Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Direito de Comercial - Esquemas de Resposta
Direito de Comercial - Esquemas de Resposta
I – Qualificação Comercial
1º - Caracterizar, com traços distintivos, as duas teorias para a qualificação, se a pergunta não nos
direcionar, no enunciado, para uma delas:
• Teoria dos atos de comércio (TAC) – um determinado ato é ato de comércio, aplicando-
se o regime mercantil, quando se acharem especialmente regulados no Código (2º 1ª parte
+ norma especial, como o artigo 463º, quanto à compra para revenda); Estas normas
somente qualificam como comerciais os atos, já a comercialidade enquanto estatuto dos
sujeitos remete-se para o 13º. Atende-se, no essencial, ao elemento operativo (primeiros
atos comerciais objetivamente caracterizadores da atividade da empresa, como a primeira
compra para revenda), não ao elemento organizativo.
• Teoria jurídica da empresa (TJE) – Esta teoria diz-nos que a norma do 230º é que é a
norma fundamental quanto à qualificação comercial dos atos, ao passo que a norma do
artigo 2º nº1 é uma norma residual, somente quanto aos atos de comércio ocasionais (230º
+ 2º nº1); O artigo 230º alarga o âmbito dos atos objetivos – não são só os clássicos atos
de intermediação nas trocas, mas todos os atos elencados no 230º ou normas especiais
(core ou atos comerciais objetivos absolutos) como todas as atividades preparatórias da
empresa ou a ela funcionalizadas (atos comerciais objetivos acessórios). O 230º opera
duas qualificações: estabelece os atos como comerciais e classifica os sujeitos como
comerciantes (Olavo Cunha), mas complementado pelo artigo 13º. Esta posição antecipa
a qualificação, atendendo ao elemento organizativo em detrimento do elemento operativo
(primeiros atos jurídicos tendo em vista o ato comercial objetivamente caracterizador da
futura atividade core da empresa – imagine-se, a compra e venda de automóveis usados
-, como a contratação de trabalhadores, ou o arrendamento do stand, por exemplo,
mediante um contrato de trespasse).
2º - Tratar separadamente todos os sujeitos que sejam partes na situação jurídica, se a pergunta
não se cingir a um sujeito em concreto;
(Isto significa que teremos quatro grandes questões (estas duas para cada sujeito), que se tornarão
oito ao todo, pois devem ser respondidas, na falta de explicitação, empregando cada teoria
separadamente); Assim sendo…
5º - Será comercial o ato em questão para o primeiro sujeito, segundo a TAC? (PRIMEIRA
PERGUNTA OBTÉM AQUI RESPOSTA)
▪ As Cooperativas (230º);
6º - Repetir toda esta exposição de qualificação do ato como comercial e do sujeito como
comerciante para o outro sujeito, ainda segundo a TAC.
7º - Partimos agora para a análise da questão sob o prisma da Teoria Jurídica da Empresa
(TJE).
8º - Será comercial o ato em questão para o primeiro sujeito, segundo a TJE? (PRIMEIRA
PERGUNTA OBTÉM AQUI RESPOSTA)
o As sociedades (13º nº2 e 230º) – SNC, SCS, SQ/SuQ, SA, SCA e SE;
o As Cooperativas (230º);
11º - Repetir toda esta exposição de qualificação do ato como comercial e do sujeito como
comerciante para o outro sujeito, ainda segundo a TJE.
12º - No final, deveremos, para cada teoria, aferir se estamos perante um ato objetivo puro ou
misto (unilateral ou bilateral), consoante seja comercial para uma ou ambas as partes (art. 99º).
13º - Por fim, devemos extrair daí as necessárias consequências no que toca aos direitos e
obrigações das partes na relação contratual, comercial ou não.
II – Estatuto do Comerciante
• Regime dívidas dos cônjuges (art. 15 do CCom/ art. 1691.1d) do CC) – consumido pelo
regime do 2º nº2, segundo Evaristo Mendes;
• Juros de mora (art. 102 §§ 3/4 do CCom) - §5 pouco nos importa, mas importa aferir se
o caso concreto não cairá sobre o seu âmbito de aplicação; Atualmente, a taxa de juros
comerciais é de 7,75% (desde 2013), enquanto a taxa de juros civis é de 4% (desde 1980).
