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▪ Leia o texto a seguir para responder as questões avaliativas.

CÉREBRO TEM ÁREA LIGADA À MORAL, APONTA PESQUISA (Publicado na Folha de


S.Paulo)

Para agir de maneira ética, basta pensar de maneira racional ou é preciso se deixar envolver
também pelas emoções? De acordo com um estudo publicado ontem, julgamentos morais que as
pessoas fazem quando estão diante de um dilema são mais emocionais do que se imaginava --
sinal de que a moral não é baseada só na cultura e faz parte da natureza humana. Para lidar com
essa questão, um grupo liderado pelo psicólogo americano Marc Hauser, da Universidade Harvard,
e pelo neurologista português António Damásio, da Universidade do Sul da Califórnia (ambas nos
EUA), submeteu diversos voluntários a um questionário com situações imaginárias de deixar
qualquer um arrepiado. A maior parte delas envolvia decisões do tipo "escolha de Sofia", como
sacrificar um filho para salvar um grupo de pessoas. Que mãe permitiria isso? Para tentar inferir o
peso da emoção em julgamentos morais, os cientistas incluíram entre os voluntários seis pessoas
que haviam sofrido lesões numa área específica do cérebro, o córtex frontal ventromedial. Entre as
diversas funções dessa estrutura está a integração de sentimentos à consciência.

O resultado do experimento foi que os portadores da lesão tiveram tendência a pensar de maneira
mais "utilitária". Eles escolhiam, da maneira mais fria, a decisão que prejudicasse um número menor
de pessoas. "Em alguns casos --dilemas de grande conflito moral-- a emoção parece ter papel
significativo nos julgamentos", explicou à Folha Michael Koenigs, colaborador de Hauser e
Damásio. "Como os pacientes com a lesão que estudamos presumivelmente carecem de emoções
sociais/morais apropriadas, seus julgamentos são mais baseados em considerações utilitárias do
que em fatores emocionais." Uma das questões usadas pelos cientistas envolvia uma situação
imaginária na qual famílias vivendo num porão se escondiam de soldados que procuravam civis
para matar. Um bebê começa a chorar, e a única maneira de calá-lo para evitar que todos sejam
encontrados é tapar a respiração da criança por tempo suficiente para matá-la. O que fazer? Para
os pacientes portadores da lesão estudada, a decisão correta era matar a criança.

Sem empatia

A resposta, de certa forma, era o que os pesquisadores esperavam. "Pacientes com essa lesão
exibem menos empatia, compaixão, culpa, vergonha e arrependimento", disse Koenigs, que foi
autor principal do artigo que descreve o experimento hoje no site da revista "Nature". Ao contrário
do que se podia imaginar, porém, essas características não tornaram essas pessoas "más" ou
"cruéis". Para situações sem dilemas, as respostas dos pacientes lesionados foram bastante
semelhantes às dos voluntários sadios. Na opinião dos cientistas, o estudo é uma forte evidência
de que pensar de maneira puramente utilitarista simplesmente vai contra a natureza humana. O
córtex frontal ventromedial, afinal, seria um produto da evolução que ajudou a moldar a forma como
as pessoas se relacionam."Ele parece ser uma "parte emocional" inata (que possuímos desde
nascer) do cérebro, e parece ser crítico para certos aspectos da moralidade", diz Koenigs. O
pesquisador afirma, porém, que não é possível separar a influência do ambiente na ética. "A reação
da maquinaria emocional com respeito a questões morais é sem dúvida moldada por forças
culturais."
QUESTÕES AVALIATIVAS

1. Qual é a principal tese apresentada pelos cientistas? De que modo eles defendem essa tese?

2. Pode-se afirmar que nossos julgamentos morais são totalmente baseados na razão? Justifique.

3. De acordo com o estudo, o que seria contrário a natureza humana?

4. A partir das conclusões apontadas pelo estudo é possível afirmar que nossa capacidade de
julgamento moral é totalmente adquirida pelo convívio social? Justifique..

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