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Era constituído por 5 regulamentos e uma diretiva: Para a avaliação global do desvio em relação ao objetivo
orçamental de médio prazo devem-se ter em conta os
Os regulamentos alteram o PEC, quer na sua seguintes critérios:
vertente preventiva (por exemplo, prevê-se a critério quantitativo: ao avaliar a variação do saldo
constituição, pelo Estado incumpridor, de depósitos estrutural, se o desvio for de, pelo menos, 0,5% do
remunerados; é estabelecido um mecanismo de PIB num só ano, ou de, pelo menos, 0,25% do PIB,
alerta para facilitar a identificação precoce e a de média anual, em dois anos consecutivos; ao
vigilância de desvios macroeconómicos; etc.), quer avaliar a evolução da despesa, se o desvio tiver um
na sua vertente sancionatória (por exemplo, prevê-se impacto total sobre o saldo da Administração
a constituição, pelo Estado incumpridor, de Pública de, pelo menos, 0,5% do PIB num único
depósitos não remunerados; aplicação de multas ano, oi, cumulativamente, em dois anos
para os casos de manipulação de estatísticas por consecutivos;
parte dos Estados; etc.) critério qualitativo: o desvio não será considerado
A diretiva é muito importante já que veio a ser significativo se o Estado-Membro em causa tiver
definitivamente transposta. Contém medidas como ultrapassado significativamente o objetivo
as seguintes: os Estados membros devem criar orçamental de médio prazo, tendo em conta a
sistemas contabilísticos que abranjam todos os possibilidade de receitas excecionais significativas,
subsectores da Administração Pública e contenham desde que os planos orçamentais estabelecidos no
as informações necessárias para gerar dados de programa de estabilidade não coloquem em risco
exercício, com vista à elaboração dos dados este objetivo ao longo do período de vigência do
baseados no SEC95; os Estados membros programa.
asseguram que o planeamento orçamental se baseia
em previsões macroeconómicas e orçamentais
realistas, recorrendo, para isso, às informações mais
Artigo 5º
atualizadas; os Estados membros devem estabelecer
um quadro orçamental eficaz, credível, a médio Two Pack
prazo que facilite a adoção de um horizonte de A União Europeia fez aprovar as duas últimas peças
planeamento orçamental de, pelo menos, três anos, a legislativas (dois regulamentos comunitários) do após
crise, em 2013:
fim de assegurar que o planeamento orçamental
nacional se inscreve numa perspectiva de • O primeiro regulamento cria novos
planeamento orçamental plurianual; etc. procedimentos e regras de supervisão para
países que se encontrem em dificuldade
O six pack garante aprofundamento do conceito de financeira. Aplicar-se-á em três casos: países
desvio significativo, complementado por um mecanismo em situação de dificuldade financeira severa;
efetivo de sanções, por referencia ao ajustamento do
países que se encontrem a receber assistência
objetivo orçamental de médio prazo. Assim, doravante,
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consequente procura de bens, a economia tende a saldo estrutural anual das administrações atinja o
crescer mais do que se se tivesse seguido uma objetivo de médio prazo específico desse país, tal como
política monetária restritiva. De igual forma, o definido no PEC revisto, com um limite de défice
aumento do consumo e do investimento público estrutural de 0,5% do PIB a preços de mercado. Esta
aumentará a procura de bens, aumentando a previsão remete-nos para uma outra forma de olhar para
produção nacional (apenas em parte, visto que o saldo orçamental que não a convencional.
muitos bens são importados).
saldo global (salG = reEf – desEf). Este saldo pode
Se a política expansionista tem a vantagem de fazer traduzir-se em duas situações: uma situação de superavit
crescer a economia no curto prazo (nem sempre isso (havendo um excesso de receitas efetivas em face das
acontece, cada vez sucederá menos), uma política despesas efetivas, o Estado apresenta capacidade de
mais restritiva tem a vantagem de repercutir-se em financiamento líquido); uma situação de défice
finanças públicas mais saudáveis e de incentivar o orçamental (havendo insuficiência de receita efetiva
esforço individual para ultrapassar os problemas para suportar a despesa efetiva, o Estado tem
necessidade de financiamento líquido). Ou seja, as
económicos, tornando as pessoas mais competitivas
receitas e as despesas correspondentes a passivos
e mais bem preparadas para ultrapassar as
financeiros situam-se abaixo desta linha, sendo
dificuldades que as esperam.
qualificadas como receitas e despesas não efetivas.
