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Aconselhamento Psicologico e Psicoterapia
Aconselhamento Psicologico e Psicoterapia
PSICOLOGIA
Conselho Diretor:
Anita de Castilho e Marcondes Cabral
Nelson Rosamilha
Oswaldo de Barros Santos
In memorian:
Dante Moreira Leite
Capa:
Jairo Porfírio
1982
Todos os direitos reservados por
ENLO MATHEUS GUAZZELLI & CIA. LIDA. 02515 - Praça Dirceu de Lima,
313 Telefone: 266-0926 - São Paulo
índice
Introdução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
7. A Personalidade e a Auto-Afirmação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Referências bibliográficas. . . . . ., . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
..
English-abstract . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
.
Introdução
O.B.S.
PARTE I
QUADRO 1
EXEMPLOS DE MÉTODOS DE ORIENTAÇÃO, ACONSELHAMENTO
PSICOLÓGICO E PSICOTERAPIA
MÉTODOS ENTRADOS NO CONTEXTO SÓCLO- MÉTODOS CENTRADOS NO CONTEXTO
CULTURAL PESSOAL
· Informação - orientação · Persuasão · · Psicanálise e técnicas analiticamente orient
Manipulação ambiental · Aproveitamento de Técnicas de reorganização cognitiva · Técnic
interesses e recursos pessoais e ambientais · crescimento pessoal e autodeterminação · T
Terapia ocupacional · Socioterapia · Comunidades suportivas ou de tranquilização · Terapia ges
terapêuticas e vivenciais; processos de grupo Terapia biofuncional e bioenergética · Psicod
Análise transacional · Terapia primal · Psicob
· Logoterapia · Existencialismo
Nota: Alguns métodos podem ser classificados em uma ou mais categorias:
outros não são apresentados sob a nomenclatura habitual e enquadram-se na
classe geral em que são colocados no texto (capítulos 2, 3 e 4).
2 - Métodos Centrados no Contexto Sócio-Cultural
Fundamentos
Procedimentos comuns
Como se verifica em vários autores (hahn & MacLean, 1955; Stefflre &
Grant, 1976; Sundberg & Tyler, 1963; Wolberg, 1977), há grande variação nos
procedimentos adotados nesta categoria metodológica de tipo "orientador" ou
“diretivo" .
Ainda que prevaleça o sentido sociocêntrico,. Baseado em padrões
culturais, tenta-se, do ponto de vista psicológico, reduzir ao mínimo a diretividade
procurando-se reduzir tensões e preparar a pessoa para decisões socialmente
desejáveis. Em geral, os procedimentos mais comuns são: 1) Discussão com o
psicólogo dos prós e contras de cada situação; 2) Informação, pelo psicólogo, com
base no diagnóstico, das possíveis causas e da possível evolução das reações
observadas; 3) Opinião do psicólogo no sentido de estimular ou de impedir a
consecução de certos planos; 4) Planejamento de situações, com o cliente,
envolvendo assuntos relacionados com os problemas tratados.
Dificilmente se encontra, na literatura, a citação de pormenores técnicos do
método, isto é, sobre o tipo de diálogo e atuação pelo qual o psicólogo conduz o
relacionamento com o cliente. Em geral" são citados métodos de interpretar
resultados de testes face a uma situação considerada e prognósticos que podem
ser levantados. Limitam-se os autores a afirmar que "o cliente deve ser
informado", que" deve tomar conhecimento J' , que o psicólogo deve considerar
isto ou aquilo e que o cliente deve decidir.
Em geral, qualquer dos procedimentos aqui citados, como outros, análogos,
,embora com nomenclatura diferente, compreendem três etapas:
Fase catártica
Fase de diagnóstico
Fase de decisões
Com o quadro do cliente diante de si, o psicólogo é levado à compreensão
do comportamento do cliente e à decisão sobre os procedimentos aplicáveis para
prevenção, ajustamento ou alteração de conduta. A característica básica reside na
maior dose de iniciativa e decisão atribuída ao psicólogo. Este espera o cliente
colocar os problemas e as soluções, mas, se estas não surgirem, assume o
psicólogo o papel de proponente. O diálogo é Uma troca de idéias. O psicólogo
informa, de modo impessoal, sobre os dados apurados, baseando-se em
interpretações clínicas e estatísticas (Meehl, 1954; Super, 1955; Coule, 1960;
Goldman, 1961). Evita personalizar as situações e oferece panoramas gerais,
impedindo o aparecimento de nova ansiedade quando certos dados possam
contrariar os alvos do cliente. Ao discutir com este, o psicólogo, ao mesmo tempo
que informa, tenta explorar em cada idéia ou fato novo os sentimentos manifestos.
