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I V

M e m ó r ia
C a p ít u l o

Ana Karína LemeArantes ■Érík Luca de Mello Camila Domeniconi


*

“( ...) Essas lembranças não eram simples; cada Funes é um estranho personagem do imaginário de
imagem visual estava ligada a sensações musculares, L. Borges, e o que ele faz com maestria exemplifica
térmicas etc. Podia reconstruir todos os sonhos, todos definição de m em ória como “a habilidade de recordar <
os entressonhos. Duas ou três vezes havia reconstruí­ reconhecer experiências anteriores” (Kolb, Wishaw, 2002
do um dia inteiro, não havia jamais duvidado, mas p. 490). A memória de Funes era a mais poderosa de tod
cada reconstrução havia requerido um dia inteiro. as capacidades: para ele, a verdade sobre o m undo resid
Disse-me: 'M ais lembranças tenho eu do que todos nos detalhes que ele dominava como ninguém. A situaçã
os homens tiveram desde que o mundo é mundo’. E —que poderia parecer ideal aos historiadores —era pa
também: ‘Meus sonhos são como a vossa vigília’. E ele, na verdade, uma grande limitação. Funes não cor
também, até a aurora: ‘M inha memória, senhor, é guia raciocinar, um a vez que, segundo o narrador, “per
como um depósito de lixo’. Uma circunferência em é esquecer diferenças, é generalizar, é abstrair”. O que J
um quadro-negro, um triângulo retângulo; um lo­ refletir sobre o estranho fato de que, talvez, esquecer :
sango são formas que podemos intuir plenamente; tão im portante quanto lembrar. D a mesma maneira qu
o mesmo se passava a Ireneo com as tempestuosas esquecim entos excessivos são um problem a, caracte-
crinas de um potro, com um a ponta de gado em zando um indivíduo sem história, o lem brar em exce
uma coxilha, com o fogo m utante e com a cinza em contrapartida tam bém tem seus riscos: a pessoa dei:
inumerável, com as muitas faces de um morto em de fazer o que é necessário no ambiente imediato porqj
um grande velório. N ão sei quantas estrelas via sempre se lembra de algo. Normalmente, o que é lembra
no céu. se configura como tarefa urgente, de m aneira que a pes
( ...) De fato, Funes não apenas recordava cada não consegue concluir tarefas simples. O s com por
fo lha de cada árvore de cada monte, mas ta m ­ mentos de lembrar e esquecer em excesso indicam parad
bém cada uma das vezes que a havia percebido
xalmente o quanto tais comportamentos são selecionado
ou imaginado. Resolveu reduzir cada uma de suas
e mantidos no repertório das pessoas. Esta característ
jornadas pretéritas a umas setenta m il lembran­
é, além de um alento, um a confirmação da relação em
ças, que definiria logo por cifras. Dissuadiram-no
lembrar/esquecer e o controle de estímulos.
duas considerações: a consciência de que a tarefa
M em ória na Análise do Com portam ento é compor
era interminável, a consciência de que era in ú ­
m ento, e deveria ser estudada a partir da análise das va
til. Pensou que na hora da morte não haveria
acabado ainda de classificar todas as lembranças
da infância. ” (Funes, o memorioso, Jorge Luís 'Conform e apresentado ao final da seção “Behaviorismos e as Vicissiti
Borges.) do Sistema Skinneriano” no Capítulo 1.
Memória 57

seii que controlam e afetam sua probabilidade de emissão. de memória. Este capítulo pretende, ainda, produzir uma
ï, seria im portante trocar o substantivo “memória” leitura de outras áreas de conhecimento, juntam ente com
X verbos como “lem brar” e “esquecer”, e descrever as a Análise do Com portam ento, a respeito do fenômeno da
que os verbos denotam diante de situações nas quais m em ória, como m aneira de interlocução entre as áreas
3€ssoas lembram ou esquecem. Dessa maneira, age-se do conhecim ento, sugerida por autores como Chaves e
mo analistas do com portam ento diante de sua unidade Galvão (2005), Strapasson, Carrara e Lopes Júnior (2007)
básica de análise, a contingência2, entendendo a memória e W ixted (2008) e praticada nos estudos de D onahoe e
to algo dinâmico e diretamente ligado às experiências Palmer (1994), Mechner (2008), Pontes e H übner (2008),
^das pela pessoa em seu passado e presente (Catania, dentre outros.
» 8 4 ; W ixted, 1998).
Wixted (1998) apresenta a noção da análise do compor­
tamento sobre a m em ória da seguinte maneira: ALGUNS M ODELOS EXPLICATIVOS
“N o seu uso comum, a palavra m em ória se refere DE M EM Ó R IA 3
a um conjunto de representações mentais de ex­
Tradicionalm ente, para estudar o fenôm eno da
periências passadas. O estudo da memória, desta
memória, têm-se usado vários tipos de modelos explica­
forma, é investigar estruturas e processos que estão
tivos que pretendem dar conta de todas as variáveis que
envolvidos no armazenamento e manipulação des­
podem interferir ou mesmo determ inar os diversos tipos
tas representações. A noção analítico-comporta-
de com portam entos incluídos na categoria “m em ória”.
mental de memória, pelo contrário, não se refere a
Segundo Izquierdo (2006), “as m em órias” são classifi­
entidades mentais estáticas, mas ao potencial para
cadas de acordo com a função, com a duração e com o
manifestar no com portam ento os efeitos de expe­
conteúdo. Nesta seção, serão apresentados alguns dos prin­
riências passadas. Estudar memória sob este ponto
cipais “modelos e tipos” de memória.
de vista é estudar o com portam ento que reflete
a apresentação prévia de um estímulo (lembrar)
ou a perda de um tipo de controle de estímulos Memória de trabalho
(esquecer) (p. 263).”
A m em ória de trabalho é um tipo de m em ória defi­
nida pela sua função. Também conhecida como m em ória
Antes de apresentar trabalhos de analistas do comporta­
operacional, ela “equivale a um sistema para a manutenção
—ento, um exercício im portante é entender como o fenô-
temporária e a manipulação de informações necessárias ao
nen o da m em ória vem sendo compreendido pela Psico-
desempenho de um a série de funções cognitivas” (Magila,
3gia ao longo dos anos. Este será o primeiro passo deste
Xavier, 2000, p. 145). E aquela m em ória que usamos
capítulo. Serão apresentados modelos que tentam explicar
quando estamos realizando alguma tarefa e que nos possi­
: : mo a m em ória funciona. Tais metáforas influenciaram
bilita acessar dados, conhecimentos e habilidades já apren­
t m to o discurso da Análise do C om portam ento como
didos. Por exemplo, ao escrever um texto, a pessoa prova­
um contraponto de várias posturas científicas (Wixted,
velmente usou tanto os conhecimentos adquiridos sobre
2008), como tam bém a rejeição de Skinner às chamadas
o tem a da m em ória durante as pesquisas bibliográficas
aplicações mentalistas do com portam ento (Strapasson,
quanto as habilidades de escrever, concatenar ideias e fazer
C arrara, Lopes Júnior, 2007). Em seguida, a seção de uma
sínteses. É preciso “lem brar” do que foi de escrito para
grande área de estudos em Análise do Com portam ento:
poder formular as próximas palavras e assim por diante.
:ontrole de estímulos. Depois, será apresentada a seção
;u e relaciona m em ória a aprendizagem; na sequência,
problemas de m em ória e suas distorções, e ainda apli-
jações dos estudos sobre memória. E, por fim, será reto­ 3Para esta seção, procurou-se apresentar noções de memória com pouca
ênfase nos distúrbios, a exemplos das Amnésias, doença de Alzheimer e
mada, de maneira sucinta, a posição de Skinner a respeito síndrome de Korsakoff, bem como os efeitos de acidentes traumáticos
ou estado de coma. N a literatura consultada, muitos de tais distúrbios
aparecem como foco de objeto de estudo, experimentos e elucidação para
o que é e como tem sido estudada a memória, o que foge ao objetivo deste
2Ver no Capítulo 1 mais detalhes sobre contingência na seção “A Unidade capítulo. Para maiores detalhes ver: Izquierdo (2006), Kolb e Wishaw
Básica de Análise”. (2002) e Squire e Kandel (2008).
58 Temas Clássicos da Psicologia sob a Ótica da Análise do Comportamento

