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Epitélio superficial Uma camada superficial de epitélio frouxo (comum e incorretamente conhecido
por epitélio germinativo) com abundantes microvilosidades.
Túnica albugínea Tecido conjuntivo fibroso e denso cobrindo todo o ovário logo debaixo do epitélio
superficial. As células de tecido próximas à superfície são dispostas
grosseiramente paralelas à superfície ovariana e são algo mais densas do
que as células dispostas em direção à medula.
Córtex ovariano Contém vários folículos primários (com oócitos em estado quiescente) e poucos
folículos grandes. Durante cada ciclo estral, um número variável de folículos
passa por rápido crescimento e desenvolvimento, culminando no processo
da ovulação.
Medula ovariana Tecido conjuntivo frouxo que contém nervos, linfáticos, e vasos sanguíneos
tortuosos e com parede fina, fibras colágenas e elásticas, fibroblastos e
células musculares lisas dispersas.
Estroma ovariano Pobremente diferenciado, células semelhantes às embrionárias-
mesenquimatosas capazes de sofrer alterações morfológicas complexas
durante a vida reprodutiva; as células do estroma podem originar as células
da teca interna ou as células intersticiais.
Musculatura lisa As células musculares lisas estão presentes em todo ovário, especialmente no
estroma cortical onde se entremeiam com as células da teca. As células
mióides ovarianas são similares às musculares lisas de outros tecidos.
Estas células contêm grande número de microfilamentos dispostos em feixes
característicos e também vesículas micropinocitóticas localizadas logo
abaixo do plasmalema Os receptores colinérgicos das células musculares
lisas podem mediar a contração do folículo de Graaf. Assim as células
musculares lisas e os elementos nervosos podem estar diretamente
envolvidos na ovulação. A presença de células musculares lisas,
especialmente nas regiões perifoliculares, pode estar envolvida na
"compressão do folículo" durante a ovulação.
Folículos ovarianos
Folículo primário Um oócito envolvido por uma única camada de células foliculares planas ou
cubóides e circundado por tecido intersticial.
Folículo em crescimento Oócito com diâmetro aumentado e maior número de camada de células
foliculares; a zona pelúcida está presente ao redor do oócito.
Folículo secundário Células granulosas planas do folículo primordial ou unilaminar proliferam,
assumindo uma aparência irregular, poliédrica.
Folículo terciário (vesicular) Sob a influência das gonadotrofinas hipofisárias, as células granulosas dos
folículos de múltiplas camadas secretam um fluido, o líquor folicular, que
se acumula nos espaços intercelulares. A continuada secreção e acúmulo
do líquor folicular resulta na dissociação das células granulosas, que causa
a formação de uma cavidade cheia de fluido -o antro. A zona pelúcida é
circundada por uma massa sólida de células foliculares radiais, formando
a corona radiata.
Folículo de Graaf As células foliculares aumentam de tamanho; o antro está cheio de fluido
folicular (líquor folicular). O oócito é pressionado para um lado, circundado
por um acúmulo de células foliculares (cumulus oophorus); em qualquer
parte da cavidade folicular um epitélio de espessura regularmente uniforme,
. chamado membrana granulosa, se formou. Formaram-se também a teca
interna e a teca externa.
Folículo pré-ovulatório Uma estrutura semelhante a vesículas projetando-se da superfície ovariana
devida à rápida acumulação de fluido folicular e adàgaelçamento da camada
granulosa. O viscoso líquor folicular é formado das secreções das células
granulosas e proteínas plasmáticas transportadas para dentro do folículo
por transudação. O cumulus oophorus destaca-se dentro do estrato
granuloso adelgaçado e extensivamente dissociado. O oócito permanece
livre no líquor folicular, circundado por uma massa irregular de células.
