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GRUPO MADRE TEREZA- LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA

CRESCIMENTO HUMANO, FATORES E DISTÚRBIOS


O processo de crescimento humano ocorre de algumas formas
e por fases. A biologia participa ativamente desse processo, por
meio do aumento de células e de fenômenos que acontecem
durante toda a vida. O crescimento humano pode ser estimulado
ou inibido por inúmeras circunstâncias, como a hereditariedade, o
ambiente e, até mesmo, as influências contextuais. A educação
física também é parte integrante desse processo com estímulos ao
hormônio do crescimento (GH).

CRESCIMENTO HUMANO COMO PROCESSO BIOLÓGICO

O processo de crescimento humano está ligado às questões


biológicas, e inúmeros aspectos relacionados a essa ciência vão
interferir nesse processo. Guedes e Guedes (1997) referem que o
crescimento está ligado ao aumento no tamanho do corpo causado
pela multiplicação ou pelo incremento do número de células.
Já para Gallahue e Ozman (2005), o crescimento se trata do
aumento orgânico da massa, ou seja, o aumento quantitativo das
dimensões do corpo como um todo ou em partes mais específicas,
que ocorre do nascimento até a maturidade (quando o indivíduo
para de crescer em determinada idade).
Ambos os autores afirmam que o tempo é um fator primordial
para que o crescimento ocorra.
Manoel, Kokubun e Tani (1988) sublinham que o crescimento é
um aumento do número e/ou do tamanho das células que
compõem os diversos tecidos do organismo.

Crescimento, Desenvolvimento e Maturação


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Sobre o tamanho da célula, Malina, Bouchard e Bar-Or (2009)


apontam que é um mecanismo complexo, envolvendo três
fenômenos diferentes:

• Hiperplasia: aumento do número de células a partir da


divisão celular;
• Hipertrofia: aumento do tamanho das células a partir de
suas elevações funcionais, particularmente com relação
às proteínas e seus substratos;
Sarcoplasmática: Envolve aumento do sarcorplasma
liquído intersticiais e fluxo sanguíneo no músculo
treinado. É estimulada por séries com maior número de
repetições.
Miofibrilar: Resulta do aumento do tamanho das
miofibrilas devido ao estresse mecânico gerado pelo
treino. Caracteriza-se por maior intensidade, cargas
pesadas e menor número de repetição.

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• Agregação: aumento da capacidade das substâncias


intercelulares de agrupar as células.

Ainda sobre o crescimento celular, Malina, Bouchard e Bar-


Or (2009) advertem que os três fenômenos são caracterizados
pelo predomínio de um deles, com uma variação devido à faixa
etária ou ao tecido envolvido. Também pode haver um quarto
fenômeno, que seria a destruição celular, de origem natural ou
patológica, fazendo-se presente no crescimento negativo, quando
o decréscimo excede o aumento celular no crescimento
estável, quando ocorre equilíbrio entre o decréscimo e o aumento
celular; e no crescimento positivo, quando o aumento excede o
decréscimo celular (MALINA; BOUCHARD, 2002 apud
FUNDAÇÃO VALE, 2013).
Além do crescimento celular que ocorre no organismo, o
crescimento ocorre a partir dos ossos longos

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Cabe ressaltar que, segundo Gallahue e Ozman (2005),


o crescimento humano começa na fase fetal, no chamado período
embriônico. Os autores apontam que já no primeiro mês o embrião
apresenta três camadas, chamadas de endoderme (camada
interna), mesoderme (camada mediada) e ectoderme (camada
externa). Por meio dessas camadas se inicia a formação de
inúmeros sistemas, como o digestivo, o respiratório, o muscular, o
esquelético, o circulatório, o reprodutivo, entre outros.
Os autores apontam que a fase fetal apresenta inúmeras
novidades no crescimento humano, como a formação óssea e das
mãos, o alinhamento do corpo, considerado aumento de peso e
estatura e os depósitos do tecido adiposo. Já o período pós-
nascimento serve como uma finalização desse processo, com o
crescimento geral e o surgimento das habilidades motoras.
No período da infância, ocorre um crescimento mais
notável, em que a criança se torna mais semelhante ao adulto.
Biologicamente, a puberdade é considerada o período de
acelerado crescimento. Além do aumento de peso e altura, essa
fase marca diferenças bioquímicas entre adolescentes e adultos,
como:
Menor concentração de lactato sanguíneo e muscular; e
menor atividade e concentração das enzimas glicolíticas,
especialmente da fosfofrutoquinase (PFK)é uma enzima crucial no
processo da glicólise ela que catalisa a transferência irreversível de
um fosfato da ATP. Por outro lado, crianças e adolescentes
apresentam uma maior capacidade oxidativa de produção de
energia, que proporciona a eles melhor aptidão e resultado em

