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Cristalografia e Mineralogia

Ano letivo 2022 - 2023

Regente: Iuliu BOBOS


Professor Associado c/Agregação
FACULDADE DE CIÊNCIAS
UNIVERSIDADE DO PORTO
email: ibobos@fc.up.pt
Gabinete 260 -
Objetivos

Aquisição de conhecimentos que possibilitem a identificação das


operações de simetria ocorrentes nos minerais;

Aquisição de conhecimentos básicos que possibilitem a aplicação


das leis fundamentais em cristalografia, identificação das operações
de simetria ocorrentes nos minerais;

Aquisição de conhecimentos e metodologias que permitam a


caracterização das propriedades macroscópicas e físico-mecânicas
dos minerais e a identificação, de forma expedita, de minerais.
Conteúdo programático:
Teórico:
I. Introdução. O estado físico da matéria.
II. Simetria. Definição de simetria. Estudo das diferentes operações de simetria.
III. Leis fundamentais da cristalografia. Lei da constância dos ângulos diedros. Lei da
racionalidade dos índices. Expressão aritmética e geométrica da Lei da racionalidade
dos índices.
IV. Sistemas cristalográficos.
V. Cristaloquímica. As regras empíricas de Pauling e de Goldschmidt. Poliedros de
coordenação. Isomorfismo, solução sólida, polimorfismo. Variação na composição
química dos minerais. Dedução da fórmula cristaloquímica a partir da composição
química de um mineral
VI. Radiocristalografia. Principios fundamentais: Lei de Bragg. Difração por um cristal.
Cálculo dos ângulos de Bragg.
VII. Mineralogia descritiva. Classificação mineralógica de Dana e Strunz. Estudo
descritivo das diferentes classes de minerais: Elementos Nativos. Sulfuretos e
Sulfossais. Óxidos e Hidróxidos. Carbonatos e Boratos. Silicatos.
Conteúdo prático: 1. Operações e operadores de simetria. 2. Malhas. Sistemas
cristalográficos. 3. Propriedades macroscópicas e físicas dos minerais. Estudo dos
minerais: 3.1. Classe dos Elementos nativos, 3.2. Classe dos Sulfuretos e sulfossais; 3.3.
Classe dos Óxidos e hidróxidos; 3.4. Classe dos Carbonatos, Boratos e Tungstatos; 3.5.
Classe dos Sulfatos, fosfatos e Arseniatos; 3.6. Classe dos Silicatos.
Bibliografia:

Borges Frederico Sodré; Elementos de cristalografia


Dana James Dwight 1813-1895; Manual de mineralogía
Hurlbut Cornelius S. 1906- 675; Dana.s manual of mineralogy
Klein Cornelis 1937-; Manual of mineralogy.
Dana James Dwight; A^system of mineralogy
Obtenção de frequência
Condições para obtenção de frequência: A quem tenha cumprido o número de aulas
práticas mínimo previsto no regulamento.

Fórmula de cálculo da classificação final


A nota final da disciplina será o somatório das classificações obtidas nos dois
exames finais, um teórico e outro prático contados do seguinte modo:

EXAME TEÓRICO cotado 60%; EXAME PRÁTICO cotado 40%.


Exame prático: identificação e caracterização das propriedades físicas dos
minerais (Peso: 40%).

No caso dos alunos que irão optar por realizar a frequência de Cristalografia,
a cotação final é a seguinte: 40% nota obtida à Cristalografia (prova
escrita); 60% nota obtida ao exame de Mineralogia (prova escrita).

A nota mínima para passar do exame de C-M é de 10 valores


A nota mínima para passar de Frequência Cristalografia é de 8 valores
Breve introdução
Estrutura de um mineral
Simetria e repetição

Estrutura de um mineral definida pela geometria


da célula elementar:

i) a, b e c;

ii) alfa, beta e gama


AULA 2: Cristalografia e Mineralogia

1- SIMETRIA. Definição. Motivo e lei de repetição.

2. OPERAÇÕES DE SIMETRIA. Operações e operadores de


simetria. Representação simbólica dos operadores e operações de
simetria. Operação unidade. Expressão algébrica.