Grandes modificações ocorrem a nível subcelular, particularmente no
Anatomia da Reprodução Feminina 27
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nece apenas uma cicatriz visível do tecido
conjuntivo. Remanescentes dos corpus
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FIG. 2-4.llustração diagramática das modificações
morfológicas d~ ovário bovino durante o ciclo estral. a b c
1, Folículo maduro; 2, corpo lúteo em regressão (cor FIG. 2-5. Diagrama mostrando a organização ce-
castanho-atijolada); 3, folículo colapsado - super- lular do corpo lúteo da ovelha. a, Corpo
fície pregueada e paredes tintas de sangue; 4, cor- hemorrágico; b, corpo lúteo do segundo dia após o
po lúteo em regressão (amarelo- claro); 5, corpos cio; c, corpo lúteo do quarto dia após o cio. Os va-
lúteos gêmeos - certa hemorragia; 6; corpo lúteo sos sanguíneos são representados em negro. f. 1.,
em regressão (amarelo-claro); 7, corpo lúteo de Coleção de fluido folicular; g.l., células luteínicas
diestro; 8, o maior folículo; 9, corpus albicans. (Co- da membrana granulosa ; t.i., teca interna; t.e., teca
piado de Arthur (1964). Wright's Obstretrics. externa. (Adaptado de Warbritton (1934). J.
London, Bailliere, Tindall & Cox.) Morphol. 56, 181.
Anatomia da Reprodução Feminina 29
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Artéria Ovariana
(útero-ovariana)
FIG. 2-8. (Esquerda) Anatomia da vasculatura ovariana bovina e localização de cateter venoso com
anastomose entre a veia e a artéria ovariana. (Wise, J.H. et aI, 1982). Função ovariana durante o ciclo
estral da vaca. J.Anim. Sei. 55: 627-637.) Fluxo ovariano sanguíneo e nível de liberação de progesterona.
(Direita) Modelo hipotético simulando a interação do embrião, do útero e do corpo lúteo durante a luteólise
e o início da gestação. Grandes células luteínicas (LG); pequenas células luteínicas (SM). (Silva et aI.
(1984). Mecanismos moleculares e celulares envolvidos na luteólise e no reconhecimento materno da
gestação na ovelha. Anim. Reprod. Sei., 7: 57-74).
mésticos os ovários situam-se numa bursa no mesossalpinge, que é uma prega peritoneal
ovariana aberta, contrastando com certas es- derivada do estrato lateral do ligamento lar-
pécies (p. ex., rata e camundonga) em que ele go. O comprimento e o grau de circunvoluções
fica alojado dentro de uma bolsa. Nos animais da trompa variam nas espécies domésticas.
domésticos esta bursa é uma invaginação que A trompa pode ser dividida em quatro seg-
consiste de uma prega peritoneal do mentos funcionais: as fímbrias em forma de
mesossalpinge, ligada a uma alça suspensa franjas; a abertura abdominal próxima ao
na porção superior da trompa (Fig. 2-9). Na ovário em forma de funil - o infundíbulo; a
vaca e na ovelha a bursa ovárica é larga e ampola dilatada mais distalmente e a estrei-
aberta. Na porca ela é bem desenvolvida e, ta porção próxima da trompa, ligando-a à luz
embora aberta, envolve o ovário em grande uterina - o istmo (Fig. 2-10).
parte. Na égua ela é estreita, apresenta for- O tamanho do infundíbulo varia com a es-
ma de clave e envolve somente a fossa da ovu- pécie e idade do animal; a área de superfície
lação. é de 6 a 10 cm2 na ovelha e 20 a 30 cm2 na
vaca. A abertura do infundíbulo denominada
Anatomia óstio abdominal, situa-se no centro de uma
franja de processos irregulares que formam
A morfologia e anatomia funcional das a extremidade da trompa, as fímbrias. Estas
trompas dos mamíferos estão resumidas e são livres, exceto em um ponto no pólo supe-
ilustradas nas Tabelas 2-4 e 2-5 e nas Figu- rior do ovário, que assegura a sua íntima apro-
ras 2-10 até 2-17.As trompas estão suspensas ximação à superfície ovariana.
