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Diversidade de estilos de comunicação: a

força das diferenças

Alberto Ruggiero

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Objetivo
Ampliar a percepção de si através do autoconhecimento, compreender melhor as
preferências de estilos de comunicação dos outros e ser capaz de flexibilizar nos
relacionamentos diários a fim de obter resultados mais efetivos por meio das pessoas.

Introdução
O profissional que desenvolve o autoconhecimento amplia o conhecimento sobre si
mesmo, consegue entender com mais naturalidade os pontos de melhoria e as
qualidades de sua personalidade.

O autoconhecimento é uma prática que melhora sua eficiência pessoal e profissional.


Quanto mais você se conhece, maior é a percepção que terá das pessoas ao seu redor,
sejam: colaboradores, líderes, clientes, fornecedores, concorrentes, amigos, familiares
etc.

Após tantos séculos, nada continua tão intrigante, fascinante e complexo quanto o ser
humano. Com tantos estudos, conhecimentos acumulados, ainda existem grandes
desafios ao se deparar com os relacionamentos diários, seja no ambiente profissional ou
familiar. Profissionais que conseguem resolver problemas técnicos complexos
diariamente, por vezes ficam perdidos diante de determinados comportamentos das
pessoas de seu convívio. O que veremos a seguir é como aplicar a Dominância Cerebral
nas práticas diárias de nossos relacionamentos, ampliando nossa compreensão acerca
de nós mesmos e dos outros.

Ao investir no autoconhecimento, você adquire mais autoconfiança, aprende a


identificar as principais influências de outras pessoas sobre a sua vida. Por isso, nós o
convidamos a realizar um exercício de autoconhecimento baseado na Dominância
Cerebral e que será muito útil, não apenas para o conteúdo deste capítulo, mas e
principalmente, para o uso no dia a dia de sua vida pessoal e profissional.

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Exercício de autoconhecimento – Assinale as afirmações que são verdadeiras para
você

Grupo A

( ) Para fazer bem algo é melhor trabalhar com concentração e silêncio.

( ) Sou uma pessoa muito mais inclinada a decidir considerando a lógica e os dados do
que as emoções e os sentimentos.

( ) Na maior parte das vezes sou mais discreto(a) do que outras pessoas, porque penso
bem no que devo fazer.

( ) Costumo tomar minhas decisões sem levar em conta em que isso afetará meus
relacionamentos: é mais importante considerar os fatos concretos.

( ) Tenho consciência de que algumas pessoas me acham frio(a) e calculista.

( ) Prefiro palestras formais do que as de ambiente informal.

( ) Não tenho o hábito de falar sobre meus sentimentos.

( ) Procuro planejar minhas ações pensando a longo prazo.

( ) Não aprecio pessoas muito falantes.

Grupo C

( ) Prefiro não acreditar em minha intuição pois é muito melhor e mais prático perceber
o que está acontecendo por meio de dados reais.

( ) É muito importante que eu anote minhas ideias passo a passo.

( ) Na maior parte da vida, tenho sido uma pessoa que busca manter a tradição.

( ) Acho muito melhor uma pessoa ser elogiada por ser prática e organizada.

( ) Me satisfaz muito quando planejo meu dia e quase tudo ocorre como planejei.

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( ) As outras pessoas me definem como uma pessoa organizada.

( ) Em minha opinião, minhas rotinas são muito melhores do que constantes mudanças.
Preciso de organização.

( ) Aprecio quando me explicam algo detalhadamente.

( ) Há pessoas que me acham certinho(a) demais.

Grupo E

( ) Na maior parte das vezes, prefiro deixar as coisas para o último minuto.

( ) Para mim o trabalho rotineiro é muito cansativo, preciso de mudanças.

( ) Acho muito bom uma pessoa ser elogiada por ser criativa e intuitiva.

( ) O que mais gosto é entender onde vou chegar, para depois pensar no como.

( ) Na maior parte da vida tenho sido uma pessoa que busca correr riscos.

( ) Às vezes meu comportamento pode ser descrito como inconsequente.

( ) Deixo me levar pela imaginação, me distraio facilmente.

( ) Prefiro exemplos metafóricos a casos concretos.

( ) Há pessoas que me acham irrealista e sonhador.

Grupo R

( ) Para fazer bem algo é melhor trabalhar em equipe.

