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R e Ter
R e Ter
Os Walsh 3
R. Schirmer
Direitos autorais do texto original
R. Schirmer
2019 Todos os direitos reservados
Índice
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Epílogo
Prólogo
KEVIN
Eu estava curioso para saber o que minha irmã tinha para anunciar.
Alicia tinha me mandando uma mensagem três dias antes me convidando
para um jantar em sua casa enquanto eu estava na Alemanha. Por sorte, eu
tinha um voo marcado para os Estados Unidos logo no dia seguinte.
Uma das coisas que eu não gostava em relação ao meu trabalho era
que muitas vezes eu perdia momentos importantes. Como apresentações de
balé da minha sobrinha, aniversário de amigos e parentes e uma das coisas
que mais me deixara chateado nos últimos tempos: perder o nascimento do
meu sobrinho.
Estacionei meu Acura preto, um novo modelo SUV que eu tinha
acabado de comprar. Saí do veículo e ajeitei os óculos escuros sentindo o sol
de verão contra o meu rosto. O edifício que minha irmã morava era um belo
triplex em Upper East Side que ela comprara poucos meses depois de se
casar. O porteiro me cumprimentou com um boa noite e eu fui diretamente
para o elevador.
Coloquei minha digital no número do andar da minha irmã e subi até
a cobertura onde ela morava. Quando as portas de aço se abriram, pude ver a
grande porta de madeira branca. Tudo estava silencioso, mas eu sabia que
todos já tinham chegado. Eu estava atrasado, como sempre. Toquei a
campainha e poucos segundos depois, meu cunhado apareceu.
— Oi, Kevin. Finalmente! Alicia estava pensando que você tinha
esquecido. — estendeu a mão para mim.
— O fuso horário acaba comigo, vocês sabem disso. — apertei sua
mão em um cumprimento — Todos já chegaram?
— Sim, Alicia já ia dar a notícia sem você.
Ryan fechou a porta atrás de mim quando eu entrei. Havia um hall
de entrada e um arco com uma porta dupla que dava para a sala de estar. Era
um ambiente claro, com grandes janelas de vidros e portas duplas que davam
para uma varanda com a bela vista de Manhattan. Os sofás e poltronas eram
brancos e decorados com almofadas brancas e pretas intercaladas. No meio
havia duas mesas de centro quadradas e brancas, com decorações de vasos,
plantas e velas. Na parede do lado esquerdo, havia 6 quadros com imagens
em escala de cinza capturadas pelo meu irmão.
Alicia tinha escolhido toda a decoração com Ryan e eles fizeram
um belo trabalho. Aparentemente, Alicia e Ryan Beaumont trabalhavam bem
em equipe. O chão era de madeira corrida e havia um grande tapete felpudo
cor de areia sobre ele. Os grandes lustres de cristal clareavam bastante o
ambiente.
Todos os convidados já tinham chegado. Estavam todos sentados
nos sofás e poltronas aparentemente me esperando. Pude ver Louis, Maddie,
Frank, Rosa, Niall, Carly e Adrian. Minha irmã apareceu vindo da cozinha
segurando meu sobrinho no colo.
— Até que enfim, Kevin! — ela foi a primeira a falar alguma coisa.
— Desculpe o atraso. De novo. — completei.
— Eu estava prestes a servir o jantar.
Alicia sorriu e se aproximou de mim. Luca, meu sobrinho de seis
meses, estava vestido com uma bermuda azul com pequenas âncoras
estampadas, uma camiseta branca com os dizeres “Bonito igual ao pai.” e um
tênis branco da Adidas. Ele tinha cabelos escuros e grandes olhos azuis e
agitava os bracinhos bastante animado.
— Oi, Ali. — dei um beijo no rosto da minha irmã assim que ela
chegou perto de mim e olhei pra Luca — Ei, garotão. O tio mais legal acabou
de chegar.
Sorri e peguei Luca no colo. Ele se remexeu e logo agarrou meu
cabelo. Pude ouvir a risada de Ryan logo atrás de mim.
— Ele adora puxar cabelos. A minha sorte é que o meu é curto,
mas minha esposa sofre. — ele se aproximou da minha irmã e lhe deu um
selinho — Não é mesmo, gata?
— Ainda bem que Luca achou outro para castigar. — ela
respondeu e deu a volta no sofá — Vamos ao que interessa. — olhou para
Ryan — Amor, pegue a garrafa de vinho, por favor.
Eu me sentei com Luca no colo ao lado da minha sobrinha.
Cumprimentei todos com um aceno de cabeça. Ryan serviu uma taça de
vinho para cada um e Alicia tinha um dos maiores sorrisos que já vi no rosto
de alguém.
— Ei, está faltando a Daphne. Cadê ela? — perguntei sentindo falta
da minha prima mais nova.
— Daph voltou para a faculdade, as aulas começaram. — Adrian
respondeu.
— Ah, tem razão. Já estamos em setembro. E nossos pais?
— Estão na Itália. Ele está trabalhando em outro vinhedo. — dessa
vez foi Louis quem respondeu.
— Bem, eu chamei todos aqui porque como vocês sabem, estou
voltando para a empresa aos poucos agora. — Alicia era a única de pé e
começou a falar — Eu estendi minha licença maternidade, mas fiquei em
casa trabalhando. E tive uma ideia. — olhou para Ryan.
— A biblioteca comunitária foi nosso primeiro projeto juntos, ideia
da minha linda esposa também, e tem sido um grande sucesso. Foi graças à
base desse projeto que Alicia pensou no próximo passo. — ele segurou a mão
dela e fez um sinal com a cabeça para que minha irmã continuasse.
— Os professores das escolas das redondezas conversam muito
com os nossos funcionários e o índice de aproveitamento dos alunos tem
aumentado bastante depois que a biblioteca foi inaugurada. Principalmente
em Línguas e Literatura. Então andei pensando em criarmos um jornal online
voltado para os jovens.
— Essa ideia é maravilhosa, Ali! — Carly exclamou.
Minha prima tinha razão. Era uma ideia genial.
Alicia tinha um dom incrível e criatividade para criar coisas que
pudessem ajudar ao próximo e a idade de focar na juventude era excelente.
Era uma fase difícil, onde estimular determinadas coisas nos jovens era uma
tarefa bem complicada.
— Eu andei pensando. Os jovens estão conectados o tempo todo,
com computadores e celulares, então pensei que seria interessante um jornal
virtual voltado para eles, com uma linguagem mais apropriada e próxima da
realidade deles, com os temas do universo jovem e com as mesmas notícias
que encontramos, por exemplo, no New York Times. — ela explicou.
— Parece que você não dorme em serviço, Ali. — Louis falou.
— É claro que apoiei a ideia e vamos colocá-la em prática ainda
esse mês. — Ryan também se levantou — Ligamos para Lizzie, ela está
morando em Los Angeles no momento como vocês sabem, mas já topou
retornar a Nova York para participar efetivamente do projeto. Nós a
convidamos para ser nossa editora geral.
— Isso é um máximo! — Rosa exclamou batendo palmas.
— Então quer dizer que a Lizzie está voltando? — perguntei
afastando a mão do meu sobrinho do meu cabelo — Bom saber.
— Ei, Kevin! — Ryan apontou para mim — Pode ir guardando
suas garras. A Lizzie não é para o seu bico.
— Dessa vez eu concordo com o Ryan. — Louis se manifestou —
Você só quer se divertir, deixe a Lizzie fora disso.
— Todos contra mim, como sempre.
— Vamos comer! — Alicia interrompeu o assunto — Loretta fez
um jantar incrível.
Loretta tinha sido a cozinheira contratada pela minha irmã e a
ajudava com o bebê em algumas ocasiões. Ela não trabalhava todos os dias,
geralmente duas ou três vezes na semana. Foi uma das melhores coisas que
Alicia fez, afinal, ela não tinha o menor talento para cozinha.
A sala de jantar era espaçosa e a enorme mesa tinha doze lugares.
Eu escolhi o meu entre Rosa e Carly e me acomodei. Funny, a cachorrinha da
minha irmã entrou latindo e se enroscando nas pernas dos convidados. O
jantar foi servido por Loretta e o cheiro era maravilhoso. No meu prato estava
um belo medalhão de filé com cogumelos que me deu água na boca. As
comidas dos hotéis eram gostosas, mas faltava algo que somente uma comida
caseira tinha. Um toque especial que eu não sabia dizer qual era, porém
deixava tudo melhor.
Alicia colocou Luca no bebê conforto e o deixou na cadeira ao seu
lado. Meu sobrinho sacudia os braços e fazia alguns barulhinhos como se
quisesse participar da conversa. Não fiz nenhum tipo de cerimônia e coloquei
um pouco mais de comida no prato.
— Como vão as coisas com a nova oficina, Frank? — Ryan
perguntou.
— Vão bem. — respondeu se servindo mais de vinho — Agora eu
também sou garoto Manhattan.
— Quero dar uma passada por lá e ver o novo lugar. — falei.
— Claro, vai ser uma maravilha ver o novo bebê que você
comprou.
— Darla é linda! Você vai ficar impressionado. — Ryan falou.
— Quem é Darla? — minha irmã perguntou fuzilando o marido
com os olhos.
— O novo carro do seu irmão. — respondeu tranquilo apontando
para mim com o garfo — O Acura que ele acabou de comprar.
— Darla?! — Carly franziu o cenho olhando para mim.
— Sim, é o nome do meu carro. — suspirei — Qual o problema?
— Por que é um nome feminino?
— Porque sempre é um nome feminino. — respondi cortando meu
filé — Não vamos por nome de homem num lugar que costumamos sentar.
Luca começou a chorar e interrompeu o assunto. O que foi bom
porque não queria ficar discutindo sobre o nome do meu carro. Ryan tinha
um novo Tesla e tinha dado a ele o nome de Leia em homenagem a uma
personagem de Star Wars. Provavelmente minha irmã não sabia disso.
— Acho que preciso trocar a fralda desse garotinho. — Alicia
pegou Luca no colo e o aconchegou sobre o peito — A próxima vez é sua. —
falou para o marido.
— Espero que demore.
Alicia pediu licença e saiu da sala de jantar. Todos já tinham
terminado suas refeições. Peguei meu celular e vi alguns alertas de
mensagens.
Sheryl.
Vivian.
Stephanie.
Jenny.
Cindy.
Annie.
Havia uma lista de mulheres com quem eu poderia sair naquela
noite, mas eu já tinha marcado com Julia, uma estudante da Universidade de
Nova York que estava explorando o melhor lado da cidade e eu adoraria
mostrar a ela o que a Big Apple[2] tinha a oferecer.
Comemos uma torta de limão de sobremesa e aos poucos algumas
pessoas foram se despedindo. Niall foi o primeiro, seguido de Carly e Adrian,
Rosa e Frank. Louis queria ir, mas Maddie insistia dizendo que queria ficar
mais tempo com o primo.
— Eu nem tive tempo de brincar com ele, papai. — protestou.
— Já está tarde, cupcake. Você tem aula amanhã.
— Só mais um pouquinho, por favor.
Era com aqueles olhinhos azuis e brilhantes que minha sobrinha
conseguia tudo. Eu fui até Louis e passei o braço sobre seus ombros,
puxando-o para perto da grande varanda do apartamento.
— Lou, eu tenho uma proposta para você.
— Eu nunca sou muito a favor das suas propostas, Kevin.
— Essa você não tem como negar. Vamos sair hoje à noite. Vou
encontrar uma gata que tenho certeza de que tem uma amiga gostosa.
— Você sempre pensando em mulheres, Kevin. Sinceramente, eu
achei que isso fosse acabar depois que você descontasse sua frustração em
relação à Susan, mas você está cada vez pior.
— Louis, eu já te falei que não pretendo ficar vivendo essa ilusão
de que existe uma mulher certa.
Era sempre a mesma discussão por meses a fio. Louis era o eterno
romântico que mesmo depois de uma das piores decepções amorosas que já
vi, continuava com a ideia de que existia uma mulher ideal com quem se
casaria e viveria feliz para sempre. Para mim, esse final feliz só existia nos
contos de fadas, afinal, ele estava há oito anos esperando por isso.
Caí no erro há alguns anos quando me apaixonei. Quando estava
noivo, poucos meses antes de me casar, descobri que tudo era uma mentira.
Eu tinha sido enganado e fora uma das piores sensações que já senti. Não
queria correr o risco de passar por isso de novo, então decidi que sairia com
mulheres, me divertiria, mas deixaria claro que não haveria nada sério entre
nós.
Já fazia um ano e meio que eu estava levando as coisas dessa
forma. Ainda não tive nenhum problema. Por que mexer em time que está
ganhando?
— Ei, Lou, vamos lá! Há quanto tempo você não transa com
alguém?
— Não quero falar disso, Kevin. — respondeu — E não posso
largar minha filha assim do nada, amanhã ela tem aula e não posso chamar a
babá em cima da hora.
— Maddie quer ficar aqui com o Luca. Tenho certeza que se você
pedir ao Ryan e a Ali, eles não vão se importar de ficar aqui com ela.
Meu irmão adorava criar empecilhos, mas eu precisava fazer com
que Louis saísse e se divertisse como um cara de vinte e seis anos solteiro.
Ele tinha uma filha e eu entendia isso, mas também tinha suas próprias
necessidades e um cara precisa transar. A falta de sexo mexe com o humor de
um cara e Louis está precisando rir mais, nos últimos tempos ele tem andado
bem distante e mal humorado.
— Maddie, que tal passar a noite aqui na casa da tia Alicia? —
sugeri.
— Eu posso?! — seus olhinhos azuis desviaram do primo para mim
— Eu quero, tio!
— E aí, Ali? Pode ser? — perguntei no momento em que ela
voltava para a sala.
Perguntei à minha irmã que mesmo que não quisesse, não teria
como negar, afinal, eu já tinha deixado Maddie animada com a ideia.
Sinceramente, eu era um cara bastante inteligente.
— Claro que pode. Não vejo problemas. — respondeu.
— Viu? Vamos para casa, Louis. — dei um tapinha nas suas costas
e olhei para minha sobrinha — Agradeça ao tio Kevin por poder passar a
noite aqui hoje, princesa.
— Obrigada, tio!
Maddie correu em minha direção e me abraçou pela cintura. Passei
as mãos nos seus cabelos e sorri para meu irmão, que me olhava com cara de
quem tinha cedido, mas bem contrariado.
— Cupcake, preste atenção. — ele falou agachando na frente da
filha — Obedeça aos seus tios e amanhã cedo eu venho te buscar.
— Relaxe, Louis. Eu a levo até em casa quando sair para o
escritório. Vai dar tempo de a baixinha se aprontar para a escola. — Ryan
falou.
— Problema resolvido.
Encerrei a questão e nos despedidos de todos. Luca já estava quase
adormecido no bebê conforto, então preferi nem chegar perto para não
despertá-lo. Arrastei meu irmão antes que ele desistisse e disse que passaria
em seu apartamento em uma hora e meia para irmos à boate.
Desde que eu tinha terminado com Susan, eu nunca mais apareci na
Beer House. Era uma boate onde eu costumava ir com ela quando estávamos
na cidade, mas que eu evitei depois de tudo o que aconteceu. O ambiente
ainda era o mesmo, escuro, colorido, com música alta e várias pessoas
bebendo e dançando. Havia espaços reservados para a galera que quisesse
sentar e ter uma conversa um pouco mais à vontade.
Eu me dirigi para lá acompanhado do meu irmão. Louis não curtia
esses lugares, mas eu sei que fazia por mim. Agora que estávamos mais
velhos e com outras responsabilidades, passar um tempo com meu irmão
gêmeo tem sido difícil. Louis está sempre ocupado gerenciando seu tempo
entre a filha e o trabalho e eu como sempre passando boa parte dos dias fora
da cidade.
— Tenho que parar de aceitar vir com você a esses lugares. —
Louis falou assim que nos acomodamos em uma mesa.
— Há quanto tempo não fazemos isso, cara? — coloquei a mão em
seu ombro e sacudi — Deixe de agir como se fosse um velho. Você só tem
vinte e sete anos, Louis.
— Kevin, você sabe que nunca gostei de balada. Eu mal tive tempo
de aproveitar essas coisas ou você esqueceu que eu me tornei pai aos dezoito
anos?
— Eu sei. E é por isso que acho que você deve se divertir um
pouco. A Maddie está crescendo, ela pode ficar muito bem um dia sem você.
Ela já ficou várias vezes quando você saía para trabalhar. Alicia e Ryan estão
cuidando dela numa boa.
