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AO JUIZO DA ___ VARA DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE

BALNEÁRIO CAMBORIÚ – SC

XYZ, [brasileiro], [estado civil], [função/cargo], inscrito no CPF/MF sob n°


xxx.xxx.xxx.xx, portador do RG n° x.xxx.xxx SSP SC, residente e domiciliado na
[endereço completo com CEP], doravante denominado simplesmente como
“Requerente”; vem respeitosamente à ilustre presença de Vossa Excelência, por
intermédio de seu bastante procurador mover a presente
AÇÃO DE REPETIÇÃO DE INDÉBITO, em face de
BALNEÁRIO CAMBORIÚ, pessoa jurídica de direito público, inscrita no CNPJ/MF
sob n° x.xxx.xxx/xxxx.xx, com sede na [endereço completo com CEP], doravante
denominado simplesmente como “Requerida”, pelos motivos de fato e de direito
abaixo contrapostos:

1. DOS FATOS
1.1. A pessoa física XYZ, residente no município de Joinville, adquiriu um imóvel da
Construtora XPTO, localizado no município de Balneário Camboriú, pelo valor de R$
1.000.000,00 (um milhão de reais), conforme estipulado em contrato particular.
No entanto, ao proceder com a transmissão do imóvel, o Município de Balneário
Camboriú unilateralmente valorou o imóvel em R$ 2.000.000,00 (dois milhões de
reais), resultando em um cálculo de Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis
(ITBI) com alíquota de 2% sobre esse valor. Assim, a pessoa física XYZ efetuou o
pagamento de R$ 40.000,00 (quarenta mil reais) referentes ao ITBI, conforme exigido
pelo município. Entretanto, o valor efetivamente transacionado foi de R$ 1.000.000,00
(um milhão de reais), conforme consta na escritura pública.
Em tempo, após um ano da operação de compra do imóvel, a requerente tomou
conhecimento sobre a decisão do Superior Tribunal de Justiça (Tema 1.113/STJ), que
estabeleceu que a base de cálculo do ITBI deve ser o valor do imóvel transmitido em
condições normais de mercado, proibindo a arbitrariedade do município na definição
unilateral dessa base de cálculo. Consciente de que a operação de compra do imóvel em
Balneário Camboriú ocorreu de forma contrária ao entendimento jurisprudencial e
resultou em um recolhimento excessivo de ITBI, a requerente busca defender seus
direitos.
Nesse sentido, a ação judicial proposta tem por objetivo recuperar o valor pago
indevidamente, fundamentada nos termos do art. 165 I do CTN, e notadamente no
entendimento do STJ expresso no Tema 1.113/STJ, e direcionada ao município de
Balneário Camboriú, que realizou a cobrança do ITBI de forma equivocada.

2. DO DIREITO
2.1. Tem o requerente o seu direito consagrado no ordenamento jurídico brasileiro
conforme as fundamentações adiante expostas:
2.2. Previsto em nosso Código Tributário Nacional, em seu art. 38 da Lei nº 5.172, é
determinado que “A base de cálculo do imposto é o valor venal dos bens ou direitos
transmitidos.”, e ainda a constar, de acordo com a jurisprudência e doutrinas, o valor
venal é o valor de venda do bem.
2.3. Fundamentando-se mediante o art. 7, da Lei Municipal do município de Balneário
Camboriú n° 859/89, cujo diz o seguinte: “A base de cálculo do imposto é o valor venal
dos bens ou direitos transmitidos. (Redação dada pela Lei Complementar nº 84/2022) §
1º - Na arrematação ou leilão e na adjudicação de bens imóveis, a base de cálculo será o
valor estabelecido pela avaliação judicial ou administrativa, ou o preço pago, se este for
maior.” e amparado pela nossa Constituição da República em seu art. 150, I, é
ressaltado que a requerente está assegurada do direito de não pagar o tributo legal
decorrente da erronia atividade administrativa de lançamento da base de cálculo.
2.4. Diante fundamentação, nota-se um considerável montante a mais apurado pela
Fazenda do Município de Balneário Camboriú, sendo dever do estado a reparação de tal
montante, fazendo-se impositiva a revisão de base de cálculo dos referidos impostos.
2.5. A fim de ilustração, colhe-se da jurisprudência:
APELAÇÃO CÍVEL - ação de repetição de indébito -
Sentença que julgou procedente a ação, determinando a
devolução do itbi pago em quantia superior à devida -
cobrança de itbi considerando como base de cálculo o
valor "venal de referência" - Impossibilidade de cobrança
de valor venal arbitrado previamente pela municipalidade -
entendimento do órgão especial deste Eg. Tribunal de
Justiça em hipótese semelhante - o itbi 'Deve ser calculado
sobre o valor do negócio jurídico realizado ou sobre o
valor venal do imóvel para fins de IPTU, aquele que for
maior, afastando o valor de referência', conforme
Entendimento proferido por este Eg. Tribunal de Justiça no
IRDR XXXXX-62.2017.8.26.0000 - Possibilidade de
repetição da diferença entre o valor pago e o valor devido -
Juros e correção monetária na repetição do indébito -
Fixação segundo entendimento das cortes superiores -
Sentença mantida - recurso não provido.
Portanto, tendo o fisco municipal agido de forma leviana fazendo a cobrança de tributo
em valor muito superior ao devido, ainda que não houvesse embasamento legal para
isso, é de ser considerado que seja aplicada a condenação de restituição do montante a
mais cobrado junto à devida correção monetária.

3. DOS PEDIDOS
Diante do exposto, requer-se:
(a) A designação de audiência de conciliação ou mediação, conforme previsto no
art. 319, VII, do CPC, é solicitada, bem como a citação do réu para comparecer à
referida audiência a ser agendada por este juízo. Alternativamente, requer-se a
citação do réu para, querendo, apresentar resposta, sob as penas de revelia. Em
caso de desinteresse do autor na designação de audiência de conciliação ou
mediação, nos termos do art. 319, VII do CPC, expressa-se tal posição;
(b) Que a ação seja julgada procedente, com intuito de acoimar a requerida à
repetição do indébito da quantia paga a maior;
(c) Requer-se que a restituição seja calculada, incluindo a correção monetária,
conforme disposto no artigo 167 do CTN e na Súmula 162 do Superior Tribunal
de Justiça (STJ). Além disso, solicita-se que o cálculo seja realizado com base
no artigo 39, § 4º;
(d) A condenação da requerida nas custas e honorários advocatícios, conforme
estabelecido nos artigos 82 a 85 do CPC, destacando-se o artigo 85, § 3º do
mesmo diploma legal;
(e) A produção de todas as provas admitidas em direito, conforme disposto no
artigo 319, inciso VI, do CPC.

Dá-se ao valor da causa R$ 24.800,00 (vinte quatro mil e oitocentos reais).

Nestes termos,
Pede-se deferimento.

Balneário Camboriú, __ de __ de 2024.

Advogado
OAB/SC xxx

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