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e
Fermentos
Farinha
Os ingredientes básicos para se fazer pão são farinha, água e sal.
A qualidade do pão, ao final do processo, está profundamente ligada à escolha
dos ingredientes utilizados. Por isso, haja sempre com critérios e preste atenção
às características e ao modo de
conservação de cada um.
A farinha é o mais importante ingrediente da panificação, e vai, juntamente com
a água, o sal e o agente fermentativo, figurar em todas as receitas de pão. A
água, algumas vezes, vem indiretamente, como parte dos ovos ou do leite.
GRÃOS
Em geral, grãos são compostos por 3 partes: casca, gérmen e endosperma, rico
em amido.
O papel natural de um grão é originar uma nova planta. Essa estrutura traz o
embrião no gérmen, o alimento no endosperma e a proteção na casca.
Pães são feitos com as variedades de trigo (incluindo os tipos espelta, kamut e
einkorn) além de centeio e cevada (que possuem menos glúten), milho, aveia e
arroz (sem glúten).
A farinha é obtida pela moagem dos grãos, mas, apesar de muito parecida aos
olhos, se diferencia pela qualidade dos grãos selecionados para o seu preparo,
pois eles variam em espécie, condições climáticas e de solo no cultivo e
consequentes diferenças de composição, como quantidade e qualidade de
proteínas (formadoras de glúten) e de enzimas.
MOAGEM
No processo de moagem, o objetivo é reduzir o tamanho dos grãos em
fragmentos menores, por meio da aplicação de forças mecânicas. Com a
redução do tamanho da partícula e o aumento da uniformidade dos pedaços,
obtém-se uma maior superfície de contato com o ingrediente, aumentando a
capacidade de absorção de água e a digestibilidade. Existem diversos tipos de
moinho, todos com a mesma finalidade, entretanto, algumas diferenças no
produto final e no método de ação: pedra, cilindro (ou rolos) ou de martelo.
Confira as diferenças entre cada tipo de moagem:
No moinho de pedra, a farinha entra pelo centro e é moída na passagem
entre 2 pedras ranhuradas; a farinha sai pela lateral.
No caso dos cilindros, o grão passa entre uma série de pares de cilindros
metálicos, que giram na direção contrária e em velocidades diferentes. O
primeiro faz a separação das 3 partes do grão. Entre cada jogo de cilindros,
os grãos são peneirados. Sucessivamente, o espaçamento entre os cilindros
é reduzido e o grão vai sendo refinado até a espessura desejada, produzindo
farinhas muito uniformes.
O moinho de martelo, o mais utilizado no Brasil na produção de alimento
para animais, particularmente, funciona com uma alta rotação de “martelos”
acoplados a uma peça giratória que, quando em alta velocidade, atinge o
grão, causando a quebra deste.
Comumente, quando o grão é moído em um moinho de pedra, esta
informação é especificada na embalagem. Se não declarado, é subentendido
que foi moído em cilindro.
COMPOSIÇÃO
As farinhas integrais são feitas a partir do grão completo. Já as farinhas brancas
têm a casca e o gérmen retirado. Apenas o endosperma é moído.
REFINO
O moinho pode definir quão fina será a farinha, através de sucessivas
peneiragens e passagens do grão por moinhos gradativamente mais estreitos.
CLASSIFICAÇÃO DAS FARINHAS
Na embalagem de uma farinha, podemos encontrar a classificação da farinha,
que se refere às características do grão utilizado e à extração do grão, isto é,
quanto do grão original foi mantido na farinha.
Segundo sua origem, os moinhos utilizam uma nomenclatura específica para
declarar a extração do grão, conforme determinação e critérios adotados pela
legislação local.
No Brasil, a classificação usada para a farinha é a seguinte:
> Tipo1: farinha de trigo branca para panificação e confeitaria.
> Tipo 2: farinha de trigo, em geral mais amarelada, usada para biscoitos e
massas.
> Integral: inclusão de casca e gérmen.
É comum encontrarmos a denominação farinha especial, usada para farinhas do
tipo 1, feitas a partir de um trigo de qualidade superior.
Teor de proteínas
A quantidade e a qualidade de proteínas presentes na farinha estão diretamente
relacionadas à capacidade de formação de glúten na massa. São as gliadinas e
gluteninas que, a partir da hidratação, irão formar a rede de glúten. Elas
representam, em geral, de 80 % a 85 % do total das proteínas. As demais
proteínas, globulina e albumina, solúveis, não participam da formação da rede
de glúten.
COMO ESCOLHER A FARINHA IDEAL
A oferta de farinha no mercado varia muito a cada região. Mais frequentemente,
encontramos as de "uso geral", que, com ajuda do fermento natural e da longa
fermentação, terão boa performance para os pães feitos em casa. Confira as
orientações a seguir para realizar a melhor escolha
possível:
Para as farinhas brancas: prefira as mais artesanais. Quanto mais
comercial,mais branqueada e refinada. Se você tiver acesso a uma farinha
orgânica, melhor.
Não use farinhas para bolo (aquelas que já vêm com fermento químico
adicionado).
Para integrais, prefira as moídas a pedra.
Tendo acesso a farinhas importadas e de moinhos fora do grande círculo
comercial, procure, na embalagem ou no site do moinho, as informações
mencionadas acima, identificando as características ideais para a receita
que for fazer.
De todo modo, a melhor forma de conhecer um produto é mesmo testando.