Essa atuação, informativa e exploratória, leva o cliente a conhecer suas
possibilidades e, desde que não gere tensões, produz condições favoráveis para
escolhas e decisões. É uma etapa difícil, principalmente quando existem dados
fortemente contrários às expectativas da pessoa. Em geral, é mais cauteloso
esperar que esta, pouco a pouco, com a atmosfera de conforto criada pelo
psicólogo, possa ir, ela própria, inferindo conclusões. As interferências no sentido
de ordenar, proibir, persuadir não têm, em geral, mostrado eficácia. A informação
e a exploração subseqüentes e imediatas nos parecem ser o procedimento mais
adequado até agora encontrado. O psicólogo julga e avalia as possibilidades do
cliente, mas o faz atenuando qualquer grau de dependência ou de ansiedade, na
medida em que seja capaz de, concomitantemente com a informação, incluir
atitudes que conduzam o cliente a explorar-se a si mesmo e à tomada de
decisões.
Variações no processo
Persuasão
Fundamentos
Procedimentos comuns
Técnicas diversas
Presenciamos, atualmente, uma babel de terapias, seja nesta categoria,
seja em outras, assinaladas nos Capítulos 2 e 4. Há grupos, movimentos e
serviços públicos e particulares (centros pastorais, centros de valorização da vida,
centros de emergência e de assistência a ansiosos, viciados ou marginalizados,
encontro de casais, encontro de jovens, grupos comunitários e grupos de encontro
em geral, grupos de gestantes e de idosos e um sem-fim de proposições). Alguns
se utilizam de lazer, entretenimentos, recreação comum; outros utilizam o' esporte
e os exercícios físicos; alguns empregam o esforço, outros o repouso; uns
propugnam o relaxamento e a descontração, outros, ao contrário, a assunção da
responsabilidade e da preocupação; alguns promovem estados solitários e de
meditação, outros o companheirismo e a convivência grupal; outros, enfim,
propõem a criatividade, a libertação e a expressão de si mesmo, enquanto outros
proclamam a submissão, a obediência e o conformismo. Todos eles têm em
comum a busca de soluções para problemas emocionais ou circunstanciais, no
plano existencial. As proposições terapêuticas parecem estar ao sabor da
atividade de muitos, bem como do charlatanismo de alguns, embora haja um bom
número de profissionais seriamente empenhados em aplicar, controlar e estudar
novas técnicas e seus efeitos nos clientes. Dentre as técnicas que têm merecido
considerável estudo, poderiam ser citadas algumas, tais como:
· As técnicas suportivas ou de tranquilização, individuais ou em grupo,
geralmente destinadas a clientes em estado de grande ansiedade ou
depressão. Usam-se vários procedimentos, dentre os quais a catarse,
atividades físicas, compreensão e empatia, sugestão, persuasão, hipnose,
relaxamento físico e mental, repouso, placebos, em geral como procedimentos
iniciais seguidos, depois, por atividades programadas no sentido lúdico,
artístico, filantrópico, profissional, etc.
Nas técnicas suportivas procura-se, inicialmente, baixar o nível de
ansiedade, ou de depressão, elevando-se, por outro lado, o nível de tolerância
às frustrações e conflitos, principalmente quando estes são irremovíveis
(redução do autoconceito, perda de bens ou de parentes, incapacidade física,
convivência forçada com fontes de atrito, etc.). Não se cogita de reorganizar a
personalidade, mas de reduzir ou eliminar os sintomas agudos, propiciando
condições para uma programação terapêutica posterior.
· A terapia gestáltica que parte da experiência organísmica, colocando
o corpo, com seus movimentos e sensações, no mesmo plano da mente. A
ênfase terapêutica consiste em colocar a pessoa em contacto com as
necessidades correntes e imediatas do organismo, Perls (1976), seu principal
fundador, coloca como fundamental a estrutura e a configuração da percepção,
isto é, o processo ativo que leva à construção de um todo perceptivo
organizado e significativo entre o organismo e seu meio. Os desajustes e
neuroses são conseqüências de separações e espaços não naturais na
formação das "gestalten" (configurações) e a ansiedade seria a sensação de
ameaça a essa unificação criativa.
O tratamento é, em geral, grupal, sob a forma de "workshops", nos quais
são usadas dramatizações, troca de posições e papéis, visando-se "minimizar o
espaço vazio entre os processos subjetivos e objetivos e restaurar na pessoa a
totalidade da experiência não-verbal concebida como uma espécie de elam vital"
(Kovel, 1976). Uma extensão do método é a terapia gestáltica centrada na pessoa,
como forma de conjunção entre a posição rogeriana e gestaltista e da qual
falamos a seguir.