o A ter escrituração mercantil, dar balanço e a prestar contas - regulada nos artigos
29º e seguintes do CCom, há que atender também às NICs e ao SNC. Note-se
que a contabilidade (o essencial da escrituração) é um sistema de informação
quantificada essencial para o adequado funcionamento do sistema: impondo aos
visados uma espécie de autodisciplina na condução do seu negócio, no interesse
do próprio e de quem tem relações comerciais com ele; e fornecendo ao mercado
- através da publicidade legal das demonstrações financeiras, designadamente do
balanço de exercício - elementos informativos acerca da fortuna e do negócio dos
agentes económicos (máxime, comerciantes). Mas há uma grande diferença entre
um empresário, detentor de uma relevante organização produtiva de mercado, e
um pequeno comerciante em sentido económico. Por isso, como se verá, a lei
discrimina este positivamente, sendo menos exigente para com ele;
• Pessoas singulares:
o Que desenvolvem atividade produtiva no quadro da sua esfera jurídica geral
▪ Comerciantes (pequenos comerciantes e comerciantes empresários)
▪ Agentes económicos civis (não comerciantes) – empresários agrícolas,
produtores agrícolas autónomos e profissionais independentes
o Que desenvolvem atividade produtiva no quadro de um EIRL
• Pessoas coletivas:
o Sociedades de direito civil personificadas (sociedades profissionais)
o Sociedades de direito comercial:
▪ Modalidades cumulativas:
• Privadas e públicas
• Unipessoais e pluripessoais
• Independentes e integradas em agrupamento societário
(coligadas)
• De pessoas e de capitais
• Fechadas e abertas (máxime, cotadas)
• Empresariais e profissionais
• Constituindo entidades de interesse público ou não
▪ Tipos sociais (artigo 1º nº2 CSC):
• SQ e SuQ
• SC e SQ(SA & comandita (465º nº2 CSC)
• SA, Grande SA, SCAIP, SA cotada, SA fechada, SA com
prestações acessórias
o EPE (Entidades Públicas Empresariais)
o Cooperativas
o Formas empresariais/profissionais complementares – ACE e AEIE
• Organizações coletivas não personificadas:
o Sociedades civis gerais ou simples
o Sociedades com objeto mercantil preliminares, em formação e irregulares
IV - Trespasse
Não é que releve, uma vez que o trespasse tanto opera quanto a EC como a estabelecimentos não
comerciais (1112º nº1 al. a)). Muito debatida tem sido o conceito de “industrial”. PL e AV têm
uma visão tradicional, argumentando no sentido da qualfiicação de industrial como tudo o que
não é necessariamente juridico-comercial mas visa a criação de riqueza. CA defende que
industrial pretende incluir a industria extrativa, artesanais industriais, cultivo da terrra e ciração
de animais (enfim, elementos não encessariamente comerciais).
Estamos perante um contrato de trespasse (oneroso e inter vivos).
O trespasse, originalmente na versão original do CC de 1966, era regulado nos artigos 1083º a
1120º do CC (1109º e 1112º e 1118º CC – arrendamento para fins não habitacionais). Na década
de 90 transitou para o RAU, em 2006 para o NRAU e hoje surge regulado num Anexo do NRAU,
dedicado à republicação de certos artigos do CC, 1112º por exemplo. A sua inserção junto do
regime do arrendamento resulta de razões históricas, já que a maior parte dos EC funcionavam
em locais arrendados e os senhorios tentam, desde há muito, condicionar a circulação do local.
O contrato de trespasse, nos termos do 1112º nº3, exige a sua redução a escrito particular, mesmo
que envolva a transmissão da propriedade do prédio, no trespasse de local próprio (CA), ainda
que a maioria da doutrina exija escritura pública ou documento particular autenticado. Não faria
sentido que para diversos elementos necessários da transmissão, como a transmissão da firma, da
marca ou do logótipo a lei exigi-se forma escrita, mas para um contrato de maior amplitude que
o abranja, tal fosse dispensado (44º nº1 e nº4 RRNPC e 31º nº5, nº6 e 304º-P nº3). O mesmo se
diga para o trespasse de farmácias (18º nº4 DL 307/2007).
O âmbito mínimo de entrega corresponde aos bens necessários ou essenciais para identificar ou
exprimir a empresa objeto do negócio na transmissão de um concreto estabelecimento. A lei
interessa-se pela perduração da afetação de determinados bens. Sem a entrega de todos os
elementos mínimos, o que se transmite é o conjunto de bens que integram o estabelecimento, mas
não o estabelecimento em si. É impossível definir em abstrato os elementos que integram este
leque. Importa proceder a uma análise casuística.
• Convencional/Máximo.
• Efeitos internos da transmissão – tudo se transmite sem mais (Oliveira Ascensão defendia
a tese da alienação unitária, com ressalva das três figuras de cessão de posições).
Fundamentos: princípio da boa-fé, equidade, bons usos do comércio, garantia contra evição,
dever de o alienante entregar a coisa assegurando o seu gozo pacífico (fundamento maior).
Francisco Barona diz que a sua aceitação depende do conceito de EC que adotarmos:
Esta obrigação pode provir da generalidade dos negócios incluídos no conceito de trespasse:
venda (voluntária, executiva, falencial), na permuta, na realização de entrada social na dação em
cumprimento, na doação.
Contudo, para além do trespassante, outras pessoas poderão ficar vinculadas pela obrigação
implícita de não concorrência. De que pessoas estamos a falar?
Os sujeitos ativos credores desta obrigação implícita de não concorrência contam-se entre o
primeiro trespassário mas também (enquanto a obrigação dever durar) os eventuais sucessivos
trespassários (credores do primeiro trespassante seja de outros trespassários-trespassantes)
Naturalmente, que esta obrigação não se perfila em termos absolutos. Tem limites:
• Objetivos – Não ficam proibidos de exercer qualquer atividade económica, mas somente
de (re)iniciar (exceções para o caso de já praticarem à data do trespasse) o exercício de
modo sistemático ou profissional de uma atividade concorrente com a exercida através
da empresa trespassada - atividade económica no todo ou em parte igual ou sucedânea da
inicial.