( ) Eu sou o tipo de pessoa que os outros conhecem logo.

( ) Na maior parte das vezes me deixo levar pela emoção.

( ) Para que eu me sinta bem em um ambiente, basta ser apresentado(a) às pessoas.

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( ) Gosto de pessoas abertas, que vão logo dizendo o que pensam e gostam de ouvir o
que tenho a dizer (saio logo opinando).

( ) Se a outra pessoa ficou triste com o que foi dito, começo a procurar entender como
ela está se sentindo e tento ajudá-la.

( ) Quando estou em grupo, prefiro falar com todos de uma vez.

( ) Para tomar uma decisão prefiro sentir os fatos primeiro, e sempre levo em conta as
pessoas envolvidas.

( ) Há pessoas que me acham “coração mole”.

Conte quantas vezes você assinalou as seguintes letras:

Sua preferência está representada pela(s) letra(s) com maior número de assinalações.

Características dos quatro perfis


O exercício de autoconhecimento realizado mostra a sua preferência de comunicação
frente a outras pessoas. Contudo, é importante esclarecer que todos nós possuímos os
quatro estilos e que todos são fundamentais, não existe um estilo melhor que o outro,
todos os quatro têm suas características específicas, suas preferências, suas qualidades
e seus pontos de melhoria, em seu modo de pensar, sentir e agir. Vamos observar as
características individuais de cada um:

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Perfil Analítico

O perfil Analítico, como o próprio nome sugere, gosta de analisar, costuma ser prático,
objetivo, concreto, prefere trabalhar sozinho, gosta do silêncio, tem facilidade com
números, gráficos e tabelas, gosta de ir direto ao ponto, não gosta de ter a sensação de
que está perdendo tempo, ou seja, gosta de manter o foco no que está fazendo, define
objetivos, coleta dados e fatos, avalia as informações disponíveis, tem clareza no
entendimento dos fatos. Sua meta é a objetividade através de fatos, onde concentra seus
pensamentos e suas articulações.

Perfil Experimental

O perfil Experimental assume riscos, é criativo, tem boa imaginação, busca desafios,
novas oportunidades, visualiza os fatos, é intuitivo, costuma especular, prefere ver o
quadro global, tem facilidade para sintetizar os problemas e projetos, adora sair da
rotina, quebrar regras, provocar mudanças, fazer experiências. Sua mente está em
movimento contínuo, encaixando as informações da vida de múltiplas maneiras.

Perfil Controlador

O perfil Controlador divide um problema em pequenas partes para ter uma visão mais
clara da situação ou do projeto, é organizado, gosta de detalhes, prefere as ações que
tenham começo, meio e fim, sente-se seguro com o planejamento de sua rotina, ordena
as ações para atingir os objetivos propostos, com isso, pode administrar, implementar e
acompanhar o que está acontecendo, observa o real, é metódico, conservador e pontual,
faz acontecer e é muito confiável.

Perfil Relacional

O perfil Relacional trabalha as questões humanas, sente os fatos, consegue apoio,


aderência e entusiasmo da equipe, gosta de ensinar e apoiar as pessoas, é expressivo,
falante e gosta de tocar as pessoas enquanto se comunica com elas, tem foco na
satisfação de seus clientes (internos, externos e pessoais), se preocupa com o impacto
que as ações terão na vida das pessoas envolvidas. Possui uma energia bem

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desenvolvida para os relacionamentos e se concentra nos sentimentos e nas
necessidades dos outros.

Os perfis do lado esquerdo, analítico e controlador, representam as características do


hemisfério cerebral esquerdo, ou seja, são mais racionais, lógicos e concretos. Os perfis
do lado direito, experimental e relacional, representam as características do hemisfério
cerebral direito, ou seja, são mais emocionais, abstratos e intuitivos. Os perfis
superiores, analítico e experimental, têm preferências por atividades de planejamento,
estratégia e voltados ao longo prazo. Os perfis inferiores, controlador e relacional, têm
preferências por atividades operacionais, são mais “mão na massa” e voltados ao curto
prazo.

Como se relacionar de forma positiva com cada perfil


Como se relacionar com o Perfil Analítico

Ao se comunicar com o perfil Analítico é importante conhecer suas principais


características e dar ênfase a elas, por isso, seja direto e objetivo, evite rodeios, vá direto
ao ponto, quanto mais rápido e preciso melhor. Não há necessidade de fazer algum tipo
de “quebra-gelo”, não é isso o que ele(a) quer.