Fundamentos
Procedimentos comuns
Reflexologia
Arteterapia
Ludoterapia
Biblioterapia
Ocupa um lugar modesto no arsenal terapêutico, discutindo os psicólogos
seu uso e seus efeitos. Consiste em um procedimento livre ou dirigido de leituras
que propiciam ao cliente informação, instruções e encorajamento como, também,
meios de reflexão e de auto-análise. Um dos inconveniente é não permitir o
diálogo podendo, em certos casos, conduzir o cliente a interpretações
inadequadas de sua situação. Menninger (1937) e Schneck (1945) foram alguns
dos poucos especialistas que, em anos passados, tentaram sistematizar a
literatura sobre esse procedimento.
Semântica
Modificação do comportamento
Neste conjunto de recursos, condenado por muitos, aceito por outros, mas
aberto a conjecturas, haveria que distinguir algumas posições principais, a saber:
1) procedimentos que, embora sob denominações diversas, incluem-se no campo
da fisiologia e da psicologia convencional ou da ciência em geral; 2)
procedimentos relacionados com doutrinas ou práticas não ortodoxas, baseados
em “forças” ou agentes sobrenaturais; 3) procedimentos parapsicológicos que
incluem parte do primeiro grupo, parte do segundo e fenômenos ainda pouco
esclarecidos.
A primeira posição pouco acrescenta, do ponto de vista científico atual, aos
procedimentos que a ciência dispõe; apenas muda-se de nome e tenta-se criar
uma doutrina própria. O ritual que os acompanha é, geralmente, parte de um
revigorante influxo sugestivo ou um processo bem elaborado de condicionamento
operante e, desse modo, produz resultados. Podem ser incluídos neste grupo: o
Hinduísmo, para estados de tensão e que compreende, em geral, relaxamento
muscular, meditação e, depois, concentração em soluções objetivas para os
problemas; a Yoga, uma variante do hinduísmo que visa ao autocontrole, em
vários estágios; o Budismo, que busca o controle de todos os desejos e o domínio
de si mesmo como técnica para eliminar sofrimentos; o Zen-budismo, baseado na
intuição e na iluminação, na procura de maneiras diferentes de solver problemas;
muitas técnicas orientais, influências astrais e de fenômenos da natureza (Barter,
1967).
A meditação, outrora pertencente apenas ao campo do comportamento
esotérico, próprio de certos rituais orientais, é hoje um procedimento aplicado
como recurso terapêutico básico ou associado a outros métodos. Maupin (1965) é
considerado um dos pioneiros nas investigações e aplicações experimentais do
método. Deikman (1966), paralelamente, relata que a meditação pode induzir a
pessoa a libertar-se de estereótipos mentais e atingir formas mais agradáveis de
encarar as realidades existentes.
A meditação pode relacionar-se, no plano teórico ou operacional, a outros
procedimentos, tais como o treinamento autógeno, de Schultz, à Yoga, à auto-
regulação do processo cerebral e aos processos genéricos de tomada de
consciência (Chang, 1978): Estudos citados por Hart e Tomlinson (1970) indicam
a ocorrência de mudanças fisiológicas devidas à meditação e que a pessoa “pode
aprender a controlar suas ondas mentais” (p. 588). Dizem os mesmos autores que
“se o homem puder aprender a controlar sua própria consciência, através da
combinação de antigas técnicas com a moderna tecnologia, estaremos entrando
em uma nova idade cultural” .
A meditação lembra, ainda, a Terapia Morita (Chang, 1978) e implicações
em áreas correlatas tais como a percepção do próprio Eu, um recurso para
entender a consciência e o uso de processos subjetivos para controle mental.
Infelizmente,
há poucas pesquisas significativas sobre tão fascinante campo e muitos
métodos e técnicas são, apenas, comercialmente explorados.
Na segunda posição podem ser encontrados certos cultos e crendices com
grande variedade de atuações físicas, materiais e espirituais; pode incluir
superstições, magias e correlatos.
Embora a dimensão do transcendente em terapia não seja ignorada pela
ciência psicológica, sua deturpação sob a forma de rituais exóticos é francamente
questionada pelos riscos que a obsessão e a compulsão podem acarretar.