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atividades que exijam grande participação do metabolismo aeróbio,


o que também os predispõe a um melhor desempenho em
atividades de média a baixa intensidade, e de média e longa
duração (MACHADO, 2007 apud FUNDAÇÃO VALE, 2013, p. 14).
Na vida adulta as transformações passam a ser mais
lentas. Papalia, Olds e Feldman (2009) destacam que na vida
adulta inicial (dos 20 aos 40 anos) há o auge das funções corporais.
Esse auge começa a se perder até o período de envelhecimento
(após os 65 anos).

FATORES QUE INFLUENCIAM O CRESCIMENTO


Os processos de crescimento humano sofrem influências
de inúmeros fatores, que podem atuar como estímulo para o
crescimento ou agir de forma contrária (acabando por prejudicar o
sujeito). Gallahue e Ozman (2005) classificam esses fatores em
três: hereditariedade, ambiente e influência contextual.

Hereditariedade
Por hereditariedade se entende a genética do indivíduo, ou seja,
suas características inatas, que são herdadas dos pais biológicos.
Conforme Papalia, Olds e Feldman (2009, p. 65) “quando o óvulo
e o espermatozoide se unem, eles dotam o futuro bebê de uma
constituição genética que influencia um amplo espectro de
características, desde a cor dos olhos e o cabelo até a saúde, o
intelecto e a personalidade”. No ato da fecundação, surge uma
célula chamada de ovo ou zigoto, que possui 46 cromossomos (23
herdados do espermatozoide e 23 herdadas do óvulo) formados em

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pares. Esses pares irão determinar as características individuais do


indivíduo, e serão fundamentais no crescimento e no
desenvolvimento de cada pessoa. Gallahue e Ozman (2005)
apontam que é por meio dos fatores hereditários que surgem as
desordens cromossômicas e genéticas.
A desordem cromossômica tem probabilidade de
acontecer em 1 a cada 600 nascimentos, sendo os casos mais
comuns os de síndrome de Down, em que a pessoa possui um
cromossomo a mais (47 em vez de 46) no par 21, sendo, assim,
chamada de trissomia do par 21.
As crianças com síndrome de Down frequentemente
nascem prematuras, e o ritmo de crescimento delas é mais lento
do que o normal, resultando em baixa estatura. Nariz, queixo e
orelhas tendem a ser pequenos; os dentes são poucos
desenvolvidos e a visão, fraca. Equilíbrio deficiente, hipotônus,
braços e pernas curtos e pele sem elasticidade são outras
características (GALLAHUE; OZMUN, 2005, p. 115).
Os autores apontam que o crescimento e o
desenvolvimento da pessoa portadora de síndrome de Down
ocorrem de forma mais lenta que o habitual, apresentando
comprometimento nas funções intelectual e sendo alvo comum de
doenças como as cardiovasculares.

Ambiente
O ambiente se caracteriza por influências não genéticas,
mas que vão influenciar o crescimento e o desenvolvimento do
indivíduo. Ferreira (1999, p. 117) conceitua que ambiente é “aquilo

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que cerca ou envolve os seres vivos ou as coisas; por todos os


lados; é o conjunto de condições materiais e morais que envolve
alguém”. Sendo assim, ambiente é um conjunto de situações das
quais o ser humano é integrante ou faz parte. Gallahue e Ozman
(2005) dividem os fatores do ambiente conforme detalhado a
seguir.

