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Visão Sistêmica

DOENÇAS A SERVIÇO DA VIDA


Vamos olhar
através da Constelação Familiar como
algumas doenças podem estar a
serviço do sistema
Introdução

A doença não é individual, ela nos conecta. Certa vez, em


um dos trabalhos que participei, ouvi uma mulher dizer
que só tinha seu pai em casa quando estava doente.
Durante muitos anos ela foi uma mulher adoecida, embora
muito trabalhadora, e quando não estava doente, tratava
de encontrar um problema para cuidar. Para ela, a
presença do amor acontecia daquela forma.

Hoje, aos 80 anos de idade, ela cuida de um marido que


está na cama há 9 anos.
Na união de um casal, um chega a
serviço do outro

Quem sabe, então, esse homem adoeceu por amor


à ela - uma mulher forte, guerreira, que escolheu a
doença como linguagem da alma. E pasmem,
doença, sofrimento e dor são estados físicos e
emocionais totalmente distintos. Nem todo doente
sente dor, nem toda dor é uma doença
e nem todo sofrimento tem doenças como pano de
fundo. Segundo o Mestre Bert Hellinger, a doença
está à serviço da vida.
E o que ela quer nos dizer? Quem quer falar através
dela?
Quem precisa ser trazido de volta ao sistema atual?
Do que ela nos protege?
Qual excluído precisa ser honrado? Um pai, uma
avó, um tio, um irmão, uma trisavó?
Que grito é esse que a alma quer dar?
Nosso amor deverá estar aonde nosso olhar
conseguir nos levar, esse é o movimento primordial
nas Constelações Familiares, onde os excluídos
buscam a conexão através de outros membros da
família. E será nas gerações futuras essa conta será
paga de alguma forma.
Existe uma grande força, algo como uma Grande
Alma, que tudo abrange e que gera o movimento da
vida. Uma consciência espiritual que abrange todo
o sistema.
E a regra é clara, tudo aquilo que você não
equilibrar hoje, nessa passagem da sua alma,
alguém lá na frente vai equilibrar por você.
Portanto, faça sua parte para que seus filhos não
precisem pagar essa conta por você. Um homem
que não honra suas raízes, deixa um pedaço de si
mesmo perdido lá atrás. Muitos homens adoecidos
formam um país adoecido.
E um país que não olha para os seus doentes e
excluídos morre um pouquinho a cada dia.
É importante lembrar que a Constelação Familiar é
uma abordagem que foi desenvolvida em anos de
estudos profundos e tem o papel de mostrar algo
oculto, que talvez esteja apenas escondido por
proteção e amor, porém em nenhum momento tem
a intenção de anular o olhar da medicina e seu
tratamento adequado para cada uma dessas
patologias e acometimentos. Desse modo, o
conteúdo aqui apresentado não são diagnósticos
clínicos e médicos, mas sim um olhar sistêmico a
partir do dia a dia dos atendimentos.
Assim, separei neste glossário as patologias mais
recorrentes e que chegam com mais frequência ao
campo sistêmico, aquele campo ao qual o Mestre
Bert Hellinger chamou de campo sábio. Eu te
convido a despedir-se por uns momentos dos
conceitos tradicionais, fechar seus olhos e passear
nas estradas do Sentir sistêmico.
A Doença
“Às vezes, através de uma doença manifesta-se
algo que o doente não quer reconhecer, por
exemplo: uma pessoa, uma culpa, um limite, seu
corpo, sua alma, uma tarefa e um caminho que
deve seguir. A doença obriga a uma mudança. Por
isto, o terapeuta alia-se ao motivo e ao objetivo da
doença, por exemplo, com a pessoa excluída, com a
culpa refutada, com o corpo desprezado, com a
alma abandonada, com a misericórdia e a chance
que se revelam na doença. Quando isto é colocado
em ordem, o doente pode viver melhor.
E ele também pode morrer melhor, quando chega a
hora. Em doentes como câncer, trata-se
frequentemente de que se exponham a gravidade
da situação. A gravidade é, naturalmente, de que se
trata de uma doença mortal e que se tem que
encarar a morte. Frequentemente, os doentes
desejam que o câncer seja vencido. Mas isto não se
pode, isto é ilusório. Na maioria das vezes, as
doenças são vistas como algo mau, do qual
queremos nos livrar. Mas, ao mesmo tempo,
doenças também são processos de cura,
principalmente para a alma.
Não se pode simplesmente colocá-las de lado.
Pode-se ver frequentemente que, quando se admite
que uma doença possa servir a uma causa, talvez
mais elevada, então ela pode retirar-se. Ela cumpriu
o seu dever. Mas deve ficar presente, não pode ser
jogada fora. Então, às vezes, ela se retira."