Sacrifícios pessoais e atos anti-sociais podem ter origem em posições místicas
inabaláveis. Muitos líderes carismáticos, atuando sobre pessoas emocionalmente
imaturas ou em extremos graus de ansiedade ou sofrimento, podem converter-se
em “agentes” de cura ou de solução de problemas. O culto de imagens, de
pessoas vivas ou mortas, de gestos, de palavras e de hábitos, bem como as
expiações deliberadamente impostas e deliberadamente aceitas, inclusive
autotortura e flagelamento, em funções de certos “deuses” ou símbolos mágicos, é
atuação comum notadamente em povos primitivos e nos habitantes
marginalizados de grandes concentrações urbanas.
Os sistemas com base na fé podem produzir curas, seja por efeitos
sugestivos, seja por modificação biopsíquica resultante de redução de tensão, seja
por outros fenômenos ainda não totalmente explicados. Neste grupo encontram-se
toda sorte de ações, inclusive as que ocorrem em sessões espíritas.
Em uma terceira posição encontra-se um conjunto de fatos e de atuações
na área da Parapsicologia e, a julgar pelos dados existentes até o momento,
segundo a maioria dos autores, “os fenômenos parapsicológicos, na realidade,
não passam de fenômenos psicológicos” (Ribas, in Amadou, 1969). Embora essa
afirmação tenha certo conteúdo de verdade, não se pode negar a existência de
outros fenômenos (as funções psi) que não se acham, ainda, suficientemente
explicados pela psicologia comum ou científica.
É pensamento do autor que o aconselhamento e a terapia psicológica por
procedimentos parapsicológicos enquadram-se, embora não nominalmente, na
vasta gama de métodos e técnicas já conhecidos, principalmente nos
procedimentos reflexolôgicos, comportamentais, persuasivos e sugestivos. Há que
se admitir, todavia, a possível ocorrência de eventos que, embora possam se
enquadrar no campo científico que conhecemos, ainda assim constituem áreas
que precisam ser consideradas e investigadas.
Segundo Amadou, a utilidade da parapsicologia consiste em permitir melhor
conhecimento da natureza psicológica e fisiológica do homem. “Se a psicologia
profunda dá às manifestações paranormais o seu sentido pessoal e as recoloca no
seu contexto individual, em compensação a parapsicologia enseja aos analistas
não vaguearem acerca da interpretação de determinada manifestação paranormal
e os habilita a compreender e a fazer compreender melhor ao paciente seu próprio
inconsciente, permitindo-lhe que atue sobre ele” (Amadou, 1969). Em suma, não
nos parece haver, até o momento, suficientes razões para se acreditar em
métodos e técnicas exclusivamente parapsicológicas, com causas, procedimentos
e resultados próprios de um novo sistema psicológico. Contudo, um estudo de
procedimentos nessa área é indispensável.
Aconselhamento e terapia em processos de grupo
e da Psicoterapia
Síntese histórica
a) Congruência e autenticidade
É a relação genuína e sem fachada. O terapeuta é o que é, plenamente
aberto aos sentimentos e atitudes que “naqueles momentos fluem nele próprio”. E
chamada de congruência e significa, também, que o terapeuta é capaz de dispor
dos sentimentos que nele próprio ocorrem, acessível à sua percepção e apto a
comunicá-los, se necessário. Não se nega a si mesmo.
A congruência é maior na medida em que ele, terapeuta, seja capaz de
ouvir, com plena aceitação, o que ocorre em si mesmo e de vivenciar, sem medo,
a complexidade de seus sentimentos.
Na vida diária sentimos essa situação. Há pessoas que nunca são elas
mesmas; operam sob uma máscara ou fachada: dizem coisas que não sentem,
são incongruentes e dificilmente com elas nos abrimos. Confiamos, porém,
naquelas que são o que são, sem a fachada de polimento ou de profissão.
Diz Rogers que tem sentido uma confirmação clínica e experimental dessa
hipótese. Os terapeutas melhor sucedidos no lidar com clientes não-motivados,
resistentes, doentes crônicos, pobremente educados, são os que, antes de tudo,
são reais; que reagem de uma forma genuína, que exibem essa autenticidade e
que são assim percebidos pelo cliente. Ser congruente pode significar, às vezes,
exprimir aborrecimento, preocupação ou frustração no relacionamento com o
cliente, mas de forma tal que este sinta que isso parte do próprio terapeuta e não
dele, cliente. Eis por que técnicas psicoterápicas tão diversas podem ser efetivas
na medida que haja essa condição de congruência, ainda que atingida de maneira
diversa (Rogers, 1965b ).
que:
A dinâmica do processo
Diz Rogers (1961), “mas o que faz a pessoa mudar para melhor, quando
durante um certo período mantém contato com um terapeuta que aplica as
condições previstas?”
