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Prólogo

— Se alguém aqui tem algo contra este casamento, fale agora. – O juiz de paz
falou olhando para os convidados.

Então, como em um filme clichê, uma pessoa gritou da entrada.

— Russel! – Uma voz masculina bradou.

Um homem alto, loiro e esbelto apareceu na entrada e meu queixo caiu quando
eu vi quem era. Olhei para Mike rapidamente e ele já se preparava para correr
até o indivíduo, mas um sinal meu impediu.

— O que você quer, Jesse? – Pergunto alto o suficiente para ele escutar do
outro lado.

— Quero que todo mundo fique bem calminho, isso aqui vai ser um sequestro e
se você colaborar, ninguém se machuca. – Fala caminhando até o altar.

— Eu não estou afim de ser sequestrada hoje. – Falo com deboche.

— Chega de gracinha, Russel, venha comigo e todo mundo fica bem. – Repete
olhando para os convidados, então ele repousa o olhar em Jasmine que está
no colo de Jackson.

— Vamos resolver isso lá fora. – Caminho até ele e Jackson me segura pelo
braço.

— O que você está fazendo? – Pergunta baixo.

— Resolvendo as coisas, mande Mike chamar a segurança e a equipe de


limpeza. – Saio sem mais explicações e caminho atrás de Jesse, os poucos
convidados me observam com olhar de medo. – Ninguém precisa ficar
assustado e nem liguem para a polícia. Está tudo bem. – Falo um pouco mais
alto para que todos ouçam.
Capitulo 1