No fundo, as políticas mais restritivas têm a O saldo primário ((salP = reEf – (desEf –
vantagem de permitirem políticas mais jurosDivPub)) tem um grande interesse analítico por
expansionistas no futuro, na medida em que se duas razões:
equilibram as contas públicas, primeiro, para depois em primeiro lugar, porque é através do confronto do
poder baixar os impostos e incentivar o investimento.
saldo primário com o saldo global que é possível
As políticas expansionistas com recurso a
estimar o peso que os juros da dívida pública têm no
investimento público podem agravar o desequilíbrio
orçamental e, desta forma, pôr em causa a saldo global;
sustentabilidade futura das contas públicas. Foi o que em segundo lugar, porque a obtenção de saldos
aconteceu em Portugal: o Estado gastou e investiu
primários positivos é uma das condições de
mais, mas a economia não cresceu o suficiente para
sustentabilidade da dívida pública.
conseguir pagar o excesso de despesa/investimento
efetuado.
Artigo 12º
Artigo 8º
I. Défice: quando o valor das despesas de 1
Saldo orçamental governo é maior que as suas receitas. % sobre
PIB do país, comparando e avaliando excessos
O saldo orçamental traduz a diferença entre as receitas e
em relação ao valor de produção.
as despesas de referência.
II. Austeridade: implica o restabelecimento das
A poupança bruta corresponde à noção de saldo condições de competitividade através da
desvalorização.
corrente (salC = reC – desC), sendo que esta noção
III. Discriminação: económica, orgânica, funcional.
aparece tradicionalmente associada à definição da regra
IV. Anotação praisional (n conhecida imediata com
de ouro da política orçamental.
orç): imprevisível e inadiável.
Em certos casos servir para tolerar o endividamento
Artigo 14º
público, quando este se destine a fazer face às despesas
de investimento. O sentido da regra de ouro, Abba Lerner vem dizer que as finanças públicas devem
concretizada no pacto orçamental, de que antes tratámos, ser funcionais e ativas e objetivo é o combate ao
é diferente: aqui, do que se trata, é de garantir que o
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O princípio da capacidade contributiva (art. 104º nº1 f) - Impostos sobre os veículos (ISV). O ISV traz
CRP) está ligado ao imposto, pois cada como principal inovação o alargamento da base de
contribuinte/sujeito passivo deve pagar consoante a sua incidência a veículos que, até agora, não estavam
capacidade, ou seja, consoante o seu rendimento pagará sujeitos ao imposto automóvel e cuja sujeição a
mais ou menos. Os tributos unilaterais típicos imposto especial no momento da compra se justifica
(Impostos), situa-se fora da relação entre sujeito passivo pelos custos ambientais, viários e de sinistralidade
e administração, cujo pressuposto assentando no que lhes estão sempre associados. Assim se sucede
património do sujeito passivo e outros fatores de riqueza com os motociclos e autocaravanas, integrados no
(ex: consumo, rendimento), e têm como finalidade o âmbito de incidência do novo impostos, ainda que
financiamento geral das despesas públicas em geral. lhes sejam aplicáveis taxas de imposto menos
elevadas, pelo menor custo ambientável e viário que
Artigo 20º produzem. A base tributável desde imposto é
O sistema Fiscal português - Então, no nosso sistema constituída pelo nível de emissão de dióxido de
fiscal, temos impostos sobre três componentes: carbono ou de partículas pesadas.
