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palavras foram modificadas para melhor compreensã o,
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SINOPSE

Tenho apenas um objetivo na vida: me tornar um detetive. Está ali,


fora de alcance, tã o perto que posso prová -lo. Quando descubro que a
família Vitale está prestes a ser investigada novamente, faço o que faço
de melhor.

Salte de cabeça primeiro.

Há apenas um problema; Enzo Vitale. O homem é um perigo


ardente, cada palavra um desafio de seus lá bios. E eu nunca fui de fugir
de um desafio...

Mas quando as coisas ficam difíceis, a mentira impera e o engano


está em cada esquina. Sinto-me atraído pelo ú nico homem de quem
deveria estar fugindo. O criminoso cujas mã os estã o banhadas em
sangue.

Estou me apaixonando pelo inimigo?


TAKE ME APART

IRMÃOS VITALES
LIVRO 1
AVISO E GATILHOS
Gatilhos:
Morte, violência, tortura detalhada, abuso dos pais (físico e
psicoló gico), negligência dos pais, abuso de drogas anteriores, jogo de
faca leve, dub-con leve.

Nota do autor:
A mençã o ao autismo neste livro nã o é indicativa de TODAS as
pessoas com autismo nem é uma forma de difamá -las. Meu parceiro de
escrita baseou o personagem em mim e em meus atributos. Nenhum de
nó s é profissional de saú de mental, entã o vamos guardar isso antes de
começar, ok? Kay! Esta é uma obra de ficçã o. Nenhum de nó s é policial e
sabe como eles trabalham além da pesquisa que foi realizada. Leitura
feliz!

Observe que nã o somos especialistas no estilo de vida da má fia. O


propó sito deste livro é apenas para entretenimento româ ntico. Esta é
uma obra de ficçã o. Aproveite o seu tempo fora da realidade.
CAPÍTULO UM
TEX

Meu coraçã o apertou no meu peito enquanto meus pulmõ es


apertaram. A tontura difusa que encheu meu cérebro fez meus dedos
ficarem dormentes. Ainda assim, mantive minha arma pronta, minhas
costas retas e meus pés plantados. O ar frio de outubro estava cheio de
uma carga elétrica, como se tudo fosse pegar fogo a qualquer momento.
— Firme —, Rourke murmurou ao meu lado.
— Estou calmo —, murmurei de volta.
Ele assentiu.
— Você pega as costas. Eu fico na frente.
Nó s nos separamos sem outra palavra. Desviei para a esquerda e ele
subiu os degraus da frente. Perseguimos o criminoso por uns bons seis
quarteirõ es antes que ele entrasse nesta casa, mas agora tudo estava
quieto. Silêncio demais. Nã o estávamos exatamente em uma parte
nobre da cidade, mas nã o havia um bebê chorando, uma TV ligada ou
um rá dio ligado. Era como se a casa inteira tivesse caído em um poço de
nada. Meu estô mago revirou.
Porra. Só Deus sabe o que vamos encontrar lá dentro.
Passei pelas janelas e atravessei o beco até o portã o dos fundos. A
coisa estava quase intacta, pendurada por um fio enquanto seus topos
enferrujados se projetavam no ar. Eu procurei no quintal, meus olhos
varrendo para frente e para trá s enquanto eu tentava pegar qualquer
movimento sutil.
Nada.
— Merda, — eu jurei baixinho e estendi a mã o sobre o portã o para
abri-lo.
Ele raspou contra o concreto á spero. Eu estremeci, meus ombros
subindo em torno de minhas orelhas enquanto eu olhava ao redor
novamente, rezando para que ninguém tivesse ouvido isso. Quando
ainda nã o havia movimento, empurrei meu corpo pela abertura que fiz.
Era largo o suficiente, mas puxava meu uniforme como se estivesse
tentando me impedir de entrar. Ignorando a sensaçã o de que deveria
voltar, segui em frente.
Por mais que esses momentos me enervassem, eles também me
incomodavam. A emoçã o da pele molhada de suor enquanto a
adrenalina corria em minhas veias era melhor do que qualquer viagem
que eu já tivesse feito. Era mais inebriante do que sexo. O medo
misturado com entusiasmo era a razã o pela qual eu amava meu
trabalho.
Subi os degraus rachados e altos da varanda dos fundos. Eles
rangeram sob minhas botas, fazendo um barulho alto. Merda. Eu
continuei me movendo. Inclinando-me contra a pintura azul descascada
da parede, estendi a mã o e envolvi minha mã o ao redor da maçaneta
prateada amassada. Eu suguei uma respiraçã o rá pida. Assim que a virei,
a porta se abriu.
— Maldito porco!
Eu me abaixei quando o primeiro tiro soou. Algo passou zunindo
pelo meu rosto. Meus pés se moveram, e eu me joguei ao lado da
varanda, lançando meu corpo sobre a grade e caindo em um trecho de
ervas daninhas secas e terra. Meu ombro bateu contra o chã o e uma dor
intensa passou por mim, me fazendo cerrar os dentes.
— Abaixe a arma, Carl, — eu gritei. — Você só está piorando as
coisas para você! Largue a maldita arma!
— Foda-se!
Eu balancei minha cabeça. Entã o, além do assalto à mã o armada,
Carl parecia desesperado para abordar uma tentativa de homicídio ou,
pelo menos, agredir um policial. Ele já havia resistido à prisã o. O
homem estava cavando um buraco para si mesmo e provavelmente nem
sabia que estava fazendo isso. Eu tinha visto a merda que ele estava
fazendo quando revistamos seu carro. Tanto vidro1? Ele estava
cavalgando alto e malvado como uma víbora agora.
Ele deu outro tiro e eu me levantei. Meu braço esquerdo estava inú til
agora, balançando ao meu lado enquanto meu ombro e pescoço
formigavam. Porra, tem que estar deslocado. Eu me empurrei contra a
lateral da casa e agarrei meu braço esquerdo.
Ó timo. Eu estava lutando contra um viciado em metanfetamina com
uma arma enquanto estava com um braço abaixado e tentando piscar
para tirar as manchas pretas dos meus olhos. Essas chances eram
desiguais como o inferno.
Tudo ficou parado de novo, e os cabelos da minha nuca se
arrepiaram. Eu senti como se um predador estivesse me perseguindo.
Felizmente, minha arma ainda estava segura com força na minha mã o
direita, entã o esperei, minha respiraçã o vindo em rajadas silenciosas
enquanto concentrava toda a minha atençã o em ouvir os sons ao meu
redor.
Lá. Um galho quebrou e as pedras se moveram. Ele estava
demorando, esgueirando-se pela esquina. Eu tinha duas opçõ es; eu
poderia correr e possivelmente levar um tiro nas costas ou poderia me
manter firme e tentar atirar nele antes que ele atirasse em mim.
Quando ele dobrou a esquina, escolhi a opçã o nú mero três.
Caí no chã o e apertei o gatilho. Seu tiro foi disparado, mirando onde
eu estivera momentos antes. Mas a minha já estava rasgando sua perna.
Ele soltou um grito estrangulado e caiu no chã o.
— Larga a porra da arma, Carl!
— Você atirou em mim —, ele gritou. — Oh merda, isso dó i, cara.
Porra!
Arrastei-me para ficar de pé e corri até onde ele estava sentado no
chã o, atordoado e segurando sua perna sangrando. O sangue já havia
encharcado o jeans e estava fazendo uma bagunça pegajosa. Enquanto
ele estava distraído, aproveitei para chutar a arma para longe.
— Estou surpreso que você possa sentir qualquer coisa,
considerando quanta metanfetamina você está usando.
Ele piscou para mim.
— O que aconteceu?
— Mã os atrá s das costas. Agora, — eu disse enquanto mantinha
minha arma apontada para ele. — Rourke!
— Bem aqui, — meu parceiro chamou enquanto contornava a casa e
se juntava a mim. — Ele tinha a namorada amarrada lá dentro. Ela é
uma bagunça. — Ele olhou para mim. — O que há de errado com seu
braço?
— Deslocado. Você pode algemá -lo?
— Merda —, disse Rourke enquanto tirava as algemas e caminhava
até Carl. — De barriga pra baixo, vamos.
Rourke fez um trabalho rá pido protegendo Carl e chamou uma
ambulâ ncia. Assim que a ligaçã o foi recebida, ele silenciou Carl e tirou o
cinto. Trabalhando rá pido, ele apertou ao redor da perna do homem.
— Você está bem, rainha do drama, — Rourke disse a Carl, dando
um tapinha em sua perna. — O sangramento já está diminuindo. —
Rourke levantou-se, um sorriso esticando seus lá bios. — Como diabos
você conseguiu essa merda? — ele perguntou enquanto acenava com a
mã o em minha direçã o. — Você sempre tem que escolher o caminho de
maior resistência.
— Você me disse para pegar as costas, idiota, lembra? — Acenei com
a cabeça para Carl. — Ele vai ficar bem?
— Sim, ele está bem.
— Foda-se! Ele atirou em mim!
Claramente, Carl discordou. Rourke o ignorou e verificou meu braço.
Ele assobiou enquanto o pegava e fez uma careta.
— Você pode colocá -lo de volta e parar de olhar para ele? —
Perguntei.
— Eles dizem que você nã o pode fazer isso, sabe? O protocolo é
esperar a ambulâ ncia.
Eu ia enfiar uma das minhas botas na bunda de Rourke. Ele sabia
muito bem que eu nã o ia esperar até que a ambulâ ncia aparecesse só
para fazer a mesma coisa. Eu olhei para ele até que ele cedeu.
— Tudo bem, pare de fazer beicinho, princesa. Prepare-se.
Guardei minha arma no coldre e me encostei na parede da casa.
Rourke segurou meu braço com mais firmeza, examinando-o de perto.
Fechei os olhos e esperei, me preparando. Quando os abri para gritar
com meu parceiro, meu ombro estalou quando ele o colocou de volta no
lugar.
— Ah, foda-se! — Eu berrei. — Você... maldito...
— Eu sei —, disse Rourke. — Dó i como uma cadela, nã o é? — Ele
caminhou até uma das janelas e espiou lá dentro. — A namorada ainda
está lá . Vou entrar e interrogá -la assim que eles chegarem aqui.
O som distante de sirenes estava se aproximando rapidamente. Rolei
meu ombro, fazendo uma careta para o latejar persistente que havia
sido deixado para trá s. Parecia muito melhor, mas definitivamente iria
inchar e ser uma dor mais tarde. Isso foi um problema para o meu
futuro.
— Eu vou ficar e...
— Você nã o está fazendo merda nenhuma, — Rourke interrompeu.
— O reforço está a caminho e posso lidar com um pequeno
questionamento. Vá para casa. Nã o é como se você tivesse planos esta
noite de qualquer maneira.
— Estou bem —, argumentei.
— Vá . Casa. Nã o me obrigue a falar com o sargento.
Eu olhei para ele.
— Você é uma putinha.
— Também te amo,— ele brincou enquanto acenava para os
paramédicos correndo pelo beco. — Saia daqui.
Gemendo, eu cedi. Por mais que eu quisesse ficar, tinha que admitir
que a parte divertida havia acabado. Agora vinham as perguntas, a
papelada e as besteiras burocrá ticas. Embora eu nã o tenha gostado,
ficar por aqui e fazer tudo certo foi uma ó tima maneira de continuar a
ser notado. E eu precisava ser notado se quisesse ser detetive.

***

— Rourke nã o disse que você estava indo para casa?


Ergui os olhos do computador e encarei minha sargento. Rourke
ainda estava fora, mas eu voltei direto para a delegacia. Eu estava a
caminho de casa, mas senti vontade de voltar e ver o que mais poderia
fazer naquele dia. Meu turno nã o havia terminado tecnicamente e meu
braço estava bem. Eu queria trabalhar.
— Eu ia, mas me sinto bem, — eu disse enquanto me levantava e a
seguia até sua mesa. Ela deixou cair uma pilha de pastas e suspirou. —
Para que tudo isso?
— Huh? — Ela olhou para mim como se estivesse me vendo pela
primeira vez e franziu a testa. — Oh, algo em que estou trabalhando
para o chefe. Você colocou tudo em seu registro de atividades?
Eu balancei a cabeça.
— A primeira coisa que fiz quando voltei. — Peguei um arquivo. —
Estes sã o tã o velhos. O que você está procurando?
— A família Vitale novamente. O chefe quer uma grande apreensã o.
Derrubar uma família do crime? Nã o fica muito maior do que isso.
Eu assobiei.
— Merda, ninguém foi capaz de obter nada importante sobre eles
em cerca de vinte anos.
— Sim, esse é o problema, — ela murmurou.
— Eu aposto que se alguém descobrir o que está acontecendo com
eles, ele provavelmente poderia se tornar detetive muito mais cedo...—
Eu parei.
A sargento White olhou para mim antes de seus olhos se
estreitarem.
— Nã o essa merda de novo. Você acabou de se tornar policial há
dois anos. Por que você está tentando se mover tã o rá pido?
— Nó s dois sabemos que eu quero ser detetive.
— Sim, mas você chega lá se metendo a bunda e fazendo o trabalho,
— ela disse enquanto arrancava o arquivo das minhas mã os. — Nã o
tomando atalhos. Nã o quero ver você bisbilhotando isso. Vá trabalhar.
— Mas...
— Eu nã o quero ouvir isso, Caster —, disse ela brevemente. —
Concentre-se no que está à sua frente.
Foda-se isso. Eu já estava há dois anos. A essa altura, meu pai era
detetive e começou a receber elogios. Ele foi aclamado como o melhor
dos melhores e eu fiquei à sua sombra, uma fraçã o do homem que ele
era.
— Sargento White? Meu escritó rio — chamou o chefe.
Ela suspirou.
— Eu voltarei. — Ela pegou os arquivos e colocou-os em seu arquivo
antes de fechá -lo.
Eu balancei a cabeça e a observei ir. A porta do escritó rio se fechou e
minhas mã os se moveram antes que meu cérebro pudesse acompanhar.
Eu empurrei minha perna contra o arquivo assim que ele fechou. Com
certeza, nã o havia travado do jeito que ela pensava. Abri-a e enfiei a
mã o lá dentro. Tirando uma das pastas, examinei as informaçõ es e
passei para a pró xima.
A família Vitale era como uma histó ria de fantasmas para um bando
de garotos do acampamento quando se tratava de policiais. Uma antiga
família do crime, eles administravam Nova York e o que eles fizeram foi
nada menos que chocante. Armas, drogas, prostituiçã o; você escolhe,
eles fizeram isso.
Eu folheei e parei. Um de seus clubes conhecidos nã o ficava longe de
onde eu morava. Olhei para o reló gio na parede oposta e um sorriso
surgiu em meus lá bios. Ok, eu provavelmente nã o encontraria nada.
Mas valia a pena conferir, né?
Olhando ao redor, certifiquei-me de que ninguém estava olhando
enquanto tirava uma foto da pá gina e enfiava meu telefone de volta no
bolso. Fechei a gaveta e voltei para a escrivaninha.
Afinal, parece que tenho planos.
CAPÍTULO DOIS
ENZO

A sensaçã o suave do papel nas pontas dos meus dedos enquanto eu


virava a pá gina era calmante para a alma como um bisturi cortando
lentamente a carne quente. As palavras eram uma bela poesia que
cantava para minha alma cada linha, um pedaço do autor que nunca
poderia ser retirado.
— O que você está lendo agora, Enzo? — Giancarlo perguntou,
efetivamente estourando a bolha ao meu redor.
Ele sabia como arruinar um momento perfeitamente pacífico. Eu
deveria estar acostumado a trabalhar com meus meios-irmã os por
tanto tempo. O senso de espaço pessoal de Giancarlo precisava ser
trabalhado.
Tentei me concentrar no livro mais uma vez para me cercar do
mundo da ficçã o, mas nã o tive essa sorte. Uma sombra foi lançada sobre
as pá ginas obscurecendo a pura poesia que eu estava lendo. Um suspiro
pesado escapou do meu peito e da minha boca.
— Vamos ver... — Giancarlo tentou pegar meu livro.
Não toque nas minhas coisas. A agitaçã o instalou-se na boca do meu
estô mago e desapareceu com a mesma rapidez. Segurar qualquer coisa
era quase impossível para mim.
No momento em que seus dedos chegaram a uma polegada do livro,
eu peguei uma faca e pressionei firmemente contra seu pulso exposto.
Ele ficou imó vel quando nossos olhares se encontraram. Um
movimento errado e ele estaria decorando o escritó rio do nosso irmã o
mais velho de vermelho. E depois do ú ltimo incidente, duvidei que
Giancarlo quisesse pagar por outra reforma.
— Isso é necessá rio? — Giancarlo perguntou com os dentes
cerrados.
A respiração é necessária? Pisquei lentamente para ele antes de
retrair minha faca e colocá -la de volta em seu bolso escondido.
— Por que você deve incomodá -lo, Gin? — Benito entrou valsando
no escritó rio e eu prontamente fechei o livro.
— Eu estava entediado.
— Nã o me faça mandar você de volta para o hospital. Nã o é nada
além de uma ligaçã o —, disse Benito enquanto se sentava.
O papel em sua mesa de mogno estava bem organizado. No
momento em que sua mã o o tocou, reprimi a vontade de enfiar uma
bala em sua cabeça. Benito mudou as coisas, arruinando a organizaçã o
perfeita que eu havia criado.
Eu desviei o olhar da perfeiçã o arruinada e encontrei o olhar duro
do meu irmã o de frente. Ele sabia o que eu estava pensando. Desviei o
olhar e me levantei, aproximando-me de sua mesa agora que ele estava
lá . A mú sica Blues que se filtrava pelos alto-falantes de Benito estava
abaixada, e as batidas suaves do clube abaixo de nó s podiam ser
ouvidas através das paredes.
— Você pode ir para casa e ficar em paz depois de verificar algumas
coisas —, disse Benito.
— Certo. — Nã o adiantava discutir. Eu finalmente faria isso.
— Eu tenho que ir para casa também, certo? — Gin perguntou.
Benito nem ergueu os olhos da papelada ao responder.
— Nã o, você está relaxando, e eu nã o vou limpar sua merda.
— Nem eu. — Eu balancei minha cabeça para o meu irmã o quando
ele jogou os braços para cima.
Ele agia como uma criança em um bom dia. Ainda assim, Giancarlo
era o segundo depois de Benito em nossa família.
— Enzo, houve duas apreensõ es ultimamente em meus armazéns.
Descubra quem está vazando a informaçã o.
Benito passou duas pastas amarelas e eu as peguei.
Ele fez tudo da maneira mais difícil, tornando quase impossível para
os policiais acompanhar nossos movimentos ou até mesmo colocar
qualquer coisa em nó s. Eu abri, e quatro rostos e endereços de policiais
estavam nos papéis. Examinei cada um, guardando-os na memó ria.
— Eles foram recentemente removidos da força policial. Parece que
eles tiveram um dia de limpeza. Cuide disso —, disse Benito.
Ele nunca gostou de pontas soltas. Algo pró ximo à excitaçã o enviou
pequenas faíscas dançando sobre meus dedos. Eu tocaria um bisturi em
breve ou, melhor ainda, uma serra desta vez. Meus ombros caíram
enquanto eu imaginava o que faria com meu pró ximo projeto.
— Nã o prolongue, Enzo. Eu quero limpo.
As palavras de Benito cortaram minha excitaçã o momentâ nea como
uma faca serrilhada na mã o.
— Considere isso feito. — Havia beleza em uma matança limpa.
Ainda assim, nã o era nada parecido com o caos em que me entregava
quando estava livre de outras ordens.
— Gin, preciso de você naquela reuniã o com o desenvolvimento da
ACTI.
— Tenho reuniõ es chatas?
Benito ergueu os olhos.
— Nã o comece, nó s dois sabemos que seu talento é melhor usado lá .
— Ele passou o cartã o para a empresa. — Faça. Eu os quero, nã o
importa os custos.
Uma batida na porta interrompeu qualquer conversa sobre planos
quando ela se abriu. Um de nossos homens entrou e trouxe um tablet.
Ele o colocou sobre a mesa antes de se retirar.
— A noite nunca acaba —, disse Benito. Ele esfregou o queixo
enquanto a concentraçã o tomava conta de seu rosto. — Há quanto
tempo ele está aqui?
— Ele acabou de passar pelas portas dez minutos atrá s.
— Quem? — Gin perguntou. Ele contornou a mesa de Benito e
espiou por cima do ombro de nosso irmã o mais velho. — Ele é estú pido
ou ignorante?
— Ele fez algum movimento? — Benito perguntou.
O guarda balançou a cabeça.
— Nã o senhor. Ele está parado no bar agora.
Benito largou o tablet e a tela chamou toda a minha atençã o. Seu
nariz fino, cabelo preto como breu, mandíbula forte e olhos azuis me
atraíram ainda mais. Seu peito era impressionante, pelo que pude
perceber pelas roupas. O que levou o bolo foi o olhar em seus olhos. Eu
queria saber mais instantaneamente.
— Ele só está na polícia há dois anos, se livrar dele nã o deve ser
difícil —, disse Gin.
Meu peito apertou e percebi minha mã o se movendo em direçã o ao
tablet antes que o pensamento se formasse completamente. Virei-o,
absorvendo todas as suas informaçõ es. Tex Caster. Vinte e cinco anos de
idade, um metro e oitenta e dois, cento e setenta e cinco libras. Até as
notas dos testes da academia de polícia estavam lá .
— Nã o seria uma boa ideia. Ele é filho de um detetive aposentado.
— Virei-o de volta e mostrei a Benito, poupando a vida de Tex por
enquanto. — Foi o pai dele que derrubou a família Revello trinta anos
atrá s.
— Sim, mas nã o somos os Revellos —, argumentou Gin.
— Certo, nó s nã o cometemos erros imprudentes, — Benito cortou,
olhando entre nó s. — No entanto, encontrei o pai dele uma vez. Deixe o
policial por enquanto. Enzo, já que você mencionou, fique de olho nele.
Benito passou o tablet de volta para o homem que estava esperando,
e ele saiu pela porta.
— Nã o estrague tudo, Enzo.
Eu balancei a cabeça e deslizei os arquivos em meu paletó . Eles
pressionavam firmemente contra minha caixa torá cica, um lembrete
constante de que eu tinha alvos para cuidar.
Eu me preparei para o inevitável. No momento em que abri a porta,
estava preparado para o ataque da mú sica. A base pesada martelava em
meus ouvidos e ressoava pelo meu corpo até que fosse uma parte de
mim. Meus dentes estavam no limite durante os primeiros cinco
segundos enquanto eu me forçava a aguentar.
Cada passo aumentava o volume e a sensaçã o de vidro sendo
enfiado em meus ouvidos. A dor logo me entorpeceu de dentro para
fora. Parei no momento em que cheguei à borda, tomando uma
respiraçã o profunda e controlada. O cheiro de corpos suados, perfumes
e colô nias misturados e á lcool obstruíram minhas vias respirató rias.
A pista de dança estava cheia de corpos pressionados uns contra os
outros, movendo-se ao ritmo da mú sica. Um grupo de mulheres
dançava em círculo. Ao lado deles estava um casal se debatendo, alheio
à s pessoas ao seu redor. Era uma noite normal em um de nossos clubes,
a mú sica tocando nos alto-falantes enquanto as pessoas deixavam todas
as suas inibiçõ es irem e se jogavam de cabeça na embriaguez.
Como foi simples para eles abrir mã o desse controle. Um gole e eles
estavam dispostos a entregar sua vida ao acaso. As pessoas nunca
deixaram de me fascinar e me enojar.
Formigamento correu pela minha espinha enquanto alfinetadas
dançavam ao longo do lado do meu rosto. Eu saberia o peso do olhar de
alguém qualquer dia. Virando, eu peguei aqueles mesmos olhos azuis
surpreendentes. Mesmo de longe eu podia sentir a intensidade, o
desejo e a ambiçã o que giravam neles.
Os cantos dos meus lá bios se levantaram e eu sorri para ele. Seus
olhos se arregalaram. Sem dú vida ele pensou que eu nem prestaria
atençã o nele. Eu queria ver aqueles olhos lindos de perto.
Benito me encarregou de vigiá -lo. Eu também poderia dar uma
olhada melhor. Deslizei para trá s do corrimã o e desci as escadas.
Fixando os ó culos no rosto, desci no andar de baixo. As pessoas
saíam do meu caminho mesmo quando estavam bêbadas. Parei no bar e
uma das garotas veio correndo até mim.
— Sim senhor?
Eu nunca pedi uma bebida. Perder qualquer aparência de controle
fora dos meus momentos permitidos era contra tudo o que meu irmã o
havia me ensinado enquanto crescia. Suas palavras passaram por mim.
“Você mantém isso trancado, e eu prometo que vou deixar você se divertir,
mas só quando eu mandar. Se você não ouvir, nunca mais conseguirá
fazer isso.”
Eu tinha apenas sete anos quando minha mã e achou por bem me
deixar na porta de meu pai bioló gico. Benito me colocou sob sua
proteçã o e nunca voltou atrá s em sua palavra.
— Aquele senhor ali, o que ele pediu? — Apontei para Tex. Ele
estava olhando para a pista de dança enquanto tomava um gole de sua
bebida, mas eu ainda podia sentir seus olhos em mim.
— Um gin tô nica —, disse ela, dando-me a informaçã o
instantaneamente.
— Mande outro para ele. Coloque na minha conta.
Ela assentiu com a cabeça, seu cabelo rosa brilhante caindo sobre o
rosto enquanto as mechas escorregavam do rabo de cavalo. Meus dedos
se contraíram ao meu lado. O suor escorria pela minha nuca enquanto a
vontade de consertá -la me envolvia em um cobertor grosso. O ar ficava
mais espesso a cada respiraçã o.
Ao controle. Eu precisava encontrar algo para quebrar o ciclo do caos
que nã o era meu. Eu pressionei meu polegar contra o meu dedo até que
o estalo ecoou pela minha mã o. Eu fiz isso mais cinco vezes cada dedo
estalado com a quantidade certa de pressã o. Cada um me trouxe de
volta para baixo.
— Acho que nã o pedi uma bebida.
Uma voz suave surgiu sobre a mú sica forte. Eu estava tã o envolvido
em minha cabeça que nã o percebi Tex se levantar. Era por isso que eu
odiava estar no clube. Tudo estava fora de ordem e um lembrete
constante de como eu estava deslocado.
— Agora você tem uma. Considere isso um convite para voltar.
Eu me virei e me dirigi para a porta. Eu teria um dos meus homens
cuidando de Tex por enquanto. Sair era a prioridade.
Uma mã o quente e calejada envolveu meu pulso. O calor viajou do
ponto de contato e enviou faíscas ao longo da minha carne. Os pelos
finos da minha nuca se arrepiaram, ativando meu instinto de fuga ou
luta.
Eu me virei, girando minha mã o e quebrando o aperto. Juntei os dois
pulsos de Tex em minhas mã os enquanto o batia contra a parede ao
lado da porta.
— Nã o me toque.
Os olhos de Tex eram muito mais azuis do que a foto havia
capturado. Manchas de azul bebê misturadas com cobalto, fazendo seus
olhos parecerem mais com um lindo pedaço de vidro.
— Mas você pode me tocar? — Ele arqueou uma sobrancelha, nã o se
afastando de mim, embora eu tenha visto isso em seu rosto. Ele queria
me empurrar para longe. O mú sculo em sua mandíbula marcava junto
com a contraçã o em suas mã os.
Aproximei-me e minha barba roçou seu rosto macio.
— Posso fazer o que quiser. Se isso é um problema, sugiro que você
fique longe de mim.
Ele tentou se livrar do meu aperto, e eu puxei para trá s apenas o
suficiente para girá -lo e jogá -lo contra a parede. Tex nã o era apenas
maior do que eu em mú sculos, mas também era alguns centímetros
mais alto do que eu.
Eu gostava de pegar as pessoas de surpresa quando elas me
subestimavam. Eles viram os ó culos, os pelos faciais bem cuidados e o
visual nerd que tornava a caça mais divertida. Alguém como Tex era
minha presa ideal.
— Seja bonzinho, — eu sussurrei apenas alto o suficiente para ele
ouvir sobre a mú sica. Apliquei pressã o entre suas omoplatas e ele
estremeceu. Tex ficou imó vel e sua mã o direita começou a tremer.
Oh. Movi minha mã o e pressionei com força. Eu me pergunto o
quanto ele pode aguentar.
O suor escorria em sua nuca enquanto ele tentava se afastar
novamente. Eu balancei minha cabeça. Eu nã o poderia me deixar levar,
especialmente nã o aqui. Eu relutantemente puxei minha mã o e observei
sua mã o cair. Ele estendeu a mã o para o braço que estava claramente
dolorido.
A porta foi aberta para mim e eu saí do bar. No momento em que o
ar de outubro me atingiu e um calafrio se instalou em minha carne
agitada, me acalmei um pouco mais. Meus ouvidos ainda martelavam
com a mú sica que me incomodava sem parar. Eu teria que encontrar um
som mais agradável para abafá -lo.
Um dos homens parou meu carro no meio-fio e me entregou as
chaves.
— Nã o é um problema —, disse Tex, me parando no meio do
caminho.
Olhei para o policial novato enquanto ele respondia o que eu havia
dito anteriormente. Eu posso fazer o que eu quiser. Se isso é um
problema, sugiro que fique longe de mim. Suas pupilas estavam dilatadas
e a maneira como ele lambeu os lá bios me deu todas as respostas que
eu precisava.
— Entrem. — Deslizei para trá s do volante e apenas um segundo se
passou quando Tex olhou para o clube e correu para o meu lado do
passageiro.
Ele abriu e pulou para dentro. Seu pé saltou instantaneamente uma
vez que ele estava em um espaço confinado comigo. As grandes mã os
de Tex descansavam sobre sua virilha. No momento em que ele
percebeu para onde eu estava olhando, ele parou de esconder a
evidência de sua excitaçã o.
— Nã o fique com medo agora.
Tex virou a cabeça para mim.
— Eu nã o estou. Nã o seja uma decepçã o.
Algo pró ximo a uma risada tentou se libertar, mas eu engoli. Este vai
ser divertido.
Liguei o carro e Tex colocou o cinto de segurança. Eu observei cada
movimento dele esperando que ele pegasse seu distintivo ou apontasse
o fato de que ele era um policial. Eu empurrei meus ó culos em meu
nariz antes de arrastar meu olhar para cima para encontrar seus olhos.
— Nã o pergunte.
Eu levantei uma ú nica sobrancelha para ele.
— Eu sou um homem adulto. Sim, eu sei o que estou fazendo. Este
meu rosto pode parecer suave, mas posso lidar com mais do que você
pensa.
Ele pensou que eu o deixaria escapar? Ele já havia entrado na jaula
com livre arbítrio. Nã o havia como partir, nã o até que eu o libertasse.
— Palavras em negrito. Espero que você nã o seja só conversa.
— O mesmo. — Tex sorriu para mim, exibindo seus dentes brancos
perolados.
Bonito. Era como olhar para um gatinho. Dentes e garras, mas no
final, nada mais que uma presa.
CAPÍTULO TRÊS
TEX

Eu estou fora da porra da minha cabeça.


Durante toda a viagem, senti a agitaçã o fluindo através de mim. Cada
lampejo de seu olhar que veio em minha direçã o, cada pequeno sorriso
que ele puxou, parecia que ele estava segurando uma piada interna que
eu estava do lado de fora. Os bancos de couro lustrosos de seu carro
eram legais, e eu agradeci tudo o que eles eram para nã o derreter em
uma maldita poça.
Ao meu lado estava um monstro. Seu rosto era bem conhecido da
maior parte da força policial, mas para mim era especialmente
proeminente. Lembrei-me de meu pai olhando para esses arquivos de
casos no porã o, derramando-se sobre eles enquanto tentava encontrar
uma maneira de desvendar os Vitales. Eu reconheceria aquele cabelo
escuro e aqueles olhos castanhos chocolate em qualquer lugar. Embora
ele tivesse envelhecido desde aquelas fotos, mais maduro e refinado.
Merda. Você vai calar a boca? Olhei para o meu pau rebelde
enquanto ele ficava em posiçã o de sentido. A pressa, o perigo, e sem
mencionar o homem gostoso pra caralho ao meu lado foi o suficiente
para fazer meu sangue bombear. Eu nã o transava há tanto tempo que
quase tive medo de estourar uma noz em seu carro chique.
Meu braço latejava, mas eu ignorei. A bebida no bar fez mais sangue
correr para ele. No começo, doía mais, mas agora estava se tornando
uma dor de fundo, desbotada. Esperançosamente, se eu precisasse,
seria capaz de chutar o traseiro dele se ele tentasse me matar. Mas por
que ele iria? Tanto quanto ele sabia, eu era apenas um cara que ele
tinha batido em seu bar. Enzo nã o tinha ideia de que seria eu quem
acenderia o fó sforo e incineraria sua família inú til.
O carro parou e eu olhei para um prédio alto.
— Um hotel?
Enzo me olhou como se estivesse me dissecando.
— Sim. Isso é um problema?
Sim, é um grande problema. Eu esperava voltar para a casa dele, ver
o que poderia encontrar, ou pelo menos saber a localizaçã o para poder
voltar quando ele estivesse fora. Um hotel era um problema. Nã o me
mostrou nada sobre quem ele era ou o que ele estava fazendo.
Talvez eu ainda possa usar isso. Aproxime-se dele. Ele não precisa
saber quem eu sou.
Eu sorri para ele.
— Nã o, nã o é problema nenhum, — eu disse enquanto agarrei a
maçaneta e saí.
Parecia que eu ia ter que jogar o jogo longo. Ele deu a volta no carro
e deixou as chaves na palma da mã o do manobrista. O jovem saiu
correndo, mas nã o antes de Enzo passar por ele o que parecia ser uma
gorjeta enorme.
— Você está vindo? — Enzo perguntou.
Olhei para o prédio e depois para suas costas se afastando. Ele nã o
estava esperando por mim, como se estivesse muito ocupado e
importante e nã o se importasse se eu fosse com ele ou nã o. Parecia que
uma coleira tinha sido enrolada em volta da minha garganta, e eu o
segui, meus pés se movendo por conta pró pria.
O que havia nele que me intrigava?
— Boa noite, senhor, — a mulher atrá s do balcã o sorriu para ele. —
Sua roupa foi entregue à sua porta e seu jantar chegará em uma hora.
Há mais alguma coisa que eu possa fazer por você?
Enzo balançou a cabeça.
— Isso é tudo. Boa noite.
— Boa noite senhor.
Assobiei enquanto esperávamos no elevador.
— Você é algum tipo de figurã o ou algo assim?
— Ou algo assim —, ele respondeu brevemente.
Examinei o lado de seu rosto, mas ele nã o revelou nada. Ele nem
olhou para mim, mas eu senti como se ele estivesse observando cada
movimento meu. Estendendo a mã o, ele ajustou os ó culos de armaçã o
preta que estavam empoleirados na ponta do nariz.
Como diabos esse homem está na máfia?
A maioria dos gâ ngsteres tinha um ar especial; tatuagens, cabelos
oleosos, sotaques grossos e muita bravata. Ele tinha a ú ltima
característica, mas o resto? Enzo parecia arrumado e limpo, como um
professor que trabalhava em uma faculdade de primeira linha. Mesmo a
longa jaqueta azul que ele usava parecia mansa e despretensiosa. Mas
eu sabia a verdade por trá s daquela fachada inocente. A família dele foi
responsável por inú meras atrocidades, que nã o pudemos provar.
Ninguém na família Vitale era inocente.
Enzo finalmente olhou em minha direçã o e o segurou. Ele nã o disse
uma palavra, seus olhos correram sobre mim antes de me encarar
atentamente. Houve uma leve inclinaçã o de sua cabeça, como se ele
estivesse fazendo e respondendo a perguntas que nunca deixavam seus
lá bios finos e rosados. Havia algo mais, algum inferno queimando nas
profundezas daqueles olhos castanhos que me fez querer se contorcer.
Meus pulmõ es queimaram e percebi que estava prendendo a
respiraçã o.
O elevador apitou, quebrando o feitiço que havia sido lançado sobre
nó s. Enzo acenou com a mã o, todo cavalheiresco enquanto gesticulava
para que eu entrasse. Só assim, as centelhas de perigo que eu tinha
visto em seus olhos se foram.
— Depois de você —, disse ele.
Entrei no elevador e me recusei a olhar por cima do ombro. A
maneira como Enzo olhou parecia adagas nas minhas costas, senti
como se fosse isso que ele queria; ver algum tipo de medo em meu
rosto. No entanto, eu nã o ia dar essa merda para ele. Eu me virei e ele
deu um passo ao meu lado. Ele apertou o botã o P, levantou uma caixa
preta e digitou sua senha rapidamente antes de fechar a caixa e o
elevador começar a subir.
5135. Preciso me lembrar disso.
Enzo se virou para mim e eu levantei uma sobrancelha.
— O que? Tem alguma coisa na minha f...
Sua mã o bateu contra minha boca, cobrindo-a enquanto a outra
enfiava em minhas calças. Meus olhos se arregalaram enquanto ele
acariciava meu pau duro e dolorido através da minha boxer. O tecido
macio esfregando contra a minha ereçã o era quase demais para
aguentar. Meu corpo respondeu instantaneamente, meus quadris se
projetando para frente enquanto ele me acariciava enquanto olhava em
meus olhos.
— Goze para mim —, ele exigiu. — Antes que este elevador chegue à
cobertura, quero que sua cueca seja inundada.
Meu coraçã o pulou na minha garganta. Que diabos?
Ele sorriu, a fachada despretensiosa quebrando apenas por um
momento quando vi o diabo em seus olhos.
— Se eu vou te foder, nã o estou interessado em você disparar sua
carga e ficar cansado antes mesmo de começarmos. Você vai gozar
antes de começarmos ou vai embora.
Minhas costas bateram contra a parede. Nos espelhos do elevador,
eu gemi com a imagem dele me acariciando dentro da minha calça
jeans como se nã o fosse nada. Enzo deslizou sua mã o livre e abriu-as,
persuadindo meu pau para fora antes de me acariciar mais forte e mais
rá pido. O que estou fazendo aqui? Meus pensamentos foram forçados a
voltar à realidade rapidamente enquanto os dedos de Enzo brincavam
comigo.
— Mmm, porra, — eu gemi contra o calor de sua palma. — Você é
Insano.
— Sem falar —, ele exigiu. — Goze ou saia da minha frente.
Meus olhos se desviaram para os nú meros no elevador conforme ele
subia. Estávamos nos aproximando rapidamente do trigésimo andar.
Quando meus olhos encontraram os de Enzo novamente, ele inclinou a
cabeça.
— Só tem quarenta e sete no prédio —, ele respondeu sem que eu
tivesse que perguntar. — Você está ficando sem tempo.
Merda. O fato de ele estar impondo um limite de tempo só tornava
tudo muito pior. Meu pau latejava em seu aperto experiente enquanto
meu coraçã o batia tã o forte que era tudo que eu podia ouvir. A dor em
minhas bolas ultrapassou a dor em meu braço quando Enzo sustentou
meu olhar e me acariciou até a borda.
— Uck!
Minha respiraçã o parou quando meus olhos reviraram, e eu caí
contra a parede. A sensaçã o nas pernas desapareceu e eu sabia que ia
cair no chã o, mas me forcei a ficar de pé. Fazia tanto tempo desde que
alguém me tocou? Prazer viajou para cima e para baixo na minha
espinha, e eu sabia que a resposta para isso era inferno, sim, realmente
tinha sido para sempre.
Abri os olhos quando Enzo afastou a mã o e examinou a bagunça
pegajosa que fiz em sua palma. Havia manchas do meu esperma em seu
casaco imaculado também. Suas sobrancelhas franziram, uma
expressã o irritada aparecendo em seu rosto quando ele soltou minha
boca e olhou para suas roupas com desdém.
— Todo em cima de mim —, ele murmurou.
Eu gemi. — Nã o é como se fosse minha culpa, — eu respondi. — Foi
você quem me masturbou, lembra?
— Sim, — ele disse brevemente, um suspiro exasperado seguindo.
— Acho que me empolguei. — Ele olhou para o meu pau ainda
semiduro. —Realmente? Quantos anos você tem? Dezenove?
— Vinte e cinco, — eu murmurei, empurrando meu pau de volta
para dentro da minha calça jeans enquanto a parte de trá s do meu
pescoço e bochechas explodiam em chamas.
— Já faz um tempo, — eu bati quando ele continuou a olhar. — Oh
foda-se —, acrescentei quando ele levantou uma sobrancelha para mim
como se eu estivesse mentindo.
O sorriso de Enzo voltou, e era como se ele estivesse de bom humor.
Ele empurrou a mã o em minha direçã o.
— Limpe isso.
Eu pisquei para ele.
— Sem chance. Nã o estou provando meu pró prio esperma.
A mã o direita de Enzo torceu em meu cabelo e ele empurrou a outra
mã o sobre meus lá bios. Olhei para ele, minha boca aberta em
descrença. Ele aproveitou a chance para espalhar esperma na minha
boca. Eu recuei com o gosto salgado, o fato de que ele era tã o gostoso
fez com que ele descesse muito mais suave.
Se ele não estivesse na máfia, eu estaria de volta transando com ele
todas as noites.
Só o perigo era suficiente. Mas a maneira como ele assumiu o
controle e me fez questionar cada coisa que eu sabia ser verdade foi
divertido como o inferno. Parecia errado e inebriante ao mesmo tempo.
Ele puxou a mã o quando o elevador apitou, e fomos levados para um
pequeno corredor com uma porta. Enzo pegou sua roupa lavada e
entrou enquanto eu o seguia.
— Gostaria de uma bebida? — ele perguntou.
— Claro, — eu disse. Eu nã o tinha intençã o de beber mais do que
um gole, mas poderia usá -lo depois de toda a coisa do elevador.
Eu segui atrá s dele e olhei ao redor. Nã o havia nada fora do lugar.
Cada imagem era arte genérica de hotel. Todos os mó veis eram
sofisticados, mas em tons neutros de marrom arenoso e branco, todos
acentuados com eletrodomésticos cromados e toques de cor cinza. Nã o
disse nada sobre ele.
Merda. Isso é uma perda de tempo?
Enzo tirou a jaqueta, pendurando-a nas costas de uma cadeira
enquanto caminhava para o bar. Ele pegou dois copos e os encheu com
um líquido claro de uma garrafa de cristal de aparência cara. Enzo
passou um para mim depois de jogar um cubo de gelo no meu, da
mesma forma que eu tinha feito em seu clube.
— Obrigado, — eu disse.
Ele acenou com a cabeça, em silêncio novamente enquanto olhava
para mim por cima de sua bebida. Como se ele nã o tivesse acabado de
me masturbar no elevador e agora estivesse casualmente olhando para
mim. Tomei um gole, apreciando a queimadura do gim enquanto descia
pela minha garganta. Honestamente, eu odiava a merda, mas gostava do
jeito que queimava, e meu pai nunca conseguiu lidar com isso. Mas eu
poderia. Assim como eu ia lidar com Enzo Vitale.
— Tire a roupa —, disse Enzo.
Eu pisquei para ele.
— Bem desse jeito? — Perguntei. — Você nã o quer conversar?
— Sobre o que você gostaria de falar? — ele rebateu enquanto
contornava o bar e entrava na sala de estar. Enzo sentou-se, tirou os
sapatos com cuidado e colocou-os na lateral do sofá . — Eu pensei que
você queria que lhe dissessem o que fazer. É por isso que você me
seguiu, nã o é?
Minha garganta apertou e, de repente, nã o consegui engolir. O
sorriso de Enzo se alargou. Cada instinto em mim gritava para virar e
correr para fora dali antes que ele pudesse colocar as mã os em mim.
Ainda assim, fiquei onde estava.
Primeiro, eu nã o ia fugir quando precisava fazer isso para me
aproximar dele e entendê-lo. Eu ainda tinha que sondar seu lugar e ver
se havia alguma coisa aqui. Se nã o, entã o parecia que eu estaria
fodendo com ele mais de uma vez até que eu tivesse acesso ao seu
verdadeiro lugar. Dois, eu estava hipnotizado. Tudo sobre Enzo gritava
perigo em grandes luzes vermelhas pulsantes. Eu queria ver mais.
Concentre-se na missão. Espalhe sujeira sobre ele, derrube o Vitale,
torne-se detetive.
— Ei. — Enzo estalou os dedos apenas uma vez e eu acordei do meu
estupor para encará -lo. — Roupas. Fora. Eu lhe disse uma vez que faria
o que quisesse com você. Tire.
Meu pau saltou e estendi a mã o para desabotoar minha camisa.
Enzo tomou um gole de sua bebida, seus olhos seguindo cada
movimento que eu fazia. Estou realmente fazendo isso? Parei por um
segundo, apenas para Enzo me dar um olhar impaciente. Eu continuei.
Isso nã o era diferente de ir disfarçado. Eu tinha que manter minha
compostura. Eu ia provar a todos na delegacia que eu nã o era meu pai.
Eu era melhor.
CAPÍTULO QUATRO
ENZO

Tecido flutuou para o chã o, e eu olhei para Tex enquanto ele deixava
cair suas roupas descuidadamente. Seus dedos pairaram sobre o botã o
de sua calça jeans.
— O que?
Eu olhei dele para a bagunça que ele estava criando. Tex revirou os
olhos.
— Realmente? — Ele os puxou e olhou em volta antes de jogá -los no
ú nico sofá .
— Nã o.
— O que você quer que eu faça? Pendure-os? — Tex parecia
exasperado.
— O armá rio fica naquelas portas à esquerda.
— Você nã o pode estar falando sério.
— Depressa —, foi tudo o que eu disse
Tex me encarou por mais um segundo antes de pegar suas coisas e ir
para o quarto. Deixei-o ir sozinho, sabendo que nã o havia nada ali.
Tomei um gole de gim em meu copo, tentando ouvir Tex. Ele estava
demorando mais do que o necessá rio, mas sem dú vida estava
procurando por algo.
— Nã o gosto de ficar esperando.
Tex emergiu do quarto meio duro e totalmente nu. Eu estava certo.
Seu corpo era magnífico. Seu peito era enorme e parecia bom o
suficiente para morder. Vá rias tatuagens cobriam seu torso, nenhuma
delas se destacando para mim. No entanto, guardei cada um deles na
memó ria.
Seus mamilos escuros eram perfurados com barras pretas. Eu
esperava que fossem e fiquei feliz em ver que era o caso. Tudo o que ele
precisava agora era combinar as barras em seu pênis e alinhar sua
mancha.
— Você ainda está vestido, — Tex apontou.
— Boas habilidades de observaçã o. Você deveria ser um detetive, —
eu disse.
Tex se encolheu, mas rapidamente disfarçou enquanto se
aproximava de mim. Tão adorável.
— Vire-se, — eu disse.
Tex revirou os olhos, mas seu pau saltou ao meu comando. Ele se
virou e eu observei cada detalhe, mapeando tudo na memó ria.
Que porra é essa?
Um pato mal desenhado com um chapéu de cowboy segurando uma
arma foi tatuado em sua ná dega direita.
— Você gosta disso? — Tex perguntou com um sorriso.
— Dificilmente.
Ele riu.
— Eu posso dizer pelo seu rosto. — Tex encolheu os ombros. — Eu
tinha quinze anos e meu amigo era um aspirante a tatuador. Você sabe
como é. Adolescentes imprudentes.
— De jeito nenhum. — Estalei os dedos e apontei para o chã o à
minha frente. — Mã os e joelhos.
A boca de Tex se abriu, e eu esperei ele sair. Ele balançou a cabeça,
aparentemente se decidindo enquanto se aproximava. Tex se abaixou
na minha frente, seu olhar inabalável quando ele ficou de quatro.
— Inversã o de marcha.
Mais uma vez me deparei com aquela tatuagem horrível, mas o resto
de Tex compensou. A faca escondida sob a perna da minha calça era
afiada o suficiente para esfolar a mancha com um golpe. Nã o seria nada
mais do que um pequeno corte.
Rolei meus ombros para trá s enquanto forçava o pensamento para a
parte mais distante da minha mente, focando em Tex por enquanto. Eu
cobri meus dedos com lubrificante, pressionei um contra seu buraco e o
trabalhei.
— Fique quieto, — eu avisei enquanto Tex tentava colocar mais do
meu dedo em seu corpo quente.
Um tremor visível destruiu o corpo de Tex.
— Você é mais gentil do que eu pensava.
— Nã o gosto de quebrar meus brinquedos muito rá pido.
— O que... — As palavras de Tex foram cortadas quando acrescentei
outro dedo esticando-o. Eu os espalhei, abrindo seu buraco e
arrancando um gemido profundo dele.
Ele se contorceu, seu buraco apertando meus dedos enquanto ele
tentava ao má ximo nã o empurrar seus quadris para trá s. Meus dedos
dançaram sobre sua pró stata, aplicando pressã o de forma constante em
um padrã o até que os mú sculos de suas costas ficaram tensos. Eu
mudei antes que ele pudesse gozar.
O suor escorria por sua espinha, fazendo sua pele naturalmente
pá lida brilhar sob as luzes. Eu aliviei meus dedos para trá s. Seu buraco
apertou em torno deles, implorando para que eu ficasse, mas nada saiu
da boca de Tex.
Não pode ter isso. Eu queria ouvi-lo implorar, quebrar sob mim.
Eu provoquei sua pró stata novamente e acariciei levemente seu
pênis, nã o o suficiente para realmente estimulá -lo. Um rosnado emitido
de Tex quando suas omoplatas se juntaram. Ele parecia bastante
irritado comigo.
Brincando com seu corpo, trabalhei Tex mais uma vez. Seu pênis
estava duro entre suas coxas, implorando por mais do que leves
carícias.
— Foda-se —, Tex rosnou. Ele virou a cabeça e seus olhos azuis
estavam vidrados como a janela de um carro na chuva. — Por favor,
deixe-me gozar.
Pensei nisso por cinco segundos.
— Diga-me a senha para chegar a este andar. — Acariciei seu pênis
com um leve toque, estimulando-o apenas por alguns segundos. Nada
que pudesse derrubá -lo.
Tex balançou a cabeça.
— Nã o sei.
— Entã o eu acho que você nã o precisa gozar.
— Porra...
Meus dedos acariciaram sua pró stata novamente, aplicando a
quantidade perfeita de pressã o enquanto eu o esticava para aceitar
outro dedo. Ele subiu três, indo para quatro.
Eu aliviei meus dedos novamente e os descansei contra seu buraco
esvoaçante.
— Pronto para responder?
Tex ofegava, os mú sculos de suas pernas flexionavam cada vez que
seus dedos se curvavam. Ele parecia pronto para ceder.
— Nã o, me dê outra pergunta. — Ele olhou para mim, seus lá bios
molhados, e a baba escorria por seu queixo.
Ele estava uma bagunça, mas foi um que eu criei. Nã o havia nada
mais bonito, exceto talvez se houvesse um toque de vermelho
decorando sua carne macia.
Agarrei um punhado de cabelo preto e puxei. A cabeça de Tex se
inclinou para trá s, forçando-o a levantar as mã os do chã o.
— Fiz uma pergunta e espero uma resposta.
— Merda se eu sei! — Tex manteve o olhar firme, mas seus dedos se
contraíram e seu corpo se inquietou. Ele era um mentiroso decente.
Minhas sobrancelhas baixaram e permiti que Tex visse o desagrado
em meu rosto. O medo cintilou em seus olhos azuis enquanto ele
tentava se encolher. Eu duvidava que ele soubesse a resposta que estava
dando, tã o cheio de prazer.
Eu apertei meu aperto em seu cabelo, e ele respirou fundo por entre
os dentes enquanto seus olhos lacrimejavam. O silêncio cresceu
enquanto eu permanecia imó vel, imaginando todas as maneiras que eu
queria puni-lo.
Tex lambeu os lá bios, abrindo e fechando a boca como um peixe fora
d'á gua. Eu o soltei, e ele caiu para frente, sugando a respiraçã o como se
estivesse prendendo a respiraçã o o tempo todo. Tirei os ó culos, dobrei-
os e coloquei-os de lado.
— Mentir é uma maneira de me deixar chateado.
Eu deixei todo o peso do meu olhar descansar em Tex, assim como
eu faria com qualquer alvo que meu irmã o me mandasse atrá s. Uma
picada familiar de gelo rastejou em minhas veias, causando arrepios em
meus antebraços. Meus lá bios se curvaram em um sorriso.
— O que você vai fazer? — Tex perguntou. Sua voz tremeu
ligeiramente.
— Eu já respondi isso. — Eu me movi para encará -lo e me abaixei
para um agachamento. — O que eu quiser. — Deslizei minha faca para
fora de seu suporte e a pressionei contra seu pênis.
A tensã o na sala aumentou. Onde outros teriam dificuldade em
relaxar, eu me senti em casa. O fio de gelo que sempre tomava conta de
mim quando eu segurava uma arma me consumia.
Uma gota de pré-sêmen beijou a lâ mina, e mais estava por vir
enquanto Tex permanecia imó vel. Seu pênis saltou quando movi a faca
para baixo.
— Você perdeu a porra da cabeça. — Ele estendeu a mã o para mim.
— Mã os para baixo.
Tex flexionou os dedos antes de deixar cair as mã os ao lado do
corpo. Sua respiraçã o era errá tica. Seu peito estava coberto com um
leve brilho de suor enquanto seu olhar permanecia colado na faca que
eu tinha pressionado contra seu pênis.
Eu segurei suas bolas, e os olhos de Tex se arregalaram enquanto um
gemido nã o filtrado escorria pesadamente de seus lá bios entreabertos.
Seu pênis era de um vermelho raivoso, implorando por uma liberaçã o
que eu nã o tinha concedido.
Um gemido se soltou no momento em que soltei suas bolas, e isso
me fez sorrir. Ele era uma coisa gananciosa. Mesmo agora, com uma
faca tã o perto dele, seu corpo implorava por mais.
Movi a faca ainda mais para baixo até que descansou na base de seu
pênis.
— Seria uma pena cortar isso. — Acariciei o pau de Tex com firmeza
pela primeira vez desde o elevador.
Um gemido indigno ricocheteou nas paredes de Tex.
— Você nã o faria isso —, disse Tex.
Ele encontrou meus olhos finalmente, e eu o deixei ver o quã o sério
eu estava falando. Um brinquedo sem pênis nã o era exatamente o ideal,
mas eu ainda poderia usá -lo.
O pomo de Adã o de Tex balançou. Para ter certeza de que ele sabia o
quanto eu estava falando sério, arrastei a lâ mina afiada sobre sua carne
usando quase nenhuma pressã o. O sangue borbulhou para
cumprimentar a faca, misturando-se com o pré-sêmen que já a sujava.
— Foda-se —, um gemido estrangulado deixou Tex.
— Nã o se mova, — eu ordenei.
Tex mordeu o lá bio, mas ficou imó vel. Eu vi no momento em que ele
cedeu, incapaz de resistir.
— Cinco... um... três, cinco.
Decepçã o e orgulho guerreavam dentro de mim. Eu nã o tinha
certeza por um segundo. Ele prestou bastante atençã o, mas meu
pequeno policial novato estava provando que era muito mais esperto
do que os resultados do teste mostravam.
A pequena gota de sangue nã o passava de uma provocaçã o e meus
instintos gritavam para eu continuar. Para derramar mais do belo
líquido carmesim.
Eu puxei a lâ mina para longe, e Tex cedeu instantaneamente,
descansando sua bunda contra suas panturrilhas. Suas pupilas estavam
dilatadas enquanto ele respirava de forma instável.
— Você merece uma recompensa, nã o concorda? — Levantei-me e
abri o armá rio mais pró ximo da porta. O olhar de Tex me seguiu ao
redor da sala enquanto eu pegava tudo que eu precisava.
No momento em que voltei para ele, ele se acalmou novamente, nã o
mais à beira de gozar. Seus olhos estavam um pouco mais claros quando
ele olhou para mim.
— Levante-se e vire-se.
Tex nã o me deu problemas, sem dú vida antecipando sua
recompensa. Ele se virou e sentou-se de joelhos. Admirei a forma de sua
bunda firme e contemplei pela segunda vez esta noite esculpindo a
tatuagem hedionda em sua ná dega.
Abri a caixa e o som de papelã o se rasgando ecoou ao nosso redor. A
cabeça de Tex começou a virar, e eu a consertei, forçando sua cabeça
para o outro lado.
— Espreite e terminaremos.
Tex sentou-se ereto, suas costas duras com o quã o duro ele estava se
segurando. Seria ridículo, mas eu tinha certeza de que, se o fizesse, ele
se viraria e a diversã o terminaria antes que eu estivesse pronto.
Nã o me preocupei em adicionar lubrificante ao massageador de
pró stata sem fio. O pequeno dispositivo preto nã o era maior que um
dedo e meio.
— Espalhe-se.
Os dedos de Tex tremiam enquanto agarravam cada bochecha e se
espalhavam. Seu buraco ainda brilhava com lubrificante, implorando
para ser fodido. Breve. Meu pau pressionou firmemente contra minhas
calças, mas eu me orgulhava do meu controle. E com Tex, foi testado
repetidamente.
Descansei a ponta do massageador contra seu buraco, provocando a
carne enrugada, arrancando um gemido de Tex. Inclinei-me sobre seu
ombro para observar o lado de seu rosto enquanto empurrava o
massageador. como eu agi rapidamente.
Meu braço envolveu seu pescoço e minhas pernas em volta de sua
cintura enquanto caímos contra o chã o. Prendi as mã os de Tex atrá s das
costas entre nossos corpos. Mesmo através das minhas roupas, eu
podia sentir o calor irradiando de sua carne.
Coloquei meu outro braço atrá s de sua cabeça, ainda segurando o
controle remoto. Tex instantaneamente lutou, tentando escapar do meu
aperto, mas nã o estava quebrando quando ele me levantou um
centímetro do chã o e nos jogou de volta contra ele. Uma risada saiu de
mim enquanto a dor se somava à s ondas de choque de prazer que me
percorriam.
— Você ainda está duro, embora eu pudesse te matar agora mesmo.
Minha perna roçou o pau choroso de Tex.
Apertei o botã o no controle remoto, colocando o vibrador no
má ximo. Um gemido abafado veio de Tex, e ele começou a se mexer em
meu aperto por um motivo diferente. Apliquei mais pressã o, contando
os segundos que poderia segurá -lo.
O ar ao nosso redor ficou mais rarefeito até eu ficar ofegante. Seis,
sete, oito... O corpo de Tex estremeceu, e os respingos quentes de
esperma encharcaram minhas calças. Eu o soltei um segundo depois.
Outro segundo se passou, e Tex sugou uma respiraçã o ofegante. Eu o
rolei de cima de mim e me sentei. Meu cabelo caiu do estilo cuidadoso
que eu tinha colocado. Meu coraçã o estava batendo de forma irregular
enquanto eu olhava para Tex. Ele piscou lentamente para mim, e eu
sorri. Ele nã o se mexeu quando tirei o massageador de pró stata de seu
buraco.
Desabotoei minha calça e puxei o zíper para baixo. Todo o som foi
abafado pelo meu batimento cardíaco. Eu nã o podia esperar para
afundar nele. Para arruiná -lo ainda mais.
— Ainda nã o terminei com você. — Rolei Tex para o lado, seus olhos
azuis nublados focados em mim mesmo agora enquanto ele tentava
respirar fundo.
Ele estava me observando. Eu sempre gostei de observar, mas ser
observado nunca foi tã o bom.
Um sorriso surgiu em meu rosto enquanto eu saboreava a nova
sensaçã o que corria em minhas veias. Deslizei a camisinha sobre meu
pau e enganchei uma das pernas de Tex em meu braço antes de afundar
nele.
O calor ú mido apertado estrangulou meu pau enquanto eu
mergulhava dentro dele de uma só vez. Um gemido estrangulado veio
de Tex, e eu queria ouvi-lo novamente. Era muito perto de um grito.
No momento em que pensei nele chorando, meu pau pulou dentro
de Tex. Lágrimas escorrendo por seu rosto. Aposto que teriam gosto de
paraíso. Puxei para trá s até que apenas a ponta do meu pau
descansasse contra seu buraco. Eu estalei meus quadris para frente. O
choque de nossa carne ressoou ao meu redor e foi acompanhado pela
sucçã o ú mida do buraco lubrificado de Tex me sugando. Era quase tã o
agradável de ouvir quanto o som de ó rgã os internos escorregando de
um corpo e se espalhando no chã o.
Um arrepio desceu pela minha espinha junto com o suor. Isso fez
minha camisa grudar na pele, mas nem mesmo aquela irritaçã o foi
suficiente para me fazer parar.
Minha mã o envolveu seu pênis e Tex choramingou.
— Goze para mim de novo.
Ele balançou a cabeça lentamente, seus cílios tremulando enquanto
eu o fodia implacavelmente. Apertei meu aperto em seu pênis,
acariciando-o no mesmo ritmo das minhas estocadas.
A eletricidade dançou na minha espinha, e com cada estocada, eu
cresci mais perto do clímax. Minha respiraçã o era errá tica enquanto eu
olhava para Tex. Seu pênis ficou duro, e ele choramingou quando uma
ú nica lá grima escorregou do canto de seus olhos.
Meu orgasmo me atingiu como uma marreta, e lutei para ficar de pé
enquanto enchia a camisinha com meu esperma. Minha irritaçã o por
nã o preencher e marcar Tex era uma pequena chama no fundo da
minha mente enquanto manchas dançavam diante de mim.
As costas de Tex arquearam, e seu buraco apertou em torno de mim,
prolongando meu orgasmo quando ele gozou novamente. Apenas
algumas gotas escaparam de seu pênis, e eu estava meio tentado a
continuar acariciando-o. Para ver mais daquelas lá grimas. Um não é
suficiente.
Levantei-me com as pernas trêmulas e olhei para Tex esparramado
no chã o. Porra decorou seu torso e peito. Seus olhos estavam fechados e
sua respiraçã o pesada.
— Você fez outra bagunça. — Estalei a língua e soltei um suspiro ao
aceitar a bagunça diante de mim. — Eu vou ter que puni-lo por isso
mais tarde.
Tex murmurou em seu sono, e eu tomei isso como consentimento.
Eu nã o conseguia tirar os olhos dele.
— Você realmente deveria ter cuidado com os monstros que
procura.
Eu me forcei a ir embora e me limpar. Um banho completo e uma
nova troca de roupa depois, eu estava pronto. Fiz um trabalho rá pido de
endireitar tudo de volta, até mesmo movendo Tex para a cama e
limpando seu corpo. Verifiquei os arquivos em meu casaco e olhei para
a hora.
Benito disse para ficar de olho no policial, e eu faria, mas do meu
jeito. Coloquei meu nú mero no telefone de Tex, sabendo que ele ligaria.
Eu verifiquei a cobertura, certificando-me de que nada foi deixado para
trá s. Raramente guardava algo ali além de uma muda de roupa.
Deixei á gua no criado-mudo e desci as escadas. Cada nú mero que
acendia no elevador parecia um lembrete do que eu estava deixando
para trá s. Um corpo no qual eu me perdi.
Não se preocupe. Isso vai acontecer novamente. Lembrei-me disso,
fechando os olhos momentaneamente. O ding do elevador me fez
empurrar tudo para longe e afundar de volta no entorpecimento que
me cercava no dia-a-dia.
— Senhor. Vitale —, cumprimentou a recepcionista.
— Vou fazer o checkout.
Ela assentiu.
— Devemos deixá -lo vago?
— Sim.
Seus dedos finos voaram sobre o teclado antes que ela levantasse a
cabeça. — Tudo resolvido, senhor.
Eu nã o me afastei, e ela esperou pacientemente que eu dissesse o
que mais eu precisava.
— Café da manhã e despertador à s cinco e meia.
Ela nã o me questionou enquanto digitava a nota.
— Considere feito, senhor.
Ao sair do hotel, o ar fresco da noite me deixou ainda mais gelado.
Lutei contra a vontade de olhar para o hotel. Nã o havia como ele estar
acordado ainda. Se fosse, eu nã o me importaria de brincar com ele um
pouco mais. Embora se eu nã o começasse a limpar os policiais
desonestos tirados de nossa folha de pagamento, Benito colocaria uma
bala no meu crâ nio.
Por mais que a morte fosse bonita e atraente para mim, eu nã o tinha
desejo de morrer.
CAPÍTULO CINCO
TEX