• Fatores pré-natais: anormalidades cardíacas,


deformidades do esqueleto e desequilíbrio químicos.
• Fatores pós-natais: são consideradas as doenças que
podem afetar o crescimento, bem como a desnutrição
(falta de determinados nutrientes fundamentais para o
crescimento da criança). Gallahue e Ozman (2005)
apontam que a desnutrição pode ocorrer também no
período de gravidez, por problema maternos, do feto ou
de placenta.

Os fatores também podem ser a ansiedade, a baixa renda e


a pobreza. O fator nutricional pode ser um grande estimulador
ou inibidor do crescimento, principalmente na fase da infância
em que a criança deve comer com qualidade, em boa
quantidade e frequência.
Recomenda-se uma alimentação com proteínas, cálcio e
vitaminas desde o período embrionário. A falta de proteínas é
capaz de causar baixa estatura, e a falta de cálcio, deformação
de ossos. Outro alimento importante para o estímulo do
crescimento é o leite materno.

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Fatores químicos: quando em contato com substâncias


químicas, o feto, a criança recém-nascida ou na infância podem
sofrer prejuízos de crescimento e desenvolvimento.
Gallahue e Ozman (2005) apontam que as consequências
dependem de circunstâncias, como: quantidade e período de
ingestão da droga, condição do feto e da criança, entre outros.

Influências contextuais
As influências contextuais estão relacionadas a estilo de vida,
condição socioeconômica, cultura e etnicidade, ou seja, tudo que
fizer parte do contexto de determinada pessoa terá relação com
seu crescimento e desenvolvimento.
Pode-se citar o local em que a pessoa reside, a forma como foi
educada, o estado emocional próprio e das pessoas ao redor,
entre outros. Papalia, Olds e Feldman (2009) sublinham que as
condições socioeconômicas englobam fatores como renda e
educação, podendo afetar o crescimento e o desenvolvimento,
sendo consideradas sequências indiretas. As pessoas com
maior renda sofrem menos consequências e têm maior
possibilidade de estimular o crescimento.
Os autores classificam essas influências em não
normativas (eventos incomuns que causam grande impacto na
vida individual, como ter uma deficiência ou sofrer um acidente)
e normativas, que podem ser divididas e reguladas pela idade
(como a puberdade e a menopausa) e pela história (eventos que

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moldam a vida, comportamento e atitudes de uma série de


pessoas, como uma guerra).

Crescimento corporal e educação física

O processo do crescimento corporal tem bastante relação


com a educação física. Ao longo dos anos, inúmeros autores
discutiram a importância do exercício físico para o crescimento
humano. Cabe destacar que essa relação vai mudar, conforme
algumas variáveis, como a idade, o tempo de atividade e o
próprio exercício realizado.
A massa óssea do nosso corpo apresenta rápido
crescimento na infância, e é, constantemente, remodelada e
alterada durante todas as fases da vida, sofrendo grandes
perdas no envelhecimento.
O exercício físico realizado com frequência traz bastante
benefícios ao crescimento, favorecendo, principalmente, o
aumento da massa óssea na adolescência e reduzindo o risco
de doenças, como a osteoporose no envelhecimento.
É importante destacar que a prática de exercícios
promove uma série de estímulos, porém, não aumenta ou evita
o crescimento corporal, como algumas pessoas pensam.
Esportes como basquete e voleibol não irão tornar todas as
crianças mais altas, bem como a ginástica olímpica não irá tornar
todas as crianças baixas. O que se tem é um perfil físico ideal
dentro dessas modalidades, de forma que a seleção natural
dessa modalidade faz as pessoas altas obterem maior sucesso

