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Reforma Tributária

Tudo o que você precisa saber


Professor: Renato Grilo
FICHA TÉCNICA DO MATERIAL
grancursosonline.com.br

CÓDIGO:
2402158874M

TIPO DE MATERIAL:
E-book

ÚLTIMA ATUALIZAÇÃO:
02/2024

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Reforma Tributária
Tudo o que você precisa saber

SUMÁRIO
Reforma TributáriaTudo o que Você Precisa Saber. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1. Considerações Gerais sobre a Reforma Tributária. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
2. Os Princípios Tributários Expressos na Reforma Tributária (EC n. 132/2023). . . 11
3. Os Objetivos Centrais da Reforma Tributária e a Atenuação de Efeitos
Regressivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
4. A Nova Contribuição de Custeio, a Expansão e a Melhoria do Serviço de
Iluminação Pública e de Sistemas de Monitoramento para Segurança e
Preservação de Logradouros Públicos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
5. Previsão na Reforma Tributária (EC n. 132/2023) de Alíquota Zero . . . . . . . . . . . 16
6. Condicionante para o Gozo da Imunidade Recíproca. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
7. A Imunidade das Entidades Religiosas e dos Templos de Qualquer Culto –
Reforma Tributária (EC n. 132/2023). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
8. Imposto sobre a Produção, Extração, Comercialização ou Importação de
Bens e Serviços Prejudiciais à Saúde ou ao Meio Ambiente, nos Termos de Lei
Complementar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
9. Impacto da Reforma Tributária (EC n. 132/2023) no ITCMD . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
10. Impacto da Reforma Tributária (EC n. 132/2023) no IPVA. . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
11. Impacto da Reforma Tributária (EC n. 132/2023) no IPTU. . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
12. A Criação do Fundo Nacional de Desenvolvimento Regional – EC n. 132/2023
(Reforma Tributária) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
13. Previsões de Bitributação Jurídica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
14. A Substituição no Sistema de Tributação dos Bens: Criação do IBS (Imposto
sobre Bens e Serviços) e da CSBS (Contribuição Social sobre Bens e Serviços). . . . 28

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REFORMA TRIBUTÁRIA
TUDO O QUE VOCÊ PRECISA SABER

PROF. RENATO GRILO

1. CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE A REFORMA TRIBUTÁRIA

1.1 O TAMANHO DO IMPACTO DA REFORMA TRIBUTÁRIA NO DIREITO


TRIBUTÁRIO: A MEDIDA DO QUE FOI ALTERADO
A primeira coisa que precisa ser dita, quando analisamos o Direito Tributário no Brasil
é: a Reforma Tributária de 2023 (EC n. 132/2023) altera e inova muitos pontos, mas está
longe de alterar a maioria das normas que compõe a disciplina da tributação.
Por esse motivo, é preciso ter bastante calma. Passamos por algumas reformas no
Processo Civil, por exemplo, que simplesmente alteraram a íntegra de manuais jurídicos da
doutrina sobre a matéria. Os manuais de Direito Tributário serão descartados do mesmo
modo; uma boa revisão os salvará, na maior parte!
A Reforma Tributária (EC n. 132/2023) não altera o conceito de tributo. As espécies
tributárias (embora crie e extinga alguns tributos específicos e pontuais, não muda os
gêneros, as espécies) não altera as normas gerais tributárias do CTN (legislação tributária,
interpretação e aplicação das normas, obrigação, responsabilidade, crédito, lançamento,
garantias dos créditos tributários, suspensão da exigibilidade, prescrição, decadência).
Nada disso foi alterado.
Também não foram alteradas as normas tributárias sancionatórias e o processo tributário
( judicial/execução fiscal e administrativo). Na futura regulação da Reforma, haverá normas
específicas de processo tributário pontualmente aplicáveis ao IBS – imposto sobre bens e
serviços (art. 156-A, § 5º, VII). Será preciso aguardar, mas a regulação virá pontual apenas
para a sistemática do IBS.
Vamos fazer um exercício que ilustra os pontos atingidos pela Reforma Tributária,
de um modo direto. Para isso, vou usar como exemplo um edital do CEBRASPE bastante
completo, que é o da PGE-RN (publicado em NOVEMBRO de 2023), indicando quais pontos
a Reforma atinge diretamente.

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1 Sistema Tributário Nacional na Constituição PONTOS ALCANÇADOS PELA REFORMA – Destaques:


Federal. 1.1 Limitações do poder de tributar. 1.2 Nova enunciação de princípios expressos na
Princípios do Direito Tributário. 1.3 Repartição das Constituição aplicáveis à tributação.
receitas tributárias. Novas regras de repartição de competência.
2 Tributo. 2.1 Conceito. 2.2 Natureza jurídica. 2.3 PARCIALMENTE ALCANÇADOS PELA REFORMA:
Espécies. 2.4 Imposto. 2.5 Taxa. 2.6 Contribuição Na explicação da nova contribuição do art. 149-A da
de melhoria. 2.7 Empréstimo compulsório. 2.8 CF e da competência compartilhada para instituição
Contribuições. do IBS – Imposto sobre bens e serviços (art. 156-A).
3 Competência tributária. 3.1 Classificação. 3.2 PONTOS ALCANÇADOS PELA REFORMA – Destaques:
Exercício da competência tributária. 3.3 Capacidade Alterações pontuais nas imunidades.
tributária ativa. 3.4 Imunidade tributária. 3.5 A nova competência compartilhada tributária.
Distinção entre imunidade, isenção e não incidência. A progressiva alteração no regime do ICMS, diante
3.6 Imunidades em espécie. 3.7 Benefícios fiscais de do IBS.
ICMS, crédito fiscal.
4 Fontes do Direito Tributário. 4.1 Constituição PONTOS NÃO ALCANÇADOS PELA REFORMA.
Federal. 4.2 Leis complementares. 4.3 Leis ordinárias
e atos equivalentes. 4.4 Tratados internacionais. 4.5
Atos do Poder Executivo Federal com força de lei
material. 4.6 Atos exclusivos do Poder Legislativo. 4.7
Convênios. 4.8 Decretos regulamentares. 4.9 Normas
complementares.
5 Vigência, aplicação, interpretação e integração da PONTOS NÃO ALCANÇADOS PELA REFORMA.
legislação tributária.
6 Obrigação tributária. 6.1 Definição e natureza PONTOS NÃO ALCANÇADOS PELA REFORMA.
jurídica. 6.2 Obrigação principal e acessória. 6.3
Fato gerador. 6.4 Sujeito ativo. 6.5 Sujeito passivo.
6.6 Solidariedade. 6.7 Capacidade tributária. 6.8
Domicílio tributário. 6.9 Responsabilidade tributária.
6.10 Responsabilidade dos sucessores. 6.11
Responsabilidade de terceiros. 6.12 Responsabilidade
por infrações. 6.13 Substituição tributária.
7 Crédito tributário. 7.1 Constituição do crédito PONTOS NÃO ALCANÇADOS PELA REFORMA.
tributário. 7.2 Lançamento. 7.3 Modalidades de
lançamento. 7.4 Suspensão do crédito tributário.
7.5 Extinção do crédito tributário. 7.6 Exclusão do
crédito tributário. 7.7 Garantias e privilégios do
crédito tributário. 7.8 Prescrição e decadência.
8 Administração tributária. 8.1 Fiscalização. 8.2 Dívida PONTOS NÃO ALCANÇADOS PELA REFORMA.
ativa. 8.3 Certidões negativas.
9 Impostos da União. PONTOS ALCANÇADOS PELA REFORMA – Destaque:
Novo imposto da União (art. 153, VII).
10 Impostos dos Estados e do Distrito Federal. 10.1. PONTOS ALCANÇADOS PELA REFORMA – Destaque:
Imposto de transmissão causa mortis e doação, de Novos regimes e regras para os impostos estaduais.
quaisquer bens ou direitos (ITCD). 10.2. Imposto sobre
operações relativas à circulação de mercadorias e sobre
prestações de serviços de transporte interestadual
e intermunicipal e de comunicação (ICMS). 10.3.
Imposto sobre a propriedade de veículos automotores
(IPVA). 10.4 Conselho Nacional de Política Fazendária
(CONFAZ).

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1 Sistema Tributário Nacional na Constituição PONTOS ALCANÇADOS PELA REFORMA – Destaques:


Federal. 1.1 Limitações do poder de tributar. 1.2 Nova enunciação de princípios expressos na
Princípios do Direito Tributário. 1.3 Repartição das Constituição aplicáveis à tributação.
receitas tributárias. Novas regras de repartição de competência.
11 Impostos dos municípios. PONTOS ALCANÇADOS PELA REFORMA – Destaque:
Novos regimes e regras para os impostos municipais.
12 Legislação federal aplicada. 12.1 Lei n. 5.172/1966 PONTOS NÃO ALCANÇADOS PELA REFORMA
(Sistema Tributário Nacional e normas gerais de Obs.: Momentaneamente não alcançados. A
Direito Tributário). 12.2 Lei Complementar n. regulação da Reforma Tributária ainda está por
123/2006 (Estatuto Nacional da Microempresa e da vir, em nível infraconstitucional, e deverá alcançar
Empresa de Pequeno Porte). 12.3 Lei Complementar alguns pontos dentre estes.
n. 116/2003 (ISSQN). 12.4 Lei Complementar n. 87/96
e alterações posteriores (Imposto dos Estados e do
Distrito Federal sobre operações relativas à circulação
de mercadorias e sobre prestações de serviços de
transporte interestadual e intermunicipal e de
comunicação).
13. Legislação do Estado do Rio Grande do Norte PONTOS NÃO ALCANÇADOS PELA REFORMA
aplicada. 13.1 Lei Estadual n. 6.968/1996 (imposto Obs.: Momentaneamente não alcançados.
sobre operações relativas à circulação de mercadorias Dependerá de alteração das leis locais. É preciso
e sobre prestações de serviços de transporte acompanhar.
interestadual e intermunicipal e de comunicação).
13.2. Lei Estadual n. 6.967/1996 e suas alterações
(imposto de propriedade de veículos automotores –
IPVA). 13.3. Lei Estadual n. 5.887/1989 (imposto sobre
transmissão causa mortis e doação de quaisquer
bens e direitos – ITCD). 13.4. Decreto Estadual n.
31.825/2022 (ICMS).
14 Ilícito tributário. 14.1 Ilícito administrativo PONTOS NÃO ALCANÇADOS PELA REFORMA.
tributário. 14.2 Ilícito penal tributário. 14.3 Crimes
contra a ordem tributária. 14.4 Lei n. 8.137/1990
(Crimes contra a ordem tributária, econômica e contra
as relações de consumo).
15 Norma geral antielisão. PONTOS NÃO ALCANÇADOS PELA REFORMA.
16 Processo administrativo tributário. 16.1 Princípios. PONTOS NÃO ALCANÇADOS PELA REFORMA.
16.2 Acepções e espécies. 16.3 Determinação e *Obs.: Lei Complementar vai dispor sobre normas
exigência do crédito tributário. 16.4 Representação específicas de processo tributário para o IBS.
fiscal para fins penais. 16.5 Processo administrativo
tributário do Rio Grande do Norte. 16.6. Decreto
Estadual n. 13.796/1998.
17 Processo judicial tributário. 17.1 Ação de execução PONTOS NÃO ALCANÇADOS PELA REFORMA.
fiscal. 17.2 Lei n. 6.830/1980 e suas alterações
(execução fiscal). 17.3 Ação cautelar fiscal. 17.4
Ação declaratória da inexistência de relação jurídico-
tributária. 17.5 Ação anulatória de débito fiscal. 17.6
Mandado de segurança. 17.7 Ação de repetição de
indébito. 17.8 Ação de consignação em pagamento.
17.9 Ações de controle de constitucionalidade. 17.10
Ação civil pública.

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De um modo geral, é isso. O regime do CTN segue a mesma lógica: não foi alterada a teoria
da obrigação tributária, as espécies de lançamento tributário etc. Não houve alterações
na execução fiscal, no processo judicial tributário, tampouco nas normas sancionatórias e
de responsabilidade tributária.

1.2 O FATIAMENTO DO ESTUDO DA REFORMA TRIBUTÁRIA


Para sua melhor compreensão, a Reforma Tributária (EC n. 132/2023), que possui 23
artigos, pode ser dividida didaticamente nas seguintes partes:
• Artigos 1º e 2º da EC n. 132/2023;
• Artigos 3º e 11 – vigência a partir de 2027;
• Artigos 4º e 5º – vigência a partir de 2033;
• Artigos 12 a 21;
• Artigos 22 e 23.
Artigo 1º: Trata-se do artigo mais relevante da Reforma Tributária, que tem vigência
imediata e altera diretamente a Constituição Federal.
Artigo 1º da Reforma Tributária (EC n. 132/2023)
• Artigo mais relevante da Reforma;
• Vigência imediata;
• Altera diversos dispositivos da Constituição Federal;
• Dispõe, em síntese, sobre:
1) Enunciação de princípios expressos para o Sistema Tributário Nacional: simplicidade, da transparência,
da justiça tributária, da cooperação e da defesa do meio ambiente;
2) Institui os novos tributos: IBS (imposto sobre bens e serviços) e CBS (contribuição social sobre bens e serviços);
3) Adequa o sistema do SIMPLES à instituição dos novos tributos (IBS e CBS);
4) Altera a antiga COSIP (Contribuição de Iluminação Pública);
5) Passa a prever um oitavo e novo possível imposto para a União: imposto sobre produção, extração,
comercialização ou importação de bens e serviços prejudiciais à saúde ou ao meio ambiente, nos termos de
lei complementar;
6) Altera o regime jurídico (regras constitucionais para a incidência) dos seguintes tributos estaduais: ITCMD e IPVA;
7) Passa a permitir que o IPTU tenha sua base de cálculo atualizada pelo Poder Executivo, conforme critérios
estabelecidos em lei municipal;
8) Altera as regras de repartição constitucional do produto da arrecadação tributária.

Artigo 2º: Altera o ADCT, também com vigência imediata. Estabelece regras
direcionadas ao legislador complementar, fixando parâmetros para a regulação futura
da Reforma. Fixa um regime de transição para os tributos criados: IBS e CBS.
Artigo 2º da Reforma Tributária (EC n. 132/2023)
• Artigo não tão relevante quanto o art. 1º, para efeito de concursos;
• Vigência imediata;
• Altera diversos dispositivos do ADCT;
• Dispõe, em síntese, sobre:
1) Desvinculação de receitas;
2) Mecanismos de salvaguarda à Zona Franca de Manaus;
3) Regras de transição para os tributos criados pela reforma: CBS e IBS.

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Artigos 3º e 11 da Reforma (SEM VIGÊNCIA IMEDIATA): Alteram diversos dispositivos


da Constituição Federal, mas com entrada em vigor protraída. As alterações dos arts.
3º e 11 entram em vigor em 2027. Salvo melhor juízo, precisamos aguardar o modo
como as bancas examinadoras cobrarão a Reforma Tributária. Penso que as alterações
na Constituição Federal que ainda não entraram em vigor não merecem a atenção dos
concurseiros.
Artigos 4º e 5º da Reforma (SEM VIGÊNCIA IMEDIATA): Também alteram diversos
dispositivos da Constituição Federal e do ADCT, mas com entrada em vigor protraída.
As alterações dos artigos 4º e 5º somente entram em vigor em 2033. Aqui vale o mesmo
que foi dito acima para os artigos 3º e 11 da Reforma.
Esses artigos que alteram a Constituição Federal, mas com entrada em vigor somente
em 2027 e 2033, não merecem, salvo melhor juízo (a conferir como as bancas vão exigir
a Reforma), a mesma atenção dos demais dispositivos. A Constituição Federal segue em
vigor com a redação atual, em relação aos dispositivos da Reforma que só entram em vigor
em 2027 e 2033. Se a norma ainda não está em vigor, portanto, me parece não merecer a
preocupação e a energia dos concurseiros.
Os artigos 12 a 21 da Reforma (excluído o artigo 11) tratam de questões de transição
de incidência das normas da Constituição no tempo. Por exemplo, vejamos o caput
do art. 12:

Art. 12. Fica instituído o Fundo de Compensação de Benefícios Fiscais ou Financeiro-Fiscais do


imposto de que trata o art. 155, II, da Constituição Federal, com vistas a compensar, entre 1º de
janeiro de 2029 e 31 de dezembro de 2032, pessoas físicas ou jurídicas beneficiárias de isenções,
incentivos e benefícios fiscais ou financeiro-fiscais relativos àquele imposto, concedidos por
prazo certo e sob condição.

Vejam que o dispositivo serve para “compensar, entre 1º de janeiro de 2029 e 31 de


dezembro de 2032”. Portanto, normas com esse conteúdo também não merecem a atenção
do estudioso de concurso (ao meu ver).
O ponto alto desse intervalo de artigos é a regulação do modo como incidirá o ITCMD,
nas hipóteses de o doador ter domicílio ou residência no exterior, ou se o de cujus possuía
bens, era residente ou domiciliado ou teve o seu inventário processado no exterior:

Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre:
I – transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos;
(...)
§ 1º O imposto previsto no inciso I:
(...)
II – relativamente a bens móveis, títulos e créditos, compete ao Estado onde era domiciliado o
de cujus, ou tiver domicílio o doador, ou ao Distrito Federal;

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III – terá competência para sua instituição regulada por lei complementar:
a) se o doador tiver domicilio ou residência no exterior;
b) se o de cujus possuía bens, era residente ou domiciliado ou teve o seu inventário processado
no exterior;
(...)
Art. 16. Até que lei complementar regule o disposto no art. 155, § 1º, III, da Constituição Federal,
o imposto incidente nas hipóteses de que trata o referido dispositivo competirá:
I – relativamente a bens imóveis e respectivos direitos, ao Estado da situação do bem, ou ao
Distrito Federal;
II – se o doador tiver domicílio ou residência no exterior:
a) ao Estado onde tiver domicílio o donatário ou ao Distrito Federal;
b) se o donatário tiver domicílio ou residir no exterior, ao Estado em que se encontrar o bem ou
ao Distrito Federal;
III – relativamente aos bens do de cujus, ainda que situados no exterior, ao Estado onde era
domiciliado, ou, se domiciliado ou residente no exterior, onde tiver domicílio o sucessor ou
legatário, ou ao Distrito Federal.
Art. 17. A alteração do art. 155, § 1º, II, da Constituição Federal, promovida pelo art. 1º desta
Emenda Constitucional, aplica-se às sucessões abertas a partir da data de publicação desta
Emenda Constitucional.

Ainda assim, trata-se de normas a serem aplicadas até que seja editada a lei complementar
sobre o assunto. Normas de transição, portanto. O art. 17, por sua vez, é uma norma de
direito intertemporal (Dentre muitas da reforma).
São dois pontos bastante relevantes, especialmente para concursos estaduais.
Por fim, os artigos 22 e 23 da Reforma tratam das regras de sua entrada em vigor:

Art. 22. Revogam-se:


I – em 2027, o art. 195, I, “b”, e IV, e § 12, da Constituição Federal;
II – em 2033:
a) os arts. 155, II, e §§ 2º a 5º, 156, III, e § 3º, 158, IV, “a”, e § 1º, e 161, I, da Constituição Federal; e
b) os arts. 80, II, 82, § 2º, e 83 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias.
Art. 23. Esta Emenda Constitucional entra em vigor:
I – em 2027, em relação aos arts. 3º e 11;
II – em 2033, em relação aos arts. 4º e 5º; e
III – na data de sua publicação, em relação aos demais dispositivos.
Brasília, em 20 de dezembro de 2023

Tomando da Reforma apenas os dispositivos que já estão em vigor e excluindo destes


os artigos que tratam de regras de transição, os pontos mais relevantes são: as alterações
do art. 1º da Reforma e os artigos 16 e 17 da Reforma (que tratam da incidência do ITCMD).

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Conclusivamente, os artigos que ainda não estão em vigor (que “entra em vigor em
2027 e 2033”), nos termos do art. 23 da Reforma, parecem não ter grande relevância. Como
exemplo, cito o seguinte item do Edital 03/2023 da PGE-SP, banca Vunesp, publicado em
26/12/2023:

11.2. A legislação que vier a vigorar após a data de publicação deste Edital, bem como alterações
em dispositivos de lei e atos normativos a ele posteriores, não serão objeto de avaliação nas
provas do Concurso.

Caberá ao candidato ficar atento aos editais, especialmente aos itens da disciplina de
Direito Tributário. Entretanto, podemos “fatiar” o estudo da Reforma, concentrando-nos
naquilo que tem vigência imediata e que é mais relevante, abstraindo as normas de transição
e as normas que ainda não estão em vigor.
Nos tópicos seguintes, procuro abordar os pontos mais relevantes, e já em vigor, da
Reforma Tributária.

1.3 OS OBJETIVOS E IMPACTOS DA REFORMA TRIBUTÁRIA


A Reforma Tributária aprovada com a EC n. 132/2023 é, na verdade, uma fatia das
futuras reformas pelas quais devem passar o Sistema Tributário Nacional.
O centro da Reforma da EC n. 132/2023 foram os tributos incidentes sobre o consumo:
a substituição progressiva pelo IBS e pela CBS. Entretanto, não foram enfrentados tantos
outros gargalos da tributação no Brasil – como a tributação da renda.
Portanto, podemos esperar novas alterações no Direito Tributário, muito em breve.
Trata-se de um primeiro passo direcionado no sentido de simplificar a tributação do
consumo no Brasil.
De um modo geral, a ideia da Reforma foi substituir, num total de 10 anos, o PIS, a
COFINS, o IPI, o ICMS e o ISS, pelo IBS e pela CBS. Isso se dará de modo gradual e também
não integral: ainda restará, nos 10 anos de transição, pouco de incidência residual de
determinados tributos, especialmente no contexto da Zona Franca de Manaus.
Nos tópicos seguintes, veremos também que a Reforma altera, pontualmente, a estrutura
de alguns temas relevantes de Direito Tributário (como a antiga COSIP, art. 149-A da CF, a
imunidade dos templos, normas de incidência de ITCMD e IPVA).
Podemos concluir que a Reforma possui um núcleo, cujo objetivo é modificar a tributação
do consumo no Brasil, e aspectos pontuais que alteram algumas normas do Sistema
Tributário Nacional.
Vejamos os principais e mais relevantes pontos da Reforma Tributária (EC n. 132/2023).

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2. OS PRINCÍPIOS TRIBUTÁRIOS EXPRESSOS NA REFORMA


TRIBUTÁRIA (EC N. 132/2023)
A Reforma Tributária (EC n. 132/2023), na parte que entrou em vigor em 20 de dezembro
de 2023, trouxe a enunciação expressa de alguns princípios tributários.
Alguns desses princípios veiculados de modo expresso no texto da Emenda Constitucional
n. 132/2023 já faziam parte implícita da disciplina tributária e da tributação. Entretanto, é
importante que a Reforma diga, de modo expresso, quais são as diretrizes principiológicas
que a caracterizam.
Assim, foram inseridos no art. 145 da Constituição Federal os seguintes dispositivos:

Art. 145. (...)


§ 3º O Sistema Tributário Nacional deve observar os princípios da simplicidade, da transparência,
da justiça tributária, da cooperação e da defesa do meio ambiente.
§ 4º As alterações na legislação tributária buscarão atenuar efeitos regressivos.

PRINCÍPIOS TRIBUTÁRIOS EXPRESSOS DA REFORMA TRIBUTÁRIA (EC N. 132/2023)


SIMPLICIDADE
TRANSPARÊNCIA
JUSTIÇA TRIBUTÁRIA
COOPERAÇÃO
DEFESA DO MEIO AMBIENTE
ATENUAÇÃO DE EFEITOS REGRESSIVOS

A simplicidade e a transparência são princípios que devem nortear a tributação em


toda a sua amplitude: desde a criação e formatação dos tributos, até a constituição e
cobrança dos créditos tributários pela administração tributária. Os tributos devem ser
criados com as respectivas materialidades bem expressas e expostas de modo claro aos
contribuintes, evitando discussões judiciais acerca da futura cobrança (como ocorreu em
relação aos conceitos de receita e faturamento, por exemplo). A cobrança do tributo, o
processo administrativo tributário e judicial deve transcorrer de modo simples, evitando-
se constituições e discussões administrativas complexas. A administração tributária deve
se pautar pelo princípio da transparência, especialmente em relação aos entendimentos
que seguirá, dando previsibilidade aos contribuintes.
A justiça tributária é uma diretriz principiológica matriz, da qual derivam todos os
princípios constitucionais tributários. Trata-se de metaprincípio que deve guiar desde
o constituinte derivado reformador até o auditor fiscal que lavra um auto de infração.
A legalidade, a irretroatividade, as anterioridades, enfim, todos os princípios tributários
convergem para a obtenção de uma justiça tributária.

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A cooperação também é um princípio bastante presente na pragmática tributária.


Diferentemente da justiça tributária, a cooperação está presente na atividade de tributação
efetiva, ou seja, na atividade de lançamento e cobrança dos tributos. Essa cooperação
terá duas vertentes: a do Fisco e do contribuinte, esperando-se que haja um espírito
cooperativo e não beligerante; e a cooperação esperada entre os Fiscos, ou seja, entre as
esferas federativas tributantes (União, estados e municípios).
A defesa do meio ambiente é uma diretriz principiológica bastante presente na Reforma
Tributária. Por meio dela, busca-se atingir um efeito extrafiscal na tributação, de modo que
o tributo seja utilizado como mecanismo protetivo ambiental. Nesse sentido, a Reforma
trouxe um novo tributo, da espécie imposto e de competência da União:

Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:


VIII – produção, extração, comercialização ou importação de bens e serviços prejudiciais à saúde
ou ao meio ambiente, nos termos de lei complementar.

No mesmo sentido, ao criar o Fundo Nacional de Desenvolvimento Regional, a Reforma


Tributária (EC n. 132/2023) também determina a utilização de recursos com prioridade
a projetos que prevejam ações de sustentabilidade ambiental e redução das emissões
de carbono.

Art. 159-A. Fica instituído o Fundo Nacional de Desenvolvimento Regional, com o objetivo de
reduzir as desigualdades regionais e sociais, nos termos do art. 3º, III, mediante a entrega de
recursos da União aos Estados e ao Distrito Federal para:
§ 2º Na aplicação dos recursos de que trata o caput, os Estados e o Distrito Federal priorizarão
projetos que prevejam ações de sustentabilidade.

Com a mesma vertente de proteção ambiental, a Reforma altera o art. 43 da Constituição


Federal para prever o seguinte (art. 43, § 4º):

Art. 43. Para efeitos administrativos, a União poderá articular sua ação em um mesmo complexo
geoeconômico e social, visando a seu desenvolvimento e à redução das desigualdades regionais.
(...)
§ 2º Os incentivos regionais compreenderão, além de outros, na forma da lei: (...)
III – isenções, reduções ou diferimento temporário de tributos federais devidos por pessoas
físicas ou jurídicas;
(...)
§ 4º Sempre que possível, a concessão dos incentivos regionais a que se refere o § 2º, III, considerará
critérios de sustentabilidade ambiental e redução das emissões de carbono.

Por fim, ao alterar o regime jurídico do IPVA (imposto estadual incidente sobre a
propriedade de veículos automotores – Art. 155, III, da CF/1988), a Reforma Tributária

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também passa a permitir a utilização de alíquotas diferenciadas em função da utilização


e do impacto ambiental. Nesse sentido:

Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre:
(...)
III – propriedade de veículos automotores.
(...)
§ 6º O imposto previsto no inciso III:
(...)
II – poderá ter alíquotas diferenciadas em função do tipo, do valor, da utilização e do impacto
ambiental;

3. OS OBJETIVOS CENTRAIS DA REFORMA TRIBUTÁRIA E A


ATENUAÇÃO DE EFEITOS REGRESSIVOS
Quanto ao § 4º do art. 145, a Reforma traz uma diretriz principiológica relevantíssima para
um bom funcionamento do Sistema Tributário Nacional: atenuação de efeitos regressivos.
A regressividade tributária é o reverso da progressividade. A tributação “progride”
quando ela se amolda à capacidade do sujeito passivo de ser tributado – ou seja, quando
quem tem maior capacidade econômica é alcançado por uma carga tributária mais elevada.
A regressividade é a tributação não isonômica, e ela alcança, de modo especial, a
tributação dos bens. Um exemplo: Imagine uma funcionária que trabalhe como cuidadora de
crianças em uma residência de pessoas com altíssima capacidade econômica. Supondo que
essa funcionária também tenha filhos, ela e seus empregadores precisarão ir ao mercado
adquirir bens semelhantes: leite, chupeta, mamadeiras, frutas, verduras, papinhas etc.
A tributação dos bens, quando ela é elevada (tomemos como exemplo uma tributação
sobre os bens acima de 20%), atinge indistintamente a todos os contribuintes que adquirem
aqueles bens.
É o que eu chamo de “tributação sem rosto”, na medida em que a incidência do tributo
desconsidera a capacidade econômica de quem o adquire.
Obviamente seria impraticável que os tributos sobre os bens variassem conforme a
comprovação da capacidade econômica de quem os adquirem nos mercados. Isso seria
impossível.
Para atenuar esse efeito, tributos que incidem sobre os bens e sobre o consumo devem
observar o princípio tributário da seletividade, de modo que um perfume será tributado
de modo mais intenso do que uma lata de leite em pó. A essencialidade do produto vai
exigir uma tributação menor. De outro lado, o bem supérfluo (ou que não seja essencial à
sobrevivência humana) pode ser tributado de modo mais intenso.

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Todavia, no nosso exemplo, a tributação que recairá sobre uma mãe, na aquisição
dos mesmos produtos (provavelmente essenciais, como o leite etc.), não será dosada em
conformidade com a sua capacidade contributiva.
Um parêntese: os tributos que incidem sobre os bens e serviços, como o IPI, o ICMS e o
ISS, possuem repercussão econômica sobre o chamado contribuinte de fato. Contribuinte
de direito será o industrial, o comerciante e o prestador de serviços. Contribuinte de fato
será o consumidor final desses bens e serviços, que arcará com o custo de toda a cadeia
de incidência tributária.
A regressividade fica clara na medida em que uma alta concentração de tributação
sobre os bens resultará na mesma repercussão econômica de uma cadeia de tributos,
desconsiderando a capacidade econômica dos contribuintes de fato.
Repiso que não há como resolver efetivamente esse problema na incidência tributária
sobre os bens. Essa questão é mais propriamente resolvida na tributação da renda. Quando
incide o imposto sobre a renda ou proventos de qualquer natureza, ganhos de capital e
etc., há uma efetiva “tributação com rosto”, como eu chamo: o tributo progredirá conforme
avance numericamente o tamanho da grandeza econômica subjacente.
Por esse motivo, os países desenvolvidos, integrantes da OCDE, tributam mais pesadamente
a renda. O imposto sobre os bens que se paga nos EUA é calculado “por fora” do produto,
favorecendo a transparência (que também é princípio expresso da Reforma – EC n. 132/2023),
e em alíquotas que não ultrapassam 9% (até onde eu conheço).
Todavia, o imposto sobre a renda e ganhos de capital nos EUA é extremamente pesado.
Por exemplo, enquanto no Brasil os dividendos são isentos, nos EUA eles pagam 30% de
imposto de renda.
A Reforma Tributária (EC n. 132/2023) avança, nesse primeiro momento, sobre a
tributação sobre os bens e serviços precisamente para buscar uma maior aproximação à
fórmula adotada em países desenvolvidos: tributar mais severamente a renda, e menos
severamente os bens e serviços.
Se o mercadinho não tem como dosar o efeito econômico dos tributos sobre os bens,
quando uma mãe de baixa renda e uma mãe de alta renda compram os mesmos produtos
essenciais para seus filhos (leite, mamadeira etc.), a solução é reduzir a carga (de um modo
geral) sobre os bens e elevar, em contrapartida, sobre a renda.
Essa é a razão subjacente ao principal objetivo da Reforma Tributária, que fica claro com
a perseguição de efeitos não regressivos. Como dito acima, essa é apenas uma primeira
parte do problema. Será preciso reformar completamente a tributação sobre a renda (o
que, na EC n. 132/2023, não foi feito).

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4. A NOVA CONTRIBUIÇÃO DE CUSTEIO, A EXPANSÃO E


A MELHORIA DO SERVIÇO DE ILUMINAÇÃO PÚBLICA E
DE SISTEMAS DE MONITORAMENTO PARA SEGURANÇA E
PRESERVAÇÃO DE LOGRADOUROS PÚBLICOS
É muito importante destacar que a Reforma Tributária (EC n. 132/2023) alterou
sensivelmente o tributo previsto no Art. 149-A da Constituição Federal.

Art. 149-A. Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir contribuição, na forma das
respectivas leis, para o custeio, a expansão e a melhoria do serviço de iluminação pública e de
sistemas de monitoramento para segurança e preservação de logradouros públicos, observado
o disposto no art. 150, I e III.
Parágrafo único. É facultada a cobrança da contribuição a que se refere o caput, na fatura de
consumo de energia elétrica.

Precisamos rememorar que a antiga “Contribuição de Iluminação Pública” (COSIP) foi


criada como uma alternativa às taxas de iluminação pública (criadas por diversos entes
federativos e que foi considerada inconstitucional pelo STF, diante da ausência dos requisitos
de divisibilidade e especificidade das taxas). Em seguida, a Constituição foi alterada para
permitir a mesma cobrança, mas albergada em espécie tributária peculiar: a contribuição
(e não a taxa).
Agora a materialidade de incidência do tributo foi alargada: antes da Reforma Tributária,
ela incidia tão somente sobre a “iluminação pública”.
Materialidades antigas do art. 149-A Novas materialidades do art. 149-A
O custeio do serviço de iluminação pública. • O custeio, a expansão e a melhoria do serviço de
iluminação pública;
• O custeio, a expansão e a melhoria de sistemas de
monitoramento para segurança e preservação de
logradouros públicos.

Sobre a expansão e a melhoria do SERVIÇO DE ILUMINAÇÃO PÚBLICA, o STF já havia


permitido sua cobrança em sede de repercussão geral:

Tema n. 696 – Validade da destinação de recursos advindos da contribuição para o


custeio do serviço de iluminação pública também ao melhoramento e à expansão da
rede.
Tese: É constitucional a aplicação dos recursos arrecadados por meio de contribuição
para o custeio da iluminação pública na expansão e aprimoramento da rede.

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A EC n. 132/2023 constitucionalizou o Tema n. 696, no ponto, mas não apenas isso.


Houve um grande incremento de incidência: o custeio, a expansão e a melhoria de sistemas
de monitoramento para segurança e preservação de logradouros públicos.
Agora, a contribuição que veio substituir uma inconstitucional taxa de serviço (antiga
taxa de iluminação pública), poderá custear também a expansão e a melhoria de sistemas
de monitoramento para segurança e preservação de logradouros públicos.

5. PREVISÃO NA REFORMA TRIBUTÁRIA (EC N. 132/2023)


DE ALÍQUOTA ZERO
É interessante perceber que a Constituição Federal passou a prever, direta e
normativamente, uma situação de alíquota zero, a partir da Reforma Tributária de dezembro
de 2023 (EC n. 132/2023):

Art. 149-C. O produto da arrecadação do imposto previsto no art. 156-A e da contribuição


prevista no art. 195, V, incidentes sobre operações contratadas pela administração pública
direta, por autarquias e por fundações públicas, inclusive suas importações, será integralmente
destinado ao ente federativo contratante, mediante redução a zero das alíquotas do imposto e
da contribuição devidos aos demais entes e equivalente elevação da alíquota do tributo devido
ao ente contratante.
§ 1º As operações de que trata o caput poderão ter alíquotas reduzidas de modo uniforme, nos
termos de lei complementar.
§ 2º Lei complementar poderá prever hipóteses em que não se aplicará o disposto no caput e
no § 1º.
§ 3º Nas importações efetuadas pela administração pública direta, por autarquias e por fundações
públicas, o disposto no art. 150, VI, “a”, será implementado na forma do disposto no caput e no
§ 1º, assegurada a igualdade de tratamento em relação às aquisições internas.

Trata-se de contexto no qual o ente adquirente é a própria administração pública,


zerando a Constituição a alíquota para a respectiva aquisição do valor que seria destinado
aos demais entes tributantes, e compensando com a elevação da alíquota relacionada ao
tributo que seria destinado ao ente contratante.

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6. CONDICIONANTE PARA O GOZO DA IMUNIDADE


RECÍPROCA
A Reforma Tributária (EC n. 132/2023) alterou a redação do § 2º do art. 150 da Constituição
Federal para prever o seguinte:
Redação dada pela Reforma Tributária
Redação anterior
(EC n. 132/2023)
§ 2º A vedação do inciso VI, “a”, é extensiva às § 2º A vedação do inciso VI, “a”, é extensiva às
autarquias e às fundações instituídas e mantidas autarquias e às fundações instituídas e mantidas
pelo Poder Público, no que se refere ao patrimônio, pelo poder público e à empresa pública prestadora
à renda e aos serviços, vinculados a suas finalidades de serviço postal, no que se refere ao patrimônio, à
essenciais ou às delas decorrentes. renda e aos serviços vinculados a suas finalidades
essenciais ou às delas decorrentes. (Redação dada
pela Emenda Constitucional n. 132, de 2023)

Houve o acréscimo da “empresa pública prestadora de serviço postal”, em uma clara


referência aos CORREIOS (ECT), de modo que se aplica a imunidade tributária recíproca, no que
se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços vinculados a suas finalidades essenciais ou às
delas decorrentes. Esse já era um entendimento do STF, que agora está constitucionalizado.

7. A IMUNIDADE DAS ENTIDADES RELIGIOSAS E DOS


TEMPLOS DE QUALQUER CULTO – REFORMA TRIBUTÁRIA
(EC N. 132/2023)
Dispõe a CF, art. 150, VI, b, com a redação dada pela EC n. 132/2023:

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
VI – instituir impostos sobre:
b) entidades religiosas e templos de qualquer culto, inclusive suas organizações assistenciais e
beneficentes;
(...)
§ 4º As vedações expressas no inciso VI, alíneas “b” e “c”, compreendem somente o patrimônio, a
renda e os serviços, relacionados com as finalidades essenciais das entidades nelas mencionadas.

A compreensão do termo “culto” envolve a invocação de uma ou mais divindades, às quais


se resolve cultuar coletivamente. Nesse contexto, o STF negou a aplicação da imunidade
às lojas maçônicas.

A imunidade tributária conferida pelo art. 150, VI, b, é restrita aos templos de qualquer
culto religioso, não se aplicando à maçonaria, em cujas lojas não se professa qualquer
religião.
[RE 562.351, rel. min. Ricardo Lewandowski, j. 4-9-2012, 1ª T, DJE de 14-12-2012.]

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Essa imunidade é uma salvaguarda à liberdade de crença e da garantia de livre exercício


dos cultos religiosos, assegurada proteção aos locais de culto e às suas liturgias, conforme
se colhe do art. 5º, VI, da CF.
O § 4º do art. 150 da CF impõe vinculação à finalidade essencial da imunidade religiosa.
Nesse sentido, são os seguintes precedentes do STF:

Recurso extraordinário. Constitucional. Imunidade tributária. IPTU. Art. 150, VI, b,


CF/1988. Cemitério. Extensão de entidade de cunho religioso. Os cemitérios que
consubstanciam extensões de entidades de cunho religioso estão abrangidos pela
garantia contemplada no art. 150 da Constituição do Brasil. Impossibilidade da incidência
de IPTU em relação a eles. A imunidade aos tributos de que gozam os templos de
qualquer culto é projetada a partir da interpretação da totalidade que o texto da
Constituição é, sobretudo do disposto nos arts. 5º, VI; 19, I; e 150, VI, b. As áreas da
incidência e da imunidade tributária são antípodas.
[RE 578.562, rel. min. Eros Grau, j. 21-5-2008, P, DJE de 12-9-2008.]

Instituição religiosa. IPTU sobre imóveis de sua propriedade que se encontram alugados.
A imunidade prevista no art. 150, VI, b, da CF deve abranger não somente os prédios
destinados ao culto, mas, também, o patrimônio, a renda e os serviços “relacionados
com as finalidades essenciais das entidades nelas mencionadas”. O § 4º do dispositivo
constitucional serve de vetor interpretativo das alíneas b e c do inciso VI do art. 150
da CF. Equiparação entre as hipóteses das alíneas referidas.

[RE 325.822, rel. p/ o ac. min. Gilmar Mendes, j. 18-12-2002, P, DJ de 14-5-2004.]


O fato de os imóveis estarem sendo utilizados como escritório e residência de membros
da entidade não afasta a imunidade prevista no art. 150, inciso VI, alínea c, §4º, da
Constituição Federal (STJ, Segunda Turma, Min. MARCO AURÉLIO, RE221.395-8/SP, 2000).

Com a Reforma Tributária (EC n. 132/2023), houve um notável alargamento das


possibilidades de aplicação da imunidade constitucional. Primeiramente, embora já se
compreendesse que se trata de uma imunidade subjetiva, acresceu-se ao termo “templos
de qualquer culto” a expressão “entidades religiosas”. Ou seja, a imunidade é do templo e da
própria entidade. Ademais, passa a alcançar as organizações assistenciais e beneficentes
vinculadas à entidade religiosa.

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Vale dizer: se a entidade religiosa mantém um espaço de acolhimento de idosos, população


vulnerável, órfãos, essa organização (subjetiva e objetivamente) será igualmente alcançada
pela imunidade constitucional.

8. IMPOSTO SOBRE A PRODUÇÃO, EXTRAÇÃO,


COMERCIALIZAÇÃO OU IMPORTAÇÃO DE BENS E SERVIÇOS
PREJUDICIAIS À SAÚDE OU AO MEIO AMBIENTE, NOS
TERMOS DE LEI COMPLEMENTAR
A Reforma Tributária (EC n. 132/2023) abriu uma nova materialidade para a tributação,
mediante o exercício de competência da União.
A União poderá criar, nos termos de lei complementar, um imposto incidente sobre
a “produção, extração, comercialização ou importação” de “bens e serviços”, que sejam
“prejudiciais à saúde ou ao meio ambiente”.
A base é bastante larga (bens e serviços prejudiciais à saúde ou ao meio ambiente), uma
vez que basta atentar às embalagens dos produtos, que indicam “alto teor de açúcar”, “alto
teor de sódio” etc. Será difícil dizer que um pacote de bolachas recheadas, com gordura
saturada e alto teor de açúcar não é “prejudicial à saúde”. Pode-se dizer que um refrigerante
não é “prejudicial à saúde”?
Além da base ser possivelmente extensa, os verbos relacionados a ela são igualmente
amplos, alcançando praticamente todas as etapas da cadeia econômica: “produção, extração,
comercialização ou importação”.
Existe mais um aspecto relevante a ser considerado: há a possibilidade de ser instituída
uma bitributação jurídica (art. 153, § 6º, V – poderá ter o mesmo fato gerador e base de
cálculo de outros tributos). Além dessa norma, há a seguinte previsão na Constituição
Federal de regulação mínima para o futuro imposto:

Art. 153. [...]


(...)
VIII – produção, extração, comercialização ou importação de bens e serviços prejudiciais à saúde
ou ao meio ambiente, nos termos de lei complementar.
(...)
§ 6º O imposto previsto no inciso VIII do caput deste artigo:
I – não incidirá sobre as exportações nem sobre as operações com energia elétrica e com
telecomunicações;
II – incidirá uma única vez sobre o bem ou serviço;
III – não integrará sua própria base de cálculo;
IV - integrará a base de cálculo dos tributos previstos nos arts. 155, II, 156, III, 156-A e 195, V;
V – poderá ter o mesmo fato gerador e base de cálculo de outros tributos;

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VI – terá suas alíquotas fixadas em lei ordinária, podendo ser específicas, por unidade de medida
adotada, ou ad valorem;
VII – na extração, o imposto será cobrado independentemente da destinação, caso em que a
alíquota máxima corresponderá a 1% (um por cento) do valor de mercado do produto.

Como a instituição dependerá de uma futura lei complementar, restará esperar o modo
como o legislador regulamentará a temática.

9. IMPACTO DA REFORMA TRIBUTÁRIA (EC N. 132/2023) NO


ITCMD
Em relação ao ITCMD, de modo imediato, a Reforma Tributária (EC n. 132/2023) estabelece
o seguinte regramento:

Art. 155. [...]


II – relativamente a bens móveis, títulos e créditos, compete ao Estado onde era domiciliado
ode cujus, ou tiver domicílio o doador, ou ao Distrito Federal;
VI – será progressivo em razão do valor do quinhão, do legado ou da doação;
VII – não incidirá sobre as transmissões e as doações para as instituições sem fins lucrativos com
finalidade de relevância pública e social, inclusive as organizações assistenciais e beneficentes de
entidades religiosas e institutos científicos e tecnológicos, e por elas realizadas na consecução
dos seus objetivos sociais, observadas as condições estabelecidas em lei complementar.

A primeira mudança está relacionada à incidência do ITCMD sobre o fato da transmissão


de bens “causa mortis”, ou seja, com a morte do proprietário dos ativos a serem objeto
da partilha.
O ponto alterado diz respeito ao destino do imposto, em relação a quem competirá o
exercício da tributação para os casos de bens móveis, títulos e créditos: antes da Reforma,
prioritariamente, a competência era do ente tributante onde se processava o inventário;
agora, com a Reforma, será do ente tributante onde era domiciliado o de cujus. Vejamos
um comparativo das redações:
ANTES DA REFORMA APÓS A REFORMA
O ITCMD relativamente a bens móveis, títulos e O ITCMD relativamente a bens móveis, títulos e
créditos compete ao Estado onde se processar créditos, compete ao Estado onde era domiciliado
o inventário ou arrolamento, ou tiver domicílio o o de cujus, ou tiver domicílio o doador, ou ao Distrito
doador, ou ao Distrito Federal. Federal.

Nos termos do art. 17 da Reforma Tributária (EC n. 132/2023), a alteração acima só se


aplicará às sucessões abertas a partir de 20 de dezembro de 2023.

Art. 17. A alteração do art. 155, § 1º, II, da Constituição Federal, promovida pelo art. 1º desta
Emenda Constitucional, aplica-se às sucessões abertas a partir da data de publicação desta
Emenda Constitucional.

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Portanto, não importa o local onde será processado o inventário. Hipoteticamente,


pensemos em alguém que faleça tendo domicílio no DF, possuindo apenas bens móveis
(ações negociadas em bolsa, dinheiro em depósito bancário, título do tesouro direto etc.),
mas cujos herdeiros são domiciliados no Rio de Janeiro. Por uma questão de logística,
os herdeiros resolvem processar o inventário no Rio de Janeiro (local de sua residência).
Pela redação antiga, o imposto caberia ao Rio de Janeiro; pela redação nova, o imposto
caberá ao DF.
A segunda alteração no regime do ITCMD está na permissão da progressividade em
razão do valor do quinhão, do legado ou da doação, de modo que o tributo poderá variar de
um modo a se adequar ao princípio da capacidade contributiva: quanto maior a grandeza
tributável, maior o tributo. É um processo de progressividade tributária semelhante ao que
ocorre com o imposto de renda, em relação às faixas de renda tributáveis e às respectivas
alíquotas. Essa alteração também atende a um princípio expressado na reforma tributária,
que é a de evitar que os tributos tenham efeitos regressivos. Adota-se a possibilidade de uma
fixação de faixas de alíquotas do tributo que progridam em conformidade com o aumento
da base de cálculo. Por exemplo, em heranças com valores até 100 mil, a alíquota será de
1%. De 100,01 mil até 200 mil, a alíquota será de 2%. Assim em diante. O interessante da
progressividade é que uma herança de 180 mil, nesse exemplo hipotético, vai pagar 1% de
alíquota até 100 mil (1 mil reais), e 2% no que ultrapassar esse valor.
A terceira alteração diz respeito à criação de uma imunidade constitucional no art. 155,
§ 1º, VII. A imunidade é específica para as doações. Quando o beneficiário ou o doador forem
instituições sem fins lucrativos com finalidade de relevância pública e social, inclusive as
organizações assistenciais e beneficentes de entidades religiosas e institutos científicos e
tecnológicos, o tributo não incidirá.
Por fim, há uma quarta alteração no regime do ITCMD, relativa ao fato da transmissão
causa mortis, em um contexto no qual há bens situados no exterior, ou no contexto do fato
da doação quando o doador for domiciliado no exterior. O artigo 16 da Reforma Tributária
(EC n. 132/2023) regulamenta provisoriamente, enquanto não instituída lei complementar,
o seguinte dispositivo constitucional:

Art. 155. [...]


§ 1º (...)
III – terá competência para sua instituição regulada por lei complementar:
a) se o doador tiver domicílio ou residência no exterior;
b) se o de cujus possuía bens, era residente ou domiciliado ou teve o seu inventário processado
no exterior;

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É importante destacar que essa foi uma questão objeto de intensos debates na
jurisprudência, culminando com a edição da seguinte tese de repercussão geral pelo
Supremo Tribunal Federal:

Tema n. 0825
Título: Possibilidade de os Estados-membros fazerem uso de sua competência legislativa
plena, com fulcro no art. 24, § 3º, da Constituição e no art. 34, § 3º, do ADCT, ante
a omissão do legislador nacional em estabelecer as normas gerais pertinentes à
competência para instituir o Imposto sobre Transmissão Causa Mortis ou Doação de
quaisquer Bens ou Direitos – ITCMD, nas hipóteses previstas no art. 155, § 1º, III, a e
b, da Lei Maior.

Descrição: Recurso extraordinário em que se discute, à luz dos arts. 24, I, e § 3º, e
155, I, e § 1º, II e III, b, da Constituição Federal e do art. 34, § 3º e § 4º, do ADCT, a
possibilidade de os Estados-membros fazerem uso de sua competência legislativa
plena, com base no art. 24, § 3º, da CF e no art. 34, § 3º, do ADCT, ante a omissão do
legislador nacional em estabelecer as normas gerais pertinentes à competência para
instituir o Imposto sobre Transmissão Causa Mortis ou Doação de quaisquer Bens ou
Direitos – ITCMD, nas hipóteses previstas no art. 155, § 1º, III, a e b, da Lei Maior.

Foi firmada a seguinte Tese de repercussão geral: “É vedado aos estados e ao Distrito
Federal instituir o ITCMD nas hipóteses referidas no art. 155, § 1º, III, da Constituição
Federal sem a edição da lei complementar exigida pelo referido dispositivo constitucional”.
Esse contexto se refere à possibilidade de o ITCMD ser cobrado (também) no Brasil, em
relação aos doadores domiciliados no exterior, ou nos casos de o de cujus possuir bens no
exterior, lá ter sido domiciliado ou lá ter tido processado o seu inventário.
Imagine que uma tia, residente nos EUA, doe suas joias a uma sobrinha residente em São
Paulo. Esse é um fato que se amolda à materialidade tributável pelo ITCMD: uma transmissão
de bens móveis mediante o instituto da doação. Entretanto, não havia regulação para a
referida incidência. Precisamos sempre repetir: a Constituição Federal não cria tributos;
ela viabiliza as condições para a futura criação dos tributos.
Agora, na segunda hipótese, imagine alguém, residente nos EUA, que tem bens no Brasil
e no exterior (ações, imóveis etc.). Vindo a falecer, seus herdeiros brasileiros, residentes
no Brasil, abrem o inventário no estado de São Paulo. Não há, no entendimento do STF, a
condição completa para a incidência de ITCMD sobre o fato da transmissão causa mortis
dos bens existentes no exterior, ante a ausência de lei complementar.

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Assim, para esses dois pontos, o STF compreendeu que a incidência demanda a edição
de lei complementar.
A Reforma Tributária, EC n. 132/2023, promove a seguinte regulamentação
provisória do tema:

Art. 16. Até que lei complementar regule o disposto no art. 155, § 1º, III, da Constituição Federal,
o imposto incidente nas hipóteses de que trata o referido dispositivo competirá:
I – relativamente a bens imóveis e respectivos direitos, ao Estado da situação do bem, ou ao
Distrito Federal;
II – se o doador tiver domicílio ou residência no exterior:
a) ao Estado onde tiver domicílio o donatário ou ao Distrito Federal;
b) se o donatário tiver domicílio ou residir no exterior, ao Estado em que se encontrar o bem ou
ao Distrito Federal;
III – relativamente aos bens do de cujus, ainda que situados no exterior, ao Estado onde era
domiciliado, ou, se domiciliado ou residente no exterior, onde tiver domicílio o sucessor ou
legatário, ou ao Distrito Federal.

O objetivo do reformador foi o de viabilizar a tributação desses fatos, diante da


repercussão geral do STF.

10. IMPACTO DA REFORMA TRIBUTÁRIA (EC N. 132/2023)


NO IPVA
Em relação ao IPVA, de modo imediato, a Reforma Tributária (EC n. 132/2023) estabelece
o seguinte regramento:

Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre:
(...)
III – propriedade de veículos automotores.
(...)
§ 6º O imposto previsto no inciso III [ipva]:
(...)
II – poderá ter alíquotas diferenciadas em função do tipo, do valor, da utilização e do impacto
ambiental;
III – incidirá sobre a propriedade de veículos automotores terrestres, aquáticos e aéreos,
excetuados:
a) aeronaves agrícolas e de operador certificado para prestar serviços aéreos a terceiros;
b) embarcações de pessoa jurídica que detenha outorga para prestar serviços de transporte
aquaviário ou de pessoa física ou jurídica que pratique pesca industrial, artesanal, científica ou
de subsistência;

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c) plataformas suscetíveis de se locomoverem na água por meios próprios, inclusive aquelas cuja
finalidade principal seja a exploração de atividades econômicas em águas territoriais e na zona
econômica exclusiva e embarcações que tenham essa mesma finalidade principal;
d) tratores e máquinas agrícolas.

O IPVA agora poderá variar conforme o valor e o impacto ambiental do veículo automotor.
Além disso, impactando a jurisprudência que existia, passará a poder incidir sobre aeronaves
e embarcações, com as limitações agora previstas na Constituição Federal (na redação
dada pela EC n. 132/2023).
A questão relativa às aeronaves e embarcações era um ponto de constante menção em
aulas e manuais da disciplina. Vejamos que o chamado “fato signo presuntivo de riqueza”
é a PROPRIEDADE, adjetivada do seguinte modo: “VEÍCULO AUTOMOTOR”. E o que vem a
ser um veículo automotor? Podemos dizer que uma bicicleta, por mais cara que ela seja,
não é um veículo automotor, uma vez que não se desloca por motorização própria. Em um
outro exemplo, a força motora de uma carroça de burro não é automotora, afastando a
possibilidade de uma futura tributação.
A Constituição Federal não cria tributos; ela permite que os tributos sejam criados na
trilha das espécies, competências e materialidades que elenca. Confesso que eu nunca
compreendi o motivo pelo qual o Poder Judiciário vedava a tributação das embarcações e
das aeronaves automotoras.
Um planador, uma asa-delta, um barco movido pelo vento, um caiaque, efetivamente
não poderiam ser tributados. Mas uma motonáutica não é um veículo automotor? Qual
a diferença conceitual de uma lancha e um carro, senão tão somente o ambiente em que
se desloca?
Portanto, salvo melhor juízo, a Constituição Federal sequer precisaria ter sido alterada –
com o devido respeito aos precedentes, eles desconsideravam o conteúdo da materialidade
aberta à tributação (o fato signo da riqueza, propriedade, em relação a veículos automotores).
A reforma corrige essa má leitura ou desvio de compreensão da expressão de riqueza
que a Constituição abriu para ser tributada. Ademais, a reforma cria certas imunidades
objetivas: alguns bens estarão fora da incidência.
Aeronaves e tratores agrícolas atendem à força política e econômica do agronegócio
brasileiro. As plataformas estão relacionadas, muito provavelmente, à exploração de recursos
naturais; a PETROBRAS, por exemplo, parece ser a beneficiária da imunidade objetiva
atribuída a esses veículos. E as embarcações de transporte e de pesca artesanal parece ter
por finalidade proteger pequenos pescadores e empresas que realizam transportes essenciais
para determinadas áreas; basta pensar que Manaus depende bastante do transporte via
rio, para o seu abastecimento.

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Pensar assim parece ficar mais fácil a memorização dessas exceções: agronegócio,
exploração natural, pesca de subsistência e de pequena exploração econômica e transporte
para áreas que dele dependem para o seu abastecimento.
Por fim, a questão da dosagem da tributação conforme o impacto ambiental do veículo
automotor atende a um dos princípios que vieram enunciados na Reforma Tributária, que
é o da utilização extrafiscal dos tributos como mecanismo de proteção ambiental.

11. IMPACTO DA REFORMA TRIBUTÁRIA (EC N. 132/2023)


NO IPTU
Em relação ao IPTU, de modo imediato, a Reforma Tributária (EC n. 132/2023) estabelece
o seguinte regramento:

Art. 156. [...]


§ 1º (...)
III – ter sua base de cálculo atualizada pelo Poder Executivo, conforme critérios estabelecidos
em lei municipal.

Essa é uma questão que também já foi objeto de alguns pronunciamentos do Supremo
Tribunal Federal. A base de cálculo do tributo da espécie imposto e de competência municipal,
incidente sobre a grandeza econômica “propriedade”, especificamente a “territorial e predial
urbana”, vem prevista no seguinte dispositivo do CTN:

Art. 33. A base do cálculo do imposto é o valor venal do imóvel.

O valor venal costuma ser atualizado pelos municípios, por ato infralegal, mediante a
aplicação dos índices inflacionários de correção monetária. Assim, a base de cálculo do IPTU
pode ser atualizada, sem lei formal, de modo a recompor as perdas inflacionárias anuais.
Vale dizer: nominalmente o valor aumenta, mas economicamente se compreende que é
uma mera atualização monetária.
O STF definiu a questão ao julgar o Tema n. 211 da sua repercussão geral:

Tema n. 211 - Necessidade de lei em sentido formal para a atualização do valor venal
de imóveis. Há Repercussão? Sim
Relator(a): MIN. GILMAR MENDES Leading Case: RE 648245
Descrição: Agravo de instrumento interposto contra decisão que inadmitiu recurso
extraordinário em que se discute, à luz do art. 150, I, da Constituição Federal, a
necessidade, ou não, de lei em sentido formal para fins de atualização do valor venal
de imóveis para o cálculo do Imposto Predial e Territorial Urbano - IPTU.

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Tese: A majoração do valor venal dos imóveis para efeito da cobrança de IPTU
não prescinde da edição de lei em sentido formal, exigência que somente se
pode afastar quando a atualização não excede os índices inflacionários anuais de
correção monetária.

O Superior Tribunal de Justiça possui entendimento sumulado no mesmo sentido


(Súmula n. 160):

É defeso, ao município, atualizar o IPTU, mediante decreto, em percentual superior


ao índice oficial de correção monetária.

A reforma passa a dispor que a lei municipal poderá estabelecer os critérios de atualização
da base de cálculo do IPTU. A mera correção monetária da base de cálculo, nos termos
da jurisprudência, já vinha sendo feita. O que a reforma faz é passar a permitir a efetiva
recomposição real da base de cálculo por atos infralegais, desde que seguidas as diretrizes
firmadas nas leis municipais – salvo melhor juízo.
Repito: uma coisa é a mera atualização monetária do valor; outra é a sua efetiva majoração
ou aumento, para além da correspondência monetária dos índices oficiais e anuais de
recomposição inflacionária da moeda.

12. A CRIAÇÃO DO FUNDO NACIONAL DE


DESENVOLVIMENTO REGIONAL – EC N. 132/2023
(REFORMA TRIBUTÁRIA)
Com a finalidade de reduzir as desigualdades regionais e sociais, a Reforma Tributária (EC
n. 132/2023) criou o Fundo Nacional de Desenvolvimento Regional (art. 159-A da CF/1988).
O Fundo será composto de recursos entregues pela União aos Estados e ao Distrito Federal,
com as seguintes finalidades: I – realização de estudos, projetos e obras de infraestrutura;
II – fomento a atividades produtivas com elevado potencial de geração de emprego e renda,
incluindo a concessão de subvenções econômicas e financeiras; e III – promoção de ações
com vistas ao desenvolvimento científico e tecnológico e à inovação.
A Reforma Tributária de 2023 concedeu algumas características peculiares ao Fundo
Nacional de Desenvolvimento Regional.
Em primeiro lugar, a União não poderá opor qualquer retenção ou restrição ao recebimento
de recursos pelos estados e municípios.
Em segundo lugar, na mesma direção de uma forte tendência da Reforma (que é a
cautela com o meio ambiente), na utilização dos recursos, os estados e o Distrito Federal
priorizarão projetos que prevejam ações de sustentabilidade ambiental e redução das
emissões de carbono.

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Em terceiro lugar, caberá ao Tribunal de Contas da União a responsabilidade de


regulamentar e calcular os coeficientes individuais de participação, que serão calculados
com base nos seguintes indicadores e com os seguintes pesos: I – população do Estado
ou do Distrito Federal, com peso de 30% (trinta por cento); II – coeficiente individual de
participação do Estado ou do Distrito Federal nos recursos de que trata o art. 159, I, “a”,
da Constituição Federal, com peso de 70% (setenta por cento).

13. PREVISÕES DE BITRIBUTAÇÃO JURÍDICA


A regra da VEDAÇÃO À BITRUBUTAÇÃO JURÍDICA passa a ter algumas exceções com a Reforma
Tributária de 2023 (EC n. 132/2023). Agora a Constituição Federal passa a prever algumas
hipóteses em que os entes tributantes exercem competência tributária compartilhadas.
É o caso do chamado IBS (imposto sobre bens e serviços), de competência compartilhada
entre estados, Distrito Federal e municípios (Art. 156-A da Constituição Federal). As
características e peculiaridades do novo imposto serão definidas em lei complementar.
Um outro caso de bitributação jurídica (repiso, que ocorre quando um ente tributante pode
criar tributo com as mesmas materialidades, fatos geradores, de tributos da competência de
outro ente tributante) prevista na Reforma Tributária de 2023 (EC n. 132/2023) envolve nova
espécie de imposto federal. Trata-se do imposto sobre produção, extração, comercialização
ou importação de bens e serviços prejudiciais à saúde ou ao meio ambiente, nos termos de
lei complementar (Art. 153, VIII).

Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:


(...)
VIII – produção, extração, comercialização ou importação de bens e serviços prejudiciais à saúde
ou ao meio ambiente, nos termos de lei complementar.
(...)
§ 6º O imposto previsto no inciso VIII do caput deste artigo:
I – não incidirá sobre as exportações nem sobre as operações com energia elétrica e com
telecomunicações;
II – incidirá uma única vez sobre o bem ou serviço;
III – não integrará sua própria base de cálculo;
IV - integrará a base de cálculo dos tributos previstos nos arts. 155, II, 156, III, 156-A e 195, V;
V – poderá ter o mesmo fato gerador e base de cálculo de outros tributos;
VI – terá suas alíquotas fixadas em lei ordinária, podendo ser específicas, por unidade de medida
adotada, ou ad valorem;
VII – na extração, o imposto será cobrado independentemente da destinação, caso em que a
alíquota máxima corresponderá a 1% (um por cento) do valor de mercado do produto.

Merece destaque o inciso V do § 6º do art. 153: o imposto poderá ter o mesmo fato
gerador e base de cálculo de outros tributos.

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14. A SUBSTITUIÇÃO NO SISTEMA DE TRIBUTAÇÃO


DOS BENS: CRIAÇÃO DO IBS (IMPOSTO SOBRE BENS E
SERVIÇOS) E DA CSBS (CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE
BENS E SERVIÇOS)
Embora tenha alterado pontualmente variados dispositivos constitucionais, como vimos
anteriormente, a reforma tributária teve como principal objetivo promover uma substancial
reformulação da tributação incidente sobre o consumo, bens e serviços.
Aqui vale novamente o alerta feito no início deste material: essa mudança de tributação
no consumo será feita de modo gradual, incluindo uma fase inicial de “teste”.
Portanto, para concursos, tenham cautela ao dar relevância a aspectos normativos
da reforma que ainda não estão em vigor, bem como para normas de transição de menor
importância (para cobrança em concursos!).
Retirei do portal AGÊNCIA SENADO a seguinte imagem, que bem ilustra a substituição
de tributos a incidirem sobre o consumo:

Outra imagem retirada do portal AGÊNCIA SENADO demonstra o período de transição


do ICMS + ISS para o IBS:

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Portanto, haverá um período de “teste” antes da efetiva transição. Esse período de teste
se inicia em 2026. A transição terá início em 2027 e tem prazo para ser concluída em 2033.
A extinção do ICMS e do ISS somente ocorrerá em 2033.

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Em relação ao PIS e à COFINS, bem como ao IPI, tributos federais, outra imagem da
AGÊNCIA SENADO bem ilustra o impacto para eles:

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O IPI sobreviverá à Reforma, exclusivamente em razão da Zona Franca de Manaus.


Entretanto, excluída sua utilização para o regime incentivado da ZFM, o IPI não mais incidirá
a partir de 2027.
Do mesmo modo, o PIS e a COFINS serão extintos em 2027, no final do período de testes.

14.1 A COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA COMPARTILHADA: IBS (IMPOSTO SOBRE


BENS E SERVIÇOS)
A Reforma Tributária (EC n. 132/2023) inova no Direito Tributário ao prever a criação,
por lei complementar, de imposto cuja competência chama de “compartilhada”.
A competência tributária é uma prerrogativa que a Constituição Federal dá aos entes
federativos (União, Estados, DF, Municípios) para que se viabilizem financeiramente, mediante
a criação dos seus próprios tributos.
Competência tributária é a prerrogativa de criar tributos. Capacidade tributária ativa é
a prerrogativa de cobrar tributos, ocupando o polo ativo da relação obrigacional tributária
como sujeito ativo.
A Constituição Federal, por obra da Reforma Tributária, passa a prever uma hipótese
de competência tributária compartilhada:

Art. 156-A. Lei complementar instituirá imposto sobre bens e serviços de competência
compartilhada entre Estados, Distrito Federal e Municípios.

O exercício dessa competência compartilhada, contudo, será limitado. Isso porque o


IBS terá uma “legislação única e uniforme em todo o território nacional” (art. 156-A, IV),
com a ressalva da fixação das alíquotas por cada ente federativo (art. 156-A, V: “cada ente
federativo fixará sua alíquota própria por lei específica”).

14.2. O IBS SERÁ INFORMADO PELO PRINCÍPIO DA NEUTRALIDADE


A Constituição Federal determina que o imposto seja “informado pelo princípio da
neutralidade” (art. 156-A, §1º). Todos os tributos têm um duplo efeito: fiscal e extrafiscal.
Vale dizer, respectivamente, que os tributos têm um efeito arrecadatório e causam impactos
colaterais.
Há tributos que são marcadamente extrafiscais, quando se mostram mais relevantes
como mecanismo de indução ou incentivo de comportamento, do que como mecanismo
arrecadatório (fiscal). É o caso dos impostos de exportação e de importação, cujo manuseio
e alterações promovidas pela União têm por finalidade principal interferir na política
macroeconômica.

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Já o imposto de renda tem uma característica marcadamente fiscal. É um dos principais


instrumentos de carreamento de recursos para os cofres públicos. Isso não significa que
o imposto de renda não possa ser utilizado como mecanismo extrafiscal. Quando a União
instituiu uma isenção de imposto de renda até determinado valor, ou para proventos
percebidos por portadores de neoplasia maligna, há a utilização do imposto como um
mecanismo de distribuição de renda e humanitário.
Pois bem. Dizer que um tributo será neutro é dizer que ele terá como objetivo não
interferir na decisão dos agentes econômicos, ou não induzir, não estimular, ou não determinar
decisões econômicas. Ser “informado” pela neutralidade é uma determinação constitucional
para que o IBS não seja um mecanismo de política econômica, ou de política extrafiscal.
Com isso, a Constituição busca “isolar” ou “neutralizar” o tributo de qualquer utilização
com finalidade “colateral” ou extrafiscal.

14.3. O REGRAMENTO CONSTITUCIONAL PARA O IBS


A regulação do IBS virá em uma futura lei complementar. Entretanto, há um regramento
mínimo estabelecido na Constituição Federal, que parametriza um conteúdo mínimo
do tributo.
O regramento mínimo do imposto vem elencado no extenso artigo 156-A. Vejamos aqui
quais são suas principais características constitutivas.
A primeira delas, que merece destaque, é que o IBS passa a ser calculado “por fora”,
ou seja, sem integrar a sua própria base de cálculo (art. 156-A, §1º, IX: “não integrará sua
própria base de cálculo”). Comparativamente, o ICMS é calculado por dentro (art. 155, § 2º,
XII, i: “cabe à lei complementar fixar a base de cálculo, de modo que o montante do imposto
a integre”). Isso significa que o tributo passará a ser calculado de um modo mais claro e
simples. Trata-se de uma significativa alteração, se compararmos ao regime de cálculo e
apuração do ICMS. Inclusive, indo ao encontro dessa finalidade, o inciso XIII determina que
o IBS, “sempre que possível, terá seu valor informado, de forma específica, no respectivo
documento fiscal”.
Outro ponto que merece destaque é a amplitude da base tributável. A Constituição
Federal deixa claro que a materialidade do imposto alcança as “operações com bens materiais
ou imateriais, inclusive direitos, ou com serviços” (art. 156-A, §1º, I). A tributação de bens
imateriais espanca diversos problemas para a tributação, gerando uma isonomia para a
incidência do tributo sobre a atividade econômica.
A pretensão do atingimento da isonomia na incidência sobre a base tributária mais
ampla fica clara na previsão do art. 156-A, § 1º, segundo a qual a alíquota fixada pelo ente
federativo na forma será a mesma para todas as operações com bens materiais ou imateriais,
inclusive direitos, ou com serviços, ressalvadas as hipóteses previstas na Constituição.

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Dentro da perspectiva de neutralidade e para evitar a famosa “guerra fiscal”, a Constituição


Federal determina que o IBS não será objeto de concessão de incentivos e benefícios
financeiros ou fiscais relativos ao imposto ou de regimes específicos, diferenciados ou
favorecidos de tributação, excetuadas as hipóteses previstas na Constituição (art. 156-
A, §1º, X).
No demais, o imposto seguirá muitas das normas que já estão estabelecidas para o
ICMS: não cumulatividade, imunidade nas operações para o exterior, o não aproveitamento
dos créditos nos casos de isenção e de imunidade.
Vamos aguardar a edição da lei complementar para o tributo, de modo a poder discorrer
sobre a sua incidência de maneira completa.
É importante destacar que o tributo começará uma fase de testes somente em 2026.

14.4. A CSBS (CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE BENS E SERVIÇOS)


A Constituição Federal passou a prever uma nova contribuição no rol do art. 195:

Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta,
nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:
(...)
V – sobre bens e serviços, nos termos de lei complementar.

A Constituição Federal espelha a maior parte do regramento do IBS para a CBS (art.
195, § 16). Do mesmo modo, deve-se aguardar a regulação mediante lei complementar
para mais considerações sobre o imposto – que, assim como o CBS, não terá incidência
imediata, mas apenas a partir de 2026.

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