Toque. Constante, irritante, tocando. Isso se infiltrou no sonho que eu


estava tendo e gemi quando estendi a mã o, batendo na mesa de
cabeceira e procurando meu telefone. Instintivamente, peguei o fone e o
pressionei contra o ouvido.
— O que? — eu murmurei.
— Bom dia. Esta é a sua chamada de despertar à s cinco e meia. O
café da manhã estará pronto em vinte minutos. Posso servi-lo em algo
mais?
Abri um olho. Que porra está acontecendo? Movendo-me na cama,
minhas pernas roçaram nos lençó is que nã o eram do meu tipo de caixa
de barganha. Tudo doeu. Passei os dedos pelo cabelo e esfreguei os
olhos, tentando fazer meu cérebro funcionar.
— Senhor?
— Huh? Nã o, — eu murmurei. Enquanto eu olhava ao redor, a noite
voltou para mim. — Merda!
Desliguei quando a mulher perguntou se eu estava bem. Eu só
conseguia pensar no fato de estar em um quarto de hotel estranho. E a
verdade mais terrível de todas.
Eu fodi o inimigo ontem à noite.
Estendendo a mã o para trá s, toquei minha bunda e assobiei. Parecia
que eu ainda podia senti-lo dentro de mim, esticando meu buraco e me
fodendo em uma névoa de estupidez. O cheiro de sua colô nia
permaneceu, e eu senti sua faca pressionada contra meu pau,
arrastando sobre minha carne enquanto ele olhava para mim com
aqueles profundos olhos castanhos. Senti um latejar em volta do meu
pescoço onde ele me sufocou até eu ter certeza que ia morrer.
Tremendo, forcei-me a sair de sua cama. Percebi que ainda estava
segurando um travesseiro e o joguei fora, lançando o perfume de sua
colô nia no ar. Meu pau se contraiu involuntariamente, e eu reprimi um
gemido. A noite passada nã o tinha saído do jeito que eu planejei. De
alguma forma, Enzo entrou no meu cérebro e me transformou em uma
cadela de cabeça vazia.
Esse pensamento fez minhas bolas doerem.
— Porra! — Eu agarrei.
Olhei em volta procurando minhas roupas e lembrei que elas
estavam penduradas no armá rio da frente. Corri até lá , peguei-os e
deixei uma pilha de cabides no chã o antes de ir para o banheiro.
— Eu sou tã o estú pido, — eu murmurei.
Acendi a luz e encarei meu reflexo. Como diabos ele tinha entrado na
minha cabeça assim? Como ele sabia que eu lembrava do có digo no
elevador? Havia um milhã o de perguntas que eu tinha sobre Enzo, mas
nã o conseguia pensar além do latejar constante e dolorido do meu cu.
Antes que eu pudesse fazer qualquer outra coisa, eu precisava de
seu cheiro fora de mim. Demorou, infiltrando-se no meu nariz e me
fazendo querer arranhá -lo da minha pele. O chuveiro esquentou depois
que liguei o interruptor. Procurei os pequenos frascos de sabonete e
shampoo de cortesia do hotel assim que entrei.
Eu nem consegui nenhuma informação. Eu plantei minhas mã os
contra o azulejo frio da parede e pensei sobre o que fazer a seguir. O
risco valeu a pena, mas a recompensa nã o. Mas agora que eu tinha Enzo
Vitale em minha mira, eu nã o podia nem imaginar deixá -lo ir e me
afastar dele.
Ele era meu.
Minhas mã os correram pelo meu corpo, e eu empurrei as memó rias
dele para fora da minha cabeça. Enquanto meus dedos deslizavam
contra meu buraco, eu podia senti-lo pressionado contra mim, o calor
de sua respiraçã o soprando contra minha orelha enquanto ele sulcava
dentro de mim com a mesma certeza, maneira precisa que ele se
mantinha. Parte de mim queria desvendá -lo, vê-lo perder a calma e rir
do resultado.
Saí do chuveiro antes de me permitir ir muito longe na toca do
coelho. Assim que saí da baia cheia de vapor, minha mente se acalmou e
me concentrei na tarefa em questã o. Jogando minhas roupas, saí e
comecei a procurar. Eu procurei cada centímetro do lugar, mas assim
como eu suspeitava, nã o havia nada. Sem fotos, sem notas, sem
tecnologia para bisbilhotar. Enzo Vitale foi minucioso.
— Merda, — eu murmurei.
O som da batida me fez ir buscar minha arma, mas lembrei que a
havia deixado trancada no porta-luvas do meu carro. De jeito nenhum
eles teriam me permitido entrar no Blu com ele. Cautelosamente fiz
meu caminho até a porta, o cabelo na parte de trá s do meu pescoço
arrepiado.
— Serviço de quarto!
Meus ombros caíram um pouco. Olhei para o corredor e encontrei
um homem com um carrinho de rodas. Suspirando, agarrei a maçaneta.
Você vai se acalmar? Está tudo bem! Eu disse isso a mim mesma, mas
ainda estava em alerta má ximo. Lentamente, abri a porta e o homem
sorriu para mim.
— Seu café da manhã , senhor —, disse ele. — Gostaria que dentro?
— Claro, — eu murmurei, completamente sem palavras. — Eu nã o
pedi isso, no entanto.
— Sr. Vitale providenciou e já cuidou de tudo —, disse enquanto
servia o café. — Existe mais alguma coisa que eu possa fazer por você?
Eu pisquei para ele.
— Enzo fez isso?
Ele assentiu.
— Tudo bem —, eu disse lentamente, pegando a caneca branca e
franzindo a testa. — E onde ele está agora?
— Se foi, — ele disse curtamente.
Eu levantei uma sobrancelha.
— Foi para onde? Ele vem sempre aqui? Este é o lugar dele? Ou é
apenas em algum lugar onde ele passa a noite de vez em quando?
O sorriso ficou estampado no rosto do homem, mas seus olhos
mudaram. Por um breve momento, seu olhar cintilou ao redor da sala
como se estivesse esperando que alguém saltasse. Quando ele olhou
para mim novamente, eu o encarei, esperando por uma resposta.
Ele mudou de um pé para o outro.
— Tenho certeza que o Sr. Vitale pode responder a qualquer
pergunta que você tenha para ele.
Certo. Eu nã o ia arrancar nada desse cara. Assentindo, eu o encarei
até que ele saiu da suíte o mais rá pido possível. Balançando minha
cabeça, eu adulterei meu café e olhei para o banquete que havia sido
deixado para mim. Eu nã o queria comer a merda que Enzo tinha
pedido, mas meu estô mago deu um nó e roncou, deixando claro que
nã o dava a mínima para o que eu queria.
Peguei um pedaço de torrada e fui procurar meu telefone. Estava
exatamente onde eu tinha começado, sentado na mesa de cabeceira
como se tivesse colocado lá , mas eu tinha certeza que nã o. Enzo fez isso?
Peguei meu telefone e olhei a hora.
— Merda. Tenho que trabalhar.
Rourke ia me matar se eu me atrasasse. Ignorei o leve latejar em
minha cabeça, corri até o carrinho de café da manhã e peguei um prato
para mim. Subindo no elevador, pedi um Uber enquanto enfiava ovos e
bacon na boca como uma pessoa faminta. Quando as portas se abriram,
uma mulher parou na frente delas e fez uma careta para mim. Limpei o
café da manhã do rosto, sorri com as bochechas inchadas e murmurei
um pedido de desculpas enquanto passava por ela.
Larguei meu prato no balcã o de check-in.
— Desculpe, eu nã o sei onde isso deveria ir. Se Enzo Vitale voltar,
você pode dar um recado para ele?
A mulher piscou para mim.
— Hum, sim, senhor.
— Na verdade, eu deveria anotar.
Ela me deslizou um bloco de notas e eu rabisquei uma mensagem
rá pida. Quando o devolvi, ela o rasgou e enfiou em um envelope. Eu tive
que admitir; fiquei impressionado por ela nã o ter lido. Eu teria.
— Isso é tudo, senhor?
— Sim. Obrigado — eu disse.
Durante toda a viagem de volta para o meu carro, nã o consegui
parar de pensar em Enzo. Ele era uma aberraçã o estranha e organizada,
um idiota, mas caramba, eu nã o conseguia tirá -lo do meu cérebro. Meu
pau implorou por outra rodada. Ele era uma coisa perigosa e selvagem
que nã o tinha normas sociais para aderir. No entanto, eu nã o conseguia
pensar em mais nada além de sua mã o em meu quadril e sua voz
rosnando em meu ouvido.
— Oh, saia da minha cabeça já !
— Com licença? — O motorista olhou para o espelho retrovisor, seus
olhos se estreitaram.
— Desculpe, estou falando sozinho.
O homem franziu a testa.
— Se você está drogado agora, vou te colocar para fora do meu
carro. Eu nã o vou lidar com essa merda de novo, — ele murmurou.
Eu gemi por dentro e me desculpei profusamente até que ele parou
de olhar. Ó timo, eu estava começando a fazer as pessoas pensarem que
eu era louco. Talvez eu estivesse perdendo a cabeça, por que de que
outra forma eu acabaria nessa situaçã o? Desde rastrear Enzo Vitale até
pegar seu pau, quando eu decidi que era uma boa decisã o?
Tire-o da cabeça. Essa foi a primeira e última vez que isso vai
acontecer.
Afastei todos os pensamentos de Enzo Vitale para bem longe de mim
enquanto corria para o meu carro. O tempo estava passando e eu
precisava me concentrar. Estacionei ao acaso, correndo para o meu
apartamento depois de olhar a hora no meu telefone. Vesti meu
uniforme, cocei meu gato Penelope atrá s de suas orelhas perfeitas,
alimentei-o e saí correndo de casa como se minha bunda estivesse
pegando fogo.
Vinte minutos depois, eu estava na delegacia. Eu marquei o ponto e
subi no banco do passageiro da minha viatura, ofegante. Rourke olhou
para cima, sua sobrancelha escura levantada enquanto ele me olhava de
cima a baixo. Fechei a porta e o encarei de volta.
— O que? — Perguntei.
— Você está atrasado.
Eu gemi.
— Nã o comece. Eu dormi tarde.
Rourke grunhiu.
— Eu posso ver isso. Há uma marca. Ele apontou para o pescoço
com a caneta. — Ali.
Olhei para ele, horrorizado, por um segundo antes de pegar meu
telefone e olhar para o meu reflexo na câ mera. Ele estava certo. Nã o era
um chupã o ou algo assim, mas uma linha vermelha que se destacava
contra a minha pele. Foi exatamente onde o braço de Enzo envolveu
minha garganta, naqueles momentos sufocantes e aterrorizantes
quando pensei que ele iria me matar, apenas para ele liberar e me foder
até a morte. Meu pau se contraiu novamente.
Para baixo, garoto.
— Onde você foi ontem à noite? — Rourke perguntou, me fazendo
desligar meu telefone e olhar para ele. — Eu sei que você voltou aqui
depois que eu disse para você levar sua bunda para casa.
— Nã o havia razã o para eu ir — Ah! Seu filho da puta, — eu
resmunguei com os dentes cerrados quando o punho de Rourke bateu
em meu ombro.
— Sim, foi o que pensei —, disse ele. — Idiota.
— Oh, foda-se —, eu respondi. — Eu ainda posso fazer o meu
trabalho.
— Até que alguém agarre seu maldito braço do jeito errado, e você
se mije de dor e acabe com uma bala na cabeça.
Rourke era um bom amigo e um grande parceiro, mas à s vezes eu
queria dar um tapa nele. Ele era tã o tenso e rígido quando queria ser.
— Estou bem —, enfatizei. — Sim, dó i, mas posso lidar com a dor se
realmente precisar. Ok?
Rourke grunhiu e ligou o carro. Isso era o melhor que eu
conseguiria, e eu sabia disso. Peguei meu telefone e verifiquei minhas
mensagens antes de abrir um bloco de notas e começar a digitar. Enzo
Vitale. Organizado. Forte. Nota coisas. Louco pra caralho. Era uma boa
lista, mas curta. Eu precisava de mais para continuar. Eu tive que me
encontrar com Enzo novamente.
Lembrei-me do bilhete que deixei para ele. Foi curto, preciso e
direto ao ponto. Apenas duas palavras.
Foda-se.
CAPÍTULO SEIS
ENZO

Os sons da cidade foram silenciados nos subú rbios. Quase se podia


acreditar que eles estavam em um universo totalmente diferente. Nã o
havia buzinas estridentes, névoa de poluiçã o ou luzes de néon
ofuscantes. Em outra vida, talvez eu morasse em um lugar tã o calmo.
Mas esse nã o tinha sido o meu destino. O barulho constante e os
cheiros estavam em casa, com os quais me acostumei.
Abri o portã o dos fundos, a madeira recém-pintada de preto e os
arbustos ao redor recém-aparados. Alguém tinha muito tempo livre.
Brinquedos espalhados pelo quintal, um pula-pula, um caminhã o de
bombeiros perto do balanço e uma pá em uma caixa de areia que tinha
areia espalhada ao redor. Meus olhos se contraíram quando todo o meu
foco foi atraído para a areia irregular. Nã o era importante, mas fui até a
pequena caixa.
Eu precisava de outra coisa em que me concentrar, algo familiar que
nã o estivesse fora do lugar e que nã o impulsionasse minha necessidade
de consertar ou destruir tudo. Enfiei a mã o no casaco e meus dedos
roçaram o metal frio da minha 9mm em staccato. Era familiar e
perfeito.
Minha mã o envolveu a arma e a soltou. O luar brilhava no topo dela,
até o céu estava hipnotizado por sua beleza. Respirei fundo, lembrando-
me passo a passo de como o desmontei e limpei. Meus dedos se
contorceram ao longo da arma como se estivessem se movendo com a
minha memó ria.
Eu me senti mais no controle a cada segundo e me afastei da
distraçã o e fui para casa. A luz da varanda dos fundos acendeu quando
a porta se abriu.
— Apenas levando o lixo para fora.
O homem que eu estava lá para ver saiu de sua casa. Como se
sentisse um predador em sua presença, ele ficou imó vel, seu olhar
varrendo o quintal até que seus olhos caíram sobre mim. Nã o havia
necessidade de me apresentar. O reconhecimento surgiu em seus olhos
castanhos no momento em que os nossos se encontraram.
— Nã o faça isso aqui —, implorou Johnny McDowell.
Eu era um monstro, mas nã o era desleixado.
— Nã o se preocupe. Nã o pretendo espirrar seu sangue na grama
recém-cortada. Diga a eles que você tem que ir.
Johnny foi até o lixo e jogou sua bolsa lá dentro. Eu ainda segurei
minha arma, mas ele nã o fez nenhum movimento para correr. Ele sabia
melhor. Sua família seria usada como garantia, e Johnny nã o era homem
de colocar sua família em perigo.
Ele caminhou de volta para a porta, com os ombros para trá s e em
pé em sua altura total de 1,80m. Se ele quisesse, ele poderia lutar
comigo e fugir. No entanto, nó s dois sabíamos como isso terminaria. Eu
era conhecido por derrubar homens com o dobro do meu tamanho.
Johnny abriu a porta, mantendo o corpo do lado de fora enquanto
gritava para dentro.
— Estou saindo, querida.
— A esta hora da noite, Johnny? — Sua voz aguda arranhou meus
tímpanos.
Guardei minha arma, nã o precisando mais de uma â ncora para
poder lidar com pequenos aborrecimentos.
— Nã o comece, Linda.
Johnny recuou e olhou por cima do ombro. Nossos olhos se
encontraram brevemente antes que ele fechasse a porta de tela e se
dirigisse para o portã o dos fundos. Passos vieram de dentro da casa
suburbana antes que a porta dos fundos fosse aberta.
— Quando você estará de volta? — Linda gritou. Seus olhos verdes
brilhantes pousaram em mim, e a compreensã o clicou. Seus lá bios
pintados de rosa pressionados juntos em uma linha fina. — Os
meninos...
— Linda, volte para casa — disparou Johnny.
Ela parecia pronta para discutir, seus olhos suplicantes nunca se
desviando de mim.
— Os meninos precisam do pai.
Se ela pensasse que estava mexendo com meu coraçã o, estaria muito
enganada. Eu nã o tinha certeza se tinha um.
— Linda, volte para dentro, por favor.
Ela me encarou um pouco mais antes de se virar para o marido.
Despedidas sinceras eram outra coisa que eu nã o entendia sobre
humanos. Ela sabia que esse dia estava chegando. Mesmo que nã o fosse
eu trazendo a morte à sua porta, seria outra coisa. Um acidente de
carro, um ataque cardíaco, qualquer coisa.
— Johnny. — A voz de Linda falhou e Johnny olhou na minha
direçã o.
Eu nã o mostrei nada, nem me importando se ele estendeu isso ou se
apressou. De qualquer maneira, seu fim estava pró ximo e estaria em
minhas mã os.
Ele se virou e marchou até ela e puxou-a contra ele. Ele era um bom
pé mais alto do que ela. Enquanto Johnny parecia ter quarenta e poucos
anos, Linda ainda tinha a aparência jovem de uma pessoa de vinte anos.
Eu nã o passava de um observador. Ela se agarrou a ele, desespero em
seus olhos enquanto ele continuava a me espiar.
Ela sussurrou para o marido, mas isso nã o significava nada. Johnny
sabia o resultado. Ele assinou a linha pontilhada. E eu estava lá para
cobrar.
Johnny se afastou e limpou a garganta.
— Volte para casa. Eu te amo.
Linda suspirou e cobriu a boca. Lá grimas rolaram por seu rosto e
desapareceram atrá s de sua mã o. Ela se virou e correu para dentro de
casa. A porta se fechou e Johnny soltou um suspiro pesado. Ele olhou
para a casa por mais um segundo antes de se virar e ir em direçã o ao
portã o dos fundos.
Ele parou e olhou para mim. Eu sabia que ele faria algum tipo de
exigência. Eles sempre fizeram.
— Minha família fica fora disso.
— Isso é com você —, respondi com sinceridade.
Ele se virou e me encarou. Talvez se eu fosse criança, seu olhar duro
teria me assustado. Mas ele nã o passava de um homem acostumado a
ter poder e agora era impotente.
— Vamos acabar logo com isso — disse Johnny.
Nó s fomos em direçã o ao carro dele, e eu deslizei para o banco do
passageiro. Houve uma razã o para eu tê-lo escolhido primeiro entre
todos os nossos informantes. Johnny tinha sido o melhor. Se nã o fosse
pelo deslize de seu parceiro, ele ainda estaria na polícia. Eu nã o
suspeitava que ele fosse o rato, mas Benito nã o aceitaria meu palpite
como uma resposta certa.
Eu o orientei para onde ir. Quanto mais longe estávamos da cidade,
mais a excitaçã o eletrizante e fria formigava sob a superfície da minha
carne. Johnny nã o se importava com conversa fiada e, por isso, eu nã o
cortaria sua garganta e o veria sangrar até morrer. Eu poderia ser
misericordioso.
— Aqui, — eu disse.
Paramos em um dos muitos prédios abandonados que possuímos
sob alguns pseudô nimos. Johnny grunhiu e estacionou o carro. Seus
dedos tamborilaram no volante enquanto ele nã o fazia nenhum
movimento para sair.
Não seja um corredor.
— Minha família...
— Depende de suas respostas.
Johnny assentiu e saiu do carro. Eu segui o exemplo, sugando o ar
viciado da noite. As estrelas brilhavam no céu, uma visã o que nã o
estava disponível na cidade ou mesmo nos subú rbios. Excesso de
poluiçã o luminosa.
Admirei-os por mais um segundo antes de caminhar atrá s de
Johnny. Meu telefone vibrou e enviei a confirmaçã o para meus homens.
Eles estariam lá exatamente em quinze minutos. Ter um tempo definido
sobre minha cabeça fez toda a tensã o sangrar para fora do meu corpo.
Havia algo sobre estar confinado em um quadrado organizado de
tempo. Eu nã o iria passar ou terminar muito rapidamente.
— Sente-se. — Apontei para a ú nica cadeira na sala.
Ele olhou em volta, e eu sabia que seus olhos se fixaram em alguns
dos homens que já estavam lá . Eles caminharam em silêncio, ficando
fora do meu caminho.
— Nunca mencionei meu acordo —, começou Johnny.
— Eu sei.
Seus ombros caíram quando ele se sentou na cadeira de metal. O
buraco no teto estava perfeitamente posicionado sobre sua cabeça. O
luar brilhava sobre ele como se a morte estivesse ali para
cumprimentar Johnny e dar-lhe as boas-vindas à vida apó s a morte.
— Nã o muda o fato de você ter sido dispensado da polícia.
Johnny se arrastou.
— Dispensado? Mais como demitido. Eles nã o poderiam colocar
nada pesado em mim além de alegaçõ es. Eu era um policial muito bom.
— Se isso fosse verdade, eu nã o estaria na sua frente agora.
Os punhos de Johnny se fecharam nas coxas e ele desviou o olhar.
Era a verdade. Por que ele estava agindo como se o que eu disse fosse
tã o errado?
— Meu parceiro confessou ter negligenciado alguns casos. — Johnny
deu de ombros.
Seu parceiro já havia sido tratado. Arnold Keys morreu com um tiro
auto infligido na cabeça.
— Quem está investigando minha família?
Johnny deu de ombros.
— Todas as forças-tarefa foram encerradas apó s o fiasco há dois
anos. Ninguém quer um banho de sangue. Muitos inocentes morreram
sem justiça.
O mú sculo em sua mandíbula palpitou quando ele desviou o olhar
de mim.
Essa palavra tinha pouco significado nesta vida. Vingança é o que ele
quis dizer. Ele tinha tudo a ver com justiça, exceto quando precisava de
ajuda com seu filho doente. Entã o, de repente, a justiça nã o era tã o
importante.
Eu odeio policiais. Eles são o pior tipo de lixo humano. O rosto de Tex
passou diante de mim, e meu estô mago revirou em desconforto. Talvez
nem todos os policiais. Foi uma noite e um brinquedo com o qual eu nã o
iria brincar de novo. No fundo, eu esperava que nã o fosse verdade.
— O que você pode me contar?
— Quero que minha família receba dois meses do que vocês
estavam me pagando —, rebateu Johnny.
— Tudo o que a sua espécie faz é pegar.
Eu poderia fazê-lo falar, mas Benito disse que nã o havia brincadeira.
E agora, posso me perder no sangue, perdendo qualquer informaçã o
que ele possa ou nã o entregar.
— Um. — Eu levantei minha mã o, parando suas negociaçõ es. — Já
está sendo generoso. A menos que você esteja disposto a vender sua
esposa para nó s, eu pararia de negociar por mais dinheiro que eles nã o
conseguiriam pagar.
Johnny calou a boca e assentiu. Ele soltou um suspiro enquanto se
inclinava para trá s. O arrastar da cadeira contra o piso de concreto
ecoou pela sala quando ele a empurrou para trá s.
— Houve boatos sobre o novo prefeito querendo derrubar uma
família do crime para ser reeleito. — Johnny balançou a cabeça. —
Malditos políticos. Pelo que sei, o chefe descartou a ideia de uma força-
tarefa por enquanto.
Olhei para ele, esperando para ver o que mais ele tinha para mim. O
ato de durã o de Johnny caiu com o passar dos minutos.
— A ú ltima apreensã o na avenida Bedford? A dica veio de algum
drogado. Ele estava viciado em metanfetamina. Nó s o deixamos ir, mas
ouvi dizer que ele foi pego de volta.
— Nome, — eu exigi.
Johnny olhou para todos os lados, menos para mim. Era como se ele
pudesse dizer que seu tempo estava quase acabando. Sua perna
começou a balançar.
— Eu nã o...
— Pense. Lembre-se, a vida de sua família depende de sua resposta.
Ele parou de se mover e finalmente encontrou meu olhar. A raiva
brilhou em seus olhos quando suas sobrancelhas se abaixaram e seus
lá bios se curvaram em uma carranca.
— Foi Carter, nã o, Clark, talvez Carl. Começou com um C.
Eu balancei a cabeça, e dois homens avançaram ao meu sinal. Johnny
tentou pular, mas eles o seguraram. Ele fez cara de bravo apenas para se
acovardar agora.
Ele foi uma decepçã o, mas todos foram. Puxei minha Staccato XC
9mm e mirei em sua cabeça. Johnny cerrou os dentes e olhou para mim,
abrindo a boca, mas nenhuma palavra podia ser ouvida sobre o
estrondo da bala deixando minha arma e perfurando o ar.
Minha mã o recuou ligeiramente com o recuo e me estabilizei mais
uma vez antes de abaixá -la. A cabeça de Johnny caiu para trá s antes de
rolar para a frente. Olhos vazios olharam para mim.
Sangue escorria do buraco no meio de seu crâ nio. A conta deslizou
ao redor de seu nariz fino e sobre seus lá bios finos. Foi hipnotizante
quanto mais se juntou a ele criando seus padrõ es em seu rosto antes de
cair em suas roupas ou no chã o para ser encharcado.
Eu observei, me aquecendo em paz por mais um segundo antes de
começar a limpeza. Tínhamos pessoas que faziam a maior parte do
trabalho, mas eu preferia garantir que nã o sobrasse nada.
O som entrou. Foi como se uma bolha tivesse estourado, e ouvi os
homens ao meu redor conversando e se movendo.
Tirei minhas roupas e limpei meu rosto, me livrando de todas as
evidências. Um de nossos homens entrou, segurando uma roupa limpa.
Eu preferiria tomar banho, mas teria que esperar. Eu teria que lidar
com a maneira como minhas roupas grudavam na minha pele suada e
como o fedor do armazém exalava de mim.
— Mande para o açougueiro, — eu disse enquanto colocava a calça
bege.
O material nã o era novo, mas arranhava minha carne a cada toque,
deixando meus dentes tensos. Isto não está certo.
Irritaçã o se estabeleceu na boca do meu estô mago, virando de novo
e de novo enquanto eu me forçava a passar por isso. A camisa nã o era
melhor, um botã o azul claro que fiz questã o de colocar para dentro.
Recebi o sobretudo italiano Aosta e os ó culos que normalmente uso.
Tudo o que normalmente me fazia sentir calmo estava fazendo o
oposto.
— Senhor? — um dos homens chamou.
Eu me virei para ver o que ele precisava. Uma vozinha no fundo da
minha cabeça gritou para eu arrancar minhas roupas e queimá -las.
Engoli audivelmente e ignorei o má ximo que pude.
— A esposa está ligando.
A esposa do policial aposentado. Suspirei. Pegando o telefone,
encaminhei a ligaçã o.
— Certifique-se de que ela saiba manter a boca fechada.
Ele acenou com a cabeça e eu quebrei o telefone entregando-o de
volta para ele. Um milhã o de formigas subiam pelos meus braços e
pernas enquanto agulhas perfuravam minhas costas e tronco. Eu
precisava tirar essas roupas. Eu podia senti-los demais.
— E entregar o restante do dinheiro.
Johnny havia sido comprado para a cirurgia de seu filho, e os Vitales
sempre cumpriam sua parte no trato. Havia uma razã o para ninguém
nunca nos delatar. Só o medo nã o era suficiente para dominar as ruas
de Nova York.
O carro de Johnny seria devolvido à família assim que fosse
totalmente limpo. Benito nã o se arriscou, nem eu. Meu carro me
esperava na beira da estrada. Embora tudo em mim gritasse para eu
correr em direçã o a ele e me apressar, mantive meus movimentos
controlados e medidos.
A viagem foi rá pida e voltei para o hotel. Eu tinha planejado ir para
casa, mas por algum motivo, meu cérebro em chamas decidiu que o
hotel seria o melhor. Eu marchei através das portas, e as luzes
brilhantes me assaltaram. Apertei os olhos, engolindo meu desconforto.
— Sr. Vitale, seu convidado deixou um recado para você —, disse a
recepcionista.
Ela nã o questionou por que eu estava de volta tã o cedo.
Normalmente, quando fechava o quarto, ficava fora por um ou dois
meses. No entanto, mesmo que ela tivesse me perguntado, eu nã o teria
a resposta.
— Ele voltou aqui? — Eu perguntei, forçando cada palavra para fora.
Eu nã o queria nada mais do que ficar em silêncio e desaparecer em
uma á rea tranquila.
— Nã o senhor. Nã o que tenhamos notado.
Olhei para ela, tentando expressar a pergunta. As palavras se
distorceram e minha língua descansou pesadamente na minha boca,
determinada a nã o se mover.
— Ele questionou um servidor sobre você, mas nada mais. O café da
manhã estava meio comido antes de ele sair em um Uber —, ela
forneceu.
Eu me virei assim que peguei o bilhete, desaparecendo em direçã o
ao elevador. Meu controle e paciência eram de um santo. No entanto, o
pedaço de papel queimou na ponta dos meus dedos, exigindo que eu o
abrisse ali mesmo. Isso momentaneamente me distraiu do meu
desconforto, mas no momento em que o elevador apitou e abriu, corri
para a minha porta. Todo o controle saiu pela porta enquanto eu
arrancava as roupas do meu corpo. Minha carne estava coçando e
queimando ao mesmo tempo.
Tirá -los nã o era suficiente, e eu freneticamente fui para o quarto.
Joguei o bilhete na cama e liguei o chuveiro. Nã o esperei esquentar. O
frio gelado foi um alívio do calor avassalador que ameaçava me
consumir. Eu sabia que estava tudo na minha cabeça, mas nã o mudou
nada.
Assim que saí do banho e me vesti, fui até a cama. O envelope ainda
estava lá , me provocando. Peguei e abri. Um ú nico bilhete caiu sobre a
cama.
Algo pró ximo a uma risada se soltou quando balancei a cabeça. Olhei
para o pedaço de papel com um sorriso no rosto.
Foda-se.

***

Enzo: Ray Lends está resolvido.


Enviei a mensagem para Benito e cerrei meus molares enquanto
colocava meu telefone no porta-copos.
Outra matança insatisfató ria. Nã o era o suficiente, e senti a borda do
caos se aproximando de mim. A tensã o cresceu entre minhas omoplatas
e a sensaçã o de uma agulha perfurando minha carne repetidamente
tornou-se cansativa. Nenhuma quantidade de leitura ou meditaçã o
estava ajudando.
Eu me encontrei do outro lado da cidade, onde morava um certo
policial novato. Eu verifiquei minhas mensagens e Tex estava
trabalhando. Cinco dias desde a ú ltima vez que o vi, e pensando
estranhamente nele e na noite que tínhamos acalmado o turbilhã o de
insanidade dentro de mim. No entanto, a memó ria estava ficando velha
e eu precisava fazer algo a respeito logo.
Ficar de olho nele era meu trabalho, mas eu fiquei longe dele. Ele era
o tipo de brinquedo que eu acabaria quebrando rá pido demais. Ou ficar
obcecado, e a ú ltima coisa que eu precisava para ficar obcecado era um
policial.
Eu sabia que nã o era uma boa ideia, mas mesmo assim saí do carro e
caminhei até a porta dele. O apartamento era fá cil de arrombar,
ostentando duas fechaduras simples que nã o impediriam a entrada de
um adolescente. Entã o, novamente, olhando em volta, nã o havia muito
para roubar. Qualquer um invadindo teria que estar desesperado ou
obcecado por Tex.
Um balançar chamou minha atençã o, e um Maine Coon laranja2 saiu
de uma caixa pequena demais para ele. Eu nã o tinha considerado Tex
como um homem-gato, mas eis que a beldade caminhou até mim e
miou. Eu me agachei e cocei atrá s de suas orelhas, fazendo uma careta
para o cabelo que grudava em meus dedos.
Ele precisava ser escovado e banhado.
— Já que estou aqui, vamos ver o que seu dono tem feito.
Levantei-me e deixei meu olhar vagar, mas parecia que Tex vivia
como um porco. Roupas jogadas por toda parte, alguns pratos na pia e
uma toalha molhada no chã o do banheiro.
Minha necessidade de consertá -lo assumiu. Antes que eu
percebesse, eu estava limpando o apartamento inteiro. Para minha
surpresa, nã o havia nada aqui que indicasse que Tex era mesmo um
policial. Nenhum crachá ou arquivos espalhados. Nem mesmo suas
roupas de giná stica da academia de polícia. Se eu nã o soubesse quem
ele era, Tex quase poderia parecer um cara normal.
Quase. Aqueles olhos azuis surpreendentes passaram pela minha
mente, e eu me livrei do domínio que ele tinha sobre mim.
O toque cortou o momento de paz e suspirei enquanto puxava meu
telefone do bolso. O nome de Benito brilhou na tela. Eu sabia que nã o
tinha escolha a nã o ser responder.
— Onde você está , Enzo?
Dizer a ele que eu estava na casa de Tex nã o cairia bem, mas mentir
para Benito também nunca acabava bem. Nã o respondi, optando por
ficar em silêncio enquanto acariciava o Maine Coon laranja recém-
limpo em meu colo. O gatinho ronronou e se aconchegou mais perto.
— Eu preciso de você em Manhattan. Dois deles tentaram fugir —,
disse Benito.
Sem ver seu rosto, eu sabia que ele estava com raiva, embora meu
irmã o estivesse sempre com raiva. Eu nã o conseguia me lembrar de
uma época em que ele nã o fosse. Talvez Giancarlo soubesse por que
eles estavam juntos desde o início.
— Faça com que se arrependam de ter tentado fugir.
A linha caiu e eu suspirei.
Peguei o gato. Seu corpo era longo, as patas traseiras quase até meus
joelhos.
— Você ficará bem.
Sentei-o e me movi pelo local. A secadora apitou e eu dobrei as
toalhas que tinha usado, mas as mantive separadas de todas as outras.
Agora eram as toalhas do gato. Dei mais uma olhada ao redor, pensando
em colocar câ meras e microfones, mas nada comparado a ver Tex
pessoalmente.
Como se soubesse que eu estava falando dele, meu telefone vibrou
no meu bolso. Eu sorri com a atualizaçã o sobre Tex. Ele estava a
caminho de casa. Pena que nã o pude ficar e brincar com ele esta noite.
Peguei o bilhete que ele me deixou, acrescentando o meu e colocando-o
em sua cama.
Talvez outra hora.
CAPÍTULO SETE
TEX

Meus pé s doíam tanto que eu queria cortá -los e jogá -los no lixo. Eu
me arrastei até a porta da frente e entrei, a correspondência em minhas
mã os enquanto a separava e, finalmente, joguei a pilha inteira no balcã o
da cozinha. Foda-se as contas. Eu nã o queria pensar em como era
deprimente ganhar tã o pouco que estava lutando na cidade.
— Miau!
Abaixando-me, peguei Penelope em meus braços. Ele esfregou
contra o meu rosto, bigodes e pelos por toda parte. Limpei a sujeira da
minha pele, cuspindo-a da minha boca e gemendo.
— Sim, obrigado, Penelope. Obrigado. — Levei-o para a sala, que na
verdade era apenas uma extensã o da cozinha, e congelei. — Que porra é
essa?
Quando saí de manhã , meu apartamento sujo havia sido colocado na
lista como algo com o qual eu precisava lidar quando voltasse. Havia
roupas espalhadas pelo chã o, lixo por toda parte e algo com um cheiro
suspeito em algum lugar da cozinha, mas nã o consegui encontrá -lo nos
três minutos que tive antes de pegar meu copo de café e sair correndo
pela porta. Agora? Estava impecável, como no dia em que me mudei.
Mas melhor.
O cheiro de alvejante queimou minhas narinas enquanto eu
caminhava pelo meu apartamento, e eu enruguei meu nariz. Largando
Penelope no sofá , enfiei a cabeça no banheiro e encontrei a fonte do
aroma ofensivo. Meu banheiro provavelmente estava mais limpo do que
nunca. Eu invadi meu quarto em seguida, raiva e medo correndo pela
minha espinha em igual medida.
— Que porra é essa?
Ali, no meu travesseiro, arrumado como se eu estivesse em um
quarto de hotel, havia um bilhete. Peguei-o e olhei para as letras em
negrito e retas. Talvez na próxima vez.
Meu estô mago revirou. Eu estendi a mã o, agarrando algo para me
estabilizar. Em vez disso, voou para a cô moda, levando uma infinidade
de memó rias antigas para o andar de baixo. Respirei fundo quando a
verdade me ocorreu.
Enzo estava dentro da minha casa.
Um mafioso louco, assassino e sedento de sangue esteve na minha
maldita casa. O medo foi rapidamente substituído enquanto o fogo
corria em minhas veias. Peguei meu laptop e digitei nele, entrando no
programa conectado à s câ meras que instalei.
Clicando algumas vezes, finalmente parei quando o vi entrando em
minha casa. Penelope pulou ao meu lado, ronronando e roçando em
mim com seu rabo longo e fofo até que eu o peguei no colo e olhei para
a tela. Um cheiro familiar puxou meu cérebro, mas eu o afastei
enquanto o observava.
Ele esteve em todo o meu apartamento, limpando, endireitando e
movendo as coisas como um maldito psicopata! A alimentaçã o da
câ mera entrava e saía. Nem sequer me alertou que ele estava lá dentro!
Meu aperto em Penelope aumentou e cerrei os dentes enquanto o
observava pegar meu gato e desaparecer no banheiro. Vinte minutos
depois, ele saiu com Penelope enrolada em uma toalha, secando-o. Eu
apunhalei meu dedo na barra de espaço e empurrei o mesmo dedo
contra minha pá lpebra.
Eu ia matar Enzo Vitale. O bastardo estava invisível há quase uma
semana. Durante todo esse tempo, eu olhei por cima do ombro e me
preocupei em esbarrar nele. Cada homem alto e de cabelos escuros que
eclipsava minha visã o me fazia pensar que era ele de volta para me
foder, mas nunca foi ele. Entã o, por que diabos ele apareceu de repente
agora?
Olhei para Penelope, meu estô mago ainda embrulhado em nó s. Ele
poderia tê-lo machucado. Tudo bem, Enzo nã o fez nada com meu gato,
mas poderia ter feito. E mesmo que nã o o fizesse, ele havia violado meu
espaço sem pensar duas vezes. E para quê? Limpar?
Maldita pessoa louca.
Beijei a cabeça de Penelope e enfiei a mã o no bolso, procurando meu
telefone. Assim que consegui, digitei o nome de contato da minha velha
amiga e esperei que ela atendesse.
— Ei, Texas! Como você está ?
Eu fiz uma careta.
— Ninguém me chama assim além de você, — eu murmurei.
— Sim, eu sei. Ainda te irrita, nã o é? — Ela riu, e ouvi o som familiar
de seus dedos voando sobre as teclas. — E aí?
Belisquei a ponte do meu nariz.
— Você ainda está fazendo segurança?
— Pode apostar sua bunda doce e rechonchuda —, disse ela. — Por
que?
— Preciso de alguém para instalar um sistema de segurança no meu
apartamento. Estou alugando, entã o nã o preciso de um monte de fios e
merdas, e meu senhorio nã o pode saber disso. Acha que você pode
fazer isso?
— Pedaço de bolo —, ela ronronou. — Para quando você precisa?
— Amanhã ?
Chelsea engasgou, e imaginei que fosse com uma daquelas bebidas
energéticas que ela gostava de beber.
— Amanhã ? Isso é curto prazo. Você sabe que vai custar caro, certo?
— Eu pensei que éramos amigos?
— Meus amigos me ligam com mais frequência —, disse ela. — E
faça merda comigo. Isso soa mais como um cliente precisando de um
trabalho de ú ltima hora. Vai custar caro — repetiu ela.
— Quanto?
— Mil e quinhentos.
— Merda, — eu jurei. — Por que é tanto?
— Porque minha merda é boa e eu sou melhor —, disse ela. Eu
podia ouvir seu sorriso presunçoso. — E eu te conheço, Tex. Você nã o
quer aquela porcaria de internet barata que você joga na parede e só
grava pela metade quando quer.
— Você está certa, você está certa, — eu procurei em meu cérebro,
tentando descobrir se eu tinha tanto dinheiro para gastar. — E se
sairmos? Pegar algo para beber? Você acha que poderia cortar...
quinhentos dó lares?
Ela ficou quieta por um minuto.
— Eu poderia usar um ala. Encontre-me no 7º Círculo em uma hora?
— Blu, — eu disse rapidamente. — Vamos lá .
— Aposto que é Blu. Vejo você em uma hora.
Desligamos e voltei para o laptop. Enzo estava em uma missã o,
examinando minhas coisas e depois começando a trabalhar como se
morasse aqui. Eu nã o o via há dias, mas naquele momento eu poderia
jurar que ainda sentia o cheiro de sua colô nia.

***
Fiquei no bar enquanto a mú sica pulsava ao meu redor. Meu coraçã o
estava batendo um pouco forte demais, batendo em meus ouvidos e
abafando a mú sica. Por que diabos eu voltei aqui? Havia mil clubes em
Nova York, mas escolhi aquele que abrigava Enzo Vitale.
Há algo de errado comigo.
— Tex! Por aqui!
Eu me encolhi quando ela gritou meu nome. Minha cabeça girou
enquanto eu tentava ver se alguém estava olhando para mim, mas todos
estavam em seus pró prios mundos. Olhei de volta para Chelsea. Seu
cabelo roxo escuro estava preso em duas bolas redondas de cada lado
de sua cabeça. Mesmo no escuro, seus piercings brilhavam em verde
neon. Tínhamos piercings iguais em algum momento, mas tirei o meu
antes de ingressar na academia. Eu senti falta deles.
— Aí está você. — Ela sorriu para mim. — Ei, posso pegar um
Sidecar aqui! — ela berrou para a loira bonita atrá s do balcã o. — E um
uh…
— Cerveja —, eu forneci. — O que quer que você tenha em uma
garrafa. Surpreenda-me.
A mulher fez uma careta como se eu tivesse acabado de pedir para
ela cuspir em mim. Eu nã o dou a mínima. Eu nã o precisava de uma
bebida chique agora. O que eu precisava era de algo que aliviasse e
estivesse dentro do meu orçamento. Se havia uma coisa que eu sabia
sobre Chelsea, era que ela ia fazer isso doer. Pelo menos eu conseguiria
um ó timo sistema de segurança por um roubo.
Pegamos nossas bebidas e nos afastamos do bar. Nã o que houvesse
muito espaço para se mover. Deslizamos pela multidã o juntos até
chegarmos a uma á rea com um pouco mais de espaço. Chelsea tomou
um gole de seu Sidecar, com um sorriso no rosto enquanto ajustava o
vestido vermelho escuro e afastava uma mecha de cabelo do rosto.
— Você parece bem, — eu disse.
Chelsea acendeu e empurrou os dedos delicados contra o meu peito.
— Awww, obrigado, Texas. Já faz um tempo desde que eu saí. Eu
nem tinha certeza se nada disso. — Ela gesticulou para si mesma. —
Trabalhado.
Eu sorri.
— Você viu você? Acredite em mim, está funcionando.
Seu sorriso brilhante e radiante me fez sentir melhor sobre as
besteiras com as quais eu estava lidando. Chelsea sempre foi capaz de
arrancar um sorriso de mim. Nó s crescemos juntos desde o ensino
médio. E embora eu tivesse escolhido a aplicaçã o da lei, Chelsea
manteve o que sabia; tecnologia, segurança e venda de informaçõ es
para as pessoas certas pelo valor certo.
Ela era foda. Eu a admirava.
— O que você acha da loira? — ela perguntou, apontando para a
mulher atrá s do bar. — Cabelo curto, boa constituiçã o. Aposto que ela
tem um controle infernal.
Eu gemi.
— Para te sufocar?
— Só um pouco! — ela disse. — Vamos, olhe para ela. — Ela olhou
para sua presa, um brilho escuro em seus olhos. — Aposto que ela tem
um lado perverso.
O riso ressoou em meu peito e, pela primeira vez esta noite, senti
que nã o estava ficando completamente louco.
— Há algo de errado com você. — Eu apontei para ela. —
Seriamente errado.
— Nã o aja como se você nã o gostasse de alguma merda bagunçada,
— ela disse, sorrindo para mim. — Eu estava lá nos seus dias de
prostituta no ensino médio.
Meu rosto corou e eu esfreguei minha nuca enquanto ela cacarejava.
Ela nã o estava errada. Naquela época, eu queria cair em qualquer cama
que estivesse mais pró xima. Homens, mulheres, pessoas entre e fora
dessas classificaçõ es, todos estavam prontos para a foda. Eu desacelerei
desde que entrei na academia. As coisas já eram difíceis o suficiente
tentando funcionar sem se misturar em emaranhados confusos.
— Você fala sobre mim como se nã o fosse tã o ruim, — eu apontei.
Ela sorriu. — Eu nunca disse isso. Ser prostitutas é uma das muitas
razõ es pelas quais nos damos tã o bem. — Chelsea me deu uma
cotovelada com carinho. — Senti a sua falta.
— Também senti sua falta. Desculpe, minha cabeça está na minha
bunda.
— Nada demais. Eu sei que você teve um monte de coisas em seu
prato. —Ela deu de ombros. — Nó s dois temos.
Eu a puxei para um abraço e esqueci o peso em meus ombros. Ela
passou os braços quentes em volta de mim, e eu queria ficar assim,
sentindo conforto pela primeira vez em anos. Quando nos afastamos,
ela inclinou a cabeça para mim, estendeu a mã o e limpou meus olhos.
— Você está bem? — Chelsea sussurrou. — Você está ... chorando.
Eu rapidamente arrastei meu braço sobre meus olhos e fiz as
lá grimas desaparecerem. Fodidamente embaraçoso. Inclinando minha
cerveja, esvaziei o resto. Talvez fosse por isso que eu nã o saía mais com
meus amigos. Eles me deixaram vulnerável onde eu construí um muro
ao meu redor para me proteger de toda a porcaria da minha vida.
— Dia longo —, respondi brevemente. — Agora, e a barman? Como
você quer fazer isso?
Chelsea procurou meu rosto, e eu vi a forma como suas
sobrancelhas se juntaram. A preocupaçã o em seu rosto me fez mudar
de um pé para o outro. Eu rezei para que ela o deixasse morrer. Algo
deve ter feito ela chegar a conclusã o de deixar pra lá porque ela nã o me
pressionou.
— Eu quero falar com ela, mas ela está trabalhando. — Ela franziu a
testa. — Você acha que vai ser o suficiente se eu olhar para ela a noite
toda e esperar até que ela saia?
Eu gemi.
— Você nã o pode escolher outra pessoa para perseguir? Há uma
tonelada de outras mulheres aqui.
— Sim, mas eu já estou olhando para ela.
Eu sorri e balancei a cabeça.
— Tudo bem, vamos esperar. Ok?
Chelsea se iluminou, seus grandes olhos varrendo o bar e voltando.
Ela olhou para cima, e entã o seus olhos pousaram em mim.
— Hum, acho que alguém está olhando para você.
— Para mim? — Perguntei. —Nã o, obrigado, nã o estou afim.
Ela me cutucou.
— Ele ainda está olhando.
Eu me virei para ver o que ela estava falando e congelei. Parado
acima de mim estava Enzo Vitale. O olhar em seu rosto nã o era a
expressã o calma e controlada que eu tinha visto da ú ltima vez. Parecia
que ele estava se preparando para estourar um vaso sanguíneo. Nossos
olhos se encontraram, e ele nã o desviou o olhar nem por um segundo.
Algo dentro de mim se agitou.
— Vamos sair daqui, Chel, — eu disse enquanto me virava para ela.
—Vamos voltar outra noite. Com sorte, nã o estará tã o ocupado e você
poderá conversar com a barman.
Ela suspirou.
— Sim você está certo. Está lotado pra caralho aqui. — Seu olhar
cintilou até Enzo e de volta para mim. — Tem certeza que você nã o
precisa cuidar disso?
Eu sorri. — Eu pensei que eu iria querer, mas quer saber? É melhor
deixar onde está . — Passei um braço por seus ombros. — Vamos para
um pequeno buraco em uma parede em algum lugar e nos ferrarmos.
Amanhã é meu dia de folga.
Ela revirou os olhos.
— Você só quer trabalho de graça.
— Eu sou tã o ó bvio?
— Claro que sim! — Ela franziu a testa. — Mas eu poderia usar outra
bebida.
— Boa garota, — eu disse. — Vamos sair daqui.
Nó s nos movemos pela multidã o pesada juntos enquanto o cabelo
na parte de trá s do meu pescoço se arrepiou. Mesmo sem me virar, eu
sabia que Enzo estava me encarando. Tudo em mim gritava para olhar
por cima do ombro, para dar uma ú ltima olhada, mas me forcei a
continuar andando.
Eu precisava instalar aquele sistema de segurança. E entã o eu
precisava desmontar Enzo pedaço por pedaço.
CAPÍTULO OITO
ENZO

Agitaçã o e aborrecimento me encheram quando Tex saiu com uma


mulher debaixo do braço. Eu o observei no momento em que ele entrou,
encarando a mú sica forte para colocar os olhos nele.
— Oh, que cara é essa? — Gin perguntou.
Seu dedo estava prestes a apertar minha bochecha. Eu dei a ele o
mais simples dos olhares antes de assistir a retirada de Tex. Ele se foi
no segundo seguinte, e eu nã o conseguia identificar a sensaçã o
estranha me esfaqueando no lado.
— O que há de errado, Enzo? — Gin perguntou, seu tom mudando,
ficando mais sério.
— Nada.
Ele grunhiu e cruzou os braços sobre o peito. Gin se aproximou, seu
1,80m de altura elevando-se sobre mim.
— Nã o é nada.
Largue. Inclinei minha cabeça para trá s um pouco para encontrar
seu olhar. Ele nã o vacilou. Eu sabia que nã o importava se eu fosse direto
ou nã o, Gin continuaria pressionando.
Desgraçado.
— Você nã o vai me contar, vai? Eu sempre posso adivinhar.
Ele se inclinou sobre o corrimã o, olhando para a multidã o.
A ú nica coisa que prendeu minha atençã o nã o estava mais lá . Eu me
virei.
— Eu sei que nã o é a mú sica que está te incomodando. — Gin estava
bem atrá s de mim enquanto eu me retirava para a parte de trá s do
clube. Eu precisava ir embora. Para caçar Tex e ver o que ele estava
fazendo.
O braço de Gin passou por cima do meu ombro, e sua boca estava
perto da minha orelha.
— É aquele policial fofo?
Fofo? Cada fibra do meu ser reagiu à s palavras do meu irmã o. Eu me
virei para ele enquanto envolvia um braço em volta de seu pulso. Usei o
peso de seu corpo contra ele enquanto o virava sobre minhas costas e o
jogava no chã o.
Minha faca estava na minha mã o antes mesmo de pensar nisso e
cortou o ar em direçã o ao peito de Gin.
— Porra! — As mã os de Gin envolveram a lâ mina de aço parando
sua descida. — Você está louco? — Ele balançou a cabeça enquanto o
sangue escorria, manchando sua camisa branca. — Deixa para lá . Eu sei
essa porra de resposta.
Pisquei lentamente para ele. Gin disse que Tex era fofo. Estava claro
que meu irmã o precisava ir. Eu nã o deixaria ele levar meu brinquedo
embora.
— Enzo, eu nã o vou foder com sua ú ltima obsessã o, — Gin rosnou.
—Agora, afaste-se.
Olhei em seus olhos por mais um segundo antes de recuar. Ele
soltou minha faca e eu puxei um pano para limpá -la antes de guardá -la.
— Foda-se, minhas mã os estã o arruinadas. — Gin olhou na minha
direçã o, mas nã o vi problema.
Nó s nos levantamos, e Gin chamou a atençã o de um dos homens de
pé atrá s. Ele envolveu as mã os no segundo seguinte enquanto eu
pensava no que deveria fazer com a mulher que tinha sido muito
acolhedora com Tex.
Eles se tocaram de uma forma familiar que irritou meus nervos. Só
eu deveria ter permissã o para tocá -lo, para provocar qualquer reaçã o
que eu quisesse.
— Você está com olhos loucos agora, — Gin disse, segurando suas
mã os cortadas juntas. — Eu tenho que ficar colado por sua causa.
Olhei para ele por um longo tempo, e ele suspirou.
— Foi uma coisa ruim me atacar, Enzo. — Ele balançou a cabeça, me
castigando como se eu fosse uma criança. — Sua nova fixaçã o é
perigosa.
Minhas sobrancelhas mergulharam. Eu já estava realmente
obcecado por Tex? Ele tinha atraído tanto da minha atençã o antes que
eu percebesse?
— Você tentou me matar porque eu disse que o homem era fofo.
Giancarlo ergueu as mã os enfaixadas. — Nã o comece sua besteira
comigo. Benito terá nossas duas bundas.
Eu nã o superei meu irmã o. Ele nos trancaria e jogaria a chave no rio
se fô ssemos longe demais.
— Você tem isso sob controle?
— Sim —, eu disse com os dentes cerrados.
Gin parecia cético, olhando para suas mã os e depois para mim.
— Sim, eu nã o acredito nessa merda. Talvez outra pessoa...— Suas
palavras morreram quando ele encontrou meu olhar.
Talvez fosse a pura raiva correndo em minhas veias ou a
necessidade de matar, mas Gin desistiu da ideia de me trocar assim que
olhou para mim.
— Você tem que ter cuidado. Benito nã o vai gostar disso.
Eu sabia disso, e nada viria de Tex.
— Eu preciso tirá -lo do meu sistema.
A cabeça de Gin se inclinou para a direita enquanto ele olhava para o
teto. — Você poderia matá -lo.
Eu já expliquei por que isso era uma má ideia, mas agora o
pensamento de matar Tex fez meu estô mago revirar. Eu nã o me oporia
a tê-lo em uma mesa e cortá -lo, mas matá -lo fez meu pescoço coçar.
— Eu nã o terminei com ele.
— Claro que nã o. — Gin deu de ombros e se afastou de mim. — Nã o
estrague tudo.
Eu nunca fiz isso, mas também nã o me fixava em alguém há muito
tempo. A ú ltima pessoa estava a um metro e oitenta do chã o e
espalhada por todo o parque Morningside.
Não vai acontecer de novo. Eu era diferente, e Tex... era diferente.
— Desculpe —, eu deixei escapar.
Eu sabia que machucar a família ia contra tudo o que defendíamos.
Giancarlo e Benito eram as ú nicas constantes que eu tinha. Mesmo
brincar com Tex nã o poderia ficar entre nó s. Meu irmã o era chato e
sabia como me irritar, mas ele era meu irmã o. Eu faria qualquer coisa
por ele e Benito.
Gin se virou e deu um grande sorriso bobo na minha direçã o, como
se eu nã o o tivesse cortado. Ele marchou de volta para o meu lado e
bagunçou meu cabelo como tinha feito tantas vezes quando éramos
crianças.
— Chegou um pouco mais perto do que o normal. Mais sorte da
pró xima vez.
Podemos falar sobre matar uns aos outros e até infligir alguns
ferimentos, mas, no fundo, nada neste mundo poderia nos separar. Era
por isso que éramos uma das famílias mais formidáveis de Nova York.
Eu grunhi, batendo em suas mã os ensanguentadas.
— Você está me sujando.
Gin riu e deixou cair as mã os.
— Você gosta de sangue.
Eu balancei minha cabeça.
— Nã o o seu. Certifique-se de ir verificá -lo e limpá -lo
adequadamente.
Gin me dispensou.
— Eles nã o sã o tã o profundos.
Nossos olhares se encontraram enquanto eu pensava em levá -lo ao
hospital. Meu irmã o era mais propenso a cuidar do ferimento mínimo e
acabaria sofrendo por isso mais tarde.
— Você nã o deveria ir verificar o policial? — Gin perguntou,
sabendo como me distrair.
Mordi o interior da minha bochecha.
— Depois de irmos à clínica.
Gin balançou a cabeça.
— Você sabe como me sinto sobre esses lugares. O cheiro de
alvejante e morte no ar. — Um tremor visível destruiu seu corpo alto e
musculoso. — Nã o vou.
— Vou ligar para o médico e ele nos encontrará em sua casa.
Gin parecia pronto para discutir comigo, mas eu nã o estava
deixando. Eu podia ser o mais novo de nó s três, mas era muito mais
responsável do que Gin.
— Onde vocês dois estã o indo? — A voz de Benito cortou a mú sica
do clube.
Gin piscou para mim, e eu calei minha boca quando ele respondeu
por nó s dois.
— Cortei-me, indo para casa.
— Você vai deixar um médico examinar isso —, disse Benito, sem
deixar espaço para Giancarlo argumentar.
— Médico isso, médico aquilo. Eu vou ficar bem, — Gin disse.
— Enzo, certifique-se de que esse idiota seja examinado e
remendado.
Eu balancei a cabeça, feliz por Benito nã o ter perguntado como isso
aconteceu. Ele girou nos calcanhares e se dirigiu para seu escritó rio.
— Você sabe que você me deve, certo? — Gin disse, batendo nossos
ombros juntos.
— Eu nã o estou fazendo o seu trabalho por você.
Nã o era possível de qualquer maneira. Onde eu me sentia estranho e
desconfortável com multidõ es, Giancarlo prosperava. Ele se tornou o
centro das atençõ es e atraiu pessoas de todas as esferas da vida para
ele.
— Nã o pensaria nisso. É mais provável que você assuste todo
mundo.
— Entã o o que? — Eu perguntei enquanto saíamos pela porta dos
fundos. Seu Monte Carlo 1978 preto estava estacionado do lado de fora
da porta.
— Benito mandou você parar de estacionar aqui.
Gin suspirou e tentou sentar ao volante. Peguei as chaves e tivemos
outro impasse silencioso.
— Só estou deixando você dirigir meu bebê porque você é
cuidadoso, mas um arranhã o e você terá as mã os sangrando.
Eu balancei a cabeça, sabendo o quã o sério meu irmã o estava sobre
seu carro. Ele estava trabalhando nisso desde que éramos adolescentes.
Ele percorreu um longo caminho desde a sucata até um carro funcional
com tinta fresca.
— E o que Benito nã o sabe nã o vai prejudicá -lo.
Liguei o carro e abri minha boca, mas a fechei com as pró ximas
palavras de Gin.
— A menos que você queira dizer a ele que está fodendo com o
policial que ele disse para você ficar de olho.
— Uma vez, — eu resmunguei.
— Sim, por enquanto, — Gin brincou.
Eu nã o conseguia discordar, nã o quando eu estava pensando sobre
isso repetidamente. Ver Tex esta noite só me deixou mais faminto por
ele.
Levar Gin para casa foi a parte fá cil; sua casa ainda era a mesma. Fiz
uma nota mental para voltar e limpar. Havia uma camada de poeira em
suas estantes e abajures. As paredes foram pintadas de verde escuro
com laranja queimado como cor de destaque. Meu irmã o nã o tinha
habilidade para desenhar ou combinar cores. E foi por isso que ele nã o
mudou de lugar depois que sua ú ltima namorada o deixou.
— Pare de olhar ao redor. Você nã o está limpando merda.
— Você nã o vai fazer isso, — eu disse. Meus dedos se contraíram ao
meu lado, a necessidade de organizar o lugar corroendo minha psique.
— Nã o, obrigado, eu sei onde está tudo. Você vem aqui e eu nem vou
saber onde diabos está minha cueca. — Ele apontou para mim. — Nã o
toque na minha merda, Enzo. Nó s tivemos essa conversa. Limites.
Meus ombros caíram quando forcei meu olhar a focar nele.
— Tudo bem, mas você precisa trazer alguém aqui.
Ele encolheu os ombros.
— Vou pensar sobre isso.
A campainha tocou antes que eu pudesse apontar cada coisa que
precisava ser limpa e por quê. Abri a porta e Melony estava do outro
lado. Sua rica pele morena brilhava com glitter pintado. Pesadas
sombras rosa e roxa emolduravam seus grandes olhos castanhos. Ela
sorriu, e até seus lá bios estavam cobertos de purpurina.
— Posso entrar, Sr. Vitale?
— Nã o, vá embora, — Gin gritou.
Melony revirou os olhos.
— Nã o seja um bebê.
Eu me afastei, evitando purpurina como a praga que era, e a deixei
entrar. Ela subiu os três degraus e foi para a sala, onde Gin estava
descansando no sofá verde.
— O que você fez desta vez? — Ela tirou a jaqueta e um tutu
brilhante e uma camisa de malha brilhante nos receberam.
— Cara, doutor, interrompemos uma festa? — Gin perguntou ao
invés de responder. Ele parecia tenso sentado no sofá . Seus ombros
praticamente tocavam suas orelhas.
Ela assentiu sem hesitar. Ela já estava conosco há tempo suficiente,
estava relaxada e nos tratou como se fô ssemos qualquer outro cliente.
— Você fez. A bola de bailarina com purpurina da minha sobrinha.
Melony desembrulhou as mã os de Gin enquanto ainda falava. — Ela
estava muito animada e estava indo muito bem até que recebi uma
mensagem me afastando.
Melony manteve Gin distraído. Eu sabia que ficar ali só iria deixá -lo
ainda mais nervoso. Nã o importava que Melony estivesse apenas
verificando um ferimento. Giancarlo nã o se dava bem com os médicos.
— Ela fez quinze anos hoje. Você deveria me mandar de volta com
um bom presente — Sugeriu Melony.
Lentamente, os ombros do meu irmã o relaxaram enquanto ela
continuava falando. Limpei a garganta e nossos olhos se encontraram
brevemente.
— Eu vou deixar você com isso.
Melony me dispensou e continuou a falar sobre o ridículo tema da
festa de aniversá rio da sobrinha. Saí da casa e respirei fundo. Agora que
nã o estava mais distraído com Gin, minha mente instantaneamente
correu para Tex. Cerrei meus molares e puxei meu telefone.
Quinze minutos depois, meu carro foi deixado. Eu estava distraído
durante toda a viagem. Mesmo no trâ nsito, tudo que eu conseguia
pensar era em Tex e na maneira como ele riu e abraçou a mulher no
clube. Ele tinha me visto, e eu senti uma faísca no momento em que
nossos olhos se encontraram, mas ele se afastou de mim.
Lembrar só me deixou com mais raiva. Estacionei o carro no
estacionamento do apartamento de Tex. Eu nã o tinha planejado voltar,
pelo menos nã o tã o cedo.
Eu estava fora do carro e em sua porta da frente em segundos. As
palavras de Gin vieram à minha mente antes que eu pudesse quebrar a
fechadura. Limites. Ainda contava se eu já tivesse invadido? Fiquei
tentado a ligar para Gin e perguntar a ele as regras sobre os limites se
algum já tivesse sido ultrapassado ou se eu já o tivesse feito. Minha
cabeça dó i. Em vez de entrar, encostei-me na parede ao lado.
Minutos se transformaram em horas, e já passava das duas da
manhã quando ouvi a voz suave de Tex. Ele estava se despedindo da
garota no tá xi. Ela acenou para ele, rindo enquanto ele tropeçava em
direçã o ao prédio. Ele nã o me notou de imediato, mas no momento em
que ele estava perto o suficiente e eu pude sentir o cheiro da cerveja
nele, ele pulou.
— Porra!
Eu peguei Tex antes que ele pudesse cair para trá s. Ele piscou
rapidamente para mim.
— Que porra você está fazendo aqui, idiota? Aqui para passar pela
minha merda de novo? Uma vez nã o foi o suficiente?
Minha cabeça se inclinou. Percebi a raiva nos olhos de Tex e a forma
como sua boca se curvou em uma carranca pesada. Ele está chateado.
— Você está bravo comigo?
— Nã o, eu adoro quando um cara que me fodeu me deixou sozinho
em um hotel e volta aleatoriamente para limpar minha casa e mexer
nas minhas merdas. É a melhor sensaçã o de todas.
— Entã o por que você está franzindo a testa? — Perguntei.
— Você... Você nã o pode estar fodendo de verdade. — Tex me
empurrou para fora do caminho. Ele ainda estava instável em seus pés
enquanto amaldiçoava baixinho, tentando colocar a chave na fechadura.
— Filho da puta filho da puta, — ele continuou a murmurar baixinho.
Aproximei-me, meu corpo quase tocando o dele. Ele ficou imó vel
enquanto eu me aproximava dele e pegava as chaves. Deslizei-o na
fechadura e girei-o com facilidade. Tex se inclinou para mim como se
estivesse me procurando antes de balançar a cabeça e pegar as chaves.
— Obrigado, agora foda-se.
Abriu a porta e tropeçou para dentro. O fofo gato laranja nos
cumprimentou na porta, e Tex o pegou.
— Ei, Penelope. Pronto para dormir?
Entrei atrá s dele e fechei a porta.
— Você nã o entende inglês? — Tex perguntou.
— Eu faço.
Ele colocou o gato de volta no chã o. Penelope teceu entre minhas
pernas, mas fiquei observando Tex enquanto ele se dirigia para a
cozinha.
— Onde diabos estã o meus ó culos?
Abri o armá rio mais pró ximo da pequena geladeira branca. Fazia
sentido tê-los perto de onde ele guardava suas bebidas. Entreguei a ele
e escorregou por entre seus dedos e caiu no piso laminado. Vidros
espalhados por toda parte.
— Foda-se minha vida. — Ele se abaixou para limpá -lo, mas eu o
impedi.
— Sente-se. Eu vou buscá -la.
— Eu nã o preciso de você aqui. Consigo lidar com isso. — Tex
vacilou, e eu olhei para ele.
— Senta. — Eu pressionei meus dedos entre seus peitorais
impressionantes. Muitas vezes sonhei em acariciá -los. Tex continuou
parado ali, e eu me aproximei baixando minha voz.
— Sente-se, Tex, ou eu vou fazer você , e nó s dois sabemos que vai
doer. —Minha cabeça se inclinou junto com o canto da minha boca. —
Talvez você queira que eu te machuque de novo.
O pomo de Adã o de Tex balançou e suas pupilas dilataram, comendo
o lindo azul de sua íris.
— Nã o? — Tex disse, lambendo os lá bios.
— Entã o sente-se. — Eu o encaminhei para a pequena sala de estar.
Ele se jogou no sofá enquanto eu me virava. Eu fiz Penelope estava
trancado em seu quarto antes de preparar um copo de á gua.
— Beba isso e tome isso.
— Nã o é uma droga para me derrubar, é?
Eu sorri.
— Eu quero você acordado para qualquer coisa que eu fizer com
você. Suas reaçõ es sã o boas demais para serem desperdiçadas. É
ibuprofeno.
Coloquei o comprimido em uma mã o e o copinho na outra.
Afastando-me de Tex, concentrei-me em limpar a bagunça no chã o.
CAPÍTULO NOVE
TEX

Havia um homem estranho no meu apartamento.