3. CARACTERIZAÇÃO DAS OPERAÇÕES DE SIMETRIA


1. Simetria. Motivo e lei de repetição
A simetria representa a harmonia do desenho global em resultado da distribuição
regular dos elementos geométricos ou figuras (motivo) que os compõem.

O motivo repete-se um determinado número de vezes, de uma maneira regular de


acordo com uma lei constante de repetição, aplicável a todas partes que se definem
no desenho.
Num espaço a duas dimensões são possíveis 17 tipos distintos de configurações
simétricas (Fig. 1).

O conceito de simetria implica sempre uma repetição na qual há a


considerar duas entidades fundamentais:
• - o motivo;
• - o ritmo ou período (o ritmo é constante e resulta da aplicação das operações de
simetria).
Fig. 1 – Configurações simétricas
2. OPERAÇÕES DE SIMETRIA

Translação: descrição formal e algébrica; representação gráfica.


Reflexão: descrição formal das operações implicadas por um espelho; representação gráfica.
Inversão: descrição formal das operações implicadas por um eixo de inversão; representação
gráfica.
Reflexão deslizante: descrição formal e algébrica; relação vector de translação vs. espelho;
representação gráfica.
Rotação própria: descrição formal das operações implicadas por um eixo giro; representação
gráfica. Repetição mútua de eixos giros e de vectores normais aos eixos.
Rotoreflexão: descrição formal e algébrica; representação gráfica.

Rotoinversão: descrição formal e algébrica; representação gráfica.

Rotação helicoidal: descrição formal e algébrica; representação gráfica.


2.1. Definição: operações e operadores de simetria

As operações de simetria definem-se pelos operadores de simetria.

Operações de simetria: reflexão, rotação, reflexão deslizante, inversão, etc.

Os operadores de simetria são entidades geométricas (pontos, rectas, planos,


etc.) relativamente às quais se processam as operações.

Elementos de simetria = operadores de simetria de que resulta a disposição


regular de elementos de um figura: faces, arestas, vértices.
2.2. Classificação: Operações e operadores de simetria

• 1a Ordem
• Operação Operador
• 2a Ordem
• Operação Operador
Translação T Vector T
Inversão J Centro de inversão (i)
Rotação C2p/n Eixo giro n
própria Reflexão M Espelho (m)

Rotação Ck/n C2p/n Eixo Reflexão deslizante TM Plano deslizante
helicoidal helicoidal nk
Rotoreflexão MC Eixo alternante
n
Rotoinversão JC Eixo de inversão n
2.3. Representação simbólica dos operadores e operações de simetria

Operador = em letras majúsculas, tipo romano (A, B,.... ).

Operação = em letras majúsculas, tipo itálico (A, B, ....).


• Uma sequência de operações é representada por produtos: BA Resultado de
duas operações sucessivas sobre o mesmo motivo pode em certos casos ser
equivalente a uma terceira operação sobre esse motivo.

• Matemático, as operações podem ser expressas sob a forma de uma equação:


BA= C.

Propriedade comutativa: BA= AB. Nem sempre o produto de operações de


simetria goza de propriedade comutativa, isto é: BA¹ AB.
2.4. Operação unidade
A repetição de uma mesma operação de simetria (ex: A) corresponde a
produtos AA, AAA, etc utilizando-se exponentes respectivos: A2 , A3
…..

O exponente –1, por exemplo A-1 anula a operação, permanecendo o


motivo na sua posição inicial:

• A-1 A = AA-1 = A0 =1

• Ao (operação unidade) significa que a operação A se realizou zero


vezes = o motivo não foi afectado por qualquer operação de
simetria.
3. CARACTERIZAÇÃO DAS
OPERAÇÕES DE SIMETRIA
3.1. TRANSLAÇÃO
3.2. REFLEXÃO
3.3. INVERSÃO
3.4. REFLEXÃO DESLIZANTE
3.5. ROTAÇÃO PRÓPRIA
3.6. ROTOREFLEXÃO
3.7. ROTOINVERSÃO
3.8. ROTAÇÃO HELICOIDAL
3.1. Translação
TRANSLAÇÃO = É uma operação de repetição que consiste no deslocamento do
motivo paralelamente a si próprio.