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nas modalidades como basquete ou voleibol, ao passo que as


pessoas mais baixas terão maior probabilidade de sucesso na
ginástica olímpica.
O estirão de crescimento da adolescência de meninos
regularmente envolvidos com esporte foi mais precoce em
relação a meninos inativos, indicando que a atividade física
contribui para o alcance da estrutura corpórea final determinada
geneticamente, que poderia não ser alcançada caso a
maturação óssea fosse atingida sem este benefício (estirão de
crescimento precoce, 2015)
Cabe ressaltar que, além do aumento na densidade
óssea, os exercícios também promovem crescimento muscular,
inclusive do músculo cardíaco. Além disso, uma criança que tem
a prática de exercícios ou esportes em sua rotina apresenta
maiores estímulos, que irão evitar a obesidade, que é um
processo prejudicial ao desenvolvimento.
O exercício físico também pode induzir aumentos
significativos de GH na circulação. Sobre esse hormônio sabe-
se que: O GH tem efeitos biológicos diversos no decorrer da
vida, conduzindo ao estímulo do crescimento somático durante
a infância e adolescência e contribuindo de forma significativa no
fornecimento energético, atuando no metabolismo glicídico,
proteico e lipídico além de agir sobre uma composição corporal
saudável na vida adulta (SILVA et al., 2004).
O GH é um hormônio produzido pela glândula hipófise,
localizada na base do crânio, responsável pelo crescimento
corporal humano. Cruz et al. (2010) apontam que a relação entre

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o GH e o exercício físico modifica-se de acordo com a atividade


realizada.
Nos exercícios aeróbios, que exigem maior resistência,
há elevação na concentração do GH na circulação sanguínea
nos primeiros 10 a 15 min, se realizado na intensidade de
aproximadamente 30% do VO2máx (SUTTON; LAZARUS,
1976; FELSING; BRASEL; COOPER, 1992; WIDEMAN et al.,
2002; COPELAND; CONSITT; TREMBLAY, 2002 apud CRUZ et
al., 2010).
Esse exercício também promove uma adaptação no
organismo, que influencia a liberação aguda do GH. Já nos
exercícios anaeróbicos, Cruzat et al. (2008) apontam que há um
aumento na liberação do GH em repouso e durante o sono, por
um período de até um dia após a realização dos exercícios.
Outro elemento importante para o processo de crescimento
corporal é a proteína produzida no fígado, chamada de IFG-1.
Ela é uma resposta ao GH e, conforme Rosa, Lima e Fumagalli
(2002), estimula o crescimento em quase todas as células do
corpo, principalmente em células musculares, cartilagens,
ossos, rins, fígado e pulmão, além de regular o crescimento e
desenvolvimento das células nervosas.

Curva do crescimento humano: elaboração e utilização


Curvas do crescimento humano

As curvas de crescimento humano são importantes medidores


quantitativos sobre os mais variados tipos de crescimento do

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corpo humano. Elas podem aferir os diferentes tipos de


crescimento, como o crescimento geral (altura e peso),
crescimento neural (do sistema nervoso central [SNC]),
crescimento linfoide (da imunidade) e crescimento genital.

• Desenvolvimento é o processo interno que abrange


crescimento, funcionalidades e processo de
coordenação. É considerado, principalmente, acerca de
mudanças qualitativas. Sendo assim, o desenvolvimento
é mais amplo que o crescimento.
• Já a maturação é o processo em que determinada função
atinge seu principal momento, aparecendo um tipo
especial de função mental ou conduta

Retomando o tema curvas, cabe dizer que são apontamentos


gráficos de
um determinado número de dados sobre diferentes medidas do
corpo que apresentam variabilidade. Segundo a Organização
Mundial da Saúde (OMS), as curvas de crescimento servem
para acompanhar o crescimento e o estado nutricional das
crianças, sendo obtidas a partir do cálculo entre idade da criança
e variáveis, como peso, altura e perímetro da cabeça.
Portanto, sua finalidade é trazer elementos comparativos
do crescimento do indivíduo consigo mesmo e com seus pares,
além de analisar a tendência do seu crescimento em relação aos
seus pares (USP, s.d). Os parâmetros utilizados são