Conceito de dívida pública e suas modalidades O processo de emissão de dívida pública é regulado pela
principais Numa aceção ampla, podemos considerar a CRP, pela LEO e pela lei 7/98 que limitam todos os
dívida pública como a dívida do Estado, que como setores do Estado.
qualquer dívida, traduz um, ou um conjunto, de
compromissos financeiros vencíveis num determinado 1) A primeira limitação resulta da necessária
prazo. Não se deve confundir a dívida pública com a autorização parlamentar quando esteja em causa
dívida soberana, pois: - A dívida pública: tanto pode dívida pública fundada – art. 161º alínea H da
aferir-se a dívida de curto como de longo prazo - A CRP. Esta autorização decorre do princípio da
dívida soberana: respeita apenas à divida de longo prazo. democracia financeira e visa assegurar que os
A dívida pública abarca a dívida do Estado (stricto representantes do povo exercem o controlo
sensu), a dívida das administrações regionais e do SEE. efetivo sobre os futuros encargos do país.
A dívida pública traduz o conjunto de situações passivas Representa ainda uma garantia aos credores da
de que o Estado (lato sensu) seja titular, determinada satisfação do seu crédito. À AR, com base neste
pelo recurso ao crédito (daí se falar em passivo preceito, compete ainda a definição das
financeiro, ou seja, enquanto correlação da contração de condições gerais dos empréstimos a emitir que
empréstimos). Tal como as receitas do crédito público são, de acordo com o art. 4º nº1 da Lei 7/98, o
traduzem receitas não efetivas do Estado, também a respetivo montante e os prazos de vencimento.
amortização da dívida traduz uma despesa não efetiva. 2) Além disso, a LEO define, no art. 31º alíneas E
a G, que a lei parlamentar onde consta a
a) - Dívida Financeira do Estado: a que está autorização para a contratação de empréstimos e
associada à contração de empréstimos ou à a definição das respetivas condições gerais é A
emissão de dívida pública (de forma geralmente Lei do Orçamento de Estado, logo essa
titulada) autorização é anual.
b) - Dívidas não Financeiras: são as dívidas 3) Neste processo, segue-se, de acordo com o art.
contraídas a quem o Estado adquire bens e 5º nº1 da Lei 7/98, a definição das condições
serviços. Embora esta dívida seja registada, não complementares a que devem obedecer a
é avaliada na sua relação com o PIB. emissão, negociação e contratação da dívida em
c) Dívida direta do Estado: situações em que o Conselho de Ministros
Estado é o devedor principal 4) Por último, é ainda necessário a definição das
d) - Dívida acessória do Estado: situações em que condições específicas dos empréstimos a
o Estado é devedor subsidiário contrair pela Agência de Gestão da Tesouraria e
e) Critério de maturidade - Curto prazo: no caso de da Dívida pública – IGCP, EPE, onde o
ser inferior a 1 ano. - Longo prazo: o caso de a Ministro das Finanças tem um papel
dívida é superior a 1 ano preponderante, mediante as linhas de orientação
f) - Dívida Flutuante: quando a amortização da que emite. O IGCP é a principal entidade
dívida ocorre no mesmo exercício orçamental responsável pela gestão da dívida.
(01JAN a 31DEZ) em que a dívida foi 5) A hipótese de renegociação da dívida pública
contraída. portuguesa de que tanto se fala, traduz uma
g) Dívida Fundada: se a amortização ocorre em forma de gestão anormal da dívida pública,
exercício orçamental diferente daquele em que qualificado como conversão, que consiste na
haja sido contraída. Ex: Dívida em Dezembro de alteração, por acordo ou pelo devedor, das
2014 a pagar em janeiro de 2015 A distinção de condições contratuais em que foi celebrado o
curto ou longo prazo não releva neste critério. O empréstimo público, no decurso da vigência
regime jurídico aplicável a esta distinção é dos deste.
art. 161º alínea H da CRP e Lei 7/98, sendo
mais exigente na dívida fundada. Artigo 27º
A dívida pública é uma dívida acessória pois não Despesas reprodutivas: são as despesas públicas que
constitui uma divida direta do Estado. Nem mesmo do implicam o aumento da capacidade produtiva no futuro,
ponto de vista orçamental é percecionada como tal, pois ou seja, aquela utilidade repete-se.
