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Take Me Apart - Brea Alepoú & Skyler Snow
Take Me Apart - Brea Alepoú & Skyler Snow
IRMÃOS VITALES
LIVRO 1
AVISO E GATILHOS
Gatilhos:
Morte, violência, tortura detalhada, abuso dos pais (físico e
psicoló gico), negligência dos pais, abuso de drogas anteriores, jogo de
faca leve, dub-con leve.
Nota do autor:
A mençã o ao autismo neste livro nã o é indicativa de TODAS as
pessoas com autismo nem é uma forma de difamá -las. Meu parceiro de
escrita baseou o personagem em mim e em meus atributos. Nenhum de
nó s é profissional de saú de mental, entã o vamos guardar isso antes de
começar, ok? Kay! Esta é uma obra de ficçã o. Nenhum de nó s é policial e
sabe como eles trabalham além da pesquisa que foi realizada. Leitura
feliz!
***
Tecido flutuou para o chã o, e eu olhei para Tex enquanto ele deixava
cair suas roupas descuidadamente. Seus dedos pairaram sobre o botã o
de sua calça jeans.
— O que?
Eu olhei dele para a bagunça que ele estava criando. Tex revirou os
olhos.
— Realmente? — Ele os puxou e olhou em volta antes de jogá -los no
ú nico sofá .
— Nã o.
— O que você quer que eu faça? Pendure-os? — Tex parecia
exasperado.
— O armá rio fica naquelas portas à esquerda.
— Você nã o pode estar falando sério.
— Depressa —, foi tudo o que eu disse
Tex me encarou por mais um segundo antes de pegar suas coisas e ir
para o quarto. Deixei-o ir sozinho, sabendo que nã o havia nada ali.
Tomei um gole de gim em meu copo, tentando ouvir Tex. Ele estava
demorando mais do que o necessá rio, mas sem dú vida estava
procurando por algo.
— Nã o gosto de ficar esperando.
Tex emergiu do quarto meio duro e totalmente nu. Eu estava certo.
Seu corpo era magnífico. Seu peito era enorme e parecia bom o
suficiente para morder. Vá rias tatuagens cobriam seu torso, nenhuma
delas se destacando para mim. No entanto, guardei cada um deles na
memó ria.
Seus mamilos escuros eram perfurados com barras pretas. Eu
esperava que fossem e fiquei feliz em ver que era o caso. Tudo o que ele
precisava agora era combinar as barras em seu pênis e alinhar sua
mancha.
— Você ainda está vestido, — Tex apontou.
— Boas habilidades de observaçã o. Você deveria ser um detetive, —
eu disse.
Tex se encolheu, mas rapidamente disfarçou enquanto se
aproximava de mim. Tão adorável.
— Vire-se, — eu disse.
Tex revirou os olhos, mas seu pau saltou ao meu comando. Ele se
virou e eu observei cada detalhe, mapeando tudo na memó ria.
Que porra é essa?
Um pato mal desenhado com um chapéu de cowboy segurando uma
arma foi tatuado em sua ná dega direita.
— Você gosta disso? — Tex perguntou com um sorriso.
— Dificilmente.
Ele riu.
— Eu posso dizer pelo seu rosto. — Tex encolheu os ombros. — Eu
tinha quinze anos e meu amigo era um aspirante a tatuador. Você sabe
como é. Adolescentes imprudentes.
— De jeito nenhum. — Estalei os dedos e apontei para o chã o à
minha frente. — Mã os e joelhos.
A boca de Tex se abriu, e eu esperei ele sair. Ele balançou a cabeça,
aparentemente se decidindo enquanto se aproximava. Tex se abaixou
na minha frente, seu olhar inabalável quando ele ficou de quatro.
— Inversã o de marcha.
Mais uma vez me deparei com aquela tatuagem horrível, mas o resto
de Tex compensou. A faca escondida sob a perna da minha calça era
afiada o suficiente para esfolar a mancha com um golpe. Nã o seria nada
mais do que um pequeno corte.
Rolei meus ombros para trá s enquanto forçava o pensamento para a
parte mais distante da minha mente, focando em Tex por enquanto. Eu
cobri meus dedos com lubrificante, pressionei um contra seu buraco e o
trabalhei.
— Fique quieto, — eu avisei enquanto Tex tentava colocar mais do
meu dedo em seu corpo quente.
Um tremor visível destruiu o corpo de Tex.
— Você é mais gentil do que eu pensava.
— Nã o gosto de quebrar meus brinquedos muito rá pido.
— O que... — As palavras de Tex foram cortadas quando acrescentei
outro dedo esticando-o. Eu os espalhei, abrindo seu buraco e
arrancando um gemido profundo dele.
Ele se contorceu, seu buraco apertando meus dedos enquanto ele
tentava ao má ximo nã o empurrar seus quadris para trá s. Meus dedos
dançaram sobre sua pró stata, aplicando pressã o de forma constante em
um padrã o até que os mú sculos de suas costas ficaram tensos. Eu
mudei antes que ele pudesse gozar.
O suor escorria por sua espinha, fazendo sua pele naturalmente
pá lida brilhar sob as luzes. Eu aliviei meus dedos para trá s. Seu buraco
apertou em torno deles, implorando para que eu ficasse, mas nada saiu
da boca de Tex.
Não pode ter isso. Eu queria ouvi-lo implorar, quebrar sob mim.
Eu provoquei sua pró stata novamente e acariciei levemente seu
pênis, nã o o suficiente para realmente estimulá -lo. Um rosnado emitido
de Tex quando suas omoplatas se juntaram. Ele parecia bastante
irritado comigo.
Brincando com seu corpo, trabalhei Tex mais uma vez. Seu pênis
estava duro entre suas coxas, implorando por mais do que leves
carícias.
— Foda-se —, Tex rosnou. Ele virou a cabeça e seus olhos azuis
estavam vidrados como a janela de um carro na chuva. — Por favor,
deixe-me gozar.
Pensei nisso por cinco segundos.
— Diga-me a senha para chegar a este andar. — Acariciei seu pênis
com um leve toque, estimulando-o apenas por alguns segundos. Nada
que pudesse derrubá -lo.
Tex balançou a cabeça.
— Nã o sei.
— Entã o eu acho que você nã o precisa gozar.
— Porra...
Meus dedos acariciaram sua pró stata novamente, aplicando a
quantidade perfeita de pressã o enquanto eu o esticava para aceitar
outro dedo. Ele subiu três, indo para quatro.
Eu aliviei meus dedos novamente e os descansei contra seu buraco
esvoaçante.
— Pronto para responder?
Tex ofegava, os mú sculos de suas pernas flexionavam cada vez que
seus dedos se curvavam. Ele parecia pronto para ceder.
— Nã o, me dê outra pergunta. — Ele olhou para mim, seus lá bios
molhados, e a baba escorria por seu queixo.
Ele estava uma bagunça, mas foi um que eu criei. Nã o havia nada
mais bonito, exceto talvez se houvesse um toque de vermelho
decorando sua carne macia.
Agarrei um punhado de cabelo preto e puxei. A cabeça de Tex se
inclinou para trá s, forçando-o a levantar as mã os do chã o.
— Fiz uma pergunta e espero uma resposta.
— Merda se eu sei! — Tex manteve o olhar firme, mas seus dedos se
contraíram e seu corpo se inquietou. Ele era um mentiroso decente.
Minhas sobrancelhas baixaram e permiti que Tex visse o desagrado
em meu rosto. O medo cintilou em seus olhos azuis enquanto ele
tentava se encolher. Eu duvidava que ele soubesse a resposta que estava
dando, tã o cheio de prazer.
Eu apertei meu aperto em seu cabelo, e ele respirou fundo por entre
os dentes enquanto seus olhos lacrimejavam. O silêncio cresceu
enquanto eu permanecia imó vel, imaginando todas as maneiras que eu
queria puni-lo.
Tex lambeu os lá bios, abrindo e fechando a boca como um peixe fora
d'á gua. Eu o soltei, e ele caiu para frente, sugando a respiraçã o como se
estivesse prendendo a respiraçã o o tempo todo. Tirei os ó culos, dobrei-
os e coloquei-os de lado.
— Mentir é uma maneira de me deixar chateado.
Eu deixei todo o peso do meu olhar descansar em Tex, assim como
eu faria com qualquer alvo que meu irmã o me mandasse atrá s. Uma
picada familiar de gelo rastejou em minhas veias, causando arrepios em
meus antebraços. Meus lá bios se curvaram em um sorriso.
— O que você vai fazer? — Tex perguntou. Sua voz tremeu
ligeiramente.
— Eu já respondi isso. — Eu me movi para encará -lo e me abaixei
para um agachamento. — O que eu quiser. — Deslizei minha faca para
fora de seu suporte e a pressionei contra seu pênis.
A tensã o na sala aumentou. Onde outros teriam dificuldade em
relaxar, eu me senti em casa. O fio de gelo que sempre tomava conta de
mim quando eu segurava uma arma me consumia.
Uma gota de pré-sêmen beijou a lâ mina, e mais estava por vir
enquanto Tex permanecia imó vel. Seu pênis saltou quando movi a faca
para baixo.
— Você perdeu a porra da cabeça. — Ele estendeu a mã o para mim.
— Mã os para baixo.
Tex flexionou os dedos antes de deixar cair as mã os ao lado do
corpo. Sua respiraçã o era errá tica. Seu peito estava coberto com um
leve brilho de suor enquanto seu olhar permanecia colado na faca que
eu tinha pressionado contra seu pênis.