Bert Hellinger
Suicídio
Apesar de não ser uma doença, é comum encontrar em algumas
dinâmicas familiares.

Existem dois tipos de comportamento suicida. Existem aqueles que


não chegam as vias de fato, que são pessoas que carregam consigo
uma necessidade de serem olhadas e que trazem um peso do
passado de um excluído, que pode ter sido um justiceiro. Aquele que
sempre vivia sua vida por um fio, em nome da justiça. Alguns
indignados também poderiam fazer parte desse grupo, onde a frase
seria: "em nome da honra, pago com a minha vida”. Aqui podemos
ver também características do "amor à beira do abismo", onde o
inconsciente traz a frase: "tudo por amor, até a morte”.
Existem também aqueles que consolidam o suicídio. Através de
relatos percebe-se, geralmente, muita culpa dentro do sistema, por
parte da família que fica. E a frase que fica é: “será que eu poderia
ter evitado se estivesse ali, naquele momento?”. Durante anos em
atendimentos, percebi, por meio da observação, que o suicida,
quando colocado no campo, geralmente leva as mãos na cabeça,
num movimento onde existe um misto de sem saída versus um
grande vazio. Certa vez, num campo que facilitei, o suicida disse,
referindo-se à alguem do passado: "Eu preencho o seu vazio com a
minha vida". O famoso "Eu por você".
Autoimunes
De acordo com artigo do Hospital São Matheus (2019), “as doenças
autoimunes são um grupo de doenças distintas que têm como
origem o fato do sistema imunológico passar a produzir anticorpos
contra componentes do nosso próprio organismo”.
Na compreensão sistêmica, as doenças autoimunes expressam uma
raiva que, por opressão, é disfarçada de tristeza.
Existe uma pergunta interna: "Do lado de quem tenho que ficar?".
Portanto, são pessoas que precisam escolher do lado de quem ficar
entre aqueles que amam. Por observação, percebi que geralmente
essas doenças se expressam em mulheres que são muito fortes no
seu dia a dia profissional, e que, contudo, se oprimem diante
daqueles que amam, quando estes são pessoas conflituosas.
A opressão acaba por esconder a raiva atrás da tristeza, e o corpo
irá expulsar essa raiva em forma de síndromes autoimunes.
Percebe-se também a inveja como um fator que contribui para a
expressão dessas doenças, que, por sua vez, ainda não tem uma
explicação das verdadeiras causas genéticas.
Dentre as doenças autoimunes, destacam-se algumas, cujas
descrições e sintomatologias foram retiradas do site do Doutor
Drázio Varella:
- Esclerose Lateral Amiotrófica:
“caracteriza-se pela degeneração progressiva de neurônios
motores localizados no cérebro e na medula espinhal” e tem causa
desconhecida. Além disso, “o principal sintoma é a fraqueza
muscular, acompanhada de endurecimento dos músculos
(esclerose), inicialmente num dos lados do corpo (lateral) e atrofia
muscular (amiotrófica), mas existem outros: cãimbras, tremor
muscular, reflexos vivos, espasmos e perda da sensibilidade.”
- Esclerose múltipla:
por motivos genéticos ou ambientais, “o sistema imunológico começa
a agredir a bainha de mielina (capa que envolve todos os axônios)
que recobre os neurônios e isso compromete a função do sistema
nervoso. A característica mais importante da esclerose múltipla é a
imprevisibilidade dos surtos”

- Artrite Reumatóide:
“é uma doença inflamatória crônica, autoimune, que afeta as
membranas sinoviais (fina camada de tecido conjuntivo) de múltiplas
articulações (mãos, punhos, cotovelos, joelhos, tornozelos, pés,
ombros, coluna cervical) e órgãos internos, como pulmões, coração e
rins, dos indivíduos geneticamente predispostos.
A progressão do quadro está associada a deformidades e alterações
das articulações, que podem comprometer os movimentos.”