O operador de repetição é um vector T:

® § § § § ............... §.................
T = (1 , T , T2 , T3 ....... Tn)
Definição matemática
O operador T é geralmente decomposto segundo os vectores a, b, c de acordo com um
referencial cristalográfico.

• No caso geral: T = ma +nb +pc

Translação de um ponto. a- Definição da posição do ponto 1 (uvw).


b- Posição final do ponto 1, após a translação segundo T.

Analisemos o efeito da actuação da operação de


translação T no ponto 1(uvw) ou T(ua,vb,wc). O ponto
repetido por operadores de simetria (T).
O ponto define com a origem um vector r:
r= ua +vb + wc.
Após a translação ele define com a origem um vector
s = r +T
s = (u+m)a +(v+n)b + (w+p)c.
As coordonades resultante da translação: u+m v+n
w +p
Repetindo N vezes a operação T, aquele ponto assume
a posição: u+Nm; v +Nn; w +Np.
3.2. Reflexão
Reflexão = é uma operação que produz uma imagem espelho através de um plano
de reflexão “m” (operador de simetria).
Definição matemática
Definição: duas figuras dizem-se simétricas por reflexão quando estão entre si como um
objecto para a sua imagem num espelho plano.
O operador de simetria correspondente é o espelho (m).
Definição matemática: M2 = 1 e M-1 = M
Pelo que a um espelho estão associadas apenas duas operações distintas:
m {1, M}
A operação de reflexão (M). O operador de simetria é o plano m (espelho).
As figuras ABC e A’B’C’ dizem-se simétricas por reflexão no espelho m.
3.3. Inversão
Inversão é a operação de simetria que relaciona duas figuras onde a cada ponto de uma corresponde na outra
figura, um ponto oposto, relativamente a um dado ponto do espaço. Este ponto do espaço é o operador de
repetição e designa-se por centro de inversão (i), ou centro de simetria, em particular na aceção de
elemento de simetria de um poliedro.
Quando cada ponto de um lado de um objeto pode ser ligado por uma linha imaginária, passando pelo centro,
a um ponto idêntico, à mesma distância do centro, do outro lado do objeto, diz-se que possui centro de
simetria (inversão).
Definição matemática
Inversão (J) é a operação de simetria enquanto o operador de inversão designa-se por centro de
inversão (i).
Este operador é designado centro de simetria na acepção de elemento de simetria de um poliedru.

A operação de inversão (J). O operador de


Definição matemática
simetria é o ponto i (centro de inversão).
Por definição: J2 = 1 (em vista da definição)

JJ-1= 1 (por definição de operação inversa)

JJ-1= J2 ou JJ-1= JJ Þ J-1= J

As operações de simetria que um centro de inversão


implica:
i {1, J, J2, J3, ........Jn,.....J-1, J-2,........J-n,...........},

reduzem-se a duas: i {1, J}


3.4.- Reflexão deslizante (TM)
Definição: considere-se o produto de uma reflexão num espelho por uma translação. Consoante a
orientação relativa dos operadores componentes três casos há a considerar:
• - o vector é normal ao espelho; As figuras AB e A’’B’’ (relacionadas pela operação M1
• - o vector é paralelo ao espelho; M2) estão relacionadas por uma translação normal aos
• - o vector é oblique ao espelho. espelhos e igual ao dobro da distância que os separa.
BB’’ = 2B’O + 2B’O’=2d
AA’’=2A’P+2A’P’= 2d
i- T ^ M. Analisemos o produto de reflexão em BB’’ = AA’’ = 2d
dois espelhos paralelos, m1 e m2 M 2 M 1 = T ┴ M 1 Þ M 2 M 1 M 1 = T┴ M 1 Þ
M 2 M 1 2 = T┴ M 1 Þ M 2 = T┴ M 1
(viu-se anteriormente que M2 =1)