Eu segurei suas bolas, e os olhos de Tex se arregalaram enquanto um
gemido nã o filtrado escorria pesadamente de seus lá bios entreabertos.
Seu pênis era de um vermelho raivoso, implorando por uma liberaçã o
que eu nã o tinha concedido.
Um gemido se soltou no momento em que soltei suas bolas, e isso
me fez sorrir. Ele era uma coisa gananciosa. Mesmo agora, com uma
faca tã o perto dele, seu corpo implorava por mais.
Movi a faca ainda mais para baixo até que descansou na base de seu
pênis.
— Seria uma pena cortar isso. — Acariciei o pau de Tex com firmeza
pela primeira vez desde o elevador.
Um gemido indigno ricocheteou nas paredes de Tex.
— Você nã o faria isso —, disse Tex.
Ele encontrou meus olhos finalmente, e eu o deixei ver o quã o sério
eu estava falando. Um brinquedo sem pênis nã o era exatamente o ideal,
mas eu ainda poderia usá -lo.
O pomo de Adã o de Tex balançou. Para ter certeza de que ele sabia o
quanto eu estava falando sério, arrastei a lâ mina afiada sobre sua carne
usando quase nenhuma pressã o. O sangue borbulhou para
cumprimentar a faca, misturando-se com o pré-sêmen que já a sujava.
— Foda-se —, um gemido estrangulado deixou Tex.
— Nã o se mova, — eu ordenei.
Tex mordeu o lá bio, mas ficou imó vel. Eu vi no momento em que ele
cedeu, incapaz de resistir.
— Cinco... um... três, cinco.
Decepçã o e orgulho guerreavam dentro de mim. Eu nã o tinha
certeza por um segundo. Ele prestou bastante atençã o, mas meu
pequeno policial novato estava provando que era muito mais esperto
do que os resultados do teste mostravam.
A pequena gota de sangue nã o passava de uma provocaçã o e meus
instintos gritavam para eu continuar. Para derramar mais do belo
líquido carmesim.
Eu puxei a lâ mina para longe, e Tex cedeu instantaneamente,
descansando sua bunda contra suas panturrilhas. Suas pupilas estavam
dilatadas enquanto ele respirava de forma instável.
— Você merece uma recompensa, nã o concorda? — Levantei-me e
abri o armá rio mais pró ximo da porta. O olhar de Tex me seguiu ao
redor da sala enquanto eu pegava tudo que eu precisava.
No momento em que voltei para ele, ele se acalmou novamente, nã o
mais à beira de gozar. Seus olhos estavam um pouco mais claros quando
ele olhou para mim.
— Levante-se e vire-se.
Tex nã o me deu problemas, sem dú vida antecipando sua
recompensa. Ele se virou e sentou-se de joelhos. Admirei a forma de sua
bunda firme e contemplei pela segunda vez esta noite esculpindo a
tatuagem hedionda em sua ná dega.
Abri a caixa e o som de papelã o se rasgando ecoou ao nosso redor. A
cabeça de Tex começou a virar, e eu a consertei, forçando sua cabeça
para o outro lado.
— Espreite e terminaremos.
Tex sentou-se ereto, suas costas duras com o quã o duro ele estava se
segurando. Seria ridículo, mas eu tinha certeza de que, se o fizesse, ele
se viraria e a diversã o terminaria antes que eu estivesse pronto.
Nã o me preocupei em adicionar lubrificante ao massageador de
pró stata sem fio. O pequeno dispositivo preto nã o era maior que um
dedo e meio.
— Espalhe-se.
Os dedos de Tex tremiam enquanto agarravam cada bochecha e se
espalhavam. Seu buraco ainda brilhava com lubrificante, implorando
para ser fodido. Breve. Meu pau pressionou firmemente contra minhas
calças, mas eu me orgulhava do meu controle. E com Tex, foi testado
repetidamente.
Descansei a ponta do massageador contra seu buraco, provocando a
carne enrugada, arrancando um gemido de Tex. Inclinei-me sobre seu
ombro para observar o lado de seu rosto enquanto empurrava o
massageador. como eu agi rapidamente.
Meu braço envolveu seu pescoço e minhas pernas em volta de sua
cintura enquanto caímos contra o chã o. Prendi as mã os de Tex atrá s das
costas entre nossos corpos. Mesmo através das minhas roupas, eu
podia sentir o calor irradiando de sua carne.
Coloquei meu outro braço atrá s de sua cabeça, ainda segurando o
controle remoto. Tex instantaneamente lutou, tentando escapar do meu
aperto, mas nã o estava quebrando quando ele me levantou um
centímetro do chã o e nos jogou de volta contra ele. Uma risada saiu de
mim enquanto a dor se somava à s ondas de choque de prazer que me
percorriam.
— Você ainda está duro, embora eu pudesse te matar agora mesmo.
Minha perna roçou o pau choroso de Tex.
Apertei o botã o no controle remoto, colocando o vibrador no
má ximo. Um gemido abafado veio de Tex, e ele começou a se mexer em
meu aperto por um motivo diferente. Apliquei mais pressã o, contando
os segundos que poderia segurá -lo.
O ar ao nosso redor ficou mais rarefeito até eu ficar ofegante. Seis,
sete, oito... O corpo de Tex estremeceu, e os respingos quentes de
esperma encharcaram minhas calças. Eu o soltei um segundo depois.
Outro segundo se passou, e Tex sugou uma respiraçã o ofegante. Eu o
rolei de cima de mim e me sentei. Meu cabelo caiu do estilo cuidadoso
que eu tinha colocado. Meu coraçã o estava batendo de forma irregular
enquanto eu olhava para Tex. Ele piscou lentamente para mim, e eu
sorri. Ele nã o se mexeu quando tirei o massageador de pró stata de seu
buraco.
Desabotoei minha calça e puxei o zíper para baixo. Todo o som foi
abafado pelo meu batimento cardíaco. Eu nã o podia esperar para
afundar nele. Para arruiná -lo ainda mais.
— Ainda nã o terminei com você. — Rolei Tex para o lado, seus olhos
azuis nublados focados em mim mesmo agora enquanto ele tentava
respirar fundo.
Ele estava me observando. Eu sempre gostei de observar, mas ser
observado nunca foi tã o bom.
Um sorriso surgiu em meu rosto enquanto eu saboreava a nova
sensaçã o que corria em minhas veias. Deslizei a camisinha sobre meu
pau e enganchei uma das pernas de Tex em meu braço antes de afundar
nele.
O calor ú mido apertado estrangulou meu pau enquanto eu
mergulhava dentro dele de uma só vez. Um gemido estrangulado veio
de Tex, e eu queria ouvi-lo novamente. Era muito perto de um grito.
No momento em que pensei nele chorando, meu pau pulou dentro
de Tex. Lágrimas escorrendo por seu rosto. Aposto que teriam gosto de
paraíso. Puxei para trá s até que apenas a ponta do meu pau
descansasse contra seu buraco. Eu estalei meus quadris para frente. O
choque de nossa carne ressoou ao meu redor e foi acompanhado pela
sucçã o ú mida do buraco lubrificado de Tex me sugando. Era quase tã o
agradável de ouvir quanto o som de ó rgã os internos escorregando de
um corpo e se espalhando no chã o.
Um arrepio desceu pela minha espinha junto com o suor. Isso fez
minha camisa grudar na pele, mas nem mesmo aquela irritaçã o foi
suficiente para me fazer parar.
Minha mã o envolveu seu pênis e Tex choramingou.
— Goze para mim de novo.
Ele balançou a cabeça lentamente, seus cílios tremulando enquanto
eu o fodia implacavelmente. Apertei meu aperto em seu pênis,
acariciando-o no mesmo ritmo das minhas estocadas.
A eletricidade dançou na minha espinha, e com cada estocada, eu
cresci mais perto do clímax. Minha respiraçã o era errá tica enquanto eu
olhava para Tex. Seu pênis ficou duro, e ele choramingou quando uma
ú nica lá grima escorregou do canto de seus olhos.
Meu orgasmo me atingiu como uma marreta, e lutei para ficar de pé
enquanto enchia a camisinha com meu esperma. Minha irritaçã o por
nã o preencher e marcar Tex era uma pequena chama no fundo da
minha mente enquanto manchas dançavam diante de mim.
As costas de Tex arquearam, e seu buraco apertou em torno de mim,
prolongando meu orgasmo quando ele gozou novamente. Apenas
algumas gotas escaparam de seu pênis, e eu estava meio tentado a
continuar acariciando-o. Para ver mais daquelas lá grimas. Um não é
suficiente.
Levantei-me com as pernas trêmulas e olhei para Tex esparramado
no chã o. Porra decorou seu torso e peito. Seus olhos estavam fechados e
sua respiraçã o pesada.
— Você fez outra bagunça. — Estalei a língua e soltei um suspiro ao
aceitar a bagunça diante de mim. — Eu vou ter que puni-lo por isso
mais tarde.
Tex murmurou em seu sono, e eu tomei isso como consentimento.
Eu nã o conseguia tirar os olhos dele.
— Você realmente deveria ter cuidado com os monstros que
procura.
Eu me forcei a ir embora e me limpar. Um banho completo e uma
nova troca de roupa depois, eu estava pronto. Fiz um trabalho rá pido de
endireitar tudo de volta, até mesmo movendo Tex para a cama e
limpando seu corpo. Verifiquei os arquivos em meu casaco e olhei para
a hora.