nem sempre chega a materializar-se. Logo, é uma divida
condicional e subsidiária, uma vez que o Estado só a despesas produtivas, ela esgota-se naquele momento,
assume, se e quando esta não for paga pelo devedor sendo apenas uma despesa sem qualquer tipo de
principal, sendo o primeiro o garante do direito de benefício, ao passo que nas despesas reprodutivas, o
crédito do credor. O regime jurídico resulta do art. 161º objetivo que a despesa visou, “dá alguns frutos”
alínea H da CRP e da Lei 112/97, que de acordo com o
Despesas de funcionamento: despesas públicas afetas
art. 7º, as garantias pessoais abrangem os Avales e as
aos gastos necessários para assegurarem o normal
Fianças. Conjugados os dois preceitos legais, podemos
funcionamento da máquina administrativa
retirar o exigente processo de concessão pelo Estado
dessas garantias: Despesas de investimento: são as despesas que
concorrerem para o formação/aumento do capital fixo do
1) - Afixação, por lei parlamentar, do limite
Estado. São as despesas que embora se esgotem naquele
máximo de garantias a conceder pelo Governo
momento, acabam por ter algum retorno em forma
(161º alínea H da CRP), cuja lei, por força do
diferente/transformada. Ex: € para uma obra. Acaba por
art. 31º da LEO é a lei orçamental.
ter o retorno material/físico dessa obra
2) - Relativamente ao processo de concessão: -
Pedido dirigido ao Ministro das Finanças - Despesas de bens e serviços: são as despesas que
Apresentação, anexa ao pedido, que ateste a asseguram a criação de utilidades, por meio da aquisição
verificação de um manifesto interesse para a de bens e serviços do Estado.
economia nacional (art. 8º Lei 112/97) e das
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Despesas de transferência: são os tipos de despesas que Setor público e as regras de contabilidade pública e
se limitam a proceder a uma redistribuição de recursos, da contabilidade nacional
atribuindo-os a entidades que se situam no setor público
ou no setor privado Pode entender-se por setor público todas a s entidades
controladas pelo poder político que abrange a totalidade
As despesas de transferência, podem, após a reafectação, da AP(Central, Regional, Local e Segurança Social) e o
ter uma natureza distinta: - Transferência de capital ou Setor Empresarial do Estado (SEE). Ambos os conceitos
correntes: consoante afetem ou não o património (contabilidade pública e contabilidade nacional), são
duradouro do Estado - Transferência direta ou indireta: sistemas contabilísticos de natureza orçamental (registo
consoante visem aumentar diretamente os rendimentos de execução orçamental, quer quanto às receitas quer
disponíveis (pagamento de pensões) ou traduzem um quantos às despesas) e de natureza patrimonial (balanço
benefício meramente indireto pelo aumento das e demonstração de resultados), com critérios e lógicas
possibilidades de consumo (subsídios a preços) - diferentes.
Transferência para entidades do setor público ou para o
setor privado • Contabilidade pública: baseia-se em critérios de
natureza jurídico-institucional, e encontra-se
Artigo 31º regulada pela Lei de bases da contabilidade
pública (Lei 8/90 20 FEV) e o regime da
Diferença tipos de receitas e tipos de despesa administração financeiro do Estado regulado no
públicas DL 155/92.
existem 3 tipos de modalidades a ter em conta, que se • Contabilidade Nacional: baseia-se em critérios
aplicam tanto às despesas como às receitas públicas. de natureza económica, desde logo, quando se
trata de proceder à distinção entre AP e SEE.