Memórias de curto e de longo prazos m ento (responder aos estímulos program ados no expe­
rim ento) exemplifica a m em ória im plícita (processual).
e memórias remotas
Tal distinção entre implícita e explícita não se restringe
N a tipologia quanto ao tempo, a literatura apresenta as à m em ória de eventos verbais, mas ocorre tam bém em
memórias: de longa, de curta duração e a memória remota. aprendizados motores e visuais. Esta diferença pode ser
Memória de longa duração são as informações ou habilidades observada quando pacientes amnésicos passam por expe­
que levam um longo tempo para serem consolidadas, e que rimentos desse tipo. Após a exposição destes pacientes ao
permanecerão por mais tempo no repertório do organismo. procedimento, eles concluem a tarefa como um paciente
Nas primeiras horas após sua aquisição, são lábeis que não sofre deste distúrbio, contudo, não se recordam
e suscetíveis à interferência por numerosos fatores, de ter feito a tarefa no passado (Izquierdo, 2006; Kolb,
desde traum atism os cranianos ou eletrochoques Wishaw, 2002).
convulsivos, até uma variedade enorme de drogas
ou m esm o a ocorrência de outras mem órias
(Izquierdo, 2006, p. 25). TEORIAS SOBRE O
A memória de curta duração é aquela que dura poucos E SQ U E C IM E N T O
segundos, o tem po necessário para que as memórias de
Pergher e Stein (2003) apresentaram um a revisão de
longa duração se consolidem. Precisar o limite temporal
entre as memórias de curta e long 3 duração pareœ set difícil teorias pioneiras que buscaram explicar o fenôm eno do
e impreciso, segundo Magila e Xavier (2000). Envolve os esquecim ento. Existem algumas vantagens no esqueci­
mesmos mecanismos que a m em ória de longa duração, mento, por exemplo, um a vantagem adaptativa, relacio­
porém com duração e capacidades diferentes (Izquierdo, nada com a econom ia cognitiva, ocasionando retenção
2006; Gazzaniga, Heatherton, 2005). apenas das informações mais pertinentes para adaptação ao
As memórias remotas são aquelas armazenadas por muito meio (Izquierdo, 2006). Esquecimento, segundo Pergher e
tem po na vida, conforme Izquierdo (2006, p. 27). Stein (2003), é o fenômeno pelo qual as informações arma­
U m rato é capaz de lembrar, 1 ano depois, que, zenadas na memória deixam de estar disponíveis para utili-1
em um dado com partim ento de determinada cai­ zação. Relacionando apenas causas cognitivas ao esque­
xa, recebeu choque elétrico nas patas. Os ratos de cimento (diferentes de causas orgânicas ou relacionadas
laboratório vivem pouco mais de 2 anos. Um ser com traumas), os autores apresentam as principais teorias
hum ano de 70 anos é capaz de lembrar, até com relacionadas com o tema. Resumidamente, segundo esses
detalhes, episódios importantes de sua infância. mesmos autores, as teorias são descritas a seguir.

Memórias implícita e explícita Estudos de Ebbinghaus


D e acordo com o conteúdo, há dois tipos de memória: Os estudos de Ebbinghaus (1902, citado por Pergher.
implícita e explícita. Para falar sobre elas, um breve expe­ Stein, 2003) buscaram explicar o fenôm eno do esque­
rim ento será descrito. cim ento usando metodologias empíricas e sistemáticas.
Em um tipo de tarefa os indivíduos recebem um a Nos primeiros estudos foram usadas sílabas sem sentido,
relação de palavras para 1er, com o camisa, botão, carro mas depois os dados foram replicados com diversos tipos
e barco. O utro grupo de indivíduos lê um a lista com as de estímulos e vários intervalos de retenção diferentes, de
palavras caneta, maçã, uva e papel. Então, pede-se a todos alguns m inutos até horas. As contribuições mais conhe­
os indivíduos que definam um a série de palavras, um a das cidas são as curvas do esquecimento (Figura 4.1), as quais
quais é manga. “(...) As pessoas que leram a lista de pala­ mostram que a maior parte do esquecimento do conteúdo
vras contendo as partes do vestuário provavelmente darão aprendido começa apenas alguns instantes após a apren­
o significado [de manga] de ‘parte do vestuário’, enquanto dizagem e aum enta de m odo bastante acentuado com
aqueles que leram a segunda lista darão [para manga] o a passagem do tem po. Pesquisadores concordam que a
significado de ‘fru ta ” (Kolb, Wishaw, 2002, p. 495). contribuição do Ebbinghaus foi bem mais metodológica
Saber relatar o que fez no experimento exemplifica a que teórica e seus experimentos forneceram a base para
m tm ô ïiâ êxplfeita id e & lm tm ) ê f e o procedi­ formulação de outras teorias.
Memória 59

rência entre memórias (retro ou proativas). Tipicamente


os resultados de estudos solicitando a livre recuperação
de itens em um a lista mostram resultados que podem ser
organizados em curvas em formato de “U ”, ou seja, itens
apresentados no início (efeito de primazia) e no final da
lista (efeito de recência) são mais lembrados que aqueles
apresentados em posição mediana.
Diversas variações desse efeito foram investigadas experi­
mentalmente, com estudos especialmente relacionados com
a interferência retroativa. W right (2007) usou o procedi­
Tempo mento de lista de memória serial (serial list memory), em que
os sujeitos experimentais eram expostos a sequências de pares
■CEVA 4.1 Gráfico hipotético de um a curva de esquecim ento segun-
a os dados encontrados por Ebbinghaus. de estímulos durante o treino e emitiam respostas a uma barra
de respostas relatando se os pares são de estímulos “iguais” ou
“diferentes”. Durante os testes, os sujeitos respondiam aos estí­
mulos, porém sem a dica contextuai do “par”, ou seja, apenas
T eoria de deterioração um dos estímulos era apresentado. O objetivo era fazer com
que o sujeito “lembrasse” se determinado estímulo estava na
Postula que a passagem do tempo por si só é preditora categoria “igual” ou na categoria “diferente”. Os resultados
íle esquecimento das informações aprendidas. A teoria foram analisados de acordo com a função da posição serial
parece razoável e coerente, mas não teve m uita base empí­ {serialpositionfunction, ou SPF), que é uma medida da relação
re a e sofreu diversas refutações. entre as posições do estímulo (no início, meio ou fim da lista
treinada) e o intervalo de retenção. A posição da SPF mudou
sistematicamente com o intervalo de retenção. Um exemplo
Teorias de interferência
típico são os dados apresentados na Figura 4.2, mostrando essas
Os estudos que investigaram a relação entre m em ória e curvas em diferentes espécies, tais como pombos, macacos e
cts princípios do condicionam ento clássico têm demons­ humanos. No atraso mais curto (0 segundo), a SPF foi uma
trado que um a das fontes de esquecimento frequente é “rampa”, mostrando uma performance de recência virtual­
a interferência. A interferência pode ser basicamente de mente genuína. Quando o atraso era aumentado (de l-30s
rois tipos: proativa ou retroativa. N a interferência proa­ para os dois tipos de macacos; de 0,5-10s para pombos e de 1­
tiva, a aprendizagem inicial pode interferir na memória de 100s para humanos), os efeitos de primazia apareciam, dando
rlguma outra coisa aprendida posteriormente. Na inter- à função a característica em forma de “U ”. Nos atrasos mais
rerência retroativa, a aprendizagem posterior pode inter­ longos, o efeito de recência desaparecia e as SPF tinham carac­
ferir em algo aprendido antes. Esquecim entos causados terística de “queda”, mostrando uma performance de primazia.
por am bos os tipos de interferência estão descritos em O mesmo padrão qualitativo de mudanças nas SPF ocorreu
experimentos sobre condicionam ento clássico (Bouton, para todas as espécies, mas houve uma diferente passagem
1994). do tempo para variadas espécies. A dissipação do efeito de
Esquecemos informações em função da influência de recência foi atingida dentro de 30s para os macacos, 10s para
novas mem órias sobre outras. O esquecim ento não se os pombos e 100s para os humanos. O efeito de primazia
daria pelo efeito da passagem do tem po por si só, mas começou a aparecer em apenas um ou dois segundos depois do
pela interferência de novas aprendizagens sobre as antigas final da apresentação da lista, e foi, de alguma maneira, mais
(interferência retroativa) ou pela interferência das apren­ rápido para os macacos rhesus e para os pombos do que para
dizagens antigas sobre as novas (interferência proativa). os macacos capuchin e os humanos. Essas diferentes passagens
Para a teoria clássica da interferência, tanto o efeito da de tempo para as variadas espécies são diferenças quantitativas.
primazia (recordar-se com mais facilidade dos primeiros O padrão similar das mudanças da SPF para as diferentes
itens aprendidos em um a lista, por exemplo) quanto de espécies, por outro lado, é uma similaridade qualitativa que
recência (recordar mais de itens aprendidos ao final de mostra o processamento de memória visual simular para estas
uma lista) poderiam ser explicados em termos de interfe­ espécies. Uma das conclusões gerais que o autor apresenta é
60 Temas Clássicos da Psicologia sob a Ótica da Análise do Comportamento

Macaco rhesus

100 100
r /
Correção percentual

Correção percentual
90 90
80 80
y / 8
70 8 - 70
r
60 - ^ yy 60
50 - 50
40 I I I I I I I I I I 40
30 : Atraso de Os Atraso de 1s Atraso de 2s Atraso de 10s Atraso de 20s Atraso de 30s ,30
< , , , . J
1 22 3 4 diff 1 2 3 4 diff 1 2 3 4 diff 1 2 3 4 diff 1 2 3 4 diff 1 2 3 4 diff