- Lupus:
“é uma doença inflamatória autoimune, desencadeada por um
desequilíbrio no sistema imunológico, exatamente aquele que deveria
proteger a pessoa contra o ataque de agentes como vírus e bactérias.
O lúpus pode se manifestar sob a forma cutânea (atinge apenas a
pele) ou ser generalizado. Nesse caso, atinge qualquer tecido do
corpo e recebe o nome de lúpus eritematoso sistêmico (LES).”
- A Doença de Crohn:
De acordo com o Doutor Pedro Pinheiro, em artigo do site MD Saúde,
a doença de Crohn é uma “doença intestinal inflamatória e crônica
que afeta o revestimento do trato digestivo. A doença de Crohn pode
causar dor abdominal, diarreia, perda de peso, anemia e fadiga.
Algumas pessoas podem não apresentar sintomas na maior parte da
vida, enquanto outras podem ter sintomas crônicos graves que nunca
desaparecem.” Na visão sistêmica, a doença de Crohn expressa uma
raiva profunda pelo peso da responsabilidade. Ilustro com um caso:
V. foi abrigado, aos 11 anos, a cuidar de sua mãe doente até
completar 21 anos, quando ela veio a falecer. V. não tinha vida
própria, não teve namoradas e foi abandonado pelo pai e pela irmã.
Quando sua mãe faleceu, e então pode viver sua vida, desenvolveu o
Crohn. Quando abrimos o campo da Constelação, o representante de
V. partiu como uma fera para cima da irmã, colocando ali toda sua
ira. Chorou, gritou e pode expurgar toda sua dor. Ele sentia-se traído
pela irmã, que o deixou tão pequeno cuidando da própria mãe. Meses
depois, recebi de V. a notícia de que um milagre aconteceu. A doença
de Crohn, que tem um diagnóstico de “incurável”, ou seja, crônica,
mostrou-se controlada, trazendo mais qualidade de vida para V.
Álcool e
Drogas
Na visão sistêmica, as drogas mantém o indivíduo vivo, protegem-no
de partir. Estão a serviço daquilo que os pais não deram conta,
principalmente a mãe. A frase comum nesses casos é: “Eu pela
mamãe”. Na boa consciência a pessoa sentese boa e grande, um
mártir. Todos os mártires sacrificam-se pelas suas mães, inclusive
aqueles que se matam em atentados suicidas, também o fazem pela
mãe. Nesses casos, as frases indicadas para que se fale são: “Eu não
vou fazer mamãe"; “Não mamãe, você por você, eu por mim”; "você
com ajuda do papai". É necessário então olhar para as drogas,
agradecer pela força e proteção, e se despedir.
A frase a dizer é: “mesmo que você queira morrer mamãe, eu vou
manter a minha vida. Eu por mim”. Frases entre irmãos que sofrem o
mesmo problema de drogas pelos pais: “Nós vamos ficar vivos,
vamos manter a nossa vida”. Então, um irmão diz para o outro: “Eu
fico, fique você também”. A causa sistêmica pode ser também uma
ausência do pai ou de uma figura paterna. Existe algo que o pai pode
fazer com esta tomada de consciência, que é permanecer aberto para
a mãe dos filhos e para os filhos, sem julgamento, olhando para além
deles e além da mãe, deixando os emaranhados com ela. Quando
não se tem acesso ao pai, o amor se acumula. Então indica-se que
escreva uma carta de desabafo, e quem sabe um dia isso chegará
até eles. Uma criança não tem a força para se abrir para o outro,
principalmente quando precisa de um outro para existir. Contudo,
quando os filhos ficam adultos, aprendem a ter essa coragem, aí sim
pode-se trabalhar a permissão para que os filhos tomem o pai ou a
mãe, independente de alguma coisa.

A dependência grave
Na visão sistêmica, a dependência grave é um suicídio oculto, onde o
viciado quer se matar. Aí atua um profundo desejo para a morte.
Nesses casos, a frase que configura a dependência grave é “Eu por
você, mamãe, até a morte”. lsso os tira da culpa, e este amor em
sacrifício pela mãe os leva até a boa consciência.
Movimentos que curam: Com a ajuda do pai, deixamos a mãe
sozinha e, em direção ao pai, nos mantemos na vida. Com tal
movimento, saímos dessa grandeza que geralmente nos aprisiona ao
lado da mãe e voltamos para a vida. Ao lado da mãe todos são
heróis e dizem: “Eu morro por você”. Instala-se a síndrome do Herói,
"Eu por você", em relação a mãe.

