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ENADE 2022

Andressa Sechi
01/11/2022 - 10º A e B
O que nos aguarda?
Tomás de Aquino, discutindo a questão referente ao sigilo da confissão, afirma:Um sacerdote não pode
ser tomado como testemunha senão como homem. Portanto, sem detrimento da sua consciência pode
jurar que ignora o que só como Deus o soube. – Semelhantemente, pode um prelado sem detrimento
da sua consciência, deixar impune ou sem nenhum remédio, o pecado, que como Deus o soube. Pois,
não está obrigado a dar remédio senão ao modo por que as cousas lhe são confiadas. Portanto, ao que
lhe foi confiado no foro da penitência deve dar remédio no mesmo foro, tanto quanto possível. Assim o
abade, no caso referido, deve advertir o prior a resignar o priorado; ou, se este não o quiser, pode em
outra ocasião qualquer, eximi-lo às obrigações do priorado, contanto que evite toda suspeita de
revelação daconfissão. (AQUINO, São Tomás. Suma Teológica. Tradução de Alexandre Corrêa. Porto
Alegre: Livraria Sulina, 1980. v. X, p. 4510).
Considerando as regras pertinentes do Direito Civil e do Direito Processual Civil
brasileiros, o sacerdote que se nega a depor em audiência sobre fatos de que teve
conhecimento no confessionário agirá:
a) amparado na lei, porque não pode ser obrigado a depor sobre fatos a cujo respeito deva
manter em segredo, mas se o fato não lhe parecer acobertado pelo dever do sigilo poderá
revelá-lo em seu depoimento.
b) sem amparo na lei, porque o sacerdote não pode valer-se dessa condição para eximir-se de
colaborar com o Poder Judiciário na busca da verdade.
c) sem amparo na lei, porque a testemunha tem o dever de dizer a verdade sobre o que lhe foi
perguntado, pelo Juiz, não contendo a lei nenhuma exceção.
d) amparado na lei, apenas se os fatos puderem colocar em perigo de vida ou de dano
patrimonial imediato quem o tiver arrolado como testemunha.
e) sem amparo na lei, porque antes de iniciar seu depoimento deveria alegar suspeição, a fim de
que fosse dispensado de depor, mas se assim não agiu fica obrigado a responder a todas as
perguntas que lhe forem feitas.
Considerando o texto acima, pode-se concluir que a tutela
processual coletiva:
a) despreza por completo o Código de Processo Civil atual,
por sua insuficiência técnica em lidar com lides coletivas.
b) reelabora totalmente as categorias clássicas do processo,
essencialmente a questão do pedido.
c) adota o critério de numerus clausus das ações coletivas,
para não permitir a vulgarização de tais demandas.
d) mantém a essência do processo civil atual,
aperfeiçoando-o com regras mais abertas e flexíveis para a
tutela coletiva.
e) utiliza os institutos do processo civil individual, de forma
abreviada, em defesa dos interesses dos cidadãos.
A expressão "acesso à Justiça" é reconhecidamente de difícil definição, mas serve
para determinar duas finalidades básicas do sistema jurídico - o sistema por meio
do qual as pessoas podem reivindicar seus direitos e(ou) resolver seus litígios, sob
os auspícios do Estado. Primeiro, o sistema deve ser igualmente acessível a todos;
segundo, ele deve produzir resultados que sejam individual e socialmente justos.
Sem dúvida, uma premissa básica será a de que a justiça social, tal como desejada
por nossas sociedades modernas, pressupõe o acesso efetivo. O acesso não é
apenas um direito social fundamental, crescentemente reconhecido; ele é também,
necessariamente, o ponto central da moderna processualística. CAPPELLETTI, M.;
GARTH, B. Acesso à Justiça. Trad. de Ellen Gracie Northfllet. Porto Alegre: Sergio
Antonio Fabris, 1988, p. 8-13 (adaptado).
Considerando o acesso à Justiça como um dos temas relevantes da
processualística contemporânea, bem como a repercussão, no ordenamento
jurídico brasileiro, do movimento de acesso à Justiça iniciado por Cappelletti e
a) a autorização de julgamento por amostragem de recursos especiais interpostos
constitui obstáculo ao acesso à Justiça, pois pode prejudicar uma das partes pelo fato de
não haver análise detalhada do recurso.
b) o direito de acesso à Justiça não implica, necessariamente, direito de acesso à ordem
jurídica justa, ou seja, a compatibilização do direito substancial com a realidade social,
judicialmente.
c) a restrição do direito à assistência judiciária constitui um dos retrocessos no acesso à
Justiça trazidos pela Constituição Federal de 1988.