Macaco prego

100 100
Correção percentual

Correção percentual
90 90
80 80
70 70
60 60
50 50
40 40
30 Atraso de 0s Atraso de 1s Atraso de 2s Atraso de 10s Atraso de 20s Atraso de 30s ,30
J
1 2 3 diff 1 2 3 diff 1 2 3 4 diff 1 2 diff 1 2 3 4 diff 1 2 3 4 diff

Pombo

100 100
Correção percentual

Correção percentual
90 90
80 80
70 70
60 60
50 50
40 40
30 Atraso de Os Atraso d e i s Atraso de 2s Atraso de 10s Atraso de 20s Atraso de 30s ,30

1 2 3 4 diff 1 2 3 4 diff 1 2 3 4 diff 1 2 3 4 diff 1 2 3 4 diff 1 2 3 4 diff

Humanos

100
Correção percentual

Correção percentual
90
80
70
60
50
40
I I 1 I I I 30
Atraso de 2s Atraso de 10s Atraso de 25s Atraso de 40s Atraso de 60s Atraso de 100s,
J
1 2 3 4 diff 1 2 3 4 diff 1 2 3 4 diff 1 2 3 4 diff 1 2 3 4 diff 1 2 3 4 diff
Posição serial Posição serial Posição serial Posição serial Posição serial Posição serial Posição serial Posição seriai

FIGURA 4 .2 C om paração entre as SPF de duas espécies de macacos (rhesus e capuchiri), pom bos e hum anos, segundo os experim entos de
W right (2007). Figura m odificada de W right, 2007.
Memória 61

rue “as quatro espécies testadas na lista de tarefas de memória bioquímicas dos neurônios que ocorrem em várias regiões
mrjal com quatro itens apresentam mudanças similares dinâ­ do cérebro. Tais reações são objeto das ciências que estudam
micas nos efeitos de primazia e recência quando o atraso na o sistema nervoso, como a fisiologia e as neurociências em
EBenção aumenta” (Wright, 2007, p. 430). geral, a exemplo dos estudos de Kandel, Schwartz e Jessel
Ainda assim, as explicações teóricas para esses dois tipos (1991) sobre memória a partir do sistema nervoso da lesma
zr fenômenos (interferências retroativa e proativa) foram do m ar (Aplysia) (Mechner, 2008). M uitos desses estudos
: istante limitadas, mas podem-se destacar duas delas: a analisam a m em ória como processo neuronal e fisioló­
áesaprendizagem e a competição de resposta. A explicação gico (Chapouthier, 2005), e tam bém as relações diretas
desaprendizagem envolveria a ideia de que o esque- com as contingências que produzem padrões com porta­
dim en to de itens anteriores se dá pela simples ausência mentais conhecidos como fobias (Ohm an, 2005) e medos
xe reforçam ento para lembrar-se deles, enfraquecendo (Cammarota, Bevilaqua, Izquierdo, 2005).
I «dação entre esses estímulos e as respostas correspon-
rentes. A competição de respostas refere-se à apresentação
áe dois materiais simultâneos no momento da recuperação,
VARIÁVEIS Q U E C O N TR O LA M
guando um a das informações “vence”, a outra não pode OS C O M PO R T A M E N T O S DE
ser recuperada. “LEMBRAR” E “ESQUECER”:
C O N T R O L E DE ESTÍM ULOS
Falha na recuperação Em um a análise comportam ental, probabilidade pode
O utro modelo explicativo para o esquecimento propõe substituir o termo “acessibilidade”. As contingências que
rue o material não foi esquecido, mas que simplesmente afetam um organismo não são estocadas por ele. Elas não
d e é de difícil acesso. U m efeito experimental oriundo estão nunca dentro dele; elas simplesmente o modificam.
resse processo seria o chamado efeito de reminiscência: a Com o resultado, o organismo se com porta de maneiras
.embrança de informações que anteriormente não podiam especiais sob certos tipos especiais de controle de estí­
b e t recordadas. Apesar das controvérsias sobre esse tipo de mulos. Assim, se palavras familiares são mais facilmente
rrdo, o fato de pistas contribuírem para a lembrança de relembradas que palavras estranhas, isso ocorre porque
ilgumas informações colabora para a ideia de que elas não elas têm m aior probabilidade inicial de evocar respostas
estavam perdidas, apenas inacessíveis por inadequação das devido à história anterior de controle de estímulo já exer­
pistas de recuperação. cido por aquela palavra. Não significa dizer que a palavra
tem um m odo de estocagem e codificação que possibilita
o acesso mais rápido aos vocábulos familiares do que aos
T eoria dos esquemas não familiares.
Bartlett (1932) postulou que os processos de esque­ De acordo com Donahoe e Palmer (1994), não existe
cimento se dão em função dos esquemas mentais que as nenhum princípio explicativo especial para a memória.
ressoas têm sobre determinados eventos. Esses esquemas Explicar a m em ória na Análise do C om portam ento,
ronstituiriam conceitos m entais genéricos. A utilidade da m esm a m aneira que explicar atenção e percepção,
iesse constructo teórico para a m em ória é que a codifi­ envolve com preender as relações de controle entre estí­
cação de um a dada situação somente seria possível com mulo e ambiente que são selecionadas por meio de reforça­
n uso de esquemas preexistentes nos quais as inform a­ m ento.4 Isso ocorre quando, na presença de determinados
ções perceptuais deveriam ser encaixadas e, para haver esse estímulos, algumas respostas têm maior probabilidade de
encaixe, essas informações são até mesmo distorcidas ou serem reforçadas. Q uando essa relação entre estímulo e
selecionadas, em um processo ativo no quais informações resposta é reforçada, diz-se que ela é selecionada. Até aqui
podem ser completamente apagadas. o princípio é semelhante para os três processos, memória,
atenção e percepção. O que seria de especial interesse para
compreensão da m em ória é que algumas relações entre
T eorias neurológicas
Apesar de não caber no escopo do presente artigo, não
se desconsidera o papel do conjunto complexo de reações 4Veja o Capítulo 3 - “Percepção e Atenção”.
62 Temas Clássicos da Psicologia sob a Ótica da Análise do Comportamento

estímulos e respostas são selecionadas em momentos ante­ diante do professor de disciplinas comportamentais. Ess
riores aos da emissão da presente resposta, constituindo segundo exemplo ficará mais claro a seguir, quando s
o que pode ser cham ado de história de reforçam ento e abordará o tema dos eventos privados.
influenciando na emissão de respostas no m om ento Já em 1938, em seu primeiro livro — O comportamen:
presente. No exemplo anterior, a relação entre palavras e dos organismos - , Skinner (1938/1991) trata do control
respostas foi construída no passado, de tal modo que hoje de estímulos. Ali há um a extensa análise de dois tipc
pode-se dizer que algumas palavras são familiares para a de controle: a relação Tipo S e a relação Tipo R. Tipo
pessoa (como a maioria das palavras de uso corrente na diz respeito às relações respondentes nas quais estimule
língua portuguesa). Assim, ouvir a palavra “faculdade” é antecedentes eliciam (provocam) respostas (ou classe d
passível de evocar um a série de lembranças (ou respostas respostas) do organismo, como sol forte (estímulo), qu
encobertas), como lembrar-se do primeiro dia de aula, do elicia produção de suor (resposta); sabor azedo na boc
professor de um a disciplina específica ou de um a paquera. (estímulo), que elicia o salivar (resposta); dentre muite
O mesmo nao ocorreria ao ouvir a expressão “granulom a­ outros tipos de relações respondentes. O Tipo R é aqueJ
tose broncocêntrica”. Tal expressão provavelmente não envolvido nas relações operantes do organismo. É um tip
evocaria lembranças para boa parte dos estudantes, exceto de relação bastante com um no repertório: após a ação d
para os que cursam áreas de conhecimento que têm como organismo, consequências são produzidas no ambient;
base conceitos bioquímicos. Para melhor entender as ações A depender das consequências, o estím ulo terá funçã
de lem brar ou esquecer, é im portante discutir o conceito de sinalizar a presença do reforço (SD), ou de sinalizs
de controle de estímulos. não reforço (SDelta). O controle de estímulos deste tipo d
De m aneira específica, o estudo do relação se dá quando aspectos do ambiente, anteriores
“(...) controle de estímulos configurou-se como ação, sinalizam a probabilidade de determ inada respos:
um a área de pesquisa de extrema relevância cientí­ produzir um a dada consequência.
fica e social, por suas implicações na compreensão “Em geral, os organismos emitem respostas seiet
crescente de processos comportam entais comple­ vãmente, de acordo com o estado de seus ambiec
xos, tais como o aprendizado da linguagem, da tes presentes ou passados. Um a criança aprende
noção de significado e dos com portam entos sim­ chorar somente quando um dos pais está em cas
bólicos em geral” (Hübner, 2006, p. 96). para reforçar o choro. U m cachorro não pedir
alimento na ausência de um ser hum ano. D ifid
D e m aneira ampla, analisar o controle de estímulos mente pediremos água quando ninguém estiver n
é um a m aneira de olhar para a contingência “evento sala para ouvir (e então nos reforçar)” (Millensœ
ambiental —ação do organismo”. Com o acontecem as rela­ 1975/1967, p. 185).
ções entre eventos antecedentes e as ações? O u quanto do
que a pessoa faz depende de eventos anteriores, próximos Desse modo, os comportamentos que vão sendo estabí
no tem po e no espaço? Q u an to dessa relação coloca a lecidos dependem dos estímulos antecedentes e das cons;
pessoa em um a situação parecida com outras situações quências das ações. A noção de controle - Tipo R - só fã
do seu passado? sentido ao se observar a história de interações do org;
É im portante esclarecer ao leitor iniciante que, quando nismo com o ambiente (aqui entendida como história d
se diz que determ inados estímulos controlam algumas reforçamento).
respostas e não outras, o termo “controle” não tem caráter Conform e Donahoe e Palmer (1994), Pavlov demon:
pejorativo. Segundo Moreira e Medeiros (2007), dizer que trou que, se outro estímulo fizer parte do pareamento e
o estímulo exerce controle sobre um a resposta é simples­ relação estímulo-resposta, estabelecendo a relação refles
m ente dizer que a presença dele torna a ocorrência da condicionada, muitos outros com portam entos são aprer
resposta mais provável. Por exemplo, é mais provável que didos pelo organismo. Em 1 dia de chuva torrencia
você leve um guarda-chuva ao trabalho se estiver chovendo. depois de um susto com o clarão e barulho do trovã<
Diz-se que o estímulo “chuva” controla a resposta de pegar a pessoa aprende que, em um futuro breve, um clarã
o guarda-chuva porque aum enta a probabilidade dessa (estímulo condicionado) vem acom panhado de trovã
resposta. Ou, em outro exemplo, falar, raciocinar e lembrar (estímulo incondicionado), que elicia o susto (resposi
a respeito de análise do com portam ento é mais provável incondicionada). Se entre as primeiras vezes que se senti
Memória 63