Se for o caso, utilize gráficos, assim, o Analítico entenderá rapidamente o que deseja
transmitir a ele. Procure controlar seus gestos e evite tocá-lo. Evite palavras emotivas
como: sinta, confie, acredite, imagine, suponha. Use as palavras mais familiares a ele,
tais como: a lógica, as informações coletadas, examine, o resultado, análise, a exatidão, a
rapidez, o objetivo, os dados, os fatos. Antes de conversar com um analítico procure
coletar informações documentadas, preste atenção ao sentido lógico de suas opiniões.

Do ponto de vista do Analítico, o seu tempo é mais bem aproveitado quando ele observa,
pensa e analisa individualmente a situação, por conta disso tem a necessidade de
privacidade, e cada minuto com o Analítico tem que ser bem aproveitado e útil para que
ele não sinta que está perdendo seu precioso tempo com assuntos fúteis.

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O perfil Analítico é de pouca fala, porém quando fala é assertivo e convincente. Evite a
repetição desnecessária e respeite o sentido de urgência do Analítico.

Como se relacionar com o Perfil Experimental

Ao se comunicar com o perfil Experimental é importante conhecer suas principais


características e dar ênfase a elas, por isso, dê espaço para ele(a) imaginar, visualizar o
que você está dizendo a ele. Deixe-o(a) tomar posse da ideia. Enquanto você fala com
ele(a) tenha a certeza de que a mente do Experimental estará a mil por hora fazendo
correlações entre o que ele está ouvindo e as ideias que isso está gerando nele(a).
Coloque ênfase verbal em suas afirmações. Esteja aberto a outras opções, mesmo que a
princípio elas pareçam impossíveis. Evite palavras do tipo: a organização, os detalhes, a
rotina, as regras, vamos conservar, a sequência, o método. Utilize as palavras mais
familiares a ele(a), tais como: imagine, crie, suponha, saia da rotina, as hipóteses, as
ideias, vamos inovar, o desafio, empreender.

Antes de conversar com o Experimental lembre-se que ele(a) não gosta de detalhes, por
isso, pouco ajudará levar informações em excesso e em detalhes. O que o Experimental
gosta é de ser desafiado, de ousadia, use isso na sua comunicação com ele, leve ou
discuta sobre alguma novidade e dê espaço para ele(a) expor seus pensamentos e
visualizar o futuro.

Como se relacionar com o Perfil Controlador

Ao se comunicar com o perfil Controlador é importante conhecer suas principais


características e dar ênfase a elas, por isso, prepare bem seus argumentos quando for
conversar com um Controlador. É fundamental que sua apresentação contenha um
começo, um meio e um fim dentro de uma sequência lógica e comprovada. O que o
controlador precisa é sentir-se seguro em relação à pessoa que está conversando com
ele. Ao utilizar gráficos com, saiba a fonte e como chegaram a essa conclusão, forneça o
maior número de informações e dados que provem o que está dizendo. Evite usar
palavras que não transmitam segurança tais como: suponha, adivinhe, deixa comigo,
confie em mim, talvez, vamos arriscar e ver no que dá. Use palavras que tragam

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confiança, tais como: a organização, a sequência, a disciplina, a segurança, a
metodologia usada, nosso plano de ação, a fonte dessa informação é, datas e prazos.

Procure manter o que foi combinado, evite mudanças drásticas, a não ser que sejam
realmente necessárias, a fim de evitar traumas na relação com o Controlador. Respeite o
modo estruturado de levar a vida do Controlador.

Como se relacionar com o Perfil Relacional

Ao se comunicar com o perfil Relacional é importante conhecer suas principais


características e dar ênfase a elas, por isso, procure ser espontâneo diante dele(a), fale
abertamente sobre suas emoções, seus desejos. Deixe-o falar sobre como se sente diante
do trabalho e da vida, ouça para compreender e não para responder. Se for adequado
pode tocá-lo(a) durante a conversa. Procure relacionar sua informação ao impacto que
terá na vida das pessoas ao redor. Com cuidado procure manter o foco da conversa e
evite o envolvimento pessoal excessivo. Evite palavras como: os fatos, as coisas, o
material, provas, exatidão, a lógica, friamente. Use as expressões familiares a ele(a):
sinta, confie, acredite, as emoções, as pessoas envolvidas, prazer.

