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CÓDIGO:
2402158874M
TIPO DE MATERIAL:
E-book
ÚLTIMA ATUALIZAÇÃO:
02/2024
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Reforma Tributária
Tudo o que você precisa saber
SUMÁRIO
Reforma TributáriaTudo o que Você Precisa Saber. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1. Considerações Gerais sobre a Reforma Tributária. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
2. Os Princípios Tributários Expressos na Reforma Tributária (EC n. 132/2023). . . 11
3. Os Objetivos Centrais da Reforma Tributária e a Atenuação de Efeitos
Regressivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
4. A Nova Contribuição de Custeio, a Expansão e a Melhoria do Serviço de
Iluminação Pública e de Sistemas de Monitoramento para Segurança e
Preservação de Logradouros Públicos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
5. Previsão na Reforma Tributária (EC n. 132/2023) de Alíquota Zero . . . . . . . . . . . 16
6. Condicionante para o Gozo da Imunidade Recíproca. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
7. A Imunidade das Entidades Religiosas e dos Templos de Qualquer Culto –
Reforma Tributária (EC n. 132/2023). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
8. Imposto sobre a Produção, Extração, Comercialização ou Importação de
Bens e Serviços Prejudiciais à Saúde ou ao Meio Ambiente, nos Termos de Lei
Complementar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
9. Impacto da Reforma Tributária (EC n. 132/2023) no ITCMD . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
10. Impacto da Reforma Tributária (EC n. 132/2023) no IPVA. . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
11. Impacto da Reforma Tributária (EC n. 132/2023) no IPTU. . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
12. A Criação do Fundo Nacional de Desenvolvimento Regional – EC n. 132/2023
(Reforma Tributária) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
13. Previsões de Bitributação Jurídica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
14. A Substituição no Sistema de Tributação dos Bens: Criação do IBS (Imposto
sobre Bens e Serviços) e da CSBS (Contribuição Social sobre Bens e Serviços). . . . 28
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De um modo geral, é isso. O regime do CTN segue a mesma lógica: não foi alterada a teoria
da obrigação tributária, as espécies de lançamento tributário etc. Não houve alterações
na execução fiscal, no processo judicial tributário, tampouco nas normas sancionatórias e
de responsabilidade tributária.
Artigo 2º: Altera o ADCT, também com vigência imediata. Estabelece regras
direcionadas ao legislador complementar, fixando parâmetros para a regulação futura
da Reforma. Fixa um regime de transição para os tributos criados: IBS e CBS.
Artigo 2º da Reforma Tributária (EC n. 132/2023)
• Artigo não tão relevante quanto o art. 1º, para efeito de concursos;
• Vigência imediata;
• Altera diversos dispositivos do ADCT;
• Dispõe, em síntese, sobre:
1) Desvinculação de receitas;
2) Mecanismos de salvaguarda à Zona Franca de Manaus;
3) Regras de transição para os tributos criados pela reforma: CBS e IBS.
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Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre:
I – transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos;
(...)
§ 1º O imposto previsto no inciso I:
(...)
II – relativamente a bens móveis, títulos e créditos, compete ao Estado onde era domiciliado o
de cujus, ou tiver domicílio o doador, ou ao Distrito Federal;
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III – terá competência para sua instituição regulada por lei complementar:
a) se o doador tiver domicilio ou residência no exterior;
b) se o de cujus possuía bens, era residente ou domiciliado ou teve o seu inventário processado
no exterior;
(...)
Art. 16. Até que lei complementar regule o disposto no art. 155, § 1º, III, da Constituição Federal,
o imposto incidente nas hipóteses de que trata o referido dispositivo competirá:
I – relativamente a bens imóveis e respectivos direitos, ao Estado da situação do bem, ou ao
Distrito Federal;
II – se o doador tiver domicílio ou residência no exterior:
a) ao Estado onde tiver domicílio o donatário ou ao Distrito Federal;
b) se o donatário tiver domicílio ou residir no exterior, ao Estado em que se encontrar o bem ou
ao Distrito Federal;
III – relativamente aos bens do de cujus, ainda que situados no exterior, ao Estado onde era
domiciliado, ou, se domiciliado ou residente no exterior, onde tiver domicílio o sucessor ou
legatário, ou ao Distrito Federal.