Quais são as consequências da violação dessa obrigação? O credor da mesma poderá exercer
os direitos decorrentes do regime do não cumprimento de obrigações (798º e ss, CC), como
interpor ação de cumprimento (817º), requerer uma sanção pecuniária compulsória (829º-A), ou
exigir que o novo estabelecimento do obrigado seja encerrado (829º nº1) – ainda que com
divergências doutrinárias, desde logo, de AV e PL.
Sublinhemos que esta obrigação é convencionalmente disponível, pelo que, por estipulação
expressa, poderá ser livremente afastada.
V – Contratos de Distribuição
1º - Identificar o contrato de distribuição em causa, pela identificação de cada uma das suas
características essenciais (adiante elencadas).
• Mediação
o Oneroso (comissão)
Problema da indemnização de clientela: Sabemos que é consagrada no artigo 33º para o contrato
de agência, uma vez verificados todos os seus requisitos cumulativos. Será, todavia, esta
disposição extensível aos contratos de concessão e de franquia? Terá a clientela sigo angariada e
o volume de negócios aumentado por força do produtor ou do distribuidor? De quem será, de
facto a clientela? Não será, na franquia e na concessão, do franqueado e do concessionário,
somente? Temos 3 posições diferentes:
• Posição negacionista - Não se aplica por analogia à concessão e à franquia. Não pode
haver analogia pois estamos perante uma norma excecional.
• Posição permissivista - Pode-se aplicar por analogia iuris (10º nº3 CC), desde que se
verifique um aumento do volume de negócios e de clientela.
• Posição intermédia – Pode-se aplicar poa analogia legis (10º nº2 e nº3), com todos os
pressupostos do 33º nº1, nº2 e nº3 verifados, ainda que com cuidada aferição casuística
VI – Propriedade Industrial
6º - Estas duas modalidades de direitos privativos são atribuidos por concessão administrativa
(efeito constitutivo)
7º - Para cada matéria (marca, logotipo, patentes, modelos de utilidade, etc.), analisar, se
necessário na hipótese:
• Conceito e seus elementos (51º, 117º, 153º, 173º, 222º, 272º, 304º-A CPI, RRNPC)
• Âmbito positivo (requisitos de concessão – registo no INPI)
• Âmbito negativo (fundamentos de recusa da concessão administrativa)
• Efeitos da concessão:
o Âmbito da proteção
o Direitos conferidos pelo registo
8º - Havendo infração de qualquer direito privativo, o titular deve instaurar ação de infração,
gozando dos seguintes meios de tutela no âmbito de relações interprofissionais:
• Conceitos – artigo 5º
• Publicidade enganosa – artigo 11º
• Publicidade comparativa – artigo 16º
VII – Insolvência
(Passos obrigatórios)
5º - Como poderá fazê-lo? – 23º nº2 a) (Petição inicial) + 24º (elementos necessários)
6º - Se não o fizer, a insolvência poderá considerar-se culposa (186º nº3 al. a) – presunção ilidível
de culpa)
7º - Quando a insolvência é fortuita, não há nenhuma sanção aplicável ao devedor (por razões de
mercado – “limpeza” do mercado das empresas ineficientes). Se for culposa (foi o devedor que
se colocou naquela situação), tal pode ter relevância. As cosequências pessoais dividem-se entre:
8º - Requerida e declarada a insolvência, todos os bens do devedor são considerados – art. 46º.
Supondo que o devedor um ano antes da insolvência tinha começado a dissipar os bens e, quando
a empresa vem a ser declarada insolvente, já praticamente não tem bens. Há um prazo em que os
atos praticados ficam sob suspeita de terem sido prejudicais para a situação de insolvência. Daí
se prever a resolução em benefício da massa – arts. 120º e ss. CIRE – que visa fazer regressar
ao património do devedor os bens que foram dispostos no período de suspeita (atos prejudicais à
massa, praticados 2 anos antes do início do processo e que o terceiro esteja de má-fé). Esta
resolução tem efeitos retroativos (126º) e ai levar à reintegração dos bens na massa insolvente, e
se o terceiro estava de má-fé tiver um crédito quanto à massa, este será um crédito subordinado
(art. 8º). Há também a resolução incondicional (art. 121º - 1ª via da hipótese), em que se dispensa
os pressupostos anteriores, em que os casos per si fazem com que opere esta resolução, dado o
caráter evidente da prejudicialidade.
9º - Os créditos sobre a massa da insolvência ou as dívidas da massa insolvente são sempre pagos
precipuamente (172º nº1 e nº2 e 51º nº1), ou seja, antes dos créditos sobre a insolvência ou dívidas
da insolvência.
10º - Uma vez satisfeitos os primeiros, os segundos são satisfeitos (pós-reclamação – 128º)
segundo a seguinte ordem de prioridade:
Não há esquema.
Ler a Fátima Gomes (poucas páginas), compreender todo o regime da LULL e da LUCh e
conhecer o CVM nos seus traços muito gerais.