Dependência Leve
A causa sistêmica para a dependência leve é a falta do pai. A
imagem interna é “mamãe é o suficiente, não preciso de você
papai". Assim, o pai é excluído e os filhos só tomam da mãe.
Porém, ocultamente, ficam tão vinculados à exclusão do pai, que
precisam dizer: "Mamãe só você não é o suficiente". A alma tem
dependência do pai e a substância, a droga, é o seu substituto. O
fanatismo espiritual, por vezes, funciona como uma dependência
leve ou pesada, dependendo do grau de envolvimento do indivíduo.
Esquizofrenia
De acordo com o Manual diagnóstico e estatístico de transtornos
mentais (DSM-5, 2014), a esquizofrenia caracteriza-se pela
presença de delírios, alucinações, discurso desorganizado,
comportamento catatônico ou desorganizado, e expressão
emocional diminuida. Para caracterizar a esquizofrenia precisa
haver a presença de pelo menos um desses fenômenos com certa
frequência durante o período de pelo menos um mês.
Na visão sistêmica, constata-se que, em casos de esquizofrenia há
um provável assassinato no sistema atual ou pregresso. O paciente
toma para dentro da própria alma o assassino e a vítima, ao
mesmo tempo. É necessário incluir tanto a vítima quanto o agressor
na alma.
Um bom exercício é colocar o representante do paciente, que tem
esquizofrenia, olhando para o assassino e a vítima, e pedir para que
fale internamente: "Quando olho para ambos, com meu pai e minha
mãe, amplio meu coração, tomo ambos e os abraço com amor (aqui
pode-se trabalhar com imagens ou linguagem hipnótica). Esse
exercício dissolve o peso psíquico que ocorre na esquizofrenia, onde
o amor une ambas as partes dentro da alma. O assassino e a vítima
se olham e se tocam, permitindo que a cura seja alcançada (aqui
também pode ser guiado com imagens pelo terapeuta). Nesse
movimento, o amor se conecta e dissolve a divisão. Então, toda a
família se reúne, dizendo: “agora podemos chorar por vocês dois
juntos, com amor, e tomamos os dois no coração”.
Cabe ressaltar que o pai que assassina a mãe perde o direito aos
filhos. O direito de pertencer só é perdido quando um membro da
família mata um outro membro da família.
O terapeuta sistêmico não se posiciona ao lado das vítimas e, sim,
acolhe no coração o assassino. Existem motivos maiores que levam
alguém aos atos que realiza, e não cabe ao terapeuta julgar isso.
Portanto, o terapeuta posiciona-se livre de ideias, de teorias, de
intenções, emoções e de empatia. Em alguns momentos, o
esquizofrênico se conecta com algozes, em outros, com a vítima.
Epilepsia
De acordo com o site do doutor Dráuzio Varella, a epilesia
caracteriza-se por uma síndrome que tem como sintomas crises
epiléticas parciais (se os sinais elétricos estão desorganizados em um
dos hemisférios cerebrais), ou totais (se essa desorganização ocorrer
nos dois hemisférios). Dentro da visão sistêmica esse tema é
controverso, pois alguns autores afirmam que tal ataque, que provoca
amnesia, pode estar protegendo a alma de alguma imagem de
assassinatos no sistema. lsso deve-se ao fato de perceberem que tais
pessoas, dotadas de visao mediúnica, são capazes de acessar tais
acontecimentos.
Porém, por não aceitarem seus dons, essas pessoas tem os desmaios
e ausências como uma forma de proteção da alma. Ademais, a
epilepsia também está associada a energia de crimes passionais.
cabe enfatizar que existem muitos casos neurológicos graves que
devem ser acompanhados por um médico especialista. Em nenhum
momento uma Constelação anula ou descarta o tratamento médico
adequado para a epilepsia.
Depressão
De acordo com o Manual diagnóstico e estatístico de transtornos
mentais (DSM-5, 2014), os transtornos depressivos se caracterizam
pela “presença de humor triste, vazio ou irritável, acompanhado de
alterações somáticas e cognitivas que afetam significativamente a
capacidade de funcionamento do indivíduo”. Na visão sistêmica, a
depressão não é uma tristeza, e sim um vazio que esconde uma
grande raiva. Há um movimento em direção a morte. A depressão
severa nas mulheres às vezes vem com situações ligadas a homens,
aos seus pais ou ligadas a dor de mulheres que foram colocadas em
determinado padrão envolvendo esses homens.
Em muitos casos, principalmente quando a mulher entra nesse
padrão de depressão severa, as histórias são ligadas a mulheres que
