Você está na página 1de 7

Análise do livro O longo século XX

A Hegemonia Norte-Americana e a Ascensão do Sistema da Livre-Iniciativa


“No final do século XIX, o Reino Unido começou a perder controle global, cedendo espaço
para Alemanha e Estados Unidos. A Primeira Guerra Mundial e movimentos sociais contra o
imperialismo de livre-comércio reconfiguraram o cenário mundial. Após a Segunda Guerra Mundial,
EUA e União Soviética dominaram o sistema, adaptando-o para acomodar demandas não-
ocidentais.”
“O autor também analisa o desenvolvimento dos Estados Unidos, relacionando-o à sua
economia doméstica robusta, com foco no mercado interno e políticas que beneficiaram as
empresas norte-americanas. A hegemonia norte-americana, diferentemente do período inglês, foi
marcada por um forte controle governamental, influenciando diretamente o comércio mundial e
estabelecendo um arranjo improvisado de comércio global.”
“No livro "O Longo Século XX: Dinheiro, Poder e as Origens do Nosso Tempo" de Giovanni
Arrighi, o sistema norte-americano ocupa um lugar central na narrativa histórica. A obra examina a
ascensão dos Estados Unidos como uma potência hegemônica no século XX, marcando uma
transição significativa no sistema mundial.
Arrighi analisa como os Estados Unidos emergiram como uma superpotência após a
Segunda Guerra Mundial, beneficiando-se da destruição generalizada na Europa e na Ásia. O autor
destaca a habilidade dos EUA em remodelar o sistema interestatal de acordo com suas próprias
necessidades econômicas e políticas. A hegemonia norte-americana foi consolidada por meio de
instituições internacionais como o Plano Marshall e a criação das Nações Unidas, que foram
moldadas para favorecer os interesses dos Estados Unidos.
A obra também examina a dinâmica interna dos EUA, destacando como o país conseguiu
sustentar seu poder global. Arrighi explora o papel do capitalismo norte-americano e seu domínio
sobre os mercados internacionais. Ele analisa como as políticas econômicas, como o liberalismo
comercial, permitiram que os EUA expandissem sua influência global, promovendo uma agenda de
livre comércio que beneficiava suas próprias indústrias e empresas multinacionais.
Além disso, Arrighi discute a mudança de paradigma nos anos mais recentes, à medida que
outros países, especialmente na Ásia, começaram a desafiar a hegemonia norte-americana. Ele
aborda como o surgimento de novos centros de poder, particularmente na China, está
reconfigurando as dinâmicas do sistema mundial e questionando a supremacia dos Estados
Unidos.
Dessa forma, a obra de Arrighi oferece uma análise profunda e crítica do sistema norte-
americano, contextualizando seu ascenso, sua manutenção e os desafios que enfrenta no cenário
global em constante mudança.”
“A ascensão dos Estados Unidos como potência hegemônica, principalmente após a
Segunda Guerra Mundial, deve-se à sua habilidade em resolver conflitos globais. No entanto, o
autor argumenta que a "crise terminal" dos Estados Unidos está em curso, com o início do século
XXI marcando um novo ciclo de acumulação capitalista liderado por países asiáticos, anunciando
mudanças significativas no equilíbrio de poder global.”
HEGEMONIA BRITÂNICA
Ascensão e Queda do Reino Unido:
• Até o final do século XIX, o Reino Unido foi uma potência global, mas começou a perder seu
domínio após 1870, especialmente devido à ascensão da Alemanha como competidor.
EUA: O "Buraco Negro" que Atraía Recursos:
• Os Estados Unidos surgiram como um ímã para mão de obra, capital e inovação europeia,
tornando-se um centro econômico vital durante o século XIX.
Desafios na Identificação dos Modelos Políticos:
• A distinção entre capitalismo e territorialismo não era clara, tornando difícil definir quais
governantes adotavam qual abordagem.
Sistema de Vestfália flexibilizado:
• Os únicos Estados que importavam eram os Europeus, juntamente com as colônias recém-
independentes, mas ignoravam o resto das nações não ocidentais e não proprietários
ocidentais.
Importância do Mercado Interno:
• No século XIX, o controle do comércio global era vital, mas a vantagem mudou para o
tamanho e potencial de crescimento dos mercados internos.
Livre Comércio Unilateral Britânico:
• Definição: Refere-se à política comercial adotada pelo Reino Unido durante o século XIX, na
qual o país permitia a importação e exportação de bens sem impor tarifas ou restrições.
• - Características: Eliminação unilateral de tarifas e barreiras comerciais por parte de um país,
promovendo o comércio internacional sem exigir concessões equivalentes de outros países.
• - Unilateralidade: O país adotante não espera ações recíprocas de outras nações, permitindo
o livre fluxo de mercadorias independentemente das políticas comerciais dos parceiros
comerciais.
• - Exemplo: O Reino Unido, durante o século XIX, praticou o livre comércio unilateral,
eliminando tarifas e promovendo o comércio internacional sem restrições unilaterais.
Desafios ao Imperialismo de Livre-Comércio:
• Povos não ocidentais e massas não proletárias eram considerados no imperialismo do livre
comércio, mas sua resistência tornou-se mais eficaz no final do século XIX, com a
intensificação da competição estatal e a difusão da gestão econômica nacional.

