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AO JUÍZO DE DIREITO DA ….

ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA DO MUNICÍPIO DE


SALVADOR BAHIA.

Luciana, estado civil…, existência ou não de união estável…, profissão…,


nacionalidade…, endereço eletrônico…, domiciliada e residente em…, portadora da Cédula
de Identidade/RG sob o nº …., e CPF sob n°…,por por meio de seu advogado, cuja
procuração está em anexo, vem perante V. Exa. propor ,com fulcro no Art. 165 do CTN, a
presente:

AÇÃO ANULATÓRIA C/C REPETIÇÃO DE INDÉBITO TRIBUTÁRIO

contra o MUNICÍPIO DE SALVADOR, pessoa jurídica de direito público, na pessoa de seu


representante legal, fazendo-o na forma abaixo a qual, ao final, espera ver devidamente
providas por V. Exa:

1. DOS FATOS

Excelência, a Autora, no ano de 2022, realizou a compra de


seu atual imóvel residencial em Salvador, essa compra foi efetivada no valor de
R$2.000,000,00 (Dois milhões de reais.);

Ocorre que, no momento da transcrição do apartamento


através de escritura pública, a Autora emitiu a guia DAM para efetuar o pagamento do ITIV
(Imposto sobre transmissão inter vivos de bens móveis) tendo como base de cálculo o valor
da compra do imovel. Ambos os foram rejeitados pelo órgão competente, indicando
como base correta o valor venal do imóvel para fins de IPTU (Imposto sobre
propriedade territorial urbana) que seria, segundo a prefeitura, o valor de R$3.000,000,00
(Três milhões de reais.);
Por pressa, e com o intuito de finalizar definitivamente o
negócio jurídico em questão, a Autora efetuou o pagamento do tributo em acordo com a
exigência feita pelo município, como demonstra o Documento de Arrecadação Municipal
– DAM de número de transação 12345 (d n°.xxx), todavia, inconformada com o abuso
sofrido, pretende por meio desta inicial, obter a restituição dos valores pagos em
excesso, por não reconhecer como legítima e aplicável a tributação excessivamente
onerosa que recaiu sobre o negócio jurídico descrito anteriormente.

2. DO DIREITO

2.1 DO REAL VALOR DA BASE DE CÁLCULO

Exa. o Imposto Sobre Transmissão Inter Vivos de Bens


Móveis, conforme está previsto no art. 156, II, da CF, sendo ele de competência
municipal e distrital;

O Município de Salvador, institui por meio da SEFAZ normas


que disciplinam a fiscalização e arrecadação deste referido tributo, sendo essa
regulamentação de fácial acesso por meio do site institucional
“https://www.sefaz.salvador.ba.gov.br/ITIV/perguntasRespostas?Length=4#gsc.tab=0”;

De acordo com a norma Municipal, que possui competência


para tal, pode-se analisar que a base de cálculo do ITIV é:

I - nas transmissões em geral, a título oneroso, o


valor dos bens ou direitos transmitidos;

Assim sendo, não pode o Município descumprir o que ele


próprio instituir e indica como base de cálculo o valor venal do imóvel para fins de
IPTU, qual seja, R$3.000.000,00 (Três milhões de reais) uma vez que o correto deveria
ser o valor do bem transmitido, que corresponde ao valor de R$2.000,000,00 (Dois
milhões de reais.), entendimento que se alinha, também, para além da norma
municipal, à legislação federal, conforme indica o Art. 38 CTN;
No entanto Excelência, há outra questão de extrema
relevância, refiro-me a desobediência para com a posição do Superior Tribunal de Justiça
(AREsp 1.191.604), o qual, possui entendimento sumulado no sentido de que a base de
cálculo do ITBI deve ser o valor da operação, e não o valor venal do imóvel – que
serve, então, apenas como base de cálculo para o IPTU, vejamos:

STJ: “PROCESSO CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM


RECURSO ESPECIAL. ENUNCIADO ADMINISTRATIVO N. 3/STJ. TRIBUTÁRIO. ITBI.
BASE DE CÁLCULO. VALOR VENAL DO IMÓVEL. APURAÇÃO DISSOCIADA DO
VALOR APURADO PELA MUNICIPALIDADE PARA COBRANÇA DE IPTU.
POSSIBILIDADE. AGRAVO NÃO PROVIDO. 1. A jurisprudência desta Corte
firmou-se no sentido de que a base de cálculo do ITBI é o valor real da venda do
imóvel ou de mercado, o qual não se identifica necessariamente com a base de
cálculo do IPTU. 2. Agravo interno não provido” (Agint no AREsp 1.191.604 / SP, rel.
Min. Mauro Campbell Marques, 17-5-2018, 2ª T., DJe 24-5-2018).

O Município de Salvador não poderia contestar o valor


indicado por outro meio senão através de procedimento administrativo adequado, o
que não foi realizado. Para além disso, mesmo que houvesse procedimento
administrativo instalado, não prosperaria a pretensão justamente por não haver
vínculo entre a base de cálculo do ITBI e a base de cálculo do IPTU, pois são base de
cálculos distintas para cada tributo, cada uma com suas peculiaridades;

Desta maneira, evidencia-se que a base de cálculo


utilizada na tributação sobre o negócio jurídico da Autora não possui força ou
fundamento jurídico que o valide, devendo-se assim, realizar-se novo cálculo.

2.2 DO REAL VALOR ALÍQUOTA DO ITBI

Há, mais uma vez, deformidade na cobrança do ITBI por parte


do Município de Salvador quando este não entende que é vedada aplicação de alíquotas
progressivas (Súmula 656 do STF).
Conforme a Secretaria Municipal da Fazenda de Salvador, as
alíquotas são de 1,0% ( um por cento ) para as transmissões de imóveis populares e de
3,0% ( três por cento ) nas demais transmissões, indo de encontro para com a vedação
imposta pelo Supremo.

Desta forma, padece de validade jurídica a legislação


municipal em questão, por requerer do contribuinte valores distintos embasando-se na
metragem do imóvel juntamente com o valor venal.

4. DOS PEDIDOS

Seja aceita a presente ação, dignando-se V. Exa., julgá-la procedente, condenando o


Município a devolver o valor que recebeu indevidamente a título de ITBI, com os acréscimos
de correção monetária, contada a partir do recolhimento, bem como juros de mora,
procedendo a União a devolução em moeda corrente do país.

Diante de todo o exposto, e amparado pelas decisões unânimes dos Tribunais, no tocante à
inconstitucionalidade das legislações majorantes das alíquotas do ITBI, bem como das
decisões concernentes a necessidade de devolução do indébito tributário ao sujeito passivo,
comprovando o recolhimento indevido através das guias anexas, respeitosamente, pleiteia a
devolução dos valores pagos acima do correto, devidamente corrigidos e com juros,
condenando-se ainda a ré ao pagamento de custas e honorários advocatícios, pelo que
passa a requerer:

Seja citada O Município na pessoa de seu procurador no Estado do …., na Rua …., para vir
contestar a presente, querendo, sob pena de revelia.

A autora pretende provar os fatos pela juntada de novos documentos, perícias e demais
provas permitidas em Direito.

Dá à presente o valor de R$ …. (….), como valor inicial, e final a ser apurado em sentença.

Nestes Termos,

Pede Deferimento.

Data, local, assinatura, oab.

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