Nunca pensei que seria tão ruim estar à beira da morte. Se eu não morrer, hoje
será o início de uma nova vida.
As vozes voltaram a se manifestar e eu continuei no breu total, como um golpe
de box as luzes invadiram meus olhos quando o capuz preto foi removido em
milésimos de segundos da minha cabeça. Estou anestesiada pela exaustão,
meus pulsos doem por conta da corda amarrada ali que sustenta todo meu
peso quando minhas pernas fraquejam.
― Vamos lá, Florence. Eu sei que você vai ser boazinha e me contar. – Falou
pegando meu rosto com uma das mãos
― Vai se foder! – Vociferei quando ele ousou chegar mais perto.
― Bem, acho que não temos muita escolha então.
Um golpe na barriga.
Então, eu sou a Florence e acabei de levar uma paulada na barriga pelo
babaca do Frank.
Deixe-me te explicar melhor essa situação...
Sou conhecida como a Rainha da Neve. Eu vendo cocaína desde os meus 20
anos de idade. Eu me enfiei nisso porque é o negócio da minha família. Depois
que meu pai se aposentou, todo o império dele ficou pra mim. Não dava muita
importância pra isso até precisar de dinheiro e depois que eu descobri que a
grana é alta, não quis mais exercer nenhuma outra função. Só que eu evoluo
os negócios a um nível muito maior do que meu pai jamais imaginou que
chegaríamos. Eu criei a Russel Company, mexemos desde a indústria química
farmacêutica até a produção da melhor cocaína dos Estados Unidos. Temos
negócios legais que servem para lavar todo o nosso dinheiro e temos os
negócios negros.
Neste ramo, como já dizia o lendário Pablo Escobar: Grana ou chumbo.
Ou você ganha dinheiro e dá dinheiro, ou você morre. A menor das
informações pode custar a sua vida. É um ramo onde não pode haver erros,
cada erro é compensado com uma vida. Sem pena e sem coração.
Eu fui traída e cai numa emboscada, meu maior e inútil rival, Frank, conseguiu
me achar e resolveu me sequestrar por conta de uma droga nova que vem
sendo muito vendida nas ruas. Acontece que essa droga não é minha, ainda.
Mas ele não vai acreditar em nada que eu disser.
Mais um golpe. Me agarro na corda acima de minha cabeça e quase vomito.
― Deixa de ser imbecil. Eu não sei de nada dessa merda, meu negócio não é
esse. – Vociferei.
― E você acha que eu vou acreditar em você, vadiazinha? – Ele chega perto.
Perto demais. Sinto nojo de seu hálito podre.
― Deveria! Quem em sã consciência e com o dinheiro que eu tenho, iria ficar
aqui por horas tomando porrada? Me solta. Você não vai con... – Sou
brutalmente interrompida por alguém quase arrombando a porta.
― Que porra é essa? – Ele grita.
Eu continuo parada inexpressiva. Eu sei quem é. Quem são.
A porta cai e meia dúzia de homens fortemente armados entram, Frank é posto
em uma das cadeiras de ferro e fica sendo vigiado. Rapidamente eu sou
desamarrada das cordas e me mantenho firme de pé, vou no canto esquerdo
atrás de onde estava amarrada e pego minha bolsa e meus saltos. Maldito.
Quebrou meu par de Louboutin. Outros dois homens armados me esperam na
entrada, mas antes eu paro para olhar para Frank.
― Eu fui paciente com você até onde consegui. Você ainda tem muita coisa
para aprender, vovô! – Falei ao passar por ele que tinha uma carranca nada
boa.
Olho ao redor e reconheço Mike, meu segurança pessoal.
― Quero este homem disciplinado na próxima vez que o ver. Isto é, se ele
sobreviver. – Ordeno a Mike que entende o que eu quis dizer.
Saio andando pra fora daquele cubículo nojento e Mike dá algumas ordens
para os homens. Chegamos perto da SW4 Blindada e tudo se tornou um breu
novamente...
...
Meu corpo todo estava rígido, doía e eu mal conseguia respirar. Pisquei os
olhos algumas vezes até ter foco. Luz forte branca, teto branco, paredes
brancas e um bip insuportável. Tudo me incomodava. Me ajeitei naquela cama
e pressionei o botão que chama enfermeiros, dois minutos depois uma
enfermeira invadiu o quarto, Mike estava logo atrás dela.
― Eu desmaiei? – Perguntei olhando para Mike.
― Sim, seu estomago está ferido e você tem concussões e contusões em toda
parte. Somente alguns dias aqui e já poderá ir pra casa. – Respondeu a
enfermeira.
― Não falei com você, falei com ele! - Eu estava estressada, sendo a babaca
ignorante que sempre sou.
― Florence, ela falou tudo o que eu iria dizer. Você desmaiou e colocou
sangue pela boca. Eu já falei com o Dr. Nelson, ele me prometeu total
discrição. Agora descanse. Você teve um dia cheio. – Falou chegando perto e
afagando meus cabelos.
― Mike, como está Frank? – Ele para e abre um sorriso.
― Está bem melhor do que você – Da um sorriso debochado – Isso eu garanto.
Eu dormi por dois dias seguidos, dois dias. Acordando somente para comer e
ordenar coisas à Mike. Preciso sair daqui o mais rápido possível, não posso
deixar meu reinado nas mãos de segundos e terceiros por muito tempo.
Dr. Nelson entrou no quarto, olhou alguns papeis do meu prontuário e veio até
meu lado.
― Pronta pra ir embora? Sua receita já está pronta e pode fazer o tratamento
em casa. – O sorriso dele é sincero.
― Em quanto tempo eu fico nova? – Pergunto já com mil planos na cabeça.
― Em uma semana, se respeitar o resguardo e os horário das medicações.