d) a alteração do cumprimento das sentenças e o procedimento sumaríssimo da Justiça
do Trabalho são exemplos de reestruturação de práticas tradicionais no Brasil sob a
perspectiva da ampliação do acesso à Justiça.
e) as violações de caráter difuso, ou seja, as lesões causadas ao cidadão,
individualmente, em diferentes esferas do seu patrimônio jurídico constituem obstáculo
Uma das obrigações implícitas de quem exerce o direito de ação é a de apresentar com
clareza o que se postula, "porque a exata compreensão do postulado irá influir
decididamente na possibilidade de defesa, dificultando o contraditório," e "a ausência de
clareza importa em retardamento da prestação jurisdicional, maculando o princípio da
duração razoável do processo". BRASIL, Tribunal Regional do Trabalho da 3.ª Região,
processo n° 00634-2011-015-03-00-6 RO, DEJT de 25/06/2012.
Considerando a necessidade de clareza da postulação, conforme alude o texto acima,
suponha que, em uma ação trabalhista, tenha sido impossível ao juiz determinar
exatamente a pretensão do autor. Nessa situação, infere-se que:
a) o autor incorreu em ofensa ao princípio da lealdade processual.
b) a falha do autor caracteriza falta de interesse processual de sua parte.
c) o juízo acionado deve declarar abuso do direito de ação pelo autor.
d) o juízo acionado deve declarar inépcia da petição inicial ou do pedido.
Os embargos de declaração consistem em espécie de recurso que é julgado pelo próprio órgão
que prolatou a decisão embargada. Pontes de Miranda observa que, pelos embargos de
declaração, “não se pede que se redecida; pede-se que se reexprima”.
Ainda sobre o assunto, Rodrigo Mazzei esclarece que algumas garantias inseridas no ventre da Carta
Magna de 1988 podem ser protegidas e concretizadas através do manejo dos embargos de
declaração, como é o caso da inafastabilidade da jurisdição (art. 5º, XXXV) e da duração razoável do
processo (art. 5º, LXXVIII).
MIRANDA, P. de. Comentários ao Código de Processo Civil, tomo VII (arts. 496-538). Rio - São
Paulo: Forense, 1975 (adaptado). MAZZEI, R. Art. 1.022. In: DIDIER JR., F.; TALAMINI, E.;
DANTAS, B. (Coord.). Breves comentários ao novo Código de Processo Civil. 2. ed. rev. e atual.
São Paulo: RT, 2016, p. 2.373 (adaptado).
Segundo o Código de Processo Civil de 2015, os embargos de declaração:
A)não interrompem o prazo para a interposição de recurso.
B) têm por finalidade reformar ou anular a decisão impugnada.
C) devem ser julgados colegiadamente, ainda que opostos contra decisão de relator ou outra
decisão unipessoal proferida em tribunal.
D) concretizam a garantia da razoável duração do processo e, por isso, não existe hipótese de
serem considerados manifestamente protelatórios.
E) são utilizados para impugnar decisão em que se considera haver omissão por se limitar a
invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão.
GABARITO
01: A
02: D
03: D
04: D
05: E
Fato e ato jurídico DISCURSIVA: Pelos estudos que temos desenvolvido sobre a matéria, pensamos que há
bilateralidade atributiva quando duas ou mais pessoas se relacionam segundo uma proporção objetiva que as
autoriza a pretender ou a fazer garantidamente algo. Quando um fato social apresenta esse tipo de relacionamento,
dizemos que ele é jurídico. Onde não existe proporção no pretender, no exigir ou no fazer, não há Direito, como
inexiste este se não houver garantia específica para tais atos. Bilateralidade atributiva é, pois, uma proporção
intersubjetiva, em razão da qual os sujeitos de uma relação ficam autorizados a pretender, exigir ou fazer,
garantidamente, algo. Esse conceito desdobra-se nos seguintes elementos complementares:
I. sem relação que una duas ou mais pessoas, não há Direito;
II. para que haja Direito, é indispensável que a relação entre os sujeitos seja objetiva, isto é, insuscetível de ser
reduzida, unilateralmente, a qualquer dos sujeitos da relação;
III. da proporção estabelecida deve resultar a atribuição garantida de uma prestação ou ação, que pode limitar-se
aos sujeitos da relação ou estender-se a terceiros. REALE, M. Lições preliminares de Direito. 27 ed. São Paulo:
Saraiva, 2002. p. 51 (adaptado).
Com base no texto e no conceito de bilateralidade atributiva, redija um texto dissertativo, atendendo,
necessariamente, ao que se pede a seguir.
a) Relacione os conceitos de direito subjetivo e dever jurídico com a bilateralidade atributiva. (valor: 4,0 pontos)
'Uma pintura linda é criada a partir de
inúmeras pinceladas'
Dale Carnegie

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