Lembre-se que o Relacional julga as atividades com o critério de como essa atividade
servirá aos outros. Adoram sentir que estão fazendo algo útil a outras pessoas, que
servem de apoio ao próximo. Provavelmente o Relacional terá algum tipo de conselho
para você, incentive-o a falar e dê reconhecimento a ele.

Perfis Duplos e o Multidominante


O resultado de seu exercício de autoconhecimento pode ter indicado empate numérico
em dois perfis como preferenciais. Caso isso tenha ocorrido, você se encaixa no perfil de
Dominância Dupla ou bi dominante e para entendê-la é só fundir as características dos
dois perfis, por exemplo:

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Analítico e Controlador

Essa combinação demonstra uma preferência pelo hemisfério cerebral esquerdo, o da


razão. Suas características estão relacionadas à prática e realismo, lógica, análise,
estruturação e organização.

Experimental e Relacional

Essa combinação é o oposto da anterior, porque está associada ao hemisfério cerebral


direito, o da emoção. Suas características apontam para um estilo mais flexível, sensível,
interpessoal, expressivo, intuitivo e com a mente mais aberta.

Analítico e Experimental

As características dos indivíduos que possuem esse perfil demonstram uma pessoa com
visão de longo prazo, por vezes silenciosa, direta e objetiva, com pensamento técnico,
que buscam o rompimento de regras e valorizam a criatividade, o que podem torná-las,
às vezes, difíceis de serem compreendidas.

Controlador e Relacional

Senso de organização, preocupados com a produtividade e com as pessoas envolvidas,


são algumas das características desse perfil. Conseguem trabalhar a motivação e
respeitar prazos e metas. Apreciam fazer, colocar a “mão na massa”.

O Multidominante

Há ainda um perfil que combina em igualdade os quatro, na atividade realizada. É a


pessoa que somou o mesmo número de pontos em cada, sendo considerada
Multidominante. Esse estilo tem uma facilidade natural em acessar todos os perfis
separadamente e lidar com as situações de forma mais conveniente. Esse estilo é o mais
raro, e a estatística indica que apenas 2,5% da população possui esse perfil.

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O Equilíbrio do Z
Tão importante quanto saber qual é a sua preferência e entender qual é o seu potencial,
é perceber como posso utilizar da melhor forma esse conhecimento, conforme a figura a
seguir.

A força do Z diz respeito à inteligência emocional. Independente de nossa preferência, o


importante é saber em qual parte do Z eu tenho mais facilidade e qual é a mais
desafiadora. Vamos entender o porquê do Z.

Figura 1 – A força do “Z”

Fonte: o próprio autor

A sequência do Z indica um início pelo perfil Analítico, segue para o Experimental, cruza
para o perfil Controlador e finaliza com o Relacional. Esse caminho favorece o equilíbrio
emocional nos relacionamentos, na tomada de decisão e no trabalho em equipe.

Diante de uma determinada situação, é interessante iniciar pelo perfil Analítico, ou seja,
deve-se analisar a situação, levantar dados, fatos, coletar informações, fazer um
mapeamento real, concreto e lógico da situação.

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Após esse levantamento, é hora de estimular o Experimental para visualizar as
possibilidades, é o momento de criar alternativas para lidar com a situação. Ideias,
inovação, ousadia, intuição, visão global e flexibilidade predominam nesse momento.

Passada a fase da análise e das opções, é o momento de organizar as ideias, e é aí que


entra em ação o perfil Controlador. Estruturar a melhor solução, fazer um plano de ação
com base em informações detalhadas e precisas, estabelecer datas, prazos e
responsabilidades para cada um dos envolvidos, desenvolver um passo a passo para a
sequência de ações que serão realizadas a seguir.

E por fim entra em ação o Relacional. Após efetuar uma análise da situação (Analítico),
criar alternativas (Experimental), escolher, organizar e estruturar a melhor opção
(Controlador), é chegada a hora da implementação, de entrar em ação e administrar as
pessoas responsáveis, é o momento de comunicar, falar e ouvir, ficar atento às reações,
harmonizar e trabalhar em equipe para que o resultado seja alcançado.