Caso: representação do produto de uma reflexão por uma


translação normal a um espelho. O produto equivale a
uma reflexão num outro espelho paralelo situado a uma
distância iqual a T/2 (metade a valor absoluto do valor T)
O produto de operações T M é uma operação de simetria distinta
ii-T çç m Þ o vector é paralelo ao das já definidas e que se designa por reflexão deslizante.
espelho O correspondente operador denomina-se plano de deslizamento
ou plano deslizante. Este operador envolve dois operadores: um
espelho (m) e um vector paralelo ao espelho (T). O produto
de operações é comutativo: T çç M = M T çç

iii -T oblíquo ao espelho (m)


O produto das operações relativas a estes operadores, reflexão e
translação oblíqua ao espelho, é equivalente a uma reflexão deslizante.
• T = T// + T┴ T = T// T┴
A operação resultante da combinação dos dois operadores m e T será:
• TM = T// T┴ M
Tendo em atenção que M2 = T┴ M1 Þ T┴ M = M’, sendo M’ uma reflexão
num espelho m’ paralelo a m e afastado de ïTï/2.
3.5. Rotação própria (Aα)
Rotação própria= é uma operação que consiste na repetição do motivo mediante uma
periodicidade angular; sendo uma repetição periódica, em que cada figura deriva da anterior e
gera a seguinte, após um certo número de repetições da operação há, necessariamente,
coincidência com a figura inicial.
O operador de simetria correspondente, recta em torno da qual se pode imaginar a rotação do
motivo, designa-se por eixo de rotação.
Definição matemática
Repetição de um motivo por meio de uma periodicidade angular.
O operador correspondente, recta em torno da qual se pode imaginar a rotação do motivo designa-se por eixo
de rotação própria ou eixo giro.
Cada figura deriva do anterior e gera a seguinte de acordo com um certo número de repetições até coincidir
com a figura inicial, isto é:
• An a = Ana = 1 2p
• na =2p rad Þ
a= rad
n
Se a rotação se efectuar num espaço a duas dimensões o operador de simetria é um ponto, designado por
centro de rotação.
Eixos giro cristalograficamente possíveis:
símbolos e operações de repetição.
Rotação Cα em torno de um eixo giro C coincidente com ZZ’
Seja um eixo giro C de grau “n” e um ponto P (x,y,z) exterior ao eixo. O eixo
ZZ’ coincide com C. Vamos calcular as coordenadas P’(x’,y’,z’) assumidas
por P após uma rotação a =2p/n rad em torno de C.
P’- sentido contrário.
Notação dos eixos giros:
Em cristalografia: En
• Em matemática: A, B, C, etc.
• A operação elementar
correspondente representa-se por
Aα.
• A repetição dessa operação origina:
• A {1, Aα, A2α, ……….An-1α}

C
α P’(x’,y’,z’)
1
P(x,y,z)
Grau do eixo giro
O ângulo µ, designado ângulo elementar giro é uma parte alíquota de 3600 .

O número “n” de vezes que o ângulo giro contém a denomina-se grau do eixo
giro. Consoante o seu grau, os eixos giros designam-se:
• n =1, eixo monário giro
• n = 2, eixo binário giro
• n = 3, eixo ternário giro
• n = 4, eixo quaternário giro
• n= 6, eixo senário giro
• ……………………………………..
Repetição mútua de eixos giros e de vectores normais aos eixos.
Caso a- o eixo incial é quaternário giro.
Caso b- o eixo inicial é ternário giro;
Caso c- caso geral quando o eixo inicial é caracterizado pelo ângulo
elementar de giro a .
Dedução dos eixos giros cristalograficamente possíveis

K Cos a Ângulo elementar de giro a Grau


o
(n = 360 /a )
0 ½ 600 6
1 0 900 4
2 -1/2 1200 3
3 -1 1800 2
>4 < -3/2 < -1 Impossível -
-1 1 3600 1
<-2 > 3/2 >1 Impossível -
3.6. Rotoinversão
Uma operação de rotoinversão corresponde ao produto de uma rotação por uma inversão.
O operador de simetria designa-se por eixo de inversão.
• Definição: uma operação de rotoinversão
corresponde ao produto comutativo de
uma rotação por uma inversão.
Rotoinversão (CaJ)
• O operador de uma rotoinversão designa-
se por eixo de inversão ou eixo giróide. O
seu símbolo é n, sendo n o grau do eixo
giro componente da operação.