Art. 17. A alteração do art. 155, § 1º, II, da Constituição Federal, promovida pelo art. 1º desta
Emenda Constitucional, aplica-se às sucessões abertas a partir da data de publicação desta
Emenda Constitucional.
Ainda assim, trata-se de normas a serem aplicadas até que seja editada a lei complementar
sobre o assunto. Normas de transição, portanto. O art. 17, por sua vez, é uma norma de
direito intertemporal (Dentre muitas da reforma).
São dois pontos bastante relevantes, especialmente para concursos estaduais.
Por fim, os artigos 22 e 23 da Reforma tratam das regras de sua entrada em vigor:
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Conclusivamente, os artigos que ainda não estão em vigor (que “entra em vigor em
2027 e 2033”), nos termos do art. 23 da Reforma, parecem não ter grande relevância. Como
exemplo, cito o seguinte item do Edital 03/2023 da PGE-SP, banca Vunesp, publicado em
26/12/2023:
11.2. A legislação que vier a vigorar após a data de publicação deste Edital, bem como alterações
em dispositivos de lei e atos normativos a ele posteriores, não serão objeto de avaliação nas
provas do Concurso.
Caberá ao candidato ficar atento aos editais, especialmente aos itens da disciplina de
Direito Tributário. Entretanto, podemos “fatiar” o estudo da Reforma, concentrando-nos
naquilo que tem vigência imediata e que é mais relevante, abstraindo as normas de transição
e as normas que ainda não estão em vigor.
Nos tópicos seguintes, procuro abordar os pontos mais relevantes, e já em vigor, da
Reforma Tributária.
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Art. 159-A. Fica instituído o Fundo Nacional de Desenvolvimento Regional, com o objetivo de
reduzir as desigualdades regionais e sociais, nos termos do art. 3º, III, mediante a entrega de
recursos da União aos Estados e ao Distrito Federal para:
§ 2º Na aplicação dos recursos de que trata o caput, os Estados e o Distrito Federal priorizarão
projetos que prevejam ações de sustentabilidade.
Art. 43. Para efeitos administrativos, a União poderá articular sua ação em um mesmo complexo
geoeconômico e social, visando a seu desenvolvimento e à redução das desigualdades regionais.
(...)
§ 2º Os incentivos regionais compreenderão, além de outros, na forma da lei: (...)
III – isenções, reduções ou diferimento temporário de tributos federais devidos por pessoas
físicas ou jurídicas;
(...)
§ 4º Sempre que possível, a concessão dos incentivos regionais a que se refere o § 2º, III, considerará
critérios de sustentabilidade ambiental e redução das emissões de carbono.
Por fim, ao alterar o regime jurídico do IPVA (imposto estadual incidente sobre a
propriedade de veículos automotores – Art. 155, III, da CF/1988), a Reforma Tributária
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Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre:
(...)
III – propriedade de veículos automotores.
(...)
§ 6º O imposto previsto no inciso III:
(...)
II – poderá ter alíquotas diferenciadas em função do tipo, do valor, da utilização e do impacto
ambiental;
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Todavia, no nosso exemplo, a tributação que recairá sobre uma mãe, na aquisição
dos mesmos produtos (provavelmente essenciais, como o leite etc.), não será dosada em
conformidade com a sua capacidade contributiva.
Um parêntese: os tributos que incidem sobre os bens e serviços, como o IPI, o ICMS e o
ISS, possuem repercussão econômica sobre o chamado contribuinte de fato. Contribuinte
de direito será o industrial, o comerciante e o prestador de serviços. Contribuinte de fato
será o consumidor final desses bens e serviços, que arcará com o custo de toda a cadeia
de incidência tributária.