Assenti e olhei pro nada, me lembrando do ocorrido. Ainda não havia parado
para pensar nisso desde quando cheguei. Dr. Nelson provavelmente adivinhou
isso e segurou minha mão.
― Quer conversar sobre? Me contar o que aconteceu? – Apertou de leve a
mão gélida que segurava.
― Achei que era forte o bastante pra suportar qualquer tipo de porrada, mas
percebi que não passo de um corpo, que se fere. – Falei olhando pro nada.
― Você sabe que isso é consequência de tudo o que você faz. Se você tivesse
me escutado quando seu pai... – Mais uma explicação: Dr Nelson acha que
meu pai está morto, mas tudo não passou de um teatro para ele ser dado como
morto e sair dessa vida, me fazendo assumir tudo.
Não o deixei terminar.
― Quando você se mete nesse tipo de coisa, não consegue simplesmente sair,
você fica envenenado e seus crimes serão eternos, ou você acha que é santo?
Você é tão sujo quanto eu sou. Eu baixei a guarda e me fodi, foram dez
homens. DEZ. Foi o que eu consegui contar, eu pensei que perderia a cabeça
ali mesmo. Não sei como não fui estuprada por aquele bando de ratos. –
Bradei me lembrando de alguns momentos do ocorrido.
― O que aconteceu é horrível, se precisar de um psicólogo, eu posso indicar
um. – Falou por fim percebendo que o assunto me deixava agitada e que ele
não iria tirar muita coisa de mim.
― Não, eu estou bem, obrigada. – Falei encerrando o assunto.
Uma batida na porta me alertou e logo vi a cabeça de Mike, dei um breve
sorriso e me levantei, alguns papeis foram entregues a ele enquanto eu me
arrumava e observava tudo. Olhei para a sacola ao lado de minha pequena
mala com roupas limpas, as roupas do incidente e meu salto destruído. Esse
desgraçado me paga.
― Pronta! – Anunciei.
Mike me olhou e deu um sorriso quase notável. Quero sair deste lugar o mais
rápido possível, esse branco mórbido me deprime.
Dentro do carro, Mike segurou o volante com força e percebi os nós dos dedos
ficando brancos.
― O que ho... – Interrompida.
― Pensei que te perderia. – Soltou relaxando os ombros e encostando a
cabeça no volante.
― Por que? Você sabia onde eu estava o tempo todo. – Rebati lembrando do
medo que eu estava de morrer.
― Sim, mas eu não sabia se você estava bem, se estava viva. Quando vi você
amarrada e sangrando, entrei em desespero. Só me aliviei depois que você
estava fora daquele cubículo, a alegria durou pouco porque eu me vi
desesperado de novo quando você desmaiou. Como teve forças para andar até
o carro? – Perguntou fechando os olhos com força como se tivesse lembrado
de algo que o fazia sentir-se péssimo.
― Queria ter certeza de que todos estariam a salvo. – Falei lembrando que não
estava sentindo muita coisa, só depois que vi que estávamos no carro que me
entreguei a dor insuportável que tomava meu corpo.
― Ok, vamos embora. – Falou dando partida no carro.
O caminho todo eu fiquei calada, lembrando de tudo. As imagens não saíam da
minha cabeça e toda vez que meu abdômen latejava, era um flash de
lembrança.
Chegamos em casa e o peso do palácio onde moro, caiu diretamente em meus
ombros, não é uma mansão com cinquenta quartos, mas é uma casa bem
grande com piscina, salão e uma pequena academia onde pratico alguns
exercícios. Morar sozinha aqui é um peso, me sinto solitária e vazia na maioria
das vezes e converso muito com meu mordomo, Isac, ele é como se fosse um
amigo. Aos fins de semana quando eu quero e posso, sempre faço algum tipo
de resenha para os poucos amigos que possuo. Todos os dias minha caixa do
correio fica lotada de convites para festas da mais alta sociedade dos estados
unidos e do mundo, mas eu raramente tenho tempo ou vontade de ir pra esse
tipo de coisa.
Sou desperta de meus pensamentos quando a porta do carro abre e Mike me
estende a mão para me ajudar a sair.
― Preciso apenas de um banho e você me passa tudo o que aconteceu nos
últimos dias. – Falei indo em direção as escadas.
― Tudo bem. Qualquer coisa grita. – Mike nem tentou me ajudar porque sabia
que eu não aceitaria.
Dei um sorriso e subi as escadas com cuidado porque qualquer movimento
muito brusco já me trazia dores. Preparei um banho na banheira e me afundei
lá, ficando somente com os olhos e o nariz na superfície. Por um segundo eu
fechei os olhos e todo aquele sofrimento veio à tona. Abri os olhos rápido e
alcancei uma toalha, sequei a mão e peguei o celular dando um toque para
Mike que provavelmente estava na cozinha devorando alguma coisa.
― Você pode vir aqui? – Minha voz saiu melosa e fraca.
Ele apenas desligou e consegui escutar seus passos na escada.
― O que houve? Você está bem? – Perguntou invadindo o banheiro.
― Não houve nada, eu to bem, é que quando fechei os olhos, me vi amarrada
e sendo espancada de novo. Parece que isso nunca vai sair da minha cabeça
e vai me aterrorizar o tempo todo. – Falei saindo da banheira.
― Ei, eu to aqui. Vou esperar você ali – Apontou para meu quarto. – Termine
seu banho.
Fiz o que ele disse e terminei meu banho, olhando sempre e verificando se ele
estava mesmo me esperando. Ficar nua com ele me olhando não é um
problema, Mike e eu transamos de vez em quando, por mais que ele tenha