Benito disse para ficar de olho no policial, e eu faria, mas do meu
jeito. Coloquei meu nú mero no telefone de Tex, sabendo que ele ligaria.
Eu verifiquei a cobertura, certificando-me de que nada foi deixado para
trá s. Raramente guardava algo ali além de uma muda de roupa.
Deixei á gua no criado-mudo e desci as escadas. Cada nú mero que
acendia no elevador parecia um lembrete do que eu estava deixando
para trá s. Um corpo no qual eu me perdi.
Não se preocupe. Isso vai acontecer novamente. Lembrei-me disso,
fechando os olhos momentaneamente. O ding do elevador me fez
empurrar tudo para longe e afundar de volta no entorpecimento que
me cercava no dia-a-dia.
— Senhor. Vitale —, cumprimentou a recepcionista.
— Vou fazer o checkout.
Ela assentiu.
— Devemos deixá -lo vago?
— Sim.
Seus dedos finos voaram sobre o teclado antes que ela levantasse a
cabeça. — Tudo resolvido, senhor.
Eu nã o me afastei, e ela esperou pacientemente que eu dissesse o
que mais eu precisava.
— Café da manhã e despertador à s cinco e meia.
Ela nã o me questionou enquanto digitava a nota.
— Considere feito, senhor.
Ao sair do hotel, o ar fresco da noite me deixou ainda mais gelado.
Lutei contra a vontade de olhar para o hotel. Nã o havia como ele estar
acordado ainda. Se fosse, eu nã o me importaria de brincar com ele um
pouco mais. Embora se eu nã o começasse a limpar os policiais
desonestos tirados de nossa folha de pagamento, Benito colocaria uma
bala no meu crâ nio.
Por mais que a morte fosse bonita e atraente para mim, eu nã o tinha
desejo de morrer.
CAPÍTULO CINCO
TEX
***
Meus pé s doíam tanto que eu queria cortá -los e jogá -los no lixo. Eu
me arrastei até a porta da frente e entrei, a correspondência em minhas
mã os enquanto a separava e, finalmente, joguei a pilha inteira no balcã o
da cozinha. Foda-se as contas. Eu nã o queria pensar em como era
deprimente ganhar tã o pouco que estava lutando na cidade.
— Miau!
Abaixando-me, peguei Penelope em meus braços. Ele esfregou
contra o meu rosto, bigodes e pelos por toda parte. Limpei a sujeira da
minha pele, cuspindo-a da minha boca e gemendo.
— Sim, obrigado, Penelope. Obrigado. — Levei-o para a sala, que na
verdade era apenas uma extensã o da cozinha, e congelei. — Que porra é
essa?
Quando saí de manhã , meu apartamento sujo havia sido colocado na
lista como algo com o qual eu precisava lidar quando voltasse. Havia
roupas espalhadas pelo chã o, lixo por toda parte e algo com um cheiro
suspeito em algum lugar da cozinha, mas nã o consegui encontrá -lo nos
três minutos que tive antes de pegar meu copo de café e sair correndo
pela porta. Agora? Estava impecável, como no dia em que me mudei.
Mas melhor.
O cheiro de alvejante queimou minhas narinas enquanto eu
caminhava pelo meu apartamento, e eu enruguei meu nariz. Largando
Penelope no sofá , enfiei a cabeça no banheiro e encontrei a fonte do
aroma ofensivo. Meu banheiro provavelmente estava mais limpo do que
nunca. Eu invadi meu quarto em seguida, raiva e medo correndo pela
minha espinha em igual medida.
— Que porra é essa?
Ali, no meu travesseiro, arrumado como se eu estivesse em um
quarto de hotel, havia um bilhete. Peguei-o e olhei para as letras em
negrito e retas. Talvez na próxima vez.
Meu estô mago revirou. Eu estendi a mã o, agarrando algo para me
estabilizar. Em vez disso, voou para a cô moda, levando uma infinidade
de memó rias antigas para o andar de baixo. Respirei fundo quando a
verdade me ocorreu.
Enzo estava dentro da minha casa.
Um mafioso louco, assassino e sedento de sangue esteve na minha
maldita casa. O medo foi rapidamente substituído enquanto o fogo
corria em minhas veias. Peguei meu laptop e digitei nele, entrando no
programa conectado à s câ meras que instalei.
Clicando algumas vezes, finalmente parei quando o vi entrando em
minha casa. Penelope pulou ao meu lado, ronronando e roçando em
mim com seu rabo longo e fofo até que eu o peguei no colo e olhei para
a tela. Um cheiro familiar puxou meu cérebro, mas eu o afastei
enquanto o observava.
Ele esteve em todo o meu apartamento, limpando, endireitando e
movendo as coisas como um maldito psicopata! A alimentaçã o da
câ mera entrava e saía. Nem sequer me alertou que ele estava lá dentro!
Meu aperto em Penelope aumentou e cerrei os dentes enquanto o
observava pegar meu gato e desaparecer no banheiro. Vinte minutos
depois, ele saiu com Penelope enrolada em uma toalha, secando-o. Eu
apunhalei meu dedo na barra de espaço e empurrei o mesmo dedo
contra minha pá lpebra.
Eu ia matar Enzo Vitale. O bastardo estava invisível há quase uma
semana. Durante todo esse tempo, eu olhei por cima do ombro e me
preocupei em esbarrar nele. Cada homem alto e de cabelos escuros que
eclipsava minha visã o me fazia pensar que era ele de volta para me
foder, mas nunca foi ele. Entã o, por que diabos ele apareceu de repente
agora?
Olhei para Penelope, meu estô mago ainda embrulhado em nó s. Ele
poderia tê-lo machucado. Tudo bem, Enzo nã o fez nada com meu gato,
mas poderia ter feito. E mesmo que nã o o fizesse, ele havia violado meu
espaço sem pensar duas vezes. E para quê? Limpar?
Maldita pessoa louca.
Beijei a cabeça de Penelope e enfiei a mã o no bolso, procurando meu
telefone. Assim que consegui, digitei o nome de contato da minha velha
amiga e esperei que ela atendesse.
— Ei, Texas! Como você está ?
Eu fiz uma careta.
— Ninguém me chama assim além de você, — eu murmurei.
— Sim, eu sei. Ainda te irrita, nã o é? — Ela riu, e ouvi o som familiar
de seus dedos voando sobre as teclas. — E aí?
Belisquei a ponte do meu nariz.
— Você ainda está fazendo segurança?
— Pode apostar sua bunda doce e rechonchuda —, disse ela. — Por
que?
— Preciso de alguém para instalar um sistema de segurança no meu
apartamento. Estou alugando, entã o nã o preciso de um monte de fios e
merdas, e meu senhorio nã o pode saber disso. Acha que você pode
fazer isso?
— Pedaço de bolo —, ela ronronou. — Para quando você precisa?
— Amanhã ?
Chelsea engasgou, e imaginei que fosse com uma daquelas bebidas
energéticas que ela gostava de beber.
— Amanhã ? Isso é curto prazo. Você sabe que vai custar caro, certo?
— Eu pensei que éramos amigos?
— Meus amigos me ligam com mais frequência —, disse ela. — E
faça merda comigo. Isso soa mais como um cliente precisando de um
trabalho de ú ltima hora. Vai custar caro — repetiu ela.
— Quanto?
— Mil e quinhentos.
— Merda, — eu jurei. — Por que é tanto?
— Porque minha merda é boa e eu sou melhor —, disse ela. Eu
podia ouvir seu sorriso presunçoso. — E eu te conheço, Tex. Você nã o
quer aquela porcaria de internet barata que você joga na parede e só
grava pela metade quando quer.
— Você está certa, você está certa, — eu procurei em meu cérebro,
tentando descobrir se eu tinha tanto dinheiro para gastar. — E se
sairmos? Pegar algo para beber? Você acha que poderia cortar...
quinhentos dó lares?
Ela ficou quieta por um minuto.
— Eu poderia usar um ala. Encontre-me no 7º Círculo em uma hora?
— Blu, — eu disse rapidamente. — Vamos lá .
— Aposto que é Blu. Vejo você em uma hora.
Desligamos e voltei para o laptop. Enzo estava em uma missã o,
examinando minhas coisas e depois começando a trabalhar como se
morasse aqui. Eu nã o o via há dias, mas naquele momento eu poderia
jurar que ainda sentia o cheiro de sua colô nia.
***
Fiquei no bar enquanto a mú sica pulsava ao meu redor. Meu coraçã o
estava batendo um pouco forte demais, batendo em meus ouvidos e
abafando a mú sica. Por que diabos eu voltei aqui? Havia mil clubes em
Nova York, mas escolhi aquele que abrigava Enzo Vitale.
Há algo de errado comigo.
— Tex! Por aqui!
Eu me encolhi quando ela gritou meu nome. Minha cabeça girou
enquanto eu tentava ver se alguém estava olhando para mim, mas todos
estavam em seus pró prios mundos. Olhei de volta para Chelsea. Seu
cabelo roxo escuro estava preso em duas bolas redondas de cada lado
de sua cabeça. Mesmo no escuro, seus piercings brilhavam em verde
neon. Tínhamos piercings iguais em algum momento, mas tirei o meu
antes de ingressar na academia. Eu senti falta deles.
— Aí está você. — Ela sorriu para mim. — Ei, posso pegar um
Sidecar aqui! — ela berrou para a loira bonita atrá s do balcã o. — E um
uh…
— Cerveja —, eu forneci. — O que quer que você tenha em uma
garrafa. Surpreenda-me.