A regressividade fica clara na medida em que uma alta concentração de tributação
sobre os bens resultará na mesma repercussão econômica de uma cadeia de tributos,
desconsiderando a capacidade econômica dos contribuintes de fato.
Repiso que não há como resolver efetivamente esse problema na incidência tributária
sobre os bens. Essa questão é mais propriamente resolvida na tributação da renda. Quando
incide o imposto sobre a renda ou proventos de qualquer natureza, ganhos de capital e
etc., há uma efetiva “tributação com rosto”, como eu chamo: o tributo progredirá conforme
avance numericamente o tamanho da grandeza econômica subjacente.
Por esse motivo, os países desenvolvidos, integrantes da OCDE, tributam mais pesadamente
a renda. O imposto sobre os bens que se paga nos EUA é calculado “por fora” do produto,
favorecendo a transparência (que também é princípio expresso da Reforma – EC n. 132/2023),
e em alíquotas que não ultrapassam 9% (até onde eu conheço).
Todavia, o imposto sobre a renda e ganhos de capital nos EUA é extremamente pesado.
Por exemplo, enquanto no Brasil os dividendos são isentos, nos EUA eles pagam 30% de
imposto de renda.
A Reforma Tributária (EC n. 132/2023) avança, nesse primeiro momento, sobre a
tributação sobre os bens e serviços precisamente para buscar uma maior aproximação à
fórmula adotada em países desenvolvidos: tributar mais severamente a renda, e menos
severamente os bens e serviços.
Se o mercadinho não tem como dosar o efeito econômico dos tributos sobre os bens,
quando uma mãe de baixa renda e uma mãe de alta renda compram os mesmos produtos
essenciais para seus filhos (leite, mamadeira etc.), a solução é reduzir a carga (de um modo
geral) sobre os bens e elevar, em contrapartida, sobre a renda.
Essa é a razão subjacente ao principal objetivo da Reforma Tributária, que fica claro com
a perseguição de efeitos não regressivos. Como dito acima, essa é apenas uma primeira
parte do problema. Será preciso reformar completamente a tributação sobre a renda (o
que, na EC n. 132/2023, não foi feito).
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Art. 149-A. Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir contribuição, na forma das
respectivas leis, para o custeio, a expansão e a melhoria do serviço de iluminação pública e de
sistemas de monitoramento para segurança e preservação de logradouros públicos, observado
o disposto no art. 150, I e III.
Parágrafo único. É facultada a cobrança da contribuição a que se refere o caput, na fatura de
consumo de energia elétrica.
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Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
VI – instituir impostos sobre:
b) entidades religiosas e templos de qualquer culto, inclusive suas organizações assistenciais e
beneficentes;
(...)
§ 4º As vedações expressas no inciso VI, alíneas “b” e “c”, compreendem somente o patrimônio, a
renda e os serviços, relacionados com as finalidades essenciais das entidades nelas mencionadas.
A imunidade tributária conferida pelo art. 150, VI, b, é restrita aos templos de qualquer
culto religioso, não se aplicando à maçonaria, em cujas lojas não se professa qualquer
religião.
[RE 562.351, rel. min. Ricardo Lewandowski, j. 4-9-2012, 1ª T, DJE de 14-12-2012.]
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Instituição religiosa. IPTU sobre imóveis de sua propriedade que se encontram alugados.
A imunidade prevista no art. 150, VI, b, da CF deve abranger não somente os prédios
destinados ao culto, mas, também, o patrimônio, a renda e os serviços “relacionados
com as finalidades essenciais das entidades nelas mencionadas”. O § 4º do dispositivo
constitucional serve de vetor interpretativo das alíneas b e c do inciso VI do art. 150
da CF. Equiparação entre as hipóteses das alíneas referidas.
