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PROCESSOS QUÍMICOS

INDUSTRIAIS

Profa. Dra. Márcia Regina Baldissera Rodrigues


PRODUÇÃO DE ALCOOL
A primeira etapa do processo de destilação é recuperação e separação
do produto.
• A primeira operação é a depuração do vinho, que consiste na
purificação do mesmo, livrando-se de algumas impurezas, realizada em
uma coluna de destilação depuradora.

Desta operação, além do vinho depurado, resulta a fração denominada de


álcool bruto ou de cabeça
mistura hidroalcoólica impura, cujo teor alcoólico varia de 92 a 94°GL
(porcentagem de álcool, em volume).

O vinho depurado é submetido a uma segunda operação de destilação,


em uma coluna de destilação propriamente dita, de onde resultam duas
frações:
• o flegma (produto principal de destilação) uma mistura hidroalcoólica
impura, com teor alcoólico variando de 45 a 50°GL

• a vinhaça, vinhoto ou restilo (resíduo aquoso da destilação) que


contém todas as substâncias não voláteis e algumas voláteis do vinho.
DESTILAÇÃO DO ALCOOL
PRODUÇÃO DE ALCOOL
O flegma é submetido a uma nova destilação especial, a retificação,
sofrendo uma operação complexa de purificação e concentração.

Esta operação é efetuada em uma coluna de retificadora constituída de


duas zonas: esgotamento e concentração.

O produto principal de retificação é o álcool retificado (mistura


hidroalcoólica de elevada pureza, com uma graduação alcoólica variando
de 96 a 97°GL.

Resultam ainda três outras frações:


• flegmassa (resíduo aquoso da retificação do flegma) devendo estar
isenta de álcool;
• óleo de fúsel (mistura concentrada das impurezas do flegma) e
• álcool de segunda.
DESTILAÇÃO DO ALCOOL
PRODUÇÃO DE ALCOOL

A operação final é a desidratação, onde determinados artifícios são


introduzidos aos processos normais de destilação, com a finalidade de
desidratar o álcool retificado.

O PROCESSO:

O álcool retificado é conduzido à coluna de desidratação, na qual é


introduzida uma substância desidratante, o ciclohexano, resultando o
álcool anidro com riqueza alcoólica entre 99,5 a 99,8°GL.

A mistura de água-ciclohexano, é conduzida ao conjunto recuperador


de álcool e ciclohexano, constituído de um decantador e uma coluna
de recuperação do solvente, sendo os seus produtos reconduzidos
no processo.
DESTILAÇÃO DO ALCOOL
COLUNA DE DESIDRATAÇÃO
DESTILAÇÃO

DEFINIÇÃO: Processo no qual uma mistura de líquido e vapor de


duas ou mais substâncias é separado em suas frações de
componentes de pureza desejada, pela aplicação de calor.

vinho Destilação Retificação desidratação


flegma

Etanol
99,5%
TIPOS DE DESTILAÇÃO

BATELADA – alimentação da coluna é carregada com um lote e


então a destilação e levada a efeito. Quando a destilação termina,
outro lote é carregado

CONTÍNUAS – o fluxo da alimentação não é interrompido, a não ser


que haja algum problema com a coluna. Trabalham com altas
quantidades de produto
O processo mais comum.
DESTILAÇÃO
vinho pré-
aquecido Álcool Bruto Álcool Retificado Álcool Absoluto/anidro

Coluna de
destilação B Coluna C - Coluna D -
(simples) retificação Desidratação

Vinhoto – Temperatura
fertilizantes
de 100oC

Extração do álcool fraco ou Terceiro agente-


Aumenta a retirada das
bruto ou Flegma junto com composto orgânico
impurezas e
suas impurezas (benzol) diferente
concentração do
´(OH) e (H2O)
álcool c/ grau de
Grau de pureza de 45 a pureza até 97oGL Grau de pureza
55º GL (mistura azeotrópica)- mínima de
ponto de ebulição 99,95oGL
constante (combustível)
SEQUÊNCIA DAS DESTILAÇÕES

Na coluna depuradora A. É basicamente uma coluna de baixo grau,


com poucos pratos. Obtém-se baixa concentração alcoólica no
destilado, com o máximo de eliminação de produtos. Separam-se,
nessa coluna aldeídos, ésteres, bases voláteis e ácidos.