sofreram muito na mão de homens perversos.
Assim, essas mulheres vão descendo nas suas gerações trazendo
esse padrão de dor, como se alguém tivesse que adoecer dentro do
sistema para manter viva essa força ali dentro, do tipo “eu morro por
todas vocês, deixa que eu me entrego a essa dor”. É possível notar
também que alguns homens que entram nessa depressão profunda,
entram pela melancolia.
Melancolia
Em muitos casos, principalmente quando a mulher entra nesse
padrão de depressão severa, as histórias são ligadas a mulheres que
sofreram muito na mão de homens perversos.
Assim, essas mulheres vão descendo nas suas gerações trazendo
esse padrão de dor, como se alguém tivesse que adoecer dentro do
sistema para manter viva essa força ali dentro, do tipo “eu morro por
todas vocês, deixa que eu me entrego a essa dor”. É possível notar
também que alguns homens que entram nessa depressão profunda,
entram pela melancolia.
Melancolia
A melancolia é como uma paixão velada por algo do sistema que
não é colocado para fora, então, ela carrega aquele amor e aquela
dor profunda dentro dela. Portanto, o melancólico às vezes esconde
um apaixonado em olhar a dor sistêmica e carregá-la para o resto
da vida. O adulto melancólico olha toda aquela dor e enfraquece.
Ele esvazia algo dentro dele que ele não sabe bem o que que é,
como se ele buscasse alguma coisa que ele não sabe o que. É um
esvaziamento de sentimento que o coloca nesse estado melancólico,
que no fundo também é um apaixonado pela dor do sistema.
Compulsão
Alimentar
De acordo com o Manual diagnóstico e estatístico de transtornos
mentais (DSM-5, 2014), o Transtorno de Compulsão Alimentar
caracteriza-se por “ingestão, em um período determinado (p. ex.,
dentro de cada período de duas horas), de uma quantidade de
alimento definitivamente maior do que a maioria das pessoas
consumiria no mesmo período sob circunstâncias semelhantes e por
uma sensação de falta de controle sobre a ingestão durante o
episódio.” A compulsão alimentar é mais comum em mulheres. Na
visão sistêmica, são mulheres que comem a mãe que elas rejeitam.
A filha come tudo até acabar e, ao invés de tomar a mãe com amor,
elas querem incorporar a mãe de forma agressiva, sem amor.
Geralmente essas mães são muito criticas com seus filhos,
principalmente com a filha mulher. Assim, a filha começa a criar
uma raiva da mãe e começa a comer compulsivamente porque ela
excluiu a mãe dentro dela e fica um vazio, assim, ao invés de tomar
a mãe com amor, a raiva faz ela comer a mãe, incorporar de forma
agressiva. No campo, pede-se para a mãe falar para a filha:
“Obrigada filha, tenho orgulho de você. É melhor que você coma por
mim”. Uma forma de compulsão alimentar é a bulimia. De acordo
com o Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais
(DSM-5, 2014), a bulimia caracteriza-se por “episódios recorrentes
de compulsão alimentar”.
De acordo com a visão sistêmica, na bulimia as mulheres vomitam
porque elas comem compulsivamente, como se a comida fosse um
pecado. Assim, a bulimia está ligada a algo pecaminoso dentro das
pessoas. Essas mulheres pensam “eu não posso comer, porque é
pecado comer, eu vou ficar gordar e mal, porque comer não é bom, é
errado” e ao mesmo tempo a pessoa vai assumindo um
comportamento alimentar cada vez mais compulsivo. Portanto,
como se coloca algo errado pra dentro de si, é preciso expulsar esse
algo errado, então a pessoa vomita aquilo de errado dentro dela, e
acaba também vomitando a mamãe, vomitando tudo aquilo que
entra compensando de forma errada.
Às vezes os meninos que tem uma alma feminina também
apresentam esse comportamento de compulsão alimentar, contudo,
a bulimia é bem mais ligada a mulher do que ao homem.
Assim, quando o homem tem a bulimia é porque ele tem,
normalmente, características femininas, ou são filhos de mães
muito repressoras que os criticam o tempo todo.
Autismo
De acordo com o Manual diagnóstico e estatístico de transtornos
mentais (DSM-5, 2014), o Transtorno do Espectro Autista
caracteriza-se por déficits persistentes na comunicação social e na
interação social assim como por padrões restritivos e repetitivos de
comportamento e interesses. Na visão sistêmica, o autismo é um
tipo de esquizofrenia. Alguém do sistema, que em gerações