u n susto e as demais a pessoa reagir de m aneira dife- comportamentos analisados do ponto de vista de estudo de
fsnte, esta resposta diferente é um a resposta condicionada. eventos privados. Com o definidos por Skinner, com por­
Logo, neste exemplo simples, podemos dizer que a pessoa tamentos privados (ou encobertos) são aqueles que “estão
ir rendeu - comporta-se de maneira nova - após algumas sob controle de estímulos aos quais apenas a pessoa que se
sz>eriências com a relação “clarão + trovão”. comporta tem acesso” (Skinner, 1957/1992, p. 130). O que
Após esse exemplo, talvez possamos entender melhor a acontece “dentro” do organismo no intervalo de tempo que
: :_ocação de D onahoe e Palmer sobre a semelhança entre se dá entre a aprendizagem de um a resposta e a retomada
: 5 princípios explicativos da m em ória, da atenção e da desse com portam ento pode estar sob controle de eventos
reitepção. Para que um a pessoa se assuste ao ver o clarão não observados publicamente. Tourinho (2006) lembra
: : trovão, ela terá que estar parcialm ente sob controle que nessa categoria de eventos podem estar incluídos fenô­
de sua história passada em que o clarão foi emparelhado menos com diferentes graus de complexidade, como, por
i : barulho. Esse controle atual exercido por estímulos exemplo, tristeza ou solidão. Alguns estudos empíricos têm
rresentes na história passada do indivíduo é o que vem sido realizados tentando m anipular variáveis em situações
-■r.do tradicionalm ente conhecido por memória e parece controladas em que pessoas emitem respostas de maneira
set o mesmo processo observado nos cães de Pavlov quando encoberta. Essas respostas são verificadas e aferidas a partir
eivaram diante dos tons sonoros - anteriorm ente empa­ de respostas públicas (que o experimentador possa veri­
relhados com alimento (Donahoe, Palmer, 1994). Por essa ficar) correlacionadas com os eventos privados, a exemplo
razão, considera-se que os campos da aprendizagem e do dos estudos de Oliveira (2005); Simonassi, Sanábio e Fróes
que pode ser chamado tradicionalmente de memória estão (1995) e Simonassi, Tourinho e Vasconcelos-Silva (2001).
nrensam ente inter-relacionados, de acordo com a pers- O que há em com um entre os estudos que buscam acessar
rectiva da Análise do Com portam ento. os eventos privados ou a correspondência entre respostas
Cabe destacar que nem sempre aprendizagens entre abertas e encobertas é a influência do ambiente, público
estímulos e respostas são desejadas ou socialmente aceitas, ou privado, sobre a emissão de respostas públicas.
ritudos clínicos demonstram que, na história das pessoas,
relações respondentes específicas podem ser selecionadas
como nos casos de fobia social (Ayres, 1998; Brito, Duarte, M E M Ó R IA E APRENDIZAGEM :
2004), de transtorno obsessivo-compulsivo (Mello, 2004; A P R E N D E R A LEMBRAR
Zamignani, 2001), de ansiedade generalizada (Banaco, 2001 ;
>eger, 2001), entre outros problemas de comportamento Como citado rapidamente, os campos de pesquisa sobre
rue têm em sua história de reforçamento pareamentos de processos de aprendizagem e m em ória estão fortem ente
estímulos novos com estímulos incondicionados. relacionados. “Aprendizagem pode ser definida como
É im portante destacar que os eventos antecedentes alteração relativamente perm anente no com portam ento
:em propriedades diversas e não há garantias de que o do indivíduo resultante da experiência” (Kimble, 1961,
:rganismo responda sob o controle de um a propriedade citado por Catania, 1984, p. 3). No nível fisiológico, pode-
específica ou de outra (Catania, 1984). A depender da se dizer que a aprendizagem produz alterações no nosso
aistória de reforçamento diferente em cada relação orga- sistema nervoso devido à ocorrência de determinadas expe­
nismo-ambiente, o controle que um determinado estímulo riências, e essas alterações tam bém podem ser denom i­
exerce sobre um organismo pode variar (consequentemente nadas m em ória (Carlson, 2002). D e qualquer maneira,
variando a memória sobre determinados eventos). diz-se, na Análise do Com portamento, que as experiências
C ontudo, como apresentado até o m om ento, o leitor não são armazenadas: elas m udam o m odo de perceber,
pode estar se perguntando “E aquilo que penso e ninguém executar comportam entos, pensar e planejar.
sabe? E minhas memórias da infância e demais situações, O entendim ento dos princípios da aprendizagem de
nomes, que lembro e não conto para ninguém , que me relações entre estímulos e respostas tem aplicações no
acompanham diariamente?”. contexto de laboratório, assim como no clínico, e auxilia
O que foi exposto é boa parte do caminho para responder na compreensão dos fenômenos da memória. D a mesma
às duas perguntas, com a diferença de que as perguntas m aneira que essas relações são aprendidas por empare-
remetem a fenômenos de acesso pela própria pessoa que lham entos entre os estímulos antecedentes, determ i­
lembra. Muitas vezes, “lembrar” e “esquecer” podem ser nadas respostas e estímulos consequentes (quando você
64 Temas Clássicos da Psicologia sob a Ótica da Análise do Comportamento