— Quando você for pai vai me entender.
— Não pretendo, acredite. Descobri que esse tipo de coisa não é
para mim.
Pedi ao barman duas cervejas para começarmos e deixar Louis um
pouco mais relaxado. Enviei uma mensagem para Julia avisando que já
estava na boate e que estava na área reservada bebendo com meu irmão. Ela
respondeu poucos minutos depois dizendo que estava chegando e que vinha
acompanhada da prima.
Eu tinha um pressentimento de que a noite terminaria muito bem
tanto para mim quanto para meu irmão.
— Julia está trazendo uma prima. Tente melhorar o seu humor
logo. — avisei.
O barman trouxe nossas bebidas e eu levantei o copo de cerveja em
um brinde. Louis entrou na minha e chocou o vidro fazendo-o tilintar. Não
demorou muito até que Julia aparecesse. Era uma morena de cabelos escuros
e latina, tinha belas curvas e eu pretendia me divertir bastante com elas
naquela noite. Ao seu lado, estava sua prima, tão fisicamente parecida que
ambas poderiam se passar por irmãs. Talvez fosse engraçado, já que eu era
idêntico ao meu irmão.
Certamente seríamos um casal que chamaria atenção.
— Julia. — eu a chamei quando me levantei para que ela me visse
e me reconhecesse, afinal, era sempre complicado quando estávamos Louis e
eu juntos.
— Kevin!
Ela deu alguns passinhos apressados batendo os saltos no assoalho
e envolveu os braços no meu pescoço.
— Quanto tempo, linda. — falei envolvendo sua cintura fina e
encostei meus lábios em seu pescoço, ela tinha um cheiro doce.
— Que bom que me ligou quando chegou à cidade.
— Como se eu fosse louco de fazer diferente.
Afastei-me dela e olhei para sua prima. A garota parecia mais
calada, menos expansiva do que Julia. Seus olhos castanhos desviaram de
mim para Louis e eu aproveitei a deixa.
— Bem, eu trouxe alguém comigo hoje. — estendi o braço em sua
direção — Esse é Louis. Acho que não preciso dizer que ele é meu irmão.
— Você não me disse que tinha um irmão gêmeo, Kevin. — Julia
me deu um tapinha no peito e olhou para Louis — Muito prazer!
Ela estendeu a mão para ele e meu irmão retribuiu o cumprimento.
Pude ver seus olhos desviarem da garota para mim e eu o conhecia, tínhamos
a ligação de gêmeos da qual Alicia tanto reclamava. Eu sabia que ele queria
dizer que ia me matar por arranjar essa situação.
— Bem, nos apresente sua prima. — falei para quebrar o clima que
pareceu pesado.
— Essa é a Estela.
— Oi, Estela. É um prazer conhecer você. — sorri e estendi a mão
— Sou Keivn.
— O prazer é meu, Kevin.
A garota apertou minha mão. Pude sentir sua pele gelada, ela estava
nervosa e seu sotaque evidenciava que ela não estava no país há muito tempo.
— Como eu já disse, esse é meu irmão.
Indiquei Louis, que a cumprimentou da mesma forma. Eu deixei
que as duas garotas se acomodassem e as analisei bem. Estela não devia ter
mais do que vinte e três anos, uma idade ótima já que meu irmão tinha que
parar de se sentir um velho.
— Nós vamos buscar umas bebidas, tudo bem? — falei.
Puxei Louis comigo, que prontamente me acompanhou até o bar.
Assim que chegamos eu pedi as quatro cervejas, ele se apoiou no balcão e
olhou para mim de maneira séria.
— Eu não deveria ter vindo com você, Kevin.
— Você está reclamando que tem uma garota linda e disponível
naquela mesa? — arqueei a sobrancelha.
— E eu tenho uma garotinha de oito anos em casa que eu deveria
estar colocando na cama.
— Permita-se viver, Lou. Pelo amor de Deus! — levantei o dedo
mostrando o número um — Pelo menos um dia quando seu irmão está na
cidade.
— Certo, Kevin.
Ele pegou as duas garrafas de cerveja e eu fiz o mesmo com as
outras duas. Nós nos sentamos com as meninas e não demorou muito até que
Julia me puxasse para um beijo. Eu gostava quando as coisas iam fáceis dessa
forma, poupava boa parte do meu trabalho.
Ela era uma garota de vinte e um anos aproveitando o que a
liberdade da idade lhe dava. As boates, as bebidas e eu estava aqui para
ajudá-la nisso. Quem precisa de amor e todas aquelas palhaçadas quando se
pode aproveitar a vida de solteiro?
Conversamos um pouco e tomamos algumas cervejas juntos. Louis
e Estela estavam indo bem, mas meu irmão ainda se mantinha muito na
defensiva.
— O que você faz, Louis?
— Sou fotógrafo.
— Uau! É uma profissão bem interessante. Eu acabei de me formar
em psicologia.
— É uma boa carreira. — ele respondeu.
— Vem dançar comigo, Kevin.
Julia me chamou e eu não poderia recusar. Uma garota bonita
rebolando e se esfregando no meu pau? Levantei e fui com ela para a pista de
dança.
Ficamos um bom tempo ali nos movendo ao ritmo da música
agitada que tocava na boate. Nossos corpos suavam, eu estava ficando
excitado e louco para sair dali e levá-la para um local mais reservado. Puxei
Julia para um beijo e enrolei meus dedos em seus cabelos. A sensação de ter
uma mulher nos braços era maravilhosa, principalmente quando essa mulher
era linda e desinibida.
Senti meu pau pulsar e afastei os lábios dos seus. Olhei em seus
olhos escuros e a puxei para o canto da boate. Encostei seu corpo em uma
parede e apoiei as mãos ao lado da sua cabeça.
— Acho que não precisamos ficar aqui por muito tempo mais.
Temos outras coisas para fazer.
— Eu concordo. Preciso avisar a minha prima que estamos indo.
Eu me afastei o suficiente para que ela fosse até nossa mesa
caminhando na minha frente. Julia tinha uma bela bunda que ficava ainda
mais perfeita naquele vestido preto. Eu não via a hora de arrancar cada
pedaço de roupa dela. Sentados à mesa, pude ver meu irmão conversando
com Estela, mas eles não pareciam muito entrosados e eu sabia que isso
acontecia porque Louis não estava confortável no lugar.
— Estela, eu já vou indo. — Julia falou segurando o braço da prima
— Você se importa?
— Hmm, não. Eu acho que não. — respondeu um pouco sem jeito.
— Não se preocupe, eu a levo em casa. — Louis interveio.
Pisquei para meu irmão e uni as mãos em uma forma de
agradecimento silencioso. Ele moveu a cabeça em sinal positivo e eu saí da
boate acompanhado de Julia. Eu sei que mais cedo ou mais tarde, Louis iria
ceder e terminar a noite com Estela, mas no momento eu estava mais
preocupado em aproveitar minha noite. Eu já tinha feito minha parte.
Capítulo 2
HANNAH
Quando eu vim aqui fora para pensar um pouco sobre a vida, já que
dormir estava sendo complicado, não imaginei que fosse terminar beijando
Kevin.
No momento em que ele apareceu, já foi uma surpresa. Pensei que
ficaria sozinha e curtiria o som do mar. Kevin começou a puxar assunto e eu
acabei revelando minha vontade de ser maquiadora e as dificuldades
financeiras que me impediam de realizar esse desejo. Por um momento me
senti realmente próxima dele, senti que poderia contar a ele qualquer coisa.
A maneira como Kevin me olhou provocou em mim um misto de
sensações e senti aquele arrepio gostoso pela expectativa. Ele se aproximou
de mim e eu tive a certeza de que iria me beijar. Meu coração batia tão
acelerado que parecia querer sair pela boca. Uma voz em minha mente
repetia “Ele não fica com mulheres do trabalho.”, mas meu corpo todo sabia
que o beijo era inevitável.
Senti seu beijo, seus lábios firmes contra o meu e o calor do seu
corpo. Kevin era musculoso, alto e o perfume que exalava dele me envolvia
mexendo com meus sentidos. Pela primeira vez me senti tão conectada a um
homem e tão sensível ao mesmo tempo. O beijo dele era o melhor que eu já
tinha experimentado, embora não tivesse beijado muitos homens na minha
vida.
Fiquei tão surpresa que não consegui elaborar nada, porque de todas
as pessoas que eu esperava beijar, Kevin era a última. Não por minha causa,
mas por causa do limite que ele colocara em si mesmo. Fiquei desnorteada ao
saber que Kevin me desejava.
Quando nossos lábios se afastaram, eu achei que nesse momento eu
acordaria, mas estava enganada. Era tudo bem real e Kevin ficara em
silêncio. Eu falei a primeira coisa que me veio à cabeça.
— Eu não esperava por isso.
— Acho que nem eu esperava também.
Tenho certeza de que Kevin não tinha planos de me beijar, até porque
ele nunca quis se envolver com ninguém com quem trabalhasse. Não sei o
que acontecera, mas eu tinha de admitir que gostara bastante. Ele olhou em
direção ao mar, talvez tivesse se arrependido. O mar continuava batendo,
suas ondas fazendo barulho e isso era tudo que acontecia no momento.
— Não vou me desculpar por isso, sei que não deveria ter feito, mas
não ia aguentar por muito mais tempo.
— Pensei que você não ficava com pessoas com quem trabalha.
— Às vezes é preciso abrir uma exceção.
Cada vez eu me surpreendia mais. Também olhei para a frente e
foquei no mar. Kevin abrira uma exceção por minha causa. O que isso
significava? O que aconteceria agora na nossa relação? Eu deveria fingir que
nada tinha acontecido e seguiríamos nossas vidas?
— Vamos dar uma volta na praia? – ele sugerira.
Eu apenas assenti e me virei começando a caminhar em direção à
saída do hotel. O vento estava fresco, meu vestido balançava e os cabelos de
Kevin voavam ficando encantadoramente bagunçados. Enrolei meus próprios
cabelos em um coque e comecei a caminhar na areia da praia.
— Não quero que saibam o que aconteceu entre nós. – ele quebrou o
silêncio enquanto andava ao meu lado.
— Eu não vou contar, não se preocupe. – falei – Podemos fingir que
isso não aconteceu.
— Hannah...
Kevin segurou meu pulso me fazendo parar. Virei ficando de frente
para ele. Tínhamos com certeza mais de vinte centímetros de diferença de
altura, então eu precisei levantar o rosto para olhá-lo. Aqueles olhos verdes
tinham um poder incrível, seu semblante estava sério, mas eu não queria me
sentir intimidada. Encararia qualquer coisa que viesse e não teria vergonha de
nada.
— Eu não quero fingir que não aconteceu, além do mais, isso seria
impossível.
Senti seus dedos tocarem minha bochecha. Kevin alisou-o devagar e
eu não resisti em fechar os olhos e aproveitar aquele toque. Ele estava
mexendo comigo, meu coração batia acelerado e eu podia sentir o corpo
quente. O cheiro do mar deixava o clima ainda melhor, minha vontade era de
aproveitar o momento e abraçar Kevin, sentir o calor do seu corpo contra o
meu me protegendo do vento mais forte.
— Hannah, desde que você não queira apagar isso...
— Nunca pensei que de fato fosse acontecer algo, mas não quero
esquecer. – respondi.
Senti novamente os lábios dele contra os meus. Eu me deixei levar e
dessa vez, envolvi meus braços em volta do seu pescoço. Kevin me abraçou
pela cintura, uma de suas mãos subindo pelo meio das minhas costas e
segurando minha nuca me causando um arrepio. Nossas línguas dessa vez
estavam mais familiarizadas, menos cautelosas e nosso beijo mais quente
também.
Fazia tempo que eu não sentia isso com ninguém, meus problemas e
preocupações deixaram sentimentos e desejos de lado, mas Kevin agora os
trouxera de volta com tudo. O beijo dele era maravilhoso, nossas bocas se
encaixavam perfeitamente e eu estava adorando cada segundo.
— Você é linda. – ele sussurrou assim que sua boca se afastou da
minha.
— Obrigada.
— Hannah, não quero que ninguém saiba porque isso pode te
prejudicar de alguma forma. Você acabou de chegar à equipe, ainda é um
período de experiência.
Ele tinha razão.
Minha situação como comissária de bordo em voos internacionais não
estava concretizada teoricamente. Eu estava passando por um período de
testes e tinha total confiança no meu trabalho e sabia que não teria problemas
em desempenhar minha função, porém, me envolver com Kevin poderia ser
um ponto negativo no momento.
— Não vou deixar que ninguém saiba. – falei.
— Vamos continuar sendo profissionais. – seus olhos baixaram para
meu corpo e eu pude notar que ele se demorou no decote do meu vestido –
Mas enquanto isso, vamos aproveitar.
Passamos alguns minutos na praia apenas nos beijando.
Kevin era até um pouco carinhoso, diferente do piloto de avião que eu
conhecia até então.
Em seguida, começamos a caminhar novamente até nos sentarmos na
areia.
Estiquei as pernas para frente e olhei para o mar. Ele continuava
batendo com força, mas o barulho era muito gostoso de ouvir.
— Topa fazer algo comigo de manhã? – Kevin perguntou.
— O quê? – fiquei curiosa e me sentei um pouco de frente para ele.
— Pensei em visitar alguma ilha. – ele me olhou e se aproximou
colocando os lábios nos meus e me dando um beijinho – Tem lugares lindos
aqui, Hannah.
— Tudo bem, eu topo.
— Vamos nos encontrar mais tarde. Vou esperar Caleb sair.
Fomos para o quarto logo em seguida. Ainda no corredor, Kevin me
encostou na parede e me deu um beijo de roubar o fôlego. Entrei no quarto
sorrindo como uma adolescente e dessa vez eu consegui dormir.
Durante a manhã, acordei e pensei que tudo tinha passado de um
sonho, mas quando Sandra me perguntou onde eu estava de madrugada, eu
me dei conta de que tudo realmente acontecera.
— Fui dar uma volta na praia, estava com um pouco de insônia. –
respondi.
— Caleb nos convidou para o Cenote Hoyo Azul, quer ir conosco,
Hannah? – Jasmine me perguntou enquanto secava os cabelos.
— Não, obrigada. Ficarei aqui, acordei com dor de cabeça e não
dormi o suficiente. Prefiro descansar. – dei uma desculpa.
— Não acredito que vai ficar aqui trancada estando num paraíso
desses!
Sandra colocou as mãos na cintura. Ela estava usando um biquíni
laranja e um vestido todo branco por cima. Era uma jovem muito bonita e que
sem dúvidas chamava a atenção, mas que de alguma forma não foi suficiente
para atrair Kevin. O que ele vira em mim então?
— À tarde eu vou dar umas voltas, vou tirar algumas fotos para
mandar para minha irmã.
Ela pareceu não se convencer daquilo, mas eu me mantive firme.
Kevin disse que queria sair comigo e eu estava mesmo muito curiosa para
onde iríamos. Também queria conhece-lo, saber quem era o Kevin fora da
cabine de piloto.
Eu tomei um banho e vesti um biquíni azul turquesa. Não sei
exatamente para onde iríamos, mas trajes de banho no Caribe eram
fundamentais. Coloquei uma saia branca com flores em vários tons de azul e
uma blusinha simples também azul. Não fiz nenhuma maquiagem, apenas
passei um batom clarinho para realçar os lábios. Sandra e Jasmine já tinham
saído, provavelmente Caleb também. Eu fiquei esperando por Kevin.
Os minutos se passaram e ele não dera nenhum sinal. Será que estava
arrependido? Comecei a ficar frustrada. Peguei meu celular e fiquei passando
pelas redes sociais distraída. Meu estômago começou a reclamar já que eu
não tinha tomado café da manhã. Quando eu ia desistir de esperar, ouvi a
campainha do quarto tocar. Seria ele?
Levantei e abri a porta dando de cara com um Kevin ainda mais
bonito do que eu me lembrava.
Ele estava usando uma bermuda bordô e uma camisa branca. Seus
cabelos estavam penteados, porém de um jeito despojado. Um sorriso se
curvou nos seus lábios e cheguei para o lado lhe dando passagem.
— Bom dia, Hannah.
— Bom dia. – eu retribuí seu sorriso – Entra.
Ele passou por mim e esperou que eu fechasse a porta. Logo senti
suas mãos segurando meu rosto entre elas e um beijo apertado em meus
lábios.