• Eixos de inversão cristalograficamente


possíveis: 1,2,3,4,6.
As operações de rotação de ordem 1, 2, 3, 4 e 6 podem ser combinadas com inversão designando-se por
operações de rotoinversão.
A Figura 15 ilustra a combinação de operações de simetria numa rotoinversão de ordem 1. Um eixo de roto-
inversão de ordem 1 é representado por 1 (ler: barra um). A operação 1 é equivalente a um centro de
simetria (i).
As operações de rotoinversão 2, 3, 4 e 6 são ilustradas na Figura 16
3.7. Rotoreflexão
Uma operação de rotoreflexão corresponde ao produto de uma rotação por uma reflexão, sendo os dois
operadores componentes (eixo de rotação e plano espelho) normais entre si . O correspondente
operador de simetria designa-se por eixo alternante (n/m).
Este tipo de combinação de elementos de simetria é representado por n/m (leia-se n sobre m) sendo n o grau
do eixo de rotação.
Definição matemática
Definição: a operação corresponde ao produto de uma rotação por uma reflexão, sendo os dois operadores
componentes (eixo giro e espelho) normais entre si. O correspondente operador designa-se por eixo
alterno e o símbolo deste eixo é ñ, sendo n o grau do eixo giro componente.

A operação de rotoreflexão; verifica-se que o produto de uma rotação por uma reflexão num espelho
normal ao eixo giro é comutativo: M Ca = Ca M. Os únicos eixos alternantes possíveis
cristalograficamente num cristal são: 1,2,3,4,6.

Verifica-se que: 1 { 1, C2p M, C22pM2.............


Cn2pMn ..........}

2 = i Þ um eixo binário é equivalente a um centro


de inversão 2 {1, CpM} CpM = J

3 = 3/m Þ corresponde à associação de um eixo


ternário giro perpendicular a um espelho m,
implicando seis operações distintas:
3 {1, C2p/3M, C22p/3M2, .......... Cn2p/3Mn,..............}

4 Þ é distinto de qualquer outro operador já


considerado
4 { 1, Cp/2M, C2p/2M 2, ......... Cnp/2M n...}

6 =3i, equivale à associação de um eixo ternário giro


com um centro de inversão 6 { 1, Cp/3M, C2p/3M 2,
......... Cnp/3M n...}
Representação das operações correspondentes aos eixos
alternantes cristalograficamente possíveis
3.8- Rotação helicoidal (T Cα)
Definição: o produto de uma rotação em torno de um eixo giro (C, cuja operação elementar é Cα) por uma
translação descrita por um vector T.
Suponhamos que o eixo giro (C) é paralelo ao 30 eixo cristalográfico (ZZ’), isto é paralelo a (001).
Quanto ao vector T consoante a sua orientação relativamente àquele eixo, há três casos a considerar:
• i) o vector T é paralelo ao eixo giro C;
• ii) o vector T é normal ao eixo C;
• iii) o vector T é oblique ao eixo C .

i- T// C. Caso quando o vector é paralelo ao


eixo giro C.
C= (001)
T Cα = Cα T Þ O produto destas operações de rotação e
translação é comutativo e corresponde a um movimento
helicoidal do motivo, donde a designação de rotação
helicoidal.
O operador de simetria correspondente designa-se por eixo
helicoidal.
A operação representa-se simbolicamente por CaT//, em que
T// exprime a componente translativa paralela ao eixo de
rotação.
ii- T ^ C. Caso quando o vector T é normal
ao eixo giro.

Representação do produto Cα (rotação de α em


torno de um eixo giro C) por T^.
A figura evidencia que:

• T ^. Cα # Cα T ^. (o produto não é comutativo).


