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Síndrome de Hunter

1 Introdução:
A síndrome de Hunter ou mucopolissacaridose tipo II (MPS II) é um distúrbio genético grave,
que afeta principalmente as pessoas do sexo masculino. A doença interfere principalmente
na capacidade do organismo em quebrar e reciclar determinadas substâncias conhecidas
como mucopolissacarídeos ou como glicosaminoglicanos (GAGs). A síndrome de Hunter é
uma das várias doenças de depósito lisossômico.
O acúmulo de GAGs nas células interfere no funcionamento dos órgãos, produzindo uma
série de sintomas sérios. Quanto mais o acúmulo se intensifica, mais visíveis se tornam os
sinais no corpo.
Na maioria das pessoas, os sinais e sintomas, que atingem diversas partes do corpo, surgem
entre os 2 e 4 anos de idade e tendem a ser queixas comuns da infância e são comuns em
membros da mesma família. Os sintomas mudam de pessoa para pessoa e, portanto, não há
um padrão típico.
A SÍNDROME de Hunter: Mucopolissacarídose tipo II (MPSII). [S. l.]: Shire, 2007.
A SÍNDROME de Hunter: Mucopolissacarídose tipo II (MPSII). A Síndrome de Hunter , Shire,
p. 1-14, 16 set. 2007. Disponível em: https://www.hunterpatients.com/. Acesso em: 16 set.
2023.
2. Desenvolvimento
2.1 Alterações Celulares
O corpo humano depende de uma ampla gama de reações bioquímicas para manter suas
funções vitais, inclusive para produzir energia, crescer e se desenvolver, para as
comunicações dentro do corpo e proteção contra infecções. Outra função crítica é a quebra
de biomoléculas grandes, e é aí que reside a base do problema da síndrome de Hunter (MPS
II) e de outros distúrbios do depósito lisossômico.
A bioquímica da síndrome de Hunter é relacionada a um problema em uma parte do tecido
conjuntivo conhecido como matriz extracelular. A matriz é constituída por vários açúcares e
proteínas e ajuda a formar a estrutura arquitetônica de suporte do organismo. A matriz
circunda as células do organismo como uma malha organizada e funciona como um adesivo
que mantém as células do organismo juntas. Um dos componentes da matriz extracelular é
uma molécula denominada proteoglicano. Como muitos componentes do corpo, os
proteoglicanos precisam ser quebrados e substituídos. Quando o organismo quebra os
proteoglicanos, um dos produtos resultantes são os mucopolissacarídeos, também
conhecidos como GAGs. Existem vários tipos de GAG, cada um localizado em determinados
locais do organismo. Este acúmulo anormal de GAG compromete a função molecular e
orgânica celular, levando ao surgimento de manifestação clínicas progressivas que afetam
múltiplos órgãos e sistemas, principalmente córnea, pele, fígado, baço, cérebro, meninges,
sistema muscular esquelético, cardíaco e respiratórios.
A SÍNDROME de Hunter: Mucopolissacarídose tipo II (MPSII). [S. l.]: Shire, 2007.
A SÍNDROME de Hunter: Mucopolissacarídose tipo II (MPSII). A Síndrome de Hunter , Shire,
p. 1-14, 16 set. 2007. Disponível em: https://www.hunterpatients.com/. Acesso em: 16 set.
2023.
2.2 Alterações genéticas:
A síndrome de Hunter ou mucopolissacaridose tipo II (MPS II) é uma síndrome genética de
herança recessiva ligada ao cromossomo X, causada por uma deficiência de iduronato-2-
sulfatase, enzima responsável pelo catabolismo de dois GAG: sulfato de dermatan e sulfato
de herparan, levando a acumulação destes em diversos tecidos.
Estima-se que a MPS II afeta 1 em cada 155 mil nascimentos vivos, que afeta principalmente
pessoas do sexo masculino e por isso é transmitida de uma geração para a seguinte de
maneira específica. Quase todas as células do corpo humano têm 46 cromossomos, sendo
23 pares de cada um dos pais. O gene que codifica a produção do I2S está localizado no
cromossomo X. AS pessoas do sexo feminino têm dois cromossomos X, um herdado do pai
e da mãe; já as pessoas do sexo masculino têm um cromossomo X herdado da mãe e um
cromossomo Y herdado do pai.
Se um indivíduo tiver a cópia anormal do gene para I2S, ele desenvolvera a síndrome de
Hunter. Uma pessoa do sexo masculino pode herdar uma cópia anormal do gene para I2S
de duas formas diferentes. A mais frequente é quando a mãe dele é uma portadora, o seja,
ela tem o gene normal e um anormal para I2S e transmite o gene anormal a ele. No entanto
pode ocorrer uma mutação no gene I2S de seu cromossomo X durante a formação da célula-
ovo e esperma. Neste segundo caso, a mãe não é uma portadora e o risco de ocorrer
novamente uma mutação espontânea em seu futuro irmão, embora seja muito baixo, não
chega ser nula. As mulheres podem portar uma cópia anormal do gene I2Se em geral não
são afetadas. Embora incomum, já foram relatados casos de Hunter em mulheres e
normalmente a doença é mais branda.