É interessante notar que ao percorrer o Z, se alterna e estimula os dois hemisférios


cerebrais, o hemisfério esquerdo da razão e o hemisfério direito da emoção, em
proporções semelhantes. Inicia-se com a razão do perfil Analítico, passa para a emoção
com o Experimental, volta para a razão com o perfil Controlador e por fim, a emoção
com o Relacional. Essa alternância possibilita um equilíbrio maior entre os dois
hemisférios cerebrais e diminui a tendência natural de apenas agir de acordo com a
preferência pessoal, o que limita o potencial individual.

O “X” da Questão
Os opostos realmente se atraem ou se repelem?

A forma como lidamos com as nossas diferenças é o que determina qual será nossa
resposta. Nos estudos da Dominância Cerebral percebe-se claramente quem são esses
opostos e se por um lado o Z busca o equilíbrio entre os hemisférios cerebrais, o X
provavelmente nos indica onde está o nosso maior desafio para que possamos vivenciar
o Z. Vejamos como progridem essas interações:

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Enquanto o perfil Analítico é mais silencioso, racional, lógico e impessoal, aprecia
refletir a longo prazo, o Relacional é mais emocional, sensível e adora estar com gente,
pensa no curto prazo. Por aí já percebemos que são opostos.

Vamos imaginar que se ambos mantiverem seu próprio estilo durante suas interações
diárias, sem levar em conta as diferenças que existem entre eles, o que aconteceria?

Provavelmente o Analítico apontaria para o Relacional e diria que ele é um “coração


mole”, fala demais, é chorão e tolo, fácil de convencer. O Relacional ao ouvir isso, com
certeza teria vários argumentos para se justificar e rebateria dizendo que o Analítico é
um viciado em números, frio, calculista, só pensa em poder e é insensível aos outros.

Vamos congelar a cena e verificar outros dois opostos, como se sairiam na mesma
situação.

Se por um lado o Experimental aprecia correr riscos, fugir da rotina e usar de sua
intuição, o Controlador prefere ser mais metódico, organizar sua rotina e ser mais
racional. O que aconteceria com eles na mesma situação relatada?

O Experimental possivelmente enxergaria o Controlador como alguém “bitolado”, sem


imaginação, “certinho” e chato. Por sua vez o Controlador não deixaria por menos e
observaria que para ele o Experimental não passa de um sonhador, maluco, irrealista,
indisciplinado e que vive no mundo da lua.

Descongelando a cena.

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Sem dúvida, o que acabamos de perceber nessas situações foi uma provocação entre um
e outro, o que resultou na criação de rótulos e estereótipos, dificultando a interação
entre eles.

Voltando à pergunta anterior: Os opostos realmente se atraem ou se repelem?

A questão não é se os opostos se atraem ou se repelem, e sim como fazer para que eles
se complementem. A ausência de flexibilidade comportamental entre eles e a
incapacidade de se colocar no lugar do outro por alguns instantes dificulta essas
interações.

Antes de tudo, fuja dos estereótipos e dos rótulos, lembre-se, todos nós utilizamos os
quatro perfis e todos têm a sua devida importância. É preciso respeitar e valorizar as
diferenças. Para isso, é fundamental que a flexibilidade comportamental diante dos
outros perfis, principalmente diante de seu oposto, seja exercitada, e isso depende mais
de nós do que dos outros.

Quando estiver diante de alguém que possui um perfil diferente do seu, pare e pense em
como você pode se relacionar melhor com essa pessoa, como abrir um canal de
comunicação positiva entre vocês, qual é a melhor forma de falar, de ouvir, de agir, de
mostrar algum material, de auxiliá-la na tomada de alguma decisão, como pode ser um
facilitador nesse processo.

Plano de Desenvolvimento Pessoal


Reflita por alguns instantes, pense em tudo que você acabou de ler até aqui. Agora dê
um passo importante e elabore um plano de ação pessoal, acerca das informações
obtidas, para que elas se tornem conhecimento adquirido por você.

Reflita no seu perfil preferido e no oposto ao seu, bem como quais ações você pode
tomar para facilitar a sua flexibilidade comportamental diante dele. Cada pessoa tem
alguma facilidade para a execução de determinadas tarefas. Nem todos são hábeis e
gostam de fazer tudo. Reconheça que nenhuma pessoa é perfeita, reconheça que os

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outros têm o direito de ser diferentes. As preferências de cada um ocorrem
naturalmente.