32 Anatomia Funcional da Reprodução
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FIG. 2-9. Relação anatômica entre o ovário ea trompa na ovelha. A, Ampola; F, fímbrias; In, infundíbulo;
Is, istmo; M.a., mesovário; O, ovário; O.a., artéria ovariana; O.b., bursa ovárica; U, útero; Utj, junção
útero-tubárica. Notar a alça suspensa à qual se une a bursa ovárica. A trompa da ovelha é pigmentada.
A ampola, que corresponde a cerca da me- tas pregasmucosas na ampola preenche qua-
tade do comprimento da trompa, funde-se com se completamente a luz de modo a existir ape-
a porção constricta conhecida por istmo. O nas um espaço potencial. O fluido é mínimo;
significado anatõmico e fisiológico desta jun- deste modo a massa de cumulu fica em ínti-
ção istmo-ampolar ainda é desconhecido. O mo contato com a mucosa ciliada (Figs. 2-11
istmo está diretamente ligado ao útero; na a 2-14).
égua ele penetra no corno uterino sob a for- A mucosa consiste de uma camada de cé-
ma de uma pequena papila. Nenhum esfincter lulas epiteliais colunares. A submucosa das
muscular bem definido apresenta-se na jun- fibras musculares lisas e do tecido conjunti-
ção útero-tubárica. Na porca, entretanto, esta vo é entremeada por finos vasos sanguíneos
junção é guarnecida por longos processos e linfáticos. O epitélio contém células cHiadas
mucosos em forma de dedos. Na vaca e na e não-ciliadas.
ovelha existe uma flexura na junção útero- Células CHiadas. As células ciliadas da
tubárica especialmente durante o cio. mucosa do oviduto possuem cílios móveis e
Existem também extensões musculares delgados (cinocílio) que se estendem para o
destas camadas para dentro do tecido conjun- interior do lúmen. A proporção de batimentos
tivo das pregas mucosas, permitindo contra- dos cílios é afetada pelos níveis de hormõnios
ções coordenadas de toda a parede. O ovarianos, com atividade máxima na ovula-
espessamento da musculatura aumenta da ção ou logo após o ímpeto do cílio na porção
extremiãade ovariana para a extremidade fimbriada das trompas estar intimamente sin-
uterina das trompas. cronizado e dirigido em direção ao óstio. A
Mucosa do Oviduto ação dos batimentos ciliares parece favore-
A mucosa do oviduto é formada por pregas cer o óvulo dentro das células circundantes
primárias secundárias e terciárias. A mucosa do cumulus a fim de ser despojado da super-
na ampola situa-se dentro de pregas altas e fície dos folículos em direção ao óstio das trom-
ramificadas que diminuem de altura em di- pas. A porcentagem de células ciliadas dimi-
reção ao istmo tornando-se baixas na junção nui gradualmente na ampola em direção ao
útero-tubárica. A complexa constituição des- istmo e atinge o máximo nas fímbrias e
Anatomia da Reprodução Feminina 33
Trompa
Comprimento (cm) 25 15-19 15-30 20-30
Útero
Tipo Biparlido Biparlido Bicomual Biparlido
Comprimento do como (cm) 35-40 10-12 40-65 15-25
Comprimento do corpo (cm) 2-4 1-2 5 15-20
Superfície de revestimento 70-120 CarÚllculas 88-96 Carúnculas Ligeiras Distintas
do endométrio pregas pregas
longitudinais longitudinais
Cérvice
Comprimento (cm) 8-10 4-10 10 7-8
Diâmetro externo (cm) 3-4 2-3 2-3 3,5-4
Luz cervical
Forma 2-5 anéis anulares Vários anéis anulares Saca-rolhas Pregas distintas
Entrada do útero
Forma Pequena e protrusa Pequena e protrusa Maldefinida Claramente definida
Vagina anterior
Comprimento (cm) 25-30 10-14 10-15 20-35
Vestíbulo
Comprimento (cm) 10-12 2,5-3 6-8 10-12
Ai:,dimensões incluídas nesta tabela variam com a idade, raça, pariedade e plano de nutrição.