vê o telefone e disca o núm ero de um amigo, ele possivel­ m ento). N o campo das neurociências, tam bém é discu­
m ente atende), elas podem ser desaprendidas ou colocadas tida a necessidade de “deixas de recuperação” para que
em extinção pela retirada do reforçador que m antinha a os conteúdos armazenados possam ser mais prontam ente
situação. Se você telefonar seguidas vezes para seu amigo recuperados (Gazzaniga, H eatherton, 2005). Por isso,
e ele não atender, provavelmente você parará de telefonar. pode-se explicar por que é m uito mais fácil se lembrar
Neste caso, diz-se que seu com portam ento foi “colocado da resposta a um a pergunta de m últipla escolha do que a
em extinção”. Brooks e Bouton (1993) discutiram que a um a pergunta dissertativa: na prim eira situação, a deixa,
extinção fornece um a estimulação ambígua para a pessoa de recuperação está contida nas alternativas, o que não
que se com porta. Telefonar para o amigo pode ou não acontece na segunda.
produzir um a determ inada consequência, mas existe um a Estudos experimentais têm procurado replicar o fenô­
dificuldade em recuperar o condicionam ento aprendido meno do responder sob controle de um estímulo ausente
durante a extinção. há poucos segundos utilizando um a tarefa de escolha de
Em um experim ento com ratos, os autores in trodu­ acordo com o m odelo com atraso (delayed matching to
ziram um a dica discriminativa da situação de extinção a sample, ou DM TS). Em tarefas desse tipo, os participantes^
fim de dim inuir os efeitos da recuperação espontânea do diante de um aparato em que sao apresentados vários estí­
com portam ento anteriorm ente condicionado. Os ratos mulos, precisam selecionar pares de estímulos. Porém, d
foram condicionados a relacionar comida e um tom. Na primeiro estímulo (chamado de estímulo modelo) controk
sequência, o tom foi utilizado sozinho a fim de extinguir condicionalmente a escolha do segundo (chamado estímulo
as respostas anteriorm ente instaladas. A últim a sessão de de comparação). Tradicionalmente, tentativas discretas têm
condicionamento foi precedida por uma dica e a de extinção início com a apresentação do estímulo modelo, seguidas
foi precedida por outra dica, com a mesma duração. Seis de respostas de observação que produzem o desapareci­
dias de intervalo após a extinção, os animais foram testados m ento do mesmo. O posterior aparecimento dos estímulos
a responder ao tom e 100% deles recuperaram espontanea­ de comparação (após um atraso que pode variar de zero a
m ente o desempenho treinado antes da extinção, demons­ alguns segundos) sinaliza para o participante a necessidade
trando “esquecimento” da relação que havia sido extinta. de responder ao estímulo que “faz par” com o modelo.
A fim de testar o efeito da dica sobre a possibilidade de Assim, a emissão de um a resposta correta de selecionai
os animais relembrarem a situação de extinção, o teste foi um dos estímulos de comparação depende do controle
repetido com a apresentação da dica (anteriorm ente sina­ de um estímulo que não está mais presente no m om ento
lizadora da extinção no treino) logo no início da sessão. da escolha. Em estudos com pombos, por exemplo, uma
A apresentação da dica atenuou os efeitos da recuperação luz vermelha ou verde é acesa no centro da caixa experi­
espontânea e dim inuiu para 55% a taxa de recuperação mental (esses são os estímulos modelo), essa luz é desligada
do desempenho condicionado antes da extinção. Os dados e, depois de um período de tem po, são apresentadas duas
de laboratório sugerem que a programação de dicas pode chaves (também iluminadas de verde e vermelho) para que
auxiliar o terapeuta a fazer com que seu cliente se comporte o sujeito responda de acordo com a cor que havia acen­
de acordo com a condição de extinção program ada por dido inicialmente, ou seja, condicionalmente ao estímulo
ele, tam bém em outros contextos. modelo. Para Nevin, Davison, O dum e Shahan (2007),
U m com plicador para essa situação é que, com a o modelo de D M TS é útil principalm ente no estudo da
passagem do tem po, várias dicas externas e internas natu­ memória de trabalho, já que a apresentação do estímulo
ralm ente m udam . Se elas m udam e são relevantes para condicional e a resposta do organismo são separadas pen
a função discrim inativa do estím ulo, quanto m aior o um intervalo de tem po, entendido como um intervalo
intervalo, maior a diferença entre o contexto da situação de retenção.
de aprendizagem e a do teste de m em ória. O m odelo Algumas variáveis podem influenciar na acurácia do
sugere que extinção pode ser especialmente prejudicada responder na situação de D M TS, como o tem po de inter­
por mais essa m udança no contexto temporal (Morgan, valo entre a apresentação dos estímulos modelo e compa­
Riccio, 1998). Uma implicação dessa descoberta, aplicada rações, a taxa de reforço total para cada par condicionado 1
ao campo clínico, é que terapeutas precisariam construir e a distribuição dos reforçadores ao longo das tentativas de
lembretes ao longo da terapia e depois dela (ou seja, fazer discriminação condicional. Também a atenção do sujeito
um procedimento de follow up para m anter o com porta­ aos estímulos apresentados pode ser interrom pida pela
Memória 65

lEtxodução de eventos distratores ou interferências durante que a relação enfraquecida seja restabelecida. Sendo assim,
d período de retenção. Assim, o paradigm a de D M T S quanto mais estímulos houver em um a classe, maiores as
rode servir para operacionalizar experimentalmente tanto chances de um a relação enfraquecida ser restabelecida e
: modelo de memória de trabalho quanto a teoria de inter- m antida (Saunders, Wächter, Spradlin, 1998).
rerência. Para os autores, a “atenção ao estímulo modelo” Catania (1984) apresenta uma interessante proposta de
e a “retenção” da informação durante o intervalo entre as estudo da memória na perspectiva da Análise do Com por­
cpresentações dos estímulos devem ser analisadas como tamento, discutindo, como inicialmente indicado, a subs­
comportam entos encobertos em que o sujeito se engaja tituição do substantivo “memória” pelo verbo “lembrar”.
durante a tentativa, explicando com portam entalm ente a A substituição dos termos visa embasar um a proposta de
memória de trabalho. estudo direcionada a entender o lembrar como uma resposta
O procedimento de escolha de acordo com o modelo operante regida pelas mesmas propriedades de qualquer
matching to sample, ou M TS) tem apresentado grande outro operante, na direção do que tentamos defender ao
potencial de aplicação na área educacional, tendo sido longo deste capítulo. O autor define o episódio de lembrar
.csado com êxito em diversos program as de ensino de como composto por três diferentes momentos: a aprendi­
habilidades de leitura (de Rose, de Souza, H anna, 1996; zagem inicial (durante a qual ocorreria o armazenamento de
Melchiori, de Souza, de Rose, 2000; de Souza, de Rose, informações, segundo a perspectiva cognitivista); a passagem
^azati, Huziwara, 2003). Esse potencial ficaria bastante do tempo; e, por fim, a oportunidade para recordar (recupe­
comprometido se os pares condicionados que se formarem ração do material armazenado). Esse modelo descritivo pode
permanecerem no repertório dos indivíduos apenas por um ser comparado à metáfora do processamento de informação,
curto espaço de tempo. Utilizando o exemplo da leitura classicamente utilizada para explicação da memória. Assim,
um dos com portam entos que vêm sendo extensamente durante a aprendizagem inicial ocorreria o armazenamento
ensinados por meio do procedimento de emparelhamento de informações e, havendo uma oportunidade para recordar,
com o modelo), um a das alternativas tem sido ensinar para deveria existir uma recuperação do conteúdo que foi arma­
3. criança a relação entre a palavra ditada (p. ex., “casa”) zenado. A metáfora refere-se ao processo tal como acontece
e a figura correspondente (o desenho de um a casinha); e em um computador:
cambem entre a palavra ditada e a figura correspondente. “O com putador recebe informações por meio do
Agora im agine se essa aprendizagem permanecesse no teclado ou do m odem , processa-a em software,
repertório da criança apenas por 1 semana após o treino, armazena-a no disco rígido e depois recupera a
existiria alguma vantagem em um ensino deste tipo? Pela informação quando requisitado pelo usuário ou
unportância na m anutenção do repertório aprendido, por outro program a” (Gazzaniga, H eatherton,
rlguns estudiosos vêm realizando experimentos visando 2005, p. 217).
identificar algumas variáveis relacionadas com a m anu-
renção de conteúdos aprendidos em tarefas de empare- Mesmo utilizando a metáfora difundida pela perspec­
-namento com o modelo. tiva do processamento de informação, o autor dá um passo
Saunders, Wächter e Spradlin (1988) e Spradlin, Saun- além, afirmando que explorar os limites dessa metáfora é
aers e Saunders (1992) desenvolveram estudos importantes um dos objetivos de pesquisa sobre memória.
sobre a questão da manutenção do responder e seus dados Com o qualquer outro com portam ento, a Análise do
vêm sendo replicados sistematicamente por alguns estudos C om portam ento propõe que o lem brar pode ser apren­
brasileiros (Aggio, Haydu, Rocha, Omote, Vicente, 2006). dido. Técnicas de repetição e técnicas mnemónicas auxi­
Tem sido proposto que classes com maior núm ero de estí­ liariam o organismo na direção de lembrar-se de eventos
mulos têm maior probabilidade de serem recordadas com o que ocorreram no passado. D ar sentido a um conjunto
passar do tempo. N o estudo de Saunders, W ächter e Spra­ de letras isoladas, por exemplo, agrupando-as de modo a
dlin (1988), os participantes que haviam aprendido classes conferir valor semântico a elas, é um exemplo de técnica
de oito estímulos recordaram todas as relações, em um teste m nem ónica que aum enta consideravelmente a probabili­
feito 5 meses após o ensino. A hipótese dos autores para dade de a sequência ser lembrada no futuro. Faça o exer­
explicar os resultados é de que, se um a relação é desfeita cício, procure verificar por quanto tem po você consegue
em um a classe com vários estímulos, as relações dentro se lembrar da seguinte sequência de letras:
da classe que se mantiverem intactas servirão de base para C N P Q C A P E S
66 Temas Clássicos da Psicologia sob a Ótica da Análise do Comportamento

