Fiquei um tempo digerindo tudo que ele me contou. — Posso
ver nosso filho?
— Vou falar com os médicos. Só um minuto. — ele se levantou e se
aproximou me dando um beijo na testa. Me senti em casa novamente.
Henrique demorou alguns minutos pra voltar. Nesse meio tempo me
trouxeram um suco. Bebi com calma e estava bom, era de laranja. —
Vamos?
— Posso ir ao banheiro antes? — concordou com um sorriso.
— Vai pequena, quer ajuda com algo? — neguei. — Então vou ligar
pra sua mãe avisar que você acordou e mandar alguém buscá-la.
— Minha mãe está aqui? — perguntei da porta do banheiro. Eu estava
andando bem devagar, parecia primeiro passos.
— Está sim. Ela vai ficar feliz em saber que você acordou. —
concordei ainda bem aérea. Essa história de que dormi por uma semana
parecia mentira. Eu tentava assimilar tudo que meu namorado falou.
Parecia um sonho.
Saí do banheiro e acompanhei o Henrique pelo corredor, e entramos no
elevador. Ele segurava minha mão o tempo todo, era bom sentir seu
toque. Olhei em seus olhos e ele também me encarava, abri um sorriso.
Lhe dei um selinho e voltei a me apoiar nele. Dois andares depois
estávamos em frente a UTI neonatal. Meu coração deu pequenos pulos
de alegria, não acredito que estou a poucos passos de abraço meu
pequeno. Entramos na sala e as enfermeiras assim que viram o
Henrique sorriu pra ele, péssima hora Heloísa. Péssima hora pra
ciúmes. Olhei pro meu namorado ele sorriu timidamente, ou apenas
com medo da minha reação.
— Parece que fez amigas enquanto eu dormia. — falei séria e ele me
encarou, e segurou a gargalhada que estava prestes a sair. Uma das
meninas me explicou o procedimento de higienização e depois de lavar
os braços, passar álcool, eu fui em direção a pequena incubadora. Meu
bebê estava com uma mangueirinha de oxigênio. Ele dormia
tranquilamente, senti uma paz danada de está com ele agora. Abri a
pequena janelinha que me dava acesso a ele, passei o dedo de leve por
seu rosto. Senti as lágrimas descer no meu rosto.
— Oi meu filho. A mamãe está aqui agora. — falei com a voz
embargada. Por algum motivo isso fez Heitor despertar. Ele agora
chorava.
— Parece que ele te ouviu. — uma das enfermeiras falou se
aproximando. — Quer pegá-lo? — concordei com a cabeça. Ela me fez
sentar em uma poltrona, com cuidado ela tirou meu filho da incubadora
e o colocou em meu colo. Meu amor por ele se multiplicou e eu já
sorria feito boba. Por instinto ele começou a caçar na minha roupa
mama, eu acho. Henrique ficou atrás de nós, ele limpou uma lágrima
quase invisível que caía em seu rosto. Olhando para meu pequeno
menino eu tive a certeza que daqui pra frente eu seria tudo, que ele me
pedisse que fosse. Um herói, uma companheira de brincadeira, um
porto seguro, seria qualquer coisa por ele e para ele.
Meses Depois.