A mulher fez uma careta como se eu tivesse acabado de pedir para
ela cuspir em mim. Eu nã o dou a mínima. Eu nã o precisava de uma
bebida chique agora. O que eu precisava era de algo que aliviasse e
estivesse dentro do meu orçamento. Se havia uma coisa que eu sabia
sobre Chelsea, era que ela ia fazer isso doer. Pelo menos eu conseguiria
um ó timo sistema de segurança por um roubo.
Pegamos nossas bebidas e nos afastamos do bar. Nã o que houvesse
muito espaço para se mover. Deslizamos pela multidã o juntos até
chegarmos a uma á rea com um pouco mais de espaço. Chelsea tomou
um gole de seu Sidecar, com um sorriso no rosto enquanto ajustava o
vestido vermelho escuro e afastava uma mecha de cabelo do rosto.
— Você parece bem, — eu disse.
Chelsea acendeu e empurrou os dedos delicados contra o meu peito.
— Awww, obrigado, Texas. Já faz um tempo desde que eu saí. Eu
nem tinha certeza se nada disso. — Ela gesticulou para si mesma. —
Trabalhado.
Eu sorri.
— Você viu você? Acredite em mim, está funcionando.
Seu sorriso brilhante e radiante me fez sentir melhor sobre as
besteiras com as quais eu estava lidando. Chelsea sempre foi capaz de
arrancar um sorriso de mim. Nó s crescemos juntos desde o ensino
médio. E embora eu tivesse escolhido a aplicaçã o da lei, Chelsea
manteve o que sabia; tecnologia, segurança e venda de informaçõ es
para as pessoas certas pelo valor certo.
Ela era foda. Eu a admirava.
— O que você acha da loira? — ela perguntou, apontando para a
mulher atrá s do bar. — Cabelo curto, boa constituiçã o. Aposto que ela
tem um controle infernal.
Eu gemi.
— Para te sufocar?
— Só um pouco! — ela disse. — Vamos, olhe para ela. — Ela olhou
para sua presa, um brilho escuro em seus olhos. — Aposto que ela tem
um lado perverso.
O riso ressoou em meu peito e, pela primeira vez esta noite, senti
que nã o estava ficando completamente louco.
— Há algo de errado com você. — Eu apontei para ela. —
Seriamente errado.
— Nã o aja como se você nã o gostasse de alguma merda bagunçada,
— ela disse, sorrindo para mim. — Eu estava lá nos seus dias de
prostituta no ensino médio.
Meu rosto corou e eu esfreguei minha nuca enquanto ela cacarejava.
Ela nã o estava errada. Naquela época, eu queria cair em qualquer cama
que estivesse mais pró xima. Homens, mulheres, pessoas entre e fora
dessas classificaçõ es, todos estavam prontos para a foda. Eu desacelerei
desde que entrei na academia. As coisas já eram difíceis o suficiente
tentando funcionar sem se misturar em emaranhados confusos.
— Você fala sobre mim como se nã o fosse tã o ruim, — eu apontei.
Ela sorriu. — Eu nunca disse isso. Ser prostitutas é uma das muitas
razõ es pelas quais nos damos tã o bem. — Chelsea me deu uma
cotovelada com carinho. — Senti a sua falta.
— Também senti sua falta. Desculpe, minha cabeça está na minha
bunda.
— Nada demais. Eu sei que você teve um monte de coisas em seu
prato. —Ela deu de ombros. — Nó s dois temos.
Eu a puxei para um abraço e esqueci o peso em meus ombros. Ela
passou os braços quentes em volta de mim, e eu queria ficar assim,
sentindo conforto pela primeira vez em anos. Quando nos afastamos,
ela inclinou a cabeça para mim, estendeu a mã o e limpou meus olhos.
— Você está bem? — Chelsea sussurrou. — Você está ... chorando.
Eu rapidamente arrastei meu braço sobre meus olhos e fiz as
lá grimas desaparecerem. Fodidamente embaraçoso. Inclinando minha
cerveja, esvaziei o resto. Talvez fosse por isso que eu nã o saía mais com
meus amigos. Eles me deixaram vulnerável onde eu construí um muro
ao meu redor para me proteger de toda a porcaria da minha vida.
— Dia longo —, respondi brevemente. — Agora, e a barman? Como
você quer fazer isso?
Chelsea procurou meu rosto, e eu vi a forma como suas
sobrancelhas se juntaram. A preocupaçã o em seu rosto me fez mudar
de um pé para o outro. Eu rezei para que ela o deixasse morrer. Algo
deve ter feito ela chegar a conclusã o de deixar pra lá porque ela nã o me
pressionou.
— Eu quero falar com ela, mas ela está trabalhando. — Ela franziu a
testa. — Você acha que vai ser o suficiente se eu olhar para ela a noite
toda e esperar até que ela saia?
Eu gemi.
— Você nã o pode escolher outra pessoa para perseguir? Há uma
tonelada de outras mulheres aqui.
— Sim, mas eu já estou olhando para ela.
Eu sorri e balancei a cabeça.
— Tudo bem, vamos esperar. Ok?
Chelsea se iluminou, seus grandes olhos varrendo o bar e voltando.
Ela olhou para cima, e entã o seus olhos pousaram em mim.
— Hum, acho que alguém está olhando para você.
— Para mim? — Perguntei. —Nã o, obrigado, nã o estou afim.
Ela me cutucou.
— Ele ainda está olhando.
Eu me virei para ver o que ela estava falando e congelei. Parado
acima de mim estava Enzo Vitale. O olhar em seu rosto nã o era a
expressã o calma e controlada que eu tinha visto da ú ltima vez. Parecia
que ele estava se preparando para estourar um vaso sanguíneo. Nossos
olhos se encontraram, e ele nã o desviou o olhar nem por um segundo.
Algo dentro de mim se agitou.
— Vamos sair daqui, Chel, — eu disse enquanto me virava para ela.
—Vamos voltar outra noite. Com sorte, nã o estará tã o ocupado e você
poderá conversar com a barman.
Ela suspirou.
— Sim você está certo. Está lotado pra caralho aqui. — Seu olhar
cintilou até Enzo e de volta para mim. — Tem certeza que você nã o
precisa cuidar disso?
Eu sorri. — Eu pensei que eu iria querer, mas quer saber? É melhor
deixar onde está . — Passei um braço por seus ombros. — Vamos para
um pequeno buraco em uma parede em algum lugar e nos ferrarmos.
Amanhã é meu dia de folga.
Ela revirou os olhos.
— Você só quer trabalho de graça.
— Eu sou tã o ó bvio?
— Claro que sim! — Ela franziu a testa. — Mas eu poderia usar outra
bebida.
— Boa garota, — eu disse. — Vamos sair daqui.
Nó s nos movemos pela multidã o pesada juntos enquanto o cabelo
na parte de trá s do meu pescoço se arrepiou. Mesmo sem me virar, eu
sabia que Enzo estava me encarando. Tudo em mim gritava para olhar
por cima do ombro, para dar uma ú ltima olhada, mas me forcei a
continuar andando.
Eu precisava instalar aquele sistema de segurança. E entã o eu
precisava desmontar Enzo pedaço por pedaço.
CAPÍTULO OITO
ENZO
***
***
— Aqui.
Enzo me ofereceu uma toalha quando me sentei na beira da cama.
Peguei-o, passando-o pelo meu cabelo para secar os fios. Meu olhar se
moveu para observar Enzo enquanto ele andava pelo quarto. Ele nã o
estava com pressa para se vestir, isso estava claro. Observei uma gota
errante de á gua descer pela curva de sua bunda e respirei fundo.
Porra. Ele parece tão bom que deveria ser ilegal.
Quando ele olhou para mim, eu desviei o olhar. Eu preciso dar o fora
daqui. Quando olhei para trá s, Enzo ainda estava olhando para mim.
— Eu deveria ir, — eu disse.
Enzo assentiu.
Nenhum de nó s se moveu.
O homem ia me transformar em uma pessoa louca. A cada chance
que tinha, ele me fazia questionar tudo o que sabia sobre ele, os fatos
frios e concretos em seus arquivos. Eu quase podia vê-lo como um
homem diferente. Alguém com uma vantagem perigosa, com certeza.
Mas nã o o psicopata assassino que ele era.
Não aguento mais ele me encarando.
— O que é que foi isso? Mais cedo? — Perguntei. — Você meio que...
congelou.
— Andar de baixo? — Enzo perguntou.
— Sim.
Ele encolheu os ombros.
— Nã o é nada importante. À s vezes eu simplesmente fico…— Ele
parou, seus olhos se estreitando enquanto ele olhava para o chã o e
depois de volta para mim como se ele estivesse apenas lembrando que
eu estava lá . — Nã o é importante, — ele terminou. Ele parou por um
tempo. — Você vai ficar?
Eu pisquei para Enzo. Ele acabou de me convidar para passar a noite?
Eu nã o sabia o que dizer sobre isso. Em outra vida, eu teria ficado feliz
em sua cama, esperando por mais uma rodada ou duas. Enquanto eu
olhava para Enzo, porém, eu sabia que tinha que sair dali.
Levantando-me, dobrei a toalha sem pensar e coloquei-a em sua
cama.
— Eu realmente deveria ir. Eu tenho trabalho.
Trabalho que você conhece. Você sabe que eu sou policial. Inferno,
talvez você até saiba que estou investigando você.