ISTMO
EXTRAMURAL
grau de flexão
suprimento vascular
suprimento linfático
suprimento neural
LIGAMENTOS
INTRAMURAL
mesotubáricoinferior
músculo circular
mesotubáricosuperior
músculo longitudinal
glândulas endometriais
ENDOMÉTRIO PROJEÇÕES
número
MIOMÉTRIO estrutura
divertículos
ciliogênese
secretora
espécies e durante as diferentes fases do ci- Inervação. Do mesmo modo que outros seg-
clo estral. A superfície apical das células não mentos do trato genital feminino, a trompa
cHiadas é recoberta por numerosas está parcialmente servida por "curtos"
microvilosidades. Os grânulos secretores acu- neurônios adrenérgicos fisiofarmacologica-
mulados nas células epiteliais durante a fase mente diferentes dos mais comuns "longos"
folicular do ciclo são liberados dentro da luz neurônios adrenérgicos. Além de receber ner-
após a t1VU.lação,provocando uma redução na vos dos gânglios pré e paravertebrais, a trom-
altura epitelial. pa recebe uma porção de formações
Vascularização. A vascularização da trom- ganglionares da área útero-vaginal (curtos
pa deriva-se das artérias uterinas e ovaria- neurônios adrenérgicos),
nas, que juntamente suprem arcadas de va- O grau de inervação varia nas diferentes
sos ao longo de sua extensão. O notável camadas musculares e em diferentes regiões
aumento na proeminê!lcia da vascularização, da trompa. A inervação adrenérgica é parti-
bastante regulada por estrógenos ovarianos, cularmente proeminente na musculatura cir-
está parcialmente associado com a realçada cular do istmo e na junção ampola-istmo, onde
função secretora da trompa. os nervos adrenérgicos terminais estão em
Anatomia da Reprodução Feminina 35
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FIG. 2-11. Secção transversal de diferentes segmentos da trompa. (1) Representa o istmo e (8) represen-
ta o infundíbulo. Deve notar-se a variabilidade no grau de complexidade das dobras da mucosa.
36 Anatomia Funcional da Reprodução
Função da Trompa
gindo Omáximo um dia após e então declina e em resposta a agentes anticoncepcionais; (b)
até os níveis característicos da fase luteínica batimentos de cílios móveis nos compartimen-
(Fig. 2-17). tos da trompa e que variam em tamanho e
O fluxo de grande parte do fluido da trom- forma; (c) alterações constantes da luz da
pa é em direção ao ovário, pois o istmo blo- trompa em diferentes segmentos, resultante
queia, pelo menos parcialmente, sua entrada da contração muscular e reorientação das pre-
para o útero. gas mucosas.
Vários fatores fisiológicos podem estar en- O movimento direcional das secreções da
volvidos na criação de correntes e contracor- trompa pode contribuir para o transporte do
rentes: (a) modificações quantitativas nas óvulo fertilizado ao útero. Na ovelha, a maior
secreções da trompa durante o ciclo menstrual parte das secreções da trompa sai pelo óstio
38 Anatomia Funcional da Reprodução
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FIG. 2-14. Histologia e citologia do epitélio da trompa. A, Células secretoras com material saliente e
células ciliadas com quinocília, coradas pelo azul de toluidina. (Foto pelo Professor S. Reinius). B, Célu-
las ciliadas da trompa (direita) e útero (esquerda). Notar a presença de microvilosidades na superfície
apical da célula. C, Células secretoras mostrando a biossíntese, embalagem, armazenamento, liberação
e distribuição de material secretor, que é o principal componente do fluido luminal da trompa e do útero.
Acredita-se que a movimentação ciliar facilita a liberação de grânulos secretores da superfície das célu-
las.
