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UNIFACOL 3.

Acerca da evolução historicista do Direito Comercial/Empresarial, a doutrina


DISCIPLINA: DIREITO EMPRESARIAL I dominante estabelece 3 principais fases, pós-Direito da Antiguidade, que assim
PROFESSOR BRUNO PIMENTEL ficaram divididas: a) Início do Direito Comercial/Empresarial; b) Código
9o. A e C Comercial da França; e, c) Código Civil da Itália de 1942. Senão, vejamos!
4. INÍCIO DO DIREITO COMERCIAL (1ª Fase/Direito Feudal/Itália):
4.1. CORPORAÇÕES DE OFÍCIO;
4.2. PERÍODO SUBJETIVISTA;
1. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO EMPRESARIAL: Primeira
4.3. CODIFICAÇÃO PRIVADA;
indagação se faz, neste tópico, dizem respeito aos delineamentos preliminares,
4.4. UNIFICAÇÃO DO D. PRIVADO (JUS PRIVATORUM/LEX
concernentes à matéria do Direito Comercial/Empresarial, ao constatarmos que a
MERCATORIA)
prática do comércio em si é muito mais longínqua que àquele. De fato, as
5. CÓDIGO COMERCIAL FRANCÊS (2ª Fase/Direito Liberal):
mudanças e os acontecimentos históricos, atrelados ao D.
5.1. TEORIA DOS ATOS DE COMÉRCIO – OBJETIVAÇÃO DO
Comercial/Empresarial, desde o seu surgimento no Direito Antigo (Direito
D. COMERCIAL;
Romanista= "Jus Privatorum"), até a unificação ocorrida com a Lei nº 10.406/02
5.2. SEPARAÇÃO ENTRE D. COMERCIAL E D. CIVIL;
(CCB), deve-se muito à contribuição inexorável que deram os povos primitivos,
5.3. MONOPÓLIO DA JURISDIÇÃO PELO ENTE ESTATAL.
com especial destaque aos fenícios, sumérios (1o. Código Ur-nammu) e
6. CÓDIGO ITALIANO DE 1942 (3ª Fase/Estado de Direito):
babilônicos (Código de Hamurabi o mais importante do direito primitivo; alusão
6.1. TEORIA DA EMPRESA;
a questões de empréstimos e títulos de crédito).
6.2. UNIFICAÇÃO DO DIREITO PRIVADO.
2. Ab initio, mister se faz dizer que na Suméria (atual região do Iraque) até o fim da
7. 1ª FASE: Diferentemente da Idade Antiga, na Idade Média o Poder Político era
Idade Média e Moderna, as regras das relações mercantis eram as mesmas do
bastante descentralizado, isto é, cada cidade no Medievo (principalmente com
Direito Comum (D.Civil, Comercial, Penal, etc…), ou seja, não existia uma
ressurgimento das cidades, chamadas de Burgos e do acima noticiado novo
regra de Direito Civil ou Comercial. O tecnicismo do D. Empresarial ou
mercantilismo) possuía suas regras, políticas gerais e moedas próprias. Para que
Comercial surgira do meio pro fim da I. Média, naquele período que ficou
os comerciantes pudessem adquirir um Poder Político que desbancasse os
conhecido como “renascimento mercantil”, onde imperava o modo de
grandes Feudos e suas políticas fundiárias, eles precisariam se organizar com
produção feudal, caracterizado por: um Poder Político centralizado, com total
regras para o disciplinamento das relações mercantis; diferentemente dos tempos
ausência do Estado, um Direito Costumeiro predominante e atividade mercantil
atuais, onde a incumbência e competência exclusiva recai ao Estado. Nesse
praticamente inexistente. No tocante ao D. Romano, como gênese do nosso
passo, os comerciantes se reúnem para fundar grandes associações de
direito privado ("Corpus Iuris Civile" do Imperador Justiniano), importante
mercadores, julgando-se até conflitos que existissem neles, mediante as
frisar que não podemos asseverar pela existência de um Direito Comercial, pois
“Corporações de Ofício Medievais” (cada cidade possuía sua corporação), sendo
as regras comercialistas romanistas estavam inseridas no direito privado comum
os comerciantes associados a essas corporações. Estas, possuíam estatuto para
(Direito Civil, chamado de jus privatorum).
regulamentar compilações de usos e costumes, da respectiva localidade.
Quaisquer litígios que houvessem seriam solucionados dentro dessas
corporações, nos chamados “Tribunais Consulares”, que tinham os árbitros características do D. Comercial da 1ª Fase, vão-se desmoronando. A Revolução
como aqueles que iriam dirimir os litígios, embasando-se “juridicamente” em Francesa e seu ideal da prática de ofício, com a valorização dos Direitos
regras e costumes locais. Daí o surgimento do Direito Comercial/Empresarial, a Fundamentais do cidadão ("Bill of Rights"=direitos fundamentais), cujos