Nã o, risque isso. Havia um homem estranho no meu apartamento
que tinha me fodido melhor do que eu já tinha fodido antes e que
também era um bastardo assassino. Ah, e ele estava pegando
delicadamente cacos de vidro do meu chã o. Ele umedeceu uma toalha
de papel e voltou a trabalhar enquanto eu olhava para ele.
O que diabos ele está fazendo aqui?
Bebi mais á gua para tirar o gosto de cerveja e a irritaçã o de minha
boca. Enquanto o frescor deslizava sobre minha língua e descia pela
minha garganta, eu nã o conseguia desviar os olhos. Enzo acabou com os
cacos de vidro e pegou meu esfregã o em seguida, dando um bom brilho
ao chã o.
— Que porra é essa? — eu murmurei.
— Pronto —, disse Enzo, mais para si mesmo do que para mim,
enquanto recolocava meu esfregã o. Seu olhar cintilou para mim. —
Agora é sua vez.
Eu fiz uma careta.
— Minha vez de quê?
Enzo se aproximou e parou ao lado do meu sofá .
— Beba o resto da sua á gua e vamos.
— Por que? — Perguntei.
Juro que vi sua pá lpebra tremer.
— Se você me fizer mais uma pergunta, eu vou te carregar por cima
do ombro e movê-lo eu mesmo.
Meus olhos se estreitaram.
— Eu gostaria de ver você tentar essa merda.
Sem dizer nada, Enzo arrancou o copo da minha mã o e me levantou.
Eu fiquei lá , olhando para ele com os olhos arregalados, atordoado por
ele ter tanta força. Eu mesmo testemunhei, mas ainda assim me chocou.
Normalmente, eu nã o era um homem fá cil de mover, mas Enzo fez isso
sem pensar duas vezes.
Ele se preparou, agachou-se e eu subi em seu ombro como se nã o
pesasse nada. O choque passou quando ele me carregou pelo meu
apartamento.
— Ponha-me no chã o! — Eu agarrei.
Um golpe rá pido e forte pousou na minha bunda e eu pisquei. Ele
tinha acabado de dar um tapa na minha bunda? Eu queria protestar,
mas meu cérebro bêbado nã o estava equipado para lidar com isso.
Paramos no meu banheiro e ele me jogou na tampa fechada do meu
banheiro.
— Tire a roupa. — Ele apontou para o cesto no canto. — Coloque-os
lá dentro. E escove os dentes.
Eu olhei para Enzo. — Há algo seriamente errado com você, — eu
disse. —Por que você nã o está pegando a dica para ir embora?
— Havia uma dica para sair? — ele perguntou.
Ao contrá rio de antes, quando ele realmente parecia confuso com a
minha raiva, essa pergunta estava cheia de esperteza. Eu disse a ele
diretamente para se foder, mas ele ainda estava aqui. Ele virou as costas
para mim e se inclinou para dentro da banheira, ligando-a e ajustando a
temperatura. Meus olhos percorreram seu traseiro. Em algum
momento, ele tirou a jaqueta e colocou em algum lugar, mas eu nã o
tinha ideia de quando. Eu estava tã o bêbado? Ou olhando para outras
coisas um pouco demais?
— Roupas, — ele repetiu, um leve grunhido em sua voz.
Eu queria dizer a ele exatamente onde ele poderia enfiar suas
demandas. A cerveja só me deixou mais ousado, e eu me sentia meio
assim por ele agora. Se eu queria transar com ele ou chutar seu traseiro,
essa era a questã o.
As mã os de Enzo estavam em mim tã o rapidamente que minha
cabeça girava. Ele arrancou minhas roupas, jogando-as no cesto. Eu
empurrei a mã o em protesto, mas ele simplesmente a afastou. Quando
ele me empurrou para trá s e arrancou minha cueca, reencontrei minha
voz.
— Ei! Eu sei como tomar banho sozinho, — eu bufei. — Você pode
sair?
Enzo olhou para mim.
— Eu posso, mas nã o acho que devo. Você está bêbado o suficiente
para escorregar e quebrar a cabeça na torneira. O sangue espirraria,
criando uma bagunça maior. Com base na sua altura e peso, existem
vá rias maneiras de sua queda levar você ao hospital ou ao necrotério.
— Jesus, — eu murmurei. — Isso é tã o violento.
Ele encolheu os ombros.
— Sim, mas acontece.
Seus olhos se moveram do meu rosto para o meu corpo. Observei
enquanto eles faziam um lento tour por mim, perambulando por cada
centímetro de carne exposta. Ele estendeu a mã o e eu estremeci, mas
fiquei em silêncio enquanto ele arrastava dois dedos sobre uma velha
cicatriz irregular no meu estô mago.
— O que aconteceu?
Eu desviei o olhar, um copo de á gua fria de repente jogado sobre
mim.
— Nada —, eu disse, empurrando-o para longe e sentando-me. —
Saia para que eu possa tomar banho.
— Posso fazer um trabalho melhor.
— Fora! — Eu agarrei. — Vá para casa já . Por que você está aqui?
Enzo nã o me respondeu. Em vez disso, seus lá bios formaram uma
linha reta e ele observou enquanto eu lutava para me levantar. Eu me
forcei a continuar em movimento. Porra, Chelsea realmente me
embebedou debaixo da mesa, e ela ainda estava perfeitamente bem. A
mulher era um demô nio. Entrei no chuveiro e gemi quando o primeiro
jato de á gua morna acariciou minha pele.
Olhei para a cortina antes de ceder à minha curiosidade e espiei pela
fresta. Enzo tinha se sentado na tampa do vaso sanitá rio em que eu
estava empoleirado. Ele realmente não vai a lugar nenhum, não é? Qual
era o problema dele? Eu nã o via o homem há dias, e agora ele se
recusava a sair. Meu estô mago se apertou quando percebi com horror
que estava confortado por esse fato. Eu gostava que ele estivesse me
ignorando, que ele nã o ia embora.
Suspirando, peguei a barra de sabã o e comecei a trabalhar enquanto
tentava nã o pensar em porque estava perdendo a cabeça. Eu estava
muito bêbado para me analisar demais assim e nã o queria me deparar
com nenhuma verdade desconfortável. Eu me concentrei em me lavar.
Quando saí da banheira, Enzo tinha uma toalha esperando, pendurada
em seu colo. Ele estava olhando para o telefone, e meus olhos o
percorreram rapidamente.
Eu poderia usar isso. Talvez eu consiga dele.
Afastei a sensaçã o ú mida e nojenta que percorreu minha espinha
com esse pensamento e dei um passo à frente. Quando estendi a mã o
para pegar a toalha, Enzo se levantou e a enrolou em volta do meu
corpo. Ele passou o pano sobre mim, coletando gotas de á gua enquanto
sua respiraçã o percorria minha carne. Meu pau doía e, de alguma
forma, esqueci como respirar.
— Você vai hiperventilar, — ele me informou. — Respirar.
Deixei escapar um grande suspiro de ar e o canto de sua boca se
contraiu, fazendo coisas fodidas em minhas entranhas. Enzo me virou
em direçã o à pia depois que ele se certificou de que a toalha estava bem
dobrada no lugar e me passou minha escova de dentes. Ele passou
pasta de dente nele e deu um tapinha na minha bunda.
— Escovar.
— Você é mandã o, — eu notei. Enfiei a escova de dentes na boca. —
E... chato.
— Mmm-hmm —, disse ele, sem prestar atençã o em mim. Ele
apenas olhou.
Tentei ignorá -lo, mas era impossível nã o me contorcer sob seu olhar
de ó culos. Calor correu através de mim, e eu amaldiçoei o á lcool em
meu sistema. Essa era a única razã o pela qual eu estaria com ele. Sim, é
isso. Só estou bêbado e com tesão. Qualquer um iria querer foder um
homem assim. Mas eu conheço o verdadeiro ele. De jeito nenhum eu quero
ter algo a ver com isso.
Lavei a boca e o rosto e, quando me endireitei, ele ainda estava
olhando.
— Por quê você está aqui? — Perguntei. — Você ainda nã o
respondeu a isso.
— Ainda nã o sei.
Abri a boca e voltei a fechá -la. Ó timo, eu estava sendo perseguido
por um esquisito que por acaso fazia parte de uma perigosa família do
crime. Isso nã o terminaria nada mal. Eu me arrastei por ele e caminhei
para o meu quarto. Quando entrei, Penelope disparou. Ele odiava ser
confinado. Eu andei até a minha cô moda e peguei uma cueca boxer
limpa, balançando enquanto eu a arrastava pelos meus quadris. Eu me
virei, e meu coraçã o quase saiu da minha bunda. Minhas costas bateram
na cô moda. Enzo estava bem ali, pairando silenciosamente.
— Porra! — Eu agarrei. — Você já vai para casa? Você está acabando
com minha alegria.
Enzo estendeu a mã o e tocou minha cicatriz novamente, mapeando-
a com os dedos. Era como se ele estivesse obcecado com a coisa. Assim
como a tatuagem, eu sabia que ele nã o largaria até que eu explicasse o
que era. Cerrei os dentes.
— Velho ferimento, — eu murmurei. — Entrei nisso com meu velho
um dia, e ele me bateu na bunda algumas vezes. Nada demais.
— Seu pai, o... — O olhar de Enzo encontrou o meu, e ele piscou
algumas vezes. — Deixa para lá .
— O que você ia dizer? — Eu empurrei.
— Nã o importa —, disse ele enquanto estendeu a mã o e segurou o
lado do meu pescoço. — Quem era a garota? Ela é sua?
Eu tive uma chicotada com a mudança repentina de tó picos e fiquei
boquiaberto com ele.
— Quem?
— A garota. Pele morena, olhos grandes, vestidinho curto. Aquela
em Blu, — ele disse impacientemente enquanto eu continuava a olhar.
— Você estava em cima dela. — Seu aperto aumentou em minha
garganta. — Quem era ela?
Meu estô mago deu uma pequena reviravolta quando os sinos de
perigo tocaram na minha cabeça. Ele estava com ciú mes? Já ? Depois do
hotel, pensei que fosse uma coisa ú nica, uma noite de prazer intenso e
caó tico antes de voltarmos para nossos caminhos de vida separados e
nos enfrentarmos no futuro. Mas aqui estava ele, de pé no meu quarto, a
pressã o de sua mã o no meu pescoço me deixando de castigo.
— Uma amiga, — eu disse finalmente.
— O nome dela?
Um arrepio passou por mim. De jeito nenhum eu iria contar a Enzo
qualquer coisa sobre Chelsea. O olhar em seus olhos gritou um aviso.
Ela acabaria no fundo de um rio em algum lugar.
— Por que? — Eu perguntei a ele.
— Eu só quero saber.
Selei meus lá bios. Nã o havia como dizer a ele que sabia exatamente
quem ele era, entã o isso nunca iria acontecer. Ele descobriria que eu o
estava investigando. E isso seria uma sentença de morte.
— Nã o importa, — eu disse. — Como eu disse, ela é uma amiga.
Além disso, ela é tã o gay que eu nem viraria a cabeça dela.
Enzo deu um passo à frente, apagando qualquer aparência de
espaço entre nó s. Meu corpo superaqueceu e tentei dar um passo para
trá s. No entanto, ainda fui forçado contra a cô moda. O corpo de Enzo
pressionou contra o meu e meu coraçã o decidiu acelerar como se fosse
um trem desgovernado em direçã o ao desastre.
Seus lá bios roçaram os meus, e eu gemi, incapaz de me conter.
Estendi a mã o e agarrei sua camisa, segurando-o contra mim no caso de
ele de repente decidir mudar de ideia e desaparecer. Meu pau latejava
enquanto eu empurrava contra ele, moendo contra seu corpo enquanto
sua língua entrava em minha boca.
Enzo agarrou meus braços e me empurrou para a cama. Eu caí. O
peso de seu corpo cobriu o meu enquanto ele se esfregava contra minha
bunda. Ele rasgou a toalha e grunhiu enquanto se esfregava contra mim.
Pela segunda vez em uma noite, pude observar sua fachada
cuidadosamente costurada cair.
Mas eu nã o queria apenas ser esfregado. Em vez disso, mudei meu
peso e o atirei para longe das minhas costas. Enzo caiu na cama e eu
subi em cima dele, meu corpo gritando para senti-lo novamente. Sim,
ele era um perseguidor louco e perigoso, mas meu cérebro esqueceu
completamente disso quando ele estava tã o quente e duro debaixo de
mim.
— Roupas, — eu exigi.
Enzo se abaixou, segurando a bainha de sua camisa. Ele puxou-o
sobre a cabeça e jogou-o de lado antes de fazer um gesto para eu sair.
Movi-me rapidamente, mergulhando em direçã o à minha mesa de
cabeceira e procurando até encontrar o que estava procurando.
Lubrificante e preservativos na mã o, voltei para vê-lo tentando dobrar
suas roupas e derrubá -las da cama.
Ele rosnou.
— Ei.
— Você está na minha casa agora. Deixe-os no chã o se quiser me
foder.
Enzo olhou para a bagunça no chã o e depois de volta para mim. Seu
olhar vagou uma segunda vez, e eu o vi lutar antes de me atacar. A boca
de Enzo encontrou a minha, sua língua deslizando em minha boca. Eu o
encontrei, enredando com ele enquanto eu gemia e balançava para
frente, apenas o ar beijando meu pau quente. Nã o foi o suficiente.
Enfiei a mã o em seu peito e subi em cima de Enzo. Abrindo a tampa
do lubrificante, derramei uma quantidade generosa sobre nossos pênis
e deslizei a mã o ao redor deles. A cabeça de Enzo se inclinou para trá s,
um palavrã o em seus lá bios enquanto seu olhar piscava para o teto.
Ofegante, deitei em cima dele e percebi tarde demais o quã o íntimo
era a posiçã o. Nã o estava sendo dobrado e gradeado na parte de trá s.
Estava cara a cara com um homem enquanto eu acariciava nossos pênis
juntos. Seu olhar caiu sobre mim, e a mã o de Enzo se estendeu.
Lentamente, ele segurou minha bochecha, e um choque de pâ nico
passou por mim.
Eu me afastei dele, meu pau pingando e meu coraçã o batendo forte.
— Saia —, eu disse, minha voz ficando trêmula. — Dá o fora!
Enzo olhou para mim.
— Fiz algo de errado?
— Saia! — Eu bati de novo. — Fora!
Seu olhar demorou, mas ele deve ter visto alguma coisa porque ele
saiu da minha cama e puxou suas roupas. Enzo escancarou a porta do
meu quarto e ouvi seus passos pesados enquanto ele se movia pelo meu
apartamento. A porta da frente bateu e eu corri atrá s dele, abrindo
rapidamente as fechaduras antes de pressionar minha testa contra o
metal frio.
Porra. O que eu estava pensando? O que há de errado comigo!
Eu nã o dou a mínima para pegar seu telefone ou tentar obter
qualquer informaçã o sobre ele esta noite. O que eu fiz foi estragar tudo,
e agora meu cérebro estava se revoltando. Eu deixei Enzo entrar no
meu corpo uma vez e eu estava ferrado?
Não, é mais do que isso. Foi a maneira como ele me tocou. A maneira
como ele olhou para mim. Por que eu nã o poderia simplesmente me
curvar e deixá -lo me pegar por trá s de novo?
Bati com o punho na porta.
— Idiota. Idiota do caralho, se recomponha! — Eu me repreendi.
O som de sapatos sendo arrastados chamou minha atençã o e enfiei o
olho no olho má gico. Enzo parou e voltou a olhar para a minha porta.
Meu coraçã o apertou quando minha mã o agarrou a maçaneta. O que é
aquela expressão no rosto dele? Eu nã o conseguia entender. A parte
insana de mim quase escancarou a porta para ir perguntar. Em vez
disso, eu me afastei e corri para o meu banheiro.
Eu tinha que tirar o cheiro dele de mim e apagar a sensaçã o de estar
tã o perto do homem que eu estava destinado a colocar atrá s das grades.
CAPÍTULO DEZ
TEX

Parei na varanda rangendo e hesitei. Eu fiz a viagem e ainda nã o queria


cruzar a soleira da casa que uma vez chamei de lar. Sleepy Hollow veio
por seu nome, honestamente. Era lento, silencioso e tinha me entediado
completamente quando nos mudamos para cá . Olhei para a casa azul-
bebê de dois andares e senti uma onda de medo se aproximando em
meu estô mago.
— Você vai ficar aí fora o dia todo ou entrar?
— Oh, deixe-o em paz, Henry, — minha mã e repreendeu enquanto
caminhava até a porta de tela e sorria. — Oi, querido.
Eu sorri apesar de mim mesma.
— Ei mã e.
Ela acendeu e abriu a porta. Antes que eu pudesse dizer outra
palavra, ela estava em meus braços. Eu a abracei com força e dei um
beijo no topo de sua cabeça. Eu facilmente me erguia sobre ela agora,
me fazendo querer cuidar dela ainda mais. Eu sempre fui um filhinho
da mamã e, mesmo que nosso relacionamento pudesse ser... difícil.
— É tã o bom ver você ! Por que você nã o ligou? — ela perguntou,
colocando uma mecha de cabelo castanho atrá s da orelha. — Eu teria o
almoço pronto para você .
Acenei com a mã o. — Nã o é um problema, mã e. Eu comi antes de vir.
— Seu sorriso caiu, e eu rapidamente recuei. — Mas você me
conhece. Estarei morrendo de fome de novo em vinte minutos, — eu
disse, dando tapinhas em meu estô mago.
Ela acendeu de volta.
— Vou fazer para você um daqueles moedores enormes que você
gosta.
Fiquei com á gua na boca e balancei a cabeça para mim mesmo.
— Eu perdi o inferno fora deles. Eu vou pegar um.
Eu a segui para dentro de casa e fechei a porta de tela atrá s de mim
no ú ltimo segundo, certificando-me de que ela nã o se fechasse do jeito
que meu pai odiava. Arrastando-me atrá s dela, entrei na sala de estar e
nada havia mudado. Meu pai estava sentado em sua cadeira, uma pilha
de livros ao lado dele, mas sua arma na frente dele na bandeja. Ele o
havia desmontado e estava limpando quando olhou para mim.
— Tex.
— Pai, — eu disse de volta, imitando sua voz inexpressiva. — O que
você está fazendo?
— O que parece que estou fazendo? — ele grunhiu.
Ele largou a arma e pegou o maço de cigarros. Eu já podia ouvir
minha mã e resmungando sobre o cheiro. Ele deslizou um para fora e
enfiou na boca antes de acendê-lo, e seu olhar finalmente caiu sobre
mim novamente.
— O que você precisa?
Eu endureci.
— Nã o posso simplesmente vir visitar minha família?
Ele soltou uma nuvem de fumaça.
— Nã o.
Ele está adorável como sempre. Estendi a mã o e peguei um de seus
cigarros. Parecia que ele queria bater na minha mã o do jeito que
costumava fazer quando eu era criança. Em vez disso, ele simplesmente
grunhiu, deixe-me fumar e acendeu. A nicotina correu pelo meu corpo.
Eu fui capaz de respirar e segurar o desejo de empurrá -lo para fora da
cadeira e esmurrá -lo até que ele parasse de ser tã o idiota.
Você sabe que ele chutaria sua bunda. Ele pode estar mais velho
agora, mas aquele homem é forte.
Esse pensamento me fez sentir pequeno sob seu olhar. Como
sempre. Soprei uma nuvem de fumaça, olhei por cima do ombro para
ter certeza de que minha mã e estava fora do alcance da voz e encarei o
velho.
— Preciso de alguns de seus antigos arquivos de caso sobre os
Vitales. O chefe me colocou trabalhando neles, e imaginei que você
poderia ter algumas coisas que outras pessoas nã o têm. Notas,
gravaçõ es, qualquer coisa.
Ele me olhou de cima a baixo.
— Deixe-o sozinho.
— Eu nã o posso fazer isso.
— Sim, você pode —, disse ele. — Duvido que o chefe tenha você
trabalhando em algo assim. Preciso ligar e perguntar?
De repente, fui transportado de volta para a infâ ncia, sentado na
frente do meu pai enquanto ele olhava para mim e ameaçava chamar
meu diretor. Meus ombros tentaram cair, mas eu os empurrei para trá s
e mantive minha cabeça erguida. Eu nã o era mais uma criança. Suas
palavras nã o tiveram quase o efeito que costumavam ter em mim. Ou
pelo menos eu tentei nã o deixá -los.
— Isso vai me ajudar a ser detetive.
— Nã o, — ele resmungou. — Isso vai te matar. — Ele empurrou um
dedo em minha direçã o. — Se você sabe o que é bom para você, vai
largar este caso e deixá -lo em paz.
Ele pegou sua bengala e tentou se levantar. Movi-me por instinto,
levantando-me e correndo para ajudá -lo a se levantar. O que recebi foi
uma bengala enfiada no meu estô mago.
— Eu pedi sua ajuda?
Você nunca faz isso, idiota.
— Nã o, — eu murmurei.
— Entã o dê o fora de mim, — ele disse enquanto tentava novamente
e se levantava lentamente, um lampejo de dor aparecendo em seu rosto
antes que desaparecesse. — Algo mais? — ele perguntou.
— Ainda preciso desses arquivos.
— Você está com problemas de audiçã o, garoto?
Cerrei os dentes e ignorei a vontade de mandar ele se foder.
— Nã o —, respondi. — Apenas determinado. Você costumava me
dizer que eu nã o tinha ambiçã o e nã o chegaria a lugar nenhum na vida.
Agora estou tentando e você está me fechando.
Ele olhou para mim.
— Olhe para a minha perna, — ele disparou enquanto puxava para
cima a perna da calça e me mostrava a massa escura e nodosa de carne
que permaneceu mesmo depois de todas as cirurgias. — Isso é o que
acontece quando você fica atrá s de mafiosos. E eu fui o sortudo, ao
contrá rio do meu parceiro, que tem um metro e oitenta de
profundidade e está apodrecendo em uma caixa de pinho, — ele
disparou. — Entã o, quando digo nã o, quero dizer nã o. Encontre uma
maneira diferente de fazer detetive. Nã o estou ajudando você.
Meu rosto ficou quente quando minha mandíbula apertou.
— Por que eu esperava que você o fizesse? — Eu retruquei. — Você
nã o ajudou naquela época e nã o ajuda agora. Sejamos honestos; a ú nica
coisa com a qual você se importa é você mesmo.
— Você tem cinco segundos para sair da minha presença antes que
eu derrube sua bunda.
Nó s nos encaramos, mas eu fui o primeiro a ceder. Eu me virei, me
xingando enquanto me afastava como um pequeno punk. Fui até a porta
e minha mã e interrompeu minha retirada.
— Oh, nã o vá embora, Tex, — ela disse suavemente. — Sei que seu
pai é mal-humorado, mas é só por causa da perna dele —, disse ela,
tentando me tranquilizar. Ela estendeu a mã o e esfregou minhas costas.
— Você nã o vai ficar para o jantar? Talvez passar a noite pelo menos
uma vez.
Meu coraçã o se apertou e a vergonha caiu sobre meus ombros. Eu
me senti mal por nã o ficar por perto dela, mas nã o suportava ficar perto
dele. Acima de tudo, ele está me roubando minha mãe. O pensamento fez
o calor subir em meu peito novamente. Olhei para a sala de estar.
— Desculpe, mã e, mas estou trabalhando muito ultimamente, — eu
disse, o que nã o era uma mentira completa. — Nã o posso passar a
noite. Talvez possamos pegar algo para comer um dia.
Seu sorriso vacilou, mas ela o colocou de volta no lugar.
— Ah, tudo bem —, disse ela, levantando a cabeça e sacudindo a
tristeza que vi em seus olhos.
— Kate! — meu pai berrou, engolido por uma litania de palavrõ es.
— É melhor eu ajudá -lo. Ele provavelmente está pronto para sua
soneca, — ela limpou as mã os no avental e apontou o dedo para mim.
— Nã o saia até eu terminar seu sanduíche.
Eu sorri para ela.
— Ok, mã e.
Ela correu para a sala e arrulhou para acalmar o discurso irritado do
meu pai. Eu podia ouvi-los subindo para o segundo andar e balancei
minha cabeça. O velho era teimoso demais para reduzir o tamanho e
comprar uma casa com um andar, entã o, claro, era responsabilidade da
mã e ajudá -lo.
O som de seus passos desapareceu quando eles foram para o quarto.
Aproveitei a oportunidade para descer as escadas do porã o e caminhei
até seu escritó rio. A porta estava trancada, mas uma rá pida caminhada
até as prateleiras e uma busca nos potes encontrei a chave. Ele sempre
achou que era um lugar tã o inteligente.
Enfiei a chave na fechadura e entrei em seu escritó rio. Havia pilhas
de arquivos em caixas, mas os mais importantes estavam no arquivo. De
nó s dois, ele era o organizado e tanto quanto eu odiava essa merda
quando era mais jovem, agora eu estava grato por isso. Abri uma gaveta,
folheei os arquivos e encontrei o que procurava.
Vital.
Peguei meu telefone e coloquei os papéis um por um. Com cuidado,
tirei fotos de cada um, tentando mantê-los na ordem correta. Frente e
verso, registrei todas as informaçõ es que pude.
— Tex?
Meu coraçã o disparou quando minha mã e me chamou.
— Chegando! — Merda, nã o há tempo suficiente.
Rapidamente juntei tudo e enfiei alguns arquivos na parte de trá s da
minha calça jeans, puxando minha camisa sobre eles. Fechei a gaveta e
tranquei a porta do escritó rio. Quando saí para o andar principal,
minha mã e estava carrancuda.
— O que você está fazendo aí embaixo? Você sabe como seu pai se
comporta no porã o.
— Sim, eu estava procurando algumas das minhas coisas antigas.
Ela me olhou de cima a baixo.
— Sim, bem, ainda há uma tonelada lá embaixo. Você vai passar por
isso em breve?
— Em breve —, eu prometi enquanto a seguia de volta para a
cozinha. —Eu preciso ir, mã e.
— Tem certeza? Apenas fique um pouco.
— Eu realmente preciso começar a trabalhar.
Ela suspirou.
— Você nunca fica por perto. Eu gostaria que você nã o decolasse tã o
rapidamente.
Eu gostaria que você me protegesse mais dele. Ou pelo menos me
defenda. As palavras pesaram na minha língua, mas eu nã o consegui
dizê-las. Ela era uma boa mã e, e eu sabia que ela tinha feito o melhor
que podia, mas quando se tratava de meu pai ela se encolheu. E parte
de mim a odiava por isso.
— Nã o se esqueça da comida —, disse ela. Ela embrulhou o
sanduíche e abriu a geladeira. — Eu também fiz frango outro dia. E
legumes. Aqui, pegue tudo isso.
Deixei que ela enchesse meus braços com recipientes, efetivamente
construindo um muro entre minha má goa e sua vergonha. Se tudo em
que nos concentrá ssemos fosse a comida, o clima, o trabalho e todos os
outros assuntos triviais intermediá rios, nunca teríamos que falar sobre
o abismo de dor que cresceu entre nó s e ameaçou nos engolir inteiros.

***

— Tem certeza que nã o quer sair hoje à noite? — Rourke perguntou.


Eu olhei através do meu para-brisa para o lugar na minha frente. Há
quanto tempo eu estava esperando? Senti uma leve cã ibra nas pernas e
meu estô mago roncou. Peguei o sanduíche que minha mã e tinha feito e
dei uma grande mordida.
— Nah, — eu murmurei. — Quero ficar em casa, relaxar e nã o fazer
nada.
— Tudo bem —, disse Rourke. — Certifique-se de ficar longe de
problemas.
— Quando você sabe que estou em apuros?
Rourke grunhiu, lembrando-me dos sons desapontados que meu pai
fez para mim, e meu estô mago se apertou. De repente, meu apetite se
foi. Enfiei o sanduíche de volta em seu recipiente e fechei a tampa.
— Tudo bem, bem, nã o se atrase para o trabalho amanhã —, disse
ele.
— Eu nã o vou.
Desligamos e voltei a olhar para a casa de Enzo. Ele morava em um
prédio de apartamentos muito mais discreto do que eu esperava. Eu
felizmente encontrei o lugar através dos arquivos do meu pai;
surpreendentemente, havia um endereço para todos eles. Ele tinha feito
uma tonelada de trabalho antes de empacotá -lo, e eu estava feliz por ter
ouvido meus impulsos e procurado os arquivos.
A porta da frente se abriu e Enzo saiu em sua varanda. Um homem
se juntou a ele. Eu olhei através dos papéis que eu imprimi, minha boca
puxando em uma carranca.
— Giancarlo. O irmã o. — Bati no papel e olhei para eles. — Onde
vocês dois estã o indo?
Eles desceram os degraus juntos e desapareceram no que reconheci
como o carro de Enzo. Deslizando em meu assento, observei enquanto
Enzo decolou na estrada. Quando ele sumiu de vista, sentei-me por
mais alguns minutos, mas nã o podia esperar para sempre. Era agora ou
nunca.
Eu deslizei para fora do carro e puxei minha jaqueta em torno de
mim. O ar frio do outono estava mordendo minha pele enquanto eu
esperava na varanda. Outro minuto se passou antes que uma mã e saísse
do prédio castigando um garotinho loiro atrá s dela. Eu sorri para eles e
deslizei para dentro do prédio. De acordo com o arquivo, o apartamento
de Enzo ficava no ú ltimo andar. O homem tinha uma obsessã o por
altura.
O elevador me levou até o topo e saí enquanto procurava o nú mero
dele. Claramente, os apartamentos eram maiores neste andar porque
havia apenas duas portas. O nú mero 745 era dele. Peguei meu kit de
arrombamento e comecei a trabalhar. À medida que os copos se
moviam e o tempo passava, o suor se acumulava em minha testa. O som
da porta sendo destrancada me deu vontade de pular e dar um soco no
ar. Segurei a maçaneta e entrei.
— Uau.
O lugar imediatamente teve uma sensaçã o mais caseira do que o
quarto de hotel para o qual eu havia sido levado. Lá dentro havia fotos
de família nas paredes e algo cheirava deliciosamente na cozinha. Fui
até lá e espiei a panela elétrica que estava borbulhando. O que ele está
fazendo? Fiquei tentado a tirar a tampa e inspecioná -lo, mas me forcei a
deixá -lo quieto. Passei pela cozinha.
No final do corredor havia um banheiro e um quarto de hó spedes,
ou pelo menos imaginei que fosse isso. O quarto estava vazio, exceto
por uma cama, cô moda e aparelho de televisã o, mas nã o havia nada
pessoal ali. Subi por um lance de escadas de ferro forjado até o segundo
andar e encontrei um quarto. Anexado a ele havia um escritó rio.
— Bingo.
Entrei em seu escritó rio e vasculhei seus papéis. O que eu estava
olhando parecia legítimo. Projetos de construçã o, um escritó rio de
arquitetura, uma start-up de desenvolvimento. Todos os negó cios
legítimos para esconder a merda obscura que eles fizeram. Mas nã o ia
me trazer nada.
Fui até o computador e o inicializei. Uma caixa pedia uma senha.
Imediatamente, disquei para Chelsea.
— Ei, — ela disse. — Você está dentro?
— Sim. — Sentei-me e puxei o USB que ela me deu. — O que eu faço
de novo?
— Fá cil. Conecte o USB e reinicie o computador. Entre no BIOS
pressionando F2 ou a tecla delete. Em Opçõ es de inicializaçã o, defina
dispositivos removíveis com prioridade de sequência de inicializaçã o
sobre o disco rígido. Salve as configuraçõ es e reinicie o computador.
Eu pisquei para o computador.
— Que porra você acabou de dizer para mim?
Ela cacarejou.
— Ok, fique comigo. Vou orientá -lo através dele.
Fiz o que ela disse, avançando passo a passo. Quando o computador
voltou, a senha foi desativada. Eu loguei e naveguei por seus arquivos.
— Nã o se preocupe em procurar. Você nã o saberá o que fazer. Basta
clonar o disco rígido.
— Quanto tempo isso vai levar? — Perguntei.
— Depende do tamanho do disco rígido. Quanto maior for, mais
tempo vai demorar.
Meu estô mago se contorceu em um nó . Ó timo. Eu estava sentado no
apartamento de Enzo e nã o fazia ideia de quando poderia sair de lá .
Recostei-me na cadeira do computador e olhei em volta.
— Entã o, quem é esse cara afinal?
— Um homem mau —, respondi.
— Sim? Bem, por que você olhou para ele assim quando estávamos
no Blu?
— Como o que? — Perguntei.
— Como se você quisesse colocar o pau dele inteiro na boca e
engolir.
Gemendo, eu me levantei.
— Cale-se.
— Nã o tente sair da conversa. Responda à pergunta, Texas. Se ele é
tã o ruim, por que você olhou para ele como se quisesse que ele descesse
e falasse com você? Como se você quisesse ser perseguido, — ela disse,
arrastando a palavra.
Minha mandíbula estalou.
— A ú nica coisa que quero fazer é colocá -lo atrá s das grades.
Saí do escritó rio e fiz meu caminho pelo corredor. Havia uma foto de
três meninos. Eu me perguntei se eles eram os irmã os Vitale.
— E uma vez que ele esteja trancado, ele nã o será meu problema.
Ela assobiou.
— Ah, entendi. Ele é o menino mau. Você é o cara legal. É uma
combinaçã o feita no inferno, mas a luxú ria feita no céu, — ela suspirou
melancolicamente. — É a configuraçã o perfeita, realmente.
— Você tem assistido muitos filmes de romance de novo.
— Nã o existe absolutamente nada disso. Estou recebendo outra
ligaçã o. Ainda precisa de mim?
Eu balancei minha cabeça.
— Nã o. Eu sei como fazer o resto.
— Boa sorte com seu menino mau.
— Foda-se.
Desliguei ao som de sua risada. Andando pelo resto de sua casa,
procurei em todos os cantos. Enzo tinha muitos livros. Eles estavam
empilhados em prateleiras, sobre as mesas e colocados ao acaso em
cantos onde ele claramente ficou sem espaço. Havia uma nova estante
no chã o, meio arrumada. Corri meus dedos sobre a madeira limpa e
escura e continuei a andar.
A casa de Enzo era... aconchegante. Grande, mas confortável. Eu
podia me ver enrolado em um sofá aqui ou sentado à mesa da cozinha
com uma xícara de café. Eu congelei quando o pensamento passou pela
minha mente. Que porra estou pensando? Eu não pertenço aqui.
Certo, esta era a casa do homem que eu estava me preparando para
mandar para a prisã o por muito, muito tempo. Eu me virei, ignorando
as estú pidas fantasias que assolavam e voltei para o escritó rio. A barra
de progresso ainda estava enchendo lentamente.
Nã o tive escolha a nã o ser sair de novo e explorar mais. Pelo que
pude ver, aprendi coisas sobre Enzo; ele preferia Jazz e se interessava
por instrumentos. Nã o havia televisã o em seu quarto como havia no
meu, mas havia mais livros. No armá rio havia uma variedade de ternos
caros, mas em sua cô moda havia roupas confortáveis e macias ao toque.
Olhei debaixo da cama e vi uma caixa de sapato. Eu arrastei para
fora. Saindo do topo, eu olhei para dentro. Havia fotos dentro. Algumas
delas eram fotos normais de animais de estimaçã o, família e
aniversá rios antigos. Mas enquanto vasculhava a caixa, congelei.
Lá estava Enzo com um homem que se parecia um pouco comigo. O
mesmo cabelo escuro e olhos brilhantes que eram cinza em vez de
azuis, mas ele estava sorrindo tanto para a câ mera. Enzo parecia
estoico, mas havia algo em seus olhos que parecia alegria.
Continuei a vasculhar as fotos uma a uma. Eles passaram de fofos e
doces para sexy e selvagens. Eu rapidamente passei por elas até que as
fotos caíram das minhas mã os.
Lá , a ú ltima foto do grupo, estava o homem de antes. Seu rosto
estava ensanguentado, um olho inchado e fechado enquanto o sangue
escorria de sua boca. Havia um olhar suplicante em seu rosto e a mã o
de Enzo estava emoldurada, segurando seu queixo gentilmente. Eu
reconheceria aquele anel em seu dedo em qualquer lugar.
Meu estô mago embrulhou quando a verdade me ocorreu. A bile
subiu no fundo da minha garganta. Subi e corri para o banheiro. Meus
joelhos bateram contra o azulejo frio, e eu joguei o assento do vaso
sanitá rio bem a tempo de vomitar meu jantar nele. Ele veio em pedaços,
me engasgando e fazendo meus olhos lacrimejarem.
Enzo havia matado seu amante.
Eu cuspi até que os ú ltimos resquícios de enjoo se foram antes de
me arrastar para os meus pés. Uma vez que a descarga foi dada, eu me
arrastei até a pia e liguei a á gua. Bebi direto da torneira, a á gua
escorrendo pela boca e enxaguando o gosto rançoso que grudava na
língua. Peguei o frasco de enxaguante bucal, girando-o para dissipar a
nojeira que revestia minha boca.
Enzo Vitale matou seu amante.
Eu sabia disso tanto quanto sabia que o céu era azul e pagava muito
em impostos. Determinaçã o corria em minhas veias. Voltei para o
quarto e espalhei as fotos até encontrar as felizes. Tirei fotos de todos
eles e enfiei o telefone de volta no bolso.
Eu ia descobrir quem era aquele homem e confirmar o que eu já
sabia. Uma pequena parte mesquinha do meu cérebro gritava que nã o
era verdade. Que eu encontraria o cara vivo e bem na cidade. Mas a
parte realista de mim sabia.
Cuidadosamente, coloquei tudo de volta em seu lugar original da
melhor maneira possível antes de enfiar a caixa de sapatos debaixo da
cama novamente. Fui até o escritó rio para verificar o progresso. Oitenta
e sete por cento copiado. Faltam mais treze.
— Oh merda, essa coisa é pesada!
Meu coraçã o parou. Olhei para a porta do escritó rio enquanto ouvia
as vozes falando lá embaixo. Lentamente, eu me aproximei e espiei pela
rachadura.
— Por que você precisa de outra estante? Você nem montou essa.
reclamou um homem, com claro sotaque italiano.
— Estou montando tudo hoje à noite —, respondeu Enzo. — Entã o,
eu queria outro para trabalhar quando terminar.
— Maldiçã o, você é estranho —, o homem rebateu. — Minha ideia
de boa noite é trepar e beber, e a sua é construir uma estante de livros.
— Ele fez uma pausa. — É porque você está se distraindo de um certo
policial?
Houve silêncio.
— Nã o quero falar sobre isso.
— Você tem mantido um olho nele pelo menos?
— Claro —, disse Enzo. — Ele foi para a casa daquela garota esta
noite, e eles costumam ficar juntos por vá rias horas. Vou passar na casa
dele hoje à noite e garantir que ele esteja lá .
Meu corpo começou a suar frio. Enzo sabia que eu era policial. Ele
estava me observando desde o começo? Meu coraçã o caiu no meu
estô mago, e eu o agarrei através da minha camisa. Merda. Ele sabia
quem eu era o tempo todo.
— Tudo bem —, respondeu o homem. — Apenas certifique-se de
fazer o que Benito diz, ou ele vai nos pegar de surpresa.— Ele grunhiu.
— Estou saindo daqui. Você cuidou daquele ú ltimo policial?
— Sim, Ramada —, ele respondeu. — Encontrei-o em nosso barco-
cassino e cuidei dele.
Eu senti como se fosse desmaiar. Ramada? Nã o poderia ser o da
minha delegacia, certo? Eu senti como se a Terra estivesse se movendo
abaixo de mim. Enzo ser um cara mau nã o era novidade, mas ainda era
chocante ouvi- los falar sobre acabar com a vida humana tã o
casualmente.
— Bom trabalho —, disse o homem. — Descanse um pouco, ok? Boa
noite, Enzo.
— Boa noite, Gin.
A porta da frente se fechou e minha garganta apertou. Voltei para o
computador e descobri que a có pia estava em noventa e cinco por
cento. Teria que ser bom o suficiente. Eu o arranquei e reiniciei o
computador. Estava quieto quando me aproximei da escada e esperei.
Com cuidado, desci. Enzo nã o estava à vista enquanto meu coraçã o
batia forte no meu peito. Talvez ele tenha saído com o irmão? Eu tinha
que encontrar uma maneira de descer e sair do prédio sem que eles me
vissem. Lentamente, caminhei até a porta apenas para parar como um
cervo nos faró is quando ela começou a abrir.
— Enzo, eu esqueci minhas malditas chaves, — Gin berrou.
Algo duro bateu em mim, e eu voei de volta para a cozinha. Eu caí no
chã o, e Enzo ficou lá , seus olhos selvagens enquanto ele olhava para
mim. Ele empurrou um dedo contra os lá bios, balançou a cabeça e foi
embora.
— Você os deixou na porta da frente —, disse ele. — Experimente
esta mesa.
Meu coraçã o acelerou tã o rá pido que eu nã o conseguia respirar.
Enzo acabou de me proteger? O irmã o dele nã o tinha me visto, era isso
que ele queria? Os irmã os conversavam, as chaves tilintavam ao serem
encontradas e eu nã o conseguia parar de sentir vontade de vomitar de
novo.
— Ok, ok, eu estou indo —, disse Gin. — Pare de empurrar!
— Estou pronto para ficar sozinho, — Enzo rosnou.
A porta se fechou e eu me levantei antes de enfiar o pen drive no
sapato. Eu me endireitei quando Enzo entrou na cozinha e me jogou
contra o balcã o.
— Que porra você está fazendo na minha casa? Como você
encontrou este lugar? — Ele demandou.
Engoli em seco, mas nenhuma palavra saiu. O que diabos eu iria
dizer a ele que me tiraria de seu lugar inteiro com as evidências de que
eu precisava? Olhei em seus olhos e aproveitei meus anos como um
viciado mentiroso e manipulador.
— Senti a sua falta.
CAPÍTULO ONZE
ENZO

Meu sangue acelerou e alfinetadas dançaram ao longo de meus


antebraços e meus dedos em volta da garganta de Tex.
Senti a sua falta.
Suas palavras me envolveram como uma cobra faz com sua presa,
me apertando até que eu senti como se nã o pudesse sugar o ar.
Por que ele estava aqui? Eu sabia a resposta para isso, mas me
recusei a reconhecê-la. A dor floresceu atrá s dos meus olhos enquanto
uma dor de cabeça crescia. Meus dedos apertaram em torno de sua
garganta por reflexo, e seus olhos se arregalaram. Instantaneamente
meu corpo respondeu, mas fiquei parado, recusando-me a ceder à
atraçã o constante entre nó s.
Minha cabeça se inclinou quando minhas sobrancelhas se ergueram.
— O que?
Tex engoliu de forma audível seu pomo de Adã o, acariciando minha
palma. — Senti a sua falta.
Era muita coisa acontecendo para eu decifrar o que ele realmente
queria dizer. Ele estava mentindo? Ele sentiu minha falta ou havia algo
mais?
Tex tentou se levantar e eu o empurrei contra o armá rio, desafiando-
o com meus olhos a tentar novamente.
Ele ficou imó vel.
— O que? Entã o está tudo bem você invadir minha casa, mas eu nã o
posso fazer o mesmo?
— Nã o.
As sobrancelhas de Tex baixaram.
— Isso é treta.
Ele nã o tentou mover ou forçar minha mã o em seu pescoço. Foi uma
boa escolha. Eu nã o tinha certeza do que seria capaz de fazer se ele
tivesse.
— Eu faço as regras. — Pressionei meus dedos contra sua carne
antes de afrouxar meu aperto mais uma vez. — Eu fui claro?
A respiraçã o de Tex era irregular e quanto mais perto eu me
inclinava para ele, melhor ele cheirava. Eu me perdi por um momento
em seus olhos azuis. Eu estava certo em compará -los com vidro porque
Tex ia me cortar.
— Eu nunca concordei com isso, — Tex espremeu.
— Nã o me lembro de ter perguntado.
Ficamos mais pró ximos a cada palavra que se espalhava entre nó s.
Duvido que Tex tenha notado que ele se afastou do balcã o e estava
gravitando em minha direçã o. Era como se fô ssemos ímã s incapazes de
lutar contra a atraçã o. O mundo nos fez ó leo e fogo, uma combinaçã o
que nunca deve ser misturada.
— Enzo.
Meu nome em seus lá bios era como uma faca recém-afiada
deslizando pela carne. Por que? Eu me certifiquei de nã o me apegar a
ninguém. Uma noite com Tex, e eu estava viciado. Benito vai ficar puto.
O pensamento do meu irmã o era como á gua gelada no rosto e eu me
afastei antes que nossos corpos se tocassem completamente.
— Você nã o deveria ter vindo, — eu disse.
— Obrigado por sentir minha falta também. — Tex fez beicinho.
Eu senti falta dele? Eu sabia que ele ocupava cada pensamento da
minha cabeça. Tex era uma constante até nos meus sonhos. Acordei
querendo tocá -lo. Gin tinha chamado; minha obsessã o era perigosa.
Eu nã o disse nada enquanto o revistei e peguei seu telefone e as
chaves.
— Ei.
— Nã o —, eu resmunguei.
Joguei tudo nas bancadas de má rmore. As chaves deslizaram para
dentro da pia e nã o me incomodei em pegá -las. Eu estava muito focado
em Tex.
Dei outro passo para trá s enquanto tentava pensar no que fazer.
Perguntar o que ele ouviu pesou na minha língua, mas a resposta pode
resultar em eu ter que matá -lo. Apertei os lá bios, recusando-me a fazer
as perguntas que precisava.
Tex se inquietou sob o meu olhar.
— Entã o aquele era seu irmã o. Eu meio que posso ver a semelhança.
Seu olhar cintilou sobre as chaves e o telefone antes de pousar em mim
mais uma vez.
Não tente.
— Temos mã es diferentes. — Belisquei a ponta do meu nariz
quando algo pró ximo a irritaçã o e confusã o bateu na minha cabeça.
Giancarlo estava a segundos de ver Tex. Se meu irmã o o visse? Eu
duvidava que pudesse impedi-lo de matar Tex. Ele saberia que Tex
havia invadido minha casa, o que significava que estávamos
comprometidos. Havia apenas um curso de açã o; matar a ameaça.
Primeiro a família.
— Eu posso simplesmente ir. Você disse que queria ser al...
Minha mã o disparou e envolveu a garganta de Tex mais uma vez e eu
a apertei.
— Ou posso ficar um pouco.
Minha mã o relaxou instintivamente e o aperto em meu estô mago
aliviou. Ele ficaria. Tex nã o acabaria causando um desastre, e minha
mã o nã o seria forçada. Eu encontrei seus grandes olhos azuis e havia
medo lá , mas ao contrá rio de antes, nã o havia excitaçã o acompanhando.
Puxei minha mã o para trá s e me afastei dele.
— Vá se sentar, — eu ordenei, apontando para a sala de estar.
Tex se moveu ao meu redor, cada passo cauteloso.
— Nã o faça nada estú pido, Tex.
Fui até a geladeira e peguei a jarra de á gua. Servi um copo para nó s
dois e o levei para a sala no momento em que Tex se sentava. Suas
costas estavam retas como uma vareta, e seu olhar continuava se
movendo em direçã o à saída. Suspirei enquanto colocava os copos nos
porta-copos sobre a mesa de centro.
— Á gua.
Text olhou para ele e eu me sentei ao lado dele. Havia espaço
deixado entre nó s.
— Eu já disse a você que prefiro que você esteja ciente.
Ele assentiu e pegou o copo. Ficamos sentados em silêncio, a tensã o
aumentando a cada segundo. Meus dedos batiam ao longo do vidro, e
meus dedos dos pés mexiam em minhas meias. Tudo parecia errado e
meu mundo estava de cabeça para baixo. Cada respiraçã o parecia
raspar minha garganta e eu tinha o desejo perigoso de arranhar a carne
do meu pescoço. Talvez entã o a sensaçã o estranha toda vez que eu
respirasse parasse.
— Você tem um monte de livros —, disse Tex, estourando a bolha ao
meu redor.
Ele provavelmente estava falando em volume normal, mas parecia
que ele segurava um megafone nos meus ouvidos para falar. Recuei e
me recuperei rapidamente, endireitando-me mais uma vez. O zumbido
de todos os aparelhos estava ficando mais alto, zumbindo em meus
ouvidos, e segurei meu copo com mais força. O frescor nã o ajudou em
nada com o calor tentando me assar vivo.
— Enzo? — O rosto de Tex apareceu diante de mim e pisquei
lentamente, mas era demais. Minha boca ficou fechada enquanto eu
olhava para ele, gritando mentalmente para ele calar a boca e se sentar.
Eu precisava que tudo fosse desligado.
Ele estendeu a mã o para mim e eu fiquei parado, embora fosse a
ú ltima coisa que eu queria. A mã o de Tex parou pouco antes de me
tocar e caiu. Ele olhou em volta e pegou a bolsa de ferramentas.
— Uh, quer juntar as prateleiras? — ele perguntou.
Por que ele não está correndo? Agora seria o momento perfeito
enquanto eu estivesse preso em minha cabeça. Estendi a mã o para a
bolsa de ferramentas, certificando-me de nã o tocá -lo.
— Vou começar com este —, disse Tex.
Eu balancei a cabeça. Foi o má ximo que pude fazer enquanto me
sentava na frente da estante em que estava trabalhando antes. Ler os
passos e segui-los me acalmou. O barulho ao meu redor se acalmou e
para meu alívio, Tex nã o disse mais nada. Era como se ele fosse um
mó vel no meu apartamento e eu nã o precisei pensar duas vezes nele.
O tempo passou e eu me perdi em meus movimentos. O fogo em
meu cérebro diminuiu e a sala voltou ao foco. A estante estava pronta e
eu já estava na metade enchendo-a de livros.
Olhei para Tex. Ele olhou para os livros em sua mã o.
— Isto é errado. — Apontei para os livros que ele estava colocando
aleatoriamente na prateleira.
Tex suspirou.
— Nã o me diga que você os quer em ordem alfabética?
— Nã o. — Mudei-me para ele e percebi o quã o de perto ele estava
me observando. — Cada autor e a série de que mais gostei.
Ele piscou lentamente para mim.
— Espere, você realmente leu todos esses livros?
Eu balancei a cabeça, peguei os que ele já havia colocado na
prateleira e os coloquei no fundo.
— Mesmo os livros de romance? — Suas sobrancelhas quase
beijavam a linha do cabelo.
— É tã o difícil de acreditar?
Ele assentiu.
— Você parece mais o tipo de cara de ficçã o histó rica.
— Eu tenho alguns.
Tex fez uma careta.
— Você sabe que parece nerd e nem um pouco perigoso,
especialmente quando está falando sobre livros.
Passei por cima de uma pilha de livros já organizados. Nossos dedos
roçaram um no outro, e o formigamento percorreu meu braço e meu
pau.
— Mas você sabe que isso nã o é verdade.
Tex enrijeceu quando coloquei os livros em seus braços à espera.
Nossos olhares se encontraram e eu nã o estava nem perto de tomar a
decisã o que sabia que precisava tomar. Meu estô mago revirou em nó s,
tornando-se desconfortável para se mover.
— Eu... hum... Enzo...
Eu balancei minha cabeça. — Terminar. — Obriguei meus pés a se
moverem e fui completar a outra estante.
Trabalhamos em silêncio. Agora que estava mais consciente,
continuei sentindo os olhos de Tex em mim. Esperei que ele fizesse ou
dissesse alguma coisa, mas ele continuou colocando os livros na
estante. Outro segundo se passou antes que eu terminasse o silêncio
entre nó s.
Eu cedi ao empate e me movi enquanto Tex lia a contracapa de um
livro. Eu virei Tex e o empurrei para baixo.
— Porra. — Ele perdeu o equilíbrio e eu agarrei sua mã o para
estabilizá -lo.
Eu disse a primeira coisa que me veio à mente. Tex havia agido. Era
meu trabalho lembrá -lo de que ele deveria ter ficado em seu lugar.
— Preciso lembrá -lo quem faz as regras?
A boca de Tex abriu e fechou como um peixe fora d'á gua, e eu nã o
pude conter o sorriso no meu rosto. Abri o botã o da minha calça e
abaixei o zíper. Os olhos de Tex seguiram cada movimento. Em vez de
lutar comigo, ele se inclinou mais perto.
Mesmo agora, quando deveria estar correndo para as colinas, ele
estava à minha mercê, reagindo a tudo que eu fazia com ele. Meu pau se
contraiu quando a necessidade rodou em meu abdô men inferior.
O peito impressionante de Tex subia rapidamente com sua
respiraçã o. Sua língua saiu e passou sobre sua boca tentadora.
— S-sim.
Eu libertei meu pau. Nã o precisei dizer nada quando Tex abriu a
boca e me engoliu inteiro. Um gemido ficou preso no fundo da minha
garganta quando o prazer me atravessou como uma escavadeira.
Meus dedos em seu cabelo, eu segurei a parte de trá s de sua cabeça
e empurrei meu pau mais fundo enquanto o êxtase corria por mim.
Meus dedos se curvaram e um gemido gutural ressoou ao nosso redor.
Levei muito tempo para perceber que tinha vindo de mim. Eu nã o
conseguia tirar os olhos dele. A maneira como seus lá bios se esticavam
ao redor do meu comprimento ou a maneira como seus lindos olhos
azuis lacrimejavam.
Eu balancei para frente, perseguindo o prazer enquanto crescia cada
vez mais alto. Os gemidos de Tex ao redor do meu pau enviaram
vibraçõ es direto para minhas bolas, fazendo-as formigar.
Eu pressionei meu polegar no canto de sua boca e passei um dedo
ao lado do meu pau fazendo a boca de Tex se esticar mais. Ele olhou
para mim com um olhar embriagado em seus olhos.
Meu clímax me pegou de surpresa. Eu gemi, — Meu —. Caiu de
meus lá bios em um sussurro.
Tex gemeu alto, seus olhos fechados vibrando enquanto eu enchia
sua boca com esperma. Nã o precisei instruí-lo a engolir. A garganta de
Tex trabalhou enquanto ele engolia cada gota antes de abrir os olhos.
Sua língua quente percorreu meu pau amolecido, enviando
pequenos choques dançando ao longo da minha carne enquanto ele me
limpava.
— Você está me tentando a fazer isso de novo.
Os lá bios de Tex se curvaram em um sorriso diabó lico. Eu nã o queria
nada mais do que derrubá -lo e desmontá -lo. Achei que ele era meu tipo,
mas Tex era mais do que isso. Ele nã o apenas atendeu aos requisitos
fisicamente, mas em todos os aspectos.
Eu nã o era o ú nico perigoso aqui.
Ele afastou meu pau e eu deixei que ele se levantasse. Eu nã o queria
matá -lo. Desta vez, quando segurei o rosto de Tex, nã o permiti que ele
se afastasse. Eu quase nunca beijei, mas foi a ú nica coisa que passou a
residir em minha mente depois do nosso ú ltimo encontro.
Nossos lá bios se apertaram e um calor lento irrompeu de nossas
bocas e cobriu todo o meu corpo. Puxei-o para mais perto e passei
minha língua sobre a costura de seus lá bios. Eu queria um gosto. Nã o,
eu precisava disso como precisava de ar.
Tex se abriu para mim e eu mergulhei sem hesitar. Eu me provei em
sua língua, mas além disso, era tudo Tex. Eu o puxei para mais perto
enquanto nossas línguas se entrelaçavam. Ele tentou dominar a minha,
mas eu mordi sua língua. Tex gemeu quando cedeu.
Por que isso não pode ser nós? Meus olhos se fecharam por apenas
um breve segundo. Eu nã o queria parar de beijá -lo. Eu nã o queria
deixá -lo ir ainda. Uma parte de mim gritava que Tex era meu. Se eu o
trancasse agora, ele nã o seria capaz de machucar a família e eu nã o
seria forçado a acabar com sua vida. Eu poderia brincar com ele sempre
que quisesse, e sabia que Tex iria gostar. Ele me respondeu tã o
lindamente.
Meus pulmõ es queimavam com a necessidade de ar e minha cabeça
começou a girar. Eu relutantemente me afastei. Tex respirou fundo, suas
pupilas estouradas e um toque de rubor em suas bochechas.
Deixei minhas emoçõ es correr soltas por outro segundo fugaz antes
de enfiá -las todas em uma caixa. Estendi a mã o e agarrei um punhado
de sua camisa, e puxei-o de volta para o chã o. Seus joelhos bateram no
chã o mais uma vez, e ele grunhiu.
O contorno de seu pau era tentador, e eu levantei meu pé e o
empurrei para baixo sobre seu pau vestido. Os olhos de Tex se
arregalaram enquanto ele lambia os lá bios inchados pelo beijo.
— Tex... — Inclinei-me para frente e belisquei sua orelha enquanto
aplicava mais pressã o em seu pênis. Um gemido abençoou meus
ouvidos e me deliciei com o momento. — Suba ou saia. — Minhas unhas
arranharam seu couro cabeludo enquanto eu apertava meu aperto. —
Você vai embora...— Eu nã o consegui dizer isso, mas nó s dois sabíamos
o que eventualmente teria que acontecer. — Se você fizer isso, nã o faça
nada estú pido. — Por favor .
Eu o soltei e dei um passo para longe dele. Olhei para Tex por mais
um segundo antes de me dirigir para as escadas.
Por favor, não me faça matá-lo.
CAPÍTULO DOZE
TEX

Eu estava pateticamente sozinho? Ou eu tive um desejo de morte?


Eu ponderei qual era a resposta correta enquanto olhava para a
porta da frente de Enzo. Partir foi a ú nica decisã o inteligente e, ainda
assim, meus pés estavam plantados no chã o. Eu ainda podia sentir o
gosto dele na minha língua, uma deliciosa mistura de sal e perigo que
me deu vontade de voltar por segundos.
A prova está no meu sapato. Preciso sair daqui e dar uma olhada.
No andar de cima, ouvi o som da mú sica começando e fiz uma
careta. A á gua corria e eu podia imaginá -lo tirando a roupa e entrando
em um banho fumegante. O olhar em seu rosto quando ele saiu foi
conflitante e...
Estou imaginando merda, ou ele estava chateado?
Algo definitivamente havia acontecido com ele antes. Só consegui
pensar em distraí-lo com o projeto das estantes, mas algo aconteceu.
Por um breve momento, ele nã o era um homem que havia assassinado
um policial que eu conhecia. Ele estava perdido e inseguro.
Não é como se Ramada não fosse um policial corrupto.
Todo mundo sabia sobre ele e o que ele tinha nas mã os. Quando se
tratava de encher os bolsos, ele era o melhor nisso. Estou justificando
Enzo matando um homem?
Era um terreno escorregadio para andar.
Caminhei até a base da escada e olhei para cima. Meu estô mago se
apertou e algo passou por mim. Senti o calafrio do medo. Eu nã o queria
deixar Enzo sozinho, mas senti o mesmo medo de ir até ele. E se eu
nunca me recuperasse? E se qualquer obsessã o distorcida que eu
tivesse se tornasse uma psicose completa?
Meu pé levantou, e no momento em que pousou na escada, eu estava
andando rá pido. Contra todos os meus instintos que gritavam para
voltar, abri a porta do chuveiro e observei a á gua escorrer por sua pele.
Ele olhou para mim, e algo em mim derreteu.
Merda. Eu tenho problemas com o papai?
Chelsea estava certa; Eu era o cara bom. Ele era o menino mau. E eu
estava me apaixonando pelo anzol, linha e chumbada. Tirei meus
sapatos, jogando-os para o lado antes de sua mã o enrolar em volta da
minha camisa. Enzo me puxou para dentro da baia, minhas costas
bateram contra a parede e seus lá bios devoraram os meus.
Eu esqueci como respirar. Meu senso de razã o se foi há muito tempo,
substituído por uma necessidade ardente que rasgou através de mim. A
língua de Enzo golpeou contra a costura dos meus lá bios. Eu me abri
para ele, ofegando enquanto minha língua deslizava contra a dele. As
mã os de Enzo agarraram minha camisa, puxando-a enquanto um
rosnado saía de seus lá bios. Aquele som foi o suficiente para fazer meu
pau pular e doer desesperadamente para ser tocado.
Naquele exato momento, a mã o de Enzo envolveu meu
comprimento, fazendo meus joelhos virarem geleia. Eu era facilmente
maior que ele, mas ele tinha um jeito de me fazer desmoronar como se
eu nã o fosse nada além de seu brinquedo. Cada centímetro de mim
explodiu em chamas enquanto ele puxava minhas roupas, desesperado
e ansioso.
— Enzo, — eu gemi quando sua boca se moveu para minha
garganta. Dentes afiados afundaram em meu pescoço, e eu jurei quando
seus dedos cavaram em minha carne ao mesmo tempo. — Porra.
Tentar tirar o controle de Enzo sempre foi divertido, mas era como
se ele nã o tivesse nenhum agora. Ele tirou minhas roupas, jogando-as
para o lado antes de agarrar meu pulso e me girar. Meu peito beijou a
parede, meus quadris foram puxados para trá s e eu esqueci como
respirar. Um dedo escorregou em meu buraco, fazendo meus olhos se
arregalarem enquanto um gemido saiu de meus lá bios.
— Enzo, o que há de errado com você? — Perguntei. Meu estô mago
se apertou, e eu percebi a verdade. Eu estava preocupado com ele. —
Você está perdendo a cabeça ou algo assim... Merda!
Ele nã o disse uma palavra. Cada movimento que Enzo fazia era
deliberado e rude, como se ele quisesse me despedaçar. Algo molhado
escorregou entre minhas bochechas. Olhei por cima do ombro. Enzo
segurou uma garrafa de alguma coisa, apertando-a entre minhas
bochechas com um olhar determinado em seu rosto. Olhei mais de
perto e vi aloe vera. Ele é tão sério.
— Você está me assustando um pouco.
Enzo esfregou seu pau contra meu buraco e grunhiu enquanto ele
batia dentro de mim. Eu vi estrelas. Meus joelhos tentaram dobrar, mas
ele passou o braço em volta da minha cintura e me manteve no lugar
quando começou a balançar dentro de mim. Sua respiraçã o emplumada
contra a minha orelha.
— Você é meu, — ele rosnou.
Vibraçõ es irromperam por todo o meu corpo. Ele disse isso quando
estávamos lá embaixo, que eu era dele. Uma bola ansiosa de energia
torceu através de mim. Eu pensei que era um impulso do momento,
meu pau pertence à sua boca, meu. Mas olhando para ele, vendo aquele
olhar sombrio em seus olhos, eu nã o tinha tanta certeza. Ele estava
realmente tentando me reivindicar?
Não, de jeito nenhum. Esta é a última vez que estou fazendo isso.
Era fá cil dizer isso, mas com Enzo martelando dentro de mim e seus
gemidos profundos ecoando em meus ouvidos, era difícil acreditar.
Ninguém nunca se sentiu tã o bem. Era como se seu pau fosse feito para
mim, perfeitamente equipado para me empurrar para o limite e me
manter rastejando para mais.
— Foda-se, eu nã o aguento isso, — Enzo gemeu.
Alcancei entre minhas coxas e acariciei meu pau.
— Entã o goze dentro de mim,— eu disse, imediatamente querendo
me dar um tapa. Mas eu quero isso. — Me encha, Enzo.
Ele empurrou dentro de mim mais fundo, esfregando contra a minha
pró stata. Meus olhos reviraram. Parecia que as mã os de Enzo estavam
em todos os lugares ao mesmo tempo. Unhas arranharam minhas
costas, dedos puxaram meus mamilos perfurados, dentes arrastados
sobre meu ombro. Enzo estava em outro planeta, seu rosto assumindo
um tom de rosa empoeirado enquanto ele se deleitava em usar minha
bunda.
Estremeci enquanto olhava para ele. Senti-lo dentro de mim sem
uma barreira entre nó s era muito mais inebriante. Quanto mais ele
empurrava, mais minha cabeça ficava nebulosa. Alguma parte estú pida
de mim pensava em experimentar isso o tempo todo. Ter alguém que
nã o conseguisse tirar as mã os de mim, alguém que ficaria obcecado por
mim até o fim dos tempos.
É muito bom para ser verdade.
Meu estô mago caiu e senti o pâ nico começando a aumentar. Eu
precisava escapar. Mas eu estava longe demais, e Enzo também. Ele
virou minha cabeça quando tentei desviar o olhar, segurando meu olhar
enquanto seus lá bios se separavam. Era como se ele quisesse dizer
alguma coisa. No entanto, ele selou os lá bios, agarrou meu pulso e me
fodeu como se nunca mais fosse me ver.
Cheguei ao som de carne batendo contra carne, borrifando sua
parede com um jato de esperma enquanto eu gritava seu nome. Enzo
descansou a testa no meu ombro. Mesmo quando ele terminou, ficamos
juntos, ofegantes e abraçados enquanto a á gua caía sobre nossos
corpos.
Era como se nenhum de nó s quisesse se mexer. Enzo passou os
braços em volta de mim e eu sabia que, no segundo em que nos
separá ssemos, a ilusã o se desfaria e o mundo real voltaria.

***

— Aqui.
Enzo me ofereceu uma toalha quando me sentei na beira da cama.
Peguei-o, passando-o pelo meu cabelo para secar os fios. Meu olhar se
moveu para observar Enzo enquanto ele andava pelo quarto. Ele nã o
estava com pressa para se vestir, isso estava claro. Observei uma gota
errante de á gua descer pela curva de sua bunda e respirei fundo.
Porra. Ele parece tão bom que deveria ser ilegal.
Quando ele olhou para mim, eu desviei o olhar. Eu preciso dar o fora
daqui. Quando olhei para trá s, Enzo ainda estava olhando para mim.
— Eu deveria ir, — eu disse.
Enzo assentiu.
Nenhum de nó s se moveu.
O homem ia me transformar em uma pessoa louca. A cada chance
que tinha, ele me fazia questionar tudo o que sabia sobre ele, os fatos
frios e concretos em seus arquivos. Eu quase podia vê-lo como um
homem diferente. Alguém com uma vantagem perigosa, com certeza.
Mas nã o o psicopata assassino que ele era.
Não aguento mais ele me encarando.
— O que é que foi isso? Mais cedo? — Perguntei. — Você meio que...
congelou.
— Andar de baixo? — Enzo perguntou.
— Sim.
Ele encolheu os ombros.
— Nã o é nada importante. À s vezes eu simplesmente fico…— Ele
parou, seus olhos se estreitando enquanto ele olhava para o chã o e
depois de volta para mim como se ele estivesse apenas lembrando que
eu estava lá . — Nã o é importante, — ele terminou. Ele parou por um
tempo. — Você vai ficar?
Eu pisquei para Enzo. Ele acabou de me convidar para passar a noite?
Eu nã o sabia o que dizer sobre isso. Em outra vida, eu teria ficado feliz
em sua cama, esperando por mais uma rodada ou duas. Enquanto eu
olhava para Enzo, porém, eu sabia que tinha que sair dali.
Levantando-me, dobrei a toalha sem pensar e coloquei-a em sua
cama.
— Eu realmente deveria ir. Eu tenho trabalho.
Trabalho que você conhece. Você sabe que eu sou policial. Inferno,
talvez você até saiba que estou investigando você.
As palavras pairaram entre nó s no ar, nã o ditas. Um manto de tensã o
cobriu nó s dois. A expressã o de Enzo cintilou por um breve segundo, e
eu vi um olhar de... isso foi decepçã o? Desdém? Raiva? O mundo mudou
sob meus pés, e o desejo imediato de consertar a situaçã o aumentou.
Ele matou seu amante. E ele matou um policial. Provavelmente mais
de um em sua vida. Pense direito, Tex. Não há nada entre nós.
Certo. A ú nica maneira de Enzo Vitale me ajudar era ele acabar atrá s
das grades e eu finalmente me tornar detetive. Esse era o meu sonho.
Minha ú nica razã o de existir era provar que eu poderia fazer o que meu
pai fazia, mas muito melhor. Para mostrar a ele e a todos os outros que
eu nã o era mais o idiota que todos sabiam que eu costumava ser.
Roupas voaram na minha cara. Eu os agarrei e Enzo acenou com a
cabeça para as roupas que ele jogou para mim. As minhas ainda
estavam encharcadas e deitadas em uma pilha enrolada no chuveiro.
Nã o tive escolha a nã o ser vestir seu moletom preto e a camiseta azul
macia. Ele me deu uma jaqueta também, e eu a vesti enquanto ele ficava
ali parado, olhando para mim.
— Enzo...
— Você pode se ver lá fora, — ele disse, seu tom cortante. Quando
me virei, ele chamou meu nome. Eu olhei de volta para ele. —
Certifique-se de nã o aparecer aqui novamente.
Raiva incandescente passou por mim. Eu mantive minha boca
fechada, balancei a cabeça e saí de seu quarto antes que eu dissesse
algo que pudesse me matar. Eu prendi meus sapatos, empurrando meus
pés para dentro. Algo me cutucou na sola. Tirei meu tênis e olhei para
dentro. Porta USB. De alguma forma, eu tinha esquecido tudo sobre
isso.
A bile subiu em minha garganta, misturando-se com a raiva. Nã o
havia como dizer o que eu iria encontrar naquela coisa. Fui direto para
a porta, resolvendo descobrir a verdade.
Nã o importa o quanto doeu.
CAPÍTULO TREZE
TEX

O constante estrondo do ronronar de Penelope era geralmente a


coisa mais reconfortante do mundo. Esta noite simplesmente irritou
meus nervos, deixando-me ainda mais nervoso enquanto eu estava
sentado na minha cama examinando os arquivos do meu pai. O rabo de
Penelope balançou, batendo em uma pasta e espalhando papéis pelo
edredom.
— Ok, é isso. Eu te amo, mas você tem que ir. — Eu o peguei e ele
colocou suas patas enormes no meu ombro, me amassando através da
jaqueta que eu ainda usava. — Que tal uma guloseima e um pouco de
mú sica?
Levei Penelope até a cozinha e peguei uma lata de comida molhada.
Ele envolveu meus tornozelos, miando para mim tã o alto que me fez rir.
Sentei sua tigela e liguei a TV. Uma mú sica suave e tranquila tocou
enquanto eu apagava as luzes, deixando apenas o brilho suave das luzes
noturnas que instalei para o caso de Penelope ficar com medo do
escuro.
Sim, isso foi estú pido como o inferno. Meus amigos apontaram isso
para mim vá rias vezes, garantindo que ele podia ver no escuro, mas
ainda me fazia sentir melhor saber que as luzes estavam lá para ele.
Eu dei a ele alguns bichinhos longos e firmes, e seu ronronar
aumentou. Sorrindo, bati seu rabo para frente e para trá s até saber que
nã o podia mais procrastinar. Levantei-me e suspirei.
— Ok, sem volta. Preciso examinar esses arquivos. Seja boazinho,
Pen.
Ele me ignorou enquanto comia sua comida. Aquela dor que crescia
rapidamente estava de volta ao meu peito. Esfreguei-o, tentando apagar
o surto de solidã o que costumava levar a outra bebedeira. Penelope foi
incrível; ele me manteve vivo. Mas à s vezes parecia que ainda estava
faltando alguma coisa.
Não tenho tempo para refletir sobre minha vida deprimente.
Acomodei-me na cama e voltei a procurar nos arquivos. Havia muito
mais informaçõ es do que eu pensava. Pequenas coisas; pontos de
encontro, associados conhecidos, histó ria. A maior parte provavelmente
era inú til, mas eu estava rezando para encontrar uma agulha no
palheiro.
Meu telefone vibrou, e eu o peguei.
— Yo, — Chelsea disse, sua voz pesada. — Bom saber que você nã o
está morto. Posso ter checado suas câ meras de segurança quando você
chegou em casa.
— Por que nã o estou surpreso?
— Você está bem?
— Nã o, — eu disse com sinceridade. — Uma linha de coca nunca
soou tã o bem na minha vida.
— Nã o faça isso, — ela disse suavemente. — Eu sei que é difícil
quando as coisas ficam de cabeça para baixo, mas você sabe para onde
isso vai te levar. Além disso, você nã o quer perder o emprego e ter que
começar tudo de novo. Devo ir?
Sorri com a preocupaçã o de Chelsea. É ramos velhos amigos por um
motivo. Ela era uma das poucas pessoas que conhecia todos os meus
segredinhos sujos, e eu conhecia os dela. Sempre que eu estava prestes
a cometer um deslize, Chelsea era a primeira pessoa para quem eu
ligava para me manter só brio.
— Tex?
— Nã o sei. Talvez você pudesse...— Meus dedos deslizaram sobre os
papéis na minha cama, e fiz uma pausa. Examinei-os até descobrir um
rosto familiar. — Uau.
— Uau o quê? — ela perguntou. — Tex?
— Nada —, eu disse rapidamente. Eu procurei na pá gina. Bricen
Grennan. Ex-amante de Enzo. Meu estô mago se contorceu em um nó
apertado. Se eu continuasse nesse ritmo, desenvolveria uma ú lcera.
Entã o eu realmente seria como meu pai.
— Acho que estou bem para esta noite, — eu disse a Chelsea. —
Preciso dormir se vou resolver isso amanhã .
— Descobrir o quê?
— Com quem diabos estou lidando.