— Esperei Caleb sair com Jasmine e Sandra para ter certeza de que
não encontraria nenhuma das duas aqui. – ele se afastou – Já tomou café?
— Ainda não.
— Podemos pedir algo aqui, tem algum problema? Não quero correr
o risco de encontrar com eles lá embaixo.
— Claro. – fui até o tablet acessar o menu – Tem preferência por
alguma coisa?
— Vou deixar que você escolha.
Kevin se sentou na poltrona. Eu escolhi um café da manhã com frutas,
bolo, cereais e suco. Era o que eu mais gostava e acabei pedindo uma omelete
também.
— Vai demorar uns quinze minutos. – falei.
— Bem, quinze minutos é um tempo bom para fazermos algumas
coisas.
Kevin se levantou e veio até mim. Pude notar o ar de predador que ele
tinha. Senti a antecipação do momento percorrer todo o meu corpo. Ele me
puxou pela cintura e nossos corpos se chocaram. O aroma do seu perfume me
envolveu mexendo com meus sentidos. Kevin devorou meus lábios em um
beijo avassalador. Embora eu não tenha tido muitos namorados, estar com ele
era como se todo meu corpo soubesse o que fazer e correspondesse à altura.
Eu não estava envergonhada, pela primeira vez.
Achei que ele fosse me levar até a cama, mas Kevin achou primeiro
uma parede. Seu corpo pressionou o meu, sua mão percorreu a lateral do meu
corpo e eu agarrei seus cabelos arfando. Ele desceu os lábios até meu pescoço
me provocando arrepios de prazer. Suas mãos deslizavam pelo meu corpo,
contornando-o, sentindo cada pedaço e sua mão deslizou por dentro da minha
blusa.
Eu não fiz nada para pará-lo e isso deve ter encorajado Kevin ainda
mais. Ele subiu a mão pela minha barriga, alisando-a, me provocando, em
seguida levou uma das mãos até embaixo do meu seio. Era a primeira vez que
eu chegava nesse nível tão rápido com um homem, mas em relação a Kevin,
eu sentia que era o certo e que não havia problema.
Seu polegar roçou a parte inferior do meu seio, por cima do biquíni.
Eu agarrei ainda mais seus cabelos precisando aliviar aquele desejo de
alguma forma. Kevin me beijou novamente deixando sua língua invadir
minha boca. Eu estava realmente excitada e se ele me levasse para a cama
nesse momento, eu cederia. Eu podia sentir o membro rígido dele marcado na
bermuda e pressionado contra meu corpo, mas Kevin parecia ter outras ideias
porque se afastou de mim depois de morder levemente meu lábio inferior.
Estava desnorteada, abaixei as mãos deixando-as ao lado do meu
corpo e puxei o ar com força para meus pulmões. Kevin me olhava calado,
mas eu sabia que estava tão afetado quanto eu porque era indisfarçável o
volume em sua bermuda.
— Hannah... – ele quebrou o silêncio – Talvez você não tenha ideia
do que é capaz de fazer com um homem.
Eu não era hipócrita de não me achar bonita, mas Kevin era o tipo de
homem que podia sair com qualquer mulher linda, escolher a mim era o que
me surpreendia. Sandra era uma dessas mulheres lindas com quem ele
poderia ter ficado, mas Kevin resistiu durante todo esse tempo.
Mas não a mim.
— E você sabe o que pode fazer com uma mulher?
Nem acreditei que tudo isso tinha saído da minha boca, mas ao ver o
sorriso de Kevin, relaxei. Ele colocou as mãos nos bolsos e foi próximo à
janela do quarto olhando por entre a fresta da cortina. Sentei na beirada da
cama e fiquei quieta.
— Pensei em darmos um passeio de barco. – disse se virando para
mim – Vi na internet que tem um com fundo de vidro e é possível ver
tubarões e arraias. Tem comida e bebida liberada e uma parada em uma
piscina natural.
Parecia incrível e eu jamais me imaginei fazendo esse tipo de passeio.
Havia tantas coisas interessantes que eu poderia conhecer e fazer enquanto
fosse comissária. Para melhorar, Kevin ainda estaria comigo.
— Eu topo esse passeio. – falei.
— Que bom porque eu já tinha reservado nossos lugares.
Kevin deu um sorriso de quem não estava culpado e nessas poucas
horas em que estávamos juntos, eu tinha visto ele rir muito mais do que o
tempo em que o conhecia. Isso era bom. Significava que Kevin não era mal-
humorado e nem tão fechado. Haveria mais coisas que eu descobriria dele
nesse passeio?
— Alguém desconfiou de alguma coisa quando você chegou? – ele
mudou de assunto.
— Não. – respondi – Sandra me perguntou onde eu tinha ido, mas eu
apenas disse que fui dar uma volta.
— Caleb estava completamente desmaiado quando cheguei ao quarto,
nem se deu conta de que eu tinha saído.
Depois de tomarmos o café da manhã, fomos até o local onde o barco
estava ancorado esperando até que todos estivessem a bordo. Kevin comprou
ambos os ingressos, eu nem tive como discutir porque ele insistiu que eu não
precisava pagar. Era a primeira vez que eu entrava em um barco desse tipo. O
fundo dele, havia um grande círculo todo em vidro mostrando o fundo de
águas cristalinas.
Era a primeira vez que via uma água tão clara no mar.
Kevin me ajudou a subir me dando a mão e eu me sentei em um dos
bancos. Ele se sentou ao meu lado e passou o braço por trás de mim apoiando
no encosto. Tudo que estava acontecendo ainda era surreal e eu não tive
tempo de digerir esse novo relacionamento com Kevin Walsh, se é que eu
poderia chamar o que estava rolando entre nós dessa forma.
— É a primeira vez que você faz esse tipo de passeio? – perguntei.
— Com o barco assim, é. – ele respondeu, seus olhos cobertos pelos
óculos escuros que havia tirado do bolso – Sempre gostei muito de viajar e
aproveito a profissão para conhecer novos lugares.
— Qual o país que você mais gostou de conhecer?
— É difícil, tem muitos países bonitos, mas gostei bastante das Ilhas
Maldivas.
— Lá é realmente muito bonito, deve ter sido incrível. – suspirei
imaginando todas aquelas praias cristalinas.
— Principalmente para quem é de Nova York e não está acostumado
a essas praias. – olhei em volta aproveitando o visual enquanto ele falava.
— Por enquanto eu só pude conhecer a Dinamarca, Inglaterra e agora
a República Dominicana.
— Ainda terá a oportunidade de conhecer muitos outros lugares,
Hannah.
Ele se aproximou de mim e apertou seu braço em torno do meu corpo
me deixando ainda mais próxima. Coloquei minha mão sobre sua coxa e
aproveitei a brisa do mar quando o barco saiu para nosso passeio. Kevin
estava me surpreendendo em vários sentidos e parecia estar gostando da
minha companhia. Ficamos em silêncio aproveitando o visual enquanto um
funcionário nos dava algumas instruções e nos avisava que estávamos indo
em direção à piscina natural.
O rapaz magro e bastante bronzeado, usando uma camisa com a
estampa da empresa e uma bermuda cáqui, explicava sobre o mar e os
animais que possivelmente veríamos. Alguns curiosos já tinham levantado e
estavam debruçados olhando para em direção ao chão do barco que era de
vidro e permitia que se visse o mar. Algumas crianças apontavam e falavam
sobre tubarões, era possível ver a animação de cada uma delas e a maioria era
estrangeira. Havia um casal de asiáticos, outros americanos e alguns
europeus. Poucas pessoas de fato pareciam ser nativas da região.
— Levante, Hannah. – Kevin me incentivou – Vá lá dar uma olhada.
Aquilo me animou e eu tomei coragem de ir até lá e encontrar um
espacinho para ver o fundo do mar. Foi surpreendente ver a quantidade de
arraias e tubarões que passavam por baixo do barco. A água cristalina
permitia que fosse possível enxergar tudo de maneira perfeita. Fiquei muito
encantada e peguei meu celular dentro da bolsinha que eu carregava e tirei
algumas fotos para mostrar para Cecile, ela ia adorar.
Quando me virei, Kevin parecia me observar. Mesmo usando óculos
escuros eu podia sentir que sua atenção estava sobre mim. Cheguei perto
dele, mas não me sentei. Fiquei de pé na sua frente e ele deu um sorriso
retirando os óculos do rosto. Seus olhos verdes estavam ainda mais realçados
por conta da claridade e dessa vez eu pude ver que ele me olhou dos pés a
cabeça. Embora estivesse vestida, nesse momento me senti nua diante
daquele olhar. Não senti vergonha, apenas me senti mais mulher e menos
uma garota.
— É melhor você se sentar, Hannah. – ele falou.
— Por quê? – o desafiei.
— Mais tarde eu te explico. – piscou.
Eu estava me sentindo cada vez mais à vontade ao lado de Kevin. Ele
me surpreendera se mostrando totalmente diferente do cara que eu via apenas
como piloto. Agora entendia um pouco de como era sua relação com Caleb e
porque se davam tão bem. Kevin era um cara falante, portanto era fácil
entender o motivo do copiloto se dar tão bem com ele.
— Gostou do que viu lá? – ele perguntou depois que me acomodei
novamente ao seu lado.
— É lindíssimo! Jamais veríamos algo assim nos EUA. Talvez no
Havaí. – completei.
— Sem dúvidas não em Nova York.
— Vou enviar algumas fotos para Cecile.
Puxei meu celular e mandei algumas fotos para minha irmã e para
meus amigos, Peter e Juliet. Conversei um pouco com Kevin sobre o que eu
costumava fazer em Long Island e falei um pouco da minha amizade de
alguns anos com meus dois melhores amigos. Ele falou por alto sobre sua
família, disse que seus pais eram casados e que tinha dois irmãos, uma
mulher e um homem, além de dois sobrinhos, uma menina e um menino. Sua
família era tradicional e parecia muito única.
— Acabei perdendo o batizado do meu sobrinho essa semana por
conta dessa viagem.
— É uma pena. – imaginei o quanto era difícil para ele ficar longe dos
familiares porque eu sentia o mesmo – Também já perdi alguns eventos de
Cecile por conta do trabalho.
— Mas a viagem não foi ruim. – ele respondeu – Acho que Alicia vai
me perdoar se souber quem foi minha companhia aqui.
Eu me arrepiei quando senti seus lábios no meu pescoço em um beijo
bem suave. Não contive um sorriso. Parecia que ainda não tinha caído a ficha
de que Kevin e eu estávamos curtindo juntos esse paraíso e eu preferi ignorar
o fato de que isso pudesse ter um fim.
Algum tempo depois chegamos ao nosso destino. Estávamos
flutuando por sobre um mar que realmente parecia uma piscina. Não tinha
ondas e era raso, já que podíamos ver a areia pouco abaixo de nós. Fiquei
totalmente deslumbrada. O guia nos explicou como iria proceder e logo
algumas pessoas já estavam se jogando na água. Eu não sabia nadar, mas nem
era necessário nesse caso. A água batia na altura da cintura da maioria das
pessoas e eu fiquei animada para entrar logo na água.
Kevin tomou a iniciativa tirando logo a camisa e ficado apenas de
bermuda. Juro que tentei me controlar, mas foi impossível não ficar olhando
para ele embasbacada. Seu peitoral era levemente bronzeado, seus ombros
largos o deixavam ainda mais e sua barriga definida me fez ter uma vontade
surreal de tocá-la. Kevin olhou para mim e sorriu. Ele sabia que eu o estava
secando como se fosse o último copo de água do deserto.
— Tudo bem olhar, Hannah. – ele falou para mim e chegou bem perto
do meu ouvido – Em breve você poderá tocar também.
Antes que eu pudesse formular alguma resposta, ele se afastou de
mim e sentou na borda do barco para me esperar. Engoli em seco sabendo
que meu corpo ficara excitado com a possibilidade e comecei a tirar a roupa
ficando apenas com o biquíni. Kevin me olhou de maneira bem mais
descarada que eu, mas não era hora de me sentir envergonhada. Afinal, não
havia motivos para me sentir constrangida pelo meu corpo. Eu não malhava,
mas por sorte tinha uma genética boa e devia agradecer por isso.
Ele foi o primeiro a entrar na água e eu fui logo em seguida. Não
estava gelada, a temperatura estava excelente e estava coberta até a cintura.
Muitas crianças brincavam a nossa volta, casais se beijavam e alguns tiravam
fotos. Kevin logo mergulhou e por conta da água bem clara era possível vê-
lo. Acompanhei seus movimentos com o olhar até que ele emergiu na minha
frente e me deu um beijo.
Dei uma risada porque estava salgado por conta da água do mar. Ele
envolveu minha cintura e me abraçou. O sol refletia na água transformando
seus raios em pequenos cristais e eu fiquei admirando tudo. Era um privilegio
muito grande por estar aproveitando isso. Cecile gostaria tanto de estar aqui,
ela adorava o mar e aproveitava muito sempre que viajávamos em família
quando ainda era pequenininha.
Aproveitamos bastante o passeio. Kevin me surpreendeu demais com
seu jeito tranquilo e algumas vezes até brincalhão. Almoçamos em um
restaurante longe do nosso hotel quando voltamos do passeio para não
corrermos o risco de sermos vistos por algum dos nossos colegas. Tomei um
sorvete gigantesco que Kevin fez questão de pagar e em seguida nos
separamos para voltarmos aos nossos quartos no final da tarde.
Já era hora de encontrarmos com os outros para quem ninguém
desconfiasse do nosso sumiço repentino.
— Finalmente, mocinha! – Jasmine falou assim que entrei no quarto.
— Oi. – cumprimentei-a – Fui passear um pouco e acabei tirando
umas fotos para enviar para minha irmã e minha tia – Aproveitaram o
passeio?
— Nós íamos para aquele lugar, mas estava lotado e não pudemos
comprar mais ingressos, então ficamos pela praia mesmo.
— E Sandra onde está?
— Conheceu um carinha na praia e ficou por lá com ele. – sentou-se
na beirada da cama – Às vezes me preocupo com ela, sabia?
— Por quê? – aproveitei para sentar na minha cama também.
— Ela não sabe quem são essas pessoas. Sandra não está no próprio
país, é complicado demais porque alguém pode acabar fazendo alguma
maldade.
— Você tem razão. Já tentou conversar com ela?
— Não adianta, Sandra é muito cabeça dura.
Ouvimos a campainha da porta e Jasmine logo se levantou para
atender. Ela Caleb e por sorte estava sozinho. Fiquei aliviada porque não sei
se estava pronta para ficar no meio ambiente que Kevin e fingir que nada
acontecera.
— Alguém topa ir até um lugar legal para ver o pôr-do-sol?
— Vou ter que passar, preciso tomar um banho, acabei pegando muito
sol hoje à tarde. – respondi.
— Eu topo! – Jasmine sempre animada correu para pegar suas coisas.
Quando os dois saíram, eu finalmente pude respirar e tomar um
banho. Kevin não falara nada e nem mandara nenhuma mensagem, mas pelo
que ele me dissera, o que estava acontecendo entre nós não acabava aqui. Eu
só não sabia como iria reagir quando entrasse novamente naquele avião.
Será que eu seria capaz de agir como se nada tivesse acontecido? O
que seria de mim se alguém desconfiasse?
Capítulo 14
KEVIN
Um barulho me despertou.
Abri os olhos devagar e dei de cara com um quarto que eu não
reconhecia. Isso era bem comum dormindo em hotéis.
Imediatamente imagens do que acontecera durante a madrugada
vieram à minha mente.
Kevin e eu transamos.
Pela primeira vez eu tinha feito isso. Foi uma mistura de vergonha e
excitação que eu senti e a leve dor entre minhas pernas comprovava que o
que acontecera não era um sonho. A penumbra do quarto dava indicações de
que ainda era noite e a voz grave de Kevin chegou aos meus ouvidos.
— Já é madrugada aqui na Alemanha, sabia?
Olhei novamente, piscando algumas vezes para melhorar minha visão.
— Eu sei, mas precisava te dar feliz aniversário!
Uma voz feminina vinha do telefone. Pude ver Kevin de cueca
sentado no sofá do quarto e com o aparelho celular de frente para o rosto.
Provavelmente ele estava em alguma chamada de vídeo. Ele notou que me
movi e me olhou rapidamente antes de voltar sua atenção para o celular.
Quem era a mulher com quem ele falava?
— Obrigado, Ali.
— Louis e Maddie estão aqui também. – a voz falou — Oi, tio! –
dessa vez pude ouvir uma voz infantil.