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VI – terá suas alíquotas fixadas em lei ordinária, podendo ser específicas, por unidade de medida
adotada, ou ad valorem;
VII – na extração, o imposto será cobrado independentemente da destinação, caso em que a
alíquota máxima corresponderá a 1% (um por cento) do valor de mercado do produto.
Como a instituição dependerá de uma futura lei complementar, restará esperar o modo
como o legislador regulamentará a temática.
Art. 17. A alteração do art. 155, § 1º, II, da Constituição Federal, promovida pelo art. 1º desta
Emenda Constitucional, aplica-se às sucessões abertas a partir da data de publicação desta
Emenda Constitucional.
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É importante destacar que essa foi uma questão objeto de intensos debates na
jurisprudência, culminando com a edição da seguinte tese de repercussão geral pelo
Supremo Tribunal Federal:
Tema n. 0825
Título: Possibilidade de os Estados-membros fazerem uso de sua competência legislativa
plena, com fulcro no art. 24, § 3º, da Constituição e no art. 34, § 3º, do ADCT, ante
a omissão do legislador nacional em estabelecer as normas gerais pertinentes à
competência para instituir o Imposto sobre Transmissão Causa Mortis ou Doação de
quaisquer Bens ou Direitos – ITCMD, nas hipóteses previstas no art. 155, § 1º, III, a e
b, da Lei Maior.
Descrição: Recurso extraordinário em que se discute, à luz dos arts. 24, I, e § 3º, e
155, I, e § 1º, II e III, b, da Constituição Federal e do art. 34, § 3º e § 4º, do ADCT, a
possibilidade de os Estados-membros fazerem uso de sua competência legislativa
plena, com base no art. 24, § 3º, da CF e no art. 34, § 3º, do ADCT, ante a omissão do
legislador nacional em estabelecer as normas gerais pertinentes à competência para
instituir o Imposto sobre Transmissão Causa Mortis ou Doação de quaisquer Bens ou
Direitos – ITCMD, nas hipóteses previstas no art. 155, § 1º, III, a e b, da Lei Maior.
Foi firmada a seguinte Tese de repercussão geral: “É vedado aos estados e ao Distrito
Federal instituir o ITCMD nas hipóteses referidas no art. 155, § 1º, III, da Constituição
Federal sem a edição da lei complementar exigida pelo referido dispositivo constitucional”.
Esse contexto se refere à possibilidade de o ITCMD ser cobrado (também) no Brasil, em
relação aos doadores domiciliados no exterior, ou nos casos de o de cujus possuir bens no
exterior, lá ter sido domiciliado ou lá ter tido processado o seu inventário.
Imagine que uma tia, residente nos EUA, doe suas joias a uma sobrinha residente em São
Paulo. Esse é um fato que se amolda à materialidade tributável pelo ITCMD: uma transmissão
de bens móveis mediante o instituto da doação. Entretanto, não havia regulação para a
referida incidência. Precisamos sempre repetir: a Constituição Federal não cria tributos;
ela viabiliza as condições para a futura criação dos tributos.
Agora, na segunda hipótese, imagine alguém, residente nos EUA, que tem bens no Brasil
e no exterior (ações, imóveis etc.). Vindo a falecer, seus herdeiros brasileiros, residentes
no Brasil, abrem o inventário no estado de São Paulo. Não há, no entendimento do STF, a
condição completa para a incidência de ITCMD sobre o fato da transmissão causa mortis
dos bens existentes no exterior, ante a ausência de lei complementar.
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Assim, para esses dois pontos, o STF compreendeu que a incidência demanda a edição
de lei complementar.