***

Bati na porta de novo, descascando a tinta verde grudada nos nó s dos


dedos. Esfregando meu punho contra meu jeans, eu congelei quando a
porta se abriu meia polegada. Um olho me olhou de cima a baixo, e o
cheiro de fumaça de cigarro flutuou em meu rosto.
— O que? — uma mulher perguntou.
— Você é Abigail?
— E quem é você?
Peguei meu distintivo.
— Oficial Caster. Queria fazer algumas perguntas sobre seu irmã o,
Brycen Grennan.
— Por que? Eu já respondi a todas as malditas perguntas que posso
pensar. A menos que você o encontre, qual é o objetivo?
Coloquei minha melhor voz oficial com um tom de autoridade e
simpatia. — Vai levar apenas alguns minutos. Por favor, senhora.
Ela suspirou e fechou a porta. O som de uma corrente deslizando
ecoou no corredor vazio antes que ela estivesse diante de mim. Abigail
parecia Brycen. Eles tinham os mesmos cabelos e olhos. Olheiras
estavam sob seus olhos e um cigarro pendia de seus dedos.
— Entre.
Eu a segui até o apartamento. Nos sentamos e ela bateu o cigarro
num pesado cinzeiro de vidro.
— Eu lhe ofereceria um café, mas nã o quero que isso se transforme
em uma visita completa, — ela disse curtamente. — Faça suas
perguntas e vá .
— Certo, — eu me inclinei para trá s na cadeira de metal rangente. —
Eu esperava que você pudesse me contar sobre Brycen. Sobre o que
aconteceu com ele.
— Você nã o sabe? — ela perguntou.
— Gostaria de ouvir de alguém que passou por isso.
Isso e eu nã o sabia exatamente. Eu fiz minha pesquisa na noite
anterior e consegui encontrar alguns fatos na internet. No entanto, eu
nã o podia entrar na estaçã o e pesquisar coisas. Tudo foi monitorado. Se
eu fosse pego procurando coisas nas quais nã o deveria enfiar o nariz,
seria demitido e poderia até ser acusado. Nã o, era melhor fazer isso
sozinho.
— Brycen é... era... meu irmã o mais novo —, disse ela brevemente.
— Ele estava indo muito bem na vida até ficar com aquele animal.
— Animal?
— Enzo Vitale, — ela cuspiu. — Toda a família está cheia de
bandidos criminosos. — Ela riu secamente. — Eu costumava ter medo
de falar sobre eles, mas nã o me importo mais. Meu irmã o pode ter sido
muitas coisas, mas ele foi bom para mim. À nossa família. Mesmo que
ele nos deixasse loucos.
Eu fiz uma careta.
— O que você quer dizer?
— Brycen gostava de fugir. Ele era selvagem, sabe? Festejar, beber,
cair na cama com o tipo errado de homem. Eu sempre o avisei que isso
o mataria...— Ela parou, uma lá grima rolando por sua bochecha antes
de enxugá -la com o braço.
— E aconteceu.
— Bem, ele é dado como morto neste momento —, ela murmurou.
—Segundo a polícia, ele é simplesmente uma pessoa desaparecida, mas
eu sei a verdade. Meu irmã o está morto e Enzo o matou.
Um arrepio na espinha.
— Por que você pensa isso?
— Ele costumava mandar flores para cá depois que acontecia. Nunca
houve nenhum cartã o nem nada, mas eu sabia que eram dele. À s vezes
eu o via do outro lado da rua, olhando para o apartamento. Ou ele ligava
e desligava sem dizer nada. Ele me assusta—, disse ela. Ela deu uma
longa e lenta tragada no cigarro. — Nã o sei no que Brycen se meteu,
mas seja lá o que for, ele foi morto.
— Sinto muito —, eu disse calmamente.
Ela deu de ombros.
— O que a desculpa faz? Homens como os Vitales, eles nã o se
importam com ninguém além de si mesmos. Matar pessoas faz parte do
que eles fazem. Eu só queria que meu irmã o idiota tivesse me ouvido
quando eu disse isso a ele, — ela fungou forte, sua respiraçã o
gaguejando. — Isso é tudo?
Estendi a mã o por cima da mesa e coloquei a mã o sobre a dela.
— Posso dar uma olhada no quarto dele?
Abigail riu.
— O que mais você poderia querer de mim? — ela estalou. — Você
veio aqui desenterrando uma histó ria de mais de dois anos e agora
quer revistar o quarto dele? Bem, adivinhe? Nã o há nada nele. Doei o
que pude, vendi o resto e tudo o que sobrou está guardado. Agora, —
ela arrancou sua mã o da minha quando sua cadeira raspou contra o
chã o de linó leo, — saia da minha casa. Terminei. A menos que você
esteja me dizendo que o filho da puta e sua família estã o na prisã o ou
mortos, nã o volte aqui.
Eu balancei a cabeça.
— Obrigado pelo seu tempo.
Abigail me acompanhou até a porta sem dizer mais nada. Assim que
a porta se fechou, olhei por cima do ombro para ela. Eu podia sentir
seus olhos em mim pelo olho má gico, entã o continuei andando.
Esperei até estar de volta no meu carro antes de ligar para Chelsea.
Ela atendeu, sua voz cautelosamente otimista enquanto me
cumprimentava com seu habitual
— Yo.
— Eu preciso que você faça o seu trabalho —, eu disse. — Abigail
Grennan. Ela tem uma unidade de armazenamento em algum lugar e
quero dar uma olhada. Você pode encontrá -lo para mim?
— Mais rá pido do que você pensa —, disse ela. — Devíamos nos
encontrar para jantar.
— Nã o estou com fome —, murmurei, ignorando o ronco em meu
estô mago. — Preciso de um tempo para pensar.
— Tex, você nã o soa bem —, disse ela, com a voz tensa. — Por favor,
vamos nos encontrar para jantar e podemos conversar sobre o que está
acontecendo. Talvez eu possa ajudá -lo a descobrir isso.
Eu amava Chelsea, mas queria ficar sozinho por enquanto. Minha
mente nã o poderia filtrar os detalhes se eu tivesse que falar com
alguém e fazer cara de bravo, fingindo que nã o estava confuso e
perdido. E até agora, eu estava muito perdido.
Brycen Grennan foi dado como desaparecido, mas sua irmã pensou
que ele estava morto. Foi ele? Ou ele simplesmente se foi? Abigail disse
que gostava de fugir, de sumir. Dois anos era muito tempo para vagar,
mas eu também o faria se tivesse um mafioso atrá s de mim.
Especialmente se foi depois que aquela foto foi tirada, onde Brycen
parecia ter sido espancado bastante. Talvez ele fosse inteligente o
suficiente para ir e ficar longe.
— Tex. Estou preocupada com você, — disse Chelsea. — Seja o que
for, você deveria largar e seguir em frente.
— Você já revisou o disco rígido?
— Nã o, — ela murmurou. — Estou tentando, mas muito disso está
em có digo. Ele foi inteligente o suficiente para criptografar quase tudo
ou fazer com que outra pessoa o fizesse.
— Quanto tempo você acha que vai levar para superar isso?
— Nã o tenho certeza se devo.
Fiz uma pausa e agarrei o volante.
— O que?
— Você está ficando obcecado —, disse ela calmamente. — Eu nã o
quero fazer parte da razã o pela qual você entra em espiral3.
Belisquei a ponte do meu nariz.
— Apenas faça isso, Chelsea. Ou devolva, e eu vou encontrar alguém
que possa fazer a porra do seu trabalho.
— Certo. Idiota.
Ela desligou e eu olhei para a tela. Ó timo. Além de me sentir mal, me
senti um idiota também. Eu bati minha cabeça contra o volante. Vou
pedir desculpas a ela mais tarde. Eu estava tã o perto de descobrir o que
estava acontecendo, mas eu precisava de mais. Aprender sobre Brycen
era um projeto de estimaçã o. Eu nã o tinha ideia se poderia culpá -lo por
Enzo. Ou se seria suficiente. Eu tinha que continuar cavando.
Eu estava tã o perto de me tornar detetive que podia sentir o gosto.
Um grande caso, e eu estaria lá . Rolei meus ombros, tentando aliviar a
tensã o que os apertava. Mas ficou lá como uma pedra fazendo meu
peito se contrair e minha pele ficar tensa.
Eu poderia estar prestes a conseguir tudo o que queria. Entã o, por
que parecia tã o vazio?
CAPÍTULO CATORZE
ENZO

O cheiro de cigarro pesava no ar enquanto eu estava no cais. Mesmo o


cheiro salgado do oceano nã o poderia afastá -lo. Minhas pá lpebras se
fecharam. Eu precisava de um segundo para me recompor. Eu estava
fazendo muito isso ultimamente, tentando agarrar o controle do qual
me orgulhava. Mas no momento em que relaxei, os olhos mais azuis
apareceram diante de mim emoldurados por grossos cílios negros em
um rosto bem barbeado. Uma mandíbula afiada que era perfeita para
mordiscar e lá bios rosados suaves que se inclinavam em um sorriso
ousado.
— Abra a caixa —, disse Benito.
Meus olhos se abriram com a voz de Benito, e eu forcei tudo para
baixo. Se meu irmã o percebesse como eu estava fora de mim, a histó ria
se repetiria. Eu nã o poderia passar por isso de novo.
Três de nossos homens enfiaram pés de cabra sob a grossa tampa de
madeira e a abriram. A tampa caiu no chã o ao lado da caixa quando o
conteú do foi revelado. Ou falta de.
— Foda-se, — Gin gemeu. Nossos olhos se encontraram por um
segundo antes de olharmos para Benito. Ele ficou de pé sobre o caixote
vazio que deveria conter o carregamento de armas. Aqueles que já
tínhamos vendido.
— Abra todas as malditas caixas —, disse Benito com os dentes
cerrados.
Gin e eu pegamos um pé de cabra e fomos para as outras caixas.
Todos os homens estavam lá fora abrindo as caixas. Um por um, eles
foram aparecendo vazios. Só havia palha.
Gin veio em minha direçã o.
— O que diabos você acha que aconteceu?
Eu balancei minha cabeça. Talvez se minha mente nã o estivesse
dispersa e meus pensamentos voltando constantemente para um certo
policial, eu teria uma resposta.
O som de uma arma sendo disparada ecoou ao nosso redor. Nã o
precisamos nos apressar para saber o que aconteceu. Endireitei minhas
costas e caminhei até meu irmã o enquanto um dos homens estava
deitado no chã o, balançando para frente e para trá s enquanto segurava
o joelho sangrando.
— Você estava encarregado da remessa. Nã o consigo entender como
duzentos rifles de assalto e revó lveres sem identificaçã o desaparecem.
Benito estava de pé sobre ele, a arma firme apontada para o rosto de
Benjamin.
— Eu nã o sei, — Benjamin espremeu para fora.
Ele estava conosco há algum tempo, quase dois anos, e devia saber
que a palavra que Benito menos gostava era “nã o sei”. Como para
lembrá -lo desse fato, Benito disparou a pró xima bala em sua outra
perna.
Benjamin soltou um grito indigno que ultrapassou em muito o
estrondo da arma. Ele amaldiçoou enquanto agarrava ambas as pernas
sangrando. Sangue espirrou por todo o chã o e algumas caixas pró ximas.
A visã o era normal, e todos ficaram olhando enquanto ele tentava
diminuir o sangramento.
Quanto mais irritado meu irmã o ficava, mais forte ficava seu sotaque
italiano.
— Você espera que eu acredite nessa merda? Onde estã o minhas
armas? Benito perguntou.
Ele olhou para os outros parados ao redor, e cada um deles evitou
seu olhar. Não é bom. Minhas mã os tremeram. Eu estaria me divertindo
mais tarde esta noite. Eu podia imaginar agora, o sangue e os gritos da
verdade finalmente vindo à tona. Geralmente me enchia de uma
excitaçã o fria que durava horas, mas parecia nada mais do que um
arrepio na base da minha espinha.
— Entã o ninguém aqui sabe? — Benito perguntou.
Ninguém falou e Gin rolou os ombros para trá s, parecendo tã o
zangado. Demorou um pouco para proteger as armas e ainda mais
trabalho para garantir que fossem entregues ininterruptamente.
— Chefe, estou dizendo ao...— Benito puxou o gatilho,
inevitavelmente silenciando Benjamin para o resto da vida. Seu corpo
caiu para trá s contra o chã o. Suas pernas caíram em â ngulos estranhos
enquanto o sangramento diminuía por conta pró pria. Ninguém ousou
se mexer.
— Alguém quer subir e conversar, ou esta vai ser a nossa noite? —
Benito perguntou calmamente. Seu olhar varreu nossos homens. Alguns
pareciam estar prontos para fugir na primeira chance que tivessem.
— Experimente e será o ú ltimo passo que você dará , — Gin
ameaçou.
Uma merda é um armazém sendo encontrado, mas isso foi
deliberado. A quantidade de dinheiro que acabamos de perder foi um
duro golpe. Primeiro, o depó sito com as drogas, e agora isso.
— Quem estava sob o comando de Benjamim? — Gin perguntou.
Dois homens se adiantaram.
— Nó s.
Benito guardou a arma.
— O resto de vocês limpa essa merda. Vocês dois, vamos bater um
papo.
Eles assentiram e seguiram meu irmã o. Captei o olhar de Benito e
soube que deveria segui-los. Gin ficou para supervisionar a limpeza.
Passamos por inú meras caixas de transporte, algumas pertencentes a
outras famílias. Os dois na minha frente olharam ao redor
nervosamente.
— Eu nã o tentaria, — eu disse quando o da direita vacilou. Ele olhou
por cima do ombro e seus olhos se arregalaram como se ele me notasse
pela primeira vez. Ele engoliu audivelmente.
— Chefe, nó s só fizemos o que Benjamin disse. Nó s nã o...
— Bom, entã o isso vai ser um bate-papo rá pido e vocês podem ir
para casa para suas esposas —, disse Benito.
Era mentira. Ele nã o os estava deixando sair; eles nunca veriam o sol
de amanhã . Eles foderam tudo, e eles sabiam disso.
— Realmente, chefe. Dei toda a minha vida à família Vitale. A
organizaçã o é tudo o que tenho.
Eu ignorei os apelos do cara; estava caindo em ouvidos surdos.
Benito deu tudo de si pela família e pelo que havíamos construído, mas
nã o tolerava que ninguém tentasse ferrar com a nossa família.
O cara da direita torceu um pouco o corpo e se eu nã o tivesse
observado desde o momento em que saímos do cais, nã o teria notado.
Enquanto seu amigo defendia o caso, ele fugiu.
— Nã o o mate —, disse Benito.
Suspirei enquanto o perseguia, o ar fresco de Nova York batendo
contra meu rosto. Meus pulmõ es queimavam com o ar gelado entrando
e saindo deles enquanto eu os perseguia.
Ele se virou com a arma na mã o. Ele estava tornando isso mais difícil
para si mesmo. Eu mergulhei para o lado assim que ele disparou dois
tiros.
— Nã o sei de nada —, gritou.
Então por que você está correndo? Eu nã o perguntei em voz alta; Eu
iria questioná -lo mais tarde. Esperei até ouvi-lo correr novamente antes
de correr atrá s dele. Subi em cima de uma das caixas de transporte, o
metal gelado queimando minhas mã os enquanto rastejava por cima.
Meu olhar varreu a á rea e eu o localizei, com a cabeça aparecendo
em um canto, esperando que eu desse a volta por cima. Sua arma estava
apontada para o local onde eu teria aparecido se ainda estivesse no
chã o.
Respirei fundo, levantei minha arma e disparei. A bala cortou o ar e
pousou em seu braço. Sua arma caiu no chã o e fez barulho. Eu me
levantei e pulei do topo, agachando-me enquanto aterrissava.
Ignorei a pequena dor em meus joelhos. Eu estava ficando muito
velho para essa merda.
— Porra, porra, porra. — Ele estava curvado, segurando seu braço.
Eu caminhei até ele, minha arma ainda levantada. Ele ergueu a
cabeça e nossos olhos se encontraram antes que eu apontasse a
coronha da minha arma contra sua têmpora. Ele caiu e mais três de
nossos homens viraram a esquina.
— Amarre-o e leve-o para o armazém.
— Sim chefe. — Eles se moveram em uníssono.
Encontrei Benito parado ao lado de seu carro.
— Diga-me que nã o preciso limpar todo o pá tio de embarque.
Eu balancei minha cabeça.
— Ferimento de bala ú nica.
Ele assentiu.
— Descubra tudo. Alguém está fodendo com a gente.
Gin correu até nó s, um leve brilho de suor cobrindo sua pele.
— O cara que normalmente está de plantã o por aqui disse que foi
dispensado vá rias vezes na semana passada. Por nossos caras.
Benito jurou.
— Lealdade significa merda hoje em dia?
— Vamos controlar isso, Benito —, disse Gin.
Era raro Benito perder a compostura por mais de uma fraçã o de
segundo. Ele tomou uma respiraçã o medida.
— Eu sei. — Ele encontrou cada um de nossos olhares antes de se
sentar ao volante de seu carro.
— Só espero que nã o seja um fiasco como dois anos atrá s —, disse
Gin.
Meu estô mago revirou e eu balancei a cabeça em concordâ ncia. Ele
colocou a mã o no meu ombro.
— Precisamos sair daqui. Já causamos uma porra de cena o
suficiente. Eles descarrilaram a polícia tanto quanto possível.
A mençã o da polícia trouxe o rosto de Tex em minha mente. Gin
assobiou.
— Enzo, — ele disse em um tom de advertência.
— Eu sei.
Ele me encarou antes de assentir. Eu me virei e me dirigi para o meu
carro. Antes de sair, verifiquei onde Tex estava. Eu tinha uma ú nica
cauda sobre ele agora.
Tex estava trabalhando, mas estava do outro lado da cidade e soltou
um suspiro de alívio. Eu precisava colocar as coisas sob controle. Breve.

***
Enfiei o bisturi sob a unha e movi-o para frente e para trá s lentamente
enquanto gritos abafados ecoavam ao meu redor. A unha saiu, fios de
sangue e carne grudados na parte de trá s dela. Foi uma decolagem
decentemente limpa. Gotas de carmesim borbulharam na superfície
antes de correr e pingar no chã o, juntando-se à crescente poça.
O fedor de urina perfumava o ar, e eu torci meu nariz em desgosto.
Eu olhei para o homem na minha mesa. Seus olhos verdes estavam
arregalados e vermelhos enquanto ele olhava para mim, implorando
sem palavras.
— Eu só cheguei na metade desta mã o e você já está desistindo?
Decepçã o encharcada sobre as minhas palavras.
Ele balançou e acenou com a cabeça.
— Ainda nã o sei de nada.
Eu sorri.
— Entã o eu vou continuar.
O outro homem estava amarrado ao teto. Seus olhos estavam
ofuscados enquanto ele olhava para mim. Eu poderia alternar entre os
dois indo e voltando. As gavinhas geladas me desaceleraram, me
lembrando que nã o precisava me apressar. Respostas eram o que eu
procurava. Assim que os consegui, fiquei livre para fazer o que quisesse.
Tirei todas as unhas de uma mã o e depois da outra. Eu errei no
mindinho quando ele começou a tremer na mesa. Tirando o pano
molhado da boca, ele cuspiu e tossiu.
— Com quem você está trabalhando?
Ele balançou sua cabeça.
— Ninguém. Juro.
Eu balancei a cabeça e fui até o que estava pendurado no teto.
Sangue escorria do ferimento de bala em seu braço. Mas com ele
elevado, diminuiu tremendamente.
Minha mã o colidiu com seu rosto, mas o olhar atordoado
permaneceu em seus olhos. Abri o armá rio que mantínhamos à mã o e
peguei a motosserra no fundo. Nã o foi o meu favorito, mas funcionou.
— O-o que você está fazendo? — o que estava na mesa gaguejou.
Eu nã o me incomodei em responder enquanto pressionava meu
dedo contra o acelerador e puxava a corda para ligá -lo. O motor ganhou
vida e a vibraçã o me sacudiu até os dedos dos pés. Se o cara na mesa
dissesse mais alguma coisa, eu nã o conseguiria ouvi-lo por causa da
motosserra.
Dando um passo à frente, eu o segurei. Como se eu tivesse jogado
á gua gelada nele, o homem suspenso no teto tremeu. As correntes
penduradas no teto chacoalharam.
— Que porra! — ele gritou por ajuda enquanto lutava, girando.
Meus dedos ficaram dormentes quanto mais eu segurei a
motosserra. Eu o deixei balançar, mas ele perdeu o controle. Seu corpo
começou a se mover em um círculo. O sangue de seu ferimento caiu em
minha camisa branca, fazendo aparecer uma mancha carmesim.
Concentrei-me nisso por um segundo, afogando os dois e afundando
na felicidade do caos. Onde alguns se sentiam fora de controle, eu me
sentia normal. Era como eu imagino que todos se sentiam todos os dias,
seus cérebros nã o pegando fogo e constantemente tentando destruí-los.
Um sorriso lento curvou meus lá bios quando dei um passo à frente e
segurei a motosserra. Ele nã o conseguiu parar o ímpeto de seu corpo
enquanto se lançava na motosserra. Ele ficou preso e os gritos se
intensificaram quando a motosserra começou a cortar a carne.
Com ele pendurado, nã o consegui pressã o suficiente para cortar o
osso. Puxei a motosserra livre, piscando para afastar os pontos
vermelhos em minha visã o. Eu tive que limpar meus olhos e ó culos. O
sangue jorrou da ferida e pude distinguir os mú sculos e ossos que nã o
consegui passar.
Seu corpo balançava para frente e para trá s frouxamente. e eu nã o
precisava olhar para cima para saber que a vida estava piscando em
seus olhos. Aproximei-me de seu amigo, deixando a motosserra morrer
para que eu pudesse falar com ele.
— Ele estava se encontrando com algum policial, — o que estava na
mesa gritou. Ele balançou a cabeça, recusando-se a olhar para o outro
cara. — Por favor, nã o sabíamos que isso iria acontecer.
— O que você acha que aconteceria?
— O cara só deveria levar uma caixa ou duas. — Seus olhos se
arregalaram quando puxei a corda da motosserra. — Espere. Espere!
O motor nã o tinha ligado e parei de deixá -lo recuar. Eu levantei uma
sobrancelha.
— Nã o tenho nome. — Ele lambeu os lá bios rachados antes de
tossir. —Juro. Por favor.
— Quem era?
Ele balançou sua cabeça. — Nenhuma ideia. Só o vi uma vez e ele
usava uma má scara.
— Em outras palavras, você nã o é mais ú til.
— Espere, eu poderia apontá -lo.— Ele estava agarrando em palhas.
Minha cabeça estava balançando antes mesmo de ele sugerir isso.
— Impossível fazer com que todos os policiais de Nova York façam
fila para você escolher quem você acha que pode ser.
Eu teria que vasculhar todo o trabalho anterior de Benjamin e ver
onde e quando o dinheiro começou a desaparecer, junto com os
produtos. A motosserra voltou a funcionar, abafando os gritos e
xingamentos.
Isto é o paraíso.
Uma vez que tudo foi dito e feito, eu saí da sala, limpando o sangue
dos meus ó culos enquanto os colocava. O sangue me cobriu da cabeça
aos pés. Eu nã o precisava ver meu reflexo para saber como eu era. Um
sorriso esticou meus lá bios enquanto eu estava lá na bagunça da minha
criaçã o. Foi a ú nica vez que tudo nã o foi esmagador. Nenhum barulho,
cheiro ou toque poderia me privar da calma que percorria meu corpo.
— Enzo —, gritou Benito.
Eu nã o pulei, a reaçã o há muito tempo fora de mim. Eu me virei para
olhar para o meu irmã o. Ele normalmente nunca ficava por perto
quando eu tinha que torturar. Um cigarro pendia entre seu dedo
indicador e médio. A cereja brilhou em vermelho antes de um fio de
fumaça se enrolar no ar.
Eu estava tã o chapado no momento de normalidade que nem havia
notado o cheiro. Benito empurrou a parede, seu olhar pesado me
enraizando no local enquanto ele avançava. Ele deu outra tragada
quando parou bem na minha frente. Ele era muito mais alto do que eu,
mas meu irmã o nunca tinha dominado isso sobre mim, pelo menos nã o
desde que éramos crianças. Inclinei minha cabeça ligeiramente para
trá s.
— Você ainda tem aquela foto?
Meu estô mago se apertou, sabendo exatamente a qual ele estava se
referindo. Eu lutei para continuar encontrando seu olhar de frente. A
normalidade estava desaparecendo antes que eu estivesse pronta para
isso.
— Sim.
Benito assentiu e se moveu para passar por mim. Ele colocou uma
mã o pesada no meu ombro e apertou.
— Você sabe por que eu fiz você ficar com ele, nã o é?
— Para que eu nã o repetisse meu erro.
O aperto de Benito aumentou. — Você está ? — Eu me virei para
olhar para o meu irmã o mais velho. Seu olhar era inabalável. — Você
está repetindo seus erros, Enzo?
Minha frequência cardíaca diminuiu quando meus dedos ficaram
frios. Minha resposta imediata deveria ser nã o. No entanto, o rosto de
Tex passou diante de mim e como eu o deixei sair do meu lugar. Eu nem
o tinha verificado.
— Enzo. — A voz de Benito baixou uma oitava. — Non mentirmi,
fratello4.
Minha língua parecia pesada em minha boca, e o sangue que me
cobria parecia apertado. Eu queria lavar tudo. Quanto mais eu ficava lá
com ele em mim, mais parecia que eu estava em um quarto do tamanho
de um armá rio que estava encolhendo a cada segundo.
Se eu contasse a verdade, Tex teria o mesmo destino. Ou ele seria
tirado de mim, e esse pensamento tornava a respiraçã o difícil.
— Foco. — O italiano rá pido veio de Benito.
Para mim, soou como palavras distorcidas com está tica sendo
tocada sobre elas. Abri a boca para perguntar o quê, mas também nã o
funcionou. Meu peito começou a queimar e eu fiquei paralisado,
incapaz de falar.
— Respire, fratello. — Benito apertou nossas testas. — Você é meu
irmã o, e sempre teremos um ao outro.
— Família é tudo.
Benito recuou e um pouco de sangue seco grudou em sua pele
morena clara. Ele nã o se incomodou com isso, mas meus olhos nã o
deixaram o local até que ele o limpasse. Ele limpou a mã o sobre ele, e os
pedaços voaram para o chã o.
— Preciso me envolver?
Eu balancei minha cabeça.
— Nã o vou repetir o erro.
Os ombros de Benito relaxaram. — Bom. — Ele deu um tapinha no
meu ombro antes de caminhar em direçã o à saída. Ele parou antes de
sair.
— Descubra quem está nos traindo.
Eu poderia. Só esperava que nã o tivesse nada a ver com Tex.
CAPÍTULO QUINZE
ENZO

Quatro dias, e eu ainda nã o estava nem perto de saber o que deveria


fazer com Tex. Eu queria Tex sob mim o tempo todo, mas meus desejos
nã o eram exatamente realidade. Eu sabia disso mais do que ninguém.
Soltei um suspiro quando me encostei a um poste de luz do outro
lado da rua do quarto bar em que Tex esteve. No tempo em que
estivemos separados, ele nã o visitou Blu nenhuma vez ou apareceu na
minha casa. Eu sei que disse a ele para nunca mais voltar, mas uma
parte de mim esperava que ele nã o ouvisse.
A noite estava quase acabando, e o amanhecer estava se
aproximando. Eram duas e quarenta e cinco e o ú ltimo bar já estava se
esvaziando. Mantive meu olhar fixo do outro lado da rua, esperando
que um certo policial saísse. Soaram quatro horas e meu estô mago
revirou. O segurança que estava descansando do lado de fora entrou.
Antes que eu soubesse o que estava fazendo, já estava no meio da rua.
— Espere —, eu disse.
Ele parou e olhou na minha direçã o.
— Desculpe, estamos fechados. Vá beber em casa.
— Emerson, venha aqui —, alguém gritou lá dentro.
— Nã o estou aqui para beber. Estou aqui para pegar meu...— Meu o
quê? Brinquedo? Meu peito apertou, mas a pessoa lá dentro chamou o
segurança novamente.
— Eu tenho que ir. Talvez você tenha perdido quem você está
procurando. — Ele tentou fechar a porta.
Eu cortei a distâ ncia entre nó s em dois passos fá ceis. Com a mã o na
porta e o pé no parapeito, impedi que ela fechasse.
— Eu duvido muito disso.
Ele soltou um suspiro.
— Tem sido uma boa noite. Nã o estrague tudo. Saia. — Ele ficou
mais alto e estufou o peito.
Se ele achava que estava me intimidando, dificilmente era esse o
caso. Se alguma coisa, isso estava me irritando. Quanto mais tempo ele
perdia ficava entre Tex e eu.
— Emerson, estou chamando você. Temos um cara desmaiado no
banheiro masculino de novo —, disse uma mulher. Ela se virou e seus
olhos verdes se arregalaram.
— Estamos fechados. Desculpe, volte hoje à noite. — Ela colocou a
mã o no quadril e olhou para Emerson.
— Eu estive tentando...
— O homem no banheiro. Estou aqui para buscá -lo.
Ambos se viraram para olhar na minha direçã o. As sobrancelhas
grossas do segurança corpulento se abaixaram.
— Como você saberia que é quem você está procurando?
— Ele mandou uma mensagem para você ou algo assim? — a
mulher perguntou.
Não. Eu gostaria que ele tivesse.
— Cabelo preto, olhos azuis, mandíbula esculpida. Sua licença
nú mero zero um dois quatro quatro quatro seis três um.
Ela deu de ombros.
— Fodidamente bom o suficiente para mim. Venha buscá -lo. Ela
girou nos calcanhares, mas parou assim que o segurança me deixou
entrar. — A conta dele.
Ela me olhou da cabeça aos pés. Eu nã o precisava ser um leitor de
mentes para saber que ela tinha escolhido as roupas de grife. Contornei
minha arma e tirei um rolo de dinheiro.
— Isso deve mais do que cobri-lo.
Seus olhos se arregalaram apenas por um segundo antes de pegá -lo.
— Sim, terceira porta naquele corredor. — Ela apontou e eu já
estava na metade do pequeno bar. Apenas dois outros estavam
limpando. Eles olharam na minha direçã o, mas prestaram pouca
atençã o em mim, sem dú vida correndo para sair de lá e voltar para
casa.
Abri a porta. Roncos suaves acompanhavam o zumbido das luzes
acima. O chã o estava preto e coberto de substâ ncias desconhecidas
enquanto eu me dirigia para a ú ltima baia. A porta nã o estava trancada
quando a abri com o dedo do pé. Lá no chã o ao lado do banheiro estava
Tex. Sua cabeça pendia entre os braços, as costas pressionadas contra a
parede.
O cheiro de á lcool nã o tinha nada a ver com estar em um bar e tudo
a ver com Tex. Quanto mais perto eu chegava, mais forte o cheiro
exalava dele. Eu nã o queria tocar em nada aqui.
Chutei o pé de Tex. Uma de suas pernas deslizou para baixo,
acordando-o.
— Uh, foda-se. — Suas palavras ficaram arrastadas quando ele se
inclinou. Eu o peguei antes que ele caísse no chã o.
O mú sculo da minha mandíbula palpitou com a força com que eu o
segurava.
— Levante-se, Tex.
Ele gemeu e tentou se libertar. — Nã o.
Agora ele quer ser difícil? Peguei um punhado de cabelo preto e
empurrei sua cabeça para trá s contra a parede.
— Eu nã o estava perguntando.
As pá lpebras de Tex vibraram como se ele estivesse tendo
dificuldade em abri-las. Ele gemeu enquanto piscava lentamente. Eu
encontrei olhos azuis lacrimejantes que capturaram minha alma no
momento em que focaram em mim.
Sua boca se curvou em uma carranca. — Porra? — O olhar de Tex
endureceu quanto mais ele olhou para mim. Eu preferia mais o desejo e
o medo em seus olhos, mas podia trabalhar com raiva.
— Por quê você está aqui?
— Vamos.
Tex afastou minha mã o e seus fios escorregaram por entre meus
dedos. Ele se endireitou o melhor que pô de, mas ainda estava se
inclinando pesadamente para a direita. Uma ú nica brisa o derrubaria.
Uma batida na porta nos interrompeu.
— Ei, eu quero ir para casa. Apresse-se.
Tex levantou-se do chã o, cada movimento instável na melhor das
hipó teses.
— Ei, você me ouviu? — Um cara enfiou a cabeça na cabine.
Fiquei na frente de Tex.
— Saia.
Ele deu um passo para trá s.
— Olha, eu só quero ir para casa.
— E você vai, mas se você continuar voltando aqui, você nã o vai.
Ele engoliu audivelmente antes de se virar.
— Uau, você é apenas um gâ ngster versá til, hein? — Tex perguntou,
rindo.
Soou estranho quando me virei para encará -lo. Ele estava de pé, mas
nã o havia se afastado da parede.
— Você sabia disso quando me conheceu.
Seus olhos azuis focaram em mim.
— Assim como você sabia quem eu era.
Nã o era uma pergunta, mas eu balancei a cabeça do mesmo jeito.
Sua cabeça caiu para frente e seu cabelo escondeu seus olhos de mim.
— Tex...
— Você nã o quer dizer oficial Caster? — Ele balançou a cabeça e
levantou-a mais uma vez. — Você nã o deveria estar aqui. — Seus olhos
pareciam lacrimejar enquanto seus dentes se cravavam em seu lá bio
inferior.
Eu me movi em direçã o a ele e puxei-o livre. Ele demorou a reagir,
levantando a mã o para afastar a minha, mas desta vez eu permaneci
imó vel. — Estou aqui.
— Você nã o deveria estar. Somos inimigos.
Quando se tratava de opiniã o pú blica ou mesmo da opiniã o de
Benito, sim, éramos. O que isso dizia sobre mim que eu ainda o queria?
— Você me quer?
A boca de Tex se abriu, mas ele a fechou e balançou a cabeça. Meu
peito parecia como se uma lâ mina tivesse me perfurado.
— Eu nã o deveria, mas você faz a porra da minha cabeça doer.
Ele não sabe que faz o mesmo comigo? Puxei-o para mim e coloquei
seu braço sobre meu ombro.
— Você está imundo.
— Sim, bem, agora estou sujando você. — Tex se apoiou
pesadamente contra mim quando saímos do banheiro. Eu o mantive de
pé no meu carro a um quarteirã o de distâ ncia. A caminhada parecia tê-
lo deixado um pouco só brio quando ele olhou em volta assim que o
coloquei sentado no carro.
— Para onde você está me levando?
Fechei a porta e contornei o carro. Deslizando atrá s do volante, eu
ainda nã o tinha uma resposta para ele.
— Penelope tem comida?
Tex assentiu, balançando a cabeça antes de agarrá -la com as duas
mã os e gemer.
— Comprei aqueles alimentadores automá ticos depois do meu
primeiro turno da noite.
Eu balancei a cabeça e puxei, me fundindo no trá fego. Mesmo quase
à s cinco da manhã , Nova York estava de para-choque contra para-
choque. Eu peguei Tex tremendo no banco do passageiro e liguei o
aquecimento enquanto viajávamos em silêncio.
Antes que eu percebesse, estávamos chegando ao meu apartamento.
Tex tinha cochilado no caminho, e eu estava relutante em acordá -lo.
Linhas enrugadas no canto de seus olhos enquanto ele gemia em seu
sono.
Estacionei na vaga reservada e desliguei o carro. Ficamos sentados
ali por mais um minuto antes de eu acordá -lo.
— Tex.
Ele pulou, seus olhos esbugalhados enquanto ele olhava ao redor.
Ele lentamente se acalmou assim que nossos olhos se encontraram.
— Vamos.
Tex nã o discutiu enquanto eu o ajudava a descer e entrar em meu
lugar. Ele deu um passo em direçã o à s escadas, e eu o agarrei antes que
ele pudesse andar mais.
— O que?
— Tire a roupa, — eu exigi.
Tex suspirou enquanto tirava a camisa e enfiava a calça e a cueca
pelas pernas.
— Meias também, — eu disse, apontando para elas.
— Foda-se, você é tã o anal5.— Ele se chocou contra a parede
enquanto tentava se equilibrar em uma perna. Ele finalmente os puxou
e jogou na pilha.
— Você precisa de ajuda para tomar banho?
— Nã o!
— Vá se limpar.
Tex me mostrou o dedo do meio, mas se dirigiu para as escadas. Eu
assisti paralisado enquanto sua bunda firme flexionava a cada passo.
Essa tatuagem estú pida era até agradável de se olhar.
Eu balancei minha cabeça e comecei a limpar antes de me juntar a
ele no andar de cima. Tomei banho no quarto de hó spedes, dando um
pouco de espaço a Tex, embora tudo o que eu queria fazer era ir lá e
acorrentá -lo à minha cama e dizer que ele estava preso comigo agora.
Por mais atraente que fosse, nã o seria fá cil fazer o filho de um
policial desaparecer. Haveria muitas perguntas.
Fui para o meu quarto e encontrei Tex sentado na minha cama com
nada além de uma toalha em volta da cintura. A parte superior de seu
corpo estava em plena exibiçã o enquanto ele se sentava olhando para
suas mã os.
— Eu joguei suas roupas.
— Para que diabos? — Tex rosnou.
— Você estava sentado naquele chã o nojento.
— É para isso que servem as lavadoras e secadoras.
Eu balancei minha cabeça, caminhando mais para dentro da sala.
— Nenhuma quantidade de desinfetante poderia deixá -los limpos o
suficiente para o meu gosto.
— O que diabos você faz quando derrama sangue em suas roupas?
— Os ombros de Tex ficaram tensos como se ele tivesse acabado de
perceber o que havia perguntado.
A tensã o na sala aumentou a um nível sufocante, e eu me forcei a
continuar até o armá rio.
— Eu me livro delas.
— O que? — Tex virou na cama quando eu saí com um moletom
preto para ele e minha calça de pijama azul. Joguei as calças para ele
enquanto colocava as minhas.
— Mantê-los é como pedir para ser pego. Há muitas evidências no
DNA. Mesmo se eu fosse limpá -los, seria o suficiente?
A boca de Tex estava aberta enquanto ele olhava para mim.
— Você está falando sério para mim?
Dei de ombros. — Coloque umas calças. — Meu olhar viajou de cima
para baixo de Tex. Calor rodou na boca do meu estô mago, e meu pau
endureceu. Mesmo agora, eu o quero.
— Ou o que? — Tex atirou de volta.
Minha cabeça se inclinou ligeiramente para a direita enquanto
tentava entender se Tex estava me testando de propó sito ou se ele
estava tentando provocar algum tipo de reaçã o minha.
— Eu vou te foder até que você nã o possa mais se afastar de mim.
Seus olhos se arregalaram, sua boca abrindo e fechando. Eu me virei
e desci as escadas, pegando um copo de á gua. Entreguei-o no momento
em que voltei para o quarto. Tex estava vestido com um moletom
pendurado nos quadris.
— Vou dormir no sofá , — Tex sugeriu.
— E cobri-lo com seus ó leos corporais? — Meu rosto se enrugou
com desgosto.
— Meu o quê? — A boca de Tex se curvou em um sorriso. — Mas
você senta nele.
— É para relaxar, nã o para dormir. — Acenei com a mã o, sem
vontade de começar a mesma velha discussã o que tinha com Giancarlo
sempre que ele ficava em casa. — Você vai dormir aqui ao meu lado.
— Isso é…. — Tex desviou o olhar de mim. — Perigoso.
Eu cantarolava enquanto puxava o edredom para trá s.
— E isso te excita?
A cabeça de Tex se virou para olhar para mim.
— Isso nã o...
— Nã o minta, Tex. — Fixei-o com um olhar fixo arrastando meu
olhar por seu corpo. Um tremor visível destruiu seu corpo musculoso.
Eu sorri para ele. — Você nã o tem mais autocontrole?
— Nã o —, Tex respondeu imediatamente.
Eu sabia a resposta, mas nã o esperava que Tex a dissesse em voz
alta. Seus olhos escureceram quando ele olhou para baixo.
— Nunca —, acrescentou.
Eu estive investigando Tex. Houve alguns incidentes quando ele era
um adolescente saindo com a turma errada, mas ele nunca se meteu em
problemas. Expulso três vezes, mas nada além disso. Eu queria saber
tudo sobre ele, mas isso corria o risco de minha obsessã o crescer.
Não que já não esteja correndo desenfreado.
— Vá para a cama, Tex, — eu ordenei.
Ele lambeu os lá bios, olhando para mim e depois para o outro lado
da cama. Seus olhos estavam vermelhos e sem dú vida ele estava
exausto. O sol já despontava no horizonte, mas graças à s cortinas
blackout, a sala ficava iluminada apenas com luz artificial.
— O que aconteceu com Brycen Grennan?
Todo o ar na sala foi sugado, e fiquei sem fô lego enquanto olhava
para Tex. Seus lá bios estavam se movendo, mas nenhuma palavra
chegou aos meus ouvidos.
Fui arrastado de volta ao passado.
— Sinto muito, — Brycen gritou.
— Besteira —, Benito gritou.
Seus olhos encontraram os meus, e eu retraí meus punhos mais uma
vez. Seus olhos cinzentos imploravam para que eu lhe desse misericórdia.
Meu coração estava firmemente preso na minha garganta, e meu
estômago estava na sola dos meus pés.
— Eu estraguei tudo. — Os olhos de Brycen perfuraram os meus.
O que eu poderia dizer? Ele não tinha apenas estragado tudo. Ele
tentou levar minha família embora.
— Estragar é ser chamado à polícia e dizer-lhes algumas coisas.
Denunciá-lo a Enzo imediatamente teria funcionado a seu favor. Mas não
foi isso que você fez, foi?
Benito andava de um lado para o outro, com os punhos pendurados ao
lado do corpo.
Meu irmão sempre teve cuidado com o que mostrava às pessoas de
fora da nossa família, mas sua dor era visível. Lágrimas escorreram pela
bochecha de Brycen, limpando algumas manchas de sangue. Eu não
conseguia encontrar em mim para aproveitar isso. Infligir dor aos outros
era um momento de paz para mim, e Brycen estava me roubando isso
junto com meu coração.
— Ei! — Um tapa forte no lado do meu rosto me arrastou para fora
da minha memó ria. Pisquei e encontrei os olhos azuis enquanto os
cinzas desapareciam na parte mais distante da minha memó ria.
— Merda, aí está você —, disse Tex, deixando escapar um suspiro.
Seu polegar acariciou minha bochecha e minha barba.
Foi um conforto que poucos me dariam. Meus irmã os foram os
ú nicos a fazê-lo. Até Brycen à s vezes ficava cansado. Sempre que eu
fazia check-out, ele ficava longe.
Tex, por outro lado, sempre se aproximava. Estendi a mã o para ele e
puxei-o para a cama. Ele grunhiu quando eu rolei para cima dele e o
esmaguei contra o colchã o com meu corpo.
— Ei, que diabos, Enzo? — Ele bateu com a mã o no meu lado, mas
eu nã o me mexi.
Eu empurrei meu rosto contra seu pescoço e o respirei. Foi calmante
na maneira como acalmou os ruídos ao meu redor e me colocou no
lugar. Tex mexeu debaixo de mim.
— Fique assim, — eu disse.
— Só se você falar.
Isso foi um comércio justo? Antes que minha mente pudesse pensar
na resposta, minha boca estava se movendo.
— Brycen era alguém importante para mim.
Tex enrijeceu debaixo de mim, mas eu continuei. Ele pediu a
histó ria; Eu daria. Nã o havia telefone ou dispositivo de gravaçã o com
ele. É ramos apenas nó s dois na cama, sozinhos.
— Nos conhecemos em um evento de caridade; seu encontro o havia
deixado para trá s. Mas durante toda a noite, continuamos conversando.
Ele era selvagem, alegre e... — Tudo o que eu não sou.
Eu podia sentir os batimentos cardíacos de Tex. Fechei os olhos, me
aquecendo por um segundo antes de continuar.
— Uma coisa levou à outra e eu o levei de volta ao hotel.
— O mesmo que você me levou? — Tex perguntou.
— Sim.
Tex enrijeceu debaixo de mim. Tive a sensaçã o de que poderia ter
dito algo errado. Inclinei minha cabeça para trá s, mas ele se recusou a
olhar para mim.
— Ok, vocês foderam, e depois? — Suas palavras eram contundentes
e afiadas ao mesmo tempo.
— Ele ficou por perto. Fixando residência na suíte do hotel. Logo se
transformou em mais. Brycen era o que eu queria e ele ficou feliz em se
entregar a mim.
Talvez isso devesse ter sido um sinal.
— Estivemos juntos por alguns meses antes de perceber que algo
estava diferente nele. Ele sempre precisou de dinheiro e o que eu lhe
dava nunca era suficiente. As coisas desapareciam no hotel e, quando
perguntei a ele sobre isso, ele disse que sua irmã precisava de ajuda.
Eu respirei fundo.
— Ela fez. Ela estava no hospital na época, entã o dei a ele dinheiro
suficiente para pagar as contas para que ele nã o ficasse mais
estressado.
As sobrancelhas escuras de Tex se juntaram.
— Ela está nadando em dívidas médicas.
Eu deveria estar surpreso por ele ter feito o dever de casa? Tex era
selvagem ao contrá rio de Brycen, havia inteligência em seus olhos
azuis. Havia semelhanças, mas tantas diferenças. Talvez seja por isso…
— Ele nã o estava dando a ela nenhum dinheiro. Mas eu esqueci
tudo.
Meu estô mago revirou quando a vergonha mostrou sua feia cabeça.
Tex estendeu a mã o e tocou meu ombro. Eu normalmente odiava
tanto ser tocado, especialmente quando era forçado a passar por
minhas pró prias emoçõ es, mas a mã o de Tex era como um cobertor
quente.
— Depois de alguns meses juntos, ele começou a desaparecer em
momentos aleató rios. Eu nã o pensei muito nisso. Eu só visitava o hotel
uma ou duas vezes por semana. — Olhando para trá s, havia muitos
sinais que eu deveria ter notado. — No entanto, diminuí o ritmo em
quanto eu estava dando a ele. Ele iria ter uma overdose se continuasse
assim. Brycen havia jurado para mim que iria buscar ajuda e diminuir a
velocidade. Mas isso nunca aconteceu. Em vez disso, ele começou a se
encontrar com os policiais.
Tex endureceu sob mim mais uma vez. Desta vez, tentei confortá -lo
da mesma forma que ele fez comigo. Eu nã o tinha ideia se estava
fazendo certo.
— Ele vendeu informaçõ es sobre minha família, mas comigo
mantendo-o no hotel, ele nã o tinha informaçõ es suficientes para
acompanhar seus há bitos de drogas. Quase fechamos Nova York. De
repente, policiais estavam destruindo empresas, invadindo remessas.
As coisas estavam indo mal e rá pido. — Apertei meu rosto contra seu
pescoço e respirei fundo outra vez. —Estávamos em constantes
tiroteios com o NYPD e outras famílias. — Tínhamos perdido tanto e
nã o conseguíamos descobrir de onde vinha.
A história está tentando se repetir, mas não é Tex. Eu sabia no fundo
da minha alma que ele nã o era o motivo de nenhuma dessas merdas
acontecendo. Ele nã o era Brycen.
— Eu nã o era o ú nico Vitale que ele estava vendo.
— Porra? — Tex gritou.
Eu levantei uma sobrancelha para sua raiva visível. Ele está com
raiva de mim?
— Entã o ele nã o era apenas um rato, ele era um pedaço de merda
trapaceiro também?
O riso caiu livremente, e eu escondi meu rosto enquanto tentava me
recompor. Quando foi a ú ltima vez que ri com alguém além dos meus
irmã os?
— Sim, mas para ser justo, nunca dissemos que estávamos juntos.
Presumi que ele ficar significava que ele estava bem em ser meu.
— Como você descobriu que era ele? — Tex perguntou.
A raiva passou por mim, lembrando de todo o sangue e a dor.
— Ele atirou no meu irmã o.
— O que? — Tex tentou se sentar, mas eu o forcei a se sentar.
Eu nunca quis ver Benito sem cor ou suando de dor outro dia na
minha vida.
— Ele está ... ele está vivo? — Tex perguntou.
— Você viu a foto.— Eu nã o precisava perguntar a ele. Estava escrito
em seu rosto. — Meu irmã o me deu para me lembrar o que acontece
quando nã o coloco mais a família em primeiro lugar. — Nã o tinha sido
um lembrete apenas para mim, mas para nó s dois.
— Isso é uma merda, mas também...— Tex encolheu os ombros. —
Eu nã o quero dizer legal, mas está claro que vocês se apoiam.
Eu balancei a cabeça.
Tex ficou inquieto, e eu poderia dizer que ele tinha uma pergunta
urgente. Eu esperei que ele finalmente expressasse isso.
— Você o amava?
Eu me afastei e olhei Tex nos olhos. Minhas sobrancelhas caíram
enquanto eu pensava sobre a questã o.
— Deixa para lá . — Ele balançou a cabeça e evitou meu olhar.
Coloquei todo o meu peso em uma mã o, usei a outra para segurar
seu queixo e virei sua cabeça para que ele ficasse de frente para mim.
— Nã o posso dizer que sim. Brycen atendeu a muitas das minhas
necessidades. Ele era alguém que eu queria e até mesmo estimava à s
vezes.
Tex endureceu debaixo de mim novamente.
— Mas eu nunca poderia dizer a ele que o amava.
Tex procurou meu rosto. Ele deve ter encontrado o que procurava
porque relaxou sob mim.
— Você nã o queria fazer isso —, Tex perguntou.
— Matar Brycen?
O rosto de Tex empalideceu quando ele olhou para mim. Sua cabeça
sacudia para cima e para baixo.
— Há muita coisa na vida que nã o queremos fazer, mas temos que
fazer.
Tex mordeu o lá bio inferior, abusando da carne. Puxei-o e passei
meu polegar sobre ele, querendo nada mais do que ceder e prová -lo.
Eu me movi um pouco, olhando em seus olhos.
— Minha vez.
— Sua vez?
— O que você vai fazer? — Perguntei. — Agora que você sabe.
Tex fechou os olhos com força, e eu sabia que era pedir demais a ele
agora. Eu me movi para frente e escovei nossos lá bios um contra o
outro antes de rolar para longe dele.
— Durma um pouco. Você tem folga hoje, entã o durma o má ximo
que puder.
— Como...— Tex gemeu. — Deixa para lá . — Ele se moveu e ficou
debaixo da coberta ao meu lado.
Peguei o controle remoto e apaguei as luzes antes de apertar outro
botã o que fechava as cortinas. A sala estava coberta de escuridã o.
Alguns segundos se passaram enquanto eu olhava para o teto. Eu sabia
que Tex ainda nã o estava dormindo. Sua respiraçã o nã o tinha nivelado.
Meu estô mago se apertou. Se ele sair desta vez, vou impedi-lo?
Tex me surpreendeu, aproximando-se até que estávamos quase nos
tocando. Seu calor me chamou. Era como uma mariposa para uma
chama. Eu sabia que isso era ruim, mas nã o queria me afastar. Ele
deitou a cabeça no meu peito e eu instintivamente passei meus braços
em volta dele. Ele endureceu por um segundo antes de relaxar. Silêncio
construído entre nó s, nenhum de nó s adormecendo ou se movendo.
A voz suave de Tex quebrou o silêncio.
— Vou acabar como Brycen?
Meus braços se apertaram ao redor dele. Espero que não.
CAPÍTULO DEZESSEIS
TEX

Olhei para Enzo enquanto ele dormia ao meu lado. No começo, eu


estava envolto em seus braços, preso, mas nã o odiando. Demorou um
pouco, mas finalmente consegui me libertar. Agora, eu nã o conseguia
parar de olhar para ele, pensando na noite anterior.
Minha cabeça latejava levemente, e foi o suficiente para me fazer
sair de sua cama. Desci as escadas até a cozinha, encontrei a cafeteira e
a liguei. O cheiro dela fermentando foi o suficiente para me livrar de um
pouco do sono que tentava se apegar a mim. Peguei uma caneca do
armá rio bem arrumado e coloquei no balcã o, olhando para o nada.
Brycen Grennan estava em minha mente novamente. Desta vez, no
entanto, eu me senti diferente sobre isso do que antes. Ele traiu Enzo
com seu pró prio irmã o. E ele o usou. Isso não significa que não há
problema em matá-lo. Meu estô mago se apertou.
Nã o, nã o estava tudo bem, mas eu poderia entender sua raiva se
essas coisas acontecessem do jeito que ele disse. O mundo deles nã o era
como o meu. Eu já havia sido traído antes, e o má ximo que fiz foi jogar
ovos na casa e no carro de um cara. Aos olhos dos Vitales, isso tinha que
ser uma ofensa muito mais séria. E nã o era como se ele quisesse matar
Brycen...
Desculpas, desculpas, desculpas.
Eu gemi e corri meus dedos pelo meu cabelo. Lá estava eu de novo,
justificando um homem que matou. Nã o importava se ele nã o queria
fazer isso ou se Brycen havia trapaceado. Moralmente, eu sabia
distinguir o certo do errado e o que Enzo tinha feito era muito errado.
No entanto, eu nã o conseguia parar de ver as coisas do lado dele. Que
diabos há comigo?
— Você está bem?
Eu pulei ao som de sua voz. A caneca caiu do balcã o e eu a peguei
antes que pudesse cair no chã o. Suspirando, eu me endireitei. Enzo
pegou a caneca de mim e a colocou no balcã o.
— Por que você está tã o nervoso? — ele perguntou.
— Sem motivo —, murmurei, mentindo descaradamente. — Por que
você está acordado?
Enzo deu de ombros.
— Gosto de acordar cedo. Sempre gostei. — Ele pegou uma caneca
para si mesmo antes que aqueles olhos escuros me fixassem com um
olhar fixo.
— Você está bem? — ele perguntou novamente.
Ele realmente se importa comigo? As ú nicas pessoas que pareciam se
importar eram Chelsea e Rourke. Todos os outros perguntaram, mas
você poderia dizer que suas mentes já estavam em outro lugar quando
a pergunta foi feita. Como se estivessem esperando o obrigató rio “estou
bem” antes de poderem responder a você da mesma forma. Enzo nã o.
Ele olhou para mim, esperando, realmente querendo saber se eu estava
bem.
— Sim —, eu disse finalmente. — Melhor do que ontem à noite.
Ele assentiu, aparentemente satisfeito por eu estar dizendo a
verdade.
— Isso significa que você está bem com o que conversamos?
— Sobre você matar alguém? — Perguntei.
A tensã o voltou, preenchendo o espaço entre nó s. Enzo assentiu.
— Sim.
Eu ri secamente. — Sou policial, sabe? Sabendo que você matou
alguém, devo denunciá -lo. Fazer algo a respeito.
— Mas você está em conflito.
— Eu estou.
Enzo estendeu a mã o, sua palma roçando minha bochecha enquanto
ele me acariciava. Houve um momento de preocupaçã o e tristeza em
seus olhos que instintivamente me fez me aproximar dele. Tudo em
mim gritou para confortá -lo. Merda, eu estava lentamente me
envolvendo nele por mais do que o pau incrível e a emoçã o do perigo.
Eu estava começando a me importar.
Os lá bios de Enzo roçaram os meus.
— Nã o consigo convencê-lo a largar o emprego? — ele perguntou.
Eu ri, e seus lá bios formaram um sorriso contra os meus.
— Nã o, você nã o pode. Eu gosto do meu trabalho.
— Você? — ele pressionou.
Eu balancei a cabeça.
— Quero dizer, na maior parte. Ou irei quando me tornar detetive.
— É por isso que você estava me procurando no Blu?
Abri a boca e voltei a fechá -la. Eu nã o tinha ideia do quanto dizer a
Enzo ou deixar de fora. Ele assentiu sem que eu tivesse que responder.
— Por que você nã o desiste do seu estilo de vida? — Perguntei. —
Parece que você nã o se importa com isso.
Enzo franziu a testa.
— Nã o tem como sair. Minha família é tudo para mim.
Por que isso me atingiu no peito? Algo pró ximo ao ciú me me
corroeu, mas eu o empurrei para baixo. Quando desviei o olhar, Enzo
agarrou meu queixo e direcionou meu rosto para ele.
— O que?
— Nada —, respondi. — Sua família é importante para você.
Entendi.
Parece que sempre há algo mais importante do que eu lá fora. A todos
que conheço.
— Fale comigo, — Enzo exigiu.
— Eu quero um pouco de café e café da manhã —, eu disse, evitando
a conversa enquanto me afastava de seu alcance. — Nessa ordem.
Enzo agarrou meu pulso e me girou. Minhas costas roçaram no
balcã o quando ele olhou para mim. Será que eu me cansaria daquele
olhar irritado em seu rosto? Meu pau saltou para a atençã o, e eu disse
para ir embora. Eu tinha que parar de foder Enzo, ou eu ia perder a
cabeça.
— Por favor, me diga o que você estava pensando. Eu nã o entendo.
— Suas sobrancelhas se uniram e ele franziu a testa. — Eu quero
entender.
Eu abri minha boca para disparar alguma resposta espertinha. Um
olhar em seus olhos, e eu nã o poderia fazê-lo. Lentamente, comecei a
perceber coisas sobre Enzo. Ele era um homem louco e perigoso, mas
havia mais nele do que isso.
— Eu estava pensando como as pessoas sempre colocam os outros
antes de mim. Como… Eu estava com ciú mes de que sua família seria
mais importante do que eu se fô ssemos mais do que somos agora. O
que nã o é nada, mas...
— Você acha que nã o somos nada?
Eu pisquei para ele.
— Além de um pouco de sexo quente? Nã o sei.
Enzo me arrastou para ele.
— Você nã o ouviu quando eu disse que você era meu?
Um arrepio percorreu minha espinha. — S-sim, — eu murmurei. —
Mas isso é apenas algo que as pessoas dizem quando estã o trepando.
— Eu nã o apenas digo coisas.
Meu corpo esquentou. Eu nã o tive resposta a isso além de olhar para
Enzo e a raiva que cruzou suas feiçõ es. Ele colocou a mã o na minha
garganta e apertou, puxando-me para mais perto até que nossos lá bios
se encontrassem.
— Eu nã o vou deixar você ir, Tex —, ele sussurrou.
— E se eu quiser sair agora? — Eu perguntei, meus lá bios contra os
dele, morrendo de vontade de senti-lo me beijar mais.
— Eu te dei muitas chances. Nã o vou dar mais.
Havia uma determinaçã o em sua voz que eu nã o queria testar. Pelo
menos o meu lado sã o nã o. O lado do meu cérebro excitado quase
queria que ele me segurasse e nunca me deixasse escapar. Então saberei
que ele realmente se importa comigo.
Porra, eu preciso de terapia.
Enzo se afastou e serviu café em nossas xícaras. Ele pegou creme e
açú car. Juntos, fizemos nossas bebidas do jeito que gostávamos. Olhei
para ver se ele gostava dele e o encontrei me observando ao mesmo
tempo. Rapidamente me concentrei em minha pró pria bebida.
— Minha família é importante para mim —, disse Enzo. — Mas você
também. Por que outro motivo eu gastaria tanto tempo me certificando
de que você está seguro?
Olhei para Enzo, meu estô mago revirando. Ele sabia exatamente o
que dizer para me fazer tropeçar. Eu me concentrei no meu café
novamente. O primeiro gole arrancou um gemido dos meus lá bios. Era
como ouro líquido descendo pela minha garganta e despertando meus
sentidos.
Meu telefone tocou na bancada, trazendo-me de volta à realidade.
Eu o peguei quando vi o nome de Rourke na tela.
— Nã o responda a isso —, disse Enzo.
Eu olhei para cima, e sua sobrancelha foi levantada. Eu fiz uma
careta.
— Eu tenho que. É meu parceiro. Ele provavelmente está se
perguntando onde diabos eu estou.
— Eu pensei que você nã o tinha que trabalhar hoje?
Balançando a cabeça, eu olhei para a tela.
— Eu nã o, mas Rourke e eu geralmente nos atualizamos em nossos
dias de folga. Café e um passeio no parque para conversar sobre a vida,
o trabalho e tudo mais.
— Você gosta dele, — Enzo disse firmemente.
— Ele é um bom amigo.
— Só um amigo? — Ele atirou de volta.
Pisquei para ele e sorri.
— Sim, um amigo. Chelsea também é uma amiga. Todos os meus
amigos sã o exatamente o que eu digo que sã o. Nã o fique com esse olhar
em seus olhos.
— O olhar?
Revirei os olhos.
— Aquele olhar que diz que você quer fazer algo ilegal para alguém
que você acha que está muito perto de mim.
Não que eu odeie que seja seu primeiro instinto. Algo pode estar
errado comigo, mas isso é quente pra caralho. Eu nunca em um milhã o
de anos diria isso a Enzo, no entanto. Ele tomaria isso como uma razã o
para fazer algo insano.
Meu telefone parou de tocar e finalmente me concentrei nele
novamente. — Merda. Preciso ligar de volta para ele.
Enzo pegou meu telefone, enfiou na bainha da calça e pegou sua
caneca. Ele tomou um gole, afastando-se antes de abrir uma gaveta e
começar a cavar.
— Existem alguns bons restaurantes por aqui. Podemos ir ou pedir
algo para entrega.
Eu gemi.
— Devolva meu telefone.
— O que você quer comer? — ele perguntou, escolhendo uma pilha
de menus para viagem. — Dormimos meio tarde, entã o café da manhã
ou almoço é uma opçã o.
Eu levantei uma sobrancelha para ele.
— Você vai continuar fingindo que nã o me ouve, nã o é?
Enzo olhou para mim e sorriu.
— O que você mais gosta de comer?
Porra. Ele é tão fofo.
Nunca pensei que usaria a palavra fofo para descrever um homem
como Enzo. Merda, eu estava fazendo todos os tipos de coisas que
nunca pensei que faria. Enquanto tomava um gole do meu café, percebi
que nã o estava bebendo e nã o tinha vontade de fazê-lo. A ideia de
agarrar algum golpe e fazer algumas linhas também se foi. Enquanto
Enzo se debruçava sobre os cardá pios, tudo que eu conseguia fazer era
pensar em como eu estava calma com ele. Quando eu nã o estava
chateado.
Como devo fazer meu trabalho quando estou todo confuso?
— Se você nã o escolher alguma coisa, eu escolho para você —, disse
Enzo.
— Certo. — Peguei um menu e o folheei. Rourke podia esperar. Por
agora. — Estou com vontade de comer comida grega.
Enzo pegou meu telefone e o estendeu para mim.
— Senha.
— Eu nã o quero que você fique fuçando no meu telefone.
— O meu está lá em cima. Eu só estou usando para pedir comida
para nó s, — ele disse pacientemente.
Olhei para ele, sem saber o quanto eu queria dar a ele. Lentamente,
digitei minha senha onde ele nã o podia ver. Quando ele pegou de volta,
Enzo discou o nú mero do restaurante e pressionou meu telefone em
seu ouvido.
O que isso dizia que eu podia confiar nele mais do que em outras
pessoas mais honestas que eu conhecia?
CAPÍTULO DEZESSETE
ENZO

Eu quero ficar com ele.