Lembrei que ele tinha uma sobrinha, lembrei que o nome do seu
irmão gêmeo era Louis.
Ele estava falando com a família. Isso aqueceu meu coração. Pela
primeira vez eu podia ver algo real sobre Kevin Walsh, mesmo que esse ver
pudesse ser traduzido melhor como ouvir.
— Olá, princesa.
— Feliz aniversário, tio! Quando você vem para comermos bolo
juntos?
— Logo estarei aí. Reserve o dia para mim.
— Pode deixar! Hoje vou comer bolo com o papai.
— Guarde o meu pedaço.
— Ei, Kevin, feliz aniversário. – ouvi agora uma voz masculina, bem
parecida com a dele.
— Para você também.
— É uma pena passar esse dia longe de você, parece que está faltando
algo na comemoração. São muitos anos dividindo a festa.
— Não esqueci do jantar que faremos quando eu voltar, Louis.
— Parabéns, cunhado! – outra voz masculina que eu pude deduzir que
seria do marido de sua irmã.
— Obrigado, Ryan! – Kevin olhou diretamente para mim e depois
focou sua atenção no celular – Eu preciso desligar agora, tenho que descansar
porque a viagem vai ser longa. Mais tarde ligarei para vocês.
Kevin encerrou a ligação e deixou o aparelho no sofá. Seus cabelos
lisos estavam desgrenhados e ele usava apenas uma cueca. Engoli em seco
com a visão. Mesmo depois do que acontecera entre nós, eu ainda não
conseguia me acostumar no quão bonito ele era. A penumbra do quarto não
me permitia ter a total dimensão daqueles músculos, mas eu me lembrava do
peitoral largo, o abdômen liso e os braços fortes.
— Desculpe, não queria te acordar.
— Tudo bem, que horas são?
— Pouco mais de quatro horas da manhã. – ele se sentou na beirada
da cama – Vamos voltar a dormir, Hannah.
Kevin se acomodou ao meu lado e se enfiou debaixo das cobertas. Lá
fora estava bastante frio por conta do outono, mas a temperatura no quarto
era quente. Ele afastou minha franja do rosto e ficou me observando com
seus olhos verdes agora escuros por conta da falta de iluminação. Eu pensei
que estaria morrendo de vergonha depois do que aconteceu, mas ele me
deixava extremamente confortável.
— Como está se sentindo? – perguntou deitado de frente para mim.
— Estou bem.
— Saiba que essa só foi a primeira de muitas, Hannah. – Kevin estava
sério e eu realmente acreditei que continuaríamos juntos – Tem tanta coisa
que poderemos fazer, será um prazer te mostrar.
— Você não acha ruim que eu não tenha muita experiência?
— Ah, Hannah... – seus dedos deslizaram pelo meu pescoço e
desceram para meus ombros nus – Há tantas coisas que você precisa saber
sobre mim, mas acredite, achar ruim que eu fui seu primeiro? Pode ter certeza
que isso não é uma delas.
Seus lábios buscaram os meus em um beijo calmo. Pensei que Kevin
fosse intensificar as coisas, mas ele parecia não ter pressa. Trocamos apenas
alguns beijos e logo deitamos para descansar. Confesso que fiquei por alguns
minutos acordada apenas observando-o dormir.
Em alguma hora da manhã, eu abri os olhos devagar ajustando-os à
luz que entrava pelas cortinas. Um sol fraco parecia vir lá de fora o que devia
prometer um belo dia. Kevin não estava ao meu lado, isso me deixou tensa.
Será que eu tinha sido deixada aqui sozinha?
Um barulho vindo do banheiro me deixou relaxada. Ele ainda estava
aqui.
Sentei na cama e esfreguei os olhos tentando despertar. Kevin veio
para o quarto e pude ver seu sorriso. Ele acabara de sair do banho. Seus
cabelos estavam molhados e ele vestia um roupão branco e felpudo do hotel.
— Bom dia! Se quiser pode descansar mais.
— Estou acostumada a acordar cedo.
— Pedi um café da manhã para nós. Se quiser tomar banho enquanto
esperamos chegar, fique à vontade.
— Vou querer.
O grande problema é que eu estava completamente nua e minhas
roupas espalhadas pelo quarto. Mesmo depois do que acontecera, eu me
sentia ainda um pouco envergonhada de estar nua na frente de Kevin. Ao
contrário de mim, ele sempre agia como alguém confortável com o próprio
corpo. Eu sabia que era uma garota bonita, porém ainda estava tímida na
presença dele.
Kevin deve ter percebido, pois veio ao meu auxílio trazendo sua
própria blusa.
— Vista isso. – sorriu – Sei que ainda sente vergonha.
— Obrigada.
Peguei a peça de roupa e passei por cima da cabeça, enfiando os
braços em seguida e quando me levantei, a camiseta parecia um vestido,
deixando metade das minhas coxas de fora.
— Você ainda vai se acostumar a andar nua na minha frente, Hannah.
– Kevin se aproximou de mim, seus olhos verdes focados nos meus – Eu
pretendo passar muito tempo sem roupa com você.
Ele me agarrou pela cintura, puxando-me para perto do seu corpo e
me fazendo bater naquela parede de músculos. Na mesma hora me derreti e
coloquei as mãos sobre seu peitoral.
— Eu vou me acostumar a isso. – falei.
— Sei que vai.
Senti seu beijo calmo nos meus lábios e logo em seguida me soltou.
Fui direto para o banheiro tentar respirar e acalmar meu coração. Fiquei um
bom tempo lá, lavei os cabelos, aproveitei a água quente para relaxar os
músculos do meu corpo e quando saí, enrolada em um roupão igual ao de
Kevin, o café da manhã já estava posto na mesa do canto do quarto.
Kevin estava sentado em uma das cadeiras e levantou a cabeça para
me olhar. Sorri.
Passei o tempo no chuveiro pensando que deveria ser menos tímida
diante dele, menos calada, porque Kevin era o tipo de cara que gostava de
conversar. Eu não queria ser uma pessoa chata que pouco interagia.
— Estou morrendo de fome. – falei em uma tentativa de puxar
assunto.
— Tem muitas coisas gostosas sobre a mesa. – ele apontou para uma
travessa – Inclusive, pedi um pedaço daquela sobremesa que você gostou.
— Obrigada. – sentei-me à mesa – Acho que as meninas devem estar
se perguntando onde eu estou.
— Tomara que não estejam no quarto quando você voltar, vai ser
mais fácil encontrar uma desculpa. – ele se inclinou sobre a mesa e focou
seus olhos nos meus – Vamos para Nova York hoje à noite, mas gostaria de
sair com você quando estivermos lá. Vai ser muito melhor porque não
precisaremos nos esconder de ninguém.
— Eu vou adorar. – respondi sem ter medo de parecer desesperada.
Kevin estava sendo carinhoso e atencioso, não tinha motivos para eu
ficar tão fechada em mim mesma. Nós começamos a comer e eu ataquei em
primeiro lugar a tal da sobremesa de maçã que eu tinha adorado. Kevin
tomava uma xícara de café com um pedaço de panqueca. Ele estava sendo
bem americano.
— Vou tentar dar um passeio hoje à tarde antes de embarcarmos. –
falei – Quero tirar algumas fotos para mostrar à minha irmã. Ela adora.
— Eu vou ligar para meus irmãos. Prometi a eles. – ele se recostou na
cadeira de maneira relaxada – Você fala bastante da sua irmã, gostaria de um
dia conhecê-la.
— Cecile iria adorar. Ela gosta de conversar.
Kevin dera o primeiro sinal de que queria conhecer minha família,
porém não estávamos namorando oficialmente. Eu não sabia se deveria ter
esperança de que isso fosse acontecer algum dia ou se ficaríamos juntos sem
dar nome à essa relação.
Resolvi parar de pensar sobre isso e viver o que estava acontecendo.
— Vou te ligar quando estivermos em Nova York. – ele disse.
— Tudo bem.
Terminamos nosso café e eu vesti minhas roupas para voltar ao
quarto. Kevin continuou de roupão, parecia não ter a menor pressa de voltar.
Ele estava sempre relaxado, tranquilo. Dei um sorriso para ele antes de me
despedir, Kevin por outro lado, me puxou de encontro ao seu corpo e eu sorri
ainda mais.
— Nós ainda vamos aproveitar muito, Hannah. Reserve um tempo
para mim em Nova York, prometo que não irá se arrepender.
— Tenho certeza de que não.
Kevin me beijou de um jeito intenso. Talvez quisesse deixar a marca
da despedida. Passei os braços em torno do seu pescoço e me deixei levar.
Suas mãos alisavam minhas costas e uma delas desceu diretamente para
minha bunda. Eu já podia sentir meu corpo querendo mais, porém sabia que
não seria possível.
Eu já não era mais virgem e agora sabia que com Kevin iria descobrir
um mundo totalmente novo.
No meu quarto eu estava sozinha. Por sorte, Jasmine e Sandra já
tinham saído. Elas raramente ficavam no quarto, gostavam de sair, passear,
comer em algum restaurante e tirar fotos de si mesmas. Eu era bem mais
discreta, curtia estar comigo mesma, sair tranquila e aproveitar os momentos.
Fotos, na maioria das vezes, só de paisagens.
Eu era muito observadora, também gostava de ler e ver catálogos de
moda e maquiagem. Embora eu não fosse do tipo que me arrumava tão
elegantemente para sair, admirava bastante quem o fazia. A quantidade de
lojas, vestimentas, tecidos finos, tudo isso me deixava encantada e eu
costumava prestar bastante atenção nisso porque quando pensava em uma
maquiagem, ela deveria combinar com todo o look.
Coloquei uma roupa e decidi explorar um pouco da cidade. Eu me
sentia uma nova pessoa. De fato, uma mulher madura.
Voltar para Nova York agora estava sendo algo fácil e difícil, chegar
em Long Island aquecia meu coração por estar com minha família, mas me
fazia pensar bastante em Kevin. Por mais que eu tenha decidido que iria agir
de maneira mais natural e menos tímida, ainda me sentia um pouco
envergonhada quando pensava em mandar uma mensagem para ele. Por mais
que decidisse ser confiante, tudo ainda era muito recente e eu pensava se essa
relação iria continuar.
— As fotos que você me mandou são lindas, Hannah! – Cecile entrou
no meu quarto e logo sentou na cama.
— Eu queria ter tirado um pouco mais, porém foi tudo bastante
agitado.
— Vou estudar bastante, ganhar muito dinheiro e visitar vários países.
– disse sonhadora.
— Claro que vai! – eu a abracei e lhe dei um beijo na testa – Como
foram as coisas por aqui?
— Foram bem. Que bom que você está vindo mais para casa agora.
— Sim, mas terão viagens que vão me tomar mais tempo e passarei
vários dias longe. – levantei da cama – Eu te trouxe um presente.
Cecile adorava quando eu trazia lembrancinhas dos lugares que eu
visitava e tinha uma pequena coleção delas sobre a cômoda. Como eu não
podia gastar muito dinheiro, sempre trazia algum souvenir que lembrava a
cidade ou país que eu estivera. Peguei a pequena caixinha onde continha um
Playmobil, um bonequinho parecido com os da Lego, porém bem famosos na
Alemanha.
— O que é isso, Hannah? – pegou o boneco, que era uma edição do
Martin Lutero.
— Se chama Playmobil. Era bem famoso antigamente e é um boneco
ainda muito tradicional na Alemanha.
— Que engraçado. E essa aqui é o quê?
— Esse é o Martin Lutero, uma edição que só se encontra por lá.
— Que legal! Vai ficar ótimo com o resto dos meus presentes!
Fiquei conversando com Cecile e quando peguei no sono, tive um
sonho que me fez perceber que Kevin estava se tornando alguém importante
para mim.
No dia seguinte, ao acordar, tomei uma xícara de café com minha tia
antes que ela saísse para trabalhar. Depois de tomar um banho, peguei meu
celular e vi que havia uma mensagem de Kevin.
“Bom dia! Espero que esteja livre amanhã, quero que conheça uma
pessoa.”
Conhecer alguém? Como assim? Ele iria me apresentar à uma pessoa
do seu círculo de amizade? Ou seria alguém da família? Comecei a sentir um
frio na barriga diante da possibilidade.
“Quem?”
Perguntei sem conseguir conter a curiosidade.
Ele não respondeu imediatamente, o que me deixou ainda mais
ansiosa e nervosa.
Quando o celular apitou e eu pensei que tinha sido ele, era uma
mensagem de Niels.
Céus! Eu tinha me esquecido completamente dele!
Niels era um cara legal, mas eu tinha de deixar claro que seríamos
apenas amigos.
“Quando sua escala vai te trazer de volta à Dinamarca?”
Para falar a verdade, ou por mera coincidência, nossa próxima viagem
seria para a Dinamarca, mas talvez fosse melhor não lhe dizer nada.
“Eu não sei, temos viajado muito e eu não tenho acesso à escala da
empresa. Apenas sei qual é minha próxima viagem.”
A resposta dele veio logo em seguida.
“Que pena! Gostaria de sair com você quando viesse.”
Eu não fazia ideia do que responder. Não queria ser grossa, mas não
queria que ele pensasse que sairíamos juntos porque eu estava interessada.
“Você é um bom amigo, talvez a gente possa dar um passeio numa
próxima vez.”
Li e reli a frase algumas vezes antes de criar coragem e apertar o
botão de enviar. Soltei a respiração quando o fiz. Será que eu tinha sido um
pouco grossa? Eu deixei claro que eu o considerava um amigo. Acho que não
tinha jeito melhor de falar isso.
Quando o celular vibrou, era uma mensagem de Kevin e essa sim fez
meu coração bater mais acelerado.
“Espero que goste de surpresas.”
“Onde nós vamos?”
Pelo menos isso ele poderia me responder. Seria mais fácil pensar no
que vestir.
“Ao Central Park.”
Pelo visto essa seria a segunda vez em pouco tempo que eu iria ao
Central Park. Será que Kevin iria me apresentar ao seu irmão, o mesmo que
eu via com uma mulher? Não, ele não faria isso. Seria algo muito sério entre
nós me apresentar a alguém da sua família, mas não consegui pensar em
outra possibilidade. A vida dele ainda não era muito clara para mim, portanto
ficava difícil ter uma noção do que aconteceria.
Capítulo 18
KEVIN
Tive uma tarde incrível com Hannah, pude perceber que ela estava
muito mais relaxada comigo, tudo estava perfeito. Agora estávamos no bar e
se eu não estivesse maluco, ouvi Sandra dizer que o cara que estava aqui era
o mesmo que dera em cima de Hannah da última vez.
Eu ainda me lembrava, como se fosse ontem, que ele a beijara na
frente do hotel. O que senti ao ver aquela cena, fez com que eu ligasse um
alerta em minha mente. Hannah tinha chamado a minha atenção, eu tinha me
incomodado e se não tomasse cuidado, ela faria com que minha regra fosse
por água a baixo.
Pelo visto não deu certo.
Hannah e eu estávamos namorando e saber que o mesmo homem que
a beijara naquela viagem estava no mesmo ambiente que nós, despertava em
mim instintos selvagens. O macho alfa dentro de mim gritava querendo
mostrar quem mandava no território.
Era bem machista da minha parte, mas eu estava experimentando
novamente algo que achei que nunca mais sentiria. Ciúmes.
— Hannah disse que eu poderia investir nele. – Sandra falou abrindo
a bolsa – Quem sabe eu não vou até o bar conversar um pouquinho? –
retocou o batom nos lábios.
— Pode ir, eu não me importo. – ouvi Hannah dizer – Acho que vocês
combinam.
Isso mesmo. Eu estava torcendo para que Sandra fosse capaz de
chamar a atenção do cara e ele esquecesse de Hannah. Por mais que eu
desejasse isso, sabia por experiência própria que uma vez hipnotizado pela
beleza e timidez de Hannah Davis, outras mulheres ficariam sempre em
segundo plano.
Sandra sempre fora o tipo que corria atrás dos homens. No táxi,
enquanto vínhamos para cá, ela tentou puxar assunto comigo de todas as
formas e eu para ser educado, mantive uma conversa amigável. Ela não era
uma garota chata, pelo menos não comigo, mas sua insistência me
incomodava. O fato de ninguém saber que eu estava com Hannah não
ajudaria em nada para evitar que isso acontecesse. Eu deveria apenas saber
administrar.
Assim que recebi minha cerveja, tomei vários goles de uma só vez.