As palavras pairaram entre nó s no ar, nã o ditas. Um manto de tensã o
cobriu nó s dois. A expressã o de Enzo cintilou por um breve segundo, e
eu vi um olhar de... isso foi decepçã o? Desdém? Raiva? O mundo mudou
sob meus pés, e o desejo imediato de consertar a situaçã o aumentou.
Ele matou seu amante. E ele matou um policial. Provavelmente mais
de um em sua vida. Pense direito, Tex. Não há nada entre nós.
Certo. A ú nica maneira de Enzo Vitale me ajudar era ele acabar atrá s
das grades e eu finalmente me tornar detetive. Esse era o meu sonho.
Minha ú nica razã o de existir era provar que eu poderia fazer o que meu
pai fazia, mas muito melhor. Para mostrar a ele e a todos os outros que
eu nã o era mais o idiota que todos sabiam que eu costumava ser.
Roupas voaram na minha cara. Eu os agarrei e Enzo acenou com a
cabeça para as roupas que ele jogou para mim. As minhas ainda
estavam encharcadas e deitadas em uma pilha enrolada no chuveiro.
Nã o tive escolha a nã o ser vestir seu moletom preto e a camiseta azul
macia. Ele me deu uma jaqueta também, e eu a vesti enquanto ele ficava
ali parado, olhando para mim.
— Enzo...
— Você pode se ver lá fora, — ele disse, seu tom cortante. Quando
me virei, ele chamou meu nome. Eu olhei de volta para ele. —
Certifique-se de nã o aparecer aqui novamente.
Raiva incandescente passou por mim. Eu mantive minha boca
fechada, balancei a cabeça e saí de seu quarto antes que eu dissesse
algo que pudesse me matar. Eu prendi meus sapatos, empurrando meus
pés para dentro. Algo me cutucou na sola. Tirei meu tênis e olhei para
dentro. Porta USB. De alguma forma, eu tinha esquecido tudo sobre
isso.
A bile subiu em minha garganta, misturando-se com a raiva. Nã o
havia como dizer o que eu iria encontrar naquela coisa. Fui direto para
a porta, resolvendo descobrir a verdade.
Nã o importa o quanto doeu.
CAPÍTULO TREZE
TEX
***
***
Enfiei o bisturi sob a unha e movi-o para frente e para trá s lentamente
enquanto gritos abafados ecoavam ao meu redor. A unha saiu, fios de
sangue e carne grudados na parte de trá s dela. Foi uma decolagem
decentemente limpa. Gotas de carmesim borbulharam na superfície
antes de correr e pingar no chã o, juntando-se à crescente poça.
O fedor de urina perfumava o ar, e eu torci meu nariz em desgosto.
Eu olhei para o homem na minha mesa. Seus olhos verdes estavam
arregalados e vermelhos enquanto ele olhava para mim, implorando
sem palavras.
— Eu só cheguei na metade desta mã o e você já está desistindo?
Decepçã o encharcada sobre as minhas palavras.
Ele balançou e acenou com a cabeça.
— Ainda nã o sei de nada.
Eu sorri.
— Entã o eu vou continuar.
O outro homem estava amarrado ao teto. Seus olhos estavam
ofuscados enquanto ele olhava para mim. Eu poderia alternar entre os
dois indo e voltando. As gavinhas geladas me desaceleraram, me
lembrando que nã o precisava me apressar. Respostas eram o que eu
procurava. Assim que os consegui, fiquei livre para fazer o que quisesse.
Tirei todas as unhas de uma mã o e depois da outra. Eu errei no
mindinho quando ele começou a tremer na mesa. Tirando o pano
molhado da boca, ele cuspiu e tossiu.
— Com quem você está trabalhando?
Ele balançou sua cabeça.
— Ninguém. Juro.
Eu balancei a cabeça e fui até o que estava pendurado no teto.
Sangue escorria do ferimento de bala em seu braço. Mas com ele
elevado, diminuiu tremendamente.
Minha mã o colidiu com seu rosto, mas o olhar atordoado
permaneceu em seus olhos. Abri o armá rio que mantínhamos à mã o e
peguei a motosserra no fundo. Nã o foi o meu favorito, mas funcionou.
— O-o que você está fazendo? — o que estava na mesa gaguejou.
Eu nã o me incomodei em responder enquanto pressionava meu
dedo contra o acelerador e puxava a corda para ligá -lo. O motor ganhou
vida e a vibraçã o me sacudiu até os dedos dos pés. Se o cara na mesa
dissesse mais alguma coisa, eu nã o conseguiria ouvi-lo por causa da
motosserra.
Dando um passo à frente, eu o segurei. Como se eu tivesse jogado
á gua gelada nele, o homem suspenso no teto tremeu. As correntes
penduradas no teto chacoalharam.
— Que porra! — ele gritou por ajuda enquanto lutava, girando.
Meus dedos ficaram dormentes quanto mais eu segurei a
motosserra. Eu o deixei balançar, mas ele perdeu o controle. Seu corpo
começou a se mover em um círculo. O sangue de seu ferimento caiu em
minha camisa branca, fazendo aparecer uma mancha carmesim.
Concentrei-me nisso por um segundo, afogando os dois e afundando
na felicidade do caos. Onde alguns se sentiam fora de controle, eu me
sentia normal. Era como eu imagino que todos se sentiam todos os dias,
seus cérebros nã o pegando fogo e constantemente tentando destruí-los.
Um sorriso lento curvou meus lá bios quando dei um passo à frente e
segurei a motosserra. Ele nã o conseguiu parar o ímpeto de seu corpo
enquanto se lançava na motosserra. Ele ficou preso e os gritos se
intensificaram quando a motosserra começou a cortar a carne.
Com ele pendurado, nã o consegui pressã o suficiente para cortar o
osso. Puxei a motosserra livre, piscando para afastar os pontos
vermelhos em minha visã o. Eu tive que limpar meus olhos e ó culos. O
sangue jorrou da ferida e pude distinguir os mú sculos e ossos que nã o
consegui passar.
Seu corpo balançava para frente e para trá s frouxamente. e eu nã o
precisava olhar para cima para saber que a vida estava piscando em
seus olhos. Aproximei-me de seu amigo, deixando a motosserra morrer
para que eu pudesse falar com ele.
— Ele estava se encontrando com algum policial, — o que estava na
mesa gritou. Ele balançou a cabeça, recusando-se a olhar para o outro
cara. — Por favor, nã o sabíamos que isso iria acontecer.
— O que você acha que aconteceria?
— O cara só deveria levar uma caixa ou duas. — Seus olhos se
arregalaram quando puxei a corda da motosserra. — Espere. Espere!
O motor nã o tinha ligado e parei de deixá -lo recuar. Eu levantei uma
sobrancelha.
— Nã o tenho nome. — Ele lambeu os lá bios rachados antes de
tossir. —Juro. Por favor.
— Quem era?
Ele balançou sua cabeça. — Nenhuma ideia. Só o vi uma vez e ele
usava uma má scara.
— Em outras palavras, você nã o é mais ú til.
— Espere, eu poderia apontá -lo.— Ele estava agarrando em palhas.
Minha cabeça estava balançando antes mesmo de ele sugerir isso.
— Impossível fazer com que todos os policiais de Nova York façam
fila para você escolher quem você acha que pode ser.
Eu teria que vasculhar todo o trabalho anterior de Benjamin e ver
onde e quando o dinheiro começou a desaparecer, junto com os
produtos. A motosserra voltou a funcionar, abafando os gritos e
xingamentos.
Isto é o paraíso.
Uma vez que tudo foi dito e feito, eu saí da sala, limpando o sangue
dos meus ó culos enquanto os colocava. O sangue me cobriu da cabeça
aos pés. Eu nã o precisava ver meu reflexo para saber como eu era. Um
sorriso esticou meus lá bios enquanto eu estava lá na bagunça da minha
criaçã o. Foi a ú nica vez que tudo nã o foi esmagador. Nenhum barulho,
cheiro ou toque poderia me privar da calma que percorria meu corpo.
— Enzo —, gritou Benito.
Eu nã o pulei, a reaçã o há muito tempo fora de mim. Eu me virei para
olhar para o meu irmã o. Ele normalmente nunca ficava por perto
quando eu tinha que torturar. Um cigarro pendia entre seu dedo
indicador e médio. A cereja brilhou em vermelho antes de um fio de
fumaça se enrolar no ar.
Eu estava tã o chapado no momento de normalidade que nem havia
notado o cheiro. Benito empurrou a parede, seu olhar pesado me
enraizando no local enquanto ele avançava. Ele deu outra tragada
quando parou bem na minha frente. Ele era muito mais alto do que eu,
mas meu irmã o nunca tinha dominado isso sobre mim, pelo menos nã o
desde que éramos crianças. Inclinei minha cabeça ligeiramente para
trá s.
— Você ainda tem aquela foto?
Meu estô mago se apertou, sabendo exatamente a qual ele estava se
referindo. Eu lutei para continuar encontrando seu olhar de frente. A
normalidade estava desaparecendo antes que eu estivesse pronta para
isso.
— Sim.
Benito assentiu e se moveu para passar por mim. Ele colocou uma
mã o pesada no meu ombro e apertou.
— Você sabe por que eu fiz você ficar com ele, nã o é?
— Para que eu nã o repetisse meu erro.
O aperto de Benito aumentou. — Você está ? — Eu me virei para
olhar para o meu irmã o mais velho. Seu olhar era inabalável. — Você
está repetindo seus erros, Enzo?