uma “namorada”. É como se fosse uma questão de sobrevivência, em algumas
de nossas viagens a trabalho, acabo ficando com desejo demais e ele também,
aí acontece. Mas nada além disso.
― Vamos lá, me conte o que aconteceu por aqui enquanto eu estive fora. –
Perguntei sentando-me ao seu lado no sofá que havia ali.
― Ok, vamos! – Suspirou – um novo distribuidor de hidrocodeína entrou em
contato, quer fazer negócios. E também temos um CEO de uma empresa de
matéria prima que quer uma reunião com você, diz ele que tem ótimos
produtos para nós, mas não falou o código. Então presumo que seja apenas
para o lado legal mesmo. – Concluiu me olhando com desdém, provavelmente
pensando que eu deveria me preocupar com minha saúde e não com o que
aconteceu na minha ausência.
O código. É algo sagrado nesse tipo de negócio, se a pessoa entra em contato
e não fala o código, sabemos que aquela pessoa não vai tratar de assuntos
ilegais, então devemos manter o profissionalismo e seguir.
― Sobre o Frank... Ele tinha uma grande amostra dessa nova droga e nós
conseguimos pegar e eu já mandei pro laboratório analisar, é só esperar o
resultado que deve ficar pronto em dois dias no máximo. Demos um jeito nele e
ele ficará longe por mais tempo do que gostaria. – Falou segurando minha mão
com delicadeza.
― Ótimo, pelo menos isso de bom. Amanhã bem cedo eu estarei na empresa.
Preciso resolver muita coisa por lá... – Informei indo colocar um roupão por
cima do pijama.
― Ótimo, Isac está na cozinha preparando algo para você comer. – Falou me
seguindo até meu closet e fechei a cara ao ouvir a frase.
― Mas hoje é folga dele. Nem aqui deveria estar. – Comecei a ficar agitada.
― Eu pedi para que ficasse para ajudá-la com os remédios e a alimentação. –
Me puxou pra perto com cuidado.
― Mike, Isac já trabalha demais aqui, justo na folga dele você pedir pra ele
ficar por causa de mim? Nada disso. – Me soltei dele e caminhei em direção à
porta.
― Onde você pensa que vai? – Mike bloqueou minha passagem rumo a
escada.
― Vou descer até a cozinha. Saia da minha frente. Agora! – Ordenei com a
cara fechada.
Ele me obedeceu sem pensar, mas andou ao meu lado e falando feito um
tagarelo, querendo me apoiar ou me descer no colo.
― Mike, não estou aleijada, por favor. – Falei já sem paciência parando no
meio da escada
― Você vai sentir dor mais tarde. – Insistiu e eu apenas ignorei.
Parei de dar ibope para seus exageros e cheguei ao piso principal. Atravessei a
casa rumo à cozinha, ouvi os tilintares de vidro e inox.
― Isac! – Chamei alto.
― Senhora! – Levou um susto.
― Saia desta cozinha imediatamente e volte para sua folga, tire dois dias a
mais e perdoe este erro terrível do Sr. Lane. – Falei autoritária e dei uma
olhada feia para Mike.
― Senhora, me recuso a sair deste castelo e deixar minha rainha, que ainda
está ferida, sozinha. – Hoje todos querem me desobedecer ou eu que estou
muito estressada?
― Poupe-me de suas bajulações e vá agora arrumar suas coisas. Quero você
longe desta casa em uma hora e não vou aceitar ser contrariada. – Fui um
pouco mais ríspida.
― Mas e a alimentação da senhora? E os remédios? – Perguntou alternando o
olhar entre mim e Mike.
― Sou uma ótima cozinheira como bem sabe e tenho idade o suficiente para
me medicar sozinha. Afinal, de fármacos eu entendo. – Falei sem paciência. –
Mais uma coisa... Antes de sair, passe por mim para se despedir. – Agora mais
calma e carinhosa, consegui até ver um sorriso de alivio em seus lábios.
― Sim senhora! – Disse em tom divertido.
Dito isto, ele saiu contrariado e Mike me olhava com cara de quem sabia de cor
tudo que aconteceu ali.
― Impossível negociar com você. – Comentou.
― Se não for do meu jeito, não rola. Me passa as receitas com os horários de
cada medicação. – Falei me dirigindo até a cozinha.
Coloquei um despertador para cada remédio, coloquei todos em uma pequena
bandeja e pedi a Mike para colocar ao lado de minha cama.
Quando ele voltou, a mesa já estava posta para dois, Isac passou na sala de
jantar e me deu um beijo e um abraço. Eu o trato como um irmão.
Mike e eu conversamos um pouco enquanto comíamos e depois de um longo
silencio resolvi falar mais alguma coisa, na verdade, pedir.
― Mike, seria muito abuso meu pedir para que fique comigo hoje? – Mantive
meu olhar firme no seu.
― Por isso eu pedi a Isac para ficar... Eu te conheço Florence! – Falou
cruzando os braços no peito.
― Isac e nada nessa situação são a mesma coisa. Você sabe o que fazer caso
minha casa sofra um atentado. – Tentei apelar, mas pelo visto não deu certo.
― Florence... Sua equipe de segurança é uma das melhores. – Falou servindo-
se de mais alguns frios.
― Tudo bem. Deixa pra lá! – Ele fez menção de falar algo, mas eu continuei –
Vou me recolher, a equipe de limpeza está na casa dos fundos, quando acabar
é só pedir para que venham... Boa noite. – Percebi de imediato que Mike não
queria ficar aqui e não tiro sua razão, mas eu sou complicada e não sei explicar
isso.
Ser sozinha é realmente muito difícil... Me acomodei na cama king e me senti
engolida pela solidão imediatamente, era o que parecia. Liguei a luz neon e
peguei no sono.
Capitulo 2