Na coluna B, destiladora, obtém-se flegma, o destilado é retirado


pela lateral como na coluna A e as impurezas encontram-se na base
(flegmaça).

Na retificadora (coluna C), o flegma com 40 a 50% de álcool em


volume, aproximadamente, penetra na parte inferior e, com
destilações sucessivas em mais de quarenta bandejas, aumenta a
graduação alcoólica até o topo.

Na coluna de desidratação D, devido à máxima concentração de


etanol que se pode obter por destilação, acumulam-se no topo
impurezas. O álcool etílico puro na base.
DESIDRATAÇÃO
• Não se pode, apenas por destilação, obter álcool etílico com
concentração superior a 98,2% em volume porque, nessa
concentração, a mistura de etanol e água é azeotrópica.

Os processos industriais para desidratação classificam-se:

Químicos: utilizam substâncias químicas, como óxido de cálcio,


acetato de sódio, carbonato de potássio e outros, que são capazes
de absorver a água do etanol retificado no estado de vapor ou
líquido.

Físicos: baseiam-se na variação da pressão, destilação de mistura


hiperazeotrópica, absorção de vapores usando corpos sólidos,
destilação em presença de um terceiro corpo e uso de
absorventes regeneráveis (peneiras moleculares).

A maioria das destilarias ainda usa o processo de arrastamento do


álcool em presença de uma terceira substância volátil.
DESIDRATAÇÃO
Nesse processo, introduz-se uma terceira substância capaz de
formar mistura azeotrópica com a água e o etanol, de ponto de
ebulição inferior ao da mistura azeotrópica binária.

Ex: Adicionando-se benzol à mistura de água e etanol, separam-se


camadas de água-álcool e de benzol-álcool.
Submetendo-se à destilação uma mistura de líquidos mutuamente
insolúveis, a temperatura de ebulição é inferior a dos dois
componentes.
A mistura de 91,7 partes de benzol e de 8,3 partes de água ferve a
69,25°C, enquanto que o ponto de ebulição do benzol puro é 80,2°C
e o da água 100°C, ao nível do mar. Enquanto houver ebulição, a
temperatura e a composição dos vapores permanecem constantes.
Isso explica porque consegue-se separar a água de uma mistura
hidroalcoólica com o auxílio de um corpo transportador.
DESIDRATAÇÃO COM BENZOL

Adicionando-se 50% de benzol, em


peso, à mistura etanol-água com
95% de benzol em volume durante a
destilação, consegue-se o arraste da
mistura ternária benzol-etanol-água
a 64,85°C, à formação de mistura
azeotrópica binária benzol-etanol a
68,24°C e a destilação do álcool
anidro (ou absoluto) a 78,35°C.

“Atualmente no Brasil o benzol, que


é cancerígeno, está sendo
gradualmente substituído pelo
ciclohexano”
DESIDRATAÇÃO COM CICLOHEXANO
DESIDRATAÇÃO COM CICLOHEXANO
PENEIRAS MOLECULARES
Uma técnica de desidratação do álcool eitílico retificado, através da
passagem dos vapores de álcool entre camadas de resinas capazes
de reter as moléculas de água

O processo:
• Introduz álcool retificado em colunas cheias com resinas próprias.

• A resina (zeólito) retém as moléculas de água e deixa passar o


etanol com 99,9% de pureza.

• O etanol é introduzido nas colunas de resina, sob a forma de vapor


em alta temperatura.
(Nas destilarias em que se obtém álcool retificado frio, faz-se seu aquecimento
a 175°C (com vapor a 180°C) em aquecedor vertical tubular, antes de passá-lo
pelas colunas de resina.)

• Faz-se a retenção da água, e os vapores alcoólicos, que saem por


baixo, seguem para condensadores e refrigerantes.
PENEIRAS MOLECULARES
COLUNAS DE DESTILAÇÃO
SUB-PRODUTOS

O processamento da cana-de-açúcar para obtenção de álcool gera


diversos subprodutos ou resíduos, como por exemplo: bagaço, a
torta de filtro, a vinhaça.