As palavras se repetiam na minha cabeça como um jingle cativante
de um comercial enquanto eu me imaginava voltando para casa com
Tex. Vê-lo todas as noites na minha cama. Todas as manhã s enquanto
ele gemia com a boca cheia de café.
— E agora? — Tex perguntou.
Nó s limpamos a cozinha depois de comer. Eu normalmente
verificava o que ele estava fazendo antes de voltar ao trabalho. Eu nã o
estava nem perto de descobrir quem estava nos traindo. Havia vá rios
policiais e federais em nossa folha de pagamento. Tanto quanto eu
poderia dizer, nenhum deles teve um influxo de dinheiro entrando.
Ainda assim, se eles foram ousados o suficiente para foder minha
família sem dinheiro, entã o eles tiveram que ser espertos o suficiente
para cobrir seus rastros.
Eu nã o poderia exatamente pedir ajuda a Tex ou envolvê-lo. Era
melhor se ele ficasse longe de tudo. Pelo menos assim Benito nã o
queria que eu o eliminasse.
— O que você costuma fazer nos seus dias de folga?
— Ultimamente? — Tex olhou nervosamente para mim. — Nã o
muito.
— Você tem me investigado em seus dias de folga, nã o é?
— O que você faz? — Tex perguntou, evitando a pergunta.
Ficamos sentados em silêncio, nenhum de nó s querendo responder.
Eu levantei-me.
— Podemos assistir a um filme ou ler.
— Filme primeiro —, disse Tex.
Ele se levantou e foi para a sala, apenas para parar.
— Ummm, onde fica a tv neste lugar?
— Você nã o teve tempo de verificar todos os quartos? — Eu
perguntei quando virei à direita e segui pelo corredor. A lavanderia
tinha uma porta ao lado da secadora que parecia um armá rio, mas era
uma passagem para outro cô modo.
— Eu fiz —, disse Tex, quente em meus calcanhares.
Abri as portas e entrei em uma sala secreta.
— Puta merda. — Tex passou por mim e se sentou na poltrona dupla
reclinável. — Você tem seu pró prio cinema. Droga, dinheiro realmente
compra felicidade.
Apertei um botã o em uma das paredes e apareceu o computador
que controlava o que assistíamos.
— O que você queria ver?
— Horror? Ou algo ativo?
Olhei em minha coleçã o, tentando escolher o filme perfeito. Tex se
materializou atrá s de mim. Antes que eu percebesse, ele estava me
puxando.
— Oh, um filme de Bond é sempre bom.
Eles eram?
— Por favor, me diga que você os viu —, disse Tex.
— Nã o. — Eu nã o gostava de filmes quando criança e nã o gostava
deles quando adulto. Gostei de alguns bons documentá rios. Em
primeiro lugar, foi a ú nica razã o pela qual permiti que Giancarlo me
convencesse a entrar na sala de cinema.
— É isso. Estamos assistindo todos eles. — Tex me empurrou para
um assento, e nó s nos sentamos.
— Sabe o que seria perfeito? — Ele lambeu os lá bios como se ainda
estivesse com fome. — Pipoca.
Levantei-me e puxei a má quina de pipoca do armá rio de trá s.
— Este lugar tem tudo —, disse Tex melancolicamente. Seu telefone
tocou, interrompendo o momento, e fiquei tentada a pegá -lo de volta.
Tex verificou a tela e enfiou o telefone de volta no bolso.
— Se apresse. Sua mente está prestes a explodir.
Eu duvidava, mas nã o pude deixar de ser puxada para a excitaçã o de
Tex. Acomodando-me ao lado dele, observei o filme começar. Meu olhar
desviou para ele, olhando para a emoçã o que iluminou seu rosto
enquanto ele enfiava um punhado de pipoca em sua boca.
— Pare de olhar para mim e preste atençã o —, disse Tex, me dando
uma cotovelada.
Voltei minha atençã o para a tela e me forcei a prestar atençã o. À
medida que o filme avançava, lancei pequenos olhares ao homem ao
meu lado. Não acredito que estou fazendo isso.
Os créditos finais rolavam na tela. No terceiro filme, eu tinha menos
perguntas.
— Está ficando tarde —, disse Tex, mas nã o fez nenhum movimento
para sair.
Desligando a tela, levantei-me.
— Vamos, devemos verificar Penelope.
Tex assentiu. Ele ficou sentado por mais um segundo antes de se
levantar e pegar os recipientes que continham nossa pipoca.
— Você nã o quer aspirar o lugar antes de irmos? — Tex perguntou.
A maioria das pessoas teria me apressado, dizendo que eu poderia
limpá -lo mais tarde.
— Sim.
Tex assentiu.
— Existe equipamento de limpeza especial aqui?
— O armá rio ao lado da porta do armá rio.
Tex foi até lá e pegou o material de limpeza. Ele me entregou o
aspirador enquanto usava o rolo de fiapos nas poltronas reclináveis,
mesmo aquelas que nã o tínhamos usado.
— Pare de me observar. Eu sei que você viu minha casa quando
estava uma bagunça, mas eu sei como limpar.
— Por que você está limpando agora?
As sobrancelhas negras de Tex se abaixaram e seu nariz se enrugou.
— Porque eu posso dizer que estava incomodando você. Durante o
ú ltimo filme, você ficou olhando para o chã o onde algumas pipocas
haviam caído.
Eu tinha, mas nã o pensei que ele tivesse notado.
— Pronto, tudo feito —, disse Tex.
Ele guardou as coisas, mas no lugar errado. Eu fui atrá s dele e
consertei.
— Observado, tudo tem um lugar. Você sabe que é impossível
memorizá -los todos. Consiga um fabricante de etiquetas ou algo assim.
— Eu nã o me importo de ir atrá s de você e consertá -lo.
A limpeza era a ú nica coisa que eu tinha completamente sob meu
controle. Nã o houve nenhum pensamento extra nisso.
Depois de tudo limpo, fomos para o estacionamento. Tex ficou em
silêncio o tempo todo, com os ombros caídos. Eu esperava que ele
continuasse falando durante a viagem, mas ele ficou quieto até
chegarmos ao seu complexo de apartamentos.
— Bem, eu acho que eu...— Tex saltou do carro. — Onde você está
indo?
— Dentro —, eu disse, apontando para a porta.
Tex abriu a boca, mas coloquei um dedo sobre seus lá bios.
— Nã o perca seu tempo. Eu nã o estou indo a lugar nenhum.
Um suspiro pesado deixou Tex quando ele cedeu. Chaves na mã o, ele
enfiou na fechadura em segundos. Ele colocou um có digo na parede e
eu dei uma olhada.
— Nova segurança?
— Alguém invadiu minha casa —, disse Tex, dando-me um olhar
aguçado.
Eu cantarolava como se nã o fosse eu. Encontrei Penelope
ziguezagueando entre minhas pernas, miando por atençã o.
— Como você veio com o nome Penelope? — Peguei o lindo gato
laranja, coçando atrá s de suas orelhas enquanto ele ronronava em meus
braços.
Tex se aproximou e começou a acariciar Penelope. Meu peito
apertou e tentei entender o que me fazia sentir assim. Estava
emaranhado nas teias de emoçõ es que eu constantemente tentava
desembaraçar.
— É uma histó ria chata.— Ele bateu com o dedo no focinho do gato.
— Nã o é, Pen?
Um sorriso suave enfeitou o rosto de Tex, e fui instantaneamente
atingido pelo desejo de acorrentá -lo. Eu queria que ele sorrisse para
mim daquele jeito, só para mim.
— Por que você está olhando para Pen desse jeito? — Tex pegou o
gato dos meus braços e nã o pude deixar de olhar para a bola de pelo
laranja.
— Enzo, se você machucar meu gato, e eu juro que nã o há cela que
me impeça de matar você eu mesmo.
O canto da minha boca tremeu enquanto eu tentava conter o riso.
— Entã o, há uma linha que você está disposto a cruzar.
Tex balançou a cabeça.
— Machucar o bebê peludo de um homem é pedir por isso.
Eu levantei minha mã o e coloquei a outra sobre meu coraçã o.
— Eu juro que nunca vou machucar um ú nico fio de cabelo na
cabeça de Penelope.
Tex balançou a cabeça enquanto colocava o gato no chã o. Ele se
levantou lentamente e seus olhos azuis focaram em mim.
— Precisamos revisar uma lista de pessoas que você nã o tem
permissã o para machucar?
— Você vai tentar me deixar se eu machucar qualquer uma das
pessoas na referida lista?
— Sim —, Tex disparou de volta. Ele cruzou os braços e soltou um
gemido. — Isso é uma loucura.
— Você pode me dar a lista assim que chegarmos em casa.
Os braços de Tex caíram ao seu lado.
— O que? Estou em casa.
Eu já estava balançando a cabeça antes que ele pudesse terminar a
frase. — Estamos aqui para pegar algumas de suas coisas. Podemos até
levar Pen.
— Você nã o tem nada para ele em sua casa, — Tex argumentou.
Passei por ele em direçã o ao seu quarto.
Tex estava bem atrá s de mim.
— Você tem permissã o para ter animais de estimaçã o em sua casa?
Eu vasculhei seu armá rio, escolhendo o que poderia ir e o que eu
substituiria.
— Você está me ouvindo, Enzo? — Tex perguntou.
— Eu possuo o prédio.
— Idiota rico do caralho. Claro que você faz.
Tex tentou pegar as coisas da minha mã o. Empurrei-o para a cama e
lancei lhe um olhar severo.
— Eu nã o disse que estava ficando com você.
Peguei uma sacola e comecei a enchê-la ordenadamente com
roupas.
— Nã o me lembro de ter perguntado.
A boca de Tex abriu e fechou. Aproximei-me dele e empurrei seu
queixo para cima para fechar sua boca.
— Pegue o que for absolutamente necessá rio.
Tex parecia pronto para discutir comigo e coloquei um dedo sobre
seus lá bios.
— Mais uma vez, eu nã o estava perguntando. Ou faça isso, ou eu
farei.
Ele olhou para mim, e eu estava a segundos de amarrá -lo e jogá -lo
no porta-malas do carro. Ele deve ter visto na minha cara porque Tex se
levantou e começou a pegar as coisas enquanto murmurava palavrõ es
baixinho.
Deixamos a casa dele e voltamos para a minha em duas horas. Muito
tempo para o que eu tinha sendo entregue.
Penelope miou durante toda a viagem no elevador.
— Eu sei, Pen, estamos sendo sequestrados, mas nã o se preocupe.
Enzo tem um sofá bonito para você arranhar.
Minhas costas enrijeceram assim que as portas do elevador se
abriram. Tex praticamente pulou para fora do elevador e se dirigiu para
a minha porta.
— Lembre-se que você disse... — Tex parou em suas trilhas. — O
que diabos é tudo isso?
Uma montanha de caixas empilhadas em ambos os lados da porta.
Alguns tinham os nomes das marcas em exibiçã o. No momento em que
Tex os leu, ele se virou para mim.
— Você comprou para ele uma á rvore de gato?
Eu balancei minha cabeça.
— Eu comprei para ele quatro á rvores de gato. Dois podem subir,
um na sala e outro nas paredes.
A mandíbula de Tex caiu enquanto ele continuava a olhar para mim.
Apertei os olhos, tentando decifrar se era uma coisa boa ou ruim. Ele
está chateado ou possivelmente irritado?
— E o resto das caixas? — Tex perguntou.
Abri a porta e ele entrou com Penelope em sua jaula. Ele o sentou e
ajudou a trazer as caixas.
— Li que os gatos gostam de lugares pequenos para tirar uma
soneca. Nã o quero caixas espalhadas pelo lugar, entã o fiz algumas
alcovas para Pen dormir. Para evitar que ele estrague meus mó veis, fiz
seis arranhadores.
Tex assobiou.
— Isso é um pouco exagerado, você nã o acha? Pen é um gato, a
menos que você esteja pensando em comprar o seu.
Eu balancei minha cabeça.
— Nunca me passou pela cabeça.
Ele parou de se mover e fui forçado a trabalhar a caixa grande em
volta dele.
— O que... e quando, você sabe.
Minha cabeça se inclinou enquanto eu tentava chegar a uma
resposta.
— Nã o sei.
Tex gemeu. — Seja o que for. — Ele apontou entre nó s. — Está ... nã o
sei, acabou.
Eu comi a distâ ncia entre nó s em quatro passadas fá ceis. Minha mã o
circulou seu pescoço enquanto o puxei para perto.
— Achei que fui claro; Nã o estou mais lhe dando chances de me
deixar.
As sobrancelhas de Tex baixaram.
— E quando você for para a cadeia? — Ele limpou a garganta e se
levantou mais alto. — Eu sou um policial. Você é o cara mau.
Olhei em seus olhos.
— Você nã o era muito bom na escola.
Ele piscou para mim.
— O que, por que você diria isso?
Eu o deixei ir, nã o importa o quanto eu quisesse levá -lo para cima e
arruiná -lo até que ele nã o pudesse pensar em nada além de estar
debaixo de mim.
— Você é péssimo em ouvir. — Peguei outra caixa e entreguei a ele.
— Eu nunca vou deixar você ir, Tex Caster.

***

— Ok, peguei a ú ltima peça. O que você está fazendo? — Tex


perguntou.
Ele espiou por cima do meu ombro enquanto eu mexia a comida.
— Foda-se, cheira bem. — Ele gemeu em meu ouvido.
Meu corpo esquentou instantaneamente, meu pau enrijeceu. Seu
peito estava pressionado contra minhas costas e eu podia ver os cumes
duros de seu corpo através da camiseta fina.
— Afaste-se, — eu disse.
O ar fresco saudou minhas costas e quase pedi que ele voltasse. O
cabelo preto caiu sobre as sobrancelhas de Tex quando ele se moveu
para o lado. Seu olhar estava pesado no lado do meu rosto, e lutei para
nã o reagir.
— Por que?
— Você me distrai, e o risoto é um prato delicado.
— Estou distraindo você? Como?
Suspirei.
— Você estar tã o perto me dá vontade de dobrar você sobre o balcã o
e te foder enquanto seguro uma faca em sua garganta.
Tex respirou fundo, e eu olhei para ele momentaneamente. Suas
pupilas estavam estouradas e ele parecia mais do que pronto para isso
acontecer.
— Nã o sou contra, mas estou um pouco chocado por você usar suas
facas de cozinha.
Minha boca virou para baixo em uma carranca.
— Eu nã o faria isso. Eu tenho uma faca comigo o tempo todo.
— Isso é... Porra, isso é quente.
— Vá checar Penelope, — eu ordenei.
— Tudo bem, ele nunca foi um gato que me trancava. Ele odeia essa
merda. Tex se dirigiu ao banheiro do andar de baixo e ouvi o tilintar de
um sino logo depois.
— Ele está livre e zunindo pelo lugar, — disse Tex.
Fiz uma anotaçã o mental para pedir mais rolos de limpeza e um
purificador de ar. Fiquei atento, ouvindo Tex sussurrar para o gato e
incentivá -lo a experimentar seus novos arranhadores. Era estranho ter
alguém em meu espaço pessoal que nã o fosse da família. Mesmo assim,
à s vezes esperava que eles saíssem com a respiraçã o suspensa.
A brincadeira de Tex e Penelope me relaxou ainda mais, e me vi
absorto no prato que estava fazendo.
Sequei minhas mã os e coloquei os pratos na mesa antes de ir para a
sala. Tex jogou uma das bolas de videira prateada na á rvore do gato e
Penelope correu atrá s dela. Eu o observei por mais um momento.
— Você está sendo uma trepadeira? — Tex perguntou.
— Jantar está pronto.
Ele sorriu e se levantou.
— Ó timo, estou morrendo de fome. — Ele parou antes de entrar na
cozinha. — Se você quiser que eu mova alguma das configuraçõ es, me
avise. Eu nã o tinha certeza se alguma coisa pareceria fora do lugar para
você.
Era novo, mas descobri que o aceitava mais.
— Eu aviso você.— À s vezes, meu cérebro demorava um pouco mais
para me dizer se algo nã o estava certo. Parte de mim gostou do fato de
que Tex estava preocupado com o meu conforto.
Nó s dois nos lavamos e sentamos à mesa. O rosto de Tex se iluminou
ao saborear o cremoso risoto de camarã o com mascarpone, um prato
que aperfeiçoei ao longo dos anos.
— Nã o posso acreditar que você fez isso —, disse Tex.
— Existem algumas coisas que os arquivos da polícia nã o vã o te
ensinar sobre mim.
Tex parou com a colher a meio caminho da boca. Seus olhos azuis se
moveram para mim e se arregalaram.
— Você acabou de fazer uma piada?
Dei de ombros e peguei minha comida.
— Posso fazê-los de vez em quando.
Ele estendeu a mã o por cima da mesa e tocou minha testa.
— Tem certeza de que nã o está doente?
Eu bati na mã o dele.
— Comer.
Tex riu enquanto comia. Os gemidos mais sedutores vieram de Tex
enquanto ele comia. Eu queria ouvi-los o tempo todo. Eles eram
melhores do que jazz. Meu pau endureceu e fui forçado a me ajustar
enquanto nos sentávamos lá e comíamos.
O toque quebrou o momento entre nó s. Tex pegou o telefone e seu
sorriso diminuiu ligeiramente. Ele mordeu o lá bio inferior enquanto
olhava para a tela.
— Quem é esse?
— Meu amigo.
Cheguei ao topo com o nome Chelsea.
— É a terceira vez que ela liga hoje.
Assim como nas outras vezes, Tex encaminhou a ligaçã o. Seus
ombros caíram no momento em que ele desligou o telefone.
Ele ficou em silêncio por um longo tempo, e eu o deixei em paz. Algo
o estava incomodando, mas eu nã o conseguia descobrir o quê. Aposto
que Giancarlo poderia. Ele era fantá stico em ler as pessoas. Até Benito
conseguia entender as outras pessoas. As açõ es e palavras das pessoas
nada mais eram do que um constante quebra-cabeça para eu montar.
Eu nunca tive todas as peças e isso me deixou confuso e na dú vida.
— Ela está ligando porque outro dia eu estava meio que pirando. —
Tex balançou a cabeça. — Talvez um pouco mais do que isso.
Peguei seu prato e ele me seguiu até a pia. Ele se encostou no balcã o,
sem olhar para nada em particular. Fiquei de boca fechada, esperando
que ele finalmente me contasse o que aconteceu na noite em que o
peguei no chã o sujo do banheiro do bar.
Tex esfregou os braços enquanto falava.
— Fui selvagem toda a minha vida. — Ele soltou uma risada seca. —
Isso é um eufemismo. Eu era a criança de quem outros pais alertavam
seus filhos para ficarem longe. A merda final.
Entreguei o prato lavado e ele o pegou e o colocou na má quina de
lavar louça.
— Eu me meti em tudo, e quero dizer tudo. Logo descobri que o
á lcool nã o estava fazendo isso e me envolvi com drogas.
Minhas costas endureceram. O rosto de Brycen vibrou na superfície
da minha psique por um segundo, mas eles eram tã o diferentes um do
outro. Brycen nunca me contou sobre seu problema. Tex nã o precisava.
Eu nã o tinha pedido nada específico, mas ele estava me dando do
mesmo jeito.
— Nada em seu registro indicava que você era tã o ruim assim.
Alguns incidentes de grafite, mas nada mais.
Tex riu.
— Por que nã o estou surpreso que você tenha me procurado? — Ele
nã o parecia chateado. — Meu pai era um detetive importante e mexia
os pauzinhos sempre que eu era pego.
— O mesmo pai que deixou uma marca em seu corpo? — Eu mal
contive minha raiva. Minha mã o apertou em torno do copo de vidro.
Antes que eu percebesse, a dor irrompeu em meus dedos.
— Merda, Enzo. — Tex agarrou minha mã o, puxou-a para o outro
lado e ligou a á gua. — Que porra é o seu problema? Tome cuidado.
Os cortes eram superficiais, e eu já tive piores. Tex me puxou pela
cozinha de qualquer maneira até que fui forçada a me sentar. Ninguém
jamais se importou se eu me machucasse além de meus irmã os.
Tex correu pela cozinha, pegando toalhas de papel.
— Onde está seu kit de primeiros socorros?
— Armá rio superior direito. — Fiquei tã o atordoado que tudo que
pude fazer foi responder a ele.
Ele pegou a caixa de primeiros socorros e estava na minha frente em
segundos. Estendi minha mã o para ele, e ele a inspecionou
meticulosamente.
— Nã o é muito profundo, — eu disse.
— Você é a porra de um médico?
Pisquei com a raiva de Tex e a preocupaçã o saindo dele em ondas.
— Nã o, mas...
— Entã o feche. Fiz um curso de primeiros socorros.
O calor floresceu sobre meu peito, e achei difícil respirar quando Tex
checou minha mã o. Ele pegou pequenos pedaços de vidro. Com cada
peça que ele puxou, ele parou e olhou para mim. Eu estava muito
perdido na possessividade avassaladora querendo tentar me consumir.
— Tex. — Minha voz era suave até para os meus ouvidos. O que ele
estava fazendo comigo?
— Isso dó i? — Tex perguntou, seus olhos azuis examinando meu
rosto como se ele encontrasse a resposta.
Nã o doeu, mas algo parecia estranho e só se intensificava toda vez
que Tex estava perto de mim. Eu balancei minha cabeça, minha boca
muito seca para falar.
— Estou quase terminando. — Tex voltou a limpar a ferida antes de
enfaixá -la. — Tudo feito.
No momento em que ele soltou minha mã o, cedi à voz gritando na
parte de trá s da minha cabeça. Agarrei Tex e esmaguei nossas bocas
juntas em um beijo acalorado. Tex gemeu, submetendo-se a mim.
Eu me afastei, meu coraçã o disparado enquanto a necessidade de
estar dentro dele me arrastava ainda mais para o abismo do desejo.
— E agora?
— E agora? — Tex perguntou sem fô lego.
— Você ainda está em espiral?
Ele me encarou por um longo segundo que pareceu uma eternidade.
— Provavelmente.
Eu engoli audivelmente. Ele passou os braços em volta do meu
pescoço e seus dedos se entrelaçaram em minhas mechas cor de
chocolate.
— Mas nã o estou desejando drogas ou mesmo á lcool. — Ele lambeu
os lá bios enquanto suas pá lpebras baixavam e suas pupilas dilatavam.
— Encontrei algo muito mais inebriante e igualmente mortal.
CAPÍTULO DEZOITO
TEX

Eu nã o dava mais a mínima para o que eu estava fazendo. O mundo


exterior era confuso e complicado. Mas aqui? Com Enzo? Eu sabia onde
estávamos. Ele era quem ele era, e eu era quem eu era. Nã o estávamos
fingindo, embora estivéssemos ignorando o inevitável. Isso tudo
desmoronaria eventualmente.
Minha mente rapidamente empurrou esse pensamento para debaixo
do tapete quando os lá bios de Enzo colidiram com os meus. Ele gemeu,
sua língua lambendo a costura dos meus lá bios enquanto ele me
empurrava para sua cama. Nem me lembro como chegamos lá ; meu
cérebro estava completamente apaixonado por Enzo.
Sua mã o enfiou por baixo da minha camisa, dedos pastando sobre
meu mamilo. Enzo puxou um dos meus piercings de mamilo e minhas
costas arquearam para cima da cama enquanto eu perseguia seu toque,
querendo mais. Eu abri minha boca, aceitando-o lá dentro. Nossas
línguas se chocaram, lutando uma contra a outra, mas eu nã o era pá reo
para Enzo. E por mais que eu gostasse de lutar, parte de mim nã o queria
ser pá reo para ele agora.
Nos braços de Enzo, eu poderia desmoronar e saber que ele
assumiria a liderança. Ele me dizia para onde ir, como me mover e como
manter minha posiçã o até que tudo que eu tivesse que fazer fosse
confiar nele. A ideia de ter alguém em quem confiar me deu frio na
barriga. Ele estava lá , mesmo quando eu nã o queria ou nã o esperava
que ele estivesse.
Estou ficando muito apegado.
Ficar com Enzo nã o fazia parte do plano, mas eu tinha desistido.
Estar na casa dele era melhor do que outra passagem pela reabilitaçã o;
pelo menos aqui, eu tinha um pau ó timo, comida deliciosa e Penelope.
Foi uma ruptura com a realidade, mas uma que eu queria
desesperadamente me agarrar.
— Onde está sua mente? — Enzo rosnou em meu ouvido. — Se você
começar a sonhar acordado, vou pensar que estou te entediando e vou
mais forte,— ele disse, pontuando suas palavras com uma mordida no
meu ombro.
— Você... ah, — eu gemi, balançando a cabeça para me forçar a me
concentrar enquanto meu corpo formigava todo. — Você está me
ameaçando? — Perguntei.
— Você saberá quando eu estiver ameaçando você.
— Anotado, — eu murmurei. Todas as bandeiras vermelhas foram
acesas daqui até a Califó rnia e vice-versa. Eu prontamente ignorei todos
eles. —Entã o, faça algo que nã o me entedie.
Enzo puxou meu piercing no mamilo e eu apertei meus lá bios. De
alguma forma, um estú pido e maldito gemido ainda escapou. O canto de
sua boca se contraiu. Enfiei a mã o em seu peito, mas ele se recusou a
me deixar empurrá -lo. Em vez disso, ele atacou meu pescoço. Seus
dentes afundaram em minha pele, arrancando um silvo e um gemido de
mim. Sua mã o deslizou entre nó s, trabalhando meu zíper para baixo até
que ele segurou minhas bolas e deu-lhes um aperto muito firme.
— Foda-se —, mordi meu lá bio inferior, levantando meus quadris e
pressionando contra a palma da mã o.
— Fique.
Enzo saiu da cama e fiquei ofegante. Eu me apoiei nos cotovelos.
— O que você está fazendo?
— Eu nã o disse para ficar?
Eu me sentei de volta.
— Que diabos você está fazendo aí? Volte já .
— Você sente tanto a minha falta?
Eu fiz uma cara.
— É mais como se meu pau fosse explodir se você nã o me tocasse.
— Tudo o que ouvi é que você sente minha falta.
Revirei os olhos. Enzo era diferente do que eu esperava ao ler seu
arquivo. Havia um lado gentil e brincalhã o que eu nunca esperaria. Se
Enzo fosse qualquer outro homem, ele seria perfeito para mim.
Ele ainda é um Vitale.
Uma mã o envolveu meu tornozelo e eu deslizei para baixo da cama.
Enzo estava em cima de mim antes mesmo que eu pudesse me sentar.
Ele tinha um olhar determinado em seu rosto enquanto tirava minhas
roupas e as jogava de lado. Olhei para eles no chã o, amontoados, e
levantei uma sobrancelha.
— Você nã o quer limpá -los?
Enzo olhou para eles e depois de volta para mim.
— Você é mais importante agora.
Estaria mentindo se dissesse que meu coraçã o nã o deu vá rias
cambalhotas. Enzo nã o estava olhando para mim, muito ocupado
olhando para o meu corpo, mas eu nã o conseguia tirar os olhos dele.
Será que ele percebeu o que acabou de dizer?
— Ah, — eu gritei, voltando à realidade. — O que você está fazendo?
Enzo nã o me respondeu. Em vez disso, ele puxou os grampos de
mamilo que tinha anexado a mim. Eu levantei com ele, mas ele me
empurrou de volta para a cama.
— Que parte da estadia você nã o entendeu? Vejo que vou precisar
puni-lo.
Engoli em seco.
— Do que diabos você está falando?
Enzo voltou a me ignorar. Ele saiu da cama, meus olhos rastreando
cada movimento que ele fazia até que ele voltasse. Enzo carregou uma
toalha e colocou-a antes de pegar um vibrador cor de carne de tamanho
considerável. Ele derramou lubrificante sobre ele, acariciando o pênis
com a mã o enquanto eu olhava para ele.
— Abra suas pernas.
Engoli em seco.
— Eu nã o recebo nem um por favor?
Enzo se moveu entre minhas coxas e as abriu para mim. Meu
coraçã o acelerou a um ritmo alarmante. A cabeça do brinquedo
pressionou contra meu buraco antes que mais lubrificante corresse
sobre minha carne. Olhei para Enzo, que estava cativado pelo que
estava fazendo. Aquele pequeno sorriso voltou ao rosto dele e eu cedi.
Aquele olhar era tã o desarmante.
Minha respiraçã o saiu de mim quando ele empurrou o brinquedo
para dentro centímetro por centímetro. Eu esperaria que ele me
fodesse, mas em vez disso, ele se concentrou no brinquedo. Senti-me
abrindo, alongando. Minhas mã os agarraram os lençó is enquanto Enzo
me observava, e minha pele parecia que ia explodir em chamas. Ele
trabalhou o brinquedo mais fundo, esfregando contra minhas paredes.
A pouca compostura que eu tinha desapareceu assim que o vibrador
pressionou minha pró stata e vi estrelas.
— Enzo.
Ele deitou em cima de mim, seus lá bios roçando os meus.
— Hum? — ele perguntou, mordendo e chupando meu lá bio inferior.
— O que estamos fazendo?
As palavras saíram da minha boca e desejei poder enchê-las e fazê-
las desaparecer. Fosse o que fosse, eu nã o queria azarar agora. O resto
do mundo era difícil como o inferno. Eu nã o poderia fingir por mais um
tempo?
Enzo nem piscou com a pergunta.
— Estamos fazendo sexo —, respondeu ele. Quando eu dei a ele um
olhar exasperado, ele me beijou novamente. — E o que diabos
queremos fazer. Por que nã o podemos descobrir isso depois?
O protesto empoleirado na minha língua morreu quando ele me
beijou novamente, fechando todo o meu pensamento racional. Meus
olhos se fecharam. Quando abriram novamente, notei que Enzo estava
nu. Ele se despiu silenciosa e eficientemente. Agora eu estava sendo
tratado com uma exibiçã o quente como o inferno de seu corpo, seu pau
pesado entre as coxas e pingando pré-sêmen.
Enzo se moveu entre minhas coxas. Quando a cabeça de seu pênis
pressionou contra meu buraco, meus olhos se arregalaram.
Lentamente, a realizaçã o surgiu em mim. Enzo nã o planejava brincar
comigo, apenas usando o vibrador. Ele ia tentar me encher de seu pau
também.
Meu coraçã o disparou, mas nem pensei em tentar detê-lo. Enzo
cedeu o controle do vibrador para mim.
— Nã o pare —, ele me disse.
Lambi meus lá bios.
— Porra. Ok.
Enzo sorriu, e foi o suficiente para me fazer querer fazer um bom
show para ele. Trabalhei o brinquedo dentro de mim, torcendo-o para
dentro e para fora enquanto um gemido escapava. Normalmente, eu só
fazia isso quando estava sozinho. Quando olhei para cima, Enzo me
observou atentamente. Ele acariciou seu pênis enquanto o fazia e
espalhou lubrificante por toda parte, seus olhos nunca deixando os
meus por mais de alguns segundos.
No momento em que ele estava de volta em cima de mim, eu estava
praticamente escalando as paredes com a necessidade. Ele beliscou
meu queixo enquanto empurrava contra meu buraco já ocupado. Eu
respirei fundo. Meu corpo explodiu em chamas quando ele se
aprofundou. Meus dedos dos pés se curvaram, minha cabeça girou e me
rendi ao quã o bem eu me sentia.
Eu poderia me acostumar com isso.
Eu parei de questionar o certo do errado, o passado de Enzo, o que
ele fez, e no que ele estava envolvido. Nada disso importava quando eu
fechava meus olhos com força suficiente e me concentrava em como ele
se sentia muito bem quando estava pressionado contra mim.
— Enzo.
— Continue gemendo meu nome, Tex —, disse ele, sua voz um
sussurro ofegante. — Quanto mais você faz isso, mais eu sei que você é
meu.
Eu nã o conseguia nem pensar direito o suficiente para protestar.
Meu buraco se esticou ainda mais, a leve dor evoluindo lentamente para
o prazer quando Enzo puxou as pinças de mamilo. A pressã o se
intensificou e faíscas dançaram sobre minha pele enquanto minha
cabeça girava.
Enzo deslizou mais fundo enquanto eu me apertava em torno dele.
Minhas mã os dispararam, agarrando suas costas enquanto minhas
unhas cravavam em sua carne. O olhar em seu rosto era impagável. A
má scara que ele normalmente usava havia caído, substituída por prazer
e liberdade. Ele empurrou mais fundo até que ele foi enterrado
completamente.
— Foda-se, estou cheio —, eu gemi, rolando meus quadris enquanto
me maravilhava com o quã o bom era. — Só fiz isso uma vez...
— Por você mesmo?
Eu pisquei para Enzo. Por um minuto, esqueci que estava falando em
voz alta. Enzo ficou parado, olhando para mim, as sobrancelhas
franzidas.
Engoli em seco.
— Você nã o quer saber a resposta para isso.
Enzo bateu em mim, seu pau dirigindo para o meu nú cleo. Os
ú ltimos pedaços da minha sanidade se desfizeram. Deveria ter
guardado esse pensamento para mim. Era tarde demais para voltar
agora. Merda, mesmo se eu pudesse, eu iria? Enzo estava me fodendo
tã o lindamente que nã o me arrependi.
Ele estendeu a mã o entre nó s e pressionou a parte inferior da minha
barriga.
— Eu posso sentir meu pau se movendo dentro de você, — ele
ofegou. —Eu realmente vou fazer você meu.
Um arrepio passou por mim.
— Você é louco.
— Você nã o tem ideia.
Eu tinha um pouco. Cada sacudida dos quadris de Enzo fazia o som
de pele contra pele ecoar em seu quarto. Por alguma razã o estú pida,
enquanto ele puxava meu prendedor de mamilo e deixava beijos em
minha boca, senti as emoçõ es aumentarem. Em outra vida, eu poderia
ser do Enzo. E ele faria qualquer coisa por mim.
Minhas costas se curvaram quando o esperma manchou nossos
corpos, e eu gritei pelo homem que me recusei a deixar ir. Apertei com
força, tentando manter o brinquedo dentro de mim o má ximo possível.
Enzo jurou. Seus beijos se tornaram mais afiados e urgentes enquanto
os dentes raspavam contra minha carne, e eu fui transportado para o
céu.
O gemido de Enzo contra minha boca me fez querer agarrá -lo ainda
mais forte. O calor encheu meu buraco, mas foi silenciado por trá s do
lá tex. Eu quase desejei ter pedido a ele para me foder sem ele.
Enzo deitou em cima de mim e enterrou o rosto no meu pescoço.
Nó s dois ofegávamos no silêncio, mas nã o era desconfortável. Eu estava
distraído, e Enzo? Quem sabe o que se passou na cabeça daquele
homem.
Um forte puxã o de meus mamilos me jogou de volta ao presente.
— Ei, — eu rosnei. — Pare com isso.
Enzo riu, o som o suficiente para me fazer querer ouvi-lo em um
loop infinito.
— Vamos falar sobre aquele comentá rio que você fez,— ele disse,
sentando-se. — Quem foi que te encheu antes?
Eu vi aquele brilho perverso em seus olhos.
— Eu nunca diria a você em um milhã o de anos,— eu sussurrei. —
Você é Insano.
— E você continua voltando.
Ele estava certo sobre isso.
— Nã o consigo evitar. — Eu bocejei, piscando para tentar ficar
acordado.
— Tex?
— Sim?— Eu murmurei, caindo no zumbido agradável que viajou
pelo meu corpo.
— Estou realmente ajudando você?
Eu olhei para ele. Lentamente, levantei a mã o e passei meus dedos
por seu cabelo. Era macio ao toque, grosso e cheirava incrível. Quanto
mais eu acariciava seu cabelo, mais ele se agarrava a mim,
aconchegando-se contra meu corpo como se eu fosse desaparecer.
— Nã o estou com o nariz enfiado em uma pilha de coca, entã o sim
—, respondi honestamente porque sabia que a verdade o ajudava. — Eu
me sinto melhor aqui. Talvez seja porque eu sei que nã o importa o
quanto eu estrague, você e sua família fizeram muito pior. —Eu fiquei
tenso.— Nã o é isso que eu...
— Nã o —, disse ele, balançando a cabeça. — É a verdade.— Os
dedos de Enzo correram sobre minha pele. — Vá dormir.
— Eu preciso me limpar.
— Nã o, você nã o. Deixe isso comigo.
Enzo finalmente se livrou de meus braços. Quando ele deslizou para
fora de mim, prendi a respiraçã o. Droga, me sinto vazio. Eu queria dizer
a Enzo para deslizar de volta. Pelo menos até eu adormecer. Em vez
disso, mantive minha boca fechada e o observei caminhar até o
banheiro com o brinquedo na mã o.
Eu estava perdendo a luta contra o sono. Meu telefone vibrou e eu o
peguei do chã o. Chelsea. Rourke. Meu pai. A ú nica pessoa a quem
respondi foi Chelsea.
Tex: Te ligo amanhã . Nã o se preocupe comigo, estou bem. E só brio.
Chelsea: Idiota. Que bom que você está bem.
Tex: Me desculpe.
Coloquei meu telefone na mesa de cabeceira e suspirei. Amanhã ia
ser uma merda. Eu devia desculpas a Chelsea, tinha que falar com
Rourke, e meu pai provavelmente percebeu que eu invadi seus
arquivos. Massageando minha têmpora, olhei para cima quando uma
sombra escura caiu sobre mim e pulei quando Enzo olhou para mim.
— Você me assustou pra caralho!
— Desculpe. — Enzo levantou uma toalha. — Fique quieto e vá
dormir. Esse telefone pode esperar até amanhã . Ele olhou para ele. —
Coloque no silencioso.
Discutir com Enzo era inú til. Eu estava aprendendo isso
rapidamente. Desliguei o som e notei o olhar de aprovaçã o em seu
rosto. Uma vez que ele terminou de me limpar, ele deslizou para a cama
ao meu lado. Os braços de Enzo circularam meu corpo antes de ele se
sentar.
— O que agora? — Perguntei.
A pressã o nos meus mamilos desapareceu. Ambos latejavam.
Estendi a mã o para tocá -los, mas Enzo afastou minha mã o gentilmente.
Seus dedos me acariciaram, e meu corpo tomou isso como uma luz
verde para acelerar novamente.
— Qual é o problema? — Enzo perguntou.
Eu rolei para encará -lo.
— Se você continuar fazendo isso, voltaremos a isso.
Enzo manteve os olhos focados nos meus enquanto recomeçava a
esfregar. Um arrepio percorreu minha espinha. Eu abri minha boca para
dizer a ele que estávamos fazendo isso de novo, mas parei. O miado e o
arranhã o na porta nos fizeram virar naquela direçã o. Enzo gemeu.
— Vou deixá -lo entrar.
— Obrigado —, eu ri. — Ele é carente.
— Como você.
Pisquei ao ver as costas de Enzo recuando. Nã o pensei que fosse
carente, mas talvez estivesse me enganando. Meus pensamentos se
voltaram para Penelope enquanto ele corria para dentro do quarto e
pulava na cama de Enzo. Ele se sentiu em casa, se aninhou no meu peito
e logo começou a adormecer. Enzo olhou para ele.
— Deixe meu gato em paz. Você vai ter que me compartilhar.
Enzo rosnou. — Nunca. — Ele subiu na cama de qualquer maneira e
deitou ao meu lado. — Entã o, por que ele se chama Penelope?
Eu sorri.
— Quando o comprei, a pessoa de quem o comprei tinha certeza de
que era uma menina, e eu era um grande fã de Criminal Minds. Penelope
foi uma escolha fá cil. Eu descobri que ela era na verdade um menino
quando o levei para consertar e nunca mudei o nome. Ele nã o parece se
importar. —Eu bocejei, relaxando novamente enquanto acariciava
Penelope. — Ele me ama mesmo assim.
Enzo estava tã o quieto que pensei que tivesse adormecido. Eu olhei,
apenas para encontrar seu olhar intenso. Ele deixou um beijo em meus
lá bios.
— Para o que foi aquilo? — Perguntei.
Ele encolheu os ombros.
— Tive vontade. Agora vá para a cama.
Enzo jogou o cobertor sobre mim e Penelope antes de deslizar para
baixo dele. Ele deu uma ú ltima olhada em Penelope, suspirou e se
aninhou contra mim. Eu ri baixinho. Quem diria que um homem como
Enzo Vitale sentiria ciú mes de um gatinho velho?
CAPÍTULO DEZENOVE
TEX

Rourke acenou com a mã o. Eu corri até ele, puxando a longa jaqueta


cinza de Enzo em torno de mim com mais força. Ele insistiu que eu o
levasse em vez do velho moletom que eu normalmente usava quando
estava de folga. O homem era um pé no saco, mas eu nã o podia negar
que sua jaqueta era mais quente e cheirava como ele. Talvez essa fosse a
verdadeira razã o pela qual ele queria que eu o usasse, para que eu
ficasse cercado por seu cheiro, incapaz de pensar em qualquer coisa
além dele, seu pênis e a maneira como ele me fez gritar seu nome esta
manhã .
— Onde diabos você estava? — Rourke perguntou.
— Eu precisava de um tempo de folga. O sargento queria que eu
fizesse uma pausa depois do tiroteio com Carl, entã o aceitei.
Ele franziu a testa.
— Ela sabe sobre você indo atrá s dos Vitales.
Eu endureci.
— O que?
— Por que você acha que estou ligando para você? —Ele
resmungou. — O chefe montou uma força-tarefa para lidar com a
escalada de violência em torno dos Vitales. Assim que Sarge descobriu
que foi você quem acessou os arquivos dela e começou a persegui-los,
ela decidiu que você seria a melhor escolha para a equipe em vez de
demitir você. Provavelmente porque o chefe ficou impressionado.
Sem palavras, eu o segui até a cafeteria.
— Por que ela nã o ligou para gritar comigo?
— Eu disse a ela que cuidaria disso —, disse ele. — Dois cafés. Um
preto, outro com açú car e creme de baunilha. Ele olhou para mim. —
Você está com fome?
Eu balancei minha cabeça, ainda pensando na bomba que ele tinha
acabado de jogar em mim. Meu sargento sabia exatamente o que eu
estava fazendo e agora faria parte de uma força-tarefa. O sonho que eu
estava perseguindo estava ao meu alcance. Entã o, por que meu
estô mago revirou com tanta força?
— Caster?
Eu pisquei para Rourke.
— Nã o, eu já comi.
Rourke levantou uma sobrancelha.
— Você? Normalmente, tenho que fazer você comer antes de
desmaiar.
Ele pegou nossos cafés, pagou e passou uma das xícaras para mim.
Encontramos um lugar no canto, longe de todos os outros.
— Eu sei que isso é muito para processar, mas como eu disse, estou
tentando entrar em contato com você há dias e você nunca atende.
Onde você esteve?
Eu bebi do meu café para evitar falar. Dormindo na cama de um
mafioso. Nã o havia como eu dizer isso em voz alta.
— Eu disse que precisava de uma folga. E andei investigando os
Vitales.
— O que você descobriu?
Dei de ombros.
— Nem uma tonelada. O que eu encontrei nã o importa. Nã o há
evidências para apoiar nada.
— Diga-me de qualquer maneira.
Meus dedos agarraram a xícara de café com força. Líquido quente
espirrou em meus dedos e picou minha carne. Amaldiçoando, eu
coloquei o copo para baixo. Peguei os guardanapos junto com Rourke e
comecei a absorver a bagunça quente.
— Como eu disse, nã o é nada. Nã o posso compartilhar agora, de
qualquer maneira. Minha fonte é... — Roubada? Essa é uma boa palavra?
— Tudo bem —, disse Rourke com um suspiro. — Você precisa me
dar algo, Tex. Eu sou seu parceiro. Merda, eu sou seu amigo, cara.
Ele era, e eu nã o o estava tratando assim. Rourke cuidou de mim. No
entanto, o pensamento de contar a ele sobre Enzo e Brycen fez meu
peito apertar.
Enzo me mataria.
— Quando eu tiver algo para te dizer, eu vou, — eu disse. — Eu
estava indo verificar uma unidade de armazenamento hoje que pode ter
algumas respostas.
— Eu estou indo com você.
— Nã o, — eu disse rapidamente.
— Tex —, ele rosnou. — Eu vou com você, e ponto final. Sarge me
quer atrá s de você, e pretendo estar certo até que ela diga o contrá rio.
Você nã o é o ú nico que tem a carreira em risco. —Ele apontou para
mim. — Você fodeu, cara. E agora recai sobre nó s dois.
Engoli em seco. A expressã o séria de Rourke assumiu, e a maneira
gentil que ele falou antes desapareceu. Ele sempre foi assim, calmo e
tranquilo até você irritá -lo. Para ser justo, eu o coloquei em apuros com
Sarge. Tive sorte por ela nã o ter decidido me dedurar e ter minha
bunda demitida. E que Rourke me apoiou o suficiente para estar no
meu time.
— Desculpe —, eu murmurei. — Sim, claro, você pode ir comigo.
Rourke assentiu, seu rosto relaxando.
— Obrigado. Nã o estou tentando ser durã o —,disse ele lentamente,
— mas meu sustento também está em jogo.
— Eu sei.
— Precisamos fazer isso juntos. Lembre-se do que procura, Tex.
Detetive. É sobre isso que você está reclamando desde o dia em que nos
conhecemos.
Ele nã o estava errado sobre isso. Eu falei sobre ser detetive por
tanto tempo que era parte de mim. Estou mais perto do que nunca. Essa
força-tarefa me levaria ao meu objetivo. Finalmente, eu mostraria ao
mundo que nã o era o perdedor viciado que todos pensavam que eu era.
Pensar em Enzo me distraía. Eu podia ver a dor em seu rosto, a
raiva. Mesmo que nã o me matasse, ficaria arrasado. Ou pelo menos é o
que estou dizendo a mim mesmo. Tudo o que temos feito pode ser uma
mentira. E eu estou caindo nessa.
Eu nã o poderia imaginar Enzo jogando junto por tanto tempo, no
entanto. Se ele quisesse me matar, ele poderia. Enzo poderia fazer meu
corpo desaparecer em um piscar de olhos e nã o pensar duas vezes. Em
vez disso, ele estava cuidando de Penelope e de mim, segurando-nos
perto quando nã o havia razã o para isso. Alguém poderia realmente
jogar um jogo desde que estivéssemos dançando um com o outro?
Pegando minha xícara de café meio vazia, joguei-a no lixo. Nã o
importa o que Enzo estivesse fazendo, fosse real ou falso, eu tinha um
trabalho a fazer. O que tínhamos nã o poderia durar para sempre.
— Vamos verificar aquele depó sito, — eu disse.
— Você está bem?
— Sim —, eu disse, balançando a cabeça até que eu quase pude
acreditar. — Estou bem. Vamos.
— Podemos pegar meu carro. — Rourke levou seu café para fora. —
Tem certeza de que nã o precisa de outra bebida?
— Nã o —, eu disse, meu estô mago revirando. Eu nã o tinha certeza
se conseguiria segurar alguma coisa se tentasse. — Estou bem.

***

de Brycen foi apresentada em uma série de caixas. É assim que é no


final? Tudo o que você está reduzido a um quarto frio e vazio? O nó no
meu estô mago nã o havia diminuído. Eu o empurrei, embaralhando
correspondências antigas antes de colocá -las de lado.
— O que você está procurando? — Rourke perguntou.
— Eu nã o tenho ideia, — eu murmurei. — Quando eu encontrar,
saberei.
— Isso é reconfortante.
— Cale a boca e olhe.
— Sim, sim—, disse ele.
Voltamos a vasculhar as caixas. Roupas velhas, sapatos e até bichos
de pelú cia estavam lá . Meu cérebro nã o parava de criar cená rios em que
Enzo tinha visto Brycen em uma determinada roupa, ou ele foi a um
carnaval com o homem e ganhou um prêmio para ele. Quanto mais eu
passava, mais irritado eu ficava. Nã o porque Enzo o matou, no entanto.
A sensaçã o era... estranha, mais sinuosa e desesperada. E percebi que
nã o estava chateado; Eu estava com ciú mes.
De um cara morto. Ótimo. Que diabos Enzo Vitale está fazendo
comigo?
Um caderno pesado caiu de uma das caixas, batendo no chã o de
concreto. Eu o peguei e folheei. Ao ler parte do texto, eu sabia o que era
um diá rio. As palavras de Brycen me encantaram e eu nã o conseguia
desviar o olhar.
— Encontrou alguma coisa?
— Nã o tenho certeza, — eu murmurei, virando a pá gina. — Apenas
lendo por enquanto.
— Acho que vou continuar procurando entã o.
Eu balancei a cabeça, mas fiquei focado no livro.
…Acho que estou apaixonado por E. Saímos da cidade hoje. E deu-me
tudo o que eu queria.
… Nunca pensei que pudesse ser tão feliz.
…Estou fazendo a coisa certa?
…Ele sabe. Eu sei que ele sabe, e estou apavorado. Eu gostaria de
poder contar a Abi, mas ela não entenderia. Estou com medo.
Meu coraçã o se apertou. Quanto mais eu leio, mais a histó ria se
distorce. Brycen escreveu que estava com medo de Enzo e Benito. Ele
queria fugir, mas nã o podia. Eu virei para outra pá gina. Ele teve outro
deslize. Ele voltou à s drogas pior do que antes, pelo que pude perceber
olhando para sua escrita inclinada. Virei a pá gina, com o coraçã o
disparado, apenas para encontrar nada.
Eu fiz uma careta ao ver as bordas rasgadas onde as pá ginas
deveriam estar. Alguém os havia arrancado. Meu estô mago se apertou.
Enzo fez isso? Ou Benito? Giancarlo? Por que se livrar dessas páginas e
não de todo o diário?
Ná usea subiu em minha garganta. E se essas pá ginas perdidas
escondessem a verdade sobre Enzo e o que realmente aconteceu com
Brycen? Fechei os olhos, tentando nã o pensar nisso. Enzo tinha
explicado tudo, e eu estava do lado dele. Mas e se ele estivesse
mentindo?
— Caster? O que está errado? Você está pá lido.
Olhei para Rourke.
— O que?
— Você está bem?
Nã o, eu estava longe de estar bem. A histó ria que Brycen contou era
diferente da que Enzo havia compartilhado comigo. Brycen estava
apaixonado por ele, se preocupava com ele e nunca mencionou Benito.
Eu realmente deixei Enzo me convencer a fazer algo que era uma
mentira descarada?
Por que estou surpreso? Ele é um criminoso. Claro, ele mentiu para
mim.
Eu me forcei a me concentrar em Rourke, cujo rosto estava tenso de
preocupaçã o.
— Estou bem. Eu deveria ter comido mais esta manhã .
— Ok —, Rourke disse lentamente. — O que é isso? — Ele acenou
com a cabeça em direçã o ao livro na minha mã o. — Alguma coisa
interessante?
Olhei para o livro encadernado em couro.
— Nã o, apenas um velho diá rio. Nã o tem muito nele. — Joguei o
livro de volta em uma caixa. — Alguma coisa aí?
Rourke me deu as costas e começou a falar sobre uma das caixas.
Usei aquele breve momento para pegar o diá rio e enfiá -lo no có s da
minha calça jeans. Rourke se virou enquanto eu puxava minha camisa
para baixo para cobrir o livro.
— Nã o consigo encontrar nada aqui —, disse ele. — Tem algumas
anotaçõ es rabiscadas que eu posso dar uma olhada, mas de outra
forma?
Ele encolheu os ombros. — Isso é um fracasso.
Suspirei. — Vamos chamá -lo.— Fechei a caixa na minha frente e a
coloquei de volta no chã o onde a encontrei. Empilhei outro por cima. —
Espero que tudo isso esteja de volta onde deveria estar. Nã o temos
exatamente nenhum direito de estar aqui.
Rourke franziu a testa.
— Deve estar tudo bem. — Ele balançou sua cabeça. — Você me tem
fazendo merda ilegal, Caster.
— Da ú ltima vez, eu juro. — Nó s nos deixamos sair. — Qual é o
pró ximo?
— Você vindo para enfrentar Sarge e o chefe. Eles lhe darã o ordens
sobre o que fazer e partiremos daí. Nã o se preocupe. Vamos jogar esses
caras tã o longe na prisã o que eles vã o apodrecer lá .
Deixei escapar um sorriso, mas parecia estranho em meus lá bios.
— Eu sei, — eu disse. — Eu preciso fazer mais algumas tarefas.
Podemos nos encontrar amanhã antes do trabalho?
— Você entendeu. Vá para casa e tente relaxar, — Rourke disse
enquanto entramos em seu carro. — As coisas estã o prestes a ficar
loucas.
Eu acreditei nele. Quando voltei ao apartamento de Enzo, sabia
exatamente o que teria que fazer. Mesmo que isso deixasse minha pele
ú mida.
Eu preciso sair do lugar dele.
Se Enzo estava mentindo ou dizendo a verdade nã o era o problema.
Agora eu estava oficialmente no time contra ele. Nã o havia como
continuar dormindo em sua cama e fingindo estar feliz quando sabia o
que estava por vir.
Eu tinha que deixar Enzo sozinho de uma vez por todas.
CAPÍTULO VINTE
ENZO

Uma bolsa foi atirada escada abaixo, juntando-se a uma pilha de


outras. Nã o precisei passar por eles para saber que estavam cheios de
roupas de Tex.
Subi os degraus de dois em dois, correndo contra o tempo. Parei
perto do meu quarto para ver Tex de joelhos, tentando fazer Penelope
entrar na jaula.
— Vamos, Pen. Temos que nos apressar.
— O que você está fazendo? — As palavras saíram da minha boca,
mas me senti separado do meu pró prio corpo enquanto olhava para
Tex.
Ele ficou imó vel, Pen trotando para longe dele e até mim. Eu era
incapaz de me abaixar e acariciá -lo, com medo de um movimento
errado e tudo se desmoronaria diante de mim.
— Enzo. — Tex lambeu os lá bios enquanto me encarava. Seu olhar
caiu para as sacolas em minhas mã os antes de voltarem para o meu
rosto. Havia uma batalha visível em seus olhos azuis.
Tex piscou e o nó se formou em meu estô mago.
— Enzo, você sabia que isso nã o ia durar.
— Eu nã o. — Meu peito parecia como se uma faca o perfurasse
continuamente.
— Vamos. Eu sou um policial. Eu...
— Você é meu!
A boca de Tex se fechou enquanto ele olhava para mim. Como isso
pô de acontecer? Esta manhã estávamos nos braços um do outro, e
agora ele era o quê? Planejando me deixar?
Minha frequência cardíaca aumentou. Eu coçava como se estivesse
coberto de formigas. Eu sabia que nã o era verdade, mas isso nã o me
impediu de me contrair involuntariamente enquanto lutava contra a
vontade de coçar.
— Enzo, eu nã o posso ser seu, — Tex sussurrou como se estivesse
com medo de admitir isso.
Eu agarrei. No pró ximo segundo, corri para Tex. Ele me viu
chegando e deslizou no chã o ao meu redor. Ele estava de pé e eu girei
nos calcanhares, perseguindo-o. Nossos pés bateram contra o piso de
ladrilhos. Tex desceu as escadas e eu estava logo atrá s dele. Ignorei a
dor em meu corpo; nã o era nada comparado à necessidade de
conseguir Tex.
Ele quase chegou à porta. Seus dedos roçaram ao longo da maçaneta
quando eu o derrubei.
— Maldito filho da puta. — Tex puxou o braço para trá s e seu punho
cortou o ar antes de pousar no meu rosto.
Minha cabeça virou para o lado, mas eu o segurei com mais força. O
gosto de sangue me alimentou quando agarrei seus pulsos e os joguei
no chã o.
— Enzo, desça!
Não, se eu fizer isso, você vai embora.
— Tex, você precisa pensar no que está fazendo.
Seus olhos se arregalaram.
— Você deve estar me sacaneando agora. — Ele estremeceu em meu
aperto. — Você é quem está me segurando.
— Porque você estava indo embora.
— Eu tenho que! — Os olhos azuis de Tex imploraram para mim,
mas eu os ignorei.
Eu nã o podia deixá -lo ir. Nem mesmo se meu irmã o me pedisse. Tex
havia se tornado algo muito mais importante.
— O que aconteceu? — Eu poderia consertar isso. — Esta manhã foi
ó tima. Tínhamos planos para o jantar, só para eu chegar em casa e
encontrar você fazendo as malas.
Tex desviou o olhar. Por um breve segundo, ele parou de lutar contra
o meu aperto.
— Recuperei os meus sentidos. Nã o posso viver na terra da fantasia
para sempre.
É tão difícil estar comigo? Tex virou a cabeça lentamente para mim e
nossos olhos se encontraram mais uma vez. Nã o tenho certeza de qual
expressã o facial eu usei. Eu me senti muito fora de controle para sequer
pensar sobre isso, mas o que quer que Tex tenha visto o fez chegar até
mim. Eu nem tinha percebido que tinha soltado seus pulsos.
Fechei os olhos por um breve segundo e pressionei meu rosto contra
a palma de sua mã o. Era tã o aterrador, e ele queria tirar tudo.
— Enzo, isso nã o pode funcionar.
Por que diabos não? Eu me afastei e olhei para Tex quando me
levantei. Eu o puxei contra mim e tirei as algemas de seu bolso de trá s
antes de prendê-las em seus pulsos.
— Que porra é essa?
Eu nã o disse nada enquanto o puxava atrá s de mim, arrastando-o
para o quarto de hó spedes. Tex puxou e lutou o tempo todo, mas agora
ele estava realmente preso.
— Eu deveria ter trancado você quando tive a chance.
Tex engoliu em seco de forma audível quando o empurrei para a
cama queen-size.
— Enzo, isso é loucura. Você nã o pode...
Eu tirei minha lâ mina em segundos e cortei suas roupas. Sua boca
estava aberta enquanto eu rasgava cada pedaço de tecido de seu corpo
e o jogava para o lado.
— Talvez seja por isso que Brycen estava com medo de você.
O tempo congelou quando as palavras de Tex foram absorvidas.
— Você disse que ele estava apaixonado por você e traiu. Ou ele fez
isso? Foi apenas uma mentira?
Sentei-me, minha mã o disparou e cobri a boca de Tex e apertei seu
rosto, mal contendo as emoçõ es que ameaçavam me dominar.
Matar Brycen teve pouco a ver com sua trapaça. Doeu, mas no final
também vi como Benito ficou arrasado com isso. Nenhum de nó s sabia.
Brycen tinha feito muito pior.
As palavras ficavam presas, e isso me irritou ainda mais. Olhei para
os olhos arregalados de Tex.
— Ele nã o amava ninguém. — Certamente nã o fui eu. Havia muito
mais, mas meu cérebro continuava falhando e as palavras se
misturavam. Em vez de falar, mostraria a Tex que ele me pertencia.
Tex subiu na cama enquanto eu arrancava minhas roupas. Eu agarrei
seu tornozelo e puxei-o de volta para baixo.
Agarrando seus pulsos amarrados, eu os pressionei contra a cama
enquanto estendi a mã o para a mesa de cabeceira e peguei o frasco de
lubrificante. Nã o olhei duas vezes para os preservativos. Eu queria
reivindicar Tex de todas as maneiras possíveis. Eu precisava que ele
conhecesse mente, corpo e alma. Ele era meu e só meu.
— Enzo, você nã o pode estar falando sério —, disse Tex sem fô lego.
Eu me movi entre suas pernas e passei lubrificante em meu pau. Eu
descansei a cabeça do meu pau contra sua entrada. Eu te quero tanto, e
sei que você quer o mesmo.
— Diga-me que você nã o me quer. — Meu sangue estava correndo
tã o alto que temi que bloquearia a resposta de Tex.
Sua boca abriu e fechou e seus olhos brilharam.
— Eu... eu. — Tex fechou a boca, fechou os olhos e roubou as lindas
joias azuis.
Minha mã o colidiu com o lado de seu rosto, e seus olhos se abriram.
— Nã o olhe para longe de mim. — Eu queria ver o olhar em seus
olhos enquanto ele destruía o que tínhamos.
Tex lambeu os lá bios e uma ú nica lá grima se soltou.
— Nã o posso. — As palavras nã o passavam de um som
estrangulado, mas eu as entendi.
Mergulhei dentro dele sem camisinha. O calor me sugou e roubou
todo o meu raciocínio. Nossos gemidos se misturaram quando eu entrei
totalmente dentro dele. Eu descansei meus braços em cada lado da
cabeça de Tex e o enjaulei. Inclinando-me, eu lambi a lá grima que havia
caído e beijei seus dois olhos.
— Você é meu.
Eu pressionei nossas testas juntas e puxei para trá s antes de lançar
meus quadris para frente. O som de nossas carnes se chocando nã o era
nada comparado ao gemido que extraí de Tex.
Tex choramingou.
— Mas...
— Sem desculpas.
Tomei sua boca em um beijo exigente. Eu queria possuir cada
centímetro dele. Eu queria isso tã o arraigado que ele soubesse a quem
pertencia até a fibra de seu ser.
— Diga, — eu exigi.
Eu me afastei e rolei meus quadris como eu sabia que ele gostava. As
pernas de Tex levantaram enquanto sua cabeça jogava para trá s. Sua
boca estava aberta enquanto ele soltava gemidos ofegantes.
Nunca haveria o suficiente dele. Achei que poderia saciar meu
interesse por ele, mas tudo o que fiz foi abrir uma obsessã o doentia. Eu
nã o conseguia entender Tex, nã o perto de mim, nã o meu. Era uma
realidade da qual nã o desejava fazer parte.
Meus dentes afundaram em sua pele repetidamente, decorando seu
peito com vá rias marcas de mordida. Nã o era o suficiente. Eu queria
possuí-lo completamente.
— Por favor, deixe-me gozar —, implorou Tex.
— Você goza no meu pau, ou nã o goza de jeito nenhum. — Inclinei-
me para a frente, dobrando-o praticamente ao meio. — Eu posso
continuar fodendo você até que você faça.
— Foda-se —, Tex gritou enquanto eu batia nele.
Seu corpo tentou me sugar e nunca me deixou ir. Se ao menos a
mente de Tex fosse tã o honesta. Ele me queria tanto quanto eu o queria.
— Enzo, por favor.— A cabeça de Tex jogava para frente e para trá s
enquanto ele puxava contra suas restriçõ es.
Eu diminuí a velocidade, e os olhos de Tex se arregalaram.
— Nã o.
Eu levantei uma sobrancelha para ele. Um leve brilho de suor
brilhava sobre seu corpo, um corpo que eu adorava em vá rias ocasiõ es
desde que abri minha casa para ele.
— Nã o se atreva a parar —, disse Tex.
A raiva passou por mim, e eu joguei meus quadris para frente, nos
sacudindo.
— Eu pensei que você queria me deixar, e agora você está me
implorando para nã o parar.
Tex choramingou.
— Você nã o está sendo justo.
Deixei cair suas pernas e me inclinei para frente. Eu mordi sua
orelha.
— Foda-se ser justo. Se eu tiver que te desmontar para mantê-lo, eu
o farei.
— Eu te odeio pra caralho.
Tex envolveu seus pulsos amarrados em volta do meu pescoço, me
puxando para perto. Ele me beijou como se nã o pudesse respirar sem
mim. Eu daria a ele todo o oxigênio que ele precisasse enquanto ele
ficasse comigo.
Coloquei beijos de boca aberta dos lá bios de Tex em seu ouvido.
— Terei todo o prazer em receber todo o seu ó dio. — Continuei a
foder Tex, o êxtase correndo em minhas veias a cada estocada. —
Apenas seja meu. Eu me senti como se estivesse implorando.
Eu me afastei e encontrei os olhos de Tex. Um filete de sangue
escorreu do canto de sua boca. Eu gemi quando me inclinei para frente
e o beijei novamente.
A boca de Tex se abriu. O sabor acobreado do sangue me
cumprimentou, mas além disso, era tudo Tex. Ele era tudo que eu
queria. Um grito tentou escapar dele, mas eu o engoli, selando nossas
bocas juntas. Seu buraco se apertou em torno de mim, interrompendo
meus movimentos e enviando prazer sem fim através de mim. Eu gemi
no beijo quando meu clímax caiu através de mim. Fui roubado de meus
sentidos e jogado no caos.
Eu estava perdido por alguns segundos, me afogando em êxtase,
antes de me arrastar para trá s e olhar para Tex. Ele desmaiou, porra
decorando seu torso e peito. Seu corpo estava relaxado sob mim, e eu
estava tentado a continuar me balançando dentro dele,
independentemente do fato de que eu já tinha gozado.
Eu segurei seu rosto e empurrei um pouco de seu cabelo preto para
trá s. — Eu nã o posso deixar você me deixar —, eu sussurrei, beijando-o
suavemente. — Você pode me odiar, mas eu amo...
O toque perfurou o ar e olhei para nossas roupas no chã o. Eu
relutantemente saí de Tex, mas parei para ver meu esperma escorrendo
de seu buraco.
Encontrei meu telefone e atendi sem pensar.
— Ei. Onde você está ? — perguntou Giancarlo.
Olhei para Tex na cama. Meu coraçã o ainda estava tentando sair da
minha caixa torá cica. Minha cabeça estava girando e eu nã o tinha uma
noçã o real da realidade.
— Terra para Enzo.
Pisquei, percebendo que nã o tinha respondido a Gin.
— Casa.
Houve alguma comoçã o antes que uma mú sica estridente viesse da
linha, seguida de silêncio.
— Estou lá atrá s. Você está bem?
Não. Eu nã o consegui responder. Eu estava travado. Fisicamente,
parecia que minha boca estava colada.
— Enzo, faça barulho se precisar que eu vá .
Os segundos se passaram e Giancarlo nã o me apressou. Eu precisava
de alguém. Tex estava desmaiado e estava fadado a piorar as coisas.
Fechei os olhos e grunhi.
— Já estou a caminho.
Eu nem tinha notado os sons do motor ao fundo.
— Você precisa de uma limpeza? — Gin perguntou.
Eu balancei minha cabeça e lembrei que ele nã o podia me ver.
Forçar-me a falar foi como vidro raspando na minha língua. — Nã o. —
Era uma palavra simples, mas demorei uma eternidade para dizê-la.
— Ok, bom.
Giancarlo ficou na linha comigo o tempo todo. Falando sobre quem
sabe o quê. Minha mente vagou, mas nã o importa aonde fosse, eu
sempre mantive meu olhar em Tex.
Mesmo neste momento, ele era tudo pelo qual eu estava obcecada. O
tempo passou e eu lentamente saí do meu lugar e fui para a cama de
hó spedes. Agarrei a capa, mas em vez de puxá -la sobre o corpo de Tex,
joguei-a no chã o.
— Enzo! — Gin gritou, sua voz ecoando em minha casa. — Bem,
você nã o é uma gracinha?
Sua voz ficou mais alta quando ele se aproximou do quarto de
hó spedes. Gin abriu a porta com Pen em seus braços. Seu olhar
instantaneamente caiu para Tex, e eu me movi em direçã o a ele.
Gin colocou o gato no chã o e levantou as mã os.
— Eu nã o estou fazendo um movimento sobre ele. Só estou
verificando. Gin engoliu audivelmente. — Ele ainda está vivo?
— Sim.
Ele assentiu.
— Quer sair?
Balancei a cabeça, sabendo que era ridículo nã o poder falar como
normalmente.
— Eu... eu quero ele lá em cima. — Cada palavra era um pouco mais
fá cil do que a anterior.
Giancarlo nã o me questionou e pegou o cobertor descartado. Ele
jogou para mim.
— Cubra seu homem. A ú ltima coisa que preciso é que você corte
um dos meus dedos porque toquei na pele dele.
Eu balancei a cabeça em agradecimento e enrolei Tex. Ele gemeu,
mas ainda estava inconsciente. Gin e eu o carregamos escada acima,
Pen em nossos calcanhares durante todo o caminho. Deitamos Tex na
cama e imediatamente comecei a limpá -lo.
Gin saiu da sala e fiquei feliz por ele estar me dando o tempo que eu
precisava. Eu me certifiquei de cuidar de Tex. Contusõ es já estavam se
formando em seus quadris e marcas de mordidas em seu peito e
pescoço.
Uma vez que ele estava todo limpo, puxei o cobertor para cima. Pen
pulou na cama ao lado de seu dono. Peguei os pulsos de Tex e os tirei
das algemas. Eu o beijei, desejando poder acordá -lo e dizer alguma
coisa, mas era mais provável que eu o possuísse de novo e de novo até
que tudo o que ele pudesse pensar e sentir fosse eu.
Eu desci as escadas uma vez que estava limpo e vestido.
— Quer falar sobre por que há um policial desmaiado em sua cama
com seu esperma vazando pela bunda dele? — Gin perguntou.
Meus ombros apertaram, e eu olhei para o meu irmã o.
Ele encolheu os ombros.
— Eu tinha algumas opçõ es açucaradas, mas vamos ser realistas,
Enzo. Você é essere stupido6.
— Eu sei. — Eu nã o podia negar, mas nã o havia maneira de
contornar isso.
— Você sabe o que deve fazer.
Eu balancei minha cabeça.
— Ele é meu.
— Enzo...
— Gin, lui è il mio tutto7.
Giancarlo parecia prestes a me estrangular, mas nem isso mudaria o
que estava acontecendo.
— Cazzate!8
Nã o era besteira; Tex era algo mais. Quando eu estava com ele, quase
me sentia completo. Eu nã o estava constantemente tentando decifrar
tudo ao meu redor. Ele tornou as coisas mais fá ceis. Claro, ele os
complicou da mesma forma, mas complicada era a minha vida.
— Ele nã o passa de uma fixaçã o —, enfatizou Gin.
Dei um passo em direçã o ao meu irmã o, encontrando seu olhar de
frente. Gin gemeu e jogou os braços para cima, se curvando em nossa
silenciosa batalha de vontades.
— Benito nã o vai gostar disso —, disse Gin.
— Do que eu nã o vou gostar? — Benito perguntou, entrando pela
minha porta.
VINTE E UM
TEX

Pulsando. Era tudo que eu podia sentir no começo. E entã o um peso


em meu peito, a sensaçã o dos lençó is macios de Enzo e um cobertor em
cima de mim. Forcei meus olhos a se abrirem.
— Miau!
Penelope gritou na minha cara. Eu gemi, rolando até que ele pulou
de cima de mim. Sem o peso em meu peito, pude respirar com mais
facilidade. Estou de volta ao quarto de Enzo. Minha mente estava
confusa até que me lembrei do que Enzo tinha feito.
O latejar em meu corpo se intensificou enquanto eu imaginava cada
momento anterior. Eu nem sabia quanto tempo tinha passado, mas eu
ainda podia sentir o gosto de sangue nos beijos de Enzo e sentir seu
pau me reivindicando de novo e de novo.
Saí da cama, parando assim que o chã o rangeu. Quando Enzo nã o
entrou correndo, continuei andando. Procurei na gaveta e encontrei
minhas roupas.
— Temos que sair daqui, Pen, — eu murmurei. — De verdade desta
vez. Eu nã o vou ficar.
Meu trabalho estava esperando; minha carreira e meu futuro
estavam em jogo. Se eu ficasse com o Enzo, estaria jogando tudo isso no
lixo. Caminhei até a porta do quarto, meu coraçã o disparado quando a
abri.
— Que porra você está pensando?
— Eu sei o que estou fazendo —, respondeu Enzo.
— Você ? Nã o te lembrei do que acontece quando você acha que tem
a merda sob controle? — O homem estalou, deslizando para um
italiano rá pido que eu nã o conseguia entender. — Onde ele está ?
— Deixe-o em paz,— a voz de Enzo se aprofundou, quase um
rosnado.—Se você tocá -lo...
— Você vai o quê?
— Vocês dois vã o se acalmar? — Era uma voz que eu reconhecia.
Giancarlo. — Desde quando eu tenho que ser a porra da voz da razã o?
Merda, aquela outra voz é Benito Vitale?
Um suor frio desceu pelas minhas costas. De todos na família, ele era
o mais perigoso. Seu arquivo era mais grosso do que o de qualquer
outra pessoa, e as coisas que ele tinha feito... Eu estremeci. Não posso
pensar nisso. Tenho que sair daqui.
Levou tudo em mim para acalmar minha respiraçã o. Meus pés
desceram as escadas frias, um por um. Os sapatos que eu estava prestes
a calçar estavam na porta da frente. Eu poderia mesmo alcançar isso?
Eu mantive Penelope agarrado ao meu lado. Ele geralmente ficava
quieto quando estava em cima de mim, e eu rezava para que ele
continuasse assim. Mergulhei no quarto de hó spedes, pegando minha
carteira da calça que eu estava usando. Sem chaves.
— Você vai se livrar dele, — Benito rosnou.
— Nã o.
Silêncio.
— Enzo, nã o estou pedindo.
— E eu nã o vou fazer isso, — Enzo disse calmamente. — Ele é meu.
Mais silêncio se seguiu, tã o alto que eu podia ouvir meu coraçã o
batendo em meus ouvidos.
— Eu mesmo farei isso, — Benito retrucou.
Meu peito apertou quando dei um passo para trá s. O som de Benito
se aproximando fez todos os cabelos da minha nuca se arrepiarem.
Imagens de cenas de crime e o que ele fez passaram pela minha cabeça
uma apó s a outra. Membros decepados, ó rbitas vazias, corpos azuis
frios. Imaginei todos eles sendo eu, e o medo desceu pela minha
espinha.
Vamos Caster. Se você vai cair, faça isso balançando.
Eu me preparei, esperando para ficar cara a cara com Benito. Em vez
disso, ouvi um grunhido, um baque e o som de luta.
— Porra. Vocês dois vã o acabar com isso? —perguntou Giancarlo.
— Droga!
Coloquei Penelope em sua caixa. Quando olhei na direçã o da
cozinha, pude ouvi-los brigando, mas nã o pude vê-los. Isso significava
que eles também nã o podiam me ver. Virando-me, examinei a á rea ao
meu redor. A bolsa que eu precisava, aquela com minhas coisas mais
importantes, ainda estava no final da escada. Eu o peguei, fazendo
malabarismos com tudo enquanto fugia do apartamento de Enzo.
Parei do lado de fora da porta aberta. Eu ainda podia ouvir o som de
carne colidindo com carne. Enzo vai ficar bem? Ele era um idiota, mas
eu nã o queria que ele se machucasse.
— Sai de cima dele, Enzo! — Giancarlo gritou.
Tomei isso como um sinal. Enzo estava ganhando. Além disso, eles
eram irmã os. Ele ficaria bem. Se Benito me encontrasse, eu nã o estaria.
O elevador apitou quando as portas se abriram. Eu verifiquei Pen na
caixa. Ele gritou comigo, deixando-me saber exatamente como ele se
sentia sobre a situaçã o.
— Sinto muito, amigo, mas nã o posso deixar você deslizando no
carro.
Eu me agachei, vasculhando a bolsa. Joguei minhas chaves em cima
dela, mas elas nã o estavam lá . — Acho que estamos andando. Carteira,
— eu disse, puxando-a para fora. — Podemos pegar um tá xi.
Quando cheguei ao ar fresco, respirei lenta e uniformemente. Olhei
para mim mesmo. Andando sem sapatos, com roupas desgrenhadas,
uma caixa de transporte para gatos e uma sacola plá stica cheia de
roupas, eu parecia um louco. É isso que meu amor pelo perigo me traz. O
que diabos eu estava pensando?
Meu telefone nem estava comigo. Eu nã o poderia ligar para Chelsea
e pedir que ela me pegasse ou Rourke. Eu estava travado. E eu nã o
podia ir para casa.
Enzo sabia onde eu morava e como entrar.
Olhando ao redor, tomei uma decisã o. A casa de Rourke nã o era
longe. Estive lá algumas vezes para assistir ao jogo, falar merda sobre o
trabalho e beber muita cerveja. Ele me daria um lugar para ficar se eu
contasse o que estava acontecendo.
Eu só tinha que chegar lá . Meio vestido, congelando, andando no
chã o nojento de Nova York. Todas as má s decisõ es que tomei na
adolescência voltaram para mim. Eu pensei que tinha crescido, mas
aparentemente, eu estava errado. Eu ainda estava perseguindo o alto,
mas desta vez o nome da droga era Enzo Vitale.