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padronizados para qualquer criança, sendo o sexo a única


variável.
Por meio da curva, problemas como desnutrição,
obesidade, sobrepeso são identificados e estratégias podem ser
elaboradas brevemente. As curvas utilizadas são as
referendadas pela OMS e pelo National Center for Health
Statistics (NCHS).
O material do NCHS foi organizado com base em dados
da população americana, ao passo que o da OMS foi baseado
em um estudo populacional realizado com crianças de até cinco
anos em cinco países: Brasil, Gana, Índia, Omã e Estados
Unidos.
Essa curva é a indicada pelo Ministério da Saúde, pois
corresponde à referência adequada para a avaliação nutricional
das crianças e adolescentes, do nascimento aos 19 anos. Para
construir uma curva de crescimento é necessário se construir
amostras, ou seja, fazer uma avaliação na criança/aluno para
saber seus dados. A partir do número medido, o professor irá
fazer novas medições em um determinado tempo, em que serão
adicionados novos pontos, construindo a curva. Os dados
utilizados para construir uma curva são peso, estatura, índice de
massa de corporal (IMC) e perímetros.
A partir desses dados, o professor pode fazer uma análise
do crescimento da sua turma, comparando o aluno consigo
mesmo e com os demais por meio de percentis, que, segundo a
OMS, são dados analisados de crianças de todo o mundo ao
longo de anos e que geraram uma média de peso, estatura e de

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crescimento de bebês e crianças. Quando a criança está na


média da população em geral, se diz que ela está no “percentil
50”. Se o aluno tem dados menores que 50, ele está abaixo da
média e, dados maiores de 50, está acima da média. Por
exemplo, uma criança com percentil 85 está 85% maior e mais
pesado que a média da sua idade.

Quando um bebê ou uma criança apresenta dados abaixo


da média, isso não significa uma doença.
O fundamental nos gráficos da curva de crescimento é o
progresso da linha ascendente, independente do percentil. A
constante queda na linha do crescimento deve ser motivo de
preocupação, tanto para pais como os professores de educação
física, que devem comunicar aos responsáveis pelo aluno.
As quedas são interessantes em caso de sobrepeso,
porém, uma queda brusca pode ser referente a aspectos de má
alimentação ou desnutrição. O crescimento humano começa na

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fase fetal, no chamado período embriônico. Neste período, se


inicia a formação de inúmeros sistemas, como o digestivo, o
respiratório, o muscular, o esquelético, o circulatório, o
reprodutivo, entre outros.

Os autores fazem a medição de alturas em polegadas e


centímetros (pol. e cm.) e de peso em libras e quilogramas (lb. e
kg.). Ainda sobre esta fase, os autores trazem dados sobre
estatura, pesos e desenvolvimento do período pré-natal.

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Já no período neonatal, que compreende do nascimento


até a quarta semana de vida, Gallahue e Ozman (2005) apontam
que o bebê apresenta entre 48 a 53 cm de comprimento, com a
cabeça representando 1⁄4 dessa medida. Esse fator é o
responsável pelo desequilíbrio. Sobre o peso, há valores
variáveis devido a fatores ambientais e hereditários, sendo que
os meninos tendem a ser 4% mais pesados.
Para o professor construir um gráfico de curvas de
crescimento com seus alunos é importante realizar as medições
com método rigoroso para evitar erros. Para isso, é necessário
fazer um acompanhamento que consista em torno de 3 a 4
medições ao ano, para que se tenha dados observáveis sobre
os percentis e construir a linha. Os resultados podem ser
comparados do aluno com ele mesmo, fazendo uma análise
individual do aluno; com a turma, o que dará um retrato geral; e,

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ainda, podem ser feitas análises comparativas com os dados da


OMS.
O importante é fazer uma análise individual do aluno, para
acompanhar sua evolução, depois seguir para as demais
análises, visto que os dados de percentis nem sempre significam
a doença como mencionado anteriormente.