ASCENSÃO ALEMÃ
Expansão Territorial e Influências Externas:
• Tanto o Reino Unido quanto os Estados Unidos foram influências na expansão territorial da
Alemanha, que tentou replicar modelos bem-sucedidos, mas enfrentou desafios
significativos.
Alemanha e Desafios Geopolíticos:
• A Alemanha enfrentou desafios devido à sua posição geográfica que a tornava dependente
dos fluxos financeiros globais, apesar de seu desenvolvimento industrial e militar
impressionante.
Lebensraum e Desafios Alemães:
• A obsessão alemã com o "Espaço Vital" refletiu as dificuldades em transformar poder militar-
industrial em domínio proporcional sobre os recursos econômicos mundiais.
Expansão Global e Desvantagens Alemãs:
• A tentativa de expansão global pela Alemanha enfraqueceu a Grã-Bretanha, mas prejudicou
a própria Alemanha, beneficiando os Estados Unidos, que herdaram o isolamento britânico
em pontos cruciais do comércio mundial.
• Tentativa de expansão que resultou nas guerras.
PÓS-REVOLUÇÃO RUSSA
Revolução Russa e Mudanças no Sistema Internacional:
• A Revolução Russa de 1917 foi um marco na onda global de rebeliões, destacando-se pelo
apoio à autodeterminação dos povos e ao internacionalismo proletário, que desafiou o
sistema interestatal. Essas ideias dificultaram a operação do sistema
internacional, aumentando o desejo de vingança da Alemanha, que buscava supremacia
mundial após sua derrota.
• O sistema interestatal foi dividido em duas facções opostas: uma conservadora liderada pelo
Reino Unido e França, focada na preservação do imperialismo de livre comércio; e outra
reacionária liderada pela Alemanha nazista, que buscava aniquilar o poder soviético para
realizar suas ambições expansionistas. Conflito entre os Reacionários x Conservadores.

PLANOS DE WILSON E LENIN
• Tanto Wilson quanto Lênin propuseram programas globais não focados apenas na Europa,
mas abrangendo todo o mundo.
• Rejeitaram o sistema europeu anterior e apelaram para povos em todo o mundo.
• Ambos os líderes defendiam o direito a autodeterminação dos povos
Importância da revolução:
• A Revolução Russa de 1917 desafiou o sistema interestatal, levando a divisões entre facções
conservadoras e reacionárias. A Segunda Guerra Mundial impulsionou movimentos
nacionalistas de libertação em nações não ocidentais. Estados Unidos se tornando a
hegemonia