A Reforma Tributária, EC n. 132/2023, promove a seguinte regulamentação
provisória do tema:
Art. 16. Até que lei complementar regule o disposto no art. 155, § 1º, III, da Constituição Federal,
o imposto incidente nas hipóteses de que trata o referido dispositivo competirá:
I – relativamente a bens imóveis e respectivos direitos, ao Estado da situação do bem, ou ao
Distrito Federal;
II – se o doador tiver domicílio ou residência no exterior:
a) ao Estado onde tiver domicílio o donatário ou ao Distrito Federal;
b) se o donatário tiver domicílio ou residir no exterior, ao Estado em que se encontrar o bem ou
ao Distrito Federal;
III – relativamente aos bens do de cujus, ainda que situados no exterior, ao Estado onde era
domiciliado, ou, se domiciliado ou residente no exterior, onde tiver domicílio o sucessor ou
legatário, ou ao Distrito Federal.
Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre:
(...)
III – propriedade de veículos automotores.
(...)
§ 6º O imposto previsto no inciso III [ipva]:
(...)
II – poderá ter alíquotas diferenciadas em função do tipo, do valor, da utilização e do impacto
ambiental;
III – incidirá sobre a propriedade de veículos automotores terrestres, aquáticos e aéreos,
excetuados:
a) aeronaves agrícolas e de operador certificado para prestar serviços aéreos a terceiros;
b) embarcações de pessoa jurídica que detenha outorga para prestar serviços de transporte
aquaviário ou de pessoa física ou jurídica que pratique pesca industrial, artesanal, científica ou
de subsistência;
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c) plataformas suscetíveis de se locomoverem na água por meios próprios, inclusive aquelas cuja
finalidade principal seja a exploração de atividades econômicas em águas territoriais e na zona
econômica exclusiva e embarcações que tenham essa mesma finalidade principal;
d) tratores e máquinas agrícolas.
O IPVA agora poderá variar conforme o valor e o impacto ambiental do veículo automotor.
Além disso, impactando a jurisprudência que existia, passará a poder incidir sobre aeronaves
e embarcações, com as limitações agora previstas na Constituição Federal (na redação
dada pela EC n. 132/2023).
A questão relativa às aeronaves e embarcações era um ponto de constante menção em
aulas e manuais da disciplina. Vejamos que o chamado “fato signo presuntivo de riqueza”
é a PROPRIEDADE, adjetivada do seguinte modo: “VEÍCULO AUTOMOTOR”. E o que vem a
ser um veículo automotor? Podemos dizer que uma bicicleta, por mais cara que ela seja,
não é um veículo automotor, uma vez que não se desloca por motorização própria. Em um
outro exemplo, a força motora de uma carroça de burro não é automotora, afastando a
possibilidade de uma futura tributação.
A Constituição Federal não cria tributos; ela permite que os tributos sejam criados na
trilha das espécies, competências e materialidades que elenca. Confesso que eu nunca
compreendi o motivo pelo qual o Poder Judiciário vedava a tributação das embarcações e
das aeronaves automotoras.
Um planador, uma asa-delta, um barco movido pelo vento, um caiaque, efetivamente
não poderiam ser tributados. Mas uma motonáutica não é um veículo automotor? Qual
a diferença conceitual de uma lancha e um carro, senão tão somente o ambiente em que
se desloca?
Portanto, salvo melhor juízo, a Constituição Federal sequer precisaria ter sido alterada –
com o devido respeito aos precedentes, eles desconsideravam o conteúdo da materialidade
aberta à tributação (o fato signo da riqueza, propriedade, em relação a veículos automotores).
A reforma corrige essa má leitura ou desvio de compreensão da expressão de riqueza
que a Constituição abriu para ser tributada. Ademais, a reforma cria certas imunidades
objetivas: alguns bens estarão fora da incidência.
Aeronaves e tratores agrícolas atendem à força política e econômica do agronegócio
brasileiro. As plataformas estão relacionadas, muito provavelmente, à exploração de recursos
naturais; a PETROBRAS, por exemplo, parece ser a beneficiária da imunidade objetiva
atribuída a esses veículos. E as embarcações de transporte e de pesca artesanal parece ter
por finalidade proteger pequenos pescadores e empresas que realizam transportes essenciais
para determinadas áreas; basta pensar que Manaus depende bastante do transporte via
rio, para o seu abastecimento.