Acordei com minha ex namorada, Denise esparramada sobre mim. Demorei


um pouco para assimilar aquilo e logo uma avalanche de memórias
transbordou minha cabeça fazendo até latejar. Basicamente eu bebi muito, usei
muita porcaria e provavelmente com a ajuda de Denise que não é nenhuma
santa, e acabamos... Enfim.
Dei duas sacudidas leve nela e mandei levantar da minha cama. Fui para o
banheiro trancando a porta. Tenho uma viagem aos estados unidos daqui dois
dias e não posso desmarcar. Preciso me recompor dessa ressaca e acertar
algumas pendencias. Uma batida na porta tirou minha atenção.
― Jack, Preciso fazer xixi. – A voz manhosa de Denise surgiu.
― Use qualquer outro banheiro, Denise. – Bradei revirando os olhos.
― Mas quero ficar na banheira com você. – Resmungou.
― Denise! – Gritei.
Sim fui um pouco ríspido, ela me enche o saco com essa voz de hiena que faz
quando quer alguma coisa.
Foi um erro, um erro enorme ter dormido com ela novamente. Prometi a mim
mesmo que ficaria longe dela porque até então ela só me arranjou problemas,
mas quando você está chapado, não tem muito controle do que faz e se eu
quero um cargo responsável nos top 10 do mundo, preciso ter controle.
Tomei uma ducha, fiz a barba e coloquei um terno. Preciso ir para a empresa.
Quando chego a mesa para o café, encontro Denise sentada apenas com uma
calcinha. Sinceramente... ela testa a minha paciência.
― Termine seu café, vou pedir pra te levarem em casa. – Falo sem a mínima
vontade de olhar em sua direção
Assim que terminei meu café, fui em direção a sala dos empregados onde
minha governanta passava algumas ordens a outros empregados.
― Senhor Hawks, posso ajudar?
― Yolanda, faça uma varredura aqui em casa e certifique-se de que não fique
nada de Denise por aqui, arrume tudo numa mala e envie pra casa dela. Não
quero nenhum fio de cabelo de Denise nesta casa. – Digo com uma carranca.
― Sim senhor. Mais algum pedido?
― Não, apenas isso mesmo.
― Certo, bom trabalho. – Yolanda é como uma mãe para mim.
Saí dali em direção à frente da casa onde meu carro estava me esperando.
Passei por Denise já de roupas e algumas bolsas. Não dei sequer um suspiro
perto dela, para não dar ibope e segui o meu caminho. Chegando nos portões
de entrada de casa, desci na cabine de segurança para dar algumas ordens.
― Bom dia. – Após ser respondido, continuo. – Como muitos sabem, eu e
Denise não estamos mais juntos e por conta de álcool, algumas vezes eu a
trago para casa, sem consciência alguma do que estou fazendo. A partir de
hoje, vocês têm total autorização e liberdade para não deixarem Denise entrar,
nem mesmo se for comigo, muito menos se eu estiver bêbado. A não ser que
seja o caso de eu avisar antes ou deixa-la entrar sóbrio, fora isso, nada mais.
Se ela aparecer nestes portões enquanto eu não estiver, não a deixem entrar e
avise que chamarão a polícia se caso ela tentar forçar. Outra coisa, eu pedi um
carro pra ela e já deve estar chegando, também pedi para Yolanda recolher
tudo que pertence a ela e mandar entregar na porta dela. Antes dela colocar os
pés fora destes portões, analisem todas a bagagem dela e se vocês acharem
algo suspeito que não pertença a ela, me mandem uma foto e eu confirmarei
imediatamente se é ou não.
― Sim, senhor.
Acertei mais algumas coisas com eles e fui em direção a empresa. O trânsito
está complicado hoje.
Parado próximo ao Museu do Louvre, observei os turistas em câmera lenta,
alguns casais que tiravam fotos ali e sorriam juntos, fotos beijando um ao
outro... Eu fui grosso com Denise pela manhã, mas foi necessário, eu não sou
assim, sou carinhoso, cuidadoso e as vezes sou feito de trouxa por me
apaixonar rápido demais e achar que vou casar com a pessoa. Quando
conheci Denise e ela estava fugida da Espanha, ela se mostrou uma ótima
pessoa e não me contou o que realmente estava acontecendo, eu só fui
descobrir meses depois de estar com ela, por um descuido dela, acabei vendo
uma matéria aberta em seu notebook. Ali eu já estava gostando demais dela e
não quis deixa-la desamparada. Paguei advogado e me ofereci de ir com ela
pra Espanha para resolver tudo legalmente, ela não quis, disse que logo o
assunto iria morrer. Eu acreditei. Três anos se passaram e nesse tempo Denise
só se afundava e me levava junto, eu trouxa apaixonado, me deixei levar.
Comecei a beber mais do que bebia e usar mais drogas do que usava. Até que
um dia, muito drogado e sem querer saber de nada, perdi uma boa quantia em
dinheiro, por causa dela, incentivos dela. Quando acordei no dia seguinte com
as ações da empresa despencando porque eu havia feito merda, Denise
estava lá, quase morta de tão drogada que estava. Deitada no chão do
banheiro e com uma poça de vômito do lado. É nojento, eu sei. Depois disso eu
terminei com ela e removi meus advogados do caso dela, deixei por conta dela
mesma. Duas semanas depois ela apareceu num clube onde eu costumo ir
com os caras. Novamente ela me arrastou, eu ainda gostava dela... isso
aconteceu três vezes e na terceira vez eu percebi que não sentia mais nada
por ela além de tesão quando estava drogado. Afinal, quem não fica assim com