Minha vontade era de levantar da mesa, levar Hannah comigo e
garantir com que aquele dinamarquês filho da puta não colocasse os olhos
nela.
Na verdade, a melhor coisa era estar no hotel com ela enquanto
transávamos até meu corpo secar.
Pude perceber que ela estava desconfortável e eu queria conversar
mais sobre esse cara, queria saber até que ponto ele tinha chegado nas
investidas, mas precisei me conter.
Sandra guardou o batom na bolsa, se levantou e ajeito o vestido antes
de ir de encontro ao cara que era o seu alvo esta noite.
— Ela não perde uma. – ouvi Jasmine comentar.
Fiquei tamborilando meus dedos no copo de cerveja. O que era para
ser uma noite agradável, comecei a ficar tenso. Se ele viesse falar com
Hannah, o que eu faria? Não poderia fazer nada ou todos iriam desconfiar de
alguma coisa.
Minha vontade de preservar o emprego dela tinha de ser maior do que
meu instinto protetor. Eu queria gritar para todos que a ruiva espetacular
sentada ao meu lado era minha namorada. Era a mulher que ia para a cama
comigo. Infelizmente, eu tinha de reprimir isso e apenas assistir se algum cara
lhe passasse uma cantada.
— Kevin, que tal darmos uma volta pelo bar? – Caleb me chamou.
Eu não queria ir, queria ficar aqui vendo se alguém ia se aproximar de
Hannah, mas se eu negasse, Caleb acharia estranho. Sempre fui o tipo de cara
que curtia sair, conversar com as mulheres e nos últimos tempos meu
comportamento estava sendo muito diferente disso. Inclusive, reservando
meu próprio quarto em hotéis. Certamente Caleb já estava suspeitando de
alguma coisa.
— Tudo bem.
Levantei a contragosto e ele logo me acompanhou.
Não olhei para Hannah, caso contrário, eu desistiria e me sentaria
novamente ao lado dela.
— Tem uma loira linda que não parou de te olhar desde que chegou.
— É mesmo? – eu me surpreendi – Não vi ninguém.
— Pelo amor de Deus, Kevin! Não é possível que você não tenha
visto.
— Estava distraído, Caleb.
— Se eu fosse você iria até lá falar com a gata. – ele olhou para trás –
Ela continua olhando.
Nem mesmo precisei me mover, o fato de ter me afastado com Caleb
deve ter encorajado a mulher a se aproximar de mim. Pela primeira vez desde
que eu tinha terminado meu noivado, que eu comecei a ficar tenso pela
aproximação de uma mulher. Ela era loira, muito bonita, seus cabelos eram
de um tom mais claro e seus olhos pareciam azuis.
Caleb percebeu e logo se afastou indo em direção ao bar. Eu fiquei
ali, parado. Se corresse, seria muito pior.
— Olá. – ela sorriu segurando sua bebida – Sou Sorina Boilesen. –
estendeu a mão.
— Kevin Walsh. – eu a cumprimentei com educação.
— Pelo seu sotaque, você não é dinamarquês. – inclinou a cabeça um
pouco para o lado.
— Americano. – respondi.
— Nunca fui ao Estados Unidos, mas adoraria.
— É um país bonito.
Eu estava falando com ela, mas meus olhos estavam a todo o tempo
fixos em Hannah. Ela já tinha notado Sorina conversando comigo e para meu
azar, seu olhar denunciava que não estava nem um pouco satisfeita.
Como nada era tão ruim se não pudesse piorar, Niels tinha se
aproximado com Sandra e notado a presença da minha namorada na mesa
junto com Jasmine. Hannah o cumprimentou com um sorriso e aquilo
começou a mexer com algo dentro de mim.
Ciúmes.
Eu lembro de ter experimentado algo parecido com isso quando vi
aquele dinamarquês beijando Hannah na frente do hotel. Mesmo sem nunca
ter tocado sua pele, sem nunca ter provado daqueles lábios, sem nunca ter me
deliciado com seu corpo, algo naquela ruiva tinha me deixado hipnotizado e
vê-la com outro homem mexeu comigo.
Agora eu sabia o porquê.
E agora, ela estava conversando com aquele mesmo cara e eu queria
sair daquele bar levando-a comigo, mas tudo que eu podia fazer era me
limitar a observar.
— Por que não vamos ao bar beber alguma coisa e você me conta o
que está fazendo aqui na Dinamarca.
Eu não queria, mas se eu voltasse para aquela mesa e ouvisse a voz do
dinamarquês, eu poderia fazer alguma coisa que não seria aconselhável.
Quem dera se o emprego de Hannah não corresse risco! Eu já teria gritado
aos quatro cantos que ela era minha. Fui até o bar com Sorina e me sentei.
Caleb já estava lá conversando com uma mulher de cabelos escuros e sorriu
ao me ver.
Pedi mais uma cerveja e Sorina pediu um drinque para si.
— Então, Kevin, você não me disse o que o trouxe até a Dinamarca.
Está morando aqui? – ela puxou assunto.
— Não, na verdade sou piloto de avião então estou aqui a trabalho.
Amanhã mesmo estou indo embora.
— Que emocionante sua profissão, mas é uma pena que já está indo. –
notei o desapontamento em sua voz – Mas será que ainda há tempo de
aproveitarmos a noite juntos?
— Infelizmente não será possível. – olhei para o relógio em meu
pulso – Está quase na hora de eu voltar ao hotel, preciso descansar. – peguei
o copo de cerveja que o barman me serviu – Tem um avião me esperando
amanhã.
Menti um pouco. Só voaríamos no final da noite, eu não precisava
descansar tão cedo, mas Sorina não precisava saber disso e se eu dissesse que
estava namorando, Caleb poderia ouvir e logo me questionaria o que estava
acontecendo. Eu conhecia meu amigo.
Fiquei sem saber o que fazer. Dei algumas olhadas para trás e
agradeci mentalmente a Sandra por estar fazendo de tudo para capturar a
atenção do dinamarquês fazendo com que ele não conseguisse conversar com
Hannah. Eu precisava tomar alguma atitude.
— Com licença, preciso falar com meus amigos. – falei para Sorina.
Levantei antes que ela pudesse dizer alguma coisa e me aproximei
rapidamente da mesa onde estavam sentadas Jasmine e Hannah. Sandra
estava de pé com o cara e fazia de tudo para tocar seu braço enquanto
conversava. Assim que cheguei perto, eu já fui logo me sentando ao lado de
Hannah antes que aquele cara ousasse tomar meu lugar.
— Oi, Kevin. – Jasmine falou ao notar meu retorno – Pensei que não
voltaria.
— Eu tinha que voltar. – respondi.
— Parece que Caleb não pensa do mesmo jeito. – ela falou olhando
para trás.
— Kevin, deixa eu te apresentar. – a voz de Sandra chamou minha
atenção – Esse é Niels Wegner.
— Muito prazer. – respondi, mas sem estender a mão para
cumprimentá-lo.
— O prazer é meu.
Não seria se você soubesse que quero quebrar seu nariz.
Ele parecia ter um ar superior e aquilo me irritava. Pode ficar de olho
o quanto quiser na ruiva espetacular ao meu lado, mas ela já foi
conquistada. Pensei.
— Que tal um drinque no bar, meninas? – convidei as duas – Assim
Niels e Sandra podem conversar melhor aqui na mesa.
Olhei para a loira que sorriu para mim em sinal de agradecimento.
O olhar de Hannah ainda me julgava por conta de Sorina e eu não
podia condená-la. Em breve explicaria tudo com calma. Ela viu que eu não
fiz nada além de trocar algumas palavras com a mulher. Eu daria tudo para
poder ia para o quarto com Hannah nesse momento.
— Eu estava mesmo precisando de uma bebida. – Jasmine comentou.
— Eu também. – Hannah falou pela primeira vez desde que eu tinha
retornado à mesa.
— Será um prazer realizar a vontade de vocês, meninas.
Sentei em um dos bancos e elas sentaram uma de cada lado. Por sorte
Sorina já tinha se afastado dali. Caleb continuava conversando com a mulher
e eu sabia que mais cedo ou mais tarde, ele acabaria passando a noite com
ela, ou pelo menos, trocariam alguns beijos. Eu pretendia fazer muito mais do
que isso com Hannah.
— Vou querer aquele mesmo drinque que bebi da primeira vez,
Jasmine. – ela falou para Jasmine.
— Acho que vou pedir esse também.
Ela chamou o barman e eu aproveitei para pedir mais uma cerveja
para mim.
Meu olhar vez ou outra pousava sobre Hannah. Ela estava
absurdamente linda nessa roupa toda preta. O detalhe que me chamava mais
atenção era o decote. Não era vulgar, mas dava uma visão perfeita da curva
dos seus seios e eu estava louco para tocá-los.
— Eu estou sentindo falta do Caribe. – Juliet falou com um olhar de
quem divagava – O sol, o calor, a praia...
— Tem razão. — Hannah respondeu – O Caribe estava excelente.
Podiam nos mandar para lá de novo.
— O Caribe foi um dos melhores lugares que visitei esse ano. – falei
– Mas confesso que a Alemanha também foi prazerosa.
— Mas a Alemanha é tão fria quanto aqui. Não dá para usar biquíni. –
a morena discordou.
— Existem outras coisas interessantes para se fazer no frio, Jasmine.
– olhei para Caleb que continuava acompanhado da loira – Parece que ele já
vai aproveitar a noite.
— Pois é. – ela assentiu – Eu sou a única que vou ficar a ver navios. –
olhou para Hannah – E talvez, Hannah, porque ela não costuma ficar com
esses caras das viagens.
— Não faz o meu estilo.
Eu queria dizer que Hannah estava comigo. Que não haveria homem
nenhum aqui e nem em outro lugar que ficaria com ela, mas tudo que fiz foi
me calar. Um dia, em breve, nós não precisaríamos nos esconder de ninguém.
— Estou cansada. Sandra já arrumou o par dela, então acho que vou
aproveitar algumas horas no quarto sem o falatório dela. – Jasmine falou
empurrando sua taça.
— Acho que eu também vou. – Hannah se levantou – É melhor
aproveitar e descansar.
— Então vamos. – Jasmine abriu a bolsa.
— Ei, relaxe. – toquei seu braço para chamar sua atenção – Eu pago a
conta de vocês.
Dei uma última olhada para Hannah e aqueles olhos azuis focaram
nos meus. Sei que ela queria perguntar algo a mim, mas teve de se calar. Eu
iria pagar a conta e iria diretamente para o hotel, assim conversaríamos com
toda a privacidade do mundo. Vi as duas se afastando e terminei minha
cerveja enquanto dava tempo para elas pegarem um táxi. Tirei a carteira do
bolso e coloquei algumas notas sobre o balcão, deixando uma gorjeta para o
barman.
Olhei mais uma vez para Caleb, que estava entretido com a loira e
notei que Sandra tinha se sentado à mesa com o tal do Niels.
Excelente.
Ambos estavam ocupados e eu estava livre para ficar com Hannah
naquela noite.
Levantei e fiz um sinal para Caleb indicando que eu estava indo
embora. Ele respondeu levantando o polegar e voltou a dar atenção para a
mulher ao seu lado.
Quando saí para a noite gelada de Copenhagen, Hannah e Jasmine já
tinham ido embora e eu esperei ali na calçada por um táxi.
Ao chegar no hotel, fui direto para o quarto que eu havia reservado.
Tomei um banho quente e vesti um roupão. Peguei o celular e enviei uma
mensagem para Hannah.
“Me encontre no quarto assim que puder.”
Esperei uma resposta, mas ela não veio.
Será que Hannah estava mesmo tão irritada?
Quando ia mandar uma nova mensagem, ouvi a campainha do quarto
tocar. Só podia ser ela. Larguei o celular sobre a mesinha e abri a porta,
encontrando-a do outro lado. Os cabelos ruivos estavam presos em um rabo
de cavalo, seu rosto limpo e sem a maquiagem, deixando a mostra as sardas
que eu tanto gostava, e as roupas simples consistiam em uma blusa baby-look
azul clara e uma calça legging preta.
— Entra. – afastei-me da porta lhe dando passagem.
Ela passou por mim em silêncio e assim que eu fechei a porta, a
vontade de avançar nela aumentou, mas sei que precisávamos conversar e
Hannah com certeza não deixaria isso de lado.
— Hannah... – falei – Olhe para mim.
Pude vê-la girar nos calcanhares e os braços cruzados sobre o peito
mostravam que ela estava na defensiva.
— Sei que não gostou de me ver conversando com aquela mulher.
— Sim, Kevin. – ela olhou para baixo e em seguida me olhou
novamente suspirando – Não foi agradável.
— Também não foi agradável para mim ver aquele cara babando em
cima de você.
— Então agora a culpa é minha? – ela parecia incrédula.
— Não foi isso que eu disse. – tentei mantê-la calma – Eu não gosto
de ver aquele cara atrás de você porque até um cego sabe que ele está
interessado, eu também não podia falar nada a respeito na frente de todo
mundo.
— Ele estava com Sandra, não sei se percebeu.
— Mas com os olhos em você.
— E aquela mulher? Até um cego sabia que ela estava interessada. –
ela me parafraseou.
— Mas eu não estava. – dei alguns passos para me aproximar – Estou
interessado em uma mulher e ela está aqui nesse quarto. Só conversei com ela
por alguns minutos porque se eu recusasse, Caleb desconfiaria de alguma
coisa. – parei na frente de Hannah, que não disse nada – Mas assim que você
veio para o hotel, vim logo atrás de você.
— Não está sendo fácil esconder das pessoas, essas situações vão
continuar acontecendo.
— Nós vamos saber lidar com isso. – coloquei uma mexa de cabelo
ruivo atrás da sua orelha – Seu emprego está em jogo e sabemos que não
podemos deixar que descubram.
Passei meus braços em volta da sua cintura puxando-a de encontro ao
meu corpo. Eu adorava todas as suas curvas, seu corpo se encaixava
perfeitamente ao meu. Aproximei meus lábios da curva do seu pescoço e
comecei a distribuir beijos por sua pele macia e cheirosa. O aroma que
exalava dela me deixava ainda mais inebriado.
Comecei a ficar com tesão, uma das minhas mãos deslizou para a
bunda dela.
— Você acha que eu estava interessado naquela mulher? – sussurrei
em seu ouvido e pude percebê-la assentir com um movimento de cabeça – Eu
só queria voltar logo para o quarto com uma ruiva que estava naquele bar.
Aproveitei e segurei a barra da sua blusa e a levantei devagar fazendo
com que Hannah levantasse os braços. Passei aquela peça de roupa por sua
cabeça e em seguida joguei no chão.
— Aquele cara ainda te manda mensagens? – perguntei passando o
dedo pela borda da sua calça.
— Às vezes.
— Diga que está namorando, Hannah. – falei olhando em seus olhos –
Não precisa dizer com quem, mas ele tem que saber que você não está
disponível.
— Sim. – respondeu.
— Ótimo.
Segurei sua calça e abaixei a mesma, deslizando por suas pernas e
deixando-a apenas de lingerie. Um conjunto preto de calcinha e sutiã simples,
mas que nela parecia a coisa mais sexy do mundo. A prova disso era que meu
pau já estava duro e pronto para ela. Eu me livrei do roupão e fiquei
completamente nu.
Pude notar o olhar de Hannah sobre o meu corpo, era como se isso
ainda a deixasse surpresa.
— Me dê sua mão. – estendi a minha para ela.
Hannah fez o que pedi e quando segurei sua mão, pude sentir que ela
estava quente e macia, era pequena e delicada. Levei sua mão até meu pau,
fazendo com que ela o segurasse. Era a primeira vez que Hannah me tocava
dessa força e meu corpo logo pareceu pegar fogo, mas eu precisava de calma,
tinha que fazer com que ela ficasse confiante e confortável.
— Não tenha vergonha, Hannah. – falei – Nós temos todo o tempo do
mundo para nos conhecermos e aproveitarmos. Quero te mostrar muitas
coisas.
Minha mão estava por cima da dela, comecei a movê-las devagar me
masturbando. A sensação era deliciosa, com Hannah isso era ainda melhor.
Eu teria toda a paciência do mundo, Hannah em breve não teria mais
vergonha. Continuei movimentando sua mão debaixo da minha, ensinando a
ela o ritmo que deveria manter, eu já podia sentir o prazer viajar por todo o
meu corpo.