Respondendo, diz que as reações do cliente são uma recíproca das
atitudes do terapeuta. Primeiramente, como o cliente encontra alguém que ouve,
em atitude não-crítica a seus sentimentos torna-se, pouco a pouco, apto a ouvir a
si próprio. Começa a receber comunicações de dentro de si mesmo; percebe que
está zangado; reconhece quando se acha amedrontado ou, apesar disso,
corajoso. À medida que se torna mais aberto ao que ocorre em si mesmo, passa a
ouvir os sentimentos que antes negava ou reprimia. Passa a perceber os
sentimentos que lhe pareciam tão terríveis, desorganizadores, anormais ou
vergonhosos e que, anteriormente, não fora capaz de reconhecer. Enquanto
aprende a ouvir a si mesmo, torna-se capaz de aceitar-se melhor. Expressa, cada
vez mais, os aspectos desagradáveis e escondidos de si mesmo. Lentamente, ao
verificar as atitudes de consistência e de consideração positiva e incondicional do
terapeuta, passa a tomar as mesmas atitudes para consigo, aceitando-se e
reconhecendo-se tal como é e, portanto, pronto a mover-se para frente, no
processo de amadurecimento. Sente-se capaz de retirar as fachadas que tem
usado, eliminar certas defesas e abrir-se ao que realmente é.
O cliente, ao passar por esse processo, move-se em um continuum. Vai do
estado no qual os sentimentos são irreconhecíveis, impessoais, inexpressos, para
um fluxo no qual cada sentimento é experienciado no momento, percebido, aceito
e adequadamente expresso. Inicialmente, o cliente está distante de sua própria
experiência. Um exemplo bem claro é o das pessoas que intelectualizando- falam
sobre si mesmas de forma abstrata, deixando quem as ouve sem saber o que se
passa nelas mesmas. Dessa distância, move-se o cliente para uma experiência
imediata, na qual vive abertamente essa mesma experiência e começa a saber
que pode voltar a seus sentimentos e descobrir seu significado.
O processo envolve uma liberação dos mapas cognitivos da experiência.
Partindo de experiências construídas de forma rígida, percebidas como fatos
externos, dirige-se o cliente para uma situação moldável que se constrói e se revê
a cada nova experiência. O processo, portanto, move-se da fixação, distância,
rigidez de autoconceito, alheamento a pessoas, impersonalismo de funcionamento
a um estado de maior fluidez, permeabilidade, imediatismo de sentimentos e de
experiência, aceitação destes e descoberta de um “eu” que muda como fruto das
experiências que se vêm modificando. Surge maior realidade e estreitamento de
relações e uma unidade e integração de funcionamento.
T - Creio que seu silêncio significa que ou você não queria ou não podia ter
vindo agora. Está certo; não há problema. Assim, eu não vou incomodar você,
mas apenas quero que você saiba que estou aqui.
(Longo silêncio de 17 minutos.)
T - Acho que daqui há pouco teremos de suspender nosso encontro.
(Breve silêncio.)
T - É difícil para mim saber como você tem se sentido. Parece-me que
talvez você prefira que eu não saiba como você se sente. De qualquer forma,
parece que, às vezes, é melhor a gente descansar... e relaxar os músculos. Mas,
como lhe disse, eu realmente não sei como você se sente. É a única coisa que
tenho para lhe dizer. A vida tem sido dura ultimamente?
(Breve silêncio.)
T - Talvez esta manhã você preferisse que eu ficasse quieto. .. e, talvez
fosse melhor, não set; entrar em contato com você de algum jeito.
(Silêncio de 2 minutos - o cliente boceja.)
T - Você parece desanimado ou cansado.
(Silêncio de 40 segundos.)
C - Não, somente chateado.
T - Tudo é chato, hein? Você se sente chateado?
(Silêncio de 40 segundos.) .
T - Quer voltar sexta-feira, às 12 h, como sempre?
C - (Boceja e diz qualquer coisa de forma ininteligível.)
(Silêncio de 48 segundos.)
T - É uma espécie de chateação, na qual a gente se afunda. Sentimentos
chatos, hein? É alguma coisa assim?
C - Não.
T - Não?
(Silêncio de 20 segundos.)
C - Não. Nunca fui bom para ninguém, não sou e nunca serei.
T - Sente isso agora, hein? Que você não é bom para você, não é bom para
ninguém. Nunca será bom para ninguém. Completamente sem valor, hein? Esses
são realmente sentimentos chatos. Você se sente sem valor nenhum, não é?