Minha frequência cardíaca diminuiu quando meus dedos ficaram
frios. Minha resposta imediata deveria ser nã o. No entanto, o rosto de
Tex passou diante de mim e como eu o deixei sair do meu lugar. Eu nem
o tinha verificado.
— Enzo. — A voz de Benito baixou uma oitava. — Non mentirmi,
fratello4.
Minha língua parecia pesada em minha boca, e o sangue que me
cobria parecia apertado. Eu queria lavar tudo. Quanto mais eu ficava lá
com ele em mim, mais parecia que eu estava em um quarto do tamanho
de um armá rio que estava encolhendo a cada segundo.
Se eu contasse a verdade, Tex teria o mesmo destino. Ou ele seria
tirado de mim, e esse pensamento tornava a respiraçã o difícil.
— Foco. — O italiano rá pido veio de Benito.
Para mim, soou como palavras distorcidas com está tica sendo
tocada sobre elas. Abri a boca para perguntar o quê, mas também nã o
funcionou. Meu peito começou a queimar e eu fiquei paralisado,
incapaz de falar.
— Respire, fratello. — Benito apertou nossas testas. — Você é meu
irmã o, e sempre teremos um ao outro.
— Família é tudo.
Benito recuou e um pouco de sangue seco grudou em sua pele
morena clara. Ele nã o se incomodou com isso, mas meus olhos nã o
deixaram o local até que ele o limpasse. Ele limpou a mã o sobre ele, e os
pedaços voaram para o chã o.
— Preciso me envolver?
Eu balancei minha cabeça.
— Nã o vou repetir o erro.
Os ombros de Benito relaxaram. — Bom. — Ele deu um tapinha no
meu ombro antes de caminhar em direçã o à saída. Ele parou antes de
sair.
— Descubra quem está nos traindo.
Eu poderia. Só esperava que nã o tivesse nada a ver com Tex.
CAPÍTULO QUINZE
ENZO
***
***
***
O caos era uma piscina sem fim na qual eu entrava, incapaz de escapar.
A escuridã o me envolveu e meus membros ficaram mais pesados a cada
movimento. A dor nã o foi registrada, apenas a dor no meio do meu
peito.
— Foda-se, cheira a alvejante aqui. — A voz de Gin ecoou através da
névoa constante que me cercava.
Continuei a esfregar os sulcos entre os ladrilhos. Meus dedos
ficaram enrugados e mal resisti à vontade de cortar as pontas dos
dedos.
— Enzo, — Gin chamou.
Eu nã o levantei os olhos do que estava fazendo. Se eu continuasse
limpando e me movendo, entã o a realidade ficava longe. Eu poderia
manter o pouco controle que tinha sobre mim mesmo.
Uma mã o pesada pousou no meu ombro, e eu fiquei rígido. Meu
estô mago revirou. A pequena voz na parte de trá s da minha cabeça
gritou para que fosse removido.
— Você tem que parar com isso. Se você nã o está procurando por
ele, está aqui limpando. — O aperto de Gin aumentou enquanto ele
tentava me puxar para cima. — Merda, Enzo, isso nã o é bom. Quando
foi a ú ltima vez que você dormiu?
Dormir? Eu nã o podia mais. Tudo o que eu pensava era em Tex.
Quando fechei os olhos, pude ver seus grandes olhos azuis olhando
para mim. Eu podia ouvir sua risada suave ou a maneira como ele gemia
quando comia minha comida. Sem sono para mim; só fez a dor piorar.
— Enzo!
Parei e me sentei de joelhos. Piscando, eu olhei para o meu irmã o.
Meu olhar ficou focado por um curto segundo antes de eu notar a pilha
de livros na mesa da cozinha. Levantando-me, fui até eles e os removi
de uma superfície para a sala de estar. Os livros estavam espalhados por
toda parte, metade na estante e os outros em pilhas variadas.
A bile queimou a parte de trá s da minha garganta enquanto eu
olhava para a bagunça desordenada. Como eu esqueci de terminar isso?
— Merda, Enzo. Nunca vi o lugar assim. Você tem que sair daqui.
— Ele pode voltar, — eu disse. Era a minha resposta todas as vezes
depois de procurá -lo por três dias seguidos. Tex nã o estava em sua casa
ou na casa de sua família. Eu até consegui informaçõ es sobre o parceiro
dele, mas nada.
Se nã o fosse por Gin, eu teria entrado diretamente na delegacia.
Gin rosnou.
— Tem que colocar a cabeça no lugar. Benito só vai deixar passar
tanto.
Eu não ligo.
— Ou você vem de bom grado, ou podemos fazer como nos velhos
tempos.
Gin estalou os nó s dos dedos, e eu olhei para suas mã os. Eles eram
tã o sangrentos quanto os meus.
Suspirei e coloquei os livros para baixo.
— Onde estamos indo? — Eu nã o tinha vontade de ser amarrado e
jogado no porta-malas. Eu nã o tinha mais dezesseis anos. Essa merda
nã o foi engraçada. Conhecendo Giancarlo, ele dirigia por aí por algumas
horas extras só para me fazer sofrer.
— Benito chamou por nó s.
As contusõ es no meu corpo eram uma prova de quã o zangado meu
irmã o estava comigo, mas eu dei a ele a mesma parcela de contusõ es.
De jeito nenhum ele estava bem com a forma como eu defendi Tex.
— Vamos, pare de pensar tanto. Você sabe como Benito é. Isso é
negó cio.
Eu balancei a cabeça e me dirigi para a porta, mas Gin me parou.
— Chuveiro e roupas limpas. Merda, se eu nã o te conhecesse,
pensaria que você está apaixonado, e agora seu coraçã o está partido.
Gin começou a rir como se fosse a ideia mais absurda. e talvez em
algum momento tenha sido.
Agora eu nã o tinha tanta certeza.
Fui para o quarto de hó spedes e me limpei. Eu nã o tinha sido capaz
de ir para o meu quarto sem olhar para a minha cama com desdém.
Havia uma razã o pela qual eu nunca permitia que as pessoas entrassem
no meu espaço, e eu abri para Tex. Eu sentia falta dele. Eu até senti falta
do sino tocando no pescoço de Pen.
O caminho para o clube nã o passou de um borrã o. Tudo estava
mudo e, se eu nã o estivesse focado, tudo parecia passar por um filtro
grosso, tornando-o macio e distorcido.
Mesmo entrar no clube nã o era chocante. Foi um aborrecimento,
mas nada que eu nã o pudesse lidar. Seguimos para o escritó rio de
Benito, e a cada passo parecia que eu estava caminhando para mais
perto de um tanque infestado de tubarõ es. Meu irmã o nã o era de largar
merda nenhuma. Eu sabia que ele ainda estava com raiva de Tex, mas
nã o era algo que eu estava disposto a ignorar também.
Gin abriu a porta e nó s entramos. Benito estava sentado atrá s de sua
mesa, examinando a papelada. No momento em que entramos, ele
olhou para cima sem nenhuma emoçã o em seu rosto enquanto olhava
para mim.
— Terminou de perseguir o inimigo? — Benito perguntou.
— Nã o.
Giancarlo suspirou como se outra luta estivesse prestes a começar.
— Ele nem ficou. Isso mostra que ele nunca se importou em
primeiro lugar —, disse Benito.
O tempo pareceu congelar ao meu redor quando fui até a mesa do
meu irmã o e passei minhas mã os sobre ela. Tudo voou para o lado
quando minhas mã os bateram com força na mesa de madeira.
— Isso nã o é verdade.
O olhar de Benito endureceu, recusando-se a ceder. Isso o tornou um
grande líder, mas à s vezes um irmã o de merda.
— Enzo, nó s já conversamos sobre isso. A maneira como você
percebe as coisas é diferente dos outros.
Meus dedos se curvaram e meus nó s dos dedos rasparam contra a
madeira. Eu poderia estar errado? O tempo que passei com Tex parecia
muito mais. Eu balancei minha cabeça.
— Nã o dessa vez.
— Enzo...
Levantei-me e encontrei o olhar do meu irmã o de frente.
— Nã o. Tex é diferente.
— Ele é uma ameaça para esta família.
Benito nã o estava errado. O trabalho de Tex era uma ameaça, mas o
pró prio Tex... eu nã o tinha certeza.
— Ele fica fora dos limites, — eu disse.
Benito parecia pronto para discutir, mas Giancarlo se aproximou.
— É isso, estou chamando. Acabamos brigando. Somos irmã os. —
Ele se encostou na mesa. — Vocês dois foram feridos de forma diferente
no passado.
Benito zombou, mas eu sabia a verdade. Meu irmã o se apaixonou
por Brycen; ele simplesmente nã o sabia que o homem estava jogando
contra nó s dois.
— Enzo, Tex é diferente?
Eu balancei a cabeça sem hesitar.
— Ele é. — Eu encontrei os olhares de ambos os meus irmã os.
Benito me encarou por um longo tempo antes de rosnar baixinho.
— Você está disposto a arriscar tudo o que temos por ele?
— Sim.
O rosto de Benito nã o mostrava nada enquanto nos encarávamos. A
tensã o aumentava a cada segundo que passava. Era mais fá cil controlar
minhas emoçõ es com Tex nã o estando tã o perto. Aquele dia na minha
casa foi uma das poucas vezes que eu perdi o controle para um dos
meus irmã os.