Com calma, quando percebi que Hannah tinha se adaptado, soltei sua
mão e levei uma das minhas para seus cabelos. Puxei levemente e fiz com
que sua cabeça se inclinasse para trás. Dei um beijo em seu queixo, em seus
lábios e percebi que ia perder todo meu controle se ela continuasse fazendo
aquilo. Com a mão livre, segurei seu antebraço fazendo com que ela parasse.
— Fiz algo errado? – Hannah perguntou arregalando os olhos.
— Não. – sorri – Pelo contrário.
Eu aproveitei para livrá-la do sutiã e da calcinha.
Hannah nua era a melhor visão que eu já tive na minha vida.
Ela ainda ficava um pouco envergonhada, mas eu podia sentir que
estava ficando mais relaxada. Em breve ela se sentiria completamente
confortável.
Deitei-a na cama e fiz o que ela merecia. Dar prazer a Hannah era
meu objetivo.
Explorei seus seios, lambendo, sugando, alisando-os. Passei meus
dedos por seu clitóris enquanto seu corpo se contorcia. Ela gemeu um pouco
tímida no começo, mas quando o prazer foi envolvendo-a, consumindo seu
corpo, os gemidos se tornaram mais altos. Ela agarrou o lençol e quando ela
chegou ao orgasmo, logo em seguida eu peguei uma camisinha e a penetrei.
Soltei um suspiro ao sentir Hannah tão apertada. Eu lhe beijei com
vontade. Na mesma hora ela retribuiu e eu comecei a me movimentar mais
rápido. Hannah cravou as unhas nas minhas costas, o prazer percorrendo todo
o meu corpo, ela gemia perto do meu ouvido, era possível perceber que ela
estava chegando lá, mas eu queria prolongar isso para nós dois.
Afastei-me dela e pude ver naqueles olhos azuis que ela ficou
confusa.
— Relaxe, Hannah. – deslizei a mão por sua coxa, passando pela
parte interna dela.
Eu a virei de bruços, fiquei sobre seu corpo, afastei seus cabelos para
o lado e dei beijos em sua nuca. Novamente, eu a penetrei. A posição era
nova para ela, portanto comecei a me mover devagar para que ela se
acostumasse. Quando percebi que Hannah estava confortável, aumentei o
ritmo dos movimentos e movi meu quadril mais rápido.
Não contive um gemido, era demais para mim. Hannah estava
totalmente entregue e a beira de um orgasmo. A posição a estava favorecendo
e a mim também, pois estava cada vez mais perto de gozar. O suor começou a
escorrer pelas minhas costas, eu agarrei uma das mãos dela e entrelacei
nossos dedos e quando Hannah chegou ao orgasmo, eu pude sentir a minha
pulsação acelerada e minha respiração ofegante antes de deixar me levar por
todas aquelas sensações. Cheguei ao ápice sentindo meu corpo tremer
enquanto um grito escapou da minha garganta.
Puxei o ar para preencher os pulmões e saí de cima dela.
Passei minha mão em suas costas alisando-a.
— Hannah... – chamei-a.
— Oi. – ela se virou ficando de frente para mim.
— Não fique tão calada. – coloquei uma mexa do seu cabelo atrás da
orelha – Essa parte da noite foi muito melhor.
— Tem razão. – concordou – Estava um saco aquele bar.
— Vamos voltar para Nova York e assim poderemos aproveitar muito
mais. – dei-lhe um beijo – Não demoro.
Fui até o banheiro para me livrar do preservativo e quando retornei,
ela já tinha coberto seu corpo com um edredom. Eu me meti debaixo dele e a
puxei para mais perto.
— Vamos tentar evitar os bares da próxima vez. – falei – Podemos
fazer outras coisas.
— Eu concordo. – ela tocou meu peito – Acho muito melhor.
— Assim que chegarmos a Nova York, quero que a gente faça algo
especial.
— O quê?
— Vai ser uma surpresa.
Capítulo 21
HANNAH
Não tinha sido nem um pouco fácil ver Kevin conversando com
aquela mulher no bar, principalmente porque tínhamos de esconder que
estávamos juntos. Foi difícil ignorar o quanto aquilo estava me incomodando,
por sorte a noite termina bem. Sabia que ter visto Niels naquele bar também
não fora fácil para Kevin.
Agora, voámos de volta para Nova York e eu estava bastante curiosa
com a tal surpresa que ele havia prometido. Será que me apresentaria a mais
alguém da sua família? Só de imaginar algo do tipo eu já ficava nervosa.
Ainda não tinha superado o pavor de conhecer sua irmã, embora ela tenha
sido muito simpática.
Voávamos a milhares de pés de altura e enquanto Jasmine servia os
lanches da tripulação na classe economia e Sandra cuidava da primeira classe,
eu estava na cozinha apertada colocando as bebidas nos carrinhos. Uma mão
tocou minha cintura e eu virei assustada encontrando com os olhos verdes de
Kevin e seu sorriso encantador.
— O que faz aqui? – foi a primeira pergunta que saiu da minha boca.
— Quis sair um pouco da cabine e dei sorte de te encontrar aqui. –
respondeu na maior tranquilidade.
Os pilotos tinham esse hábito muitas vezes, deixavam o avião no
piloto automático e sob os comandos do copiloto e davam algumas voltinhas
pela aeronave. Isso os ajudava a esticar as pernas em longos voos.
— Você é louco. – espiei inclinando o corpo para o lado a fim de
enxergar se havia alguém atrás dele.
— Não está feliz em me ver aqui, Hannah? – ele perguntou com a voz
baixa, aquele tom que me deixava arrepiada.
— Claro que estou, só fico preocupada de sermos vistos.
— Fique tranquila, eu não vou colocar nada em risco. Sei o que estou
fazendo.
Sem que eu esperasse, ele segurou meu queixo, fez com que eu
levantasse o rosto e roçou seus lábios nos meus. O aroma do seu perfume já
tinha preenchido todo aquele pequeno espaço e eu jurei que viria um beijo
logo em seguida, mas a aproximação durou pouco tempo, Kevin afastou-se o
suficiente para ficarmos bons centímetros de distância. Minha respiração e as
pernas bambas denunciavam que ele estivera perto demais.
— Preciso voltar para a cabine, mas antes tomarei um café.
Falou com toda a naturalidade do mundo e foi até a cafeteira se servir.
Parece que ele cronometrou tudo porque logo em seguida Jasmine chegara
empurrando seu carrinho de lanches.
— Ah, oi, Kevin. – cumprimentou-o vendo que ele estava na cozinha.
— Oi, Jasmine. Já estou saindo, só vim beber um café rápido.
Eu respirei fundo e voltei imediatamente a organizar as garrafas com
bebidas e em seguida saí da cozinha com pressa na tentativa de não
demonstrar que estava afetada por Kevin. Meu coração batia acelerado e eu
acabei me permitindo pensar como seria se ele tivesse me beijado dentro
daquele espaço tão pequeno escondido das pessoas.
Não demorou muito mais de duas horas para pousarmos no JFK.
Todos os passageiros desceram e a tripulação foi logo em seguida. Caminhei
ao lado de Jasmine enquanto ela me contava sobre um passageiro que lhe
passara uma cantada. Isso acontecia com frequência, eu preferia ignorar, mas
todas as vezes ficava bastante desconfortável.
Estar de volta a Long Island fazia meu coração se aquecer.
Reencontrar minha tia e minha irmã era a melhor coisa depois de algum
tempo longe. Desde que desci do avião, não tive mais contato com Kevin,
então agora, dentro do carro que me levava novamente para casa, eu troquei
com ele algumas mensagens. Combinamos de nos encontrar no sábado para
que ele pudesse enfim me mostrar a surpresa e retomar esse assunto só me
deixou ainda mais ansiosa.
Em casa, Cecile me encheu de beijos e abraços.
— Que bom que chegou, Hannah! – ela me apertou com força –
Como foi a viagem?
— Foi tudo bem, Cecile. Estava bem frio lá também. E como estão as
coisas na escola?
— Nada de novo, não vejo a hora do recesso de Natal chegar. –
suspirou.
— Eu também porque preciso descansar. – minha tia se aproximou de
mim me dando um beijo no rosto – Fiz uma lasanha, sua preferida.
— Hmm, que delícia! – fiquei logo com água na boca – Vou tomar
um banho e comer logo em seguida. Muito obrigada, tia.
— E como está o seu namorado? – perguntou.
— Kevin está bem. Vamos sair juntos no sábado, ele disse que tem
uma surpresa para mim.
— Que bom! Você parece estar feliz. – minha tia comentou.
— Sim, estou. – sorri.
No sábado, eu me vesti com uma calça jeans de um tom escuro quase
preto, coloquei uma blusa verde e por uma jaqueta de couro também preta.
Calcei sapatilhas da cor nude e penteei meus cabelos deixando-os soltos. O
tempo lá fora já estava frio e eu não sabia se iríamos ficar em um local aberto
ou fechado, então era melhor não arriscar.
A campainha da porta denunciou que Kevin tinha chegado e quando
desci as escadas carregando uma bolsa preta, ele estava sentado no sofá
conversando com minha tia e minha irmã. Pude ouvir Cecile perguntando
sobre pilotar um avião e ele parecia muito paciente tentando explicar os
mecanismos.
— Oi. – cumprimentei.
— Oi, Hannah. – ele se levantou e se aproximou de mim – Linda
como sempre. – me deu um beijo calmo nos lábios.
— Estávamos conversando bastante. Pilotar aviões é muito difícil. –
minha irmãzinha comentou.
— Depois que você faz o curso, isso se torna mais fácil. – Kevin
respondeu.
— Cecile com essa mania de encher o saco de todo mundo com esse
falatório. – minha tia entrou na sala usando um tom de desculpa.
— Não tem problema, gosto de conversar também. – ele olhou para o
relógio – Mas já está na hora de irmos, o trânsito para Nova York não está
muito bom.
— Vão com Deus, queridos. – tia Eleonor se despediu de nós.
Ao entrarmos no carro, eu coloquei o cinto e fiz questão de perguntar.
— Onde realmente vamos?
— Eu vou te fazer um jantar no meu apartamento. – respondeu.
— É sério? – fiquei surpresa porque realmente estava esperando que
fôssemos sair ou encontrar outras pessoas, mas a ideia do jantar nesse frio me
parecia mais agradável.
— Lembra que eu havia lhe dito que gosto de cozinhar? Poucas vezes
tenho a oportunidade. – explicou – Então acho que encontrei o momento
certo agora.
Sorri animada e ele me deu um beijo mais tranquilo antes de dar
partida no motor e irmos em direção a Nova York. O trânsito realmente não
estava muito bom, então chegamos em Manhattan quando já havia
escurecido. Kevin entrou na garagem de um prédio de tijolos em uma rua que
eu não saberia dizer o nome e estacionou em uma vaga na garagem. Eu sentia
meu coração bater acelerado porque pela primeira vez eu estava conhecendo
o local em que Kevin morava. Aos poucos, íamos conhecendo detalhes um
do outro e cada nova descoberta eu ficava ainda mais empolgada. Saí do
carro e ele deu a volta, parando na minha frente.
— Fico feliz que esteja aqui. – falou colocando as mãos na minha
cintura e me puxando para mais perto do seu corpo – Você irá conhecer outro
dos meus talentos, Hannah.
— Eu fiquei bem contente que me trouxe para conhecer seu
apartamento.
— Chega de só dormirmos juntos em quartos de hotel.
Ele me levou pela mão até o elevador e subimos até o quarto andar. O
corredor de apartamentos era simples e silencioso e paramos de frente para
uma porta de madeira que ele abrira me deixando entrar na frente. Assim que
pus os pés dentro da sala, pude ver que era um ambiente espaçoso com sofás
cor de chocolate, pisos de madeira, uma mesa de centro redonda e na parede
uma lareira e uma televisão. Sobre a mesinha estava um controle. A janela
ficava do lado direito e estava coberta por uma persiana cor de creme
contrastando com paredes em um tom de areia. A decoração era moderna e
funcional, bem típica de um homem que morava sozinho e passava por tempo
em casa.
A cozinha ficava do lado direito com conceito aberto e todos os
eletrodomésticos eram de inox. Havia uma ilha com mármore marrom e os
armários num tom de creme. Ao lado, uma mesa redonda de madeira com
quatro cadeiras.
— Gostou? – ele perguntou após trancar a porta.
— É muito bonito. – respondi me virando para ele – Mora aqui há
muito tempo?
— Não, vim para cá recentemente, por isso não está muito decorado.
– jogou as chaves, a carteira e o celular sobre a mesinha.
— Eu gostei, é bem minimalista.
— Quanto menos coisas dentro de casa, menos possibilidade de errar
na decoração. – sorriu e me puxou pela mão – Eu adoraria te mostrar o quarto
agora, mas chegamos tarde e preciso te preparar o jantar. – usou a mão livre
para segurar meu queixo – Teremos a noite toda para aproveitar.
Sorri e deixei que ele me beijasse, mas não durou muito tempo porque
quando estava me empolgando, Kevin se afastou de mim me deixando com a
respiração alterada.
— Vou abrir um vinho para você aproveitar enquanto eu preparo
nosso jantar. – afastou-se.
— Qual será o menu, grande chefe? – perguntei indo me sentar em
um dos bancos da ilha, após deixar a minha bolsa sobre o aparador ao lado da
porta.
— Filé mignon ao molho poivre vert. – era francês e eu não sabia o
que significava – Não se preocupe, você vai gostar. Vou grelhar uns legumes
para acompanhar.
— Só me resta sentar e esperar.
Ele abriu uma garrafa de vinho e encheu duas taças até a metade
deixando-as sobre o balcão da ilha. Kevin estava usando uma camisa de
mangas compridas da cor preta que ele puxara até próximo aos cotovelos.
— Experimente o vinho, você vai gostar.
Dei um gole pequeno e senti o líquido descer pela minha garganta.
Não era o tipo de bebida que eu estava acostumada, mas o sabor que ficou em
minha boca era bom, depois que o álcool sumiu.
— Você realmente não costuma beber, não é?
— Nunca tive o hábito, mas esse vinho é gostoso. – coloquei a taça
sobre o balcão – Mesmo que eu não entenda nada sobre eles, o paladar é
agradável.
— Eu sabia que você ia gostar. Minha irmã adora também.
Era muito bom estar assim tão próxima dele. Estávamos
compartilhando uma intimidade que talvez fosse mais poderosa ainda do que
a sexual. Kevin me trouxera para sua casa, o lugar mais íntimo de uma
pessoa. Eu estava participando de sua privacidade e pela primeira vez, o veria
cozinhar. Apoiei os cotovelos no balcão, mas mãos no queixo e fiquei
observando-o.
Ele abriu a geladeira, pegou o filé e alguns ingredientes e colocou
tudo sobre o balcão. Algumas vezes ele sorria para mim, outras tomava um
gole de vinho ou me dava um beijo. Estávamos fazendo algo simples, mas
tinha um enorme valor especialmente para mim. Kevin me manteve entretida
com algumas histórias das viagens que fez a trabalho quando eu ainda não
fazia parte da tripulação.
— Uma vez quando eu ainda era comissária nacional, decidi sair para
passear em Detroit. Tirei tantas fotos que a bateria do meu celular acabou e
eu fiquei sem conseguir consultar o GPS. Fiquei desesperada e tive que sair
pedindo ajuda as pessoas para conseguir encontrar o hotel novamente. – falei.
— Você poderia estrelar um filme. Perdida em Detroit.
Sorri e tomei mais um gole do vinho. Kevin começou a assar os filés e
o cheiro preencheu o ambiente. Estava maravilhoso.
Ele salteou alguns legumes em uma grande frigideira e comecei a
sentir que meu estômago estava roncando. O aroma delicioso da comida
estava despertando minha fome em uma velocidade impressionante.
— Parece mesmo que você tem intimidade com a cozinha.
— Aprendi com a minha mãe. – ele olhou no forno para verificar o
ponto da carne – Muitas das vezes eu ficava na cozinha com ela enquanto
conversávamos, aprendi olhando e depois ela me chamava para ajudá-la.
— Sua mãe parece ser uma mulher incrível.
— Logo você irá conhecê-la. – falou – É a pessoa mais amorosa que
conheço.
A possibilidade de conhecer a mãe dele me deixava feliz e ao mesmo
tempo nervosa.
Kevin dissera que ela era uma pessoa amorosa, mas será que agiria
assim comigo?
— Experimente. – ele se aproximou de mim com legumes espetados
em um garfo.