Se você tem estado envolvido com processos acadêmicos dicas para a recuperação dos conteúdos. Q uando se tenta
há algum tem po, possivelmente agrupou essas letras em lem brar a últim a vez em que um determ inado objeto
dois conjuntos: C N P Q e CAPES, e sua probabilidade perdido foi visto, procura-se construir pistas para auxi­
de lembrar-se da sequência de letras no futuro será bem liar o lembrar. A ideia envolve o exercício de restabelecer
m aior que a de um aluno do ensino médio que pode não parte da condição que existia no m om ento da aprendi­
conhecer as agências citadas. M esm o não conhecendo zagem inicial.
as agências, o aluno do ensino médio poderia ter outros É interessante destacar que diversos teóricos, tanto da
repertórios úteis, algumas técnicas m nem ónicas como, área cognitivista, das neurociências e também da Análise
por exemplo, conferir sentido às letras isoladas, como: do Comportamento, concordam que o conteúdo lembrado
“C achorro N ão Pega Q uem Corre Antes Para E ncon­ não é um a reprodução, mas sim um a reconstrução do
trar Saída”. E aprenderia a sequência da mesma maneira. conteúdo armazenado. Essa ocorrência, por si só, já seria
Agrupar as letras ou dar sentido a cada um a delas é um a um limite da metáfora do processamento de informações,
m aneira de aum entar a probabilidade de se lem brar do um a diferença entre o funcionam ento da mem ória de um
conjunto de letras no futuro. O princípio é o mesmo sobre com putador e o lembrar de hum anos e não hum anos.
diferentes controles agindo sobre respostas dadas a partir
de palavras familiares ou desconhecidas.
D ISTO R Ç Õ ES DA MEMÓRIA:
Assim como qualquer outro evento, a possibilidade de
você se lembrar da sequência de letras após o uso de um a OUTRAS VARIÁVEIS
ou outra técnica m nem ónica depende da sua história de Q U E IN FL U E N C IA M OS
reforçamento. Todos os indivíduos têm histórias de refor- C O M PO R T A M E N T O S DE
çam entos m uito mais significativas com palavras fam i­
liares do que com palavras desconhecidas. De acordo com
“LEMBRAR” E “ESQUECER”
Catania (1984), o que é lembrado não é propriam ente o Eventos que ocorrem durante a passagem de tem po que
estímulo, mas recordamos do controle que determinado separa a situação original de aprendizagem da situação que
estím ulo exerceu sobre um a resposta particular. D ito evoca a lembrança podem afetar a maneira como a apren­
de outro m odo, quanto mais nos lem brarm os da nossa dizagem será retomada. Até aqui, ao longo das seções ante­
resposta ao estímulo, maiores e mais chances teremos de riores, foram retomadas diversas variáveis que podem inter­
nos lembrar daqueles estímulos que controlaram respostas ferir nos com portam entos de “lem brar” e de “esquecer”,
de modo diferenciado. Nesse sentido, não existe nenhum a como, por exemplo, o uso de distratores durante o tempo
probabilidade de lembrar-se de um evento ou objeto na de recuperação, a quantidade de estímulos condicio­
ausência total de estímulos correlacionados com algumas nados à resposta a ser lembrada etc. Segundo Gazzaniga
propriedades do estímulo ou evento a ser lem brado; e H eatherton (2005), nossa m em ória apresenta inúmeras
algum a estimulação am biental precisa estar disponível falhas, entre estas algumas podem ser acopladas em duas
e acessível para que as lem branças surjam, m esm o que categorias: o esquecimento e a distorção. As falhas do tipo
não tenham os consciência da presença desses estímulos “esquecim ento” podem incluir: transitoriedade (esque­
(Catania, 1984). Por exemplo, pode-se lembrar repetida­ cim ento pela passagem do tem po), desatenção (a infor­
m ente de um a pessoa m uito querida mesmo que, propo­ mação talvez não tenha sido codificada, não perm itindo o
sitadamente, não se tenha a vontade de se lembrar. Isso seu armazenamento) e bloqueio (impossibilidade tem po­
possivelmente ocorreria devido à presença de estímulos rária de lembrar-se de algo já conhecido). N a categoria de
sutis, como cheiros e sons ou combinações de ocorrências “distorções”, são incluídas: má distribuição (atribuição de
vividas anteriorm ente com aquela pessoa. informações às fontes erradas), sugestionabilidade (alte­
Por um lado, pode não se ter consciência da presença ração de memórias devido à obtenção de dados enganosos
de deixas do ambiente que fazem lembrar eventos, objetos sobre determinados acontecimentos) e viés (influência de
ou pessoas; por outro lado, essas deixas podem ser explici­ acontecimentos ocorridos no m om ento presente sobre a
tam ente ensinadas ou provocadas. Aprender um conteúdo m em ória de eventos ocorridos no passado). Todos esses
em um mesmo ambiente no qual o conteúdo será testado, fenômenos podem ser explicados de um a m aneira analí-
teoricamente, aumenta a probabilidade de que o conteúdo tico-com portam ental se for possível dizer que variáveis
seja lembrado, um a vez que o ambiente forneceria muitas estão controlando a resposta no m om ento da sua emissão
Memória 67

ruais variáveis são responsáveis pelo aprendizado dessa parcial ou totalm ente a m em ória que o indivíduo tem
sta. sobre determinado evento.
Inúm eras pesquisas relacionadas com essas falhas Os estudos de Loftus et al. têm implicações bastante
am o que parece ser um ponto crucial nos estudos do im portantes para a compreensão do funcionam ento da
irar: lembrança é uma reconstrução e não um a repro- memória e ajudaram a atestar o conhecimento, que atual­
to. Dentre estes, um dos principais grupos de estudos, m ente é consensual, de que m em ória não é simplesmente
com maior repercussão entre cientistas das áreas sociais um registro permanente e imutável de eventos, a ser recupe­
fic a d as em geral, é o de Loftus e seus colegas (Loftus, rado intacto quando necessário, como um arquivo em um
~5; Loftus, Palmer, 1974). Tais experimentos demons- computador, mas um registro maleável das experiências
m que as distorções do lembrar podem ser produzidas de alguém, sujeito a alterações de acordo com diferentes
is do evento a ser lembrado. A metodologia de Loftus ocorrências, como a simples passagem do tempo (Morgan,
: “tia em expor os participantes a um a cena inicial em Riccio, 1998). Tais resultados e interpretações causaram
alguma coisa estava acontecendo, e depois questionar polêm ica tanto na Psicologia com o tam bém em áreas
s*:r>re o que eles lembravam da cena. A variável crítica, aplicadas, como o Direito e o Judiciário, pois a possibili­
porém, estava justam ente inserida no questionário feito dade de que relatos sobre lembranças de fatos ocorridos
n ó s a cena: havia perguntas com pequenas variações linguís- há m uitos anos podem não ser necessariamente corres­
prac entre os grupos experimentais; ou então era pergun- pondentes a eles levanta problemas em julgamentos que
Bck) se o participante havia visto objetos que na realidade contam com o testemunho das vítimas, como em casos de
ião estavam nas cenas etc. Loftus e Palmer (1974) questio- abuso infantil (Loftus, 1993; Slater, 2004/2009).
taiam estudantes universitários sobre a velocidade de um N a década de 1990, os EUA viveram um a epidem ia
I * . . . .
rzrro durante um acidente automobilístico assistido em de casos de denúncia de abuso sexual de crianças por seus
*rz videoteipe. Q uando questionados sobre a velocidade cuidadores. Esse fenômeno foi analisado por Loftus (1993),
pqs carros que “bateram ” versus a velocidade dos carros que destacou a grande divulgação desses dados na m ídia e
r -= se “arrebentaram”, os estudantes atribuíram sistema- discutiu um a série de julgamentos nos quais os processos
Bcamente mais velocidade quando haviam anteriormente passaram a ocorrer anos depois de transcorridos os fatos.
a i o expostos à pergunta com o term o “arrebentaram ”, As teorias vigentes naquele m om ento postulavam que a
::m parados àqueles que responderam anteriorm ente à distância temporal entre os fatos e as denúncias era causada
r-exgunta com a palavra “bateram”. pelo acesso tardio às memórias reprimidas das vítimas ou
O utro estudo im portante feito p o r Loftus (1975) testemunhas. Loftus questionou fortem ente o conceito
—Ostrava, em quatro diferentes experim entos, com o a de memórias reprimidas e mais ainda as condições que
—tradução de pressuposições falsas às perguntas feitas ocasionariam esse acesso tardio: esse tipo de evento pode
nbce o mesmo evento poderia alterar a memória que os refletir casos de falsas memórias. Ela explica que as falsas
: m icipantes tinham sobre o mesmo. N o caso do terceiro memórias podem ser “não intencionalmente” implantadas
rperim ento desta série, universitários assistiram a um por terapeutas ou pelos próprios números divulgados pela
r .me breve sobre outro acidente automobilístico e respon- m ídia (como se muitas pessoas se perguntassem “se tanta
rrram a um questionário contendo 10 questões sobre o gente vem passando por isso, será que eu tam bém não
ilm e, sendo nove de “recheio” e uma contendo um a pres- passei?”). Segundo a autora, seus experimentos e outros
_posição falsa sobre um objeto que não existia no filme comprovaram que não apenas partes de falsas memórias,
r pergunta exata era: “A que velocidade estava o carro mas episódios inteiros, podem ser “implantados”, passando
rranco quando passou pelo celeiro na rodovia?”). O celeiro a fazer parte do conjunto de memórias de uma pessoa.
r io existia no filme, mas, em um questionário posterior,
olicado com a metade dos participantes 1 semana após
üsistirem ao filme e responderem ao prim eiro questio- C O M O M E L H O R A R A MEMÓRIA:
rrrio, 17% dos participantes disseram ter visto o celeiro, APLICAÇÕES DAS DESCOBERTAS
ao passo que apenas 2% dos participantes que respon-
SOBRE “LEMBRAR” E “ESQUECER”
reram ao primeiro questionário sem pressuposição falsa
risseram ter visto o celeiro no segundo questionário, ates- No contexto clínico, muitas vezes pode-se entender o
:m do que a introdução da pressuposição falsa pode alterar processo terapêutico como tentativa de extinguir condi­
68 Temas Clássicos da Psicologia sob a Ótica da Análise do Comportamento