HEGEMONIA NORTE AMERICANA


Territorialismo Interno:
• 1. Expansão para o Oeste:
• - Os Estados Unidos expandiram seu território em direção ao oeste, anexando vastas
áreas de terra que eram habitadas por povos indígenas.
• 2. Compra da Louisiana (1803):
• - A compra da Louisiana dos franceses em 1803 dobrou o tamanho dos Estados Unidos,
permitindo uma expansão significativa para o oeste.
• 3. Anexação do Texas (1845):
• - O Texas foi anexado pelos Estados Unidos em 1845, levando a disputas territoriais e,
eventualmente, à Guerra Mexicano-Americana.
• 4. Guerra Mexicano-Americana (1846-1848):
• - A guerra com o México resultou na cedência de vastos territórios aos Estados Unidos,
incluindo Califórnia, Texas, Novo México e Arizona.
• 5. Corrida do Ouro na Califórnia (1848):
• - A descoberta de ouro na Califórnia em 1848 atraiu milhares de pessoas, acelerando a
colonização do oeste.
• 6. Compra do Alasca (1867):
• - Os Estados Unidos compraram o Alasca da Rússia em 1867, expandindo ainda mais
suas fronteiras para o oeste.
• 7. Impacto nas Populações Indígenas:
• - A expansão interna teve um impacto significativo nas populações indígenas, levando ao
deslocamento forçado, conflitos e perda de terras tradicionais.
Divino Manifesto:
• Esse expansionismo territorial também foi associado à ideia do "Destino Manifesto", uma
crença de que os Estados Unidos tinham uma missão divina para expandir-se por todo o
continente norte-americano. Esta crença foi usada para justificar a expansão territorial,
frequentemente ignorando os direitos e as culturas das populações nativas e, em alguns
casos, levando a conflitos violentos
• Evolução Geopolítica dos Estados Unidos:
• Durante a Segunda Guerra Mundial, o Oceano Atlântico protegeu os Estados Unidos,
isolando-os do conflito global. Com avanços econômicos e tecnológicos, a distância deixou
de ser uma desvantagem comercial, transformando os EUA em uma área com acesso aos
maiores oceanos do mundo.
EUA: Fechamento Seletivo do Mercado Interno:
• Os Estados Unidos mantiveram seu mercado interno fechado para produtos estrangeiros,
mas aberto para capital e mão de obra estrangeiros, tornando-se um centro econômico
global.
Proletarização do Nacionalismo e Ideologia Hegemônica:
• A ideologia norte-americana elevou o bem-estar dos cidadãos acima dos direitos de
propriedade, promovendo a "proletarização do nacionalismo". Isso transformou o
nacionalismo em uma ideologia mais voltada para questões sociais e econômicas,
enfocando na melhoria das condições de vida e igualdade social.
Transição de hegemonias:
• No século XX, o papel hegemônico mudou de mãos, do Reino Unido para os Estados
Unidos, devido às vantagens de custo relacionadas ao isolamento geográfico das principais
áreas de conflito e proximidade das rotas comerciais globais.
Diferenças nas Hegemonias:
• No século XVIII, a hegemonia britânica resultou de uma busca por riqueza, enquanto no
século XX, os Estados Unidos alcançaram hegemonia devido ao caos sistêmico inicial e à
industrialização da guerra.

PÓS SEGUNDA GUERRA MUNDIAL


Era da Guerra Fria:
• Os Estados Unidos e a União Soviética tornaram-se as superpotências globais,
reformulando o sistema interestatal para atender às demandas dos povos não ocidentais e
não proprietários, enquanto enfrentavam conflitos internos entre facções conservadoras e
reacionárias.
Princípio da Autodeterminação e Descolonização:
• Após a Segunda Guerra Mundial, o princípio da autodeterminação foi estendido a todos os
povos, promovendo independência, liberdade e autogestão das nações. Isso foi fundamental
para a descolonização e a formação da ONU, refletindo a hegemonia dos Estados Unidos.
Congresso de Viena e Liberdade nas Relações Internacionais:
• O Congresso de Viena permitiu maior liberdade nas relações internas e internacionais dos
Estados, superando as limitações do tratado. Sob a hegemonia britânica, organizações
independentes do poder estatal surgiram, mas permaneciam abaixo dos Estados.
Hegemonia Norte-Americana e Visão da ONU:
• Sob a liderança dos Estados Unidos, a ONU buscava paz global, progresso para nações
pobres e eventual igualdade com nações ricas. Esta visão teve implicações políticas
significativas, institucionalizando um governo mundial político.

ROOSEVELT
Unimundismo:
• Unimundismo referia-se à visão de incluir a União Soviética e outras nações mais pobres na
progressiva Pax Americana para o bem e segurança de todos. Inicialmente, Roosevelt
buscava estender o New Deal norte-americano globalmente através da institucionalização
de um governo mundial.
New Deal:
• “O New Deal foi um conjunto de políticas implementadas por Franklin D. Roosevelt durante
a Grande Depressão nos anos 1930. Visando a recuperação econômica, incluiu reformas
financeiras, programas de emprego e assistência social para combater a pobreza e
estabilizar o sistema financeiro dos EUA. Estas medidas transformaram o papel do governo
na economia e estabeleceram bases para o sistema de seguridade social no país.”

TRUMAN:
Transformações na Política dos EUA:
Truman, sucessor de Roosevelt, alterou o plano político anteriormente estabelecido. O
"unimundismo" de Roosevelt, incluindo a União Soviética na Pax Americana, transformou-
se em "livre mundismo", focado na contenção do poder soviético e no uso do poderio militar
dos EUA como principal instrumento de hegemonia. No entanto, essa ideia evoluiu para o
"livre mundismo", que focava na contenção do poder soviético e no uso do poderio militar
dos Estados Unidos como principal instrumento de hegemonia. Esse conceito representou
uma mudança significativa na abordagem de Roosevelt durante seu governo.