partir dos esforços dos comerciantes de se basearem em regras, usos e princípios seriam: Igualdade e Liberdade, começou a não conceber mais um
costumes de cada localidade, sendo compiladas (reunidas) nos estatutos das direito que fosse exclusivista de única classe. Outro problema surgido com
grandes corporações medievais. Por isso, alguns autores chamam esse período esses Estados, fazia alusão à questão do monopólio da jurisdição, ou seja, o
dos “Grandes Estatutos” ou “Direito Estatutário”, que surgem nas importantes Estado não admitiria outro ente que editasse e aplicasse o Direito, a Lei. Assim,
cidades italianas daquela época, tais como: Gênova (nas suas Decisiones Rotae as corporações de ofício vão paulatinamente perdendo força, repita-se: de forma
Mercatura); e, em outras cidades costeiras (nomeadamente, Pisa e Veneza, esta lenta e gradual, porém sem uniformidade nesses Estados.
última com o seu Capitulare Nauticum) e centrais como Milão; e, algumas 9. EVOLUÇÃO HISTÓRICA (2ª FASE): Marco histórico: codificações
importantes cidades europeias, indo dos Sécs. X (“Consulato del Mare”, em napoleônicas ou oitocentistas – C. Civil (1804) e – C. Comercial (1808). A
Barcelona, na Espanha) ao XVI (“Guidon de la Mer”, em Rouen, França), relação comercial, na França, passa a ser o Ato de Comércio em si, e, não mais,
originando, assim, espécies de codificações eminentemente privadas, com a relação de sujeito de outrora. Essa fase, apresenta como principal característica
ausência total do Estado, tanto na produção dos estatutos quanto na aplicação a separação total do D. Civil do D. Comercial. Pari passu, o D. Comercial
do Direito. Dessa forma, conclui-se que o D. Comercial surge como Direito passa a ser ramo autônomo e independente, separado claramente do D. Civil.
Consuetudinário/Costumeiro, nascido: a) da própria dinâmica da atividade Com o advento do C. Civil de 1804, a grande crítica dos comerciantes galos
mercantil; e, b) dos usos e costumes, praticados nas cidades europeias na I. versava no atraso que tal codificação trazia nos seus dispositivos, por chamá-la
Média. de codificação da “nobreza fundiária”, pois visava: - a riqueza imobiliária; -
Esta primeira fase, também pode ser chamada de “Período Subjetivista” e este relações comerciais de forma estática; - contratos como instrumento de
seria sua segunda característica, visto que a natureza mercantil da relação residia transferência da propriedade. Por outro lado, o Cod. Comercial surgiria e
na vinculação ou não do sujeito a uma associação, onde a pessoa teria, possuiria o espírito da vanguarda gala. Os comerciantes seriam uma classe social
necessariamente, que estar vinculada a uma corporação, para exercer uma que surgiria com muito poder econômico, abastados (grandes burgueses),
atividade mercantil-comercial-empresarial. A “Codificação Privada”, seria a aspirando Poder Político. Tinha o C. Com. francês no seu bojo, a riqueza
terceira característica, ou seja, baseava-se nos usos, costumes e práticas mobiliária (bens móveis); pregava uma maior elasticidade, maior dinâmica, em
mercantis de cada localidade, sem a presença do Estado. É nessa fase que relação ao Direito Contratual. Desta feita, vê-se claramente uma codificação
surgem os bancos, contratos de seguros, série de comendas (atuais comanditas) e com institutos jurídicos completamente diferentes do C. Civil. É nesse
a Letra de Câmbio, por exemplo, como um título de crédito; nessa última, o período que fica claramente definido o finalidade precípua do D. Civil e
banco dava a um comerciante que tivesse depositado uma quantia “x”, um Comercial. O Direito Civil como direito geral (regime jurídico), enquanto que o
crédito naquela instituição. Urge esclarecer também, que nessa época impera um Comercial seria um direito específico, tratando das relações mercantis de
D. Comercial/Empresarial dos comerciantes para os comerciantes. comércio. Resumindo: C. Civil, como sendo um Regime Jurídico Geral de D.
8. IDADE MODERNA E CONTEMPORÂNEA: Posteriormente, com o Privado e o C. Comercial, como um Regime Jurídico Especial de D. Privado.
surgimento dos grandes “Estados Nacionais Monárquicos Absolutistas”, todas as Resultado: fica por demais evidenciado a separação total do Código Civil do

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