cionamentos aprendidos na história de cada cliente, que delineamentos de grupo a fim de comparar desempenhos
controlam de m aneira não desejada com portam entos em tarefas de m em ória de indivíduos mais velhos e mais
atuais. O processo de extinção é um a das maneiras de novos. Indivíduos com mais idade podem apresentar maior
se aprender novas relações entre estím ulos e respostas. variabilidade nos resultados e ter também mais dificuldade
Q uando exposto à extinção, o cliente passa pela experi­ em se adaptar aos procedimentos de laboratório. Suas difi­
ência de produzir determinada consequência apenas depois culdades podem refletir erroneamente um a perda cogni­
de algumas respostas, mas não de todas. Por exemplo, um tiva, constituindo, na verdade, problemas transitórios com
cliente com dificuldades em estabelecer vínculos afetivos o procedimento (Baron, Surdy, 1990).
pode ter aprendido, em suas experiências, o emparelha- O paradigma do reconhecimento contínuo tem caracte­
m ento entre pessoas queridas e sofrim ento (ou seja, ele rísticas que o tornam compatível com o estudo de sujeito
pode ter sido punido ou abandonado em diferentes e único, sendo, portanto, bastante apropriado para o enten­
consecutivas situações afetivas no passado). Esse condi­ dim ento da m em ória no idoso. Nos experimentos que
cionamento pode ter sido tão eficiente que, ao aumentar a utilizam este procedimento, os sujeitos veem um a lista de
intimidade com alguém no presente, sendo amigos, namo­ estímulos apresentados um de cada vez e devem responder
rados ou parentes, o cliente se sente ansioso e passa a se reconhecem o estímulo como já apresentado anterior­
evitar a proximidade com essa pessoa. N a terapia, o profis­ mente (“velho”) ou não (“novo”). Os resultados provocam
sional possivelmente tentará extinguir o condicionamento uma análise de detecção de sinal, uma vez que os estímulos
em vigor por meio de tarefas dadas ao cliente, para que devem ser reconhecidos como repetidos (“velhos”), apesar
ele aprenda outros tipos de condicionamento. Ele possi­ da distração causada pelos estímulos novos. Esse é um tipo
velmente não punirá seu cliente e m uito provavelmente im portante de dado na área da memória: medidas sobre
conversará com ele sobre situações sociais reforçadoras, a capacidade de reconhecer sinais previamente apresen­
buscando encorajá-lo a m anter a intim idade com pessoas tados no meio de outros sinais novos (Wixted, 1998). Para
próximas (Morgan, Riccio, 1998). alguns pesquisadores, falhas em relatar estímulos como
Portanto, durante a extinção, o cliente aprende alguma velhos não são oriundas de déficits de memória, mas da
coisa nova sobre o estímulo condicionado, de tal modo própria relutância em relatar esse tipo de ocorrência. Isso
que a presença do estímulo passa a ser um discriminativo pode ocorrer devido à história aversiva prévia de fazer falsos
ambíguo. O u seja, passam a existir duas conexões possí­ relatos ou a m aior lentidão em m udar o tipo de resposta,
veis com a presença de pessoas próximas e o desempenho exagerando o núm ero de respostas “velho”, mesmo para
do cliente dependerá de qual conexão foi mais fortale­ estímulos novos. O experimento de Baron e Surdy (1990)
cida. O problema da situação de extinção (a aprendizagem visou esclarecer alguns desses vieses utilizando o procedi­
mais nova) é que a inibição do responder parece ser mais m ento de reconhecimento contínuo, comparando grupos
simples no contexto apropriado, um a vez que ele favorece de idosos com grupos de adultos jovens. Com o resultado,
a formação de controle de estímulo mais forte. Fora dele, foi observado que:
o link inibidor da resposta dificilmente é ativado e uma • A acurácia na tarefa de reconhecim ento dim inuiu
recuperação do responder inicial pode ocorrer (Morgan, com aum ento da idade, especialmente com o cres­
Riccio, 1998). O condicionam ento anterior não se perde cimento do intervalo de retenção
com a experiência de extinção e o responder de acordo • O reconhecim ento dim inuiu para todos quando
com ele não é impedido. comparado aos desempenhos em palavras e sentenças
Além da aplicação em procedimentos terapêuticos, os com sentido ou códigos alfanuméricos (questão da
experimentos sobre “lembrar” e “esquecer” têm aplicações, familiaridade, apontada tantas outras vezes em outros
principalmente, na área da gerontologia. N a literatura sobre estudos)
envelhecimento, são encontrados vários estudos correla­ • A prática com a tarefa levou a m elhora na habili­
cionando o avanço da idade com perdas na capacidade de dade de reconhecim ento, especialmente entre os
memorização. Em Viva bem a velhice, Skinner e Vaughan mais velhos, reduzindo, inclusive, a diferença entre
(1983/1985) citam o esquecimento como o sintom a mais as idades, acentuada no início do estudo.
óbvio do enfraquecimento nos órgãos dos sentidos decor­
rente da idade. Em estudos experimentais, muitas são as Os autores concluíram que, apesar das diferenças iniciai«
dificuldades na obtenção de dados conclusivos envolvendo encontradas nos desempenhos dos participantes idosos
Memória 69

rrando comparados aos mais jovens, essa diferença pratica­ C onsiderando o caráter degenerativo da doença de
mente foi anulada com o efeito do treino. Assim, a habili- Alzheimer e retom ando a noção de m em ória trazida pela
áide de memorizar pode ser passível de treinamento como Análise do Comportamento, alguns estudiosos propuseram
r_alquer outra habilidade. O que leva a acreditar que a meto- as chamadas “próteses da memória” como técnicas a fim
fclogia empregada nos estudos também precisa ser cuidado- de m anter algumas habilidades sociais e comunicativas de
iimente examinada para não atribuir ao fator “perdas cogni- pacientes com perdas cognitivas. Por exemplo, Bourgeois
■ras” variáveis como dificuldades com o procedimento. (1990) investigou o papel das próteses de m em ória como
Além da idade, sabe-se que algumas demências senis facilitadoras das habilidades comunicativas em mulheres
ocasionam perdas de memória. Bueno, Bertolucci, Oliveira com Alzheimer. Os cuidadores dos idosos foram os media­
e Abrisqueta-Gomes (2008) testaram o uso de algumas dores da intervenção e auxiliaram na construção de pastas
recnicas m nem ónicas como possíveis facilitadoras de contendo um a série de dicas (como fotos e palavras-chave
reíem penho em tarefas de lembrar itens de um a lista em relacionadas com três diferentes tópicos: m inha vida, meu
pacientes com Alzheimer em estágio médio ou moderado, dia, eu mesma) para conversação com pares. Os resultados
r tam bém em idosos sem demência diagnosticada. Para mostraram que três participantes aumentaram considera­
j_mentar a probabilidade de os participantes se lembrarem velmente as habilidades comunicativas, cometendo menos
r ; itens que ocupavam posição m ediana na lista, foram discrepâncias e distorções no relato. Os resultados obtidos
rrlízadas técnicas como a repetição de algumas palavras durante o tratam ento foram m antidos após a retirada do
e I combinação sem ântica entre elas. Por exemplo, em mesmo. Os resultados da autora corroboram estudos ante­
L íum as listas foram utilizadas, na posição m ediana, as riores (Hanley, 1981; Hanley, Lusty, 1984) e ilustram que
jjaiávras leite, queijo e manteiga. Após a leitura das listas o treino de controle por estímulos adequados pode auxiliar
? e o experimentador, era solicitado aos participantes que na recordação de qualquer tipo de conteúdo, mesmo para
~ -;ssem o maior núm ero possível de palavras que conse­ pacientes com prom etidos cognitivam ente. Esse estudo
r t a m se lembrar. Nos três grupos de participantes (um fornece o tipo de evidência de como é possível ensinar a
rrrp o sem dem ência e dois grupos com Alzheimer em lembrar.
—erentes estágios), o núm ero de recordações dos itens Skinner e Vaughan (1983/1985) afirm aram que: “É
rrs listas foi significativamente m aior quando estas foram melhor considerar a memória simplesmente como o processo
: tganizadas de m odo a conter combinações semânticas de criar, da melhor form a possível, uma situação em que
m tre elas. O efeito foi m aior nas listas que continham possamos nos lembrar com mais facilidade”(p. 46). Foram
rens repetidos e relacionados, seguido de listas apenas propostas metodologias simples para, como descrito no
::m itens relacionados e, por fim, itens repetidos também estudo de Bourgeois (1990), ensinar idosos a lem brar
: : sduziam efeito no aumento do núm ero de recordações de diferentes itens envolvidos com sua adaptabilidade
ruando comparados à lista controle, mas menos que as ao cotidiano, com o se lem brar de nom es próprios, de
- it a s com itens relacionados. No caso das listas que conti- compromissos ou maneiras de fazer determinadas coisas.
rra m ambas as dicas, o desempenho dos grupos de idosos Por exemplo, se você precisa se lem brar de tom ar um
; de idosos com Alzheimer m oderado ao lembrar-se de remédio em horário predeterm inado, pode simplesmente
rens na posição m ediana (na qual as dicas estavam inse­ colocar o frasco em um lugar em que necessariamente
ridas) foi praticamente igual ao desempenho na recupe­ precisará estar naquele horário, como perto da escova de
ração de itens mais recentes. As curvas de desem penho dentes, se o período for m atutino ou noturno. Propõe
re todos os participantes tam bém parecem não refletir tam bém o uso sistemático de lembretes, agendas, calen­
a efeito de primazia, m ostrando que o mesmo pode ser dários e despertadores. Toda essa tecnologia pressupõe
reduzido com a idade de modo ainda mais acentuado nos um indivíduo controlando seu am biente, program ando
casos de Alzheimer (o que refletiria prejuízo na memória a contingências necessárias para trazer ao seu presente
ongo prazo). O estudo tem implicações importantes para partes do seu am biente passado e aum entando as proba­
o planejamento de programas de reabilitação neuropsicoló- bilidades de responder adequadam ente a ele, como nas
rica para pacientes com Alzheimer, um a vez que os autores próteses descritas por Bourgeois.
rbtiveram dados comprovando capacidade considerável de Também nos campos da psicologia jurídica e forense, o
recuperação de conteúdo quando foram utilizadas técnicas estudo da memória tem se mostrado im portante, e aplica­
mnemónicas apropriadas. ções destas descobertas têm sido feitas, principalmente, no
70 Temas Clássicos da Psicologia sob a Ótica da Análise do Comportamento