***

— O que? — Rourke perguntou pela terceira vez.


Esfreguei a á gua do meu cabelo com uma toalha grossa. Rourke me
deu o sofá e me deixou usar seu chuveiro. Penelope estava vagando e
chateado. Eu nã o conseguia nem olhar para ele sem que ele gritasse
comigo.
— Caster!
Eu pulei. — Desculpe. — Eu me sentei no sofá . — Eu disse que
preciso de um lugar para ficar por causa do Enzo. Ele sabe onde eu
moro. Ele já invadiu minha casa. Nã o posso voltar para lá .
— E por que diabos ele está atrá s de você? Você foi pego ou algo
assim?
Eu desviei o olhar. Eu queria ficar em silêncio enquanto ainda
protegia um homem que eu nã o tinha ideia de quem ele realmente era.
No entanto, eu conhecia as regras. Os parceiros deveriam contar tudo
um ao outro. Se eu continuasse mentindo para ele, o caso iria bombar, e
eu nã o teria ninguém para culpar além de mim.
— Eu tenho vivido com ele.
Rourke engasgou com a cerveja.
— O que?
— Você tem que parar de dizer isso, — eu gemi. — Fui atrá s dele, as
coisas se complicaram e me mudei.
Ele franziu a testa. — E daí? Você tem uma queda por um mafioso?
— Nã o —, eu cuspi. — Foi uma aventura pequena e estú pida. É isso.
— Meu estô mago se apertou. — Nã o foi nada.
— Você dormiu com um suspeito —, disse Rourke. — Nã o é nada.
Você sabe o que isso pode fazer com sua carreira?
— Eu nã o sou estú pido —, eu disse calmamente. — E nã o preciso de
palestras que estaria ouvindo se estivesse na casa do meu pai agora.
— Seu pai fez o trabalho dele —, Rourke estalou. — Ele era um
oficial condecorado. Você está fodendo um mafioso. Alguma vez você
pensou que ele estava certo em pegar no seu traseiro?
Olhei para Rourke, e ele olhou de volta. Minha mandíbula cerrou
com tanta força que meus dentes doeram. Foda-se meu pai. Por que
Rourke estava beijando sua bunda com tanta força?
Talvez ele esteja certo. Todo mundo sempre diz que meu pai é um
herói. Eu sou o único que se ressente tanto dele?
— Tex —, Rourke suspirou. — Nã o estou tentando ser um idiota,
mas você deve saber que isso é uma merda, certo? — Ele passou os
dedos pelos cabelos. — Se alguém descobrisse…
— Nã o diga a eles, — eu disse rapidamente.
— Se você tem sentimentos por ele, pode comprometer tudo isso.
Aquela carranca estava de volta. Eu estava vendo isso com muito mais
frequência ultimamente.
— Eu preciso saber se você está disposto a fazer o seu trabalho. Você
pode colocá -lo atrá s das grades?
— Sim —, eu murmurei.
— Você poderia puxar o gatilho para ele?
Um grito ecoou na minha cabeça, junto com o desejo de dar um soco
na cara de Rourke. O pensamento violento foi breve, mas forte. Eu
respirei fundo. De onde veio isso?
Enzo. A resposta foi rá pida e clara. Desde que o conheci, comecei a
andar para trá s. Sim, deixei as drogas em paz, mas voltei a ser
impulsivo, temperamental e selvagem. Enzo tinha feito isso comigo.
— Sim, — eu respondi, sentindo ondas de apreensã o tomarem conta
de mim. — Eu poderia.
Rourke procurou meu rosto. Eu senti que a qualquer momento ele
chamaria de besteira e gritaria comigo por minha estupidez. No
entanto, ele acenou com a cabeça e me passou uma cerveja depois de
abri-la.
Peguei e bebi metade da garrafa antes de afastá -la dos meus lá bios.
Rourke olhou para mim.
— Dia longo, — eu murmurei.
— Temos trabalho amanhã . Pode ser uma boa ideia você se deitar
mais cedo.
— Você acha que ele vai me encontrar aqui?
— Sim, e em breve —, disse Rourke. — Esses caras nã o sã o apenas
inteligentes, eles têm dezenas de pessoas que farã o tudo o que eles
mandarem. Tenho certeza de que eles sabem que estamos perto.
Encontrar meu lugar nã o será tã o difícil.
— Entã o eu preciso ir, — eu disse, me levantando. — Vou pensar em
ficar em outro lugar.
— Sente-se, — Rourke cortou, acenando com a mã o. — Nã o importa
aonde você vá , você estará em perigo. Pelo menos aqui, somos nó s
contra eles. Nenhum inocente vai se machucar. Ele balançou sua cabeça.
— Esta é uma razã o ainda maior para fechar os Vitale e jogá -los na
prisã o por um longo tempo.
Eu balancei a cabeça, mas minha boca parecia ter sido colada. Enzo
estaria atrá s das grades e eu nã o poderia vê-lo novamente. A ú ltima vez
que passamos juntos realmente seria sexo com raiva e palavras nã o
ditas?
Minha garganta parecia que a serragem estava entupindo, e eu
engoli mais cerveja para apagar a sensaçã o. Eu já sabia que as coisas
entre nó s nã o terminariam bem. Entã o, por que doeu tanto?
Penelope miou, pulou no sofá e se esfregou no meu braço. Eu cocei
atrá s de suas orelhas e comecei a acariciar o comprimento de seu corpo
rá pido e forte do jeito que Enzo fazia. Ele instantaneamente começou a
ronronar, o som tã o alto que rivalizava com o barulho da TV.
— O que você vai fazer com esse gato?
— Pen? — Perguntei. — Eu preciso conseguir alguns suprimentos
para ele, mas ele vai ficar bem aqui.
Enquanto eu falava, Penelope trotou até Rourke. Meu parceiro
franziu a testa, ergueu a mã o e tentou acariciar Penelope. Um grunhido
ecoou da garganta de Penelope antes que ele sibilasse para ele. As
costas de Penelope erguidas, sua cauda alta quando ele estendeu uma
pata e atacou Rourke.
— Maldiçã o —, Rourke gritou, pulando de seu assento quando me
juntei a ele. — Você precisa levar essa coisa para outro lugar! — Ele
olhou para sua mã o sangrando. — Merda, isso queima. Eu preciso
limpar isso. Encontre um lugar para ele ficar até terminarmos este caso.
— Ele nã o quis fazer isso, — eu disse. — Ele só está estressado.
— Sim, estressado —, Rourke murmurou. Girando nos calcanhares,
ele caminhou pelo corredor. — Quero dizer. Encontre um lugar para ele
ficar. Eu sou alérgico de qualquer maneira.
Olhei para Penelope.
— Por que você fez isso? — eu murmurei. — Você deveria ser um
bom menino.
Ele resmungou novamente, o som beirando um rosnado. Balançando
a cabeça, coloquei Penelope de volta em sua caixa, mas desta vez ele foi
de bom grado. Eu sabia onde poderia levá -lo. Chelsea amava Pen e nã o
se importaria em protegê-lo até que o caso terminasse.
A ideia de Penelope nã o estar ao meu lado só fez meus ombros
caírem ainda mais. Enzo se foi. Penelope estava prestes a ser mandado
embora. Tudo o que me restava era o meu sonho me encarando se eu
resolvesse este caso.
Eu ainda quero isso?
Guardei esse pensamento com força e rapidez. Ser detetive era tudo
o que eu queria. Eu nã o podia permitir que ninguém ficasse no meu
caminho.
CAPÍTULO VINTE E DOIS
ENZO

O caos era uma piscina sem fim na qual eu entrava, incapaz de escapar.
A escuridã o me envolveu e meus membros ficaram mais pesados a cada
movimento. A dor nã o foi registrada, apenas a dor no meio do meu
peito.
— Foda-se, cheira a alvejante aqui. — A voz de Gin ecoou através da
névoa constante que me cercava.
Continuei a esfregar os sulcos entre os ladrilhos. Meus dedos
ficaram enrugados e mal resisti à vontade de cortar as pontas dos
dedos.
— Enzo, — Gin chamou.
Eu nã o levantei os olhos do que estava fazendo. Se eu continuasse
limpando e me movendo, entã o a realidade ficava longe. Eu poderia
manter o pouco controle que tinha sobre mim mesmo.
Uma mã o pesada pousou no meu ombro, e eu fiquei rígido. Meu
estô mago revirou. A pequena voz na parte de trá s da minha cabeça
gritou para que fosse removido.
— Você tem que parar com isso. Se você nã o está procurando por
ele, está aqui limpando. — O aperto de Gin aumentou enquanto ele
tentava me puxar para cima. — Merda, Enzo, isso nã o é bom. Quando
foi a ú ltima vez que você dormiu?
Dormir? Eu nã o podia mais. Tudo o que eu pensava era em Tex.
Quando fechei os olhos, pude ver seus grandes olhos azuis olhando
para mim. Eu podia ouvir sua risada suave ou a maneira como ele gemia
quando comia minha comida. Sem sono para mim; só fez a dor piorar.
— Enzo!
Parei e me sentei de joelhos. Piscando, eu olhei para o meu irmã o.
Meu olhar ficou focado por um curto segundo antes de eu notar a pilha
de livros na mesa da cozinha. Levantando-me, fui até eles e os removi
de uma superfície para a sala de estar. Os livros estavam espalhados por
toda parte, metade na estante e os outros em pilhas variadas.
A bile queimou a parte de trá s da minha garganta enquanto eu
olhava para a bagunça desordenada. Como eu esqueci de terminar isso?
— Merda, Enzo. Nunca vi o lugar assim. Você tem que sair daqui.
— Ele pode voltar, — eu disse. Era a minha resposta todas as vezes
depois de procurá -lo por três dias seguidos. Tex nã o estava em sua casa
ou na casa de sua família. Eu até consegui informaçõ es sobre o parceiro
dele, mas nada.
Se nã o fosse por Gin, eu teria entrado diretamente na delegacia.
Gin rosnou.
— Tem que colocar a cabeça no lugar. Benito só vai deixar passar
tanto.
Eu não ligo.
— Ou você vem de bom grado, ou podemos fazer como nos velhos
tempos.
Gin estalou os nó s dos dedos, e eu olhei para suas mã os. Eles eram
tã o sangrentos quanto os meus.
Suspirei e coloquei os livros para baixo.
— Onde estamos indo? — Eu nã o tinha vontade de ser amarrado e
jogado no porta-malas. Eu nã o tinha mais dezesseis anos. Essa merda
nã o foi engraçada. Conhecendo Giancarlo, ele dirigia por aí por algumas
horas extras só para me fazer sofrer.
— Benito chamou por nó s.
As contusõ es no meu corpo eram uma prova de quã o zangado meu
irmã o estava comigo, mas eu dei a ele a mesma parcela de contusõ es.
De jeito nenhum ele estava bem com a forma como eu defendi Tex.
— Vamos, pare de pensar tanto. Você sabe como Benito é. Isso é
negó cio.
Eu balancei a cabeça e me dirigi para a porta, mas Gin me parou.
— Chuveiro e roupas limpas. Merda, se eu nã o te conhecesse,
pensaria que você está apaixonado, e agora seu coraçã o está partido.
Gin começou a rir como se fosse a ideia mais absurda. e talvez em
algum momento tenha sido.
Agora eu nã o tinha tanta certeza.
Fui para o quarto de hó spedes e me limpei. Eu nã o tinha sido capaz
de ir para o meu quarto sem olhar para a minha cama com desdém.
Havia uma razã o pela qual eu nunca permitia que as pessoas entrassem
no meu espaço, e eu abri para Tex. Eu sentia falta dele. Eu até senti falta
do sino tocando no pescoço de Pen.
O caminho para o clube nã o passou de um borrã o. Tudo estava
mudo e, se eu nã o estivesse focado, tudo parecia passar por um filtro
grosso, tornando-o macio e distorcido.
Mesmo entrar no clube nã o era chocante. Foi um aborrecimento,
mas nada que eu nã o pudesse lidar. Seguimos para o escritó rio de
Benito, e a cada passo parecia que eu estava caminhando para mais
perto de um tanque infestado de tubarõ es. Meu irmã o nã o era de largar
merda nenhuma. Eu sabia que ele ainda estava com raiva de Tex, mas
nã o era algo que eu estava disposto a ignorar também.
Gin abriu a porta e nó s entramos. Benito estava sentado atrá s de sua
mesa, examinando a papelada. No momento em que entramos, ele
olhou para cima sem nenhuma emoçã o em seu rosto enquanto olhava
para mim.
— Terminou de perseguir o inimigo? — Benito perguntou.
— Nã o.
Giancarlo suspirou como se outra luta estivesse prestes a começar.
— Ele nem ficou. Isso mostra que ele nunca se importou em
primeiro lugar —, disse Benito.
O tempo pareceu congelar ao meu redor quando fui até a mesa do
meu irmã o e passei minhas mã os sobre ela. Tudo voou para o lado
quando minhas mã os bateram com força na mesa de madeira.
— Isso nã o é verdade.
O olhar de Benito endureceu, recusando-se a ceder. Isso o tornou um
grande líder, mas à s vezes um irmã o de merda.
— Enzo, nó s já conversamos sobre isso. A maneira como você
percebe as coisas é diferente dos outros.
Meus dedos se curvaram e meus nó s dos dedos rasparam contra a
madeira. Eu poderia estar errado? O tempo que passei com Tex parecia
muito mais. Eu balancei minha cabeça.
— Nã o dessa vez.
— Enzo...
Levantei-me e encontrei o olhar do meu irmã o de frente.
— Nã o. Tex é diferente.
— Ele é uma ameaça para esta família.
Benito nã o estava errado. O trabalho de Tex era uma ameaça, mas o
pró prio Tex... eu nã o tinha certeza.
— Ele fica fora dos limites, — eu disse.
Benito parecia pronto para discutir, mas Giancarlo se aproximou.
— É isso, estou chamando. Acabamos brigando. Somos irmã os. —
Ele se encostou na mesa. — Vocês dois foram feridos de forma diferente
no passado.
Benito zombou, mas eu sabia a verdade. Meu irmã o se apaixonou
por Brycen; ele simplesmente nã o sabia que o homem estava jogando
contra nó s dois.
— Enzo, Tex é diferente?
Eu balancei a cabeça sem hesitar.
— Ele é. — Eu encontrei os olhares de ambos os meus irmã os.
Benito me encarou por um longo tempo antes de rosnar baixinho.
— Você está disposto a arriscar tudo o que temos por ele?
— Sim.
O rosto de Benito nã o mostrava nada enquanto nos encarávamos. A
tensã o aumentava a cada segundo que passava. Era mais fá cil controlar
minhas emoçõ es com Tex nã o estando tã o perto. Aquele dia na minha
casa foi uma das poucas vezes que eu perdi o controle para um dos
meus irmã os.
Os olhos de Benito diziam “eu nã o”. Ele nã o precisava dizer isso em
voz alta. Meu estô mago revirou e rezei para que nunca tivesse que
enfrentar meu irmã o em uma situaçã o de vida ou morte, mas por Tex?
Eu poderia.
— Precisamos manter o foco —, disse Gin.
— Ele conseguiu alguma coisa da sua casa? — Benito rosnou.
— Nã o, eu nã o guardo nada lá .
A tensã o era tã o espessa que eu estava no limite. Normalmente,
estar perto de meus irmã os me dava um pouco de paz, mas agora, eu
tinha que observar cada movimento e palavra que vinha de ambos. A
vida de Tex dependia disso.
— Benito —, disse Gin.
— Cale-se! — Benito tirou um cigarro e acendeu-o com um fó sforo.
— Os policiais sempre um incô modo. Vou lidar com isso a tempo.
Ele ergueu a mã o, cortando qualquer protesto que pesasse na minha
língua. — Outro de nossos carregamentos foi levado e quatro de nossos
homens estã o mortos.
— Foda-se —, Giancarlo rosnou.
— Como? — Perguntei. Nã o estava somando. A informaçã o que
tínhamos sobre o cara dizia claramente que ele era um policial, mas ele
nã o estava em nossa folha de pagamento. Eu verifiquei vá rias vezes.
— Tire a cabeça das nuvens e faça o seu trabalho —, disse Benito.
Ele olhou para mim. — Eu preciso do meu irmã o, nã o de um traidor.
Resisti à vontade de recuar e assenti. Dizer a ele que nunca o trairia
era inú til. Benito já havia se decidido; cabia a mim mostrar a ele que
estava atrá s da família. E que Tex nã o precisava ser morto. O ú ltimo
seria um pouco mais difícil, mas eu faria qualquer coisa para provar
isso.
Continuamos a examinar o que cada um de nó s havia encontrado. Eu
nã o tinha encontrado nada na semana passada; muito ocupado
procurando por Tex. Eu nã o podia dizer isso a Benito, entã o fiquei em
silêncio. Seu olhar inabalável me disse que ele já sabia que eu nã o
estava fazendo meu trabalho.
Quando nossa reuniã o terminou, eu me virei e saí correndo de lá . A
tensã o estava até me afetando. Eu normalmente prosperava sob ele,
mas estava me sentindo mal.
Saindo do escritó rio, encarei a mú sica estridente do clube. Estava
cheio como sempre, mesmo numa quinta-feira à noite. Inclinei-me
sobre a borda e olhei para o mar de pessoas.
Olhos azuis familiares emoldurados por cílios pretos grossos
chamaram minha atençã o. Um maxilar quadrado e lá bios com os quais
sonhei me fizeram descer as escadas de dois em dois. Eu estava no
chã o, correndo pela multidã o de pessoas. Corpos suados pressionados
contra mim me desacelerando enquanto eu me dirigia para ele.
Quanto mais perto eu chegava, mais longe ele corria. Eu persegui
Tex querendo nada mais do que pegá -lo. Desta vez, eu nã o iria deixá -lo
escapar. A porta dos fundos se abriu e, alguns segundos depois, saí
correndo.
Instantaneamente, vi a jaqueta que ele estava usando. Meus pés nã o
podiam me levar rá pido o suficiente para ele. Eu queria chamar seu
nome, mas minha boca permaneceu fechada. Eu agarrei seu ombro e o
virei.
— Merda, que porra é essa, cara? — Um estranho com rosto em
forma de coraçã o e olhos castanhos me encarou. Uma boca que nã o era
de Tex virou para baixo em uma carranca. Ele se desvencilhou do meu
aperto. — Cara, diabos é o seu problema?
Eu sabia o que vi. Nã o havia como eu estar alucinando. Eu agarrei o
estranho antes que ele pudesse ir a qualquer lugar.
— Onde você conseguiu essa jaqueta?
— Qual é o seu negó cio?
Eu me aproximei e olhei para ele. Ou ele viu sua morte em meu
rosto, ou seus instintos entraram em açã o. O corpo do estranho ficou
rígido e ele quebrou o contato visual.
— Algum cara jogou para mim com algum dinheiro e disse para ficar
aí.
— Onde ele foi? — O desespero em minha voz soou em meus
ouvidos. Eu só precisava ver Tex. Nã o, isso nã o era verdade. Eu
precisava segurá -lo e mantê-lo perto.
— Ele atravessou a rua correndo. Eu nã o vi qual...
Pressionei com força contra o ponto de pressã o em seu ombro. As
pernas do estranho vacilaram e ele soltou um grito estrangulado. Sua
mã o se estendeu para envolver meu pulso, mas eu apenas apliquei mais
pressã o.
— O-ok.
— Você está desperdiçando meu tempo. Para que lado.
Ele soltou meu pulso com dedos trêmulos e apontou para a
esquerda. Eu o deixei ir e corri. O ar frio entrava e saía dos meus
pulmõ es. A queimadura nã o era nada comparada com a dor cada vez
maior. Parei no semá foro e olhei para os dois lados.
Meu coraçã o batia forte e meus pulmõ es queimavam. Procurei em
todos os sentidos, mas nã o havia nenhum Tex. Empurrei meus dedos
pelo meu cabelo e puxei. No lugar das emoçõ es turbulentas que me
atravessam, uma assumiu o controle. A ú nica emoçã o que eu entendia
acima de tudo.
Raiva.
— Se eu nã o posso ter você, entã o ninguém pode.
CAPÍTULO VINTE E TRÊS
TEX

O fogo queimou meus pulmõ es quando virei outra esquina e depois


outra. Merda, merda, merda! Eu nã o pretendia entrar no Blu, mas meus
pés me levaram até lá como se eu estivesse no piloto automá tico. Eu
tentei de tudo para tirar Enzo da minha cabeça, mas ele sempre estava
lá . Eu tinha me convencido de que apenas um vislumbre dele seria
suficiente, e entã o eu desapareceria, mas ele também me viu.
Os olhos escuros de Enzo nos meus fizeram arrepios percorrerem
minha espinha. Um olhar, e eu nã o queria nada mais do que subir em
sua cama e cavalgar em seu pau até que ele sorrisse para mim. No Blu,
lembrei-me de que ele nunca sorria tanto, exceto quando estava
comigo.
Meu coraçã o batia forte quando me encostei na parede de um beco e
suguei a respiraçã o cheia de fumaça de cigarro de alguém pró ximo. A
mulher levantou uma sobrancelha para mim, e eu assenti. Eu
provavelmente a assustei como o inferno. Fechei os olhos e dei outra
longa e profunda respiraçã o até que meu coraçã o parou de bater forte
no meu peito.
É isso. Não posso mais olhar para ele.
Meu ú nico trabalho era investigar a família Vitale. Nã o há mais
pequenas viagens para olhar para Enzo. Chega de passar pela casa dele
no carro novo que eu peguei. E nã o mais pensar nele como outra coisa
senã o meu inimigo.
Eu me desvencilhei da parede, me arrastando por outro conjunto de
becos até chegar perto do meu carro. Deslizando atrá s do volante, eu
olhei para longe. Minha vida estava indo tã o bem, mas agora era uma
bagunça caó tica.
Não como se fosse culpa de alguém, mas minha. Eu nunca deveria ter
ido para a cama com ele.
O pensamento de nunca sentir suas mã os em meu corpo ou sua boca
na minha foi o suficiente para me deixar em depressã o total. Abri o
porta-luvas e peguei o maço de cigarros. Tirando um, enfiei na boca e
acendi. Eu nã o fumava há anos, mas me transformei em uma chaminé
da noite para o dia.
Liguei o carro e fui direto para a casa de Chelsea. Penelope ficaria
feliz em me ver, e eu a ele. Eu precisava de algum conforto.
— Yo, — Chelsea disse enquanto abria a porta. — Entre.
Entrei em seu apartamento colorido.
— Onde está a Pen?
— Provavelmente em algum lugar por aqui, fazendo xixi em alguma
coisa. Ele é um mijador de vingança,— ela disse enquanto estalava a
língua. — Pen, papai está aqui! — Ela se virou para mim, me olhando de
cima a baixo. — Você cheira a suor e cigarro. Onde diabos você estava?
— Fora, — eu murmurei.
— Onde fora?
Eu fiz uma careta.
— Nã o pergunte.
Chelsea gemeu.
— Você foi ver Enzo de novo, nã o foi? — Ela me seguiu enquanto eu
caminhava por sua casa em busca de Penelope. — Tex, se você
continuar aparecendo no Blu, isso enviará a mensagem errada. Como
qualquer um de vocês pode seguir em frente assim?
Eu apertei minha mandíbula com tanta força que doeu. Ela nã o
estava errada, mas eu também nã o queria ouvir. Um clarã o laranja
passou por mim e fui atrá s de Penelope. Eu o peguei em meus braços.
— Ei, baby —, eu arrulhei. — Por que você está fugindo?
Penelope uivou e se afastou de mim. Eu o coloquei no chã o. Assim
que se levantou, ele fugiu, desaparecendo no quarto de Chelsea. Fiquei
olhando para ele enquanto meu rosto caía. Se antes eu estava
deprimido, agora estava pior.
— Aquele gato guarda rancor —, Chels murmurou. — Assim como
seu papai.
— Eu nã o. — Suspirei, querendo perseguir Penelope, mas sabendo
que essa nã o era a resposta. — Tem alguma comida?
— Chuveiro primeiro —, ela dirigiu. — Nã o aguento mais três
respiraçõ es cheias de você agora.
Eu levantei minha camisa e cheirei.
— Justo.
Meu banho foi rá pido, principalmente porque sempre que ficava
sozinho, pensava em Enzo. Saí rapidamente, ainda secando meu cabelo
enquanto caminhava de volta para a cozinha. Chelsea colocou dois
pratos na mesa, cheios de tacos recheados.
— Onde você tem ficado? — ela perguntou quando nó s dois nos
sentamos.
Mordi um taco e dei de ombros. — Ao redor, — eu disse. — Sofá -surf
principalmente. Se eu ficar em um lugar por muito tempo…
— Enzo vai te encontrar.
— Exatamente,— eu disse, tentando nã o mostrar como eu me abalei
quando ela disse o nome dele tã o casualmente. — Até agora tudo bem.
— Você nã o pode continuar vivendo assim.— Ela franziu a testa. —
Nã o pode ser saudável para você.
Dei de ombros novamente.
— O caso está avançando. Mais cedo ou mais tarde, ele estará atrá s
das grades e poderei viver minha vida novamente.
— Mesmo quando ele está preso, você acha que isso vai parar? Tex,
ele é o tipo de homem que nã o vai superar isso. Depois de mandá -lo
embora, ele pode matá -lo. Caras como ele nã o se importam.
— Ele nã o é tã o ruim. — As palavras escaparam antes que eu
pudesse me conter. Por que estou defendendo ele? Eu limpei minha
garganta.
— Ele nã o me mataria.
— Nã o? — Ela levantou uma sobrancelha. — Tem certeza?
Eu abri minha boca. Imagens de Enzo me fodendo para salvar a vida
em seu quarto de hó spedes voltaram para mim. Aquele olhar em seu
rosto continha algo perigoso, algo... poderoso. Por mais que a loucura
nele me excitasse, agora eu estava do lado de fora olhando para dentro.
Se aquela insanidade foi treinada em mim, Chelsea estava certa; nã o
importa o quanto eu nã o queria admitir, eu poderia acabar morto.
— Você encontrou alguma coisa no disco rígido dele? — Eu
perguntei, tentando mudar o assunto de volta para algo frio e clínico. A
investigaçã o.
— Algumas coisas, nada muito importante. Ele é muito minucioso,
mas nã o é nada sobre seu trabalho, pelo menos nã o na superfície.
Tenho certeza de que ele codificou algumas coisas mais profundas, e
vou encontrá -las. Ele é esperto. — Ela assentiu. — Me dê um pouco
mais de tempo? O que você vai fazer com a informaçã o assim que eu a
encontrar? Nã o é como se você pudesse dar ao seu chefe. Você
conseguiu invadindo a casa dele.
— Eu sei, — eu balancei a cabeça, grata por ela ter parado de usar o
nome dele. — Nã o será admissível no tribunal, mas pode me levar a
algo que é. Todo mundo está contando comigo agora. Eu tenho que ter
sucesso.
A carranca de Chelsea piorou.
— Parece que você está tentando fazer todo mundo feliz. Mas e
você?
Pisquei para Chelsea.
— Ser um detetive me fará feliz.
— Tem certeza?
— Jesus, Chels. Por favor, saia do meu pé.
Ela ergueu as mã os.
— Só estou pedindo para você olhar as coisas, só isso. — Penelope
miou, interrompendo nossa discussã o e a tensã o que começava a
crescer. — Sim, seu papai está aqui, sendo um idiota.
Peguei Pen em meus braços, e ele estava superado.
— Nã o dê ouvidos a ela. Ela é louca.
Chelsea jogou alface picada na minha cara.
— Cale a boca, ou eu vou expulsá -lo.
— Você ouviu isso? Ela vai nos colocar nas ruas, Pen.
— Ele nã o —, disse ela. — Só você.
Eu zombei.
— Que idiota.
Chelsea sorriu, e eu devolvi a expressã o. Nã o importa o quã o difícil a
vida fosse, eu precisava me lembrar que eu me importava com ela. Nã o
era culpa dela que minha vida fosse um show de merda có smica.
***

Procurei debaixo do tapete a chave que sabia que estava em algum


lugar. Rourke manteve meu uniforme em sua casa, o que foi bom. Eu
nã o podia deixar meus chefes saberem que eu estava fazendo favela.
Eles pensariam que eu nã o poderia lidar com minhas merdas. Quer
dizer, eu nã o podia, mas tinha que fingir que podia.
— Encontrei você.
Peguei a chave e a enfiei na porta. Silenciosamente, eu a fechei atrá s
de mim. Rourke e eu tínhamos que trabalhar juntos de qualquer
maneira, mas se ele ainda estivesse dormindo, eu nã o queria acordá -lo.
Fiz meu caminho pelo corredor e parei quando ouvi uma voz.
Acho que ele já está acordado.
Eu fechei meu punho, pronto para bater em sua porta, mas parei.
Quem quer que ele estivesse falando, eu nã o conseguia ouvi-los. Ele
estava ao telefone.
— Nã o, esta noite nã o é bom. Eu preciso cuidar da merda. Silêncio.
—Saia da minha bunda! — Rourke estalou. — Eu sei o que diabos eu
preciso fazer. Você faz o seu maldito trabalho e eu faço o meu! Idiota.
Eu pulei com os gritos de Rourke. Desde quando ele perdia a
paciência assim? Ele estava no meu pé desde que nos conhecemos, mas
era só ele. Esse? Foi algo diferente.
Pensei melhor em bater na porta de Rourke. Se ele estava tendo uma
manhã ruim, eu queria ficar do outro lado dessa merda. Dando meia-
volta, fui até o armá rio do corredor e peguei meu uniforme.
— Caster?
— Sim, sou eu, — respondi. Peguei meu uniforme, dei um passo
para trá s e encontrei Rourke parado no corredor. — E aí?
— Quando você chegou aqui?
Dei de ombros. — Agora mesmo, — eu menti. — Preciso do meu
uniforme para o trabalho. Você está quase pronto?
Ele me olhou de perto antes de assentir.
— Estarei em dez.
— Eu também. Vamos buscar comida a caminho da esquadra. Nã o
posso me atrasar de novo.
— Certo. Vamos nos mexer.
Eu parei.
— Você está bem, Rourke?
Ele se virou para mim.
— O que você quer dizer?
— Nã o sei. Ultimamente, você parece um pouco desligado, só isso.
Eu queria saber se você está bem.
Seus olhos se estreitaram. Por um breve momento, senti o gelo
escorrer por minhas veias antes que o olhar em seu rosto se dissipasse
e o medo que eu sentia fosse junto com ele. Que raio foi aquilo?
— Estou bem, garoto —, disse ele antes de acenar para mim. — Você
está vindo ou nã o?
— Sim —, eu disse, ainda tentando me livrar do mal-estar que se
arrastava pela minha espinha. — Sim, estou indo. Sarge quer que
examinemos os arquivos antes que o chefe entre e precise ser
apanhado.
— Entã o vamos fazer isso —, disse Rourke, desaparecendo em seu
quarto.
— Sim.
Fiquei olhando para ele pelo que pareceram anos. Qual é o problema
dele? Ele está agindo assim porque estou ficando aqui com mais
frequência? Ou porque ele sabe que eu fodi Enzo?
Rourke nunca tinha sido tã o curto comigo. Direto e um pé no saco,
com certeza. Curto e á gil? Nã o. Algo estava acontecendo com ele.
Entrei no banheiro e fechei a porta. O que quer que esteja
acontecendo com ele, não é da minha conta. Mas os parceiros devem
contar tudo um ao outro.
Ambos os meus lados lutaram, tentando descobrir a melhor maneira
de lidar com isso. No final, coloquei meu uniforme e engoli tudo. Rourke
iria falar comigo eventualmente. A ú ltima coisa que ele precisava era
que eu o empurrasse para uma conversa que ele nã o estava pronto para
ter. Da mesma forma que ele respeitava minha privacidade, eu
precisava respeitar a dele.
— Preparado? — Rourke perguntou quando entrei na sala, seu mau
humor havia desaparecido.
— Sim.
Ele assentiu, me olhando antes de sorrir.
— Desculpe, estou com um humor de merda. Vai passar.
— Tenho certeza que sim. Todos nó s já estivemos lá .
— Exatamente—, disse ele, pegando as chaves da mesa de centro. —
Você entendeu.
— Eu faço —, eu disse, rindo sem jeito. — Eu preciso de café.
— Eu também! — Ele sorriu. — Prefiro nã o explodir no trabalho e
ser demitido.
Só assim, nó s passamos pela situaçã o, mas ela se acomodou em
minhas entranhas como uma pedra. Engoli em seco e me preparei para
o dia seguinte. O chefe e a sargento White esperavam por respostas. Eu
precisava dar a eles.
A vida era muito mais simples algumas semanas atrás.
CAPÍTULO VINTE E QUATRO
ENZO

— Senhor, eu juro...
Bang. O toque do tiro cortou qualquer outra palavra que ele iria
dizer. Sangue quente espirrou no meu rosto e nas minhas mã os. Olhei
para minha mã o pintada com gotas carmesim e nã o senti nada.
Um assobio cortou o ar, e eu desviei o olhar da minha mã o para
encontrar Gin entrando. Seu olhar dançou sobre o corpo na cadeira.
— Você tem passado por eles cada vez mais rá pido. Nã o podemos
substituí-los com a rapidez com que você está se desfazendo de nossos
homens. Gin chutou a cadeira, e o corpo caiu no chã o, acrescentando
mais sangue à poça que já decorava o chã o.
— Outro traidor?
Eu balancei a cabeça. A merda foi profunda, mas tudo o que eles
puderam me dar foi a mesma porra de nome. Ramada. Ele estava morto.
Eu mesmo cuidei disso e nã o cometi erros desleixados.
Giancarlo puxou um cigarro e eu peguei um dele.
— Acha que o fantasma dele está nos assombrando?
— Ele é o ú ltimo fantasma com o qual eu me preocuparia.
Gin riu, mas eu nã o pude acompanhá -lo. Ultimamente, eu ri ainda
menos do que antes.
— Entã o o policial que eles mencionaram é Ramada ou alguém com
quem ele trabalhou?
Eu gemi.
— Eu já investiguei o ex-parceiro dele. Foi ele quem delatou
Ramada. Seu ex-parceiro era do tipo certinho. A ú nica mancha em seu
registro foi sua parceria com Ramada.
Acendi o cigarro e inalei a fumaça segurando-o enquanto minha
mente divagava. Foi direto para Tex, alimentando a raiva em mim e
empurrando qualquer fadiga que eu pudesse ter sentido. Peguei o
cigarro e apertei a ponta acesa no polegar para apagá -lo. Soltando a
fumaça, chamei alguns de nossos homens para entrar e começar a
limpar.
— Merda, Enzo, — Gin rosnou enquanto olhava para a minha mã o.
Eu mal registrei a picada.
— Nã o se preocupe com isso. Tenho que seguir outra pista.
Ele agarrou meu braço.
— Você precisa dormir.
Por que ele nã o conseguia ver que eu precisava me manter ocupado,
ou acabaria fazendo algo imprudente? Como invadir a delegacia e
matar qualquer um que entrasse no meu caminho em busca de Tex.
Olhei para o meu irmã o e seu aperto no meu braço afrouxou o
suficiente para me libertar.
— Enzo, eu entendo que você está com raiva...
— Você nã o recebe nada. — Eu me afastei dele. — Estou fazendo o
que precisa ser feito pela família.
Dei meia-volta e saí depois de lavar as mã os e o rosto. Cada um de
nó s tinha um trabalho e eu precisava voltar a me concentrar no meu. Eu
deixei tanto escapar enquanto me concentrava em Tex, mas esse nã o
era mais o caso. Tex deixou claro que éramos inimigos e nada mais.
Cerrei os dentes. Como toda vez que eu pensava em Tex
ultimamente, eu queria socar alguma coisa ou matar alguém.
— Senhor, — um dos homens levantou minhas chaves, e eu as
peguei.
Minha mente era um mar infinito de pensamentos inconstantes. Eu
estava tã o distraído que nã o percebi que estava atrá s do volante. Ou
mesmo dirigindo. Eu nã o tinha ideia de para onde estava indo, mas
minha mente estava em branco enquanto os prédios voavam. Antes que
eu percebesse, eu estava parando. Pisquei e gemi ao ver o apartamento
de Tex.
Por que diabos estou aqui?
Eu sabia que ele nã o estava lá . Eu tinha um homem no local o tempo
todo. Eu o vi enquanto ele andava ao redor do prédio e entrava. Meu
estô mago revirou e meu aperto no volante aumentou. No fundo, eu
sabia que precisava deixá -lo ir. Aquilo era Brycen de novo. Talvez
minhas mã os estivessem muito ensanguentadas para segurar alguém.
Não, Tex é meu.
Ele poderia continuar se escondendo, mas eventualmente eu iria
encontrar Tex Caster. Meu telefone tocou, chamando minha atençã o
para longe do prédio.
— Senhor, há algo que você pode querer ver.
— Mande-me a localizaçã o. Estarei aí em breve.
A mensagem passou. Dei uma ú ltima olhada rá pida no prédio de Tex
antes de sair e pegar a estrada.
A casa de Ramada ficava em um bairro rico. Um bom demais para
um salá rio escasso de policial. Ele era solteiro. No momento em que
entrei em seu lugar, pude ver o porquê.
Este lugar é nojento. Evitei pisar em qualquer coisa que grudasse nos
meus sapatos.
— O que você achou? — Perguntei.
Calcei as luvas, percebendo que havia negligenciado a limpeza tã o
bem quanto deveria depois de matar o ú ltimo cara. Minha pele se
arrepiou com o conhecimento, mas forcei a necessidade de me limpar.
Em vez disso, segui atrá s de um dos meus homens até o computador.
Sentando-me, cliquei no mouse e a tela se iluminou. Ele estava certo.
Eu queria ver isso. Havia alguns arquivos ocultos, alguns até protegidos
por senha. Se valia a pena esconder, valia a pena investigar.
— Alguém já veio aqui para ver como ele está ? — Perguntei.
Blake dobrou a esquina e balançou a cabeça.
— Nã o senhor. Ele nã o tem família e está apenas algumas semanas
atrasado nas contas.
Eu balancei a cabeça.
— Nã o deixe nada importante para trá s.
Blake saiu para lidar com isso com os outros, e me concentrei no
que precisava fazer. Os computadores eram muito mais simples que os
humanos. Eles nã o tinham emoçõ es complicadas ou sonhos que os
impediam de trabalhar.
O computador estava lento e resisti à vontade de mexer nas coisas.
Ele apitou quando o software que eu instalei foi concluído. Ele
vasculhou todos os arquivos disponíveis. Meus homens estavam
destruindo ainda mais o lugar, procurando sabe-se lá o quê.
Se ao menos fosse tã o simples com uma placa dizendo que aqui está
o que você precisa para descobrir quem estava tentando derrubar sua
família. O computador apitou e examinei os arquivos ocultos.
O nome da minha família surgiu em vá rias ocasiõ es e em alguns
negó cios nos quais estávamos envolvidos. Ramada investiu muito mais
do que pensávamos. Tirei uma foto e mandei para o Benito. Continuei a
vasculhar os arquivos. Mais alguns nomes apareceram, mas um eu vi
tanto quanto o nosso nome riscado na parte de trá s da minha cabeça.
Dilan Mathews. Nã o foi a primeira vez que vi o nome dele ou mesmo
ouvi-lo. Ele era um dos poucos traficantes que trabalhavam para nossa
família. Seu histó rico era louvável. Eu verifiquei os livros pessoalmente,
e ele nã o tentou tirar nenhum dinheiro do topo. Sem mencionar que ele
nã o estava envolvido com nenhum dos carregamentos de armas. O que
diabos ele tinha a ver com tudo isso?
Havia muitas perguntas e poucas respostas.
O nome de um revendedor barato apareceu algumas vezes.
— Blake. Carter. Ambos vieram até mim, prontos para receber
ordens. —Encontre-o.
Passei a foto de Dillan Mathews.
Algo me disse para olhar mais para ele. Eu raramente ignorava meus
instintos, exceto quando se tratava de um determinado policial.

***

— Encontraram?
Blake balançou a cabeça.
— Mas descobrimos que ele foi pego alguns meses atrá s.
Fiz um gesto para que continuassem e Carter continuou de onde
Blake havia parado.
— Dillan foi preso por acusaçõ es de posse e distribuiçã o. O caso era
hermético. Eles tinham alguém disposto a testemunhar.
— Mas? — Meu estô mago apertou.
— O patrã o nã o tinha feito uma palavra para ele ser inocentado, e
isso nunca foi relatado. Mas Dillan foi solto no dia seguinte —, disse
Blake.
— Quem era a testemunha? — Perguntei.
— Carl Rodgers, um viciado em metanfetamina. Um dos
frequentadores de Dillan.
Cocei meu queixo, o cabelo roçando na ponta dos meus dedos,
lembrando-me que precisava de um corte.
— O que mais?
— Ele está fazendo seus pagamentos como de costume, mas nunca
mais é ele. Seu primo disse que nã o vê Dillan há semanas, mas foi
instruído a continuar enviando dinheiro.
— As drogas? — Minha cabeça estava começando a doer.
— Alguém está vendendo, mas nã o conseguimos obter as respostas
do primo.
— Nã o poderia?
Carter limpou a garganta.
— Ele nã o tinha nenhuma resposta.
Peguei uma bebida e servi enquanto me sentava. Eu preferia fazer a
tortura sozinho, mas nã o podia estar em todos os lugares o tempo todo.
Carter e Blake eram alguns de nossos homens que eu sabia que eram
capazes de obter respostas quando necessá rio. Tomei um gole da minha
bebida, o á lcool como fogo líquido enquanto descia.
— Quem estava no comando da apreensã o? — Perguntei.
— Ramada e Chandler —, respondeu Carter.
Levantei-me em segundos e movi alguns livros espalhados antes de
encontrar o arquivo que Benito me entregou. Ali, claro como o dia,
estava o ú ltimo nome nas listas. Aaron Chandler tinha trinta e seis anos
e foi demitido. Ao contrá rio de Ramada, ele nã o conseguiu manter o
pacote de aposentadoria ou mesmo sair com salá rio. Tudo o que eles
fizeram juntos foi colocado em seus ombros. No entanto, no final, foi
varrido para debaixo do tapete e ele conseguiu se tornar um homem
livre.
Por que eu não o matei ainda? Um sorriso diabó lico e olhos
tentadores vieram à mente, e fui imediatamente atingido pela raiva. O
vidro quebrou na minha mã o, e eu olhei para baixo enquanto cortava
minha carne. Algo diferente de raiva rodou em meu peito. Eu empurrei
tudo para longe.
Sem mais distrações.
Acho que era hora de terminar a lista.
— O parceiro de Ramada era James Till. Como diabos eles foram os
ú nicos a prender Dillan?
Blake olhou para minha mã o sangrando e se moveu para pegar uma
toalha. Peguei-o e coloquei-o sobre a mesa, ignorando-o e
concentrando-me no que estava diante de mim. Respostas.
— Till estava de licença paternidade. Ramada e Chandler eram
parceiros temporá rios —, disse Carter.
Nã o é de admirar que eu nã o os tenha colocado juntos. Eles estavam
na mesma delegacia, mas pelo que eu percebi, eles nunca estiveram
juntos. Eu me castiguei por perder algo que normalmente nunca
esqueceria. Erros flagrantes um apó s o outro, tudo porque eu me
permiti ser distraído.
— Senhor —, disse Blake, apontando para a minha mã o. — Você
deve...
—Vocês dois podem sair.
Carter puxou Blake, e eles se viraram e se dirigiram para a porta.
Eles pararam antes de sair.
— Você nos quer de volta em Caster?
Ouvir seu nome enviou uma reaçã o violenta pelo meu corpo. Cerrei
o punho e os cacos de vidro cravaram-se ainda mais na minha carne.
Sim.
— Nã o, ele nã o é importante agora. — A mentira era como cinzas na
minha língua, mas se eu continuasse a dizê-la, iria acreditar mesmo
quando o enterrasse.
CAPÍTULO VINTE E CINCO
TEX

Eu levantei a mã o e hesitei antes de bater na porta. O que havia em


voltar para casa que sempre me fazia parar? Eu respirei fundo. Cada
campainha de alarme tocou. Eu deveria me virar e sair. Se meu pai nã o
estivesse ameaçando falar com meu sargento sobre os arquivos
perdidos, eu teria feito isso. Nã o havia como contornar o que eu tinha
feito.
Meus dedos bateram contra a porta de tela. Levantei-me um pouco
mais ereto, olhando para frente. Um grama de fraqueza, e ele estaria
ainda mais no meu pé. A porta se abriu. Eu olhei para minha mã e.
Quanto mais velho eu ficava, menos ela parecia.
— Oi querido. — Ela sorriu, mas o olhar foi forçado. — O que você
está fazendo aqui?
— Papai está por perto? — Eu já sei que ele é. Quando o velho sai?
— Sim, ele está na sala de estar. — Ela abriu a porta e me deixou
entrar. —O que está acontecendo com vocês dois? Ele nã o vai me dizer
nada.
Meus lá bios se apertaram. Eu nã o sabia o que dizer a ela que nã o a
fizesse olhar para mim com decepçã o nos olhos.
— Nada —, eu disse brevemente. — Vou falar com o papai.
— Oh. Ok. — Ela franziu a testa. — Vocês dois joguem bem.
Eu reprimi o escá rnio que ameaçava se libertar. Legal. Nunca havia
nada de bom quando nó s dois éramos deixados sozinhos. Um de nó s
sempre estragava tudo. Entrei na sala de estar e ele olhou para cima,
um sorriso de escá rnio torcendo seus lá bios.
— O que diabos você estava pensando?
Ah, já estamos começando.
Enfiei as mã os nos bolsos.
— Eu perguntei à você...
— Eu sei o que você me perguntou —, ele retrucou. Ele agarrou sua
bengala, ficando de pé para me encarar. Ele sempre fazia isso quando
queria ser intimidador. Ele tinha esquecido que eu cresci desde entã o?
— Eu disse para você ficar bem longe dos Vitales.
— Sim, eu sei.
Ele zombou.
— Você nã o sabe merda nenhuma, ou você nã o teria me ignorado e
feito o que diabos você queria fazer.
Eu olhei para ele. Ele achava que eu ainda era uma criança? Ok,
roubar dele nã o era certo, mas ele tinha que falar assim comigo?
Jogando meus ombros para trá s, eu apertei minha mandíbula com
força até que a dor passou por ela. Pontadas agudas de dor focaram
minha atençã o.
— Eu precisava disso para minha investigaçã o, — eu disse. — Há
toda uma força-tarefa girando em torno dos Vitales, e isso nã o teria
acontecido sem mim. Tenho pessoas me vigiando.
— Isso nã o significa nada —, ele resmungou. — Você quer ser algum
tipo de figurã o, é isso que é. Quer bancar o heró i? Tudo o que você vai
fazer é se matar.
Eu zombei.
— Como você? Pelo que ouvi, todos dizem que você foi um heró i,
mas a verdade é que você foi tã o ruim quanto eu. Atacando primeiro a
cabeça, levando um tiro. Como você pode me irritar quando sou sua
có pia exata?
Ele olhou para mim. Eu desviei o olhar, brincando com meus dedos.
Não deveria ter dito isso. Eu nã o pretendia deixá -lo escapar, mas a
hipocrisia do que ele estava dizendo me atingiu no rosto como uma
tonelada de tijolos. À medida que o silêncio crescia entre nó s, mudei de
um pé para o outro. Ele ficou em silêncio até que eu olhei para cima e
encontrei seu olhar zangado.
— O que você disse para mim?
Eu me forcei a nã o dar um passo para trá s. Meu pai passou por cima
de mim para frente e para trá s quando estávamos juntos, mas eu nã o
estava com humor para essa merda agora.
— Eu disse que claramente peguei de você, — eu disse.
Ele deu um passo em minha direçã o, mas eu permaneci imó vel.
Quando seus olhos se estreitaram, tudo que eu conseguia pensar eram
todas as vezes que ele tinha me dilacerado quando criança. Meu pai
raramente colocava as mã os em mim, mas sua habilidade de me
despedaçar com algumas palavras bem colocadas era realmente um
talento.
— Você nã o é nada como eu —, disse ele lentamente.
Meu estô mago caiu, transformando-se em um poço de ansiedade
quando aquele olhar surgiu em seu rosto. Vire-se e saia. Eu posso dar o
fora daqui agora mesmo e nunca ter que ouvir outra palavra da boca
dele. Tentei me mover, mas era como se meus pés estivessem colados no
chã o. De alguma forma, ele ainda tinha um poder sobre mim.
— Quando eu tinha a sua idade, estava seguindo os passos do meu
pai. Todo homem nesta família foi policial, depois detetive e subiu na
hierarquia. Você tem andado brincando, Tex. Todas as chances que você
teve desde o colégio, você estragou. Quantas vezes eu encontrei você
pendurado lá em cima?
— Pare, — eu disse, minha voz tremendo apesar do quanto eu tentei
fazê-la parar.
— Uma vez que te chutei para fora, quantas vezes eu te encontrei
naquele apartamento de merda que você morava tã o fora dele que você
nã o sabia que eu estava lá ?
Eu ainda moro lá.
— Quantas vezes eu tive que ameaçá -lo com ir para a prisã o antes
que você finalmente limpasse seu ato? Hã , Tex?
Minha cabeça se ergueu e percebi que estava olhando para o chã o.
Era uma coisa familiar de se fazer, olhar para os fios velhos e gastos
enquanto ele gritava comigo.
— Eu nã o quero falar sobre isso, — eu disse.
— Oh, tenho certeza de que nã o —, ele retrucou. — A ú nica coisa
que você sempre quis é ficar chapado e ser um idiota preguiçoso e
ingrato. Você age como se tivesse uma vida tã o ruim quando você nã o
foi nada além de mimado.
— Mimado? — Olhei para ele enquanto o choque se instalava. —
Você chama ter que lidar com seu abuso todos os dias estragado?
Quantas vezes você chegou em casa bêbado depois de um turno só para
gritar comigo e com a mamã e?
— Isso nã o é abuso. Cresça.
— Dizer a seu filho que ele nã o vale nada e sua esposa que ela é
inú til é um abuso, — eu bati de volta para ele. — Mas você nã o deu a
mínima. Você sempre foi o policial. O heró i. Se alguém soubesse como
você nos tratou...
— Suficiente.
— ... eles nã o teriam te chamado dessa merda. Se soubessem, teriam
olhado para você como mais um dos criminosos da delegacia. Eu ri.
— Quem eu estou enganando? Seus amigos viram e nunca disseram
nada. Tudo o que eles fariam seria encobrir você.
Nó s olhamos um para o outro, nenhum de nó s recuando. O peso no
meu peito nã o havia diminuído mesmo depois de despejar um pouco da
frustraçã o que vivia em mim desde criança. A pedra ainda estava lá ,
crescendo enquanto ele olhava para mim como se eu fosse apenas lixo
viciado na rua em seus olhos. Como se eu nã o fosse filho dele.
Porra, eu preciso de um hit. Uma bebida. Qualquer coisa.
— Onde estã o meus malditos arquivos? — ele perguntou.
— Henry. — Minha mã e entrou carregando seu almoço. Ela o
colocou na mesinha que ele escolhera para comer desde que eu era
criança, em vez de passar o tempo com a família dele. Uma vez que ela
terminou, ela se virou, franzindo a testa para nó s dois.
— O que quer que esteja acontecendo, pare com isso. Almoço está
pronto. — Ela desapareceu. — Estou trazendo um prato para você
também, Tex. Vamos comer juntos.
Eu queria dizer a ela que nã o tinha apetite, nã o mais. Puxando os
arquivos debaixo da minha axila, eu os empurrei para o meu pai. Ele
olhou para eles antes de arrancá -los da minha mã o.
— Sã o todos eles? — ele murmurou.
— Sim.
— Cada um?
Eu fechei minha boca. Eu já havia respondido a ele uma vez; eu nã o
estava prestes a fazer isso de novo. Meu pai adorava um cachorro bem
treinado, mas eu estava cansado de brincar. Ele olhou para mim e
levantou uma sobrancelha.
— Eu te fiz uma pergunta, garoto.
— E eu já respondi, porra.
As palavras explodiram de mim, revestidas de raiva incandescente.
Minhas unhas cravaram na carne macia da minha carne. Se minhas
unhas fossem mais longas, elas teriam cortado minha pele. Em vez
disso, senti a dor aguda e penetrante e a engoli, deixando-a penetrar em
mim e acalmar minhas emoçõ es.
— Nunca me xingue, — ele disse calmamente.
Eu rolei meu pescoço.
— Entã o nã o faça isso comigo.
— Você precisa aprender a respeitar novamente.
— Dê-me algo para respeitar, e eu vou —, eu mordi de volta.
— Foda-se —, ele cuspiu.
— Foda-se você também!
O estalo da bengala contra meu rosto foi forte e rá pido. Parecia um
raio beijando minha pele. A umidade rolou pelo meu rosto, mas nã o
eram lá grimas. Estendi a mã o e toquei nele. O sangue manchou meus
dedos, profundo, escuro e escorregadio. Uma dor lancinante tomou
conta de mim. Eu podia ouvir gritos, mas eram distantes, como ouvir o
oceano em uma concha. Como se nem fosse real.
— O que você fez! Henry, o que diabos você fez?
As mã os da minha mã e agarraram-me, urgentes e quentes. O cheiro
de alho de seus dedos me fez recuar. Era como quando eu era criança,
uma daquelas raras noites de bebedeira em que o temperamento de
meu pai era muito forte e eu pagava as consequências.
— Eu nã o queria fazer isso, — meu pai resmungou. — O menino
estava falando sério comigo. Foi um reflexo.
O mesmo tipo de reflexo que ouvi dizer que você teve com suspeitos?
Ou prisioneiros?
Eu tinha ouvido rumores sobre meu pai, mas nunca quis acreditar
que fossem verdade. Agora, eu tinha certeza de que eles eram. Eu estava
limpando a merda e fingindo que ele nã o era tã o ruim quanto eu
lembrava.
Eu tinha razã o. Ele era pior.
— Saia, — eu disse enquanto minha mã e enxugava minha bochecha
sangrando com uma toalha. — Mã e, pare! Porra.
Eu me levantei do chã o. Os olhos de corça da mamã e puxaram as
cordas do meu coraçã o, me fazendo querer puxá -la para mim e pedir
desculpas. No entanto, ela era tã o culpada quanto ele. A histó ria estava
se repetindo, e eu era uma criança assustada tirando sangue do meu
rosto enquanto ela me subornava com guloseimas e mais uma hora de
TV depois da minha hora de dormir.
Meu peito apertou tã o dolorosamente que eu mal conseguia
respirar. As imagens eram muito fortes. A sensaçã o de impotência
cresceu.
Eu não posso estar aqui.
Nã o olhei para trá s, para meu pai ou minha mã e, quando me virei e
saí de casa. Sua voz me seguiu, trêmula e cheia de tristeza. O antigo eu
teria parado e ido até ela porque ela era tã o vítima quanto eu. Mas eu
superei essa besteira. Eu era o ú nico que deveria ter sido protegido, e
ela ainda o estava defendendo.
Ele não quis dizer isso. Quantas vezes ela sussurrou isso para mim
enquanto me embalava em seus braços?
Arrepios percorreram meu corpo. Abri a porta do meu carro,
deslizando para dentro antes de batê-la. Arrisquei um olhar para trá s e
avistei minha mã e descendo as escadas correndo.
Eu nunca descasquei tã o rá pido na minha vida.
O que eu estava pensando? Eu não deveria ter voltado para esta
maldita casa.
Minha garganta apertou e minhas mã os agarraram o volante com
tanta força que doeu. Nã o importa o que eu fizesse, meu pai nunca daria
a mínima. Se eu falhasse, ele nã o piscaria um olho. Se eu consegui? Ele
ainda se lembraria de todas as vezes que falhei.
Eu tentei tanto mudar as coisas entre nó s, para provar que eu nã o
era um idiota patético. Agora, eu tinha certeza de que era assim que ele
sempre me veria.
Um semá foro me obrigou a olhar pelo espelho retrovisor. Minha
bochecha ainda estava sangrando, enquanto meu rosto inchava.
Hospital, então um lugar para dormir esta noite.
Desejei estar indo para onde Pen estava. Nunca precisei tanto de um
abraço caloroso e reconfortante. Minha mente voltou para Enzo; a
maneira como ele me abraçou, falou comigo e me beijou. Senti a
pontada das lá grimas se acumulando atrá s dos meus olhos e as forcei
para baixo. As palavras do meu pai ecoaram na minha cabeça.
Homens de verdade não choram.
Deus, eu precisava de algo para entorpecer a dor.
CAPÍTULO VINTE E SEIS
TEX

Olhei para o curativo na minha bochecha. Até agora, estava limpo.


