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AULA TEÓRICA 22/03/2024

22 de março de 2024 19:20

Inversão do ónus da prova:


- Quando se fala de inversão, é a parte contrária que tem de verificar que certo ato não se verificou, estas situações estão previstas no artigo 344.º do CC.
- N.º2 do artigo: existe inversão do ónus da prova quando a contraparte tiver efetuado limitações, tem que ser conjugado com o artigo 417.º/2 do CPC, pelo qual este último
diz que pode existir ónus da prova. Este artigo 417.º/2 pressupõe que a recusa de colaboração não foram suficientes para comprovar certo determinado ato, se o tribunal
concluir que certo facto não se verificou ou se sim, não irá existir inversão do ónus da prova, esta inversão em concreto do n.º2 só se aplica em que a recusa não tenha
levado à demonstração de certo facto.
- A recusa em si mesma não é suficiente.
- É necessário um comportamento culposo e tenha que tornar impossível de provar.
- Um caso de inversão do ónus da prova, é o Ac. STJ de 10/09/2019 proc. 1410/17
- Também temos os casos de ação de paternalidade, que são muito comuns por existirem limites aos teste, um acórdão muito interessante do TRC Proc. 5525/16

- n.º1: Também temos a presunção legal, estes estão nos artigos 350.º (contrapõem-se às presunções judiciais - artigo 351.º), só as legais é que invertem, mas elas têm em
comum o fator de presunção
- Nas presunções temos uma questão de facto que fica provado por si só, caso não haja prova em contrário, tem que ser a parte contrária a verificar.
- O facto-base da presunção pode ser abalado nos termos gerais.
- Uma distinção entre as legais e judiciais
- Legais: enquanto tem que se fazer a prova de que a prova em sentido negativo, ou prova em contrário, o facto presumido só é afastado quando se demonstra a
sua inexistência,
- Judiciais: não se exige a prova do contrário, somente é necessária a contraprova, ou seja, a criação de um espírito de dúvida no âmbito do julgamento.

- Estamos perante as clássicas presunções ilidíveis (também do artigo 350.º/2) e também temos as inilidíveis (artigo 350/2, ou seja, aquelas em que a prova é proíbida),
o artigo 344.º/1 refere-se às presunções iuris tantum, ou seja, aquelas que podem ser ilidíveis, as inilidíveis nem entram na questão.

- Ainda no artigo 344.º, o n.º1 também fala de dispensa ou liberação do ónus da prova, não é fácil distinguir as presunções legais a que se refere às dispensas ou liberações
- Uma presunção legal está sempre subjacente a uma regra de experiência, enquanto as dispensas ou liberações do ónus da prova não se baseiam em regras de
experiência.

- A convenção também pode ser um método de inversão do ónus da prova.

Matéria dos graus de prova:


- O juiz para decidir, tem que ter uma determinada convicção de um facto, a lei exige essa convicção, mas nem sempre existe o mesmo objeto, a lei pode exigir a
plausibilidade de uma certa prova, a lei pode nem exigir a plausibilidade.
- A regra do nosso direito que decorre do artigo 341.º do CC, em regra, a lei exige a prova de que o facto é verdadeiro, em regra, estamos perante a prova stricto sensu, não é
plausível a mera prova, que é algo verdadeiro.
- A mera justificação, remete a uma ideia de plausibilidade-
- Nos procedimentos cautelares remetem para os factos plausíveis, e não é necessário serem verdadeiros (artigo 348.º).
- O juiz também pode formular a sua plausibilidade através de outras provas, a lei pode admitir um principio de prova (artigo 421.º/1/parte final), o facto demonstrado
através de antigo processo, necessitará de ser confirmado em certos casos.
- No que diz respeito à força probatória dos meios de prova:
- os meios de prova podem ter um valor de prova livre ou prova legal
- livre (artigo 607.º/5/segunda parte): a lei não impõe que a prova não seja necessário ou importante para formular decisão - Maior parte das testemunhas são
assim, o juiz não está obrigado a seguir as opiniões destes. Por norma as perícias também são assim, ou até mesmo por declarações de parte. A livre convicção
não representa arbitrariedade, é necessário sempre fundamentar a decisão de facto, ele tem que explicar porque certo facto foi validado ou não, outra garantia
é o registo das provas produzidas nas audiências (artigo 155.º/1 do CPC - Gravação sempre da audiência final), também temos garantias acrescidas na
possibilidade de recurso relativamente a matéria de facto (que está previsto no artigo 640.º do Código de Processo Civil
- legal: a lei impõe que a prova seja importante para formular decisão, quando estamos perante este tipo de provas, estamos perante a prova legal negativa e a
prova legal positiva
- Negativa: quando a lei impede que certo meio de prova seja valorado/utilizado pelo juiz, o artigo 99.º/5 do Estatuto da Ordem dos Advogados dita que
umas provas advindas da violação do sigilo do advogado não podem servir como prova em juízo (não estamos a pensar nos casos do artigo 195.º do Código
Penal ou Processo Penal, podemos ter uma ordem de quebra)
- Prova legal positiva: existem três modelos, plena, pleníssima e bastante:
- Plena: Ou seja, só cede em prova em contrário, pelo que encontramos no artigo - factos dos próprios autenticadores, nestes casos, os factos
371.º do CC um exemplo, os documentos autênticos formulam prova plena quando estão plenamente provados quando não ocorreu o dito ato
temos prova do contrário, ou seja, é necessário que o facto não ocorreu, pelo que de autenticidade, pelo qual é uma forma de abalar a força
temos dois tipos de facto: probatória.
- Factos que são atestados nos documentos em base da
entidade autenticadora, se o notário presta que foi
determinada declaração efetuada, ela está plenamente
provada
- Pleníssima: Não cede perante prova em contrário, pelo qual temos a presunção legal iuris iudede.
- Bastante: a lei impõe ao juiz a formação da sua convicção naquele meio de prova, mas ela cede, como a livre, através da mera contraprova, ou seja,
basta criar um sentimento de dúvida - exemplo do artigo 374.º do CC, a letra e assinatura de um documento particular, pelo qual temos uma
imposição de prova legal, quando não são impugnadas ou até mesmo demonstração de outro documento em contrário.

Provas Ilícitas:
- Podem ser admitidas em juízo provas que foram adquiridas de forma ilícita, ou a maneira que ela é utilizada em juízo consubstancia como um modelo ilícito
- Exemplo é um escrito de natureza íntima, ela foi adquirida de forma lícita, mas a sua utilização ela é ilícita
- O aspeto fundamental é que: O Código de Processo Civil não regula em NADA sobre este assunto.
- Estes casos são muito comuns.

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- Estes casos são muito comuns.
- A tendência é de aplicação analógica de regra do artigo 32.º/8 da Constituição da República Portuguesa, mas há quem entenda que não se deve aplicar analogicamente,
existe uma tendência que ditam de limites iminentes.
- É questionável se é admissível uma ponderação de interesses, mesmo que se considere ilícito, podemos constituir uma possível ponderação de interesses? Podemos ver
um estado de necessidade? Será que estes casos são de conhecimento oficioso pelo juíz? Será que estas provas estão sujeitas ao artigo 195.º (nulidade das provas)?
- Para a professora é possível aplicar analogicamente
- Para ela não é possível efetuar uma ponderação

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