Ordinárias: são as receitas ou despesas públicas que se (Regulamento 2223/96) O seu regime
repetem com um certo carater de frequência. Ex: IRS e fundamental é de origem comunitária (SEC 95)
pagamentos de salários dos trabalhadores da função que divide: - Administrações públicas: as
pública entidades qualificadas como produtores não
mercantis, em relação a cujos bens o consumo
Extraordinária: são as receitas ou despesas públicas que seja de natureza individual ou coletiva e dando
se verificam pontualmente. Ex: venda de património azo a pagamentos obrigatórios. As suas
estadual instituições têm natureza redistributiva. - SEE:
A distinção fundamental entre ambas, é a frequência as entidades qualificadas como produtores
com que são realizadas.: mercantis, os que realizam atos de comercio,
venda de bens e serviços
Correntes: são as despesas ou receitas públicas • Concretização das regras do SEC 95 e o
relacionadas com o consumo que não afetam o conceito de unidade institucional
património duradouro do Estado (não aumentam nem
oneram o capital do Estado). Artigo 33º
Capital: são as despesas ou receitas públicas associadas As unidades institucionais encontram-se, então,
ao investimento. agrupadas em cinco sectores institucionais, mutuamente
exclusivos, constituídos pelos seguintes tipos de
Efetiva: as que traduzem em entradas efetivas ou em unidades: i. Sociedades não financeiras; ii. Sociedades
saídas efetivas de massa monetária no património de financeiras; iii. Administrações públicas; iv. Famílias; v.
tesouraria do Estado. Ex: os Juros, cumprimento de uma Instituições sem fim lucrativo ao serviço das famílias.
garantia, Estas estão consagradas no art. 9º nº2 da LEO.
Quando a função principal da unidade institucional
Não efetiva: são as despesas e receitas públicas que não consiste na produção de bens serviços, é necessário,
alteram a massa monetária da tesouraria do estado. Ex: primeiramente, distinguir o tipo de produtor a que a
emissão ou amortização da dívida pública. mesma pertence para, depois, se poder decidir sobre a
inclusão da unidade num determinado sector. No SEC
Artigo 32º 95, distinguem-se três tipos de produtores: - Produtores
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não regulada, reforçando os mecanismos de mercado, certos países, a utilização de tais técnicas
apoiadas em facilidades não convencionais. aparece associada à implementação de processos
orçamentais de duas fases, sendo que estes
Art. 39º processos visam obviar às tensões sentidas em
Boas práticas internacionais, sendo elas: diversos sistemas orçamentais entre totais
previstos no orçamento e nas suas partes e evitar
o 1) Os sistemas orçamentais estão menos tentações despesistas, mormente em períodos de
concentrados nos procedimentos e nos formatos expansão. - Terceira característica: novas regras
orçamentais e mais nos resultados orçamentais, ou princípios orçamentais – estas novas regras
pelo que a micro orçamentação está subordinada não fazem parte integrante do orçamento, sendo
aos objetivos da macro orçamentação. Neste exteriores a este, mas devendo por ele ser
sentido: - Os países devem promover planos respeitadas. Estas regras, diferentemente das
credíveis de redução do défice público; - Os regras clássicas, procuram condicionar os
planos melhor sucedidos envolvem resultados orçamentais (consolidação
ajustamentos a longo prazo; - A consolidação orçamental e a disciplina financeira, a
orçamental deve dar preferência às restrições do sustentabilidade financeira de longo prazo, a
lado da despesa, pois garantem melhores eficiência agregada e a eficiência alocativa). As
resultados económicos, do que subidas de novas regras abrangem a integralidade das
impostos; - A orçamentação deve basear-se em Administrações Públicas e não apenas o sector
previsões económicas prudentes e realistas, Estado. Existem dois grandes tipos de regras
utilizando adequados métodos de trabalho, tais orçamentais: - Regras de natureza
como: abertura total; análise de sensibilidade; procedimental, que regulam sobretudo os
comparações com as previsões feitas por procedimentos e o papel dos diversos atores no
entidades ou agentes privados; que o trabalho processo orçamental; - Regras de natureza