O desenvolvimento contínuo do autoconhecimento é fundamental para que se possa ter


uma percepção maior das preferências de cada indivíduo que convive com você. É
importante prestar atenção nos hábitos das outras pessoas para que possa identificar e
aperfeiçoar cada vez mais seus relacionamentos.

Ao identificar a preferência dos outros, você poderá ajudá-los e apoiá-los em suas


tomadas de decisão, na aprendizagem, no trabalho em equipe, respeitar alguns limites e
desafiá-los a superar outros.

Lembre-se: ninguém gosta de ser encaixotado, evite rótulos e estereótipos. Quando


Michelangelo estava preparado para esculpir a estátua de Davi, passou muito tempo
escolhendo o mármore, porque sabia que a qualidade do produto bruto determinaria a
beleza da arte final. Sabia muito bem que poderia mudar a forma da pedra, mas era
completamente impotente para transformar seu ingrediente básico. Todas as obras que
ele fez foram únicas em sua singularidade, porque, mesmo que quisesse, não poderia ter
encontrado dois blocos de mármore idênticos. Embora fossem tirados da mesma
pedreira, não teriam sido exatamente iguais. Semelhantes sim, mas iguais nunca.

Cuidado!

O maior perigo que um líder pode correr com o uso dos estilos são os estereótipos!
Cuidado para não criar rótulos entre as pessoas e assim afastá-las de suas competências.
Como observamos, a força do Z aproxima os diferentes, no sentido de complemento. Os

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estereótipos afastam e criam barreiras invisíveis entre os diferentes perfis, estimulando
a competição e a desqualificação dentro da equipe. Vejamos os principais estereótipos a
serem evitados:

Analítico Controlador Relacional Experimental


Frio Bitolado “Fala pelos cotovelos” “Vive no mundo da
Calculista “Quadradinho” Supersensível lua”
Sem coração Chato Sem “desconfiômetro” Irresponsável
“Desumano” “Mínimos detalhes” “Pegajoso” “Viaja na maionese”

Podemos afirmar que a utilização constante de rótulos e estereótipos por parte dos
líderes, tem estreita ligação com sua autoestima e do autoconceito que possuem de si
próprio, podendo desencadear manifestações e comportamentos defensivos.

A importância de se conhecer o estilo preferido auxilia na interação com outras pessoas,


principalmente aquelas com as quais convivemos diariamente no ambiente de trabalho.

Diante do exposto acerca da preferência comunicacional, retratada pelos quatro perfis,


suas características e formas de se relacionar, agora estamos preparados para
aprofundar e aperfeiçoar nossa competência de comunicação por meio do
gerenciamento das emoções frente aos outros.

Resumo

Exercitamos neste capítulo o autoconhecimento, por meio dos estudos da Dominância


Cerebral e dos quatro perfis (Analítico, Experimental, Controlador, Relacional) e como
aprendizado pudemos:

1. Identificar nosso estilo preferido e conhecer as características dos outros perfis;

2. Como melhorar o relacionamento com os estilos;

3. Entender a força do Z, através do uso consciente dos estilos, gerando


comportamentos de equilíbrio e harmonia nos relacionamentos diários;

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4. Perceber o X da questão e testar nossa flexibilidade de comportamento e por fim,

5. Desenvolver um plano de ação para nosso desenvolvimento pessoal e profissional.


Compreender o conceito de consciência emocional, sua importância no processo de
gerenciamento das emoções e influências no relacionamento interpessoal bem como no
cotidiano organizacional, culminando em conhecimento das competências mais
importantes na interface com outros para a manutenção de relacionamentos
equilibrados e sadios no ambiente de trabalho e nas relações profissionais.

6. Cuidado com os rótulos!

Deseja Saber Mais Sobre o Tema?


www.hbdi.com (Herrmann International)
http://youtu.be/4ZxkkSQN2xA (Thinking Styles)
http://www.youtube.com/watch?v=dIhEMJppUYQ&feature=share&list=PLF00F049688FB7835

Bibliografia
HERRMANN, Ned. The whole brain business book. McGraw Hill, 1996, New York, USA.
RUGGIERO, A., FALCÃO G. Percepção e Aprendizagem para Gestão de Pessoas, 2011, São Paulo, SP.

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