Abocanhei aquela porção e senti um sabor de tempero que nunca
tinha experimentado. Estava perfeito. Macio, saboroso e com a quantidade
perfeita de sal.
— Que delícia! – exclamei assim que engoli — Que tempero você
usou?
— É um segredo de família.
Ele aproveitou a proximidade e segurou minha nuca, trazendo minha
boca para perto da sua. Seus lábios tocaram os meus devagar em um beijo
calmo. Kevin parecia não ter nenhuma pressa, tínhamos a noite inteira pela
frente e tudo que eu queria era poder aproveitar com ele cada momento sem
que precisássemos nos esgueirar por aí.
— Vou arrumar a mesa para nós. – falou.
— Posso te ajudar. – ia me levantar do banco, mas ele me segurou.
— Não, linda. – falou comigo de maneira carinhosa – Fique aí, hoje é
a minha noite de te mimar.
A mesa era redonda foi decorada com jogos americanos, dois grandes
pratos brancos, talheres, guardanapos e para finalizar, ele acendeu duas velas.
Kevin não aparentava ser um cara muito romântico, mas essas pequenas
atitudes estavam me surpreendendo e mostrando que ele era capaz de ser um
homem atencioso.
— Sente-se, Hannah.
Ele me chamou e eu levantei do meu banquinho. Kevin puxou a
cadeira e eu me acomodei à mesa de frente para um lindo prato branco ainda
vazio. Logo ele trouxe minha taça e encheu com um pouco mais de vinho.
Agradeci e deixei que Kevin continuasse me servindo.
Pegou os dois pratos, levou até o balcão e tirou a carne do forno. O
aroma se intensificou e novamente meu estômago deu sinal. Não demorou
muito até que ele voltasse para a mesa trazendo ambos os pratos muito bem
arrumados. Kevin Walsh parecia um verdadeiro chefe de cozinha. Será que
teria aprendido isso com a mãe também?
— Está lindo. – elogiei.
— Espero que esteja saboroso também. – sentou-se à mesa ficando de
frente para mim – Seja sincera na sua avaliação.
Assenti e peguei os talheres. Cortei um pedaço do filé que estava
extremamente macio e o levei a boca. Aquele pedaço começou a se
desmanchar em minha língua e o sabor preencheu toda a minha boca. Estava
levemente picante e com um tempero realçado. Soltei um gemidinho de
prazer porque não me lembrava de comer uma carne assim tão gostosa.
— Meu Deus, Kevin! Está delicioso!
— Obrigado. – sorriu – Sabia que o tempero secreto da minha mãe
não falharia.
O jantar foi sensacional e para minha surpresa, Kevin tinha preparado
também uma sobremesa. Uma torta holandesa que eu acabei comendo duas
fatias. Eu adorava doces.
Após jantarmos, Kevin me levou até a janela do seu apartamento. Era
possível ver a rua ainda movimentada. Manhattan nunca adormecia. Eu
adorava esse lugar, mas não podia largar minha família em Long Island, eu
tinha que usar meu dinheiro para ajudar na hipoteca da casa e gastar com um
aluguel no momento seria um desperdício.
— Já conheci inúmeras pessoas desde que comecei a ser piloto, mas
você sem dúvidas é a melhor delas. – Kevin sussurrou no meu ouvido.
Ele estava parado atrás de mim, seu corpo grande e musculoso
grudado ao meu estava me deixando arrepiada. Senti seus dedos afastando
meus cabelos para o lado e expondo meu pescoço. Devagar, seus lábios
iniciaram alguns beijos em minha pele e meu corpo foi cedendo à uma
vontade que eu já estava familiarizada.
— Kevin... – chamei seu nome baixinho.
— Hmm? – sua mão começou a alisar meu quadril enquanto os beijos
continuavam.
A mão livre subiu pela minha barriga, por debaixo da blusa e agarrou
um dos meus seios por cima do sutiã. Soltei um gemido baixo enquanto meu
corpo começava a pegar fogo. Ele apertou, mas não com muita força, mas foi
o suficiente para que eu sentisse meus mamilos endurecerem.
— Estamos na janela, alguém pode nos ver. – falei.
— Isso seria ruim? – perguntou bem próximo ao meu ouvido.
— Nunca fiz nada assim.
Suas mãos me giraram de maneira rápida e habilidosa. Fiquei de
frente para ele e seus lábios capturaram os meus. O beijo foi ávido, minhas
mãos procuraram seus cabelos e eu deixei que a língua invadisse minha boca
de maneira sedenta. Kevin me agarrou com força pela cintura e me carregou
até o sofá, derrubando-me sobre ele.
Nunca o vi tão desesperado. De maneira rápida, ele tirou toda a roupa
ficando completamente nu. Seu pênis estava rígido, pronto. Eu pude sentir
minha intimidade molhada, pronta para recebê-lo. Meu peito subia e descia
acelerado e eu tomei a atitude de tirar minha própria blusa, deixando à mostra
meu sutiã.
Os olhos verdes dele brilharam, cada vez que ficava nua na frente de
Kevin, eu me sentia mais confiante. Sua expressão não deixava dúvidas do
quanto me desejava. Ele aproveitou meu movimento para tirar minha calça.
Sorri para ele, dessa vez eu não estava tímida. Kevin ajoelhou ao meu lado,
sua mão deslizou pela minha coxa e minha pele toda se arrepiou.
— Você é uma mulher linda, Hannah. E eu sou um cara de sorte.
Ele começou a beijar minha barriga, descendo até o elástico da minha
calcinha e devagar, seus dedos começaram a abaixar a pequena peça intimida
deslizando-a pelas minhas pernas. Jogou-a de lado e me deixou nua da
cintura para baixo. Seus dedos me provocaram, tocaram pontos sensíveis
entre as minhas pernas e eu fechei os olhos deixando cada uma das sensações
tomarem conta do meu corpo.
Kevin sabia me provocar, me levar ao limite e eu deixei toda a
vergonha de lado para aproveitar o que ele me dava. Agarrei o sofá com força
e arqueei as contas quando ele aumentou a velocidade dos movimentos. Seus
dedos me tocavam da maneira mais intimida possível e quando o primeiro
orgasmo chegou, eu soltei um gritinho enquanto meu coração batia acelerado.
Fiquei tão desnorteada que nem mesmo vi Kevin colocando o
preservativo, logo ele estava sobre mim e me invadiu me arrancando um
gemido. Mais uma vez, fui levada para aquele lugar que eu já estava
conhecendo tão bem. Pela primeira vez, sobre um sofá, Kevin estocava com
força dentro de mim fazendo com que nós aproveitássemos todo o prazer que
ele poderia nos dar. Enfiei as unhas em suas costas e enquanto suávamos,
nossos gemidos se mesclavam no ar e ambos atingimos o orgasmo sentindo
nossos corpos explodirem de dentro para fora.
Eu estava realmente apaixonada por ele.
Tinha me dado conta disso nesse momento.
Enquanto meu coração ainda batia acelerado e minha respiração
estava descompassada, eu pedi mentalmente para que não me decepcionasse
e que essa relação se tornasse ainda mais sólida.
Capítulo 22
KEVIN
Fui conversar com minha tia Rachel sobre uma viagem que ela
pretendia fazer e queria tirar algumas dúvidas. Fiquei ali cerca de quinze
minutos em um bate-papo com ela e meu tio Taylor de maneira paciente.
Em seguida, voltei para o local onde eu havia deixado Hannah na
companhia de Ryan e para minha surpresa, ao chegar, ele não estava mais lá.
Olhei em volta, talvez estivesse ali perto, mas não encontrei aqueles
cabelos vermelhos em lugar nenhum. Imaginei que ela pudesse ter ido ao
banheiro ou fora com meu cunhado até onde Alicia estava. Comecei a
caminhar por entre as pessoas, olhei de um lado para o outro, e apesar de ver
rostos conhecidos, nenhum deles era da minha namorada.
Esbarrei em Lizzie, que estava conversando com Rosa e Frank.
— Olá, alguém viu a Hannah por aí? – perguntei.
— Eu não a vi. – Lizzie respondeu.
— Talvez eu tenha visto, mas não sei quem ela é porque você não me
apresentou. – Frank falou antes de tomar um gole da sua bebida.
— Cara, eu pretendia fazer isso hoje, mas eu não tinha te visto. Deixei
Hannah alguns minutos porque precisava falar com minha tia e agora eu não
a encontro.
— Ela deve ter ido ao banheiro. – Rosa sugeriu.
— Pode ser. Obrigado.
Saí dali e encontrei com Louis que estava sentado com minha
sobrinha enquanto ela comia alguma coisa. Perguntei sobre Hannah, mas
nenhum deles tinha visto. Rodei mais o salão, cheguei a ir ao jardim, mas
sem sucesso de encontrá-la. Quando retornei para dentro de casa, vi Ryan e
Alicia descendo as escadas segurando Luca no colo.
Decidi ir até meu cunhado, já que ele tinha sido o último a estar com
Hannah.
— Ryan, onde está Hannah? – perguntei.
— Eu não sei. – ele deu de ombros – Estávamos conversando até que
Luca sujou a fralda e eu precisei correr para trocá-lo antes que ele
contaminasse todo o salão. Hannah continuou no mesmo lugar.
— Pois quando eu retornei, ela não estava mais lá.
— Deve ter ido a algum lugar, deve estar sentada por aí. Certamente
daqui ela não saiu, Kevin. – Alicia respondeu.
— Tem razão.
Eu me afastei e continuei rodando pelo salão mais uma vez.
Lembrei que Hannah conhecia meu antigo quarto e talvez pudesse
estar lá. Subi as escadas rapidamente, mas encontrei o quarto vazio.
Aproveitei para verificar nos banheiros, mas em nenhum deles ela estava.
— Mas que merda!
Voltei para o salão e tentei pensar onde Hannah poderia ter se metido.
Ela não iria se afastar para um local escondido sabendo que eu retornaria em
breve e a procuraria. Voltei para a área externa e a procurei mais uma vez,
porém sem sucesso. Comecei a ficar preocupado.
Com a quantidade de pessoas e seguranças na mansão, seria difícil
que algo pudesse ter acontecido. Eu não acreditava que Hannah tivesse ido
embora ou saído da mansão, afinal, não faria sentido que ela saísse sozinha
na véspera de Ano Novo.
Voltei para dentro de casa e vi algumas pessoas conhecidas, mas não
aquela que eu procurava incansavelmente. Lembrei do jardim de inverno.
Ainda não tinha procurado por lá e Hannah conhecia o local. Passei por entre
as pessoas e segui o corredor até os fundos da mansão. Assim que abri a
porta, meu coração voltou a bater aliviado.
A primeira coisa que vi foram os cabelos ruivos dela. Hannah estava
sentada no mesmo banco onde eu lhe entreguei o cordão e ao notar a minha
presença, seus olhos azuis se focaram em mim.
— Procurei você por toda a parte. – falei.
— Eu queria ficar um pouco sozinha.
— O que aconteceu?
Seu semblante estava diferente, parecia mais sério. O brilho no olhar
não era o mesmo. Alguma coisa tinha acontecido nesse meio tempo em que
me afastei dela.
Entrei no jardim e fechei a porta atrás de mim. Caminhei até o banco
onde Hannah estava, mas não me sentei. Ela abriu a bolsa e tirou de lá um
relógio.
— É seu? – perguntou.
Não reconheci de imediato, mas peguei o relógio de sua mão. Ao
observar melhor, lembrei que aquele relógio me pertencia, mas eu não o via
há algum tempo.
— Onde achou isso? – olhei confuso para ela.
— Entregaram a mim. – levantou-se e me olhou fixamente –
Inclusive, Isabella pediu para te desejar um Feliz Ano Novo.
Ouvir o nome daquela mulher imediatamente me trouxe algumas
lembranças. O relógio na mão de Hannah era exatamente o que eu tinha
esquecido na casa de Isabella em alguma noite em que dormi lá. Eu nem senti
falta do mesmo e demorei a reconhecê-lo.
— Hannah, me deixe explicar. – falei imediatamente – Eu esqueci
esse relógio há muito tempo quando eu ainda tinha uma relação com Isabella,
mas desde que você e eu ficamos juntos, nunca mais a encontrei. Inclusive,
eu disse a ela que estava namorando e que não haveria mais nada entre nós.
— Eu sei.
A resposta me deixou surpreso.
Eu estava pronto para começar uma série de explicações para
convencê-la de que Isabella fazia parte do passado, mas o fato de Hannah não
discutir realmente me deixou sem palavras.
— Não quero brigar, Kevin. Eu vim até aqui porque queria conversar
com você sem aquela confusão lá fora. Não foi agradável para mim ter que
encarar aquela mulher, mas percebi que ela fizera de propósito. O que ela
queria era que eu pensasse que você estava me traindo.
— Sabe que eu não faria isso, Hannah. – coloquei o relógio no meu
bolso – Principalmente depois do que acontecera comigo no passado.
— Isabella mostrou que ainda quer você e que quer me ver longe.
— Isso não vai acontecer. Além do mais, eu não sei o que ela está
fazendo aqui.
Pensei no meu pai e no quanto ele gostaria que eu me casasse com
Isabella.
Uma suspeita pairou sobre minha cabeça e eu quis acreditar que não
fosse verdade. Meu pai não teria chamado Isabella aqui com o intuito de que
ela prejudicasse meu relacionamento com Hannah.
— Vamos esquecer Isabella e deixar isso para lá. – segurei seu rosto
entre minhas mãos – Se eu estou com você é porque existe um motivo muito
especial para isso, Hannah. Não importa quantas mulheres eu fiquei no
passado, no meu presente e futuro só existe você.
Eu a beijei com paixão.
Quis aproveitar que estávamos sozinhos e a apertei contra meu corpo
passando um dos braços em torno da sua cintura enquanto pressionava seu
corpo contra o meu. Hannah deixou que minha língua explorasse toda a sua
boca e não demorou muito até que eu estivesse excitado e com vontade de me
enterrar nela.
Sua mão agarrou meus cabelos e eu podia sentir seus seios roçando
contra meus músculos. Mesmo vestidos, aquela sensação era maravilhosa.
Deslizei meus lábios até seu pescoço e pude sentir sua pele arrepiar. O aroma
dela era delicioso e me afetava em diversos níveis. Há muito tempo eu não
me sentia tão conectado a uma mulher.
— Hannah, eu seria capaz de arrancar sua roupa aqui mesmo. – falei
com meus lábios roçando sua pele – Mas infelizmente essas paredes são
transparentes.
— Que pena... – ela suspirou.
— Vamos voltar para o salão e esquecer o que aconteceu. Em relação
a Isabella, não precisa se preocupar.
— Tenho receio do que ela possa fazer depois de ver que a história do
relógio não deu certo.
— Fique tranquila que eu vou resolver isso.
Saímos do jardim de inverno e voltamos para o salão.
Durante o resto da festa eu não vi mais Isabella. Talvez ela tivesse ido
embora logo após entregar o relógio a Hannah. À meia-noite os fogos
explodiram no céu e eu agradeci pelo que tinha acontecido comigo naquele
ano. Conhecer Hannah tinha me feito ver que a vida não precisava acabar
após a traição da minha noiva e que eu poderia ser feliz novamente.
Cumprimentei meus familiares e aproveitei para tirar fotos com minha
sobrinha.
— Tio, eu posso passar o dia no seu apartamento antes de voltar às
aulas?
— Claro, princesa. – concordei – Podemos comer batata-frita e ver
filmes.
— Viu, papai? – Maddie olhou para o meu irmão – O tio Kevin
deixou.
— Tudo bem, cupcake.
Abracei minha mãe e lhe dei um beijo no rosto.
— Hannah fez um milagre. Agora você tem passado mais tempo aqui
em casa.
— Vá agradecer a ela. – sorri.
Apertei a mão do meu pai e em seguida lhe dei um abraço.
— Podemos conversar depois da festa? – perguntei.
— Claro. Encontre-me no escritório daqui a pouco.
Após os cumprimentos de Ano Novo, os convidados começaram a ir
embora e a mansão esvaziou-se consideravelmente. Alicia e Ryan foram os
primeiros da família a se despedir, eles iriam para o quarto descansar e
colocar Luca para dormir. Louis levou Maddie em seguida e nossos amigos
também se despediram.
Subi com Hannah para meu antigo quarto onde passaríamos a noite.
— Preciso tomar um banho e tirar esse sapato. Meus pés estão
doloridos. – comentou ao entrar no quarto e sentar na poltrona.