Os olhos de Benito diziam “eu nã o”. Ele nã o precisava dizer isso em
voz alta. Meu estô mago revirou e rezei para que nunca tivesse que
enfrentar meu irmã o em uma situaçã o de vida ou morte, mas por Tex?
Eu poderia.
— Precisamos manter o foco —, disse Gin.
— Ele conseguiu alguma coisa da sua casa? — Benito rosnou.
— Nã o, eu nã o guardo nada lá .
A tensã o era tã o espessa que eu estava no limite. Normalmente,
estar perto de meus irmã os me dava um pouco de paz, mas agora, eu
tinha que observar cada movimento e palavra que vinha de ambos. A
vida de Tex dependia disso.
— Benito —, disse Gin.
— Cale-se! — Benito tirou um cigarro e acendeu-o com um fó sforo.
— Os policiais sempre um incô modo. Vou lidar com isso a tempo.
Ele ergueu a mã o, cortando qualquer protesto que pesasse na minha
língua. — Outro de nossos carregamentos foi levado e quatro de nossos
homens estã o mortos.
— Foda-se —, Giancarlo rosnou.
— Como? — Perguntei. Nã o estava somando. A informaçã o que
tínhamos sobre o cara dizia claramente que ele era um policial, mas ele
nã o estava em nossa folha de pagamento. Eu verifiquei vá rias vezes.
— Tire a cabeça das nuvens e faça o seu trabalho —, disse Benito.
Ele olhou para mim. — Eu preciso do meu irmã o, nã o de um traidor.
Resisti à vontade de recuar e assenti. Dizer a ele que nunca o trairia
era inú til. Benito já havia se decidido; cabia a mim mostrar a ele que
estava atrá s da família. E que Tex nã o precisava ser morto. O ú ltimo
seria um pouco mais difícil, mas eu faria qualquer coisa para provar
isso.
Continuamos a examinar o que cada um de nó s havia encontrado. Eu
nã o tinha encontrado nada na semana passada; muito ocupado
procurando por Tex. Eu nã o podia dizer isso a Benito, entã o fiquei em
silêncio. Seu olhar inabalável me disse que ele já sabia que eu nã o
estava fazendo meu trabalho.
Quando nossa reuniã o terminou, eu me virei e saí correndo de lá . A
tensã o estava até me afetando. Eu normalmente prosperava sob ele,
mas estava me sentindo mal.
Saindo do escritó rio, encarei a mú sica estridente do clube. Estava
cheio como sempre, mesmo numa quinta-feira à noite. Inclinei-me
sobre a borda e olhei para o mar de pessoas.
Olhos azuis familiares emoldurados por cílios pretos grossos
chamaram minha atençã o. Um maxilar quadrado e lá bios com os quais
sonhei me fizeram descer as escadas de dois em dois. Eu estava no
chã o, correndo pela multidã o de pessoas. Corpos suados pressionados
contra mim me desacelerando enquanto eu me dirigia para ele.
Quanto mais perto eu chegava, mais longe ele corria. Eu persegui
Tex querendo nada mais do que pegá -lo. Desta vez, eu nã o iria deixá -lo
escapar. A porta dos fundos se abriu e, alguns segundos depois, saí
correndo.
Instantaneamente, vi a jaqueta que ele estava usando. Meus pés nã o
podiam me levar rá pido o suficiente para ele. Eu queria chamar seu
nome, mas minha boca permaneceu fechada. Eu agarrei seu ombro e o
virei.
— Merda, que porra é essa, cara? — Um estranho com rosto em
forma de coraçã o e olhos castanhos me encarou. Uma boca que nã o era
de Tex virou para baixo em uma carranca. Ele se desvencilhou do meu
aperto. — Cara, diabos é o seu problema?
Eu sabia o que vi. Nã o havia como eu estar alucinando. Eu agarrei o
estranho antes que ele pudesse ir a qualquer lugar.
— Onde você conseguiu essa jaqueta?
— Qual é o seu negó cio?
Eu me aproximei e olhei para ele. Ou ele viu sua morte em meu
rosto, ou seus instintos entraram em açã o. O corpo do estranho ficou
rígido e ele quebrou o contato visual.
— Algum cara jogou para mim com algum dinheiro e disse para ficar
aí.
— Onde ele foi? — O desespero em minha voz soou em meus
ouvidos. Eu só precisava ver Tex. Nã o, isso nã o era verdade. Eu
precisava segurá -lo e mantê-lo perto.
— Ele atravessou a rua correndo. Eu nã o vi qual...
Pressionei com força contra o ponto de pressã o em seu ombro. As
pernas do estranho vacilaram e ele soltou um grito estrangulado. Sua
mã o se estendeu para envolver meu pulso, mas eu apenas apliquei mais
pressã o.
— O-ok.
— Você está desperdiçando meu tempo. Para que lado.
Ele soltou meu pulso com dedos trêmulos e apontou para a
esquerda. Eu o deixei ir e corri. O ar frio entrava e saía dos meus
pulmõ es. A queimadura nã o era nada comparada com a dor cada vez
maior. Parei no semá foro e olhei para os dois lados.
Meu coraçã o batia forte e meus pulmõ es queimavam. Procurei em
todos os sentidos, mas nã o havia nenhum Tex. Empurrei meus dedos
pelo meu cabelo e puxei. No lugar das emoçõ es turbulentas que me
atravessam, uma assumiu o controle. A ú nica emoçã o que eu entendia
acima de tudo.
Raiva.
— Se eu nã o posso ter você, entã o ninguém pode.
CAPÍTULO VINTE E TRÊS
TEX
— Senhor, eu juro...
Bang. O toque do tiro cortou qualquer outra palavra que ele iria
dizer. Sangue quente espirrou no meu rosto e nas minhas mã os. Olhei
para minha mã o pintada com gotas carmesim e nã o senti nada.
Um assobio cortou o ar, e eu desviei o olhar da minha mã o para
encontrar Gin entrando. Seu olhar dançou sobre o corpo na cadeira.
— Você tem passado por eles cada vez mais rá pido. Nã o podemos
substituí-los com a rapidez com que você está se desfazendo de nossos
homens. Gin chutou a cadeira, e o corpo caiu no chã o, acrescentando
mais sangue à poça que já decorava o chã o.
— Outro traidor?
Eu balancei a cabeça. A merda foi profunda, mas tudo o que eles
puderam me dar foi a mesma porra de nome. Ramada. Ele estava morto.
Eu mesmo cuidei disso e nã o cometi erros desleixados.
Giancarlo puxou um cigarro e eu peguei um dele.
— Acha que o fantasma dele está nos assombrando?
— Ele é o ú ltimo fantasma com o qual eu me preocuparia.
Gin riu, mas eu nã o pude acompanhá -lo. Ultimamente, eu ri ainda
menos do que antes.
— Entã o o policial que eles mencionaram é Ramada ou alguém com
quem ele trabalhou?
Eu gemi.
— Eu já investiguei o ex-parceiro dele. Foi ele quem delatou
Ramada. Seu ex-parceiro era do tipo certinho. A ú nica mancha em seu
registro foi sua parceria com Ramada.
Acendi o cigarro e inalei a fumaça segurando-o enquanto minha
mente divagava. Foi direto para Tex, alimentando a raiva em mim e
empurrando qualquer fadiga que eu pudesse ter sentido. Peguei o
cigarro e apertei a ponta acesa no polegar para apagá -lo. Soltando a
fumaça, chamei alguns de nossos homens para entrar e começar a
limpar.
— Merda, Enzo, — Gin rosnou enquanto olhava para a minha mã o.
Eu mal registrei a picada.
— Nã o se preocupe com isso. Tenho que seguir outra pista.
Ele agarrou meu braço.
— Você precisa dormir.
Por que ele nã o conseguia ver que eu precisava me manter ocupado,
ou acabaria fazendo algo imprudente? Como invadir a delegacia e
matar qualquer um que entrasse no meu caminho em busca de Tex.
Olhei para o meu irmã o e seu aperto no meu braço afrouxou o
suficiente para me libertar.
— Enzo, eu entendo que você está com raiva...
— Você nã o recebe nada. — Eu me afastei dele. — Estou fazendo o
que precisa ser feito pela família.
Dei meia-volta e saí depois de lavar as mã os e o rosto. Cada um de
nó s tinha um trabalho e eu precisava voltar a me concentrar no meu. Eu
deixei tanto escapar enquanto me concentrava em Tex, mas esse nã o
era mais o caso. Tex deixou claro que éramos inimigos e nada mais.
Cerrei os dentes. Como toda vez que eu pensava em Tex
ultimamente, eu queria socar alguma coisa ou matar alguém.
— Senhor, — um dos homens levantou minhas chaves, e eu as
peguei.
Minha mente era um mar infinito de pensamentos inconstantes. Eu
estava tã o distraído que nã o percebi que estava atrá s do volante. Ou
mesmo dirigindo. Eu nã o tinha ideia de para onde estava indo, mas
minha mente estava em branco enquanto os prédios voavam. Antes que
eu percebesse, eu estava parando. Pisquei e gemi ao ver o apartamento
de Tex.
Por que diabos estou aqui?
Eu sabia que ele nã o estava lá . Eu tinha um homem no local o tempo
todo. Eu o vi enquanto ele andava ao redor do prédio e entrava. Meu
estô mago revirou e meu aperto no volante aumentou. No fundo, eu
sabia que precisava deixá -lo ir. Aquilo era Brycen de novo. Talvez
minhas mã os estivessem muito ensanguentadas para segurar alguém.