Por isso, comece fazendo receitas básicas, o que irá lhe permitir sentir o seu
desempenho.
A variação poderá ocorrer, sobretudo, na capacidade de hidratação, na
facilidade (ou dificuldade) em estruturar a massa e na resistência à longa
fermentação. Tudo isso são efeitos da quantidade e da qualidade dos
componentes invisíveis da farinha, como proteínas e enzimas.
TIPOS DE FERMENTAÇÃO
Existem diversas formas de realizar o processo de fermentação, de acordo
com o produto final que se deseja produzir. Confira os 3 tipos mais comuns:
FERMENTAÇÃO ALCOÓLICA:
Consiste na formação de álcool ao final da fermentação. Só acontece por conta
das leveduras, que realizam o processo de fermentação.
FERMENTAÇÃO LÁTICA:
Consiste na produção de ácido lático ao final da fermentação. Os lactobacilos
são as bactérias responsáveis pela realização do processo. Essas bactérias são
bastante utilizadas no processo de fermentação do leite e na fabricação de
iogurtes, queijos e outros derivados.
FERMENTAÇÃO ACÉTICA:
Bactérias acéticas produzem, por exemplo, vinagre de vinho, transformando o
álcool (ou parte dele) em ácido acético.
EXEMPLOS DE ALIMENTOS FERMENTADOS
O famoso chucrute nada mais é do que o resultado da fermentação do repolho,
uma forma típica alemã de conservar o alimento, de modo a não perder a
produção na safra e não ficar sem o alimento no inverno. Além disso, como
resultado da fermentação, um chucrute contém mais vitamina C do que um
repolho fresco.
Outros exemplos bem comuns de alimentos fermentados são picles, cerveja,
queijo e iogurte.
A fermentação da semente do cacau, por sua vez, também é fundamental para a
produção de um chocolate de qualidade.
Tipos de fermento
FERMENTO QUÍMICO
È a mistura química de um ácido com carbonato ou bicarbonato de sódio, que
permite dar esponjosidade a uma massa.
A expansão da massa é feita através da reação química ácido-base,
intensificada pelo aumento de temperatura, e que produz gás carbônico. A
reação acaba somente quando todo o fermento reage.
Esse tipo de fermento é usado na preparação de bolos, biscoitos e outras
receitas que não envolvem o desenvolvimento da rede de glúten na massa.
FERMENTOS BIOLÓGICOS
Popularmente chamado de “fermento de padeiro”, o fermento biológico é
formado por uma cepa de leveduras cultivadas na cana, que se multiplicam em
tanques, são capturadas e empacotadas. Esse tipo de fermento está disponível
em versões diferentes: na versão fresca, ainda úmida, devem ser mantido sob
refrigeração, de modo a reduzir sua atividade fermentativa até a sua entrada na
massa; já na versão seca, o fermento fica sem atividade, liofilizado e com maior
validade, entrando em ação apenas quando é reidratado.
FERMENTO NATURAL
Colônia ativa de bactérias ácido-lácticas e leveduras selvagens, cultivada e
perpetuada em meio à mistura de farinha e água, para ser usada na
fermentação da massa do pão.
NOMENCLATURAS
O fermento natural é uma forma ancestral de produzir pães em todo o
mundo. Acredita-se que todas as civilizações passaram pelo mesmo início e
tiveram os mesmos progressos, partindo do consumo dos grãos crus para a
transformação do grão em farinha, preparadas em cozidos e, depois, em pães
achatados/ázimos, até o real domínio da fermentação natural, que eleva a
panificação à sua perfeição.
Não se sabe ao certo, mas provavelmente, uma porção de massa esqueci-
da cresceu, ficou aerada e, quando assada, teve um resultado excelente: um
pão mais leve e saboroso!
Mesmo sem o conhecimento sobre a existência de microrganismos no processo
de fermentação, a técnica foi dominada e passou a ser utilizada para beneficiar
diversos grãos e outros alimentos.
A fermentação natural é a forma mais antiga de fazer pães de qualidade. Nos
últimos anos, acompanhamos um resgate de sua utilização e a consequente
valorização dessa técnica, que prevê a produção de pães usando apenas
ingredientes naturais.
NO MUNDO OCIDENTAL, O PRODUTO TEM DIFERENTES NOMES:
• Levain (França)
• Sauerteig (Alemanha)
• Sourdough (Inglaterra e Estados Unidos)
• Lievito madre (Itália)
• Masa madre (Espanha)
• Fermento natural (Brasil)
Produção natural x produção industrial
O século XX foi marcado pelo período da industrialização, que trazia inovações
com muita praticidade para os consumidores. Os pães passaram a ser vendidos
em embalagens de plástico, já fatiados e com um longo prazo de validade. Mas
esse tipo de pão, para ser lucrativo, é feito em um processo rápido e com adição
de agentes químicos, para garantir a conservação e o padrão. Muitas vezes, até
para simular sabor e cor. Até o nosso pãozinho francês (também chamado de
pão de sal, pão careca, carioquinha, entre outros) e os tradicionais pães de
padaria passaram, na grande maioria das padarias, a ser feitos por meio de um
processo direto e rápido, com uso de pré-misturas acrescidas de agentes
químicos.
Como é de se imaginar, nos pães produzidos com fermentação natural, a
fermentação ocorre naturalmente, no tempo necessário, para que ocorra a ação
in visível de enzimas, bactérias e leveduras. Esse processo natural traz diversos
benefícios para o pão, como veremos a seguir.