GAG e localização no corpo:


Ácido hialurônico: Vários tecidos conjuntivos, pele, cartilagem e líquidos sinovial.
Sulfato de condroitina: Cartilagem, córneas, ossos, pele e artérias.
Dermatam sulfato: Pele, vasos sanguíneos, coração, válvulas cardíacas.
Herparam Sulfato: Pulmões, artérias e superfícies celulares.
Heparina: Pulmão, fígado e determinadas células do sistema imunológico.
Queratam sulfato: Cartilagem, córnea e discos intravertebrais.

Na síndrome de Hunter, o problema reside na quebra de dois GAG: o dermatam sulfato e o


heparam sulfato. A primeira etapa da quebra de dermatam sulfato e de herparam suulfato
requer a enzima lisossômica I2S. Em pessoas acometidas pela síndrome de Hunter esta
enzima está parcial ou completamente inativa. Como consequência, os GAGs se acumulam
nas células de todo corpo, em particular nos tecidos que contêm dermatam sulfato e heparam
sulfato.
Com a continuação deste acúmulo, ocorrerão interferências no modo de funcionamento de
determinadas células e órgãos, o que ocasiona uma série de sintomas sérios.

A SÍNDROME de Hunter: Mucopolissacarídose tipo II (MPSII). [S. l.]: Shire, 2007.


A SÍNDROME de Hunter: Mucopolissacarídose tipo II (MPSII). A Síndrome de Hunter , Shire,
p. 1-14, 16 set. 2007. Disponível em: https://www.hunterpatients.com/. Acesso em: 16 set.
2023.

2.3 Alterações Histológicas:


O espessamento das válvulas e das paredes cardíacas pode resultar em um declínio
progressivo das funções cardíacas. As paredes das vias aéreas também podem aumentar,
causando problemas respiratórios durante o sono (doença obstrutiva das vias aéreas).
Hérnias inguinais também podem se tornar protuberantes com a distensão do abdômen,
causada pelo aumento do fígado e do baço.

2.4 Alterações Anatômicas


A medida que os acúmulos de GAGs se intensificam em todas as células do corpo, os sinais
da Sindrome de Hunter se tornam mais visíveis e crônicos. Entre as manifestações físicas
apresentadas por muitas crianças com a Sindrome de Hunter incluem-se características
faciais grosseiras típicas, entre elas, testa saliente, ponte nasal rebaixada (nariz em “sela”) e
aumento do volume da língua. Por isso, é comum que as crianças com esta síndrome sejam
parecidas entre si, mesmo quando não tenham grau de parentesco.
Alguns portadores da doença também podem apresentar cabeça e abdômen com volumes
aumentados.

A SÍNDROME de Hunter: Mucopolissacarídose tipo II (MPSII). [S. l.]: Shire, 2007.


A SÍNDROME de Hunter: Mucopolissacarídose tipo II (MPSII). A Síndrome de Hunter , Shire,
p. 1-14, 16 set. 2007. Disponível em: https://www.hunterpatients.com/. Acesso em: 16 set.
2023.
2.5. Diagnóstico

Os sintomas da doença de Hunter podem ser facilmente confundidos com doenças comuns em
crianças com idade entre dois e quatro anos, um dos erros mais comuns é o diagnóstico errôneo por
parte dos profissionais da saúde em geral, o que se dá ao fato dos sintomas ser bem parecidos com
doenças comuns em crianças (PINTO, SCHWARTZ, PUGA, VIEIRA, GIUGLIANI, 2006).

Alguns Sinais e sintomas sugestivos da mucopolissacaridose II, ´podem ser: Infecções respiratórias
superiores precoces, e de repetição, Hérnia inguinal e/ou umbilical, Irmão ou primo ou tio pelo lado
materno com MPS II, História familiar de MPS compatível com herança recessiva de ligada ao X
(Ministério da Saúde, 2014).

O diagnóstico da síndrome de Hunter é complexo e requer exames clínicos suscintos, triagem e


estudos que confirmem mediante aos sintomas o diagnóstico correto. Os exames solicitados podem
ser o de urina, avaliando assim os níveis dos glicosaminoglicanos (GAGs), testes para medir a
atividade enzimática do iduronato-2-sulfatase (I2S), a partir de dois caminhos do soro sanguíneo
através dos leucócitos ou pela biópsia da pele do paciente pelos fibroblastos. Para conclusão do
estudo é importante realizar a avaliação molecular a fim de determinar a mutação causadora e auxiliar
no aconselhamento genético adequado aos integrantes da família (URIBE, GIUGLIANI, 2016).

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