cocaína boa no sangue? Hoje de manhã, foi a quarta e última vez e novamente
eu senti nojo dela. Eu não sabia que dava pra ter um sentimento tão ruim em
relação a uma mulher na qual você já gostou tanto.
Cheguei por fim na empresa e logo me deram um monte de coisas que só eu
poderia resolver, papeis que precisariam da minha assinatura e esse tipo de
coisa. Apertei o botão e levei o telefone ao ouvido pedi minha secretária para
entrar em contato com a assessoria do Grupo Russel, preciso de uma reunião
com eles. São um grupo importante, influente e o maior do ramo na américa.
Após alguns minutos um alerta na tela do computador indicou um novo e-mail,
era a secretária confirmando meu agendamento. Dois dias, é o que eu tenho
para me encontrar com seja lá quem for. Não pesquisei muito afundo, só sei
que quem fundou a empresa foi uma mulher, pode ser que ela não esteja nem
no cargo mais.
Passaram-se algumas horas e eu já tinha um voo pra hoje à noite, já tinha
ligado para Yolanda e pedi para ela arrumar minhas coisas. Ela já tinha uma
lista de tudo que eu precisava e eu só precisei adicionar algumas coisas
pessoais quando cheguei em casa, jantei rapidamente, banhei e fui em direção
ao aeroporto.
A viagem foi bem tranquila e assim que cheguei já fui pro quarto do hotel
descansar um pouco, os dias a seguir estão sendo cheios de tarefas. Meu CTO
e melhor amigo, Kobe veio junto e hoje nós vamos curtir um pouco da noite
americana. Fui convidado para ir a uma festa branca num clube de Miami
Beach, me surpreendi com a qualidade de tudo, até mesmo o comportamento
de todo mundo é diferente do que nos clubes onde eu já estava acostumado a
ir em paris. Drink vai e drink vem, percebi uma figura distinta sentada numa
mesa com um copo de uísque na mão, Talvez fosse a mulher mais linda e mais
elegante daquele clube, os cabelos pretos e longos, o vestido brando longo
com uma fenda até mais da metade da coxa, deixando à mostra pernas bem
torneadas e naturais, uma cor linda, nem muito pálida e nem muito morena.
Talvez ela fosse a mulher mais linda que eu já vi na vida. Ao observar todo o
local, ela balançava os olhos por todo o clube, até que ela parou em mim, por
um longo minuto ela me encarou e eu senti minhas mãos suarem. As mãos
suaram mais ainda e o coração disparou quando ela simplesmente desviou o
olhar, terminou sua bebida e olhou as horas no celular. Me apressei em chegar
perto dela antes que ela levantasse, o que ela não fez.
― Boa noite! – Estendi minha mão pra ela que olhou e me encarou antes de
aceitar.
― Boa noite! – Respondeu sorrindo. Que sorriso era esse?
― Posso me sentar? – Apontei para a cadeira ao lado dela que assentiu.
― Como você se chama? – Me encarou como quem pergunta: quem é você? –
Perdão, não me apresentei, me chamo Jackson, e a senhora?
― Florence! De Paris para Miami é um pouco longe, não?
― Bastante, como sabe que sou de Paris?
― O sotaque. – Ela começou a falar francês. Iniciamos uma converso toda em
francês.
― Se não for muito abuso meu, posso pedir um drink e acompanha-la?
― Fique à vontade!
Vi ela pegar uma cigarrilha na carteira e colocar um cigarro ali, acendeu e
puxou a fumaça, em todo o processo de soltar a fumaça dos pulmões ela me
observava, como uma leoa observa uma presa e estuda seus movimentos. Eu
estava ficando nervoso e minha bebida não chegava, cutuquei um dos bolsos e
achei o que eu queria, sem tirar dali, vi o garçom de longe e assim que ele
deixou o uísque na mesa, pedi licença e fui ao banheiro, tirei o pino do bolso do
paletó e despejei pouco mais da metade no copo, o resto que ficou eu meti no
nariz, me ajeitei e sai dali.
Chegando na mesa apoiei o copo e ela acompanhou minha mão. Depois olhou
pra mim.
― Vou indo, Senhor Jackson. Até mais ver.
Eu estava travado e não consegui falar nada. Sabe quando eu vou ver essa
mulher de novo? Nunca. Essa merda tá acabando comigo, joguei o uísque fora,
paguei minha conta e sai dali. Lá fora eu mandei uma mensagem para Kobe
que logo em seguida apareceu e seguimos para o hotel. A quantidade que usei
não me manteria acordado por muito tempo, o que é ótimo, amanhã tenho uma
reunião às onze horas com o pessoal da Russel Company.
Olhei no relógio e já passavam das três da manhã, eu apaguei assim que sai
do banho, nem roupa coloquei. Acordei algumas horas depois, molhado de
suor, esqueci de ligar o ar do quarto e pra completar, estava sonhando com
aquela mulher. O tipo de sonho tosco que adolescente apaixonado pela
professora costuma ter. O pior de tudo isso é a piroca que está estralando e
pingando de tanto tesão. Fui pro banheiro e me enfiei no chuveiro gelado, não
ajudou porque estava sensível demais e o jato forte batia ali e fazia meu tesão
aumentar. Comecei a alisar a cabeça e fui descendo em ritmo normal, um
pouco mais de pressão e ritmo na mão e lá estava eu gozando no chuveiro por
uma mulher que não me deu bola. Um adolescente mesmo...
Sai do banho e a coisa não baixava, eu nunca fiquei assim, nem com o efeito
da droga. Coloquei um pornô no celular, deitei na cama e continuei ali, o braço
doendo já e eu gozei de novo. Minha madrugada foi péssima com um tesão
acumulado que não era normal.
Capitulo 3