passadas foi excluído em vida, também foi privado do convívio
social. A fala do autista é “não é seguro me vincular com ninguém”.
Geralmente não querem ser tocados. Isto porque o autista tem uma
hipersensibilidade ao toque e a audição.
Quando alguém chega perto dele, tenta tocá-lo ou falar com ele, ele
leva as duas mãos na cabeça, perto dos ouvidos, como se tapasse
os ouvidos. Ele encurva o corpo e é como se dissesse: “eu não posso
confiar em nada, nem ninguém aqui, eu preciso me proteger,
existem segredos aqui que não podem ser contados”. Desse modo,
o autismo pode ser compreendido como uma espécie de capa
protetiva para essa pessoa, tanto que o movimento do autista às
vezes é do balanço, que é como se ele tivesse se auto hipnotizando,
como se ele estivesse entrando num transe. Cabe ressaltar que o
balanço do corpo está muito ligado aos ouvidos pois na altura dos
ouvidos existe o liquor, que é o que nos traz equilíbrio.
Então, quando o autista traz aquele comportamento de balanço é
como se ele próprio se provocasse um desequilíbrio, como se esse
líquido ficasse flutuante dentro dele, proporcionando um estado
emocional desequilibrado. Diante disso é que ele traz essa capa de
proteção, que é quando ele fala: “eu não posso me entregar aqui, eu
não confio nesse sistema, existe um segredo aqui dentro desse
sistema”. Além disso, em casos de autismo, é possível notar que a
mãe nega o filho em algum momento. Por isso, torna- se necessário
que a mãe fale: “Querido filho, eu gosto de ver o seu pai em você”,
autorizando, desse modo, que o filho faça parte.
É necessário esclarecer aos pais do autista que tal constelação
pode, de alguma forma, trazer uma melhora cognitiva grande,
contudo, não existe cura para essa patologia.
Também torna-se necessário sempre ficar atento as reais vontades
pelas quais os pais nos procuram, o que pode nos trazer a luz e o
entendimento pelo qual isso aconteceu e pode trazer qualidade
para o sistema.
Aborto
Ao contrário do que muitas pessoas falam a respeito do aborto
estar ligado a assassinatos, Bert Hellinger fala em seu livro “A
Simetria Oculta do Amor” que, na verdade, tudo que um pai ou uma
mãe decidem precisa ser assentado dentro do coração. Ou seja, é
um assentamento de um sim, de você decidir se você quer ou não
dar continuidade a essa vida que aconteceu dentro de você, e então
tomar dentro do coração esses filhos abortados como filhos no
sistema, dando lugar e ordem a todos eles, aos nascidos e não
nascidos, para que os filhos nascidos não carreguem esse peso
pelos pais, o peso da culpa por terem nascido e os outros não.
Então, quando um pai e uma mãe decidem por esse ato, eles
precisam toma-lo dentro do coração todo o tempo, para que cada
filho que consiga nascer não precise honrar sua vida aqui fora por
aqueles que não conseguiram nascer. Como os pais seguem vivos
após um aborto? Eles seguem sem justificar, apenas dizem “eu fiz” e
pronto, sem julgamento de outros, assumindo as responsabilidades
pelo ato. Podem dizer "nós te amamos" ao filho abortado. Em
alguns casos, observa-se que a mãe ou o pai de um filho abortado
tem instinto assassino. Existem também situações em que
percebemos que a mulher ou o homem aborta o companheiro ou
companheira junto com a criança.
A mulher tira um pedaço de si. "Fiz isso a mim mesma", por amor, e
isso precisa do seu lugar. Assim, um bom exercício é concordar com
tudo como é, fazendo parte de um movimento maior. Então,
concorda-se com as consequências, e pode ser que em algum
momento haja um profundo arrependimento. Para Bert Hellinger, a
morte de uma criança abortada nãe vem de sua mãe ou do seu pai,
vem de um outro lugar. Os pais devem encarar de uma maneira
firme, e para isso precisa da alma. Para soltar a criança dizemos
“Meu filho” ou “Minha filha” olhando para o representante ou para a
imagem da criança abortada.
Aborto
Espontâneo
Os abortos espontâneos também tem um lugar, e por isso a mãe e o
pai também precisam carregar para dentro do coração o sentimento de
que eles são responsáveis por essas crianças, fazendo rituais,
assentando as crianças dentro do coração, dando um lugar a cada um,
numerando esses filhos junto com os filhos que nasceram, para que
cada um ocupe o seu lugar e para que essas crianças possam seguir
sem ter que compensar nada aqui fora. Enquanto os filhos não vem, é