que diz respeito à investigação da fidedignidade de relatos razão, pensar sobre a maneira de acessar com interferências
de testemunhas, vítimas e acusados de crimes. Quando um mínimas o relato verbal de testemunhas é uma importante
réu é arguido perante juizes, prom otores ou advogados, tarefa aplicada relacionada com memória.
as colocações de quem responde são parte im portante no
processo e na sentença, especialmente em situações em
que crianças ou adolescentes podem fazer parte de algum
M EM Ó R IA NA ANÁLISE D O
processo jurídico. Contudo, nesta área há alguns compli­ C O M PO R T A M E N T O : DE VOLTA
cado res técnicos e heurísticos. Pessotti (2008), citando ÀS IDEIAS DE SK IN N ER
Ricoeur (1988), diz que o eu autobiográfico é uma edição
do que a pessoa vive, e não um a narrativa fiel dos aconteci­ Com base no que até aqui foi exposto, fica claro entender
mentos, e que, quando se narra o que se vive, é selecionada a posição de Skinner em algumas passagens ao longo
apenas parte da experiência vivida, e não sua totalidade. de sua obra. Skinner aponta que “m em orizar simples­
Q uando a experiência é de natureza violenta, de hum i­ m ente significa fazer o que devemos fazer para assegurar
lhação ou outra maneira de coerção, narrar ou lembrar-se que possamos nos com portar novamente como estamos
do que ocorreu fica mais complexo, eventualmente impre­ nos com portando agora” (Skinner, 1989/1991, p. 30).
ciso, por mais que existam modos de acesso aos eventos Nesse sentido, dizer que algo foi m em orizado significa
vividos. Em tribunais, onde vítimas são inquiridas, há todo dizer que o com portam ento foi colocado sob controle de
um trabalho —ainda não consensual por profissionais do determinados estímulos que, com alguma probabilidade,
sistema legal e da psicologia —a respeito do como e onde irão controlar as respostas da mesma classe em situações
questionar crianças e adolescentes sobre violências por futuras. Se as contingências de reforçamento modificam
eles sofridas. O M ovimento do Depoim ento Sem D ano5, nossa m aneira de responder aos estímulos presentes no
implantado na 2- Vara da Infância e da Juventude de Porto ambiente, também serão responsáveis pelas mudanças que
Alegre, em maio de 2003 no Brasil, é um exercício de ocorrerão no futuro, quando retom arm os o com porta­
poupar as vítimas da inquirição nos formatos tradicionais m ento —o que seria descrito com o lembrar. Para isso,
nos quais elas ficam em público, eventualmente diante do usam-se várias estratégias de controle de estímulos, como,
agressor, para narrarem como foram violentadas (Cezar, por exemplo, colocar a resposta em questão sob controle
2007). O “depoim ento sem dano” é um procedim ento de vários estímulos do am biente, tornando a recupe­
no qual a criança, em situação de vítima ou testemunha ração mais provável no futuro (Skinner, 1953/2003).
jurídica, é inquirida por um profissional habilitado (psicó­ Tam bém tendem os a produzir estímulos que, presentes
logo, normalmente). Em muitos casos, este procedimento no ambiente atual, aumentam a probabilidade de determi­
ocorre em sala especial, devidamente equipada (Câmara de nadas respostas, que podem ser chamadas de lembranças.
Gesel - com vidro unidirecional - ou com equipamentos Por exemplo:
de gravação de áudio e câmeras de vídeo), de m aneira “Por várias razões, sugeridas por termos tais como
que o juiz e demais atores de um a sessão de julgamento ‘memorando’, ‘lembrança’ e ‘memorial’, as pessoas
ouçam o relato da criança e assistam-no, porém esta não fizeram cópias do m undo que as cerca, bem como
os vê, ficando na sala somente com o profissional arguidor registros do que ocorreu nesse m undo, e os arma­
(Cezar, 2007; Dias, 2008). Com este procedimento, pode- zenaram para o futuro. (...) A prática levou, sem
se dizer que os profissionais estão, no exercício jurídico, dúvida, à elaboração de um a metáfora cognitiva
tentando fazer com que crianças lem brem -se do que anterior de m uitos séculos à formulação de qual­
ocorreu no m om ento de agressão vivida, interferindo o quer sistema psicológico em que se diz estarem as
m ínim o possível na retom ada destas memórias. Com o experiências armazenadas na memória, para serem
visto na seção sobre distorções da memória, estudos têm recuperadas ou recordadas e usadas com vistas a
sido replicados comprovando que as memórias podem ser um com portam ento mais eficaz em um a situação
alteradas por introdução de palavras com diferentes rela­ atual” (Skinner, 1974/1978, p. 108).
cionamentos semânticos ou pressuposições falsas. Por esta
Também o com portam ento de recordar, ou de buscar
5Para saber mais sobre esse procedimento de testemunho, veja a página um a informação armazenada na memória, foi operacio-J
http://www.crprj.org.br. nalizado pela Análise do Com portam ento, de modo q u J
Memória 71

rudesse ser compreendido como arranjo de contingências para o entendim ento da memória. Skinner (1938/1991;
ambientais. Para Skinner: 1989/1991) deixou claro que, apesar das as três áreas serem
“Procurar alguma coisa é comportar-se de manei­ campos distintos de conhecimento, podem ser comple­
ras que foram reforçadas quando se achou alguma mentares no entendim ento do com portam ento hum ano e
coisa. (...) O que faz um a pessoa para achar um que o diálogo entre elas deve ser visto como positivo para
item em um a caixa de objetos (...) ou nas pra­ a ciência psicológica.
teleiras de um armazém? Com o se faz para achar O mote deste capítulo foi a memória e pode-se concluir
uma palavra em um a página (...)? O investigador que m uito do que ocorre na experiência presente (p. ex.,
experimentado move-se de um lado para outro, a discrim inação dos estímulos que aum entam a proba­
separa as coisas e movim enta os olhos de forma a bilidade de reforçam ento) pode facilitar aprendizagens
aum entar as probabilidades de vir a encontrar o futuras. Essa seria um a das importâncias adaptativas do
que procura e dim inuir as de não a encontrar, e com portam ento de lembrar, e também da funcionalidade
age assim por causa das contingências passadas” do com portam ento de esquecer. Apesar da dificuldade
(Skinner, 1953/2003, p. 143). em discutir m em ória no campo da Análise do C om por­
tam ento, devido principalm ente ao fato de o term o ter
um a conotação mentalista, ratifica-se a im portância do
CO N SID ERA ÇÕ ES FINAIS
diálogo entre áreas, destacando que as propostas de estudo
Este capítulo procurou demonstrar a relação de interlo- apresentadas pretendem dar conta do fenômeno e fornecer
r_ição entre as áreas de Análise do Com portam ento, Fisio- suficiente embasamento teórico para a realização de mais
■gia e a Neurociência, destacando a visão da primeira delas investigações empíricas.

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