Miami Beach me surpreende de várias formas. Quando o repouso terminou, me


deu uma vontade de sair um pouco, aproveitei para ir a um clube no qual já
estou acostumada, a festa seria tema branco e escolhi um vestido simples
porem bonito. Depois de cinco copos de uísque e um cigarro de menta, me
aparece um homem simplesmente maravilhoso.
Eu nunca tinha o visto por ali e também nunca tinha visto uma beleza igual a
dele. Totalmente fora dos padrões de homens que eu me envolvo, sempre
brancos e mauricinhos. É o que temos em Miami, mas como eu disse, esse
lugar me surpreende.
Este homem em questão é negro, cabelo em corte militar, olhos escuros e
intensos, educado, mas não muito. Aparentemente rico, pelo Rolex cravejado
em seu pulso esquerdo. Sem aliança, um corpo enorme e muita altura, eu
molhei na hora em que o vi naquele lugar. A voz dele, grossa, serena, sexy. Me
molhei mais um pouco. Pouco depois do assunto desenvolver, o uísque dele
chega e ele pede licença para ir ao banheiro. Quando volta, reparo um homem
totalmente mudado e um uísque “fermentando”, ele cheirou no banheiro e
colocou também no uísque, não vou dar assunto para homem drogado.
Levantei, fui até o balcão, entreguei o dinheiro e saí decepcionada, pretendia
levar ele pra um motel e fazer loucuras... cheguei em casa e Mike estava na
cabine de Segurança da entrada. Não entendi o porquê, mas segui até a porta
de casa.
Não tem ninguém aqui, é a folga de Isac. Fui até a adega e pequei um
champanhe, uma taça, alguns morangos e segui até o quarto, arrumei tudo na
beirada da banheira e me despi, acendi um cigarro mentolado e entrei na água
quente e perfumada, liguei uma música e fechei os olhos. Viajei até sentir uma
presença ao meu lado. O perfume de Mike invadiu meu nariz.
― Quer me matar de susto? – Falei com os olhos ainda fechados.
― Não, hoje não. O clube não foi bom? – Sentou-se na beira da banheira.
― Foi até interessante! – Abri os olhos e encarei o homem ao meu lado. –
Conheci uma pessoa. – Soltei rápido.
― Sério? – Me olhou incrédulo, como se isso nunca tivesse acontecido.
Serviu uma taça de champanhe e adicionou dois morangos dentro, me
entregando após tomar um gole.
― Sério, Mike. Mas não deu em nada o cara se trancou no banheiro pra se
drogar antes mesmo de saber se eu era casada ou não. – Falei lembrando da
cena.
Ele começou a gargalhar e eu joguei água nele com o pé.
― Olha, não estou brincando. – Falou prendendo o riso.
― Nem eu, pare de rir as minhas custas. – Vociferei.
― Impossível, o cara precisou de um incentivo pra FALAR com você. – Mais
risos e eu jogo mais água nele.
― Florence, minha arma, vai molhar. – Falou tirando a arma do coldre e
secando com uma toalha.
― Tire-a, tire logo essa roupa e entre aqui comigo. – Falei convicta.
Ele me olhou com olhar de predador e arrancou as roupas do corpo, entrou na
banheira do lado oposto ao meu.
― Vai me usar para suprir a vontade que o drogado te deixou? – Provocou.
― Talvez eu use. – Passei o pé em seu abdômen até chegar em seu queixo.
― Talvez eu deixe você usar. – Passou as mãos nas minhas pernas.
― Você sempre deixa. – Coloco o pé no queixo novamente e ele alcança meu
dedo maior com a boca, mordendo-o e lambendo. Isso só serviu para acender
meu fogo que já estava em estado catastrófico, mais de duas semanas sem
sexo, estava louca já.
Avancei até ele e montei em seu colo, senti sua ereção roçar no meu íntimo,
poderia me encaixar ali mesmo, mas quero brincar, desci uma das mão e
segurei, fiz alguns movimentos e ele abocanhou meu seio esquerdo,
mordiscando o mamilo, lambendo e chupando, alternou para o outro e eu
continuei no meu ritmo lento e preciso. Senti um dos braços dele envolver meu
corpo e o outro mergulhar na água, levando a mão em direção a meu sexo que
a essa altura já pulsava e babava. Os dedos dele entraram fáceis, só
confirmando minha desconfiança de que estava encharcada, ele acompanhou
meu ritmo e eu o dele, senti as contrações do início do orgasmo e acelerei
minha mão, ele também acelerou a dele, a boca que estava em meu seio,
procurou minha boca, mas como sempre, eu virei o rosto e não deixei que me
beijasse, beijo na hora do sexo faz você se apaixonar e a paixão é sinal de
fraqueza. Um pouco mais de movimentos de ambos e gozamos juntos, com
gemidos desorganizados e descompassados.
Fui levemente levantada e ele ficou por cima de mim, me penetrando de vagar,
depois de algumas bombadas, gozamos novamente e saímos dali, tomamos
um banho normal e segui em direção a cama, me deitando nua mesmo, ele
logo veio e deitou-se atrás de mim me abraçando.
― Porque você não me deixa te beijar? – Senti um pouco de frustração em seu
tom de voz.
― Não é só você. – Expliquei – É com qualquer um. Já te disse que
sentimentos de compaixão, amor, paixão e esses tipos, te fazem fraquejar em
algum momento, você acaba fazendo coisas erradas e perde liderança e
respeito.
― Florence, ninguém mais pensa assim...
― Por isso não temos muitos empresários de sucesso, vemos cada vez mais o
mercado sendo mutilado por líderes incompetentes. Veja bem a situação de
Dubai. Com apenas um homem, aquilo virou um país. Naquela cultura não
existe sentimentalismo, apenas cargos e costumes, o cara tem várias esposas
para que possam lhe dar herdeiros e apenas isto. Ninguém passa por cima
dele. Se você quer crescer, se quer ser um líder, precisa saber deixar os
sentimentos de lado, porque na hora de foderem com teu reinado, eles não têm
nenhum sentimento.
― Tudo bem. Vamos fingir que esta conversa não existiu.
Não falei nada, apenas segurei sua mão em minha barriga e fechei os olhos. O
dia amanhã vai ser longo e eu preciso descansar...