PROCESSOS NORTE-AMERICANOS PARA SE MANTER NO PODER


Organizações de Bretton Woods e Intervenção Estatal:
• - Contexto: Após a Segunda Guerra Mundial, o Fundo Monetário Internacional e o Banco
Mundial foram criados como parte do sistema de Bretton Woods.
• - Papel Suplementar: Inicialmente, essas instituições serviram como suplementos à
hegemonia dos Estados Unidos, mas foram deixadas de lado nas décadas de 1950-1960.
• - Retorno Significativo: Voltaram a ter relevância durante a crise hegemônica norte-
americana nas décadas de 1970 e 1980.
Órgãos da ONU como Instrumentos de Legitimação:
• - Papel do Conselho de Segurança e Assembleia Geral: Esses órgãos foram utilizados pelo
governo dos EUA para legitimar suas ações, especialmente na intervenção durante a Guerra
Civil da Coreia em 195
• - Perda e Reconquista de Centralidade: Inicialmente perderam importância na
regulamentação de conflitos internacionais, mas recuperaram relevância no final da década
de 1980 e início da década de 1990.
Competição Ideológica e Intervenções nos Direitos dos Países Asiáticos:
• - Ideologias Conflitantes: A competição ideológica EUA-URSS intensificou-se, levando os
EUA a interferirem nos direitos de autodeterminação na Coreia e Vietnã.
• - Intervenções nos Conflitos Internos: Os EUA intervieram nos conflitos internos da Coreia e
Vietnã, influenciando diretamente os destinos dessas nações.
Padrão de "Regressão" na Hegemonia dos EUA:
• - Semelhança com a Hegemonia Britânica: A expansão norte-americana seguiu um padrão
de "regressão", semelhante ao observado na hegemonia britânica.
• Exemplo com a Hegemonia Holandesa: Assim como os holandeses, os EUA adotaram
estratégias e estruturas semelhantes às da hegemonia holandesa em vez da britânica,
marcando uma "regressão" na abordagem hegemônica. O "antiimperialismo", nem a
Holanda e nem os EUA se basearam no tipo de império mundial. Ambos apoiavam a
autodeterminação dos povos, no caso dos holandeses era europeia, no caso dos
americanos era universal.
Anti livre cambista e mudança nos princípios do liberalismo
• O governo norte-americano sequer chegou a cogitar a possibilidade de adotar o sistema de
livre comercio unilateral adotado pela Grã-Bretanha de 1840 até 1931.
Comparação com o Livre Comércio Britânico:
• - Mudança nos Princípios do Liberalismo: Durante a hegemonia norte-americana, houve uma
mudança significativa nos princípios do liberalismo do século XIX.
• - Intervenção Estatal e Negociações Intergovernamentais: Os EUA optaram por negociações
intergovernamentais em vez do livre comércio unilateral britânico, buscando abrir mercados
estrangeiros por meio de acordos bilaterais e multilaterais. Enquanto os britânicos
praticavam o livre comércio unilateral, os EUA adotaram uma abordagem mais negociada,
promovendo negociações diretamente entre governantes para alcançar seus objetivos
comerciais.
• Acordos Bilaterais e Multilaterais: Em vez de seguir o modelo britânico de livre comércio
unilateral, os Estados Unidos buscaram abrir mercados estrangeiros por meio de acordos
bilaterais e multilaterais, promovendo negociações intergovernamentais.
• Negociações Intergovernamentais:
- Definição: Refere-se a acordos comerciais nos quais os governos de diferentes países
negociam diretamente entre si para estabelecer termos e condições comerciais.
- Exemplo: Acordos comerciais modernos como o NAFTA (Acordo de Livre Comércio da
América do Norte) envolvem negociações intergovernamentais entre os EUA, Canadá e
México.
Comunidade do atlantico:
• Durante a Guerra Fria, o livre comércio não uniu, mas dividiu os EUA e a Europa Ocidental.
• A formação da Comunidade do Atlântico ocorreu quando os EUA, temendo o comunismo,
sacrificaram políticas liberais pela "segurança mútua" e recuperação rápida da Europa,
tornando a política mais influente do que a economia nas decisões internacionais e
comerciais.
Regulação da moeda mundial:
• Hegemonia dos Estados Unidos no Século XX: Divergência do modelo britânico do século
XIX. Regulação da moeda mundial pelo Sistema da Reserva Federal dos EUA e colaboração
com bancos centrais estrangeiros.
• Impacto na Economia Global: Maior liberdade de ação para os EUA em
comparação com o padrão ouro britânico do século XIX. Promoção e sustentação de uma
expansão global do comércio, algo sem precedentes na história capitalista.
• 1. Controle na Liberalização Comercial: - O Acordo Geral sobre Tarifas e
Comércio (GATT) sob a hegemonia dos EUA permitiu controle sobre a direção e ritmo da
liberalização comercial, especialmente pelos EUA. - Diferentemente da Grã-Bretanha, os