Sendo C=(001) o vector T será da forma:

T= ma+nb

Os operadores e operações componentes são:


C {1, Ca, C2a ,...............Cn~1 a}

n= (3600/a)
Produto de rotação Ca por uma translação ^ ao eixo giro (T ^). A) Representação da posição
inicial (r) e final (t) do motivo: o ponto B permaneceu fixo.b) Representação dos succesivos
produtos T^ Ca, (T^ Ca)2,............ (T^ Ca)n
Verifica-se que (T^ Ca) = Ba, sendo B um eixo giro paralelo a C e do mesmo grau

Analisemos o produto T^ Ca considerando uma


recta r normal ao eixo C e a (900 - a/2) do vector
T.
Após a operação T^ Ca o ponto B intersecção de t e
r permanece fixo. Nesse caso a operação de
simetria equivale a uma rotação em torno desse
ponto.
No espaço a três dimensões haverá uma recta
paralela a C e contendo B. O produto T^ Ca
não define uma nova operação de simetria;
ela equivale a uma rotação própria em torno de
um eixo paralelo a C e de igual grau: T^ Ca =Ba
iii- o vector T oblíquo ao eixo giro C

• Descompôe-se o vector T em duas


componentes:T^ e T// ao eixo C
• T = T// + T^
• T T = T// T^
• TCa = T^ T// Ca
• T// Ca= Ba (B é // a C e tem igual grau)
• T1Ca = Ba Þ TCa = T// Ba
• O produto de uma rotação por uma
translação é sempre redutível a uma
rotação helicoidal de forma T// Ca desde
que a translação não seja normal a C. Se
for normal equivale a uma rotação própria.
Analisemos as operações de simetria correspondentes a
cada um deles, a fim de descobrir possíveis identidades
com operadores já descritos
1 {1, C2pJ, C
2 2
2pJ
n n , .........C 2pJ ,..............}
• Atendendo a que J2K = 1 e J 2k±1 =J e CK2p
=1 Þ
• 1 {1, J}. Portanto, 1 = i Isto é, um eixo monário
de inversão equivale a um centro de inversão
• 2 {1, CpJ} Uma simples construção geométrica
poderia demonstrar que o produto CpJ equivale a
uma reflexão. CpM=J . Conclui-se que: 2 {1, M}
ou seja um eixo binário de inversão equivale a um
espelho que lhe é normal:
• 2=m
3 {1, C2p/3J, C22p/3J2, .......... Cn2p/3Jn,..............}
• 3 {1, C2p/3, C22p/3} {1, J}
• Conclui-se que um eixo ternário de inversão equivale à
associação de um eixo ternário giro com um centro de
inversão, ou seja equivale a um eixo senário alternante: 3 =
3i = 6
• 4 {1, Cp/2J, C2p/2 , C3p/2J}
• Existe uma correspondência biunívoca entre as duas
operações: um eixo quaternário de inversão é equivalente a
um eixo quaternário alternante: 4 = 4
• 6 {1, Cp/3J, C2p/3 , C3p/3J, C4p/3 , C5p/3J }
• Um eixo senário de inversão é equivalente a um eixo ternário alternante: 6 = 3
= 3/m
Conclusões sobre os eixos de inversão
• i)- a cada eixo de inversão n corresponde um número finito de
operações de simetria distintas; esse número é de n, se n for par, e de
2n, se n for impar;
• ii) cada eixo de inversão equivale a um eixo alternante e vice-versa:
• 1 = 2 (= i); 2 = 1 (=m); 3 = 6 (=3i); 4=4; 6 = 3 (=3/m)
• Eixos de inversão e eixos alternantes dizem-se de rotação
imprópria.
• Eixos giros dizem-se eixos de rotação própria.
Conclusões sobre os eixos alternantes

• i) A cada eixo alternante ñ corresponde um número finito de


operações de simetria distintas; esse número é n;
• ii) numa dada forma cristalográfica estando presentes um eixo
ternário giro e um centro de inversão, aquele eixo é descrito como
senário alternante.

• Por outro lado, os elementos de simetria de formas cristalográficas,


em vez dos símbolos 4 e 6, usam-se os símbolos:

• A4 ou E42 A6 ou E63

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