Chega de sangrar pelo pano branco. Felizmente, o corte nã o foi
profundo, mas ainda doía. Eu estava no meu quarto ibuprofeno e a dor
ainda estava lá . Talvez estivesse tudo na minha cabeça, latejante
psicoló gico em vez de dor física real.
— Caster, você entregou seus relató rios?
Sargento White olhou para mim, esperando com expectativa. Eu
ouvi o que ela disse, mas por algum motivo as palavras nã o estavam
grudadas no meu cérebro. Ela levantou uma sobrancelha.
— Hum, sim, relató rios. Sim, senhora, eu já os entreguei, — eu disse
enquanto acenava para mim mesma.
— Alguma coisa que eu preciso saber?
— Nã o da minha parte, — eu disse lentamente. — Ainda estamos
investigando as coisas. Rourke foi pegar algo para comer, mas ele estará
de volta. Tenho uma reuniã o depois do trabalho com alguém para
examinar algumas questõ es de pegada digital.
— Um informante?
Eu balancei minha cabeça.
— Um contratante independente.
Ela me olhou de cima a baixo.
— Bem, veja o que você pode encontrar. O chefe está atrá s de mim.
— Eu sei. — Olhei para seu escritó rio e fiz contato visual. Um
arrepio percorreu minha espinha antes de me virar para ela. — Ele está
me encarando sem parar.
— O trabalho dele está em jogo. Você estaria olhando também. —
Ela me deu um tapinha no ombro. — Vamos, Tex. Você consegue. Isso é
o que você sempre quis, certo?
Certo. Um sonho tornado realidade.
Eu a observei ir embora quando meu telefone começou a tocar. O
botã o piscou e eu peguei o fone, pressionando-o contra a orelha.
— Aqui é o Oficial Tex Caster.
O silêncio me cumprimentou. Olhei o nú mero na tela, mas estava
bloqueado. Ótimo, alguém sendo um idiota. Meu dedo pairou sobre o
botã o final quando um pensamento me ocorreu.
— Enzo? — Eu sussurrei.
A chamada foi desconectada. Puxei o telefone para longe, olhando
para ele. Era realmente ele? Por que ele estaria me ligando?
Você é meu.
Ele disse essas palavras para mim mais de uma vez. Eu pertencia a
ele, e que ele nunca me deixaria ir. Talvez eu estivesse delirando ao
pensar que, com o passar dos dias e depois das duas semanas, ele havia
se esquecido de mim. Imaginei o olhar em seus olhos, o olhar
devastadoramente perigoso que me abalou profundamente enquanto
ele me fodia da ú ltima vez que estivemos juntos.
Meu corpo ansiava por ele. Um ú ltimo golpe, e eu ficaria bem. Eu
poderia sonhar com nosso tempo isolado do mundo e fingir que nã o foi
uma aventura passageira para nó s dois. Só precisava de mais um
gostinho...
O telefone tocou novamente. Estendi a mã o e peguei.
— Enzo, você nã o pode continuar me chamando de h...
— Hum, Texas? Você está bem?
Eu gemi.
— Sim, sim, estou bem. — Passei a mã o pelo rosto. — E aí, Chels?
— Enzo está ligando para você?
— Nã o. Eu nã o acho. Ei, meu chefe está me encarando. Você tem
informaçõ es?
— Certo, falaremos sobre isso mais tarde. — Ouvi o som de seus
dedos voando pelas teclas. — Este disco rígido é realmente
interessante, mas nã o encontrei nada sobre o seu caso nele. Ele é muito
cuidadoso, — ela disse, evitando a palavra com E. — O que eu descobri,
no entanto, é que quem quer que esteja brincando com os Vitales é
mais do que provavelmente um policial.
Eu congelo.
— O que?
— Sim, quero dizer, faz sentido. Eles conhecem todos os meandros
de como as famílias do crime funcionam. Eles sã o meticulosos,
cuidadosos. Policiais nã o ganham muito dinheiro. Esta pode ser a
agitaçã o lateral deles. Ela começou a digitar novamente. — Além disso,
o que consegui encontrar online confirma essa teoria. Fala-se de um
novo policial em todos os lugares habituais, e o boato é que ele sabe
como conseguir o que você está procurando. Armas, drogas, garotas. O
que você disser; ele tem.
— Existe um nome?
— Um monte de nomes de tela, mas nada real —, disse ela.
— Merda. Você pode continuar cavando?
— Já estou nisso. Mais uma coisa. Eu fiz algumas pesquisas sobre
Brycen Grennar. De acordo com meus contatos, ele definitivamente
gostava de alguma merda pesada. Dizia-se que ele estava dormindo
com dois irmã os Vitale e, além disso, trabalhava como informante.
Meu estô mago revirou. Enzo estava falando a verdade? Segurei o
receptor com um pouco mais de força.
— O que mais?
— Pegue isto. Por causa do Sr. Grennar, as coisas deram errado com
os Vitales. Giancarlo Vitale acabou preso por um tempo, seus negó cios
foram jogados no caos e um amigo deles ou pelo menos um associado
foi morto. Eles tiveram que pagar uma grande soma de dinheiro à
família para cobrir os custos do funeral e para cuidar de sua família
porque ele era o provedor. E foi aí que Brycen desapareceu.
Foi quando Enzo teve que matá-lo.
Fazia sentido agora por que Benito o fez matar Brycen. Muita coisa
havia entrado em espiral quando ele trabalhava com a polícia. Minha
garganta estava apertada. Enzo nã o estava mentindo. No entanto, agora
que eu sabia a verdade, o medo correu pela minha espinha.
Se Brycen fosse morto por causa de tã o pouco, o que os Vitales
fariam comigo? Eu era mais do que um informante; eu era um policial.
Estremeci, pensando nisso.
— Obrigado, Chelsea.
— Vou atualizá -lo assim que tiver mais. — Ela fez uma pausa. —
Fique seguro lá fora.
— Sempre.
Desliguei o telefone e olhei para a tela do computador. Tudo estava
se tornando mais complicado a cada dia. Olhando para cima, eu olhei ao
redor do bullpen.9 É alguém aqui? Eu tinha ouvido Enzo e Giancarlo
conversando sobre Ramada. Ele teve algo a ver com isso antes de ser
morto?
Meus dentes afundaram em meu lá bio inferior enquanto pensava
em meus colegas. Quem poderia estar trabalhando com os Vitales?
***

estridente e corpos se debatendo esbarraram em mim. Tudo isso nã o


passava de um ruído de fundo para mim enquanto eu procurava o ú nico
homem de quem eu precisava ficar longe. Porra, eu sou um idiota. Cada
instinto em mim gritava para me virar e ir embora. Eu tinha sido
inteligente ficando longe de Enzo. Estendendo a mã o, toquei o curativo
em minha bochecha. A onda de emoçõ es foi um tornado de confusã o e
vergonha. Minha mã e nã o parava de me ligar, mas eu ainda nã o
conseguia falar com ela.
Avistei Enzo, fazendo minha pressã o arterial disparar. Ele andou
pelo bar com uma carranca no rosto. Um homem entrou em seu
caminho. Enzo estendeu a mã o, agarrou o homem pelo colarinho e
puxou-o para a frente até ficarem cara a cara. Eu segui em frente antes
de me parar.
O que estou fazendo aqui? Estou virando um perseguidor agora?
Eu precisava me virar e desaparecer. No entanto, tanto quanto eu
disse a mim mesmo, eu ainda estava lá , olhando para ele enquanto seu
punho acertava o rosto do homem. Giancarlo o puxou para longe,
fazendo-o tropeçar para trá s. Enzo olhou para o homem como se
estivesse prestes a arrancar a cabeça. Quando ele se lançou para frente,
ele se virou em minha direçã o e congelou.
Merda. Ele pode me ver?
Blu estava escuro, mas nã o era escuro como breu. Eu puxei meu
capuz sobre minha cabeça e me virei. A parte de mim que queria ver
Enzo foi dominado pela ló gica. Eu nã o via Enzo no que parecia ser anos.
Ele nã o parecia ser o tipo de homem que esqueceria um deslize. O que
foi que ele disse? Ele sempre manteve uma faca nele.
Eu tropecei na escuridã o, bebendo demais e cambaleando. Olhando
por cima do ombro, tentei localizá -lo, mas ele nã o estava à vista. Eu me
virei e me dirigi para o beco como tinha feito antes. Abaixando um e
virando à esquerda em outro, eu exalei profundamente. Eu tinha fugido.
Por mais que eu odiasse, Enzo nã o tinha me pegado.
Minhas costas bateram contra uma parede. Eu pisquei. Quanto eu
tive que beber? Um par de sapatos se aproximou de mim. Confusa, eu
olhei para cima para encontrar Enzo olhando para mim, suas
sobrancelhas grossas franzidas. Antes que eu pudesse dizer uma
palavra, sua mã o envolveu minha garganta.
— Por quê você está aqui? — ele rosnou.
Aquela voz, misturada com sua raiva rodopiante, fez cada nervo do
meu corpo acender como luzes de Natal. Eu abri minha boca, mas sua
mã o apertou, cortando meu ar e minha capacidade de falar. Ainda
assim, eu nã o o impedi do que ele estava fazendo. Era bom dançar na
ponta de um fio elétrico, sem saber se acabaria com tudo.
Deus, eu preciso disso.
— Você deveria ter ficado longe.
Eu sei. Confie em mim, eu sei.
Meu corpo se ergueu em direçã o ao dele automaticamente. Mesmo
agora, ele estava muito longe. Eu estava desesperado para sentir seu
toque, para me afogar no gosto de sua boca enquanto o perfume de sua
colô nia me cobria e me fazia sentir... seguro. Eu queria rir. Quando eu
estava perto dele, eu estava seguro e apavorado. Como isso era normal?
Os olhos escuros de Enzo procuraram meu rosto. Eu vi algo em seus
olhos, algo perigoso e sombrio. Ele poderia me matar. A raiva estava ali,
esperando para ser desencadeada. Mas eu nã o estava pronto para
morrer.
Seus lá bios se chocaram contra os meus, roubando o pouco ar que
me restava. O mundo girou, pontos de escuridã o surgindo e
desaparecendo da minha visã o. Meu corpo empurrou para frente,
procurando por ele. Vou desmaiar se ele não deixar. Eu agarrei seus
braços e puxei para baixo. Seu aperto escorregou e eu aproveitei a
oportunidade para levantar meu joelho, dirigindo-o em seu estô mago.
Tossi quando ele recuou, tentando respirar fundo em meus pulmõ es
apertados.
— Merda, — eu gemi. — Você está tentando me matar?
— Sim.
Eu pisquei para ele enquanto me dobrava, usando meus joelhos
como apoio.
— Pelo menos você é honesto.
Ele fez uma careta.
— Da ú ltima vez que estivemos cara a cara, você praticamente me
chamou de mentiroso.
Lambi meus lá bios e me endireitei.
— Sim eu fiz. Eu sei agora que você nã o estava mentindo. Chelsea
me contou tudo sobre Brycen.
A carranca de Enzo se aprofundou.
— Você vai ficar com ela?
— Nã o, — eu disse. — Esse nã o é o ponto de qualquer maneira.
— Qual é o ponto? — ele rebateu.
Abri a boca e a fechei novamente. Eu nã o tinha razã o.
Enzo fechou o espaço entre nó s em dois passos curtos. Sua mã o foi
para minha garganta, mas eu o evitei. Enzo grunhiu ao se deter contra a
parede de tijolos. Ele se virou, seus olhos escuros olhando para mim.
— Você saiu.
— Eu disse a você que tinha que fazer isso —, eu respondi. — Você
nã o escuta.
— Que parte de 'você é meu' você nã o entendeu, porra?
Enzo se lançou para mim, e eu era muito lento para evitá -lo. Eu
esperava o peso pesado e quente de sua mã o em volta do meu pescoço.
Em vez disso, o que consegui foram seus lá bios nos meus. Duro, á spero
e afiado, o beijo me levou à beira da minha sanidade e ameaçou me
derrubar.
Eu precisava dele. A língua de Enzo golpeou contra a costura dos
meus lá bios. Eu gemi, tentando afastá -lo e manter minha postura forte,
mas ele nã o estava conseguindo. Sua mã o agarrou minhas bochechas,
apertando-as com força até meus lá bios franzirem. A língua de Enzo
deslizou para dentro. Senti gosto de uísque em sua boca, forte e suave.
Algo caro.
Você estava bebendo por minha causa?
Meu pau latejava dentro do meu jeans. Cada centímetro de mim doía
por ele. Os sinos de alarme na minha cabeça tocaram. Nã o importa o
quanto eu soubesse que deveria ficar longe, eu queimava por Enzo.
Ele agarrou meu braço, me virando e me empurrando contra a
parede de tijolos. O ar frio fez có cegas na minha nuca, enviando um
arrepio pela minha espinha. As mã os de Enzo foram rá pidas,
desabotoando minhas calças e puxando-as pelos meus quadris. Ele
abriu minhas bochechas. Meu coraçã o pulou na minha garganta.
Lute de volta. Não ceda a isso.
Eu empurrei de volta contra Enzo. Ele respondeu me empurrando
para frente. Eu grunhi, plantando meus pés enquanto tentava escapar
de seu alcance. Nã o importa o quanto eu o desejasse, isso nã o
significava que eu deveria continuar com isso. Enzo era uma nova linha
de coca, tentaçã o em um prato.
— Enzo, — eu rosnei.
— Cale porra da boca —, ele retrucou. — Estou tentando o meu
melhor para nã o matar você agora.
Suor frio desceu pela minha espinha. Nã o havia um ú nico indício de
mentira em seu tom. Isso me fez hesitar em me mover, falar ou até
mesmo pensar. Enzo abriu minhas bochechas e cuspiu entre elas. Eu me
afastei da parede apenas para ser empurrada contra ela com mais
firmeza.
—Eu disse para se mexer? — Enzo perguntou. — Mantenha sua
bunda para fora.
Meu pau saltou. Por alguma razã o, fiz o que me foi dito. O som do
zíper de Enzo no silêncio do beco era alto. Ele puxou meus quadris para
trá s antes que eu sentisse a sensaçã o familiar de seu pênis deslizando
contra a fenda da minha bunda.
Minha necessidade por ele ficava mais quente a cada segundo.
Quanto mais eu era forçado a esperar que Enzo me levasse, só me
deixava mais desesperado.
— O que você está fazendo? Basta colocá -lo, — eu rosnei com os
dentes cerrados. — Vamos, Enzo. Foda-me. Por favor, foda-me.
Sua mã o envolveu minha garganta, mas ele nã o apertou. O calor
ú mido e escorregadio de seu pênis pressionou contra meu buraco.
Cuspe nã o era o mesmo que lubrificante, mas meu coraçã ozinho
retorcido adorava isso. Eu queria doer, esticar, cegar todos os meus
sentidos. Eu queria que Enzo Vitale me fizesse sentir nada além de sua
marca de posse e controle.
— Porra!
Enzo bateu dentro de mim em um golpe rá pido e certeiro. Eu agarrei
a parede, me preparando enquanto ele empurrava dentro de mim. Meus
joelhos dobraram, e levou tudo em mim para ficar de pé. Minha cabeça
girava. Estendi a mã o entre minhas coxas, enfiando a mã o em volta do
meu pau e acariciando-o enquanto ele grunhia, afundando dentro do
meu buraco.
Estrelas explodiram atrá s de minhas pá lpebras enquanto eu me
empurrava contra ele. O aperto de Enzo em volta do meu pescoço
aumentou. Inclinei-me em sua mã o, devorando o calor de sua carne
contra a minha depois de tantas noites vazias e solitá rias. Eu queria
agarrá -lo, segurá -lo e mantê-lo contra mim. Enzo era o inimigo, mas eu
nã o dava a mínima quando todo “heró i” parecia três vezes pior do que
ele.
Um beijo, e entã o os dentes puxaram o ló bulo da minha orelha.
Mesmo com a mã o no meu pescoço, sobrou uma infinidade de beijos na
minha pele. Macio, suave, mas cada um mais exigente do que o outro,
como se ele pudesse me forçar a ficar se ele apenas me segurasse o
tempo suficiente.
Deus, eu queria desmoronar. Uma vida imaginá ria com Enzo era
melhor do que mil noites vazias com pessoas que nã o davam a mínima
para mim.
Minha garganta apertou. Lá grimas quentes e molhadas rolaram pelo
meu rosto. Imaginei as ataduras ficando molhadas na minha bochecha,
encharcando a ferida que era mais do que carne e sangue. Eu gritei.
— Porque você está chorando? — Enzo perguntou.
— Apenas me foda, — eu implorei, nã o dando a mínima para o quã o
patético e desesperado eu soava. — Eu preciso sentir você me fodendo.
Enzo fez uma pausa. Seu pênis latejava dentro de mim. Por alguma
razã o, aquela imobilidade me empurrou para a beira do abismo. Eu
senti como se fosse quebrar. Até Enzo bater dentro de mim.
— Tex —, ele sussurrou contra o meu ouvido. — Tudo bem.
Essas palavras quase romperam a barreira, mas me contive. Enzo e
eu nos movemos juntos, grunhindo, gemendo e gemendo juntos
enquanto perseguimos nossos altos. Senti o inchaço familiar em minhas
bolas, o formigamento ao longo de minha carne, e eu sabia que estava
felizmente perto.
— Enzo!
Pintei o tijolo com fitas do meu esperma enquanto fui inundado com
um calor quente e pegajoso. Enzo empinou os quadris, rolando e
empurrando até nã o ter mais nada para me dar. Ele deitou contra as
minhas costas, a respiraçã o ofegante suave como mú sica para os meus
ouvidos até que ele quebrou o silêncio.
— O que aconteceu? — ele perguntou, arrastando um dedo sobre
minha bandagem. — Quem fez isto em você?
Eu congelo.
— Nã o é nada.
— Diga-me —, ele exigiu, segurando meu braço. — Quem machucou
você?
Engoli em seco. Dizer qualquer coisa a Enzo parecia uma sentença
de morte para a pessoa que mencionei. No entanto, parte de mim ainda
queria dizer a ele que era meu pai para que eu pudesse ver o homem
destroçá -lo.
Lentamente, virei-me para Enzo. Arrastei minhas calças até meus
quadris enquanto o sêmen quente corria pelas minhas coxas. Enzo
olhou para mim, seus olhos estudando os meus como sempre fazia. Era
uma visã o familiar. Um que eu havia perdido.
— Longa histó ria, — eu disse baixinho. — Nã o vale a pena repetir.
— Foi seu pai, nã o foi? Você foi visitar seus pais nã o faz muito
tempo. Isso nã o estava lá antes de você ir.
Meu estô mago apertou.
— Jesus, Enzo. É por isso que nã o podemos ficar juntos.
— Por que? — ele perguntou, seus olhos ficando tristes.
— Você está me seguindo, — eu expliquei. — Você sabe onde meus
pais moram. Isso é demais. Como devo lidar quando tudo que eu digo
para você pode acabar com a morte de alguém?
— Estou tentando te proteger.
Afastei sua mã o.
— Quem te pediu isso? — Belisquei a ponte do meu nariz. — Isso
nunca vai funcionar. Tenho que voltar ao meu trabalho.
Enzo agarrou meu braço, puxando-me de volta para ele.
— Quantas vezes você acha que vou deixar você fugir?
— Deixar-me? — Eu perguntei, zombando. — E eu nã o estou
fugindo. Este sou eu sendo um adulto e fazendo o que precisa ser feito.
— Se você acredita nisso, você é ingênuo, — ele disse calmamente.
Eu me afastei de Enzo.
— Eu tenho que ir.
— Certo. — Parei e olhei para ele. Enzo enfiou um cigarro entre os
lá bios. Ele acendeu, fumaça ondulando no céu noturno. — Nã o me deixe
ver você de novo, Tex. Eu mostrei misericó rdia desta vez. Pró xima vez?
Eu vou matar você.
O medo escorria pela minha espinha. Nã o duvidei dele nem por um
segundo. Jogando meus ombros para trá s, observei enquanto ele se
afastava, desaparecendo nas sombras, deixando-me total e
completamente sozinho.
Abri a boca para implorar para ele ficar, para fingir que estava tudo
bem por um tempo. Mas eu enfiei meu pró prio pé na boca. Meu coraçã o
se partiu em um milhã o de pedaços enquanto eu continuava a olhar
para o beco vazio. Eu nã o podia ver Enzo novamente.
Nã o sem haver um banho de sangue.
CAPÍTULO VINTE E SETE
ENZO

Na minha cabeça estava o ú ltimo lugar que eu queria estar. Repassei


minha recente interaçã o com Tex, separando-a peça por peça. Como ele
se sentiu pressionado contra mim, ou a maneira como sua bunda me
chupou e apertou com força, ameaçando nunca me deixar ir. No
entanto, nã o foi esse o caso. Tex correu e eu o deixei todas as vezes.
Cerrei os dentes enquanto meus dedos se curvavam ao redor da faca
em minha mã o. Gritos abafados me puxaram de volta à realidade, e
pisquei algumas vezes quando tudo apareceu. Os olhos azuis e o toque
caloroso de Tex se foram.
Um suspiro pesado escapou dos meus lá bios enquanto eu observava
o ex-oficial Aaron Chandler. Mesmo durante a dissociaçã o, fiz questã o
de evitar pontos vitais. Sua perna era uma bagunça esculpida. Se eu
apertasse os olhos e inclinasse a cabeça ligeiramente para a direita,
poderia distinguir o nome de Tex.
Arrastei a lâ mina afiada sobre a carne dilacerada e ela se partiu
ainda mais. O sangue escorria pelos lados e juntava-se à crescente poça.
— Podemos fazer isso a noite toda, — eu disse.
Ele balançou a cabeça, o pano em sua boca impedindo-o de falar.
Estendendo a mã o, removi o tecido ú mido.
— Você... você nã o me perguntou nada.
Eu pisquei. Eu estive muito absorto em pensamentos. Dando de
ombros, levantei-me mais alto e agitei-me sobre Chandler.
— Por que desperdiçar meu fô lego? Você sabe por que estou aqui.
Ele balançou sua cabeça. Por que todos eles queriam fazer isso da
maneira mais difícil? Normalmente, eu ansiava por aqueles que
poderiam resistir a mim. Quanto mais tempo eles fizessem, mais tempo
eu poderia aproveitar meu tempo segurando uma faca e observando o
sangue derramar. Ultimamente, porém, minha paciência estava se
esgotando.
A qualquer momento, eu cortaria sua garganta. Estaríamos de volta
à estaca zero, tentando descobrir quem estava constantemente nos
fodendo sem dinheiro e tentando arruinar as conexõ es.
— Você achou que roubar de nó s funcionaria para você?
Chandler balançou a cabeça.
— Nã o, eu nunca...
Girei a faca e desci o cabo no arco de seu nariz. A trituraçã o do osso
ressoou ao meu redor como alguém mastigando nozes de milho. Um
jorro grosso de sangue se seguiu e respingou em minhas mã os já
encharcadas de sangue.
— Todas as linhas levam a você —, eu disse.
Jogando meus ombros para trá s, eu olhei para ele enquanto ele
virava a cabeça, cuspindo o sangue que escorria em sua boca. A batida
dos nó s dos dedos em uma porta me fez parar. Ergui os olhos bem na
hora em que Benito e Giancarlo entraram.
— Qualquer coisa? — Benito perguntou.
Eu balancei minha cabeça enquanto todos nó s olhamos para o
homem que nos fodeu. Seus olhos se arregalaram no momento em que
ele percebeu que nã o tinha apenas um, mas todos os três irmã os Vitale
ali.
— Você fez um nú mero no meu negó cio. — Benito tirou um cigarro e
acendeu-o enquanto o levava aos lá bios. — Nã o posso deixar de sentir
como se você estivesse insatisfeito com a quantidade de dinheiro que
recebia de mim.
Chandler tossiu.
— Nã o. Eu... eu nã o fiz isso. Ramada me arrastou. — Seus olhos
imploravam para que acreditá ssemos nele.
Benito soltou uma baforada de fumaça, enchendo o ar com o cheiro
de tabaco. Ele parecia calmo, como se todo o calvá rio nã o estivesse
ameaçando nossa pró pria fundaçã o.
— E você continuou?
Chandler se encolheu e puxou suas amarras, mas nã o ia a lugar
nenhum.
— Eu ia te contar sobre isso, — ele gritou.
Benito cantarolou e acenou com a cabeça para mim.
— Veja, eu nã o acredito nisso. Por que devo confiar em qualquer
coisa que sai da sua boca agora?
Aproximei-me de Chandler e removi o ú ltimo pedaço de tecido que
cobria seu pênis. Um guincho indigno veio dele enquanto eu agarrei seu
pênis em uma mã o e trouxe minha faca para ele.
Uma memó ria minha fazendo exatamente a mesma coisa com Tex
passou diante dos meus olhos, e um calor percorreu minha espinha,
seguido rapidamente pelo desejo. Meu aperto aumentou até Chandler
gritar de dor. Eu afrouxei meu aperto um pouco e empurrei para baixo a
memó ria de Tex. Isso só iria me distrair ainda mais.
— Vou fazer algumas perguntas e quero respostas, ou você pode se
tornar um homem sem pau. — Benito deu de ombros. — Você decide.
Chandler estava tremendo da cabeça aos pés. Seu olhar selvagem
saltou de cada um de nó s como se tentasse encontrar uma tá bua de
salvaçã o na sala cheia de monstros. Ele nã o ia conseguir nenhuma
ajuda, nã o de nó s.
— Só atingimos os fornecedores que estavam falidos. Já era um
produto que ia acabar em evidência. — Chandler tossiu, fazendo seu
corpo estremecer e pressionando seu pau mais perto da lâ mina da
minha faca. — Merda, tire essa coisa de mim!
Marica. Tex poderia lidar com isso. Foda-se, ele até gozaria para
mim. Engoli o gemido e mantive meu rosto impassível.
— Você está desperdiçando nosso tempo. O que mais? — Gin
perguntou.
— Foi isso. Juro, nã o planejamos tirar dinheiro do seu bolso. —
Chandler limpou a garganta, tentando encontrar nossos olhares, mas
nã o conseguiu. —Tudo parou quando Ramada desapareceu.
Benito soltou uma baforada de fumaça. Apliquei pressã o arrastando
a lâ mina para frente e para trá s, cortando a carne de Chandler. Eu tinha
que ter cuidado. Muita pressã o teria a faca cortando seu pau como uma
faca quente na manteiga. Em vez disso, serrei, forçando-o a sentir sua
carne se abrindo lentamente enquanto eu cortava seu pênis.
Seus gritos aumentaram e ele se debateu tanto quanto suas
restriçõ es permitiram. Suas palavras se tornaram intangíveis quando
ele bateu a cabeça contra a mesa. O fedor de urina enchia o ar,
misturando-se com o cheiro metá lico de sangue.
Fiz uma careta quando mijo limpou um pouco do sangue das minhas
mã os tatuadas. Cerrei os dentes e parei no meio de seu pênis.
Giancarlo empurrou a parede, agarrou o rosto de Chandler e deu um
tapa nele. A boca do policial abriu e fechou antes que suas pá lpebras
tremessem. O sangue continuou a escorrer pela minha faca.
— Você nã o deveria mentir. Quem está trabalhando nisso? — Benito
perguntou.
Chandler balançou a cabeça, engasgando com a saliva.
— Cara, eu já conheci idiotas antes, mas você está levando a porra
do bolo aqui. — Giancarlo deu um passo para trá s, limpando a mã o na
perna da calça.
Benito nã o precisou me orientar. Eu cortei o pedaço restante de
carne. O sangue esguichou e Giancarlo soltou uma gargalhada.
— Ele nã o vai resistir, — eu disse. Eu estava trabalhando em
Chandler muito antes de eles chegarem. Tinha acabado de escapar da
minha mente para fazer perguntas.
— A doutora já está a caminho —, disse Benito.
Peguei um pedaço de papel toalha da cozinha de Chandler e enfiei
sobre o toco sangrando onde seu pau estava.
A sala ficou silenciosa quando me encostei na parede. A tensã o
pairava pesadamente no ar. Isso vinha acontecendo há muito mais
tempo do que qualquer um de nó s imaginava. Precisávamos colocar o
medo do diabo em todos que estavam abaixo de nó s.
Benito deve ter previsto que eu iria longe demais rá pido demais.
Nem cinco minutos depois, um de nossos homens deixou o médico
passar.
O cabelo grosso e encaracolado de Melony estava preso em um
coque. Sua pele morena brilhava mesmo na penumbra da cozinha. Ela
entrou, com a boca franzida, no momento em que viu o homem na mesa
da cozinha. Ela deu a volta, tentando evitar as poças de sangue
enquanto se aproximava dele.
— Quanto tempo?
Benito olhou para a médica.
— Tempo suficiente para responder à s minhas perguntas.
Ela balançou a cabeça.
— Nã o vai ser fá cil. — Ela ergueu a mã o, silenciando Benito. Ela era
provavelmente uma das poucas mulheres que podiam, além de nossa
Nonna. — Assim que terminar, esteja pronto para trabalhar
rapidamente. — Ela começou a se preparar, tirando um pouco do
sangue dele e testando.
Eu me virei e me movi para o lado enquanto esperávamos que ela
trouxesse Aaron Chandler de volta. Nã o foi possível obter respostas se
ele foi nocauteado ou muito perto da morte.
— Quando ele desistir seu garoto, eu o quero morto —, disse Benito.
Fiquei rígido com a ideia de matar Tex. Nã o importa o quanto eu o
ameaçasse, se chegasse a hora, eu seria capaz de puxar o gatilho?
— Ele nã o vai —, eu disse com os dentes cerrados.
Benito nã o parecia convencido. Giancarlo foi rá pido em pular antes
que uma discussã o completa começasse novamente.
— Vamos, temos certeza de que ele está trabalhando com alguém?
— Sim, — Benito e eu dissemos em uníssono.
— Existem muitos produtos e muitos caminhos sendo fodidos para
que ele possa fazer isso sozinho—, disse Benito. Ele apagou o cigarro e
pegou outro. — Tinha que ter informaçõ es privilegiadas sobre a nossa
merda também.
Ele me olhou acusadoramente, e meu punho cerrou mais apertado.
Não é Tex! Eu mantive minha boca fechada. Eu poderia gritar até
ficar com o rosto roxo, e meu irmã o ainda nã o acreditaria em mim.
Seria preciso cada gota de evidência e, em seguida, um maldito milagre
para convencê-lo do contrá rio.
— Benito...
— Cale a boca, Gin —, disse Benito. Apontou o cigarro para ele. —
Eu sei que você nã o quer voltar para a prisã o.
O rosto de Giancarlo se contorceu de raiva antes de se suavizar. De
nó s três, ele usava muito mais suas emoçõ es. Ele também era aquele
que odiava lugares confinados. Hospitais e prisõ es eram a mesma coisa
para meu irmã o.
— Isso é diferente, — Gin argumentou.
— É isso? No que me diz respeito, isso é a histó ria se repetindo. —
Benito olhou na minha direçã o. — Só que desta vez, ele foi direto para o
inimigo.
Não é assim. Certo? Estou destinado a escolher entre minha família ou
o homem que amo?
Meu peito apertou quando percebi que amava Tex. O que eu deveria
fazer agora?
— Pare de brigar. Eu sei que vocês sã o irmã os, mas vocês vã o me
fazer foder. Melony se afastou e terminou de conectar o soro. — Tudo
bem, eu digo que você tem mais dez, talvez vinte minutos.
Ela deu um passo para trá s e arrumou suas coisas. Ela nã o olhou
para o homem na mesa enquanto se dirigia para a porta.
— Benito, duplique meu cachê esta noite. Você sabe como me sinto
trabalhando com cadáveres.
Ele assentiu, sem discutir com ela. Para ser honesto, eu tinha certeza
de que pagaríamos a Melony mais do que um cirurgiã o ganhava se isso
significasse que ela seria toda nossa. Mas ela gostava de administrar
sua clínica de baixo custo com a namorada. E nã o íamos atrapalhar. De
todas as pessoas que trabalharam para nó s, Melony chegou perto de ser
uma família.
No momento em que ela se foi, eu me desvencilhei da parede, mas
Benito estava de pé e balançando a cabeça para que eu ficasse quieto.
— Eu nã o quero que você mexa nas respostas.
Cerrei os dentes.
— Se ele fosse fazer isso, já teria feito. Vamos, Benito. Enzo sempre
colocou a família em primeiro lugar.
Benito grunhiu. Nã o pude concordar com Giancarlo desta vez. Nã o
quando meu coraçã o ainda estava acelerado com o conhecimento de
que eu amava Tex. Porra, pela primeira vez na minha vida, questionei
minha lealdade à minha família.
Se o nome de Tex estiver listado, o que devo fazer?
Senti olhos em mim e olhei para cima, sem me lembrar de quando
inclinei minha cabeça para baixo. Giancarlo olhou para mim e nã o
consegui encontrar forças para tranquilizá -lo, ainda nã o.
— Hora de acordar—, disse Benito.
Ele bateu em Chandler algumas vezes, mas o homem apenas gemeu.
Benito beliscou o nariz quebrado de Chandler. Seus olhos se abriram
quando um grito nasal o deixou. Essa foi uma maneira de fazer isso.
Clareza foi fugaz em seus olhos de aparência opaca.
— Quantos de vocês estã o fodendo comigo para tirar meu dinheiro?
A cabeça de Chandler acenou para o lado e Benito o esbofeteou
novamente. — Responda-me.
— Tr-três... nã o-agora dois. — Seus dentes estavam batendo
enquanto ele estava lá . — C-co-c-frio.
— Quem é seu novo parceiro?
Meu estô mago apertou enquanto eu esperava com a respiraçã o
suspensa.
— Estou tã o, tã o, tã o frio.
Benito acendeu um cigarro e tragou uma baforada de fumaça antes
de apagar a cereja vermelha contra a carne de Chandler. O chiado
estalou no ar antes que o homem gritasse.
— Pronto, você está bem e quentinho agora. — Benito agarrou o
rosto de Chandler e o forçou a olhar para ele. — Nomeie agora!
Cada vez que seus dentes batiam juntos enquanto ele tremia, mais
ansiedade escorria pela minha espinha.
— Rr-ro-ro... Rourke... Houghton.
Meus pés estavam se movendo antes que meu cérebro pudesse
registrá -los. Fiquei ao lado da mesa enquanto Chandler repetia o nome
como se fosse o ú nico pensamento passando por sua cabeça.
Eu sabia que não era Tex.
Chandler começou a ter convulsõ es, seu corpo tremeu e seus olhos
rolaram para trá s da cabeça. Ficamos ali observando-o entrar em
estado de choque, nenhum de nó s correndo para ajudá -lo ou abrir
caminho para a morte.
O tempo passou. O que provavelmente foi apenas uma questã o de
minutos se passou quando Chandler deu seu ú ltimo suspiro. Seus dedos
se contraíram e eu verifiquei seu pulso. Eu me concentrei na carne
quente enquanto nenhum pulso saudava meus dedos. Soltei seus pulsos
amarrados e eles caíram sem vida.
— Deixe um exemplo —, disse Benito.
Agarrei o pênis decepado e abri a boca de Chandler. Enfiar o pau
flá cido em sua garganta foi mais confuso do que eu havia presumido. O
membro esmagou e dobrou sob meus dedos. O sangue aliviou o
caminho enquanto eu o enchia como um peru de Açã o de Graças.
Peguei minha faca mais uma vez e gravei a palavra ladrã o em sua carne.
O sangue rolou lentamente, o coraçã o nã o mais bombeando em suas
veias. Tornou muito mais fá cil cortá -lo. Eu me movi e o empurrei um
pouco para baixo da mesa. Troquei minha faca pelo cutelo de cozinha
dele. Tinha um bom peso quando o levantei e o derrubei sobre seu
pulso com uma quantidade substancial de força.
Eu cortei seus pulsos duas, três, quatro vezes antes que eles se
soltassem.
— Entre aqui e limpe. Deixe o corpo, — eu disse.
Alguns de nossos homens entraram de luvas e começaram a limpar
as evidências. Tudo o que seria deixado para trá s era o corpo de um
ladrã o. Ninguém roubou da família Vitale e viveu para ver outro dia.
Lavei o sangue das minhas mã os antes de sair de casa e ir para o
meu carro. A mã o de Giancarlo agarrou meu ombro e eu parei. Eu
levantei uma sobrancelha para o meu irmã o enquanto ele me estudava.
— Você parece diferente.
Minha reaçã o natural para dizer a ele que ele estava vendo coisas
nã o veio à tona. Eu poderia negar quando me senti diferente?
— As coisas estã o mudando.
Ele assentiu.
— O que você vai fazer com ele?
Gin nã o precisou especificar para mim saber que ele estava falando
sobre Tex. Meu coraçã o acelerou, e eu distraidamente esfreguei meu
peito.
— Vou arrastá -lo para casa.
A boca de Giancarlo se curvou em uma carranca.
— Ele é policial.
— Ele é o homem que eu amo.
Nó s dois ficamos lá , os olhos de Gin arregalados enquanto sua boca
se abria. Dizê-lo em voz alta apenas cimentou os sentimentos.
— Enzo. — A voz de Gin estava mal-humorado.
Eu me soltei e me virei para encarar meu irmã o.
— Tex é meu.
Gin passou os dedos pelos cabelos.
— Você sabe o que dizem. Se você ama algo, deixe-o livre ou algo
assim.
Eu balancei minha cabeça.
— Isso é ridículo. Deveria ser, se você ama algo, tranque-o para que
nunca escape.
Giancarlo riu.
— Cara, estou começando a me sentir mal por um policial. — Ele
passou por mim. — Resolvemos essa merda e colocamos as coisas em
ordem. Depois disso, veremos se você consegue seu policial.
— Tex.
Gin levantou uma sobrancelha para mim.
— Ele é mais que um policial. O nome dele é Tex.
Giancarlo riu e isso ajudou a dissipar um pouco da tensã o que
constantemente me cercava ultimamente.
— Certo, um mafioso e um policial. — Mais risadas borbulharam
dele.
— Foda-se, você está mal.
Nã o havia como negar isso. Eu amava Tex Caster e havia um futuro
para nó s, mesmo que eu tivesse que abrir caminho com sangue.
CAPÍTULO VINTE E OITO
TEX

— Vamos lá pessoal! — A voz da sargento White quebrou no rá dio.


— Precisamos nos posicionar e rá pido antes que os Vitales percebam o
que estamos fazendo.
Meu peito apertou tanto que brevemente me perguntei se deveria
parar e ir direto para o hospital. Puxei meu colete à prova de balas para
longe do meu corpo e gemi. Coisa estúpida parece que está me
sufocando.
— Pare de se mexer, — Rourke murmurou.
— Nã o posso. — Eu me contorci no meu assento.
Estava quase na hora de deixar o carro, e entã o a açã o começaria.
Este foi o exato momento que eu amei nas montanhas-russas, aquele
segundo em que a plataforma mudou e nã o havia como voltar atrá s. A
verdade é que a centenas de metros de altura, meu pau ficou tã o duro
que poderia estourar. Mas agora? Eu estremeci. Suor frio escorria pelas
minhas costas, e eu tinha certeza de que minhas bolas tinham pulado
dentro do meu corpo.
— Você está bem ou nã o? — Rourke estalou.
Suas sobrancelhas se juntaram e sua boca se curvou em uma
carranca profunda, beirando uma carranca.
— Deixe-me preparar do meu jeito, e você se prepara do seu jeito,
ok?— Eu agarrei. — O que importa para você se eu nã o consigo ficar
parado?
Os olhos de Rourke se estreitaram.
— Algum problema?
Minha vida é o problema. Eu queria dizer a ele para deixar isso de
lado, mas eu cansei de falar. A qualquer momento, estaríamos
invadindo um dos maiores armazéns de Vitales. Era o tipo de traiçã o da
qual nã o havia volta. Quando Enzo descobrisse, nã o estaríamos
trepando em becos escuros. Eu estaria morto.
As sombras andavam de um lado para o outro no armazém. Havia
guardas por toda parte. Sem dú vida havia mais dentro. Cada segundo
que passava fazia os pelos dos meus braços se arrepiarem. Ajustei meu
colete novamente, mapeando cada cená rio que poderia acontecer.
Eu me mexi no meu assento, e peguei Rourke olhando para mim.
Porra, algo o mordeu na bunda. Para ser justo, toda a delegacia ficou em
pé de guerra depois de ouvir e ver o que havia acontecido com o ex-
policial Chandler. Meu estô mago deu um nó só de pensar nisso. Eu me
orgulhava de ter um estô mago forte, mas vomitei todo o meu café da
manhã depois de ver as fotos de seu corpo mutilado.
— O que você está passando, Caster? — Rourke perguntou.
Eu pressionei as costas da minha mã o sobre minha boca, forçando-
me a engolir a bile.
— Nada. Acabei de me lembrar das coisas com Aaron Chandler.
Rourke enrijeceu, e sua boca mergulhou ainda mais em uma
carranca.
— Um bom homem torturado assim. Só um monstro poderia fazer
isso.
Ele cerrou os dentes enquanto olhava atentamente para o armazém.
— Fodidos Vitales.
Ao mencioná -los, meu coraçã o disparou. Enzo.
— Nã o sabemos se foram eles. — Mesmo quando eu disse isso, uma
parte de mim sabia que era falso. Pode muito bem ter sido Enzo quem
fez isso. —Ele era um policial sujo. Dificilmente acho que ele se
qualifica como um bom homem.
Rourke zombou e deu um tapa no volante.
— Você está defendendo eles agora? Você precisa ficar para trá s?
Eu balancei minha cabeça.
— Caster, você precisa estar do lado bom. Nã o posso ter um parceiro
que nã o me proteja.
Ele tem razão. O que diabos eu estou pensando? Eu balancei a cabeça.
— Eu te protejo, Rouke.
Nó s nos encaramos por mais um minuto antes que o mesmo velho
sorriso aparecesse no rosto de Rouke. Foi chocante a rapidez com que
suas expressõ es faciais mudaram.
— Bom, somos você e eu. — Ele tocou meu braço, mas parecia
estranho, aquela mesma sensaçã o gelada permeando minhas veias.
Eu balancei a cabeça, dando a ú nica reaçã o que pude antes de me
virar e observar o armazém. O zumbido veio do lado de Rouke, mas eu
sabia que nã o era o chefe chamando ou Sarge. Eles usariam os rá dios
para isso. Eu me forcei a relaxar.
— Devemos nos mover —, Rourke murmurou.
Eu me virei para encará -lo.
— O que você está falando?
— Todo mundo está na frente. Só estamos nó s e mais dois caras aqui
porque toda a açã o vai estar lá em cima. Vamos lá , se chegarmos lá ,
podemos limpar a merda e esfregar na cara deles.
Pisquei para Rourke como se ele tivesse perdido o controle.
— Nó s mal sabemos quantos homens estã o lá dentro. Dez, vinte?
Mas poderia haver mais. Vamos enfrentar todos eles?
Rourke olhou para o edifício.
— Nã o. Nó s estamos entrando pela parte de trá s. Eles nem saberã o
que estamos lá . Vamos entrar, começar a limpá -los, e Sargento fará com
que o resto se junte a nó s a qualquer momento. Mas se eles entrarem lá
e nó s já tivermos começado, adivinha quem acaba parecendo grandes
heró is? Nó s.
— Ou, — eu disse. — Nó s dois perdemos nossos empregos. E se o
chefe está realmente fora, ele encontra alguma acusaçã o para nos
prender, entã o ficamos na prisã o por um tempo pensando em como
fomos estú pidos.
— Eu pensei que você queria ser um detetive? — ele perguntou. —
Você nã o está pronto para finalmente enfiar na cara de todo mundo e
chegar lá ? O chefe irá promovê-lo tã o rá pido que sua cabeça vai girar se
você derrubar os Vitales.
— Eles provavelmente nem estã o aqui, — eu disse, meu pulso
acelerado com o pensamento de finalmente alcançar meu sonho. Estava
tã o perto que eu podia sentir o gosto.
— Mas se eles forem e você os prender...— Rourke parou.
Eu realizaria meu desejo. Minha mente tentou evocar imagens de
algemas nos pulsos de Enzo. Nenhum deles cairia facilmente, mas eu
nã o precisava dos três irmã os. Apenas um. Além disso, foi Enzo quem
ameaçou me matar se me visse de novo, e nã o o contrá rio. Se ele
realmente desse a mínima, ele nã o diria merdas loucas como essa.
— Nó s vamos? Ou nã o? — Rourke estalou.
— Tudo bem —, eu respondi sem pensar. — Certo, tudo bem. Vamos
fazê-lo.
Rourke estava fora do carro antes mesmo que eu pudesse terminar
minha frase. Eu estava logo atrá s dele. No momento em que meus pés
tocaram a calçada, um calafrio caiu sobre mim. Estou cometendo um
erro?
— Vamos pegar essa porta dos fundos. Ninguém está por perto.
Apresse-se, — Rourke assobiou.
Eu nã o tive tempo para pensar. Em vez disso, eu me mudei.
Passamos por um portã o. Os guardas que estiveram lá antes nã o
estavam à vista. Meu olhar varreu a á rea. Era como se tivessem
desaparecido.
— Onde está todo mundo? — Eu sussurrei.
— Nã o importa —, Rourke murmurou. — Continue.
Um formigamento se espalhou pelo meu peito conforme cada passo
que dávamos nos aproximava das entradas do armazém. Um pavor frio
se instalou na boca do meu estô mago. Quando chegamos à porta, saquei
minha arma e fiquei do outro lado. Rourke olhou para mim, levantou
três dedos e começou a contagem regressiva.
Três dois um…
Nó s nos movemos em uníssono, entrando no armazém. Assim que o
fizemos, o medo e a preocupaçã o desapareceram. Essa era a parte do
trabalho que eu amava; a adrenalina. Acelerou e eu estava pronto para
ir, focado. Eu poderia assumir qualquer coisa.
— Pro chã o! — Rourke gritou. — Polícia, faça isso!
Para minha surpresa, alguns deles o ouviram. Eles se deitaram,
deixando cair suas armas enquanto seus olhos disparavam ao redor
como animais enjaulados. Isso deveria ser tão fácil?
— Caster, você está prestando atençã o? — Rourke perguntou.
— Eu estou bem aqui.
— Entã o mova-se. Precisamos passar por esses caras, e há um
escritó rio do outro lado. Vamos!
Eu me movi junto com ele, algo irritante no fundo do meu cérebro.
Amarramos os pulsos e tornozelos daqueles que estavam no chã o e
continuamos em movimento. Tiros soaram, perfurando a quietude ao
nosso redor. Rourke e eu nos separamos, nos protegendo enquanto os
tiros se intensificavam junto com os gritos.
— Acho que eles sabem que estamos aqui—, disse Rourke, com um
brilho nos olhos. — Continue andando!
— Espere —, eu disse, balançando a cabeça. — Nã o deveríamos
esperar pelo reforço? Onde está todo mundo?
— Foda-se, já estamos aqui. Se nos virarmos, outra pessoa fica com
toda a gló ria.
Eu fiz uma careta.
— Desde quando você se importa com a gló ria?
— Vamos!
Gemendo, eu me afastei do pilar e dei alguns tiros rá pidos. Um
homem gritou enquanto caía. Eu me movi, empurrando para frente.
Nã o havia como voltar atrá s agora. No entanto, isso nã o significava
que eu nã o estava rezando para que os Vitales nã o estivessem aqui.
Mais do que provável, eles estavam em casa. Ou aterrorizando outra
pessoa. Quais eram as chances de que algum deles estivesse aqui?
— Quanto mais demoramos —, Rourke gritou sobre o rugido de
tiros e gritos. — Maior a chance de os Vitales escaparem.
Eu congelo. Rourke largou um homem como se nã o fosse nada, e eu
observei um lento sorriso aparecer em seu rosto. Ele está gostando
disso? Algo me puxou. Era como se ele soubesse que os Vitales estariam
aqui, mas como ele poderia saber?
— Tex, preste atençã o!
Voltei a me concentrar nas coisas e me abaixei a tempo de evitar
uma bala. Se quiséssemos sair vivos, eu tinha que manter o foco.
— Pro chã o! — Rourke gritou.
Alguns homens caíram, mas outros? Eles nã o davam a mínima. Em
vez de ouvir, eles tentaram colocar uma bala em nossos cérebros. Olhei
ao redor, mas nã o havia reforços. Sarge sabe que estamos aqui? O
armazém era enorme. E se eles nã o soubessem que estávamos lá
dentro?
— Suficiente! — Uma voz cortou o caos. — Terminamos de filmar?
Podemos falar?
Eu congelo. Essa era uma voz que eu reconheceria em qualquer
lugar. Benito. Olhei ao redor e o vi parado ali, olhando em nossa direçã o.
— Já sabemos que há carros na frente, mas vai demorar um pouco
até eles entrarem. Essa porta é reforçada e vai demorar mais do que um
aríete para atravessá -la. Entã o, podemos conversar, ou podemos voltar
a atirar um no outro.
— Nã o há nada para falar —, respondeu Rourke. — Deite-se no
chã o, deite-se de barriga para baixo e seja algemado. Já vi contrabando
suficiente por aqui para prender todos vocês por um bom tempo, entã o
façam isso!
— Eu nã o fico de barriga pra cima por ninguém —, retrucou Benito.
— Sim, acho que sou bom nisso, — Giancarlo entrou na conversa,
com um sorriso nos lá bios. — A ú nica maneira de cair no chã o é se eu
for fodido.
Olhei para eles. Meus olhos pousaram em Enzo. Ele ficou em
silêncio, seus olhos correndo ao redor na penumbra do armazém. Ele
está procurando por mim?
— Nã o vou dizer de novo para você se deitar no chã o! — Rourke
gritou. —Ú ltima chance!
— Ou o que? — Benito riu. — Você vai atirar em mim?
— Absolutamente fodidamente.
Olhei para Rourke.
— Precisamos recuar até que os outros passem.
— Foda-se —, ele zombou. — Estou farto desses idiotas criminosos
e patéticos se safando dessa merda. Nó s os derrubamos e damos o fora
daqui.
— Rourke.
— Nã o seja um maricas, Tex, — ele sibilou para mim. — Quem se
importa se dois mafiosos desprezíveis morrem?
Eu me importo! Eu me importo, porra!
Nã o importa o quanto eu queria ser detetive, eu nã o estava disposto
a matá -los só por causa de quem eles eram. Nã o parecia certo.
— Estamos fazendo isso direito —, eu bati. — Prenda-os.
— Parece que eles querem ser presos? — ele atirou de volta. —
Esses filhos da puta vã o nos enterrar!
—Que diabos Rourke? Este nã o era o plano.
Rourke revirou os olhos. —Fique aí e mije nas calças, Caster. Estou
derrubando esses monstros. — Ele balançou sua cabeça. — Achei que
você ia ser melhor que o seu pai.
— Foda-se —, eu rosnei.
Se Rourke nã o ia ouvir a razã o, eu tinha que cuidar disso sozinho. Os
irmã os Vitale eram criminosos, mas ainda eram humanos. O que quer
que tenha acontecido com Rourke o deixou louco. Ele estava tã o ansioso
para matar, e eu nunca tinha visto esse lado dele antes.
— Abaixe as armas, — eu chamei quando saí do esconderijo. —
Enzo, faça-os ouvir. Nã o quero que isso acabe mal.
Os olhos escuros de Enzo focaram em mim.
— Tex.
— Sim —, eu disse. — Sou eu. Nã o faça isso. Nã o quero ser a razã o
pela qual você morre.
No momento em que as palavras saíram de meus lá bios, me senti
mais leve. O que eu disse foi uma verdade que enterrei profundamente
dentro de mim pelo que pareceram séculos. Eu não poderia ser a razã o
pela qual Enzo morreu. Nã o importa o que ele e sua família tivessem
feito, eu nã o seria a pessoa que o mataria.
— Ele massacrou mais pessoas do que você imagina, — Rourke
cuspiu. —Quem se importa se ele morrer?
— Eu faço —, eu disse. — Nã o é assim que fazemos isso, Rourke.
— Ele é um maldito parasita! Só porque você fodeu com ele nã o
significa que ele vai hesitar em te matar.
Meu estô mago apertou. Eu mantive minha mã o em volta da minha
arma enquanto meu coraçã o despencava para o meu estô mago. Eu
sabia quem era Enzo. Mas ainda havia algumas coisas que eu nã o queria
acreditar.
Enzo zombou.
— Eu? Por que você nã o conta ao Tex quem está roubando nossos
produtos e os vendendo? Ou quem está orquestrando a volta de nossos
homens para o lado dele?
Olhei para Rourke.
— Do que ele está falando?
— Eu nã o sei, — meu parceiro mordeu de volta. — Ele está tirando
coisas de sua bunda.
— Nã o —, disse Enzo, balançando a cabeça. — Você me conhece,
Tex. Eu tomo meu tempo e calculo tudo. Rourke tem mergulhado os
dedos em nosso negó cio e lucrando. Você nã o achou estranho ter nos
encontrado tã o rapidamente? Sabíamos que havia mais ratos. — O
olhar de Enzo cintilou para Rourke. — Assim como tenho certeza de
que um daqueles ratos avisou a ele que estávamos aqui esta noite. Ele
faz parte disso.
Olhei para Rourke enquanto meu corpo esfriava.
— Diga-me que ele está mentindo.
— Vamos, — Rourke rosnou. — Eles estã o fazendo isso para entrar
em nossas cabeças. É um jogo para que eles possam nos matar.
Eu fiz uma careta.
— Se eles nos quisessem mortos, já estaríamos mortos. — Baixei
minha arma. — Que diabos estamos fazendo aqui?
Rourke olhou para mim. Seus olhos procuraram os meus, mas eu
nã o tinha ideia do que ele estava procurando. Eu esperava que ele se
virasse e eu o seguisse. Poderíamos esquecer o que estávamos fazendo,
o que estava acontecendo e voltar para o jeito que as coisas eram. No
entanto, no fundo eu sabia a verdade. Nã o havia como voltar atrá s.
O olhar de Rourke escureceu quando eu nã o disse nada.
— Foda-se isso. Se você nã o pode fazer isso, você pode se juntar a
eles.
O que? Antes que eu pudesse questionar meu parceiro, meu amigo,
alguém em quem eu confiava, os dedos de Rourke enrolaram em volta
do meu colarinho e ele me puxou de volta. A arma escorregou da minha
mã o e caiu no chã o enquanto eu era arrastado para mais perto dele. Ele
nos tirou de trá s do pequeno abrigo. Meu sangue disparou quando me
deparei com nã o uma, mas três armas apontadas para mim.
Risque isso, quatro. A pressã o quente da arma de Rourke atingiu
minha têmpora enquanto ele protegia seu corpo com o meu.
— Nã o atire —, disse Enzo. Sua voz cortando a névoa de confusã o
que se instala em meu cérebro.
Rourke riu.
— Merda, você sabe que eu pensei que você estava brincando
comigo que você estava fodendo com essa vida baixa.
Benito e Giancarlo mantiveram suas armas apontadas para nó s. Eu
nã o tinha estado tã o perto da morte em muito tempo.
— Abaixe as armas agora, ou eu vou explodir a porra dos miolos do
seu brinquedo. — Seu há lito quente soprou em meu ouvido e ele baixou
a voz para que eu fosse a ú nica a ouvi-lo. — Nã o se preocupe. Ninguém
na delegacia vai saber que você abriu as pernas para um bando de
monstros. Você vai morrer como um heró i em vez do fracasso que você
realmente é, — ele cuspiu. —Vamos ser honestos, a ú nica razã o pela
qual o chefe lhe deu essa porra de força-tarefa em primeiro lugar é
porque você é o menino especial do papai. É besteira, — ele cuspiu. —
Eu trabalhei pra caramba por anos, e você entra, um patético viciado
em drogas e recebe todos os elogios por ser seu pai. Estou farto disso.
Eu me contorci nas mã os de Rourke quando suas palavras me
atingiram no peito como uma marreta. Que amizade eu achava que
nunca tínhamos existido, nã o é mesmo? Meu cérebro de repente clicou,
e eu percebi porque eu senti aquela sensaçã o incô moda o tempo todo.
Rourke sabia onde todos estavam. Ele conhecia o layout deste lugar.
Rourke esteve aqui quem sabe quantas vezes.
— Você está fazendo isso porque está com ciú mes? — Eu zombei. —
Que porra há de errado com você?
— Cale a boca —, Rourke estalou, seu aperto de aperto. — Você nã o
sabe como é tentar subir do nada. Eles entregaram a você este trabalho,
as melhores atribuiçõ es como se nã o fosse nada. Foda-se você e seu pai
idiota.
Enzo baixou a arma e deu um passo à frente.
— Que diabos está fazendo? — Eu exigi. — Enzo, mexa-se!
Ele nã o disse uma palavra. Tudo se movia a passos de tartaruga, e
fiquei impotente enquanto observava. Rourke apontou sua arma,
apertou o gatilho e o horror disparou em minhas veias. Eu olhei, de
olhos arregalados e boquiabertos, enquanto a bala atravessava o corpo
de Enzo. Ele se virou para trá s, seus olhos se abrindo do tamanho de
pires.
Meus ouvidos zumbiam e nã o ouvi mais nada enquanto o dedo de
Rourke se curvava ao redor do gatilho. Com o coraçã o acelerado, eu me
joguei sobre ele. Caímos amontoados, uma bola de membros se
debatendo e punhos batendo. Meus dedos se partiram em um de seus
dentes, sangue jorrando em seu rosto. Tudo era um borrã o ao meu
redor enquanto meus instintos assumiam, e eu lutei com Rourke.
Minhas costas bateram no chã o implacável. A dor subiu e desceu pela
minha espinha, mas continuei a balançar. Meus membros ficaram
pesados quando as mã os de Rourke envolveram minha garganta e
apertaram. O ar tornou-se escasso e manchas dançaram em minha
visã o.
— Saia de cima dele!
Pisquei quando um borrã o passou por mim e derrubou Rourke no
chã o. Minha garganta doía, crua e latejante enquanto eu engasgava e
tentava puxar o ar para os pulmõ es. Olhei para cima e vi Enzo e
Giancarlo pisarem na cabeça de Rourke. Meu parceiro tentou pegar sua
arma, mas Benito esmagou aquela mã o com os sapatos.
— Tex, — Rourke gritou.
Olhei para o homem com quem passei tanto tempo. Quantas noites
nos sentamos juntos em algum bar sujo, desestressando depois dos
horrores do trabalho? Quantas vezes ligamos um para o outro tarde da
noite apenas para desabafar? Quantas cervejas compartilhamos, xícaras
de café, histó rias fodidas da vida em casa? E ele estava disposto a me
matar.
Meu corpo ficou colado ao local enquanto o transformavam em algo
que nem parecia mais um ser humano. Eu nã o podia me virar, nã o
importa o quanto meu cérebro gritasse para eu fazer exatamente isso.
Enzo grunhiu, os joelhos batendo no chã o. Isso me tirou do meu
estupor. Eu estava de pé e fui até ele antes que pudesse pensar no que
estava fazendo. Havia sangue em sua camisa antes limpa e seus olhos
estavam desfocados.
Estrondo!
— Merda, eles estã o tentando passar, — Giancarlo murmurou. —
Você está bem, Enzo?
Eu me agachei e coloquei Enzo de pé, usando meu ombro para
apoiá -lo.
— Eu o peguei. Como vamos sair daqui?
— Você desaparece e eles vã o fazer algumas perguntas para você,
garoto —, disse Benito.
— Eu nã o dou a mínima! Eu nã o vou deixá -lo, — eu bati. — Enzo
nã o parece bem e está perdendo sangue. Precisamos sair daqui. Agora.
Não me peça para perder mais ninguém esta noite. Não posso.
— Siga-me —, disse Benito. — Mova-se rá pido. Ajude-o, Gin.
Juntamente com Giancarlo, movemos Enzo pelo armazém. Benito
moveu uma das enormes caixas e apontou para um alçapã o no chã o.
— Ir. Eles nos levarã o para fora.
Assentindo, saí do caminho enquanto eles lutavam com a pesada
porta. Meus olhos foram para Rourke. Ele ficou no chã o, uma bagunça
amassada e sangrenta. Todos os seus membros estavam em â ngulos
estranhos. O branco de seus olhos estava rígido contra todo o sangue,
olhando para o teto.
Meu estô mago revirou. Ele esteve perto de me matar, e eu ainda nã o
conseguia odiá -lo. Por que? Eu queria sacudi-lo e perguntar por que
diabos ele me traiu assim. Sempre esteve lá , seu ó dio? Ou desenvolveu-
se lentamente quando eu nã o estava olhando? Minha garganta entupiu,
mas nã o havia lá grimas. Reconheci o choque que se instalou em mim,
deixando-me frio. Mais tarde, eu sabia que havia uma comporta
esperando. Um que iria quebrar enquanto eu lamentava o homem que
eu achava que conhecia.
— Tex.
Minha atençã o se voltou para Enzo. Seus olhos estavam vidrados e
ele parecia pá lido, como se fosse desmaiar. Eu nem sabia de onde vinha
o sangue. Meu coraçã o acelerou, tudo mais esquecido, exceto por ele.
— Eu estou bem aqui. Enzo, estou com você.
Ele me segurou enquanto descíamos as escadas. Acima, eu podia
ouvir a voz do meu sargento. No entanto, eu nã o iria voltar atrá s. Eu
tomei minha decisã o.
Enzo foi a coisa mais importante da minha vida. Eu só queria me
concentrar nele.
CAPÍTULO VINTE E NOVE
TEX

Rasguei a camisa de Enzo e procurei o ferimento. Havia tanto sangue


que parecia uma cortina, obscurecendo minha visã o e escondendo onde
ele estava ferido. A frustraçã o alimentou minha irritaçã o e olhei mais de
perto.
— Você sabe o que está fazendo? — Benito perguntou.
— Foda-se! — Eu agarrei.
Os olhos de Benito escureceram.
— Tenha cuidado.
— Você acha que eu dou a mínima para o que você pode fazer
comigo agora? — Eu encarei Benito como se ele nã o fosse nada. Eu
nunca tinha tremido tanto na minha vida. A ú nica coisa que me
importava era Enzo. —Acabei de ter meu amigo, um bom amigo,
ameaçando me matar. Ele colocou uma arma na minha cabeça. Eu
estremeci. — Agora ele está morto…
As emoçõ es roubaram minhas pró ximas palavras, entupindo minha
garganta enquanto as lá grimas escorriam pelo meu rosto. O choque
ainda estava lá , mantendo-me a salvo da realidade da situaçã o. Mas eu
podia sentir isso chegando, aquela verdade desagradável que estava
esperando para me rasgar e me rasgar em pedacinhos.
— A ú nica coisa que me importa agora é ele, — eu disse, acenando
para Enzo. — Ele é tudo que me resta.
O mundo bateu à minha porta; meu amigo havia sido pisoteado até a
morte, meu emprego provavelmente havia acabado e Enzo estava
sangrando no caro couro escuro do maldito carro importado de seu
irmã o. Era como se eu estivesse vivendo em algum pesadelo fodido.
— Eu estou bem. — Enzo agarrou minha mã o e apertou. — Nã o é
tã o ruim.
— Cale a boca —, eu bati para ele. — Apenas cale a boca antes que
você sangre na minha perna.
Enzo sorriu para mim e quase desmoronei. Meu coraçã o apertou.
Ele era um idiota. Por que diabos ele levou um tiro por mim? Esse era o
cara que jurou que me mataria se nos cruzá ssemos novamente mais de
uma vez. E ainda assim ele mergulhou no caminho da raiva de Rourke
como se nã o fosse nada.
Eu encontrei a ferida e empurrei minha mã o contra ela. Deslocando
Enzo ligeiramente, verifiquei se a bala havia entrado e saído. Assim que
tive certeza de que sim, suspirei de alívio. Pelo menos nã o estava
alojado em seu corpo. Isso seria um tipo de horror que eu nã o poderia
suportar agora.
Benito e Giancarlo nã o existiam para mim. Tudo em que eu
conseguia me concentrar era em Enzo. Ele estendeu a mã o, segurando a
minha com tanta força que poderia quebrar. Ou talvez eu estivesse
apenas mais consciente de cada sensaçã o agora. Sua mã o parecia
chumbo na minha, e o ar no carro estava sufocante com o cheiro de
sangue e fumaça de arma.
— Pare, — Enzo murmurou para mim. — Você parece uma merda
quando chora.
Eu comecei a rir. Foi uma coisa tã o inesperada de se dizer que me
pegou de surpresa. O riso morreu e eu chorei ainda mais. Minha vida
estava desmoronando. O ú nico que realmente me viu foi um criminoso.
Eu nã o tinha ideia do que qualquer coisa era mais.
A mã o de Enzo roçou minha bochecha.
— Respire —, disse ele. — Tudo bem.
— Eu nã o deveria estar lhe dizendo isso? — eu murmurei.
— Pare de ser tã o teimoso.
Eu queria envolver Enzo em meus braços e nunca deixá -lo ir. Mesmo
quando ele estava com dor ó bvia, eu podia sentir o quanto ele se
preocupava comigo. O pedaço de merda maluco, invasor e perseguidor
se importava comigo.
Giancarlo se moveu e me ajudou a aplicar pressã o. Nossos olhos se
encontraram e ele assentiu, mas ficou quieto. Eu queria agradecê-lo por
isso. Agora, eu nã o poderia levar nada mais do que o que estava na
minha frente.
— Tex?
— Sim? — Eu perguntei, limpando minha garganta para nã o soar
como uma putinha.
— Estamos quase em casa.
Casa. Enzo disse isso tã o casualmente como se nã o significasse nada,
mas significava o mundo para mim. Meus olhos nublaram novamente, e
eu queria me enrolar e chorar onde ninguém pudesse me ver. Eu sabia
que era parte do estado de choque, mas caramba, doía.
— Sim —, eu sussurrei.
Olhei pela janela do carro enquanto as ruas passavam. Nó s
realmente estávamos indo para a casa dele. Olhei para seus irmã os.
Nenhum dos dois parecia alarmado, e presumi que tivessem tomado
providências médicas.
— Estamos quase em casa —, eu sussurrei de volta. Olhei para seus
irmã os novamente. — Eu preciso de algo que eu possa envolver em
torno de sua ferida.
Benito tirou o paletó e passou-o sem dizer nada. Amarrei-o ao redor
do corpo de Enzo, puxando-o com força. O sorriso caiu de seu rosto e
um silvo escapou de seus lá bios. Ele estreitou os olhos para mim.
— Nã o olhe para mim. Estou fazendo o melhor que posso.
Enzo grunhiu quando o carro parou. Os irmã os desembarcaram
antes que Benito se virasse e estendesse os braços.
— Dê-o para mim. Eu o carregarei.
— Nã o. — Eu saí do carro. — Eu o carrego.
Benito rosnou.
— Você está realmente me pressionando.
— Eu disse que vou carregá -lo.— Eu me aproximei dele. — Saia do
meu caminho.
— Vamos, Benito. Estamos perdendo tempo —, disse Giancarlo.
Eu me virei para Enzo. Os dois poderiam discutir sobre besteira. Eu
precisava levar Enzo para sua casa. Ele se encostou no carro, sua pele
pá lida e sua respiraçã o pesada. Eu me agachei.
— Suba nas minhas costas.
Enzo, para minha surpresa, nã o discutiu. Ele passou os braços em
volta do meu pescoço, gemeu e deitou em mim. Envolvi meus braços em
torno de suas pernas e o coloquei em posiçã o. Levantando-me,
certifiquei-me de que ele estava equilibrado nas minhas costas.
Pegamos o elevador de serviço até a casa dele.
— Aí estã o vocês, — uma mulher disse enquanto ela estava na porta,
carrancuda. — Ele parece terrível. Leve-o para dentro e para uma cama.
Andar de baixo.
Eu nã o fiz perguntas. Movendo-me para o quarto de hó spedes, eu
cuidadosamente tirei Enzo das minhas costas. Cada respiraçã o dolorosa
me deixava nervoso.
— Deixe-me começar a trabalhar. — A mulher colocou a mã o nas
minhas costas quando eu nã o me mexia. — Saia do caminho, ou eu nã o
posso salvá -lo, querido. Mova-se.
Eu me desloquei para fora do caminho, mas nã o muito longe.
Pressionando minhas costas no canto da sala, observei seu trabalho. Se
ela fizer merda, eu atiro nela. O pensamento foi tã o repentino que
estremeci, mas era exatamente como eu me sentia. Eu a mataria sem
pestanejar se Enzo morresse.
A risada de Enzo me fez olhar para ele.
— Pare de olhar para a doc —, disse ele, balançando a cabeça. —
Melony é boa no que faz.
— Awww, obrigada, — ela arrulhou. — Agora, fique quieto e
concentre-se em si mesmo.
Enzo piscou para mim antes de seu rosto se contorcer de dor, e ele
xingou. Dei um passo à frente, mas um assobio agudo cortou o ar.
— Afaste-se —, disse Benito. — Deixe-a fazer o maldito trabalho
dela.
Eu quero atirar nele em seguida.
Eu parei de andar. Por fim, Melony deu um passo para trá s e soltou
um suspiro pesado. Ela tirou as luvas sujas de sangue.
— Esses pontos vã o aguentar —, disse Melony. — Basta ter cuidado,
e você vai ficar bem. Aqui. — Ela cavou em sua bolsa e tirou um frasco
de comprimidos. — Tome um desses a cada oito horas para matar a dor.
É uma boa merda.
Peguei a garrafa dela.
— Vou dar a ele.
— Ele deveria ter alguém aqui para cuidar dele. Acho que é você?
— Sim—, eu balancei a cabeça. — Eu nã o estou indo a lugar
nenhum.
— Muito descanso, á gua e alimente-o antes do remédio—, disse ela,
verificando o telefone. — Eu tenho um turno em algumas horas. Eu
preciso sair daqui. Voltarei para verificar você depois do trabalho, Enzo.
— Obrigado —, ele gemeu. — Comprimido.
— Ela disse que eu deveria alimentar você primeiro, — eu disse, me
aproximando dele. — Deixe-me fazer alguma coisa.
Ele acenou com a mã o.
— Comprimido.
— Eu sei que você está com dor, mas...
— Dê a ele a pílula, — Gin gemeu. — Se ele vomitar, ele vomita.
Suspirei.
— Certo. Vou pegar um pouco de á gua. Coloquei a mã o na perna de
Enzo. — Eu volto já .
Ele assentiu. Eu olhei para ele. Sua camisa havia sido cortada e seu
peito estava enfaixado. Eu podia ver manchas de sangue tentando
aparecer através do embrulho. Sim, eu nã o iria a lugar nenhum porque
precisava ser o ú nico a mudá -los. Foi minha culpa que ele foi baleado
em primeiro lugar. Ele estava certo; eu era ingênuo.
Fui até a cozinha, deixando-o sozinho com os irmã os. Minhas mã os
ainda tremiam, mas nã o tanto quanto antes. Parte do choque havia
passado, mas foi substituído pela exaustã o. Eu nã o poderia lidar com a
morte de Rourke, nã o esta noite. Amanhã , entretanto, eu sabia que me
atingiria como um caminhã o de dez toneladas.
Á gua fria derramou sobre minha mã o, me acordando. Fechei a
torneira e rapidamente voltei para Enzo. A sala estava vazia agora além
dele.
— Para onde seus irmã os foram?
— Disse-lhes para nos dar algum espaço. — Ele se ergueu sobre um
cotovelo. — Deixe-me pegar essa pílula.
— Certo. — Coloquei um comprimido em sua língua, lavando-o com
á gua. Ele engoliu e se jogou de volta na cama. — Tenho certeza de que
vai entrar em açã o em breve.
— Hmm, — ele resmungou, sua mã o agarrando a minha. — Venha.
Eu fiz uma careta.
— Eu nã o quero te machucar.
Enzo puxou e eu caí na cama.
— Ei, cuidado! — Eu rosnei. Coloquei o copo no criado-mudo. —
Você vai se machucar se fizer essas merdas.
—Nã o me importo—, ele murmurou. Enzo me puxou para mais
perto, enterrando o rosto no meu pescoço. — Você está bem?
— Foi você quem levou um tiro, — eu apontei.
— E daí? Você viu seu amigo morrer esta noite. E nã o fomos legais
com isso. — Ele virou minha cabeça para que eu nã o pudesse desviar o
olhar. —Você está bem?
— Nã o, — eu respondi honestamente.
Enzo assentiu.
— Achei que nã o. — Ele colocou o braço sobre mim, segurando-me
com força enquanto o silêncio se estendia entre nó s. Meu corpo ficou
pesado, minhas pá lpebras caídas. — Tex?
— Sim —, eu murmurei.
— Eu te amo.
Meus olhos se abriram de novo.
— O que?
Os olhos de Enzo estavam começando a se fechar, o remédio fazendo
efeito. — Eu te amo, — ele disse arrastado ligeiramente. — Fica comigo.
Meu coraçã o disparou. Acabei de ouvir isso? Enzo procurou meu
rosto, seus olhos cansados procurando por algo. Lambi meus lá bios.
— Porra. Acho que também te amo — sussurrei.
Um sorriso tomou conta de seus lá bios quando seus olhos se
fecharam uma ú ltima vez e permaneceram fechados. A respiraçã o suave
e uniforme contra o meu ouvido fez meu peito apertar. Olhei para Enzo
pelo que pareceram séculos, observando seu peito subir e descer
enquanto ele me segurava.
Eu te amo mais do que já amei outro ser humano em minha vida.
CAPÍTuLO TRINTA
ENZO