necessário soltar o desejo com tudo aquilo que custa e servir a vida de
outra forma, assim fala-se: “não está nas nossas mãos, se podemos ter
filhos ou não, eu entrego, se eu posso transmitir a vida ou não, eu solto
isso das minhas mãos”. As crianças nos dão de volta o que demos à
vida, se não vierem, vamos buscar juntos enquanto casal em relação à
vida de outra forma.
Síndrome do
Pânico
De acordo com o Manual diagnóstico e estatístico de transtornos
mentais (DSM-5, 2014), “no transtorno do pânico, o indivíduo
experimenta ataques de pânico inesperados recorrentes e está
persistentemente apreensivo ou preocupado com a possibilidade de
sofrer novos ataques” e esses ataques representam “medo intense ou
desconforto intenso”. Na visão sistêmica, a síndrome do pânico traz em
si um enorme medo da perda ou um grande medo da morte. É uma
sensação de insegurança em relação a própria vida ou a perda de
parentes próximos, pessoas ligadas diretamente a mãe ou ao pai.
Normalmente são crianças que foram abandonadas na infância pela
sua mãe ou pelo seu pai e continuaram crescendo com uma sensação
de insegurança.
Também são, por vezes, crianças cujo pai abandona a mãe e essa mãe
é uma pessoa que não traz segurança para o filho, que leva uma vida
desrregrada, descontrolada e, por algum motivo, se casa com um
parceiro que não traz segurança. Assim, essa criança vai convivendo
com isso e seguirá buscando segurança em outras pessoas. Serão,
portanto, aquelas pessoas que ficam pesadas para a vida do outro, que
querem receber amor, que frequentemente perguntam se você as ama,
que tem medo de perder nas relações, por fim, ficam dependentes do
outro. No livro As 5 Feridas Emocionais da autora Lise Bourbeau
demonstra-se que aquele que tem esse tipo de perda na infância,
quando bebê ou quando dentro da barriga da mãe, ou ainda aqueles
que crescem em família que não trazem segurança, acabam ficando
excessivos para o outro.
Essa pessoa quer ser amada, ela precisa entender se as pessoas estão
desejandoa e coloca a sua vida na mão do outro. Desse modo, ela se
torna uma dependente emocional do amor do outro. Ela não consegue
pensar que um dia as pessoas não estarão ali com ela. É uma
insegurança que acontece o tempo todo. Nesse sentido, quando o
pânico se instala, é esse medo que geralmente se expressa como uma
dor dentro do peito, como se a pessoa tivesse uma sensação de infarto.
É uma dor que vai subindo pela garganta, e portanto parece, às vezes,
que a pessoa está tendo um infarto, é o medo da morte e da perda.
Assim, essa pessoa começa a fazer algo que chamamos de doctor
shopping, ou seja, ela vai a diversos medicos e começa a buscar
entender o que está acontecendo com ela, porque ela pensa que vai
morrer de alguma doença. Assim, ela vai a médicos,
toma diferentes remédios, às vezes não consegue dormir, fica virada a
noite inteira, e aí entram em ação os ansiolíticos e os antidepressivos.
Nos casos de pânico, os tratamentos com hipnose são bastante
eficazes, porque realiza-se um trabalho de trazer as imagens de dor,
perda e de abandono para dentro dessa pessoa, e então busca-se
ressignificar isso através de imagens, trocando o medo, a ansiedade e
a angústia por algo mais leve na vida dessa pessoa, para que a pessoa
possa tomar a vida nas suas próprias mãos, sem medo. E logo em
seguida percebe-se que essa pessoa que simboliza o pânico, a
angústia e a ansiedade se transforma, dentro do campo, na mãe ou no
pai desse indivíduo, aí é onde irá se mostrar com quem que o filho está
identificado. Quando trabalho com imagens, às vezes coloco o pai, a
mãe e a pessoa olhando para eles, e geralmente atrás do pai e da mãe
irá aparecer um ente familiar.
Tireóide
Disfuncional
Nos casos de tireóide disfuncional, coloca-se a mão na garganta e se
pergunta: “Quantas lágrimas se acumulam aqui? Todas as lágrimas?”
Algo dentro de você diz: “NÃO”, é uma raiva contida, não dita. Você
respira e espera o seu corpo trazer o SIM, e isso é tão difícil para nós,
principalmente em relação aos sentimentos dolorosos e à impotência.
Quando somos tomados por ela, ficamos impotentes e precisamos de
força para sermos fracas, e isso às vezes requer grandeza para mostrar
fraqueza. Assim, temos que esperar para acumular força suficiente e