EUA mantiveram a capacidade de usar o livre comércio unilateral como uma ferramenta de
influência, criando um regime comercial menos "generoso" que o britânico.
• 2. Dinâmicas da Guerra Fria e Liberalização: - Durante as décadas de 1950
e 1960, os EUA, priorizando objetivos da Guerra Fria, lideraram sucessivas rodadas de
liberalização comercial multilateral, resultando em um comércio mais amplo do que o período
britânico. - Apesar disso, o sistema resultante não se configurou como um livre comércio,
mas sim como um arranjo improvisado e desigual, envolvendo relações diplomáticas ad hoc
e acordos bilaterais entre grandes potências e países menores.
Internalização do Comércio Mundial:
• Sob a hegemonia norte-americana, houve uma tendência significativa de
"internalização" do comércio mundial por empresas transnacionais de grande porte e
hierarquia vertical. Estimativas indicam que as transações intrafirmas representavam cerca
de 20-30% do comércio mundial na década de 1960, aumentando para 40-50% no final dos
anos 1980 e início dos anos 1990.
• Domínio das Empresas Transnacionais: Grandes corporações globais
administravam uma parcela considerável do comércio mundial, com mais da metade das
exportações e importações dos Estados Unidos em 1990 sendo transferências internas
dentro dessas corporações. Este fenômeno representou uma mudança fundamental na
dinâmica do comércio internacional, caracterizada por uma crescente influência das
empresas transnacionais na economia global.
• 1. Investimento Direto e Controle Administrativo: - Sob a hegemonia norte-
americana, o investimento direto das empresas multinacionais dos EUA priorizou a
transferência do controle administrativo em economias estrangeiras para cidadãos norte-
americanos. - Esse tipo de investimento se assemelha mais às empresas comerciais da era
mercantilista do que aos livre-cambistas e capitalistas financeiros britânicos do século XIX,
indicando uma mudança nas estratégias hegemônicas.
• 2. Comparação com a Hegemonia Holandesa: - A expansão transnacional do
capital das corporações norte-americanas no século XX reflete uma "regressão" da
hegemonia dos EUA às estratégias e estruturas características da hegemonia holandesa do
século XVII. - Assim como as empresas comerciais holandesas transformaram a supremacia
regional no comércio do Báltico em uma supremacia comercial mundial no século XVII, as
empresas multinacionais dos EUA buscaram estender seu controle global por meio do
investimento direto e do controle administrativo.
• 1. Companhias de Comércio dos Séculos XVII e XVIII: - Organizações
parcialmente governamentais e empresariais. - Especialização territorial, excluindo outras
organizações similares. - Número muito reduzido de empresas devido à exclusividade
territorial.
• 2. Empresas Multinacionais do Século XX:- Organizações estritamente
comerciais, especializadas funcionalmente. - Atuam em múltiplos territórios e jurisdições. -
Cooperam e competem com outras organizações similares, representando uma abordagem
mais funcional e globalizada em comparação com as companhias de comércio dos séculos
XVII e XVIII.
• Devido à sua especialização territorial exclusiva, as companhias de comércio
de várias nações eram extremamente limitadas em número.
• Cerca de uma dúzia de companhias de comércio tiveram papel vital na
consolidação e expansão do sistema europeu de Estados soberanos, apesar de seu número
limitado e do sucesso ainda mais restrito como entidades governamentais ou comerciais.
• Sob a hegemonia dos EUA, o número de empresas multinacionais cresceu
significativamente. Estimativas de 1980 indicavam mais de 10 mil empresas transnacionais
e 90 mil afiliadas estrangeiras, aumentando para 35 mil empresas e 175 mil afiliadas na
década de 1990.
O crescimento explosivo do número das empresas:
• O crescimento das empresas transnacionais minou o exclusivismo territorial
dos Estados como "continentes de poder". Por volta de 1970, as empresas multinacionais
desenvolveram um sistema global de produção e acumulação, independente de autoridades
estatais, desafiando as leis dos Estados e marcando um momento crucial na decadência do
sistema interestatal.
• Sob o impacto da economia global, há uma percepção generalizada de que os
Estados nacionais estão perdendo poder. Forças como tratados multilaterais, blocos
econômicos como a União Europeia e o NAFTA, além do aumento do foco na diversidade e
identidade, estão levando à busca por novas estruturas de autoridade mais adaptáveis às
mudanças atuais e futuras.

Você também pode gostar