Anatomia da Reprodução Feminina 39
TABELA 2-5. Técnicas ln Vitro Utilizadas para Estudo das Funções da Trompa
Função em Estudo Técnicas
tubárico precocemente no ciclo estraI. Toda- diferentes nos dois fluidos orgânicos; p. ex., a
via, no 4Qdia, quando os ovos usualmente en- quantidade de transferrina e pré-albumina
tram no útero, o fluxo através da junção úte- no fluido da trompa está muito mais relacio-
ro-tubárica aumenta consideravelmente. nado à albumina, do que à quantidade des-
O fluido do oviduto apresenta várias fun- sas proteínas no soro. Muitas proteínas
ções, incluindo a nutrição de oócitos recente- séricas não têm correspondentes no líquido
mente ovulados e a capacitação espermática, das trompas e reciprocamente, várias proteí-
a fertilização, e o desenvolvimento antes da nas são privativas do fluido tubárico. A pre-
pré-implantação. O fluido das trompas é com- sença de proteínas privativas no fluido da
posto de um transudato seletivo de soro e de trompa quer dizer que as células tubáricas
produtos secretários dos grânulos das células podem estar comprometidas com uma ativi-
secretárias do epitélio do oviduto (Oliphant dade secretora específica. O fluido tubárico
et aI., 1984). As secreções do oviduto são re- apresenta um efeito direto sobre a
guladas pelos hormônios esteróides. hiperativação dos espermatozóides, fenôme-
Vários constituintes protéicos são comuns no este recentemente reconhecido como es-
ao fluido da trompa e ao soro. No entanto, al- sencial para a interação espermatozóide-óvu-
guns destes estão presentes em proporções 10.
40 Anatomia Funcional da Reprodução
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separa os dois cornos e um proeminente cor- deslize para dentro da cavidade pélvica. Na
po uterino (o maior é o da égua). Em rumi- égua esta situação pode impedir a remoção
nantes o epitélio uterino possui várias dos líquidos endometriais ou mesmo permi-
carúnculas (Fig. 2-18). Superficialmente, o tir que pequenos volumes de urina atraves-
corpo do útero da vaca e da ovelha parece ser sem a cérvice durante o cio, resultando em
maior do que ele é realmente; isto porque as ligeira inflamação catarral.
porções caudais dos cornos são ligadas pelo Como a maioria dos órgãos cavitários in-
ligamento intercornual. ternos, as paredes uterinas são constituídas
Ambas as laterais do útero são unidas às de uma membrana mucosa interna, de uma
paredes pélvica e abdominal pelo ligamento camada intermediária inteira de músculos
largo. Nos animais multíparos os ligamentos lisos e de uma camada serosa externa, o
uterinos se estiram, permitindo que o útero peritônio. Do ponto de vista fisiológico ape-
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44 Anatomia Funcional da Reprodução
creção durante o cio, elas tornam-se baixas e sentam um tipo de placentação epiteliocorial
cubóides dois dias após o cio. ou sindesmocoriaI. Sob a forma de recepto-
O volume e a composição bioquímica do flui- res, p. ex., as proteínas são responsáveis pelo
do uterino mostram consistentes variações estabelecimento da sensibilidade do útero aos
durante o ciclo estral (Fig. 2-17). Na ovelha o esteróides ovarianos. O estrógeno secretado
volume do fluido no útero excede ao da trom- durante a fase pré-ovulatória parece ser res-
pa durante o cio, enquanto que durante a fase ponsável pela indução da síntese de
luteínica o inverso é verdadeiro. progesterona e estrógeno, e é através da sín-
tese desses receptores de progesterona que o
Proteínas Uterinas. O fluido endometrial estrógeno pré-ovulatório prepara o útero para
contém principalmente proteínas séricas, mas a subsequente proliferação progestacionaI.
há também pequenas quantidades de proteí- Proteínas específicas de origem uterina e/
nas específicas. A proporção de quantidades ou do produto da concepção foram identifi-
desta proteína varia de acordo com o ciclo cadas e caracterizadas durante o início da
reprodutivo. Diferenças de concentração, bem gestação em ovelhas; todavia, não se sabe ain-
como a distribuição dos componentes nos flui- da se algumas destas proteínas podem influ-
dos uterinos, comparadas ao soro sanguíneo enciar respostas imunes mediadas por célu-
fornecem evidências que ocorre secreção e las. Uma das proteínas, de cor púrpura, uma
inclusive transudação. Na coelha, uma pro- glicoproteína contendo ferro denominada
teína denominada blastoquinina (uteroglo- uteroferrin foi purificada (Basha et aI., 1980).