seja atribuído a agências ou organismos quantitativa ou numérica, que fixam alvos
independentes do governo. específicos quantitativos relativamente a um ou
o A micro orçamentação exibe um conjunto de a vários agregados financeiros. - Quarta
características novas, a saber: - Primeira característica: relaxamento, na gestão
característica: exacerbação dos instrumentos de orçamental, dos controlos sobre os inputs e
programação plurianual da despesa pública – a focalização nos resultados – a gestão orçamental
programação plurianual da despesa pública parte de uma menor rigidez no regime de
constitui a base fundamental da consolidação classificação e uso das dotações orçamentais,
orçamental, trançando os objetivos de médio pressupondo um sistema orçamental com menos
prazo em termos de níveis elevados de decisão. rubricas, atribuindo-se antes ao gestor um
Em regra, são formas de programação envelope financeiro que ele irá gerir com maior
deslizante, apresentadas todos os anos com o flexibilidade, tendo em vista o cumprimento dos
orçamento. Estes institutos não têm forma legal, objetivos traçados para aquele departamento ou
mas, ainda assim, traduzem um bom programa (gestão por objetivos). O gestor é
compromisso em torno da disciplina orçamental. responsável pela concretização dos objetivos
A programação enquadra e informa o traçados, baseando-se a execução orçamental na
Orçamento do Estado, sendo que, no limite, performance. A orçamentação é, também, uma
estamos perante um verdadeiro sistema de orçamentação por objetivos, onde interessam
programação da despesa que integra diferentes não os meios, mas antes os fins, orientando-se a
peças/patamares: projeções de longo prazo; gestão por preocupações de eficiência e eficácia.
programação económica e financeira de médio A performance budgeting supõe uma alteração
prazo; programação orçamental. - Segunda estrutural orçamental: definição de programas
característica: desenvolvimentos de técnicas orçamentais baseados em atividades. As
orçamentais “top-down” – implica a definição especificações fundamentais a considerar num
prévia de tetos máximos de despesa para cada modelo atual de performance budgeting são as
ministério sectorial e só depois a concretização seguintes: - Regras de agregação das despesas
de dotações para cada rubrica orçamental. Em na estrutura de programas; - Cobertura
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de acordo com a definição constante no Sistema termos daquele art.17º, constituem vinculações externas:
Europeu de Contas Nacionais e Regionais. - As obrigações decorrentes de lei, de contrato, de
2) Transparência e solidariedade recíproca- O sentenças judiciais ou outras obrigações determinadas
princípio da transparência orçamental aparece, pela lei (despesas obrigatórias); - As obrigações
de igual modo, mobilizado pela maior exigência decorrentes do Tratado da União Europeia; - As opções
substantiva de bom comportamento orçamental. em matéria de planeamento e a programação financeira
Significa a ideia de informação exata e objetiva plurianual.
sobre o modo como o Estado utiliza os dinheiros
públicos, sobre o custo dos programas Artigo 43º
orçamental e, se possível, sobre os seus Processo origináro orçamental e aprovação
benefícios. Contribui para a disciplina
106º/1 CRP
financeira e para afetação adequada daqueles
recursos. Elaboração e organização: A proposta de Lei do
Orçamento do Estado para o ano económico seguinte é
3) A equidade intergeracional A necessidade de
apresentada pelo Governo à Assembleia da República,
avaliação da sustentabilidade de longo prazo da até 15 de Outubro de cada ano. (Art.12-E, nº1 da LEO)
dívida pública induz a previsão do princípio da Este prazo só não se verifica nos casos apresentados no
equidade intergeracional (art.10º LEO).
Nº2. A iniciativa em matéria orçamental é um exclusivo
4) Regras procedimentais- A aprovação do do Governo: art.161º/1 alínea g) CRP, : o OE é o
Orçamento do Estado faz-se em articulação com principal instrumento de concretização financeira da
a aprovação de outros documentos com política do Governo, assumida e apresentada ao
relevância orçamental que o vinculam ou Parlamento no respetivo programa, logo após a sua
condicionam. tomada de posse.