Levantei de manhã e Mike ainda dormia, fiquei olhando aquela cena por um
bom tempo. Seria bom ter marido e filhos, mas eu colocaria a vida de todos em
risco e para isso não acontecer, seriam privados da vida normal. Melhor deixar
como está. Apesar de ainda precisar de um herdeiro...
Fui para o banheiro e fiz toda minha higiene matinal. Peguei um vestido Louis
Vuitton Modelo lápis branco e um salto preto. Fiz uma maquiagem leve com um
batom vermelho que é minha marca. Eu sem um batom vermelho, não sou
nada. Um perfume e estava pronta, acordei Mike e desci para o café que já
estava na mesa, dei bom dia a Isac e me sentei, olhando para o noticiário na
Tv de frente a mesa. Mike se juntou a mim e terminamos o café dando um beijo
em Isac e seguindo para a Russel. Tenho uma reunião hoje bem cedo com o
conselho e depois mais algumas reuniões, seguindo um almoço com um CEO
de uma empresa de matéria prima. Dia cheio, agenda cheia, cabeça cheia.
Ainda preciso de uma atualização sobre a situação de Frank...

― E Frank? – Pergunto à Mike já no trânsito.


― Estamos evoluindo, ele está disposto a fazer um tipo de delação premiada.
O que ele sabe em troca da vida e algumas outras coisas.
― Só a vida já basta. Está se comunicando com a família? – Ele assentiu e eu
continuei – Ele sabe que é valioso, mas faremos o seguinte: mande cuidar dele
e assim que estiver em condições de se locomover sozinho, solte-o, mas antes
disto, darei um presente a ele. Me avise antes de dar essa ordem a seus
homens, meu presente depende do estado crítico que ele se encontra agora.
― Sim senhora. E eu posso saber o que seria este presente?
― Querido, você não faz nem ideia? – Dou uma risada sarcástica – Você ainda
tem muito o que aprender mesmo.
Meia hora depois e eu já estava reunida com o conselho e discutindo as
melhores formas de nos reerguermos após uma grave crise que o país passou.
Meus objetivos