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“Ser livre é fazer tudo o que queremos?

A afirmação “Ser livre é fazer tudo o que queremos?” é extremamente simplista e não
reflete a complexidade do conceito de liberdade. Na verdade, ser livre envolve muito
mais do que apenas seguir os nossos desejos e impulsos momentâneos.

O ser humano é um ser natural porém, possui características próprias, entre as quais a
capacidade da razão, ou seja, de pensar autonomamente, embora também tenha a sua
realidade biológica.

Ao longo da história os filósofos têm-nos mostrado várias perspetivas sobre a natureza


da liberdade. Por exemplo, Sócrates afirma que a liberdade esta ligada com a
racionalidade. Kant, por sua vez distingue liberdade positiva da negativa, argumentando
que a verdadeira liberdade está em agir de acordo com a razão prática e no cumprimento
das leis morais que cada indivíduo impõe. Rousseau acredita que a liberdade implica
agir consoante uma vontade coletiva, em vez de seguir apenas os desejos individuais.

Aristóteles, um filósofo da Grécia Antiga tem uma visão da liberdade muito própria
afirmando que ser livre é viver de acordo com as leis que cada um elabora
individualmente, realizando o potencial humano. A liberdade é a nossa capacidade de
agir de forma autónoma e racional, alcançando um bem comum.

Em primeiro lugar, as nossas escolhas são influenciadas por diversos fatores como por
exemplo: os nossos valores, vontades, crenças, experiências passadas e condições
socioculturais. Estes fatores ajudam-nos a distinguir o que é certo do que é errado, justo
ou injusto e a tomar decisões que nos levam a considerar as consequências das nossas
ações para não só para connosco, mas também para com os outros.

A ideia de que ser livre é fazer tudo aquilo que queremos é fundamentada pela
construção da nossa sociedade, alimentada cada vez mais pelo consumismo e pelos
meios digitais.

A liberdade não é absoluta. Vivemos em sociedade, ou seja, as nossas ações afetam as


outras pessoas, o meio ambiente e a comunidade em que vivemos. Por isso, a liberdade
precisa de ser equilibrada com a responsabilidade e o respeito pelos direitos e interesses
dos outros. Desta forma a minha liberdade acaba quando a do outro começa.
Um sujeito livre não pode ser escravo dos seus impulsos, logo, a partir do momento que
agimos sem avaliar a situação, não estamos a agir livremente.

Também é importante lembrar que as nossas escolhas têm limitações impostas por
fatores externos, como as leis, normas sociais e limitações físicas e materiais. Mesmo
quando desejamos fazer algo, podemos não ser capazes de o realizar devido a essas
restrições externas.

Para concluir, a procura da liberdade é um processo contínuo e dinâmico. As nossas


vontades e necessidades mudam ao longo do tempo e a liberdade que procuramos hoje
pode não ser a mesma que procuramos amanhã. Além disso, a liberdade de cada um não
pode ser ponderada isoladamente, precisa de ser analisada em relação à liberdade
coletiva e ao bem comum.

A liberdade não pode ser reduzida a simplesmente fazer o que queremos. Esta envolve
um equilíbrio delicado entre as nossas escolhas individuais, a responsabilidade social e
o respeito pelos direitos dos outros. É preciso considerar diversos fatores para entender
verdadeiramente o que significa ser livre.

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