bulina) pode influenciar a formação de Secreções uterinas tomam parte no controle
blastocisto a partir da mórula, enquanto que da implantação e do crescimento embrioná-
o fluido uterino da camundonga contém um rIO.
fator que inicia a implantação. As secreções O fluido uterino apresenta duas importan-
uterinas propiciam um ambiente ótimo para tes funções: subministrar um ambiente favo-
a sobrevivência e a capacitação dos esperma- rável para a capacitação espermática e for-
tozóides, além da clivagem do blastocisto pri- necer condições nutritivas para o blastocisto
mário antes da implantação. até que se complete a implantação. Na vaca,
A diesterase glicerilfosforilcolina (GPC) nas o embrião permanece livre no meio por apro-
secreções uterinas atinge uma concentração ximadamente 30 dias, durante os quais ocor-
máxima por ocasião da ovu!ação em re grande diferenciação embrionária antes
consequência de ação estrogênica. Esta que o produto se una firmemente ao
enzima hidrolisa a glicerilfosforilcolina libe- endométrio.
rando glicerol e fosfoglicerol para utilização
pelos espermatozóides. As secreções uterinas
do proestro são responsáveis pelo início da Contração Uterina
captação assim como pelo estímulo do meta-
bolismo espermático. Em complemento a es- A contração do útero é coordenada com
tas proteínas secretoras, os altos níveis de movimentos rítmicos da trompa e ovário. Há
estrógenos associados à ovulação são respon- uma considerável variação na origem, dire-
sáveis pela indução da síntese de algumas ção, grau de amplitude e frequência das con-
proteínas -incluindo mucopolissacarídeos do trações no trato reprodutivo. Na coelha em
estroma, receptores hormonais de esteróides cio, as contrações uterinas são continuações
e enzimas que executam importantes funções de contrações das trompas e se movem ao lon-
dentro do próprio endométrio. go do corpo uterino da junção útero-tubárica
As secreções podem continuar sendo uma em direção à cérvice. De um modo geral, maio-
fonte importante de nutrição para o feto em res números de contrações uterinas se mo-
crescimento durante a fase de pós-implanta- vem em direção das trompas no início do cio,
ção da gestação. Este fato é particularmente porém em direção da cérvice após cessado o
verdadeiro em animais domésticos que apre- cio.
46 Anatomia Funcional da Reprodução
taminado por um vírus provocam a inibi- FIG. 2-21. Diagrama mostrando o efeito da
ção luteínica e induzem cios precoces. histerectomia parcial sobre a persistência dos cor-
pos lúteos em suínos. A, Histerectomia total du-
Implantação e Gestação. O útero é um ór- rante a fase luteínica provoca a retenção do corpo
gão altamente especializado e adaptado para lúteo por um período similar ao da gestação. B,
aceitar e nutrir os produtos da concepção des- Histerectomia unilateral e remoção parcial do ou-
de a implantação até o parto. Uma "diferen- tro corno, permanecendo apenas um fragmento de
ciação" uterina bem descrita, embora obscu- 20 cm de comprimento, provoca funcionalidade
assimétrica dos dois ovários. C, Os corpos lúteos
ramente definida, ocorre sob o comando dos do lado intacto são normalmente mantidos, en-
hormônios esteróides ovarianos. Este proces- quanto que os do outro lado regridem antes do 22Q
so deve evoluir para algum estágio crítico em dia da gestação. (Dados de Du Mesnil du Buisson
que o útero esteja preparado para aceitar se- (1961). Ann. Biol. Anim. Bioch. Biophys. 1,105.).
48 Anatomia Funcional da Reprodução