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Pensar assim parece ficar mais fácil a memorização dessas exceções: agronegócio,
exploração natural, pesca de subsistência e de pequena exploração econômica e transporte
para áreas que dele dependem para o seu abastecimento.
Por fim, a questão da dosagem da tributação conforme o impacto ambiental do veículo
automotor atende a um dos princípios que vieram enunciados na Reforma Tributária, que
é o da utilização extrafiscal dos tributos como mecanismo de proteção ambiental.
Essa é uma questão que também já foi objeto de alguns pronunciamentos do Supremo
Tribunal Federal. A base de cálculo do tributo da espécie imposto e de competência municipal,
incidente sobre a grandeza econômica “propriedade”, especificamente a “territorial e predial
urbana”, vem prevista no seguinte dispositivo do CTN:
O valor venal costuma ser atualizado pelos municípios, por ato infralegal, mediante a
aplicação dos índices inflacionários de correção monetária. Assim, a base de cálculo do IPTU
pode ser atualizada, sem lei formal, de modo a recompor as perdas inflacionárias anuais.
Vale dizer: nominalmente o valor aumenta, mas economicamente se compreende que é
uma mera atualização monetária.
O STF definiu a questão ao julgar o Tema n. 211 da sua repercussão geral:
Tema n. 211 - Necessidade de lei em sentido formal para a atualização do valor venal
de imóveis. Há Repercussão? Sim
Relator(a): MIN. GILMAR MENDES Leading Case: RE 648245
Descrição: Agravo de instrumento interposto contra decisão que inadmitiu recurso
extraordinário em que se discute, à luz do art. 150, I, da Constituição Federal, a
necessidade, ou não, de lei em sentido formal para fins de atualização do valor venal
de imóveis para o cálculo do Imposto Predial e Territorial Urbano - IPTU.
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Tese: A majoração do valor venal dos imóveis para efeito da cobrança de IPTU
não prescinde da edição de lei em sentido formal, exigência que somente se
pode afastar quando a atualização não excede os índices inflacionários anuais de
correção monetária.
A reforma passa a dispor que a lei municipal poderá estabelecer os critérios de atualização
da base de cálculo do IPTU. A mera correção monetária da base de cálculo, nos termos
da jurisprudência, já vinha sendo feita. O que a reforma faz é passar a permitir a efetiva
recomposição real da base de cálculo por atos infralegais, desde que seguidas as diretrizes
firmadas nas leis municipais – salvo melhor juízo.
Repito: uma coisa é a mera atualização monetária do valor; outra é a sua efetiva majoração
ou aumento, para além da correspondência monetária dos índices oficiais e anuais de
recomposição inflacionária da moeda.
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Merece destaque o inciso V do § 6º do art. 153: o imposto poderá ter o mesmo fato
gerador e base de cálculo de outros tributos.
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Portanto, haverá um período de “teste” antes da efetiva transição. Esse período de teste
se inicia em 2026. A transição terá início em 2027 e tem prazo para ser concluída em 2033.
A extinção do ICMS e do ISS somente ocorrerá em 2033.
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Em relação ao PIS e à COFINS, bem como ao IPI, tributos federais, outra imagem da
AGÊNCIA SENADO bem ilustra o impacto para eles:
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Art. 156-A. Lei complementar instituirá imposto sobre bens e serviços de competência
compartilhada entre Estados, Distrito Federal e Municípios.
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Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta,
nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:
(...)
V – sobre bens e serviços, nos termos de lei complementar.
A Constituição Federal espelha a maior parte do regramento do IBS para a CBS (art.
195, § 16). Do mesmo modo, deve-se aguardar a regulação mediante lei complementar
para mais considerações sobre o imposto – que, assim como o CBS, não terá incidência
imediata, mas apenas a partir de 2026.
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