C-É. É aquilo que o sujeito que foi comigo para a cidade me disse outro dia.
.
T - Essa pessoa que foi com você à cidade realmente falou-lhe que você
não serve para nada? É isto que você está dizendo? Será que ouvi direito?
C-É.
T - Acho, se entendi direito, que aí há alguém que significa algo para você;
o que ele pensa de você, porque ele disse que você não serve para nada e tocou
num ponto sensível.
(O cliente chora, quieto.)
T - E isso faz você chorar.
C - Eu não me incomodo.
T - Você diz a você mesmo que não se incomoda; mas eu penso que parte
de você se incomoda, porque alguma parte de você chora...
GRÁFICO 1
Etapas Principais do Processo de Auto-Afirmação
Percepção dos eventos pessoais e sociais
(Respostas sensoriais, motoras e mentais a
quaisquer estímulos pessoais, ambientais ou
sociais)
|
SELF
|
IDENTIDADE
|
Avaliação no plano consciente ou inconsciente
das respostas aos estímulos pessoais, ambientais
e sociais
|
AUTO IMAGEM
|
Adaptação dos impulsos naturais e pessoais às
pressões e condições ambientais e sociais
|
EGO
|
Auto afirmação negativa; AUTO ESTIMA Auto-afirmação positiva,
insatisfação pessoal; AUTOCONCEITO satisfação pessoal; equilíbrio
deteriorização do emocional
comportamento
A ocorrência patológica
Parece evidente ao autor que a maioria, senão a totalidade dos distúrbios
emocionais, dei origem não-biológica, provém do aniquilamento do EU Pessoal e
da conseqüente necessidade de fazê-lo emergir. A percepção de ser
desvalorizado, desprezado, preferido, parece ser a mais contundente experiência
humana. E o homem assim percebido ingressa em defesas para compensar essa
desvalorização de algum modo e, enquanto isso não ocorre, permanece em
estado de real sofrimento. Não importa se esse sentimento de desvalia seja real
ou imaginário. Desde que a pessoa o sinta, atua como se fosse real.
As compensações psicológicas explicadas pelos mecanismos de defesa
(Freud,Ana Freud e outros) são meios pelos quais o indivíduo recompõe seu
equilíbrio emocional, revendo-se como alguém, bom, útil e expressivo. Às vezes
essa defesa é socialmente inaceitável, não adaptativa, como no caso do indivíduo
que rouba, assalta ou mata para vingar-se, para aparecer, ou para mostrar que
existe e que é alguém. Nesses casos, o indivíduo está psicologicamente
equilibrado mas socialmente condenado. Noutras vezes, busca afirmação em
obras ou atividades que substituem suas deficiências ou pseudo deficiências e
que são aceitas e socialmente valorizadas. Obtém-se, nesse caso, um equilíbrio
social e psicológico adequado. Outras vezes, porém, permanece o indivíduo no
plano da nulidade ou da não-existência e esse sentimento, profundamente
traumático, gera angústias às vezes insuportáveis. Aí estariam, pois, as nascentes
de todos os problemas psicológicos. Manipulá-los, terapeuticamente, com
compensações ou com nova visão de si e dos referenciais externos, é todo o
trabalho da reeducação, da reabilitação ou da psicoterapia e os casos que
mencionamos em páginas anteriores são exemplos que podem ser significativos.
O problema psicológico, manifesto por tensões, angústias ou
comportamentos socialmente indesejáveis, parece brotar como conseqüência da
aniquilação individual, ou, em menor grau, do sentimento de incapacidade ou de
rejeição. Isto porque a própria sociedade exige o conformismo a seus padrões e,
logo a seguir, a expressão individual, ou seja, uma capacidade individual de ser
alguém, de resolver problemas, de tomar iniciativas e de dar contribuições à
sociedade. Diante dessas exigências antagônicas, conformismo versus expressão,
o indivíduo vê-se perplexo. Precisa adaptar-se e precisa ser alguém, para não ser
tragado pelo niilismo. Pode conformar-se totalmente e mergulhar no anonimato, no
nada ser, como defesa. É o seguidor sem restrições, para quem tudo está bom.