Mentira e cura era para os fracos. Havia coisas melhores que eu


poderia fazer com meu tempo. Como lembrar a um certo policial
exatamente do que eu era capaz.
Deslizei para fora da cama e andei pelo quarto de hó spedes sem
fazer um ú nico som. Tex estava na sala, consertando e colocando os
livros de volta na estante. Depois de dois dias fora de casa, confinado à
cama, notei que Tex se manteve ocupado. As pilhas de projetos
inacabados que decoravam a maior parte da minha casa foram
removidas.
Uma parte de mim pensou que Tex iria embora. Lutei contra a
sonolência dos comprimidos, mas eles sempre me arrastavam para a
escuridã o. Esperando por mim estava a preocupaçã o de que eu abriria
meus olhos e Tex nã o estaria lá . Preciso ter certeza de que ele nunca
mais tentará sair.
Meu peito apertou. Apertei os olhos para ver se ele os colocara na
ordem que mostrei a ele da primeira vez. Alguns estavam fora do lugar,
mas surpreendentemente nã o me incomodaram. Eu me encostei na
parede e o observei por mais dez minutos. Ele se mudou, mas era como
se ninguém estivesse em casa. Seus olhos azuis estavam vagos.
Eu me movi rapidamente pela sala com passos leves. Tex se virou,
mas era tarde demais. Eu já o tinha na minha armadilha. Eu o joguei
contra a parede, cara para frente. Ele grunhiu e eu gemi, sendo
pressionado tã o perto dele.
— Você deveria estar descansando!
Eu esfreguei meu pau contra sua bunda firme. Amaldiçoei o tecido
entre nó s. Um arrepio de prazer me percorreu da cabeça aos pés. A dor
era pouco mais que um aborrecimento. Algo que eu poderia facilmente
ignorar para ele.
— Mmm, é mesmo? — Passei minha mã o pela cintura de Tex e
empurrei o elá stico de seu moletom. Carne quente cumprimentou meus
dedos e foi mais longe até que eu tinha o pau de Tex na minha mã o.
Tex respirou fundo quando empurrou contra mim. Ele estava
precisando, e que tipo de pessoa eu seria para ignorar o homem que
tinha minha mente, corpo e alma negra na palma de suas mã os? Eu
seria pior que um monstro.
Meus lá bios roçaram sua orelha.
— Diga isso de novo.
Eu queria ouvir aquelas doces palavras, aquelas que me cravaram
mais fundo do que qualquer faca ou bala já fez. Eu os desejava como
desejava a carne de Tex.
— O que? — Tex gemeu. Ele balançou a cabeça e tentou se afastar de
mim sem me machucar. — Enzo, você precisa ir para a cama.
Eu apertei meu punho em torno de seu pênis e o acariciei
exatamente como eu sabia que ele gostava. O gemido que saiu de Tex foi
como encontrar uma mina de ouro.
— Nã o é isso. — Apertei-me firmemente contra ele, fechando os
olhos por um momento e respirando-o.
— O que...— Suas palavras foram interrompidas em um suspiro
enquanto eu passava meu polegar sobre a cabeça de seu pênis.
— Enzo.
A maneira como ele disse meu nome só me estimulou ainda mais.
Meu sangue ferveu e cada centímetro do meu corpo estava em alerta
má ximo, todo focado em Tex.
Eu me afastei e virei Tex. Suas costas bateram na parede. Antes que
ele pudesse me impedir, caí de joelhos e puxei seu moletom para baixo.
Seu pênis estava duro e uma pérola de pré-sêmen me cumprimentou.
O sorriso no meu rosto era impossível de conter. Tex precisava disso
tanto quanto eu. Nó s estávamos sem o outro por muito tempo. Eu podia
ver em seus lindos olhos azuis que ele estava a um segundo de quebrar.
— Enzo, você nã o deveria...
— Mã os atrá s da cabeça, — eu exigi.
Tex hesitou por um segundo, olhando nos meus olhos. Ele
lentamente levantou as mã os e entrelaçou os dedos antes de colocá -los
atrá s da cabeça.
— Você escuta tã o bem. — Corri minha língua até o comprimento de
seu pênis. — Quando você quiser.
Os dentes de Tex morderam seu lá bio inferior enquanto ele olhava
para mim. Preocupaçã o e desejo causaram estragos em seu olhar. Eu
poderia dizer que ele queria parar e me implorar para fazer mais.
Ele é tão precioso e todo meu.
Eu segurei suas bolas enquanto soltei um suspiro sobre a cabeça de
seu pênis. Os quadris de Tex se moveram para frente, e eu os bati contra
a parede. Eu o segurei firmemente lá . Seus olhos se arregalaram, mas
foi o gemido que falou muito.
— Só há uma coisa que eu quero ouvir da sua boca além do meu
nome. Separando meus lá bios, eu levei a cabeça de seu pênis em minha
boca. Eu girei minha língua ao redor da ponta, provocando e
observando as reaçõ es de Tex.
— Ugh, você é louco e precisa ser amarrado a uma cama de hospital
—, disse Tex.
Eu levantei uma sobrancelha para ele, e ele sorriu para mim. Eu bati
para frente, levando seu pênis para o fundo da minha garganta. O
sorriso desapareceu e foi substituído por um de choque e euforia.
Engoli em torno da cabeça de seu pênis, certificando-me de manter
minha garganta relaxada.
— Merda, você é muito bom nisso. — As pernas de Tex tremiam e
seu pau pulsava contra a minha língua.
Eu me afastei antes que ele pudesse gozar e cobri a fenda com o
polegar. Um gemido ecoou ao meu redor e encheu minha alma escura
muito mais do que os apelos de um moribundo.
— Enzo, vamos, por que você parou?
— Diga, — eu exigi.
Os olhos de Tex estavam selvagens enquanto sua boca abria e
fechava como um peixe.
— O que você quer que eu diga?
Engoli seu pau de volta, pressionando meu nariz contra sua pélvis.
Eu puxei mais gemidos dele enquanto ele lutava para formar uma frase
coerente. Eu consagrei minhas bochechas enquanto me movia para trá s
e passava minha língua sobre a fenda coletando o pré-sêmen que
escorria livremente.
— Foda-me! — O peito de Tex subia com cada respiraçã o difícil
enquanto ele lutava para manter as mã os atrá s da cabeça. — Pare de
parar, porra.
Eu sorri e peguei suas bolas na minha boca enquanto
preguiçosamente acariciava seu pau. Seu comprimento parecia pesado
em minha mã o, e eu nã o queria nada mais do que tê-lo de volta em
minha boca.
— Você nã o pode gozar até dizer isso.
Tex gritou, mas permaneceu firmemente contra a parede. Seu olhar
varreu meu rosto, e eu soube o momento em que ele percebeu. O rubor
em suas bochechas se aprofundou, e sua boca se abriu. Eu soltei suas
bolas e levei seu pau de volta em minha boca.
Eu gemi em torno de seu comprimento grosso. Tex xingou, sua
cabeça batendo contra a parede enquanto suas mã os caíam e seus
dedos se enredavam no meu cabelo castanho escuro e grosso. Eu
mantive meus olhos abertos enquanto eu engolia em torno dele.
Tex parecia tã o bom quando estava envolto em prazer. Ele empurrou
seu pau ainda mais na minha garganta, e eu relaxei, aceitando tudo.
Nossos olhos se encontraram em um aperto intenso que parecia
rígido. Nem mesmo o pró prio Sataná s poderia quebrá -lo. O mundo caiu
e éramos apenas nó s, como deveria ser.
— Enzo, eu odeio que eu te amo —, disse Tex.
Seus dedos se desvencilharam do meu cabelo e seguraram meu
rosto. Havia uma gentileza em seu toque, independentemente do que
estávamos fazendo.
— Eu te amo tanto pra caralho... que isso me assusta.
Seus quadris gaguejaram e ele tentou se afastar. Eu tranquei meus
braços ao redor de seus quadris e o mantive no lugar enquanto Tex
chegava ao clímax. Salpicos quentes de esperma encheram minha boca,
e eu engoli avidamente como um bom vinho.
Eu liberei seu pau com um estalo. Tex caiu contra a parede quando
me levantei. Eu agarrei seu rosto e pressionei ambos os lados de suas
bochechas, forçando sua boca a se abrir. Eu o alimentei com as poucas
gotas de esperma que eu nã o tinha engolido.
— Espero que você nã o pense que terminamos.
— Enzo. — Tex engoliu audivelmente. — Você é o diabo.
Eu o beijei novamente. Era como se eu nã o conseguisse o suficiente.
— Mas eu sou o seu demô nio.
— Foda-me. Agora. — Tex me puxou para perto. Seus dedos
dançaram ao longo da minha cintura, puxando a calça do pijama de
seda que eu estava usando.
— Eu pretendo fazer mais do que foder você, Tex. — Ele parou para
olhar nos meus olhos. Eu nã o tinha certeza do que ele viu, mas o medo
brilhou em seus olhos. O riso borbulhou de mim, e eu o beijei
novamente.
— Eu te amo, e sim, planejo te destruir.
A respiraçã o de Tex engatou e o desejo correu por mim. Eu me
afastei e o arrastei para o quarto de hó spedes. Eu mal podia esperar
para voltar para o nosso quarto, mas nã o tinha paciência no momento.
Eu precisava de cada grama de energia que eu tinha agora.
As roupas caíram quando nos deitamos na cama. Nossas bocas
juntas em um beijo sem fim.
— Precisamos ter cuidado —, disse Tex.
Eu o empurrei para a cama.
— Nã o haverá nada de gentil nisso.
— Enzo, você está ferido.
Subi na cama atrá s dele, segurei uma bochecha em cada mã o e
apertei. Eram globos firmes que se encaixavam perfeitamente em
minhas palmas.
— Me diga mais.
Antes que Tex pudesse pronunciar uma palavra, eu mergulhei como
um homem faminto. Minha língua se debatia contra seu buraco. Seus
gemidos ricocheteavam nas paredes enquanto eu me banqueteava com
ele. Lambi e belisquei a carne enrugada.
Os quadris de Tex mexeram, e eu gemi quando empurrei minha
língua dentro dele. Ele era tã o quente que eu jurei que iria me queimar.
Mas nem um centímetro de mim queria parar. Se alguma coisa, eu caí
mais fundo na fome que se arrastou dentro de mim só por Tex.
Eu trabalhei um dedo ao lado da minha língua, esticando Tex e
provocando-o.
— Ah, foda-se —, Tex gemeu.
Eu me afastei a tempo de pegá -lo puxando seus mamilos perfurados.
Lambi meus lá bios avidamente quando ele virou a cabeça para olhar
para mim.
Seu rosto estava corado, e seu pênis pendia pesadamente entre as
pernas como se ele nã o tivesse gozado momentos atrá s. Eu me
pendurei em suas costas enquanto pegava o lubrificante que coloquei
sob o travesseiro.
— Tinha tudo planejado, — Tex murmurou.
Dei de ombros.
— Nã o posso ir caçar despreparado.
Tex zombou e balançou a cabeça. Eu lubrifiquei seu buraco ainda
mais e espalhei o resto no meu pau antes de jogar a garrafa para o lado.
Cobrindo-me sobre Tex, eu me aproximei dele. Certificando-se de
que tudo o que ele podia ouvir, cheirar, sentir, ver e provar era eu.
— Eu nã o sou uma presa, — Tex rosnou.
— Oh? — Eu descansei a ponta do meu pau contra seu buraco,
pressionando contra ele, mas nã o o suficiente para entrar nele. —
Entã o eu deveria parar.
— Nem pense nisso. — Tex estendeu a mã o para trá s e me puxou
para frente.
Meu pau foi instantaneamente envolto em calor que beirava muito
quente. Prazer acendeu dentro de mim e tomou conta.
Tudo desapareceu, e tudo o que restou foi Tex. Eu me afastei e
mergulhei nele novamente. Nossa carne se colidiu, criando uma
sinfonia junto com nossos gemidos e gemidos.
Eu não consigo o suficiente. Um gosto nunca seria suficiente. Eu
queria rir do meu eu passado por pensar que poderia ter deixado
alguém como Tex ir.
Minha língua dançou ao longo da orelha de Tex antes de mordê-la.
— Vá em frente e desmorone.
Tex balançou a cabeça, mas agarrei seu queixo enquanto jogava
meus quadris para frente. Sua boca se abriu quando seus olhos rolaram
para trá s.
Perfeição.
— Você confia em mim, nã o é?
Tex choramingou, mas assentiu.
— Nã o esta bom o suficiente. Eu quero ouvi-lo.— O calor irradiava
pela minha espinha, e meus dedos dos pés se curvavam enquanto o
prazer aumentava para novas alturas.
— Eu... eu confio... em você. — As palavras de Tex foram arrastadas
enquanto eu continuava a possuir cada centímetro dele.
Um sorriso enfeitou meu rosto e me senti mais leve do que nunca.
Como se eu pudesse levar mil balas e ainda viver. Irracional, mas talvez
fosse isso que o amor fazia com as pessoas.
Fechei os olhos, aproveitando a sensaçã o de Tex. Em tudo o que ele
era.
— Entã o confie que eu vou colocar você de volta no lugar.
Como se minhas palavras fossem uma bola de demoliçã o, a represa
se rompeu e as lá grimas rolaram pelo rosto de Tex. Ele respirou fundo
antes que um grito o deixasse. Apertei meus braços ao redor de Tex e
continuei a estocar. Os dedos de Tex se curvaram ao redor de meus
antebraços como se ele estivesse segurando sua preciosa vida. Eu nã o
parei, e ele nã o me pediu. Suas lá grimas caíram livremente, e eu dei a
ele o momento de fazê-lo.
Pedaço por pedaço, ele se despedaçou em meus braços. Seus gritos
ficaram roucos e seu corpo relaxou.
Tex era um chorã o feio, mas quando eu era a causa de suas lá grimas,
era a coisa mais sexy que eu já havia testemunhado. Ele tentou
esconder o rosto, mas eu nã o queria nada disso.
Eu o beijei e pressionei nossas testas juntas antes de me afastar e
agarrar seus quadris com força. A dor escorria onde estava meu
ferimento de bala. Eu prontamente ignorei. Nada neste mundo poderia
me fazer parar. Aumentei o ritmo e mudei ligeiramente o â ngulo. Os
gemidos roucos de Tex encheram a sala. Eu bati nele. Certificando-se de
que sua mente, corpo, alma e coraçã o soubessem que eu possuía todo o
Tex.
— Goze para mim, — eu exigi enquanto o êxtase lambia minha
espinha.
O corpo de Tex apertou em torno de mim, me sugando ainda mais,
tornando mais difícil de puxar para fora. Eu gemi quando ele arrastou
meu clímax. Eu me enterrei o mais fundo que pude, querendo marcar
cada centímetro de Tex.
Pontos dançaram em minha visã o enquanto eu me lembrava de
como respirar. Bliss tentou me arrastar para baixo, mas eu empurrei.
Meu pau escorregou de Tex, e ele caiu de cara na cama. Eu o virei, ainda
no auge do meu clímax. Beijei cada um de seus olhos e depois sua testa.
Eu nã o tinha palavras que fariam tudo certo. Eu nã o poderia dizer a
ele para superar a morte de seu amigo ou mesmo a traiçã o. Todo
mundo processava as coisas de maneira diferente. No entanto, o que eu
poderia fazer era estar lá toda vez que ele precisasse se separar.
— Eu te amo.
Tex piscou para mim, e eu enxuguei algumas das lá grimas.
— Sim? Você ainda vai me amar quando eu fizer merda?
Nã o havia necessidade de pensar nisso. — Achei que fui claro. —
Envolvi uma mã o em torno de sua garganta e a outra em torno de seu
pênis.
Tex respirou fundo com os dentes cerrados, sem dú vida sensível
depois de gozar costas com costas.
— Você é meu. Você teve seu momento de liberdade. Você nunca
mais vai escapar de mim.
Tex olhou para mim por um longo tempo antes de seus lá bios se
curvarem em um sorriso.
— Liberdade? Eu estava fugindo.
Eu cantarolei e o deixei ir. Meus braços caíram ao meu lado
enquanto eu tomava uma respiraçã o lenta e medida. O prazer e a
necessidade de Tex anularam tudo, mas agora a dor estava lentamente
se infiltrando. Havia um calor onde minha ferida de bala estava que eu
sabia que nã o era suor.
— O que está errado? — Tex perguntou.
Como ele sabia? Eu normalmente nã o deixava nada transparecer em
meu rosto. A dor passou por mim e todos os outros pensamentos
desapareceram.
— Idiota, — Tex rosnou enquanto se aproximava para inspecionar o
sangue que escorria pelas bandagens.
Segurando seu rosto, alisei a tensã o entre suas sobrancelhas.
— Estou bem.
Tex revirou os olhos.
— Estou ligando para Melony agora.
Eu o agarrei e o puxei para frente até que ele caísse em cima de mim.
— Nã o há necessidade. — Enterrei meu rosto em seu pescoço e
suspirei quando cada mú sculo do meu corpo relaxou. — Eu tenho você.
— Doce, mas estú pido. Você foi baleado.
— Grandes habilidades de observaçã o. Nã o é de admirar que você
tenha se tornado policial.
— Enzo. — Tex se levantou. — Agora nã o é hora de fazer piadas
estú pidas, seu idiota. Pelo menos tire o curativo e deixe-me ver.
Eu nã o tinha a sensaçã o de que sairia disso. Deslizei para fora da
cama e fui em direçã o ao banheiro com Tex dois passos atrá s de mim.
O toque perfurou o ar e Tex olhou para o telefone. Seus ombros se
contraíram e uma expressã o de pavor tomou conta de seu rosto.
— Responda amanhã .
Tex balançou a cabeça.
— Nã o posso. Já faz dois dias. Um texto nã o é exatamente
desculpável.
Seus olhos estavam vermelhos e inchados de tanto chorar, e ele
queria ir trabalhar. Eles iam comê-lo vivo. Eu seria amaldiçoado se
permitisse que alguém machucasse o que era meu.
— Amanhã de manhã , — eu disse.
Tex olhou para cima do telefone, mas antes que ele pudesse
argumentar, eu o agarrei e o puxei para perto. Sua mã o colidiu com o
ferimento de bala, e eu sibilei de dor, mas nã o permiti que ele recuasse.
— Eu nã o vou compartilhar você com ninguém. Neste momento,
você é todo meu. Amanhã você pode ir trabalhar e trazer Penelope para
casa.
Os ombros de Tex caíram.
— Eu deveria pelo menos enviar uma mensagem.
Eu balancei minha cabeça e peguei o telefone.
— Você disse a eles que estava mentindo para se esconder dos
Vitales. O que é outro dia?
— Ok.
Tex soltou um suspiro trêmulo. Eu nã o queria nada mais do que
escondê-lo do mundo. Se eu fizesse isso, arriscaria perder o que fazia
de Tex ele.
O filete de sangue no meu torso me deixou saber que a ferida havia
aberto. Eu gemi e peguei meu telefone.
— O que você está fazendo? — Tex perguntou.
— Ligando para Melony.
Ele se afastou e seus olhos se arregalaram ao ver as bandagens
encharcadas de sangue.
— Idiota, eu sabia.
Desliguei Tex quando ele começou a me xingar. Suas mã os acenaram
enquanto ele apontava o quã o estú pido eu era. Meus lá bios se
contraíram enquanto eu lutava contra um sorriso.
— Uau, isso é um recorde, Enzo. Normalmente, é Giancarlo que
tenho que visitar vá rias vezes devido a uma lesã o. Isso pode esperar ou
você precisa de mim agora?
Tex arrancou o telefone da minha mã o antes que eu pudesse
responder.
— Esse idiota abriu. As bandagens estã o encharcadas.
Tex saiu do banheiro conversando com Melony. Ele enfiou a cabeça
de volta no banheiro.
— Sente-se.
Eu nã o discuti. Era bom ser cuidado. Sentei-me e relaxei enquanto
Tex pegava qualquer coisa que Melony dissesse para ele. Meus olhos se
fecharam por um segundo. Dedos quentes acariciaram minha carne,
tirando-me do êxtase que eu estava desfrutando.
Piscando, encontrei Tex limpando o sangue ao redor da minha
ferida. Suas sobrancelhas estavam franzidas enquanto ele se
concentrava.
— Melony disse que você abriu um pouco, mas nã o precisa que ela
volte a costurar.
Eu dei um breve aceno com a cabeça e deixei que ele continuasse a
limpar o sangue e me refazer o curativo.
— Precisa de um analgésico?
— Talvez mais tarde. — Levantei-me assim que ele terminou,
observando-o enquanto ele se limpava. Ele até pegou os lenços
higienizados e limpou tudo.
— Vou pedir algo para comermos, a menos que você queira minha
comida.
— Sua comida é muito mais mortal do que qualquer ferimento de
bala.
Tex poderia fazer um sanduíche, mas qualquer outra coisa era um
lance.
O riso encheu o quarto quando Tex me empurrou para a cama.
— Sim, eu sei.
Deitei na cama e gemi quando a dor se instalou ainda mais. A boca
de Tex se abriu antes que ele a fechasse.
— O que? — Perguntei
— Você sentiu falta de Pen também?
Eu grunhi e fiquei confortável. A bola de pelo era importante para
Tex. E eu poderia ter sentido falta do som de seu sino ou mesmo o
ronronar retumbante que ele soltava sempre que se sentava no peito de
Tex. Ou quando eu o acaricio do jeito que ele deveria ser acariciado. Tex
era muito gentil. Pen gostou quando eu nã o me contive, esfregando-se
contra mim e olhando para mim com aqueles olhos grandes e suaves.
— Vá buscar comida.
O rosto de Tex se iluminou.
— Ah, você fez. Mal posso esperar para contar a ele.
— Basta trazê-lo para casa. — Se Penelope estivesse lá , eu sabia com
certeza que Tex nã o iria a lugar nenhum.
CAPÍTULO TRINTA E UM
TEX

Enzo ainda estava dormindo quando saí pela porta. Certifiquei-me de


que ele estava aninhado com Pen, um sorriso em meus lá bios enquanto
pensava nos dois abraçados. Ele gostava de fingir que só gostava da
companhia de Pen mais ou menos. Estranho que desde que Chelsea o
deixou, os dois estavam mais abraçados do que eu com Pen.
Ele adora aquela ameaça laranja.
Puxei meu telefone do meu peito e olhei para a tela. Foco. Eu
precisava acabar com essa merda. Eu tive tempo para pensar. Enzo me
tirou daquele lugar frio e congelado. Eu estava pronto para seguir em
frente com minha vida. Por agora. Eu nã o tinha ideia de quando tudo
iria desmoronar novamente. Minha mente seria inundada com aquelas
lembranças horríveis, mas eu nã o poderia ficar trancada para sempre.
Meus dedos pairaram sobre a tela antes de eu respirar fundo e ligar
para meu chefe. O telefone tocou algumas vezes antes de ser atendido.
— Caster? Onde diabos você está ?
— Estou bem —, eu disse, sem responder exatamente à pergunta do
sargento White. — Preciso...
— O chefe também quer falar com você. Aguente.
— Espere, Sargento. Sargento?
Os sons da delegacia encheram o telefone, mas ela claramente nã o
estava prestando atençã o. Eu caí contra o corredor, beliscando a ponta
do meu nariz. Ó timo.
— Ok, Tex, você está com nó s dois.
— Onde diabos você está , Caster? — perguntou o chefe Hawkins. —
Eu entendo que você viu alguma merda horrível, — ele disse
solenemente. —Especialmente com Houghton.
Eu fiquei tenso. A razã o pela qual eles me deixaram fora do gancho
foi por causa de como Rourke morreu. Eu disse a eles que estava
abalado e me escondendo dos Vitales. Eles entenderam imediatamente,
porque quem nã o entenderia depois de ver os destroços que eram o
corpo de Rourke?
— Ele estava trabalhando com um dos policiais recentemente
demitidos, — eu disse, mantendo minha voz firme. — E ambos estavam
roubando dos Vitales. Eles nã o gostaram disso. — Isso é um eufemismo.
— Tenho provas para entregar nesse caso; alguns de minha autoria,
alguns de um consultor. Vou tê-lo em sua mesa amanhã . Só preciso de
mais um dia.
— Leve o tempo que precisar, filho —, resmungou o chefe. — Essa
apreensã o foi tã o bem-sucedida quanto poderia ser, considerando que
Rourke estragou tudo. Queremos você de volta trabalhando no caso dos
Vitales.
Minha garganta apertou.
— Nã o posso.
— Nã o como oficial —, continuou ele. — Como detetive.
Eu senti como se nã o pudesse respirar. Ele estava me oferecendo o
emprego dos meus sonhos. Desde o momento em que fiquei só brio e
soube que estaria indo para a academia para treinar, esse era o meu
objetivo. Agora, a palavra detetive enviou gelo na minha espinha. Eu
nã o conseguia me imaginar contando com alguém depois da traiçã o de
Rourke, o que era uma grande parte do trabalho.
— Nã o, — eu disse com mais firmeza. — Nã o, obrigado, senhor.
Terminei. Vou devolver minha arma e distintivo e terminar a papelada
apropriada amanhã depois de entregar as evidências.
O telefone ficou quieto. A voz de Sarge finalmente veio.
— Tem certeza, Tex?
— Mais do que certo, — eu disse rapidamente. — Isso nã o é mais o
que eu quero fazer para trabalhar. Obrigado pela oportunidade, mas
nã o, obrigado.
Ficou quieto de novo. — Eu preciso ir. Vou chegar cedo.
Desliguei antes que qualquer um deles pudesse dizer qualquer
coisa. Meu sonho nã o era mais competir com meu pai. Eu nã o dou a
mínima se ele ficou chateado quando soube disso, também. Eu tinha
toda a minha vida pela frente. Eu nã o o gastaria fazendo um trabalho
pelo qual nã o sentia mais nenhuma paixã o, tentando impressionar
pessoas que eu nã o queria ter por perto. Hora de seguir em frente.
Mas o que vou fazer agora?
Nenhum trabalho imediato surgiu na minha cabeça que eu queria
fazer. Tentei pensar em algo, qualquer coisa, mas tudo o que consegui
foram espaços em branco. Suspirando, eu corri a mã o pelo meu rosto.
Ainda não estou pronta para pensar em mais nada agora. Eu precisava
de mais tempo para curar.
— Pelo menos eu tenho um namorado rico que vai me apoiar até
que eu possa descobrir isso —, murmurei, o alívio se espalhando por
mim enquanto sorria para mim mesma.
— Tex? Texas!
Afastei-me da parede e voltei para o apartamento.
— Eu estou bem aqui.
Enzo irrompeu pela entrada, Penelope debaixo de seu braço. Seu
cabelo estava bagunçado, por toda a cabeça, como se ele tivesse
acabado de acordar. E seus olhos eram enormes.
Eu comecei a rir. O ú ltimo pedaço de nó que estava preso na minha
garganta desde que parei desapareceu quando perdi minha cabeça com
a aparência insana de Enzo. Ele olhou para mim quando me endireitei,
tentando suprimir o riso.
— Tex —, ele rosnou.
Eu pressionei meus lá bios juntos.
— Sim?
Ele estreitou os olhos.
— Onde você estava?
— Fora. Eu tinha um telefonema para fazer. Eu fui até ele e puxei Pen
de seu braço. Eu beijei seu nariz. — Deixei meu emprego.
Enzo parou de me encarar.
— Você fez?
— Nã o é isso que você queria que eu fizesse? — Eu perguntei,
olhando para ele com curiosidade.
Enzo deu de ombros.
— Eu nã o ia fazer você desistir se você nã o quisesse. Mas eu prefiro?
Sim. Nã o gosto da ideia de você jogar dos dois lados. Tudo o que faz é
machucar as pessoas. Ou pior. — Ele me puxou para seus braços. — O
que você vai fazer agora?
Inclinei-me contra seu peito quente.
— Nenhuma ideia. Eu estava pensando em ficar na casa do meu
namorado rico por um tempo até descobrir o que diabos eu quero fazer
da minha vida.
Ele passou a mã o para cima e para baixo nas minhas costas.
— Você pode fazer o que diabos quiser. Desde que nã o envolva sua
saída.
Eu ri e empurrei para trá s.
— Seu psicopata. — Endireitando-me, eu beijei seus lá bios. — Eu
nã o estou indo a lugar nenhum. Você sabe disso. — Eu verifiquei a hora
no meu telefone. — Eu devo encontrar minha mã e daqui a pouco. Você
pode ficar e descansar.
— Eu estou indo com você.
Um arrepio percorreu minha espinha.
— De jeito nenhum. Meu pai sabe como você é. Já é ruim o suficiente
eu ter desistido hoje. Você quer que eu revele que estou namorando um
Vitale? Eu balancei minha cabeça. — A cabeça dele iria explodir.
— Bom.
— Enzo, — eu avisei. — Nã o.
Ele ergueu as mã os. — Na verdade, nã o vou explodir a cabeça dele.
Muito fá cil.
Eu gemi.
— Jesus. Nã o me faça me arrepender disso.
Enzo sorriu e meu mundo se iluminou.
— Você me chamou de seu namorado.
Meu rosto esquentou.
— Eu fiz.
— Eu sou seu namorado?
— Oh meu Deus, — eu disse, enterrando meu rosto em minhas mã os
depois de largar Pen. — Nã o faça disso uma coisa enorme.
— Eu sou?
— Sim! — Eu gritei, afastando minhas mã os para lançar adagas para
ele. —Feliz?
O sorriso de Enzo cresceu, beirando a insanidade.
— Mais feliz do que nunca.
Meu coraçã o disparou, e eu agarrei minha camisa. O homem que
adorava matar parecia uma criança que acabara de receber o melhor
presente de Natal de todos. Ele era tã o diferente de tudo que eu
esperaria de um homem perigoso como ele, mas eu adorava isso nele.
Enzo Vitale era complexo, louco e meu. Tudo maldito meu.
— Nó s deveríamos ir a um encontro —, ele deixou escapar.
Eu pisquei para ele.
— O que?
— Namorados saem em encontros. — Ele franziu a testa. — Nã o
quero ficar junto só em casa.
Pensei em seu ú ltimo relacionamento. Certo, eles sempre ficavam na
casa. Ele nã o queria sentir que eu o estava tratando da mesma forma
que Brycen. Mesmo que eu nunca fizesse essa merda em um milhã o de
anos. Enzo merecia muito mais do que ser tratado como uma carteira
sem fundo com um pau.
Sorrindo, estendi a mã o, acariciando sua bochecha suavemente.
— Eu adoraria isso. Onde estamos indo?
— Eu vou fazer os arranjos.
Minha mã o deslizou por seu corpo, parando nas bandagens limpas
que eu tinha feito nã o muito tempo atrá s.
— E quanto ao seu ferimento? Tem certeza de que está pronto para
sair?
— Vou com calma. Eu prometo.
Eu zombei. — Você nã o escuta bem o suficiente para ir com calma,
— eu disse, balançando a cabeça. — Mas se você se sentar e for algo
como jantar, tudo bem. Nã o vou reclamar muito sobre isso.
Ele sorriu e me beijou.
— O mínimo de reclamaçã o é tudo o que posso pedir.
Eu bati em seu peito. Enzo grunhiu. Rindo, entrei na cozinha
enquanto meu telefone tocava. Olhei para a tela antes de guardar meu
telefone novamente.
— Quem era aquele? — Enzo perguntou.
— Minha mã e.
— Você nã o vai atender?
Eu balancei minha cabeça.
— Ainda nã o. Ela pode esperar até nos encontrarmos.
Esperançosamente, sem meu pai. Eu ainda nã o tinha certeza se queria
ir. Mandei de volta uma mensagem rá pida avisando que eu estava vivo,
mas nada mais. — Você e seus irmã os conversam sobre tudo, nã o é?
— Basicamente —, disse Enzo. — Você tem que fazer nesta vida.
Segredos podem matar todo mundo.
— Eu poderia ter matado todos vocês, — eu apontei. — Você ainda
me manteve em segredo, nã o é?
Ele se aproximou e passou os braços em volta de mim, inclinando o
queixo na curva do meu pescoço.
— Sim eu fiz. Foi uma decisã o estú pida. Benito provavelmente ainda
está irritado comigo.
— E o Giancarlo?
— Ele supera as coisas muito rapidamente. Maioria das coisas. —
Ele beijou minha orelha. — Eu preciso que você se dê bem com eles.
Gemendo, eu me virei e afastei o cabelo de seu rosto.
— Certo. Vou tentar.
— Eles sã o como eu.
— Eu nã o estou apaixonado por eles, — eu apontei. — E Benito é
um idiota.
Enzo começou a rir.
— Sim, Benito é um idiota, mas ele é da família. Você também está
agora se estiver comigo. Assim como ele cuida de nó s, ele cuidará de
você também.
Ó timo. Eu fui de policial a afiliado a criminosos da noite para o dia.
Olhei para a expressã o suplicante no rosto de Enzo e esvaziei na hora.
Enzo nã o era melhor do que os outros, foi com isso que tive que me
conformar. Se eu estava apaixonada por ele, entã o tinha que pelo menos
tentar me dar bem com seus irmã os. Talvez nã o viesse da noite para o
dia, mas acabaria por acontecer.
Eu esperei.
— Tudo bem —, eu disse. — Se vai te fazer feliz, eu farei. Isso é tudo
que me importa.
Ele sorriu, alívio suavizando as linhas em sua testa.
— Isso significa que vou conhecer seus pais?
— Sem chance! — Eu ri. — Meu pai, lembra?
— Seu pai que bate em você.
Eu fiquei tenso.
— Eu nã o quero falar sobre isso agora, ok? — Eu passei meus braços
em volta do pescoço dele. — Tudo que eu quero fazer é passar um
tempo com você, comer, e entã o talvez possamos sentar no sofá . Você
pode ler e eu posso assistir ao jogo.
Os lá bios de Enzo roçaram os meus.
— Meu namorado, o observador do jogo. — Ele riu.
Eu o cutuquei nas costelas.
— Cale-se.
Nossos lá bios pressionados juntos. O resto do mundo derreteu
enquanto eu segurava Enzo, derretendo contra seu corpo. Eu nunca
quis deixá -lo ir.
— Miau!
Eu dei um passo para trá s.
— Tudo bem, a comida está chegando.
— Comprei para ele um desses comedouros automá ticos como os
que tem na sua casa. Deve estar aqui hoje.
Quando encarei Enzo, ele revirou os olhos.
— Você nã o acorda cedo o suficiente para alimentá -lo, e ele reclama e
pisa em mim.
— Você o ama, — eu provoquei.
— Qualquer que seja. Eu amo os dois.
Meu coraçã o apertou.
— Diga isso de novo.
Enzo gemeu.
— Eu amo os dois! — ele perdeu a cabeça.
— Bom menino.
— Só porque há um buraco em mim nã o significa que nã o vou
chutar o seu traseiro.
Eu sorri.
— Vá em frente, bebê.
CAPÍTULO TRINTA E DOIS
ENZO
— Uau, eu sei com certeza que leva meses para conseguir reservas
aqui, —disse Tex. Seu olhar saltou por toda a sala. O chã o estava livre
das mesas habituais e apenas uma estava sentada no meio. As luzes
estavam apagadas e as ú nicas pessoas presentes eram a banda, um
garçom e os chefs.
— Por aqui, Sr. Vitale —, disse nosso garçom.
— Você alugou o lugar inteiro? — Tex perguntou.
Fiz um gesto para que ele se sentasse e nos sentamos. Sua cabeça
virou para todos os lados, ainda admirando o lugar. Um lustre enorme
pendia do teto acima da nossa mesa. Pilares brancos foram envoltos em
seda preta e adornados com tule prateado. Os belos sons do violoncelo
e do violino envolveram a sala.
— Quando você disse que faria os arranjos, eu nã o sabia que você
queria dizer isso.
— Você gosta disso? — Perguntei.
Tex finalmente encontrou meu olhar quando ele assentiu.
— Sim, ninguém nunca fez algo assim por mim.
Meus ombros relaxaram e a tensã o se esvaiu de meus mú sculos. Eu
estive nervoso nos ú ltimos dias sobre o encontro. Minha mente estava
uma bagunça. As coisas que eu gostava realmente funcionariam para
Tex?
Ele encolheu os ombros.
— Eu teria ficado bem indo para o Chili's.
Estremeci com o pensamento.
— Por que você deve estragar um bom momento?
Uma risada suave borbulhou de Tex.
— Desculpe-me, nem todo mundo pode pagar refeiçõ es de cinco
pratos. Petiscos pela metade do preço e happy hour podem ser
româ nticos.
— Como assim? É barulhento, lotado e sem falar na multidã o de
cheiros.
Nã o havia como ser româ ntico, muito menos agradável.
A cabeça de Tex inclinou enquanto ele olhava para mim.
— Bem, sim, mas é um ó timo desconto. Eu vou te levar um dia. É
bom expandir seus horizontes.
— Prefiro comer em casa, onde podemos relaxar.
— Bem, você está cozinhando é muito bom, entã o acho que faz
sentido.
O garçom colocou pã o à nossa mesa e se fez escasso.
— Entã o eu acho que todo encontro que você vai, você faz algo
assim, hein? Meio que torna difícil para as pessoas te esquecerem se é
assim que você sai com elas.
— Eu nunca estive em um encontro, — eu disse.
Tex acalmou um pedaço de pã o a meio caminho de sua boca.
— Sinto muito, você pode repetir isso? Você tem trinta e três! — Ele
esfregou as orelhas como se estivessem entupidas.
— Namorar parecia ser uma perda de tempo. Eu tinha coisas muito
mais importantes para fazer.
A boca de Tex caiu aberta. Ele olhou para mim como se eu tivesse
crescido outra cabeça.
— Mas foi sua ideia ir a um encontro.
Eu balancei a cabeça.
— Você é a coisa mais importante para mim.
Ele fechou a boca e suas bochechas ficaram vermelhas. Tex se
levantou no momento em que o garçom segurava a garrafa de vinho
sobre o copo. Eles colidiram. Quase em câ mera lenta, a garrafa de vinho
escorregou das mã os do garçom e bateu na mesa, quebrando e
derramando sobre Tex no processo.
— Sinto muito —, disse o garçom. Seu olhar nervoso se moveu para
mim, mas eu olhei para Tex.
— Tudo bem. A culpa foi minha. — Ele gemeu e olhou para suas
roupas. Seus ombros caíram para frente.
Conseguir limpá -lo e trocá -lo foi meu primeiro pensamento. Estalei
os dedos e mais algumas pessoas vieram para a mesa.
— Toalhas.
Eu saí do meu lugar e puxei Tex para fora de seu lugar. Ele nã o
encontrou meu olhar. Segurei seu queixo e o forcei a isso.
— Podemos ir para casa agora...
— Nã o, eu... eu gostaria de ficar. É o nosso primeiro encontro.
Eu balancei a cabeça.
— Aqui está , senhor —, disse uma mulher, segurando mais toalhas.
Tex os levou. — Vou limpar o que puder.
Eu balancei a cabeça e o beijei. Eu sorri para ele.
— Tudo estará pronto quando você voltar.
— Ok.
A mesa foi arrumada e todo o vidro foi limpo.
— Novamente, senhor, pedimos desculpas profundamente.
—Está bem.
Quando eu me tornei tã o paciente? Sim, eles jogaram vinho em cima
do meu homem, mas eu nã o estava pronta para arrancar a cabeça de
ninguém. Isso foi obra de Tex? Ele estava me mudando?
— Sua refeiçã o será por nossa conta—, disse o chefe.
— Está tudo bem, — eu repeti. — Apenas certifique-se de que nã o
haja mais problemas. — Eu acenei para eles assim que Tex saiu.
— Nã o foi culpa deles. Eu nã o estava prestando atençã o. — Tex
voltou a se sentar e eu peguei sua mã o sobre a mesa.
— Por que você se levantou tã o rá pido?
— Hum, você disse que eu era importante.
Minha cabeça se inclinou.
— Você é.
Tex olhou para cima e finalmente encontrou meus olhos.
— Sabe, você é estranhamente româ ntico.
eu sou? Eu estava simplesmente dizendo a ele a verdade.
— Desculpe, eu fiz uma bagunça em seu primeiro encontro oficial
—, disse Tex.
— Nã o há do que se desculpar. Desde que você nã o se machuque,
todo o resto pode ser substituído.
— Sim, mas eu sei como você se sente sobre bagunça.
Ele presta muita atenção em mim.
— Quando estou fora de casa, eles nã o me incomodam tanto.
Os ombros de Tex finalmente relaxaram quando ele relaxou. Eu nã o
sabia que ele estava tã o nervoso; foi interessante. Tex sempre parecia
tã o confiante quando saíamos de casa. Percebi que gostava desse lado
dele também.
A comida saiu logo depois. Eu comia, mas principalmente, observava
Tex. A maneira como ele apreciava a comida poderia deixar qualquer
homem louco. Antes que eu percebesse, estávamos saindo do
restaurante e o manobrista entregou as chaves.
— O jantar foi bom, exceto pela parte em que derramei uma garrafa
inteira de vinho. — Tex gemeu enquanto olhava para seu terno
manchado.
— O encontro ainda nã o acabou.
— Nã o?
Eu balancei minha cabeça e peguei sua mã o na minha. Dei um beijo
atrá s dele. Um rubor tentador subiu pelo pescoço de Tex e coloriu suas
bochechas.
— Mais um lugar. A estreia de The Last Candidate é hoje à noite.
Algum filme de espionagem que Tex havia mencionado algumas vezes.
Ainda tínhamos duas horas antes do filme começar.
— Você sabe, podemos assistir em casa —, disse Tex.
O calor inundou meu peito. Eu nã o gostava de cinemas porque eles
podiam ser muito barulhentos e lotados. Ainda assim, eu fiz arranjos
para isso também. Fiz de tudo para garantir que Tex e eu tivéssemos um
encontro perfeito.
— É a estreia. Desta vez, você o verá antes que outros estraguem
para você.
Tex gemeu.
— É irritante como o inferno, as pessoas que assistem ao maldito
filme postam sobre isso logo depois de arruiná -lo para o resto de nó s.
Era uma reclamaçã o familiar que eu tinha ouvido dele. Como
sempre, deixei-o reclamar sobre como as pessoas eram imprudentes.
Vê-lo ficar excitado foi como ouvir meu pró prio ASMR pessoal. Eu
relaxei e o puxei para perto, ignorando o vinho ensopado em sua roupa.
— Eu preciso me trocar entã o. — Ele puxou o terno arruinado. Tex
se afastou de mim e entrou no carro.
— Vamos.
— Existe um distrito comercial...
— Nã o, obrigado —, disse Tex, me interrompendo.
Liguei o carro e entrei no trâ nsito.
— Posso comprar algo novo para você.
Tex revirou os olhos.
— Por que quando meu apartamento está ao virar da esquina? Eu
posso mudar lá .
Meus molares rangeram enquanto meus dedos se apertavam ao
redor do volante. A mã o de Tex descansou na minha coxa, acalmando a
raiva dentro de mim. Nã o dissemos nada, mas deixei claro que queria
que ele ficasse comigo. Nã o que eu estivesse dando a ele qualquer
escolha. Eu nã o permitiria que Tex voltasse para sua casa longe de mim,
e ele sabia disso.
Eu relaxei e estacionei na vaga do lado de fora de seu antigo
apartamento. — Embale tudo o que você sente que é importante.
Tex parou no meio do caminho para fora do carro e olhou por cima
do ombro para mim.
— Nã o temos tempo para isso. Ainda estamos em um encontro.
Eu nã o queria que ele tivesse outro lugar além do meu para onde ir.
Seu olhar encontrou o meu, procurando sabe-se lá o quê. Ele suspirou.
— Enzo, podemos voltar e pegar o resto outra hora. Só estou aqui
para trocar de roupa.
— Certo.
Ele semicerrou os olhos para mim.
— Estou falando sério, Enzo. Nã o contrate alguém para me mover.
Vou pegar minhas coisas e dizer adeus a este lugar quando estiver
pronto.
O rangido do volante penetrou na névoa que nublava minha mente.
Eu o soltei e assenti. Ele nã o tinha mais do que um mês para tirar toda a
sua merda de lá , ou eu resolveria o problema com minhas pró prias
mã os. Desliguei o carro e saltei atrá s dele.
— O que você está fazendo? — Tex perguntou.
Eu levantei uma sobrancelha para ele. Era ó bvio, nã o era? Tex
balançou a cabeça e colocou suas grandes mã os no meu peito. Mesmo
através do traje, seu calor tocou minha alma.
— Nã o, você nã o. Você entra e, em vez de vestir a roupa, eu fico
curvado.
Eu me aproximei dele, segurando seu queixo para olhar para mim.
— E o que há de errado com isso?
A língua de Tex passou sobre seu lá bio inferior enquanto suas
pupilas dilatavam.
— Estamos em um encontro. Sem falar que eu realmente quero ver
o filme.
Eu me forcei a deixá -lo ir.
— Você tem vinte minutos para se limpar. Se você nã o estiver aqui
até lá , eu vou entrar.
Tex sorriu.
— Sim, e o que você vai fazer, limpar?
Eu sorri para ele.
— Eu irei destruí-lo.
Seu pomo de Adã o balançou quando ele deu mais alguns passos
para trá s. — Você sabe, quando você diz isso com uma cara séria como
essa, soa mais como assassinato.
— Seu tempo está passando.
— Desgraçado. — Tex girou nos calcanhares. — Me dê trinta. Eu
quero tomar banho.
Eu bati no reló gio no meu pulso. Tex gemeu enquanto corria até seu
apartamento.
Voltei para o carro e peguei um maço de cigarros. O telefone de Tex
tocou e chacoalhou no porta-copos, me parando no meio do caminho.
Uma ú nica olhada na tela mostrou o nome de seu pai.
A raiva floresceu no meio do meu peito e se infiltrou na ponta dos
meus dedos. Se havia um homem que eu queria machucar mais do que
qualquer coisa neste mundo, era Henry Caster. Ele ajudou a quase
arruinar minha família há dois anos. Benito forçou Gin e eu a nã o
retribuir o favor. Ele poderia ser facilmente esquecido como um velho
forçado a se aposentar e viver seus dias com dores agonizantes e
sempre se perguntando se voltaríamos para buscá -lo depois da bala em
sua perna. Foi puniçã o suficiente, mas esse nã o foi seu ú nico crime. O
que estava acima de tudo era o mal que ele tinha feito a Tex.
O telefone vibrou na minha mã o. Eu estava alheio ao fato de que eu o
peguei em primeiro lugar. Apertei o botã o verde. O ar obstruiu minha
garganta, tornando impossível falar enquanto eu o trazia ao meu
ouvido.
— Rapaz, você perdeu a cabeça. — O que soava como uma mulher
ao fundo implorava para ele nã o ficar com raiva. Algo sobre sua pressã o
arterial estar muito alta.
— Kate, deixe-me lidar com isso —, Henry rosnou.
Captei os sons de um motor e sabia que eles estavam no carro.
— Você está chapado de novo?
meu estomago revirou
— Gregor ligou, disse que você desistiu. Lá vai você fodendo uma
coisa boa. Tudo foi entregue a você e você continua a bagunçar tudo. O
fato de o chefe de polícia ter lhe oferecido detetive foi seu ú nico
momento de sorte, e você mijou nisso. — Ele limpou a garganta. —
Algo a dizer por si mesmo?
Ergui os olhos a tempo de ver um velho Cadillac cor de vinho
parando no estacionamento. Tã o claro quanto o dia estava Henry Caster
com o telefone no ouvido e uma mulher ao lado dele, chorando.
— Você está fazendo essa merda de novo, nã o é? — ele rosnou do
outro lado da linha. — Você fez sua mã e chorar. Nã o vamos passar por
essa merda de novo.
Eu nã o disse nada. Ele ainda nã o tinha me notado. Deslizei o resto
do caminho para fora do carro e fechei a porta com cuidado. Eu mantive
o telefone perto do meu ouvido, ouvindo-o.
— Nada a dizer por si mesmo? Bem, estou aqui. Se eu tiver que bater
em você, vou endireitá -lo como deveria ter feito quando você era
criança.
— Henry, ele está cansado. Foi um caso difícil —, implorou a mã e de
Tex.
— Você nã o sabe como é! O menino precisa se fortalecer. Eu vi dez
vezes a quantidade de merda que ele fez.
A porta de seu carro se abriu e ele saiu furioso. Ele cambaleou com a
bengala, nã o encontrando um bom apoio no cascalho.
Desliguei o telefone de Tex. Antes que Henry pudesse dar um ú nico
passo em direçã o ao prédio, eu parei atrá s dele e peguei seu olhar pelo
espelho lateral.
Ele tinha os mesmos olhos azuis de Tex, mas os dele eram muito
mais opacos. Eles se alargaram e seu rosto ficou pá lido. A porta do lado
do passageiro se abriu.
— Kate, fique no carro!
Ela olhou para nó s, enxugando o rosto. Eu sorri para ela.
— Sou um velho conhecido e, vendo Henry novamente, nã o pude
deixar de vir.
Ela olhou para o marido novamente.
— Ah, hum...
— Kate, entre no carro, — Henry disse com os dentes cerrados.
Seu rosto ficou vermelho, mas ela seguiu suas instruçõ es.
— Você está aqui pela minha família? — perguntou Henry.
Fechei a porta do carro e dei a volta nele. Fiz meu caminho para a
parte de trá s do pequeno prédio no caso de Tex ter saído mais cedo.
Henry Caster seguiu atrá s de mim, mancando enquanto se dirigia para
os fundos. Ele tentou o ato de durã o, mas a velhice e o tempo fora da
força o tornaram mole em certas á reas. O medo espreitava pelas frestas,
mas nã o era o suficiente para mim.
— Você vai deixar minha esposa ir —, disse Henry.
Com um ú nico passo à frente, peguei a bengala. Ele cambaleou, mas
se segurou e encostou-se na parede. Bom o bastante. Eu o inspecionei.
Claro, ele limpou o sangue de Tex. Ainda bem que nã o acho que poderia
ter me segurado se tivesse visto.
Sua boca se abriu para vomitar algo que nã o tive tempo de ouvir.
Antes que uma sílaba pudesse ser pronunciada, eu virei a bengala e ela
bateu contra sua bochecha.
Eu ri. Nã o era exatamente o mesmo. Henry caiu no chã o, gemendo
de dor.
— Fique de pé.
O velho ofegou enquanto o sangue escorria por sua bochecha. Seus
olhos estavam desfocados enquanto ele continuava deitado no chã o.
— Eu disse para levantar.
Henry tentou se levantar duas vezes, sua perna falhando em todas
as vezes. Eu assisti, imó vel. Havia tanto que eu queria fazer com ele. Eu
poderia facilmente passar semanas torturando-o, trazendo-lhe nada
além de sofrimento e ainda seria apenas uma gota da angú stia que ele
causou a Tex.
— Se você vai me matar, acabe com isso, — Henry cuspiu.
— Se eu fosse matar você, estaríamos em algum lugar onde eu
poderia me divertir.
Eu me aproximei dele. Ele era mais do que provavelmente mais alto do
que eu em seu auge. No entanto, com sua postura curvada enquanto ele
lutava para se levantar, eu o diminuí.
— Isso é pessoal.
Seus olhos se moveram ao meu redor, e eu trouxe a bengala de volta
para baixo. Ele cortou o ar, fazendo um som de assobio suave. A
madeira dura contra a carne ecoou ao nosso redor. Henry caiu no chã o,
raspando o outro lado do rosto.
— Uh, porra.
Agarrei um punhado de seu cabelo e levantei sua cabeça,
inspecionando-o. Ele refletia perfeitamente o corte que encontrei no
rosto de Tex. Matá -lo iria enfurecer Tex. Embora eu soubesse que Henry
Caster merecia isso, eu nã o podia.
Henry gemeu quando o ajudei a se levantar, atordoado demais para
se afastar. Devolvi sua bengala. Seus dedos tremiam quando ele o tirou
de mim e se apoiou pesadamente nele.
Ele piscou rapidamente enquanto olhava para mim.
— O que torna isso pessoal?
Eu bati em sua bochecha, pressionando contra as feridas lá . Ele
estremeceu. Limpei o sangue de meus dedos em sua camisa xadrez.
— Saiba que sempre que você o machucar, eu retribuirei o favor a
você.
— Quem? — perguntou Henry. Sua cabeça se levantou antes que eu
pudesse falar. — Tex? O que isso tem a ver com meu filho?
— Ele é meu.
Eu praticamente podia ver as rodas girando em sua cabeça
enquanto minhas palavras se acomodavam em sua mente. Um olhar de
perturbaçã o se transformou em um de raiva. Seu rosto ficou vermelho
quando ele mostrou os dentes para mim.
— Estando com você, ele vai acabar como Brycen Grennan. — Henry
balançou a cabeça. — Aquele garoto...
Eu dei um passo mais perto, e sua boca se fechou.
— Respeite-o, ou farei com que ele nunca mais tenha que ouvir
desrespeito saindo de sua boca novamente. — Cortar a língua nã o o
mataria.
— Você vai ficar longe...
Cortei sua patética tentativa de exigência. Eu precisava encerrar as
coisas. Eu tinha um encontro para continuar.
— Isso fica entre nó s. Eu odiaria que você encontrasse seu fim em
algum trá gico acidente. Libertando sua esposa e filho da praga que é
você.
A ideia parecia mais agradável quanto mais eu pensava nela.
— Você nã o é mais policial. Pare com o heroísmo. Nó s dois sabemos
que você nã o é um guerreiro da justiça.
Henry olhou para mim.
— Eu ainda tenho conexõ es.
— A ú ltima vez que você veio atrá s de nó s nã o funcionou muito
bem, nã o é? — Apontei para a perna dele. — Fui claro?
Henry cerrou os dentes.
— Cristal.
Ainda havia uma luta visível em seus olhos que eu planejava
extinguir. Fiz um gesto para que voltá ssemos para os carros. Ele se
apoiou pesadamente em sua bengala enquanto se dirigia para o
estacionamento.
— Tex nã o é nada como Brycen. — Eu nã o olhei para ele enquanto
falava. Eu nã o devia nada a este homem, e nem Tex. Mas eu encontrei
meus lá bios se movendo por conta pró pria. — Ele é leal, obstinado,
ambicioso e um homem muito melhor do que você.
Henry se arrastou.
— Ele é um viciado em drogas que nã o fez nada além de bagunça
para eu limpar.
— É uma pena que seja tudo o que você vê dele quando vejo alguém
que, independentemente de suas dificuldades e deficiências, fez algo
por si mesmo. Você poderia dizer que seria capaz de fazer o mesmo no
lugar dele?
Henry ficou em silêncio ao meu lado enquanto nos aproximávamos
dos carros.
— Ele ainda acabou com um assassino.
Eu peguei seu olhar.
— Nã o se preocupe. Você está a salvo de mim por enquanto.
Seremos uma família.
— Todo mundo sabe que eu nã o teria nada a ver com você ou com
aquela sua família vil, — Henry cuspiu.
— Seria uma tarefa simples mudar essa opiniã o. As manchetes
seriam: Policial heró i, desonesto e corrupto. Todas as suas conquistas
estã o ligadas à má fia.
Henry ficou imó vel.
— Assim como você tem conexõ es no NYPD, eu também tenho.
Abri a porta do carro e olhei para Henry enquanto ele se dirigia para
lá . Ele olhou para o prédio como se esperasse que Tex descesse. Um
homem como Henry Caster tinha tudo a ver com sua reputaçã o. No
papel, ele era o homem perfeito; um heró i, um homem de família e um
bom samaritano versá til. Ter isso manchado arruinaria tudo o que ele
amava.
— Estou ansioso para conhecê-lo em termos mais oficiais como
parceiro de Tex.
Henry visivelmente se irritou ao entrar no carro. Ele tentou puxá -lo
para fechá -lo, mas eu o segurei com firmeza.
— Henry, oh meu Deus, seu rosto. O que aconteceu? — Kate
estendeu a mã o para o marido.
ele afastou a mã o dela, sem tirar o olhar de mim.
— Estou bem. Escorreguei.
Henry limpou a garganta e puxou a maçaneta da porta. Deixei
passar, feliz o suficiente porque o ú ltimo brilho em seus olhos havia
desaparecido. Ele sabia que eu seguiria adiante. Eu faria qualquer coisa
para proteger Tex. Henry saiu do estacionamento e foi embora em
questã o de segundos.
Acho que lidei bem com isso. O pai de Tex ainda estava vivo e
consegui retribuir o favor.
Apaguei o histó rico de chamadas do telefone de Tex e coloquei seu
telefone de volta no porta-copos. Os cigarros estavam amassados e nã o
havia nenhum que eu pudesse salvar. A porta se abriu e Tex saiu,
chamando minha atençã o.
Ele sorriu no momento em que nossos olhos se encontraram e
correu para me encontrar.
— Nã o gostei do terninho, entã o optei por uma camisa simples de
botã o e calça comprida. É chique o suficiente?
Ele parecia bom o suficiente para comer. Peguei seu pulso e o puxei
para perto. Eu alisei meu polegar sobre a cicatriz deixada na bochecha
de Tex.
— O que?
— Eu mataria por você.
Tex olhou para mim. O silêncio nos cobriu por alguns segundos.
— Eu sei, mas eu nã o quero que você faça isso.
Aproximei nossos lá bios e nossas línguas se entrelaçaram no que eu
só poderia descrever como perfeiçã o. Tex tinha um gosto divino. Eu
queria levá -lo de volta para casa e provar cada centímetro dele. Possuir
cada centímetro dele.
— De agora em diante, sou o ú nico que pode te machucar ou te fazer
chorar. Cada centímetro de você pertence a mim. —Eu mordi seu lá bio.
— Até a sua vida.
Tex gemeu.
— Sim. Onde eu assino, Sataná s?
EPÍLOGO
TEX

Vinte e nove dias e meio depois


Giancarlo grunhiu, levantando-se com uma das minhas caixas. Olhei
para o que estava escrito no topo. Enzo insistiu em rotular tudo
enquanto fazíamos as malas, ao contrá rio do meu sistema de jogar lixo
em uma caixa e ter dor de cabeça quando tinha que guardar tudo.
— Lá em cima no quarto. Você pode realmente colocá -lo no armá rio.
— Tudo bem —, ele gemeu. — Que porra tem aqui?
Dei de ombros.
— Nenhuma ideia. Tive que agir rá pido porque seu irmã o é maluco.
— Ei, — Enzo chamou.
— É a verdade, — murmurei, caminhando até Benito. — Esses
podem ir para a estante. Nã o tenho muitos livros, mas tenho certeza de
que alguém vai querer tê-los lá .
Benito assentiu. Nó s ainda nã o éramos melhores amigos para
sempre ou algo assim, mas pelo menos estávamos nos falando. A
conversa que tivemos algumas semanas atrá s acabou com a maior parte
de nossa irritaçã o, e nó s dois chegamos à mesma conclusã o; Enzo era
mais importante do que qualquer ressentimento entre nó s.
— Ooh, deixe-me ver isso! — Chelsea chamou, tirando alguns fogos
de artifício velhos que eu esqueci que tinha. — Podemos acendê-los.
— Nã o —, respondeu Enzo.
— Depois que terminarmos de nos mudar, — eu disse, piscando
para Chelsea. Enzo se afastou da caminhonete e eu o encarei. — Você
volta lá e fica lá atrá s.
— Continue assim —, alertou Enzo.
Eu levantei uma sobrancelha e sorri para ele. Enzo já devia saber
que eu nã o tinha medo dele. Ele descontaria na minha bunda mais
tarde, mas pelo menos eu poderia montá -lo e fazê-lo relaxar. Mover
caixas pesadas era estritamente proibido até que Melony o liberasse.
Ele estava muito melhor do que antes, mas eu queria que ele
continuasse assim, nã o se desviasse.
— Fique, garoto, — eu ordenei. — Sentar.
A mã o de Enzo se fechou em um punho fechado enquanto ele
rosnava para mim. Chelsea e eu trocamos um olhar e caímos na
gargalhada.
— Você vai ter problemas mais tarde, — ela cantou.
— Deus, eu espero que sim.
— Nojento—, resmungou Chelsea. — Dê-me um pouco de sorte para
que eu possa encontrar um pouco disso.
Nó s rimos, olhando para cima apenas para olhar para Enzo. Ele
ainda estava olhando ferozmente, me fazendo rir. Chelsea limpou a
garganta, se acalmando.
— Ei, ele está namorando você. Ele ainda pode me matar.
Revirei os olhos.
— Okay, certo. Se ele fizesse isso, ele pró prio seria um homem
morto.
— Do que vocês dois estã o falando? — Enzo perguntou.
— Nada! — Liguei. Eu sorri quando vi um rosto familiar se
aproximando de nó s. — Melony, como você está ?
— Fabulosa como sempre. — Ela se aproximou de mim e seu sorriso
vacilou antes de limpar a garganta. — E quem é essa?
Olhei para Chelsea.
— Oh, esta é minha boa amiga Chelsea ou Chels. Esta é Melony.
— Oi —, disse Melony.
— Hum, oi, — Chelsea murmurou. — Eu, uh, o que...
— Chelsea está cansada, — eu disse rapidamente. — Estivemos
movendo coisas o dia todo. Você pode verificar Enzo para se certificar
de que ele está bem? Nã o vou deixá -lo se mexer até termos certeza.
— Certo, eu deveria fazer isso. — Ela deu alguns passos para trá s,
seus olhos ainda fixos em Chelsea. — Prazer em conhecê-la.
— Sim você também.
Melony girou nos calcanhares, com uma vivacidade visível no passo
enquanto saltava na direçã o de Enzo. Os olhos de Chelsea percorreram
suas longas pernas. Ela assobiou.
— Ela é solteira?
— Acho que ela tem namorada —, eu disse.
— Eles estã o falando sério?
Eu dei uma cotovelada nela.
— Chelsea! Garota má , caia.
Ela gemeu.
— É como se ela tivesse saído dos meus sonhos.
Eu balancei minha cabeça.
—Você vai mover caixas ou sonhar acordada?
— Sonhar Acordada?
Meu cotovelo colidiu com seu lado novamente. Ela sibilou para mim,
mas um olhar de Melony a fez sair da traseira da caminhonete. Chelsea
pegou uma caixa, colocou-a no ombro e foi até o apartamento.
Eu balancei minha cabeça.
— Mostrar.
— Shhh!
Carregamos as caixas enquanto Melony e Enzo se dirigiam para o
quarto de hó spedes. Era o ú nico lugar que nã o estava cheio de caixas.
Naveguei por algumas pilhas. Penelope miou para mim de seu lugar no
poleiro na parede que Enzo havia construído para ele. Estendi a mã o,
arranhei entre suas orelhas fofas e continuei subindo as escadas.
A fumaça encheu o ar. Acenei com a mã o, estreitando os olhos para
Giancarlo e Benito. Os dois pararam, soprando a fumaça pela janela e
parecendo crianças que foram pegas entrando furtivamente no pote de
biscoitos.
— Eu pensei que vocês dois estavam ajudando, — eu disse enquanto
colocava uma caixa para baixo.
— Pego. — Gin sorriu, caminhando para jogar um braço em volta do
meu pescoço. — Estamos fazendo uma pausa para fumar. Quero um?
Eu arranquei o braço dele.
— Nã o. Vou ficar sem fô lego. E nã o deixe Enzo ver você me tocando.
— Certo. Eu continuo esquecendo que ele está louco ultimamente.
Gin riu. — Somos praticamente irmã os agora. Ele vai ter que superar
isso.
— Nã o comece a merda, — Benito advertiu seu irmã o. — Nã o estou
limpando o sangue de ninguém.
Gin jogou as mã os para cima.
— Ninguém sabe como se divertir por aqui.
— Nó s claramente temos definiçõ es muito diferentes de diversã o. —
Eu empurrei a caixa de Chelsea em cima. Ela se esquivou, nã o
acostumada com os olhares fulminantes de Benito. À s vezes ainda me
incomodava, mas me sentia seguro por causa de Enzo.
— Acho que estamos quase terminando.
Benito grunhiu.
— E você tem certeza de que esta é a decisã o certa para vocês dois?
Eu balancei a cabeça, encontrando seu olhar de frente.
— Sim. Eu amo ele. Nã o quero estar em outro lugar senã o com ele.
Giancarlo maravilhado.
— Vocês dois sã o nojentos juntos.
— Agora você parece Chelsea. — Eu sorri.
Ele sorriu de volta.
— Nã o quebre a porra do coraçã o do meu irmã o, ou vou arrancar o
seu enquanto você assiste.
O frio disparou através de mim. Eu pisquei. Giancarlo ainda estava
sorrindo, parecendo tã o despreocupado e relaxado quanto antes. Eu
inventei isso? Ele realmente disse isso?
— Eu sinto o mesmo, — Benito acrescentou, e eu sabia que nã o
tinha ouvido maldita coisa. — O que você planeja fazer agora? Nã o
quero outro aproveitador derrubando-o.
— Enzo e eu conversamos sobre algumas coisas. Quando ele estiver
se sentindo cem por cento e eu nã o estiver tendo pesadelos com a
cabeça do meu parceiro se transformando em uma polpa vermelha, vou
procurar a escola novamente. Vou encontrar algo que quero fazer.
— Desculpe por isso —, disse Gin. — Podemos ter problemas de
raiva.
— Podem?
— Ok, tudo bem —, ele gemeu. — Nó s definitivamente temos
problemas de raiva.
Eu balancei minha cabeça. Ele estava certo sobre isso. Nenhum
Vitale parecia ser capaz de controlar seus temperamentos. Até Enzo,
que podia ser muito sensato, tinha um monstro fervendo sob sua pele,
esperando para ser libertado.
— É melhor voltarmos antes que Enzo pense que estamos
torturando você —, disse Benito.
Eu balancei a cabeça. Enquanto caminhávamos para a porta, parei
com a maçaneta ainda na mã o. Eu me virei para eles.
— Vocês dois sabem que ele é autista, certo?
— Nã o falamos sobre isso —, Benito murmurou. — A maneira como
nossa família em casa é...
— Cem por cento. — Giancarlo riu. — Sei disso desde sempre.
Estamos tã o acostumados com isso que acho que honestamente
esquecemos.
— Nó s nã o falamos sobre isso, — Benito repetiu, dando a Gin um
olhar aguçado. — Cale-se.
— Estou apenas dizendo! — Gin deu de ombros. — Nã o há nada de
errado com isso.
— De acordo com a gente. Nã o para o resto da família.
— Certo. — Giancarlo coçou a nuca e deu de ombros. — De qualquer
forma, nã o importa. Enzo é apenas Enzo. Nó s o amamos, assim como
você.
— Nã o é a mesma coisa —, esclareceu Benito.
Eu sorri entre os dois. Benito quase parecia ciumento. Fazia sentido;
eu saí do nada e roubei seu irmã ozinho dele. Eu queria dizer a Benito
que nunca iria machucá -lo, mas minhas palavras nã o significavam nada.
Tudo o que pude fazer foi mostrar a ele.
— Que porra vocês três estã o fazendo aqui? — Enzo rosnou
enquanto abria a porta. Seus olhos se estreitaram. — O que está
acontecendo?
— Nada —, eu disse, estendendo a mã o para envolver meus braços
em torno de seu corpo. — O que Melony disse?
Enzo olhou para seus irmã os antes de seu olhar vagar de volta para
mim. — Ela diz que estou bem. Posso mover coisas se nã o forem muito
pesadas.
Eu balancei a cabeça.
— Eu ainda acho que você deveria ir com calma.
Ele me deu um olhar exausto.
— Pedi para o médico me examinar e você ainda está reclamando?
— Deixe isso para trá s.
Enzo agarrou um punhado do meu cabelo. Suas unhas cravaram,
raspando em meu couro cabeludo enquanto ele me arrastava para um
beijo profundo. Quando ele se afastou, ele rosnou para mim.
— Eu já disse para você assistir.
Meu coraçã o batia forte, todo o sangue correndo direto para o meu
pau. Era isso que eu estava procurando, aquele limite perigoso que fazia
meu coraçã o disparar. Deixei um beijo na ponta do nariz dele, fazendo-o
soltar um suspiro exasperado.
— É melhor movermos essas coisas antes que Chelsea roube sua
médica.
Benito passou por nó s.
— Já vi mais do que o suficiente disso, — ele murmurou.
— Estou com ele. — Gin desceu as escadas correndo. — Vou parar
Chelsea.
Eu nã o sabia o que havia com aqueles dois, mas ele e Chelsea
estavam começando a se dar bem. Ela ainda estava nervosa,
especialmente quando ele deixava algo louco sair de seus lá bios, mas
eles tinham coisas em comum. Como estar completamente
desequilibrado. Tive a nítida sensaçã o de que ele estava a caminho para
encorajar sua libertinagem.
— Sobre o que vocês três estavam conversando? — Enzo perguntou
quando todos foram embora.
Acenei com a mã o. — Nada importante —, eu disse, estendendo a
mã o para passar os dedos por seu cabelo. — Você tem bons irmã os.
Ele assentiu.
— Faríamos qualquer coisa um pelo outro.
— Eu acredito nisso. — Inclinei-me para capturar seus lá bios mais
uma vez. A língua quente de Enzo deslizou para dentro da minha boca.
Eu gemi, empurrando-o contra a parede enquanto meu corpo doía por
ele.
— Seria falta de educaçã o desaparecer por um tempo?
— O que é um pouco de tempo? — Enzo perguntou.
— Dez minutos.
— Nó s dois sabemos que vai demorar mais do que isso. — A mã o de
Enzo deslizou para dentro da minha calça, envolvendo meu pau. — Eu
pretendo levar meu tempo.
Lambi meus lá bios.
— Porra.
— Sim. — Enzo mordeu meu lá bio inferior.
— Parem de ser prostitutas e ajudem! — Chelsea chamou escada
acima. —Nã o estamos sendo pagos para isso!
Eu gemi quando Enzo se afastou. Ele acariciou minha bochecha,
passando o polegar sobre minha pele antes de arrastá -lo em meu lá bio
inferior. Minha língua disparou, lambendo-a.
— Você vai pagar por me provocar.
— Eu com certeza espero que sim, — eu murmurei. Eu ri quando me
virei, apenas para ter meu pulso agarrado, e fui virado para encará -lo. O
rosto de Enzo ficou sério de repente.
— O que? O que está errado?
— Eu te amo tanto.
Eu tentei desesperadamente engolir o nó na minha garganta.
— Eu também te amo.
Nossos lá bios se encontraram, e eu nunca quis me afastar dele
novamente. Nã o importa que merda tivéssemos que passar,
enfrentaríamos juntos porque eu sabia de uma coisa com certeza. Estar
com Enzo Vitale foi a melhor decisã o que já tomei.
NOTA DO AUTOR

A histó ria de Enzo e Tex chegou até nó s em uma noite cheia de abacaxi
e Bacardi. No momento em que os personagens ganharam vida em
nossas cabeças, nó s corremos com eles. Melhor fodida decisã o até
agora. Esta histó ria de amor veio das partes mais profundas de nossas
almas negras e esperamos que você possa sentir isso enquanto lê.

Esperamos que você esteja animado para o pró ximo livro Paid In Full!!!
Você está em um deleite épico.

Agradeceríamos muito se você dedicasse um tempo do seu dia e


deixasse um comentá rio informando outros leitores sobre seus
pensamentos sobre Take Me Apart.
SOBRE BREA ALEPOÚ

Brea Alepoú percebeu que seu sonho era escrever e contar histó rias
depois de passar cinco anos na faculdade para se formar. Desde entã o,
ela tem escrito e deixado sua imaginaçã o livre. Ela pensou que
escreveria apenas contemporâ neos no início, mas logo descobriu seu
amor por criar mundos. Entã o agora ela acerta tudo. Com sua
imaginaçã o selvagem, espere muitas histó rias diferentes, desde fadas
governando, vampiros matando todo mundo, até o doce amor entre
dois homens, a paixã o entre duas mulheres ferozes ou o amor de
mú ltiplos parceiros. Ela acredita que todos merecem amor, mesmo que
nem todos os seus personagens o recebam imediatamente. O amor é
apaixonado, quente, carente, confuso, doloroso, desgastante,
gratificante e que tudo consome.
SOBRE SKYLER SNOW

Skyler Snow é autora de livros MM pervertidos e cheios de vapor. Seja


contemporâ neo ou paranormal, você sempre encontrará angú stia,
perversã o e um amor que conquista tudo.

Skyler começou a escrever desde muito jovem. Quando confrontado


com a escolha do chef ou autor, o autor venceu com facilidade. Eles
gostam muito de musicais, programas de crimes reais, loucura de
reality shows e bons livros, sejam eles leves e fofos ou sombrios e
distorcidos. Quando nã o estã o escrevendo, você pode encontrá -los
jogando RPG e saindo com seus filhos.
Notes

[←1]
Metanfetamina.
[←2]
[←3]
Uma situação se agrava rapidamente de uma forma que se torna cada vez mais
difícil de controlar.
[←4]
Não minta para mim, irmão.
[←5]
Uma personalidade marcada por excessiva ordem, extrema meticulosidade e,
muitas vezes, suspeita e reserva.
[←6]
Ser estúpido.
[←7]
Ele é meu tudo.
[←8]
Besteira.
[←9]
Escritório aberto onde vários funcionários trabalham juntos.

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