Diferentes estágios do crescimento corporal


Como dito anteriormente, o ser humano começa a crescer a
partir do período embrionário, quando começam a ser
desenvolvidos múltiplos sistemas. Gallahue e Ozman (2005)
apontam que no denominado período embriônico, o feto
apresenta três camadas: endoderme (camada interna),
mesoderme (camada mediada) e ectoderme (camada externa),
por meio das quais vão crescer e se desenvolver os inúmeros
sistemas. Os autores também destacam que, no 3o mês de
gestação, o feto tem em torno de oito centímetros e, a partir do
quarto mês, ocorre o crescimento rápido, ou seja, a formação
óssea, a formação completa das mãos e o restante do corpo se
alinha. Segundo os mesmos autores, no 5a mês de gestação o
feto possui metade da altura do nascimento, além da finalização
dos órgãos internos e de pelo em todo corpo.
No mês seguinte, se formará o vérnix caseoso. A partir
do 7o mês, o feto começa a ganhar peso e mais depósitos de
tecido adiposo. Nos dois últimos meses ocorre o chamado
período ativo, no qual vão ocorrer as contrações uterinas.

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No pós-nascimento, Gallahue e Ozman (2005) apontam


que o crescimento é rápido, tanto de peso como de estatura,
sendo que os primeiros seis meses se caracterizam por um
“processo de finalização”. com pequenas mudanças nas
proporções corporais. Sobre o peso e o crescimento, nesta fase,
os autores afirmam:
O peso do nascimento dobra em torno do quinto mês,
quase triplica no final do primeiro ano e quadriplica aos 30 meses
de idade. O comprimento aumenta para 76 cm na época do
primeiro aniversário. Depois dos 6 meses, a região torácica é
mais larga que a cabeça em crianças típicas e vai aumentando
com a idade. Os bebês que sofrem de má nutrição apresentam
déficit de peso, mas em geral o tamanho de sua cabeça é maior
do que a região torácica (GALLAHUE E OZMAN, 2005, p. 136).

Papalia, Olds e Feldman (2009) sublinham que esta é a


fase do apareci-mento de habilidades motoras, em que o cérebro
aumenta sua complexidade sendo sensível a influência externa.
Sobre a cabeça, os autores apontam que o tamanho é maior,
pois os ossos do crânio ainda não se fundiram. A partir da
infância, em torno dos 3 aos 6 anos, a criança passa a ter um
crescimento mais visível e sua aparência se torna mais próxima
a um adulto: o crescimento é em torno de 2 kg e 7 cm ao ano.
Outro ponto importante é o crescimento dos dentes, os 20
dentes primários nascem até em torno dos primeiros três anos.
Nesse período, também ocorre o aumento da força e o

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aprimoramento das habilidades motoras. (PAPALIA; OLDS;


FELDMAN, 2009).
Gallahue e Ozman (2005) destacam que o tamanho do
cérebro, aos 6 anos, já atinge 90% do tamanho adulto. O
crescimento gira em torno da média de 3 a 3,5 kg e 6 cm por
ano, permitindo, assim, o desenvolvimento de habilidades
motoras mais complexas com a melhora do equilíbrio e da
agilidade.
No período da adolescência (dos 11 aos 20 anos), o
crescimento não é tão notável quanto na infância, mas ainda
acontece de forma profunda. No corpo feminino, começam a
aparecer os seios e o quadril fica mais largo;
Já no masculino, há um aumento de tamanho no pênis e
nos testículos. Esse período é marcado pela puberdade. A altura
equivale, em média, 5,1 cm e o peso a 2,3 kg. Malina, Bouchard
e Bar-Or (2009) apresentam a curva de crescimento de estatura
conforme a idade.

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A curva masculina é a linha contínua, e a feminina, a linha


pontilhada. O período da puberdade inicia mais cedo para as
meninas do que para meninos. As meninas vão atingir a idade
do estirão entre 11 e 12 anos, ao passo que os meninos dos 13
aos 14. Esse crescimento vai representar 20% da estatura final
da pessoa. Essa fase marca o alargamento de todo o corpo, em
especial de algumas partes, como o corpo, o quadril e o
crescimento genital. Essas mudanças exigem adaptações do
adolescente ao seu corpo transformado. Outra curva de
crescimento importante é a neural, que representa a
organização e o controle do SNC.

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É possível observar no gráfico apresentado que há uma


evolução extremamente rápida no começo da vida, sendo que o
cérebro já atingiu 70% do tamanho da idade adulta. Gallahue e
Ozman (2005) apresentam as alterações na forma e na
proporção corporal do nascimento até o começo da
adolescência

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Na vida adulta as transformações são mais lentas.