5) Regras numéricas - Hoje, podemos encontrar na
legislação portuguesa, sobretudo, três tipos de Votação: (art. 12-F da LEO) A votação da proposta
regras numéricas: 1- A regra de saldo ou realiza-se no prazo de 45 dias após a sua admissão pela
equilíbrio: saldo estrutural ajustado ao ciclo e de AR (Nº2). Primeiro passo: Votação Geral – inicial e
medidas excecionais/temporárias Com a final. a proposta do OE chumba quase sempre na prática.
alteração de 2011, foi aditado à LEO o art.12º-C Segundo passo: Votação na especialidade A votação é
que concretiza a regra do saldo estrutural efetuada na generalidade em regra, salvo algumas
ajustado ao ciclo e das medidas temporárias, em situações de votação obrigatória na especialidade, a
conformidade com o objetivo orçamental de saber: - Nos casos em que resulta de obrigatoriedade
médio prazo resultante do PEC. 2- Regras de legal, sempre que estejamos perante a criação, alteração
dívida Podemos identificar dois tipos de regras, e extinção de impostos e nas situações em que se
consistentes com dois momentos da história da autorizam empréstimos e financiamentos; - Nas
LEO: Regras de dívida aplicáveis aos subsetores restantes situações não mencionadas, sempre que a
institucionais (Adm. Regional e Local). 3- Assembleia da República entender submeter à
Regras de despesa Pode-se considerar que apreciação individual.
existem, hoje, dois tipos de regras de despesa: -
Uma de caráter implícito e indireto e que resulta Publicação (12-G da LEO): Levada a cabo pelo
da necessária subordinação do OE aos limites Governo, até ao final do segundo mês após a entrada em
máximos de despesa fixados pela lei de vigor do OE, sob pena de ineficácia jurídica (119º nº 2
programação orçamental plurianual (art.12º-D); CRP.).
- A segunda, de caráter expresso e direto que
Artigo 42º
consta do art.12º-C/6. (ver artigo).
A prorrogação de vigência do Orçamento de Estado (12-
Artigo 40º
H da LEO) O art. 12-H, Nº1, estipula quando é que se
O regime das vinculações externas consta do pode verificar a prorrogação (atenção ao nr.3 que diz o
art.17ºLEO, o qual traduz, por sua vez, um que é que não abrange). a prorrogação do OE não é uma
desenvolvimento do disposto do art.105º/2CRP. Nos extensão do exercício orçamental, pois o exercício
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orçamental termina no fim do dia 31 de Dezembro do no OE, sem provocar o aumento do montante global das
ano em causa (art. 4º nº4 LEO). dotações e sem prever ovas ações.
proposta de alteração em questão, só seriam qual, nos termos do art. 103º nº2 da CRP, integra
constitucionais na medida em que aplicáveis ao ano relativamente a cada imposto, os seus elementos
económico em curso, podendo ser constitucionais para o essenciais (a incidência, a taxa, os benefícios fiscais e as
próximo exercício orçamental. - A tese da ineficácia garantias do contribuinte). Esta exigência deve verificar-
jurídica, foi defendida por Gomes Canotilho e o Prof. se quer se trate de criação, aumento, extinção ou
Guilherme de Oliveira (A lei inexistente é uma mera diminuição de impostos, conforme Acórdão do TC
aparência de lei, pelo que não produz qualquer efeito). 48/84. - O princípio da segurança jurídica Este princípio,
assente no conceito de Estado de direito democrático
Artigo 47º (art. 2º CRP), impõe-se fundamentalmente ao legislador,
Ordenamento jurídico-fiscal limitando-o em dois sentidos: - Na edição de normas
retroativas desfavoráveis (art. 103º nº2) O contribuinte
Os atuais impostos são um preço que pagamos por tem o direito de resistência, consagrado no art. 103º nº3
termos a sociedade que temos, assenta na ideia de da CRP, caso esta norma não seja cumprida. - Na livre
liberdade, no reconhecimento dos direitos, liberdades e revogabilidade e alterabilidade das leis fiscais
garantias fundamentais. favoráveis.
Artigo 48º
Autotributação:
- Votação anual