Apesar do aproveitamento destes resíduos não atuar diretamente na


redução do custo do produto final o seu aproveitamento
certamente representa um importante passo no sentido de
incrementar a eficiência global da Indústria Alcooleira.

O fluxograma identifica as quantidades médias de produtos e


subprodutos gerados na industrialização da cana-de-açúcar, nas
destilarias autônoma (somente produção de álcool) e anexa
(produção de açúcar e álcool).
SUB-PRODUTOS
Bagaço

O bagaço de cana in natura apresenta uma umidade média de 50%


(p/p) e sua composição química.

A utilização do bagaço seco (umidade inferior a 25%) como fonte de


energia tornou-se fundamental para o funcionamento das usinas de
açúcar com ou sem destilaria anexa, em função do custo dos
combustíveis tradicionais. Segundo dados de literatura, 1kg de
bagaço é capaz de produzir, através da queima em equipamentos
adequados, aproximadamente de 5kg de vapor.

Composição química aproximada do bagaço de cana


SUB-PRODUTOS

Nas destilarias autônomas, pode-se utilizar entre 70 a 80% do


bagaço de cana produzido para a geração de energia, desde que o
balanço térmico da unidade esteja adequado.

O excedente poderá seguir as mais diversas rotas de aproveitamento,


diferentes daqueles exclusivamente de insumo energético próprio ou de
setores industriais interessados e cuja localização permita seu uso
econômico.

Como matéria prima industrial, o uso de bagaço de cana ainda não é


grande, apesar das potencialidades apresentadas. Entre os possíveis
processos de aproveitamento pode-se citar a sua utilização para a
produção de papel e celulose, metanol, produtos aglomerados,
produtos oriundos da hidrólise do bagaço.
BAGAÇO
SUB-PRODUTOS
Torta de filtro

A torta de filtro (ou torta de filtros de borra, borra ou lodo), é resultado


da filtração da mistura de lodo dos decantadores, com bagacilho,
no processo de produção de açúcar. As destilarias autônomas que
introduziram o sistema de clarificação de caldo também geram este
subproduto.

Seu aspecto é de um material amorfo, macio e leve, com coloração


variando do marrom escuro ao preto. A produção situa-se entre 30 a
40 Kg para cada tonelada de cana-de-açúcar processada, e a
umidade média durante o processo é de cerca de 75% em peso
TORTA DE FILTRO
SUB-PRODUTOS
Vinhaça

Quanto a sua composição química, a matéria orgânica é o constituinte


predominante, respondendo por 75% do teor de sólidos suspensos.
Destacam-se também a presença de potássio e do ferro. Os valores
de pH situam-se em torno de 4,0 e seu comportamento é de uma
solução tamponada.

Esta composição confere à vinhaça uma demanda química e


bioquímica de oxigênio DQO, DBO - e, portanto, um alto poder
poluente se lançada em corpos de água sem o devido tratamento.
SUB-PRODUTOS

Desde que o controle ambiental tornou-se mais rigoroso e as opções


de utilização deste subproduto se ampliaram, o seu
aproveitamento vem crescendo. Entre as soluções técnicas que se
apresentam, destacam-se:

 Utilização agrícola in natura, como adubo complementado ou não;

 Concentração para utilização como componente de ração;

 Fermentação aeróbica para produção de proteínas unicelulares

Fermentação anaeróbica para produção de metano

Reciclo no processo de obtenção de álcool a partir de melaço


(substituição em até 30% do volume de água empregada no preparo de
mostos de fermentação alcoólica)
VINHAÇA
Melaço ou Cereais
Água
Caldo de Cana Raízes e tubérculos Levedura

Sacarificação
Corretivo MOSTO do amido

Gaseificação
Anidrido
de bebidas
Carbônico FERMENTAÇÃO
gelo seco

Vinho

Vinho Separação Levedura


delevurado Centrífuga recuperada

Purificação Alimentação
Vinhaça DESTILAÇÃO FLEGMA e secagem Animal

Adubação Flegmaça RETIFICAÇÃO Óleo de fúsel

Diluição ÁLCOOL Solventes


do Flegma RETIFICADO aromas artificiais

Desidratante
recuperado
DESIDRATAÇÃO

Álcool Anidro Combustível


USINA DE PRODUÇÃO DE ÁLCOOL

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