ter a coragem de se entregar a essa impotência: "sim, sou impotente".
Inspiramos e expiramos, soltando e libertando. A pessoa não aceita ser
fraca e vai ao seu limite máximo. Até para aceitar ser fraco, precisamos
de coragem e força.
Cesariana
Existem alguns estudiosos que dizem que a cesariana pode demonstrar
um movimento do amor interrompido, pois, por meio da anestesia,
acontece uma paralisação do sistema hormonal que não corresponde
ao movimento do corpo. Porém, existem apenas observações e nada
muito concreto a respeito disso, contudo, não deixa de ser algo
relevante para se olhar.
Psicose
Maníaco-
Depressiva
Nas classificações diagnósticas do DSM-5 (2014) está incluso no
Transtorno Bipolar, podendo ser o Transtorno Bipolar do tipo I, o
Transtorno Bipolar do tipo II ou Transtorno Ciclotímico. Nesses
transtornos há uma variação entre os episódios maníacos e episódios
depressivos, cada qual com suas especificidades. Geralmente, pessoas
que chegam na Constelação com sintomas ou diagnóstico de Psicose
Maníaco Depressiva constata-se que há incesto na família. Geralmente
tal patologia se manifesta quando a mãe seduz o filho. Portanto, nem
sempre o incesto acontece, mas é algo que fica pairando no ar, pois há
a sedução. A doença sempre vem a serviço da vida, e ela vem a serviço
de alguém, então é como se a psicose travestida de mamãe dissesse
para a pessoa: eu sou a sua doença, meu filho.
Hiperatividade
Hoje em dia, a hiperatividade ficou banalizada, principalmente quando
se fala do diagnóstico de TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e
Hiperatividade). De acordo com o Manual diagnóstico e estatístico de
transtornos mentais (DSM-5, 2014), “a característica essencial do
TDAH é um padrão persistente de desatenção e/ou hiperatividade-
impulsividade que interfere no funcionamento ou no desenvolvimento.”
A partir da visão sistêmica, observa-se que a maioria dos diagnósticos
de hiperatividade representam crianças que na maioria das vezes
começam a ter um excesso de informação, proveniente de todos os
lados. São crianças que são muito ligadas as suas mães. Essas mãe
são mulheres que se separam e, então, a filha ou o filho começam a
ocupar o lugar de cuidadores dessa mãe.
Portanto, são crianças que vigiam a mãe. Quando é menino, ele quer
entrar no lugar do pai, no lugar do marido da mãe, e começa a ficar tão
ligado a ela que não consegue se concentrar em outras coisas, ele pode
inclusive desenvolver um pânico de perder a mãe. Quando é menina,
ela se torna uma vigia da mãe e vai prestar atenção se a mãe está
namorando e o que a mãe está vestindo. Assim, a menina quer se
meter na vida da mãe, quer ser a mãe da mãe, a mãe crítica da mãe, e
ela fica tão exausta de estar nesse lugar que na escola não consegue
se concentrar. Ademais, o modelo de escola que temos hoje em dia
ainda é regida por moldes antigos e não tem esse olhar sistêmico para
as crianças. Assim, eles chamam os pais e dizem que a criança está
hiperativa, porque a criança não para para se concentrar.
Contudo, essa criança não se concentra porque ela não quer olhar para
aquilo que é sério, ou quando ela olha ela se lembra daquilo que ela
tem que tomar conta – a mãe. Assim, a mente da criança está sempre
em vigília, e então diagnosticam a criança como hiperativa e sem foco e
a encaminham para o medico, que acaba receitando ritalina. O que não
se vê é que, na verdade, essas são crianças que vem de famílias
disfuncionais, ou, às vezes, a mãe e o pai não se configuram como
disfuncionais, mas por trás desse sistema houveram pessoas
disfuncionais com as quais essa criança vem identificada, podendo ser
um vovô ou uma vovó, por exemplo. Contudo, o mais comum nesses
quadros, que percebi na minha experiência, é que essa criança entra no
lugar do marido da mãe ou da esposa do pai.
Além disso, a hipertividade também pode ser vinculada a energia de
crimes passionais. Isto porque um homem ou uma mulher, que crescem
sem cuidar de toda essa dinâmica familiar disfuncional dentro de si,
vão buscar nos seus parceiros essa complementação, esse excesso do
outro – “eu sou apaixonado ou apaixonada, eu quero dar demais, eu
quero receber demais”. E essas relações excessivas geralmente tem um
fim trágico.
Até a Próxima

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