Papalia, Olds e Feldman (2009) destacam que na vida adulta
inicial (dos 20 aos 40 anos) há o auge das funções corporais.
Esse auge começa a se perder e vai ficar evidente no período
de envelhecimento (após os 65 anos). Oliveira (2012) aponta
que, nesse período, as mulheres podem perder até 5 cm de
estatura e os homens 3,8 cm. Isso ocorre em razão das
mudanças do corpo ao longo do tempo, como o achatamento
dos discos e o desgaste das vértebras da coluna.
Um dos recursos valiosos para o professor de educação
física na avaliação do crescimento físico do seu aluno são as
medidas antropométricas. Além de trazer números sobre os
discentes, as medidas são importantes métodos de avaliação e
auxiliam o professor na sua sequência programática.
Gallahue e Ozman (2005) apontam algumas medidas que
podem ser utili-zadas pelos professores de educação física,
como o peso corporal, a estatura, o comprimento de membros
inferiores e superiores, da coxa, da perna, do braço e do
antebraço, os perímetros da coxa, do braço, do antebraço e
perna e as dobras cutâneas.
• Peso corporal: pode ser definido como a massa total do corpo
humano. Para fazer essa aferição, é necessária uma balança.
Segundo Fontoura, Formentin e Abech (2008), o aluno deve ser
avaliando em pé, olhando para um ponto fixo, vestindo apenas
calção e camiseta e deve ser realizada apenas uma medida. Os
autores sugerem verificar a calibragem da balança e não realizar
a medida após a prática de exercícios físicos.

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• Estatura: compreende o tamanho de uma pessoa, que deve ser


medido entre a planta do pé e o vértex (ponto mais alto da
cabeça). Fontoura, Formentin e Abech (2008) destacam que para
realizar a medida deve-se ter um estadiômetro ou uma fita métrica
fixada à parede. O avaliado deve estar em pé, com os membros
unidos e descalço. Os autores sugerem que o avaliador deve se
posicionar, preferencialmente, à direita do avaliado e que o
avaliado evite mudar de posições, também não é indicado realizar
após a prática de exercícios físicos.
• IMC: com posse do peso corporal e da estatura é possível calcular
o IMC, dividindo o peso corporal (em kg) pela estatura (em
metros) elevada ao quadrado. Esses dados podem indicar que o
aluno está muito abaixo ou muito acima do peso desejado.
• Dobras cutâneas: Fontoura, Formentin e Abech (2008) apontam
que as dobras visam avaliar, indiretamente, a quantidade de
gordura contida no tecido celular subcutâneo. Com isso, se estima
o valor de gordura em relação ao peso corporal. Para realizar essa
medida é necessário possuir um adipômetro. A medida deve ser
sempre realizada à direita do avaliado e a dobra deve ser
demarcada com um lápis e segurada quando estiver sendo
realizada. Deve-se repetir 3 vezes, tendo como resultado a
mediana.
• Perímetro: mede-se a circunferência de um determinado segmento
corporal. Para isso, é necessária uma fita métrica, sendo
necessário tomar duas vezes a medida de cada local, ficando com
a média

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• Após a medição, o professor pode realizar variadas curvas de


crescimento
dos seus alunos. Para isso, é necessário ter as amostras dessas
avaliações e criar o gráfico, comparando o aluno consigo mesmo,
com a turma e com os dados mundiais da OMS. O professor pode
criar curvas relativas ao peso corporal, a estatura e o IMC,
apontando sua classificação pelas referências de curvas já citadas.
É sempre importante ressaltar que o professor nunca deve expor o
aluno perante a turma. Assim, resultados não satisfatórios devem
ser ditos separadamente e na presença dos responsáveis.

REFERÊNCIA
SILVA, Juliano Vieira da; SILVA, Márcio Haubert da; GONÇALVES,
Patrícia da S.; Crescimento e desenvolvimento humano e
aprendizagem motora. Rio Grande do Sul: Grupo A, 2018. E-book.
ISBN 9788595025714. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595025714/
. Acesso em: 08 abr. 2024.

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