Não, Tex é meu.
Ele poderia continuar se escondendo, mas eventualmente eu iria
encontrar Tex Caster. Meu telefone tocou, chamando minha atençã o
para longe do prédio.
— Senhor, há algo que você pode querer ver.
— Mande-me a localizaçã o. Estarei aí em breve.
A mensagem passou. Dei uma ú ltima olhada rá pida no prédio de Tex
antes de sair e pegar a estrada.
A casa de Ramada ficava em um bairro rico. Um bom demais para
um salá rio escasso de policial. Ele era solteiro. No momento em que
entrei em seu lugar, pude ver o porquê.
Este lugar é nojento. Evitei pisar em qualquer coisa que grudasse nos
meus sapatos.
— O que você achou? — Perguntei.
Calcei as luvas, percebendo que havia negligenciado a limpeza tã o
bem quanto deveria depois de matar o ú ltimo cara. Minha pele se
arrepiou com o conhecimento, mas forcei a necessidade de me limpar.
Em vez disso, segui atrá s de um dos meus homens até o computador.
Sentando-me, cliquei no mouse e a tela se iluminou. Ele estava certo.
Eu queria ver isso. Havia alguns arquivos ocultos, alguns até protegidos
por senha. Se valia a pena esconder, valia a pena investigar.
— Alguém já veio aqui para ver como ele está ? — Perguntei.
Blake dobrou a esquina e balançou a cabeça.
— Nã o senhor. Ele nã o tem família e está apenas algumas semanas
atrasado nas contas.
Eu balancei a cabeça.
— Nã o deixe nada importante para trá s.
Blake saiu para lidar com isso com os outros, e me concentrei no
que precisava fazer. Os computadores eram muito mais simples que os
humanos. Eles nã o tinham emoçõ es complicadas ou sonhos que os
impediam de trabalhar.
O computador estava lento e resisti à vontade de mexer nas coisas.
Ele apitou quando o software que eu instalei foi concluído. Ele
vasculhou todos os arquivos disponíveis. Meus homens estavam
destruindo ainda mais o lugar, procurando sabe-se lá o quê.
Se ao menos fosse tã o simples com uma placa dizendo que aqui está
o que você precisa para descobrir quem estava tentando derrubar sua
família. O computador apitou e examinei os arquivos ocultos.
O nome da minha família surgiu em vá rias ocasiõ es e em alguns
negó cios nos quais estávamos envolvidos. Ramada investiu muito mais
do que pensávamos. Tirei uma foto e mandei para o Benito. Continuei a
vasculhar os arquivos. Mais alguns nomes apareceram, mas um eu vi
tanto quanto o nosso nome riscado na parte de trá s da minha cabeça.
Dilan Mathews. Nã o foi a primeira vez que vi o nome dele ou mesmo
ouvi-lo. Ele era um dos poucos traficantes que trabalhavam para nossa
família. Seu histó rico era louvável. Eu verifiquei os livros pessoalmente,
e ele nã o tentou tirar nenhum dinheiro do topo. Sem mencionar que ele
nã o estava envolvido com nenhum dos carregamentos de armas. O que
diabos ele tinha a ver com tudo isso?
Havia muitas perguntas e poucas respostas.
O nome de um revendedor barato apareceu algumas vezes.
— Blake. Carter. Ambos vieram até mim, prontos para receber
ordens. —Encontre-o.
Passei a foto de Dillan Mathews.
Algo me disse para olhar mais para ele. Eu raramente ignorava meus
instintos, exceto quando se tratava de um determinado policial.
***
— Encontraram?
Blake balançou a cabeça.
— Mas descobrimos que ele foi pego alguns meses atrá s.
Fiz um gesto para que continuassem e Carter continuou de onde
Blake havia parado.
— Dillan foi preso por acusaçõ es de posse e distribuiçã o. O caso era
hermético. Eles tinham alguém disposto a testemunhar.
— Mas? — Meu estô mago apertou.
— O patrã o nã o tinha feito uma palavra para ele ser inocentado, e
isso nunca foi relatado. Mas Dillan foi solto no dia seguinte —, disse
Blake.
— Quem era a testemunha? — Perguntei.
— Carl Rodgers, um viciado em metanfetamina. Um dos
frequentadores de Dillan.
Cocei meu queixo, o cabelo roçando na ponta dos meus dedos,
lembrando-me que precisava de um corte.
— O que mais?
— Ele está fazendo seus pagamentos como de costume, mas nunca
mais é ele. Seu primo disse que nã o vê Dillan há semanas, mas foi
instruído a continuar enviando dinheiro.
— As drogas? — Minha cabeça estava começando a doer.
— Alguém está vendendo, mas nã o conseguimos obter as respostas
do primo.
— Nã o poderia?
Carter limpou a garganta.
— Ele nã o tinha nenhuma resposta.
Peguei uma bebida e servi enquanto me sentava. Eu preferia fazer a
tortura sozinho, mas nã o podia estar em todos os lugares o tempo todo.
Carter e Blake eram alguns de nossos homens que eu sabia que eram
capazes de obter respostas quando necessá rio. Tomei um gole da minha
bebida, o á lcool como fogo líquido enquanto descia.
— Quem estava no comando da apreensã o? — Perguntei.
— Ramada e Chandler —, respondeu Carter.
Levantei-me em segundos e movi alguns livros espalhados antes de
encontrar o arquivo que Benito me entregou. Ali, claro como o dia,
estava o ú ltimo nome nas listas. Aaron Chandler tinha trinta e seis anos
e foi demitido. Ao contrá rio de Ramada, ele nã o conseguiu manter o
pacote de aposentadoria ou mesmo sair com salá rio. Tudo o que eles
fizeram juntos foi colocado em seus ombros. No entanto, no final, foi
varrido para debaixo do tapete e ele conseguiu se tornar um homem
livre.
Por que eu não o matei ainda? Um sorriso diabó lico e olhos
tentadores vieram à mente, e fui imediatamente atingido pela raiva. O
vidro quebrou na minha mã o, e eu olhei para baixo enquanto cortava
minha carne. Algo diferente de raiva rodou em meu peito. Eu empurrei
tudo para longe.
Sem mais distrações.
Acho que era hora de terminar a lista.
— O parceiro de Ramada era James Till. Como diabos eles foram os
ú nicos a prender Dillan?
Blake olhou para minha mã o sangrando e se moveu para pegar uma
toalha. Peguei-o e coloquei-o sobre a mesa, ignorando-o e
concentrando-me no que estava diante de mim. Respostas.
— Till estava de licença paternidade. Ramada e Chandler eram
parceiros temporá rios —, disse Carter.
Nã o é de admirar que eu nã o os tenha colocado juntos. Eles estavam
na mesma delegacia, mas pelo que eu percebi, eles nunca estiveram
juntos. Eu me castiguei por perder algo que normalmente nunca
esqueceria. Erros flagrantes um apó s o outro, tudo porque eu me
permiti ser distraído.
— Senhor —, disse Blake, apontando para a minha mã o. — Você
deve...
—Vocês dois podem sair.
Carter puxou Blake, e eles se viraram e se dirigiram para a porta.
Eles pararam antes de sair.
— Você nos quer de volta em Caster?
Ouvir seu nome enviou uma reaçã o violenta pelo meu corpo. Cerrei
o punho e os cacos de vidro cravaram-se ainda mais na minha carne.
Sim.
— Nã o, ele nã o é importante agora. — A mentira era como cinzas na
minha língua, mas se eu continuasse a dizê-la, iria acreditar mesmo
quando o enterrasse.
CAPÍTULO VINTE E CINCO
TEX
A histó ria de Enzo e Tex chegou até nó s em uma noite cheia de abacaxi
e Bacardi. No momento em que os personagens ganharam vida em
nossas cabeças, nó s corremos com eles. Melhor fodida decisã o até
agora. Esta histó ria de amor veio das partes mais profundas de nossas
almas negras e esperamos que você possa sentir isso enquanto lê.
Esperamos que você esteja animado para o pró ximo livro Paid In Full!!!
Você está em um deleite épico.
Brea Alepoú percebeu que seu sonho era escrever e contar histó rias
depois de passar cinco anos na faculdade para se formar. Desde entã o,
ela tem escrito e deixado sua imaginaçã o livre. Ela pensou que
escreveria apenas contemporâ neos no início, mas logo descobriu seu
amor por criar mundos. Entã o agora ela acerta tudo. Com sua
imaginaçã o selvagem, espere muitas histó rias diferentes, desde fadas
governando, vampiros matando todo mundo, até o doce amor entre
dois homens, a paixã o entre duas mulheres ferozes ou o amor de
mú ltiplos parceiros. Ela acredita que todos merecem amor, mesmo que
nem todos os seus personagens o recebam imediatamente. O amor é
apaixonado, quente, carente, confuso, doloroso, desgastante,
gratificante e que tudo consome.
SOBRE SKYLER SNOW
[←1]
Metanfetamina.
[←2]
[←3]
Uma situação se agrava rapidamente de uma forma que se torna cada vez mais
difícil de controlar.
[←4]
Não minta para mim, irmão.
[←5]
Uma personalidade marcada por excessiva ordem, extrema meticulosidade e,
muitas vezes, suspeita e reserva.
[←6]
Ser estúpido.
[←7]
Ele é meu tudo.
[←8]
Besteira.
[←9]
Escritório aberto onde vários funcionários trabalham juntos.