— Eu tenho que descer para conversar com meu pai. – agachei ao seu
lado – Vá descansar que eu prometo não demorar.
— Tudo bem. – ela concordou.
Saí do quarto após lhe dar um beijo e desci as escadas. Fui até o
escritório e bati na porta. Ouvi a voz grave do meu pai do outro lado me
chamando para entrar. Assim que abri a porta, encontrei com ele de pé
segurando um copo de uísque e olhando através da janela. O escritório estava
na penumbra, apenas dois abajures estavam acesos e meu pai se mantinha
tranquilo olhando através da janela.
— Sobre o que gostaria de conversar, Kevin?
— Quero falar do que aconteceu hoje na festa. – coloquei as mãos nos
bolsos laterais da calça – O que Isabella estava fazendo aqui?
— Isabella foi convidada pela empresa. – respondeu se virando para
mim – Algum problema?
— Ela foi até Hannah entregar-lhe um relógio que eu esqueci no
apartamento dela. Isabella quis insinuar que eu estive por lá nos últimos
tempos, o que não é verdade.
— Entendo. – limitou-se a responder.
— Você a convidou de propósito para que fizesse isso?
— É claro que não, Kevin. – meu pai respondeu com a voz ainda mais
grossa – Convidei todos os funcionários da empresa que são chefes de seus
departamentos, seja financeiro, jurídico, marketing, entre tantos outros. – ele
colocou o copo de uísque sobre sua mesa – Se Isabella planejou alguma
coisa, ela é a única responsável.
— Mas você sempre insistiu para que eu tivesse um relacionamento
com ela.
— Sim e não vou negar. – encostou-se à mesa e um tornozelo por
cima do outro – Mas estou cansado de lhes dizer o que devem ou não fazer.
Eu interferi na decisão de Alicia no passado porque não concordava que ela
namorasse um Beaumont, mas hoje vejo minha filha feliz e realizada. Se você
acredita que Hannah é a mulher certa para você, eu vou te apoiar. Não tenho
nada contra sua namorada, Kevin.
— Obrigado, pai. – agradeci com sinceridade e me senti mal por ter
desconfiado de suas intenções – Pelo visto Isabella não desistiu.
— Não se preocupe com ela, Kevin. O importante é Hannah confiar
em você e não se abalar com as loucuras de Isabella. Uma hora ela vai
desistir quando vir que seu plano não está surtindo efeito. – ele afastou-se da
mesa – Agora preciso subir, sua mãe está me esperando.
Meu pai se aproximou de mim e colocou a mão no meu ombro. Seus
olhos me observavam com atenção e novamente eu me senti culpado por ter
acreditado que ele seria capaz de estragar meu relacionamento.
— Suba e vá descansar. Boa noite.
Ele me deixou sozinho no escritório e eu respirei fundo.
Por sorte Hannah acreditou em mim, mas o desfecho dessa confusão
poderia ter sido diferente. Isabella era uma mulher esperta e eu duvidava que
ela fosse desistir tão facilmente.
Subi até meu quarto e Hannah já me esperava sentada na cama usando
uma camisola azul clara que combinava com seus olhos. Eu sorri já me
despindo das roupas na intenção de me meter debaixo dos lençóis com ela.
Joguei a calça e a camisa sobre uma poltrona qualquer e subi na cama
apenas de cueca. Seu sorriso me mostrava o quanto estava feliz e que a
confusão do relógio já tinha sido deixada de lado.
— Demorei? – perguntei antes de distribuir beijos em seu pescoço.
— Não muito. – ela jogou a cabeça para trás me dando ainda mais
liberdade para explorar sua pele.
Não queria esperar mais, queria aproveitar o tempo sozinho com
Hannah. Minhas mãos passearam pelo seu corpo enquanto minha boca
buscava a sua. Nosso beijo foi voraz, como se não nos víssemos há anos. Em
pouco tempo ela já estava deitada sobre a cama, comigo sobre seu corpo e a
camisola suspensa até a cintura.
Agarrei sua calcinha e puxei para baixo, deslizando a peça por suas
pernas até que ela estivesse com a parte inferior do corpo nua. Hannah era
maravilhosa e eu já podia sentir a pulsação do meu pau dentro da cueca.
Por mais pressa que eu tivesse no momento, eu queria explorar seu
corpo um pouco mais. Abaixei uma das alças da camisola dela e deixei um
dos seus seios exposto. Hannah era tão linda que eu poderia passar o resto da
vida admirando-a sem me cansar. Suguei o seu mamilo rosado com calma.
Deixei que minha língua passeasse por ele lentamente e em seguida o chupei
com força. Hannah soltou um gemido baixo e agarrou meus cabelos.
Eu adorava suas reações, o que me deixou ainda mais sedento por ela.
Desci meu corpo e afastei suas pernas, afundando minha boca ali.
Ela arqueou, mas eu queria torturá-la ainda mais. Lambi, estimulei
seu clitóris e suguei sua intimidade até que ela gemesse e se contorcesse
gozando em minha boca. Sorri vendo-a toda vermelha e satisfeita, mas o meu
momento também tinha chegado. Tirei a cueca liberando meu pau rígido e
peguei uma camisinha na gaveta. Rasguei a embalagem e imediatamente
coloquei o preservativo.
Os olhos azuis de Hannah me observava com atenção e ela abriu
ainda mais as pernas me esperando. Era a visão mais perfeita que eu já tinha
visto na vida e nem em mil anos eu esqueceria. Devagar, eu a penetrei. Senti
meu pau entrando centímetro por centímetro naquele lugar apertado. Soltei
um gemido de satisfação ao sentir meu pênis todo dentro dela.
— Caralho, isso é muito bom! – exclamei com a respiração ofegante.
— Sim. – ela cravou as unhas em minhas costas – Eu quero você,
Kevin.
Eu não precisava de mais nada. Comecei a me movimentar dentro
dela sentindo meu pênis ser cada vez mais apertado. Era difícil me segurar,
mas eu queria prolongar ao máximo a sensação. Hannah me agarrou com
ainda mais força e passou suas pernas em torno da minha cintura. Meu
quadril se movia levando meu pau até o fundo.
Nossos corpos começaram a suar e meu coração bater acelerado.
Apertei sua coxa com força cravando meus dedos em sua pele e fiz ainda
mais força.
— Isso... – ela gemeu ofegante.
Em pouco tempo Hannah se contorceu debaixo de mim e chegou ao
orgasmo. Aquilo foi o bastante para me fazer perder o controle e gozar logo
em seguida. A sensação era maravilhosa e eu deixei meu corpo cair sobre o
seu enquanto eu tentava puxar o ar para dentro dos pulmões.
— Feliz ano novo, linda. – sussurrei em seguida – Eu realmente não
acreditava que começaria o ano dessa forma.
— Por quê? – ela perguntou se virando para mim.
— Porque esse último ano eu superei bastante coisa e finalmente
consegui me entregar a alguém. – coloquei a mão sobre seu rosto – Obrigado,
Hannah.
— Eu que agradeço. – piscou os lindos olhos azuis devagar – Você
tem sido incrível comigo, foi paciente e principalmente, nunca se importou
com o fato de eu não ter a mesma situação financeira.
— Eu não estou nem aí para o fato de eu vir de uma família rica. –
debrucei sobre ela – Você é linda, inteligente, humilde e gostosa demais.
Então eu não preciso de mais nada.
— Você é maravilhoso, Kevin Walsh. Faz eu me sentir a mulher mais
linda do mundo.
— E você é.
Quando o feriado passou e a semana começou de fato, eu dirigi até a
empresa do meu pai.
Poucas vezes eu ia até a Walsh Publishing House e quando isso
acontecia, muitas pessoas me olhavam espantadas. Usei o cartão de acesso
para passar na roleta do térreo e peguei o elevador. Ao parar no
quinquagésimo sexto andar, as portas se abriram e eu pude ver Lizzie entrar.
Ela imediatamente sorriu ao me ver.
— Kevin, que surpresa agradável! – ela me abraçou.
— Oi, Lizzie. – dei-lhe um beijo na bochecha – Sempre me espanta o
fato de você nunca me confundir com meu irmão.
— Acho que me acostumei. – ela deu de ombros – Além do mais,
acabei de ver o seu irmão na sala com a equipe de fotografia. Ele teria que ser
um x-men para estar dentro desse elevador também.
Dei uma risada.
Eu saí do elevador no andar direcionado à publicidade da empresa.
Passei pelo corredor que indicava onde ficava a diretoria e encontrei com
uma recepcionista negra, magra e que usava óculos de grau. Ela notou minha
presença e levantou o olhar.
— Bom dia, Sr. Walsh. – cumprimentou-me e por mais que eu não a
conhecesse, eu sabia que todos na empresa me conheciam.
— Bom dia. – respondi – Eu gostaria de falar com a Srta. Blanc.
— Pois não, vou avisá-la de que está aqui.
Esperei até que ela fizesse a ligação para a sala de Isabella. Eu me
sentia furioso, mas não queria perder a cabeça. Porém, ignorar o que Isabella
tinha feito era impossível.
— Ela disse que está esperando-o, Sr. Walsh.
— Obrigado.
Caminhei a passos firmes até a porta onde uma placa dourada
indicava Isabella Blanc – diretora de publicidade. Dei duas batidas com os
nós dos dedos e abri a grande porta. Isabella estava sentada em sua cadeira e
recostada daquele jeito superior tentando transmitir seu jeito sexy enquanto
estampava um sorriso nos lábios.
Há alguns meses eu realmente me sentia muito atraído por ela, mas
agora, Isabella não passava de apenas uma mulher comum.
— Que surpresa te ver aqui, Kevin. – ela levantou-se.
Usava uma saia preta justa ao corpo que ia até acima dos joelhos e
uma blusa branca com um decote discreto. Na cintura, um cinto preto e as
unhas longas e vermelhas chamavam a atenção. Ela jogou os longos cabelos
pretos de lado e ficou de frente para a mesa, recostando-se nela
— A que devo a honra? – perguntou.
— Não é nenhuma surpresa a minha presença aqui, Isabella. Você
sabe porque vim.
— Saudades? – deu um sorriso bem malicioso – Tenho algum tempo
até minha próxima reunião.
— Não vim transar, Isabella. Vim te avisar que seu plano com aquele
maldito relógio não deu certo.
— Plano? – ela pareceu chocada – Eu só quis fazer um favor, meu
amor.
O cinismo dela me deixou nauseado.
Como eu nunca havia notado o quanto Isabella era superficial e
sonsa?
— Preste atenção no que vou falar, Isabella. Fique longe de Hannah. –
dei um passo adiante ficando mais próximo a ela – Não se rebaixe fazendo
esses joguinhos.
— Você está cego por aquela garota. Ela é só um rostinho bonito, mas
é um peixe fora d’água e não combina nem um pouco com a família de onde
você veio.
— Acha que me importo com isso? Hannah é uma mulher incrível. –
afastei-me dando dois passos para trás – Procure outro cara, Isabella. Você
tem capacidade para isso.
— Seu pai sempre achou que eu era a mulher ideal para você. –
insistiu.
— Tenho novidades: eu não sou meu pai.
Virei as costas e saí da sala a passos largos.
Eu sabia que tinha feito a coisa certa mostrando a Isabella que ela não
tinha chances e não conseguiria estragar meu relacionamento, mas eu tinha
dúvidas sobre o fato de ela desistir tão facilmente. Isabella sempre foi
determinada e nunca descasou antes de atingir seus objetivos.
Talvez, ela ainda voltasse a atacar.
Capítulo 33
HANNAH
Por sorte eu ganhara alguns dias de folga por conta da minha lua de
mel. Passei dias incríveis ao lado da minha esposa e Hannah parecia ainda
mais radiante. O sol do Caribe lhe fizera muito bem. Suas bochechas estavam
levemente rosadas, sua pele um pouco mais bronzeada e os longos cabelos
ruivos pareciam brilhar ainda mais.
Viemos bastante cansados no avião e dormimos quase a viagem toda,
mas agora estávamos prontos para voltar a Nova York e principalmente,
aproveitar o nosso novo lar.
Não demorou muito até que Hannah e eu decidíssemos qual
apartamento escolheríamos. Um bonito triplex no Upper East Side, bem
próximo ao de Alicia.
— Ansiosa? – perguntei enquanto estávamos no banco de trás do táxi.
— Um pouco. – sorriu voltando o olhar para mim – Mas de um jeito
bom. Sei que dedicamos um bom tempo decorando nosso apartamento e não
vejo a hora de finalmente morarmos lá.
— Faltam poucos minutos agora.
Assim que paramos em frente ao edifício, Hannah o olhou admirada.
Sei que ela nunca se imaginara morando em um apartamento em um dos
lugares mais nobres de Manhattan, mas minha esposa talvez não acreditasse,
mas se encaixava perfeitamente nesse lugar.
Eu abri a porta do táxi para ela e logo em seguida recebi um beijo nos
lábios.
— Obrigada. – agradeceu com seus olhos azuis brilhando.
— Preparada?
Ela assentiu e eu peguei as malas com a ajuda do motorista.
Logo em seguida o porteiro veio em nosso auxílio dizendo que levaria
as malas pelo elevador de carga.
Entramos em nosso apartamento pela primeira vez depois de
completamente decorado. Pude ver os olhos de Hannah brilhando. Ela girou
nos calcanhares ficando de frente para mim.
— Ficou melhor do que imaginei! – exclamou – Está perfeito!
— Você fez um ótimo trabalho, linda. – aproximei-me e envolvi sua
cintura com os braços – Esse é o nosso lar. Aqui vamos construir nossa
história juntos, onde vamos criar nossos filhos, onde receberemos nossos
familiares e amigos, onde seremos muito felizes.
— Sim. – envolveu seus braços no meu pescoço – Eu já estou sendo
muito feliz com você.
— É mesmo? – em um movimento rápido a peguei no colo – Por que
não estreamos a nossa nova cama?
Hannah deu uma risadinha e a levei direto para o quarto.
Um mês depois do nosso casamento, decidi fazer uma surpresa para
minha esposa. Cheguei ao apartamento com um sorriso no rosto e encontrei
Hannah com um vestidinho azul claro todo florido na cozinha enquanto ouvia
uma música pop na caixinha de música e balançava os quadris.
— Animada? – perguntei e ela se virou para mim.
— Oi, meu amor. – aproximou-se e me deu um selinho – Que bom
que chegou, estou preparando uma receita que sua mãe me ensinou.
— O cheiro está maravilhoso. – peguei sua mão e dei um beijo – Por
que não para alguns minutinhos para eu falar com você?
Notei seus olhos azuis brilhando de curiosidade. Eu tinha chegado há
dois dias de viagem e já estava com essa ideia na mente. Ela se recostou no
balcão da cozinha e fixou o olhar no meu.
— O que aconteceu? Posso ver na sua cara que está aprontando algo,
Kevin Walsh.
— Andei conversando com sua tia e sua irmã.
— Planejando algo sem mim?
— É. – sorri e apoiei as mãos na bancada deixando-a entre meus
braços – Tenho uma surpresa para você. Sua tia alugou um apartamento aqui
em Manhattan e conseguiu um emprego na NY High School.
— O quê? – arregalou os olhos – Está brincando comigo!
— É verdade. Na próxima semana elas vão se mudar.
— Não acredito que esconderam isso de mim! – ela passou os braços
em volta do meu pescoço – Estou tão feliz com essa notícia!
— Era para ser uma surpresa. Que bom que deu certo. – eu a apertei
contra meus braços – Sei que ficaria feliz tendo elas aqui perto e as ajudei a
encontrar um apartamento. Um conhecido é corretor e ele resolveu todos os
detalhes.
— Você é tão bom para mim. – falou olhando nos meus olhos – Eu
estou tão feliz.
— Eu sempre farei o meu melhor, linda. Você trouxe luz e esperança
para minha vida novamente. Descobri o que é amar de verdade. – sorri –
Agora trate de falar com sua tia, ela estava louca para contar a novidade.
— Claro!
Ela me deu um beijo rápido e saiu correndo paga pegar o celular.
Fiquei observando de longe enquanto ela falava animada caminhando
de um lado para o outro na sala de estar e fazendo planos para quando a
família viesse morar mais perto. Hannah fez questão de falar que ajudaria no
que fosse preciso com a mudança e eu me recostei no balcão cruzando os
braços.
Eu era um cara sortudo. Tinha encontrado uma mulher linda e
honesta, que me amava de verdade e eu faria de tudo que estivesse ao meu
alcance para fazê-la feliz.
FIM