Aceita o niilismo sem tensões. Noutro oposto, está o contestador extremado, que
movido pelo seu EU Pessoal tudo questiona e somente por maiores pressões
submete-se às imposições sociais. Entre tais extremos situam-se, porém, grande
parcela de pessoas que lutam por um equilíbrio entre o não-ser e o ser. Não o
atingindo ,ingressam em estados permanentes de tensão e de sofrimento. Esses
casos são comuns e os vemos no dia-a-dia, sofrendo ou gerando sofrimento em
outros. Muitas das personalidades neuróticas ou psicóticas, para usar a rançosa
nomenclatura tradicional, enquadram-se nessa situação: estão à procura de um
equilíbrio entre o ser e o dever-ser; entre o que são (EU Pessoal) e o que acham
que exigem de si (EU Social). Essas pessoas, às vezes, imaginam que as
expectativas dos outros,sobre si mesmas, são de tal ordem que não podem a elas
corresponder: é o sentimento de incapacidade, real ou imaginário; outras
procuram vencer as “exigências” ou expectativas, impondo o seu EU Pessoal,
como forma de se libertarem dessas exigências e temos os comportamentos de
prepotência, de dominância ou de culto de si mesmos. Tanto num caso como
noutro, a pessoa sofre ou provoca sofrimentos e torna,se indesejável para si ou
para os outros. A auto-afirmação parece ser o móvel constante, o regulador da
conduta humana. Conduzi-la a níveis pessoais e sociais adequados, sem ferir a
individualidade e a sociedade,seria o objetivo máximo do bem-estar individual e
social.
PARTE III
Medidas preventivas
a) Aluno que não consegue fazer os trabalhos escolares, não consegue fazer
cálculos ou operações necessárias a certas tarefas:
É possível que o aluno tenha dificuldades físicas ou mentais ou não tenha
aprendido o necessário e tenha nível potencial baixo.
Se houver problemas físicos estes devem ser previamente tratados; se a
causa for falta de escolaridade, isto é, falta de conhecimentos, é óbvio que a
solução é levá-Io a aprender o que lhe falta ou adaptar os programas a seu nível.
b) Aluno que falta constantemente aos trabalhos escolares:
Pode haver várias causas tais como: 1) medo de crítica do professor; 2) medo
de encontrar colegas ou situações que o ameaçam; 3) dificuldades econômicas e
sociais, inclusive vergonha por não ter o que os colegam têm; 4) atração por.
outras atividades que colidem com o horário da escola; 5) sentimento de revolta,
procurando não ir à escola para agredir o mundo que o perturba; 6) necessidades
familiares que impedem a freqüência à escola, etc. .
c) Aluno indisciplinado, que transgride constantemente as recomendações
familiares ou escolares:
Pode haver várias causas, como as citadas no exemplo anterior e outras, de
tipo emocional, que levam o aluno a buscar impor-se e a chamar a atenção sobre
si, ao inconformismo, a reações agressivas provenientes de outras frustrações,
etc.
Na imensa maioria dos casos, os problemas acima e outros, não
mencionados, embora oriundos de causas objetivas (físicas, intelectuais ou
sociais) geram condições emocionais desagradáveis para a própria pessoa. Ela
sente que há algoerrado; seu autoconceito se deteriora. Há, pois, dois
componentes do problema,como vimos:
a) uma deficiência potencial; física, social, econômica ou intelectual;
b) a percepção da deficiência, gerando conseqüências emocionais no aluno que
passa a sentir-se diferente ou deficiente o que, por sua vez, agrava uma eventual
deficiência potencial.
Atuação de professores
Nota: A ordem em que aparecem os sintomas não tem nenhuma significação especial.
A educação e a família
A satisfação no trabalho
e) Nas tarefas complexas, os jovens agem mais por tentativa e erro, enquanto o
idoso procura pensar e usar menos tentativas. Nos problemas complexos e sem
pressão do tempo, o desempenho do idoso iguala o dos jovens. Quando essa
pressão existe, o desempenho do idoso é menor, porque este é forçado a usar o
método de tentativa e erro. Em síntese, se dermos ao idoso mais tempo (e menos
pressões) para realizar uma tarefa, seu desempenho iguala o do adulto (assinala a
autora que este conceito é fundamental).
f) No campo da inteligência e manutenção do nível mental potencial, há dados
extremamente importantes. Baseado nos resultados de testes que medem a
inteligência, os dados indicam somente ligeiro declínio e mesmo assim devido,
provavelmente, a estadOs patológicos não identifi. cados. O nível mais alto
atingido parece estar em torno dos 55 anos e não aos 35. Observou-se, também,
que em muitos casos o desempenho mental na idade dos 70 é mais alto do que
na idade de 25. Muitas das diferenças devidas à idade derivam do fato de que os
testes usados enfatizam habilidades e conhecimentos correntes, dos quais o idoso
está afastado pelos seus hábitos de vida. Isto significaria que não há declínio na
inteligência mas, tão somente obsolência, ou seja, falta de atualização do idoso à
vida ambiental. Se a ele fosse dada estimulação ambiental, estas diferenças
tenderiam a desaparecer; se o quociente de inteligência não diminui em termos de
capacidade para aprender, mas por falta de estimulação, é possível concluir que o
idoso pode reaprender novas habilidades.
g) Quanto à aprendizagem e à memória, envolvendo o registro e a retenção, o
idoso necessita mais tempo para processar seus dados e está mais sujeito a
menor desempenho, quando as tarefas não têm muito sentido (motivação). Em
geral, o idoso faz mais tentativas para estabelecer um critério do que os jovens.
h) No que se refere ao pensamento e solução de problemas, o idoso prefere
operar com fatos concretos do que abstratos, tendo mais dificuldades para formar
conceitos e resolver problemas que envolvem muitas peças de informação a
serem manipuladas simultaneamente; tende a repetir soluções anteriores, o que é
desvantajoso quando há necessidades de soluções ao mesmo tempo rápidas e
inovadoras, mas que se torna favorável quando há situações que se mantêm
estáveis ou de lenta modificação, que não exigem grande e pronta criatividade.
i) O idoso pode aprender e ser empregável. Muitos empregadores nos Esta-dos
Unidos e na Europa relatam que após um período inicial de experiência, sentem-
se mais felizes com eles porque inspiram mais confiança sobretudo no que se
refere a assiduidade, pontualidade e rotatividade.
j) No que se refere à personalidade, em geral, o idoso pouco muda com o advento
da idade, embora ocorram mudanças biológicas e sociais. Citando vários autores,
Kasscchau declara que há considerável estabilidade no curso de vida no que se
refere à descrição de si mesmo, aos constructos pessoais e aos estilos cognitivos.
O idoso torna-se apenas mais rígido do que o jovem; há certo grau de dogmatismo
e menos tolerância à ambigüidade e às pressões sociais. Torna-se o idoso,
também, menos impulsivo e mais cauteloso que os jovens. O comportamento do
idoso é mais consistente e melhor previsível do que o do jovem e sua estrutura de
personalidade é mais claramente perceptível. Há mais introspecção e um sentido
mais claro de sua própria identidade.
Ressocialização
Remotivação
Terapia de atitudes
É uma forma de modificação do comportamento que envolve certas atitudes
predeterminadas em todos os contactos com os clientes. Visa-se reforçar o
comportamento desejável e eliminar o indesejável.
Há, segundo os autores, cinco atitudes principais a serem usadas, as quais
podem ser escolhidas, sendo importante que qualquer pessoa que entre em
contacto com o cliente participe da terapia usando, sempre, a mesma atitude
atéobtenção do comportamento desejável.
As 5 atitudes são:
- Firmeza: mais usada com clientes depressivos. Criticam-se as tarefas feitas mas
não o cliente e não se dá atenção aos sentimentos e lamentações.
- Amizade ausente: mais usada com clientes apáticos, pouco sociáveis, autistas.
Consiste em dar atenção ao cliente antes que este a solicite ou demonstre
desejá-Ia. Despende-se tempo extra, especial com o caso atribuindo-se-Ihe
tarefas significativas e que dificilmente errariam.
- Amizade passiva: mais usada com clientes que não se adaptam a uma amizade
mais íntima. Consiste em mostrar interesse e atenção para com a pessoa do
cliente sem procurar movê-Io em qualquer direção. Espera-se que o cliente dê o
primeiro passo.
- Sem exigências: mais indicada para os clientes desconfiados, que se sentem
ameaçados ou encolerizados. Nada se pede; mostra-se que se espera, apenas,
que ele não prejudique ninguém.
- Objetividade: mais indicada para os clientes manipuladores que procuram
envolver ou conquistar o terapeuta. As respostas a esses clientes devem ser
consistentes, casuais e calmas, demonstrar afeto, restringindo-se aos fatos em si.
Terapia de reforçamento
Terapia ambiental
Aplicável a grande número de casos, consiste em aproveitar as
oportunidades do próprio meio para desenvolver motivos, interesses e atitudes. O
objetivo é facilitar ao cliente o contacto com novas pessoas e atividades, criando-
se condições ef que haja pouca possibilidade de frustrações e conflitos. Parte do
princípio de qu toda pessoa tem, sempre, parte de seu Ego aproveitável. O cliente
é convidado participar, oferecendo-se oportunidades práticas de participação.
Terapia rogeriana
Terapia de apoio
Referências Bibliográficas