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Vou defender que existe livre-arbítrio se o entendermos à semelhança da teoria conhecida

como Determinismo Moderado (DM). Contudo, não existe livre-arbítrio em termos de


realizar uma ação autodeterminada, isto é, sem causas anteriores excetuando a própria
vontade do agente. Isso é impossível pois vários fatores nos influenciam, como genes,
personalidade, fatores familiares e sociais. Portanto, vemos que o Libertismo é uma teoria
falhada, pois seu principal argumento (Se algumas ações não têm causas anteriores, então
são livres; algumas ações não têm causas anteriores; logo, são livres) está errado.
Restam o Determinismo Radical (DR) e o DM, sendo a primeira uma teoria incompatibilista
e a segunda compatibilista. O DR defende que todas as ações são determinadas por
causas anteriores e por isso não existe livre-arbítrio. O DM defende que todas as ações são
determinadas por causas anteriores, mas isso não é incompatível com a existência de
livre-arbítrio.
Se o livre-arbítrio como autodeterminação não existe, teremos que aceitar o DR? Segundo
o DM, o conceito do livre-arbítrio como autodeterminação é apenas uma fantasia, um
desejo, o reflexo da necessidade do Homem de sentir que tem algum controle sobre si
mesmo. De facto, parece muito implausível que possam existir ações sem causas
anteriores. Mas isso não significa que o DR seja a resposta.
Como poderia a vida ter sentido se tudo o que fazemos fosse predeterminado? Se
acreditasse realmente que não tenho livre-arbítrio, sentir-me-ia encurralado. Se não
existisse livre-arbítrio, a responsabilidade desapareceria. Como poderíamos condenar
assassinos e louvar heróis se as suas ações seriam igualmente desprovidas de liberdade,
se seriam ambos prisioneiros dos seus fatores precedentes, sofrendo de uma total ausência
de controle?
O DM tem então a resposta. Sim, somos influenciados por fatores anteriores em tudo o que
fazemos, mas isso não nos tira o livre-arbítrio. As nossas ações são livres desde que não
sejamos alvos de ações imediatas, internas ou externas. Por exemplo, se entregarmos a
carteira a um ladrão que tem uma faca encostada ao nosso pescoço, não realizaremos uma
ação livre. E isso está de acordo com a experiência da maioria das pessoas. Antes de tomar
uma decisão, antes de realizar uma ação, temos a experiência de liberdade. Conseguimos
sentir que tanto podemos escolher uma opção como podemos escolher outra. Sentimo-nos
a ponderar, e quando tomamos uma decisão, não sentimos que fomos forçados a
escolhê-la. Sentimos que foi uma decisão livre e que não fomos obrigados a tomá-la.
Acho até bastante adequado uma comparação dos fatores prévios com lobistas na política,
tentando pressionar-me a tomar uma certa decisão. No entanto, nunca me forçam e a
derradeira escolha cabe-me a mim. Influenciam-me sem dúvida, mas não me constrangem,
não me obrigam. Por isso, essa ação é simultaneamente determinada e livre. Deste modo,
concluo assim a minha opinião reforçando que embora a maior parte dos acontecimentos
estejam determinados temos de agir como se houvesse livre arbítrio, não temos outra
alternativa, somos coagidos a isso e daí a teoria mais aceitável para nós, seres não
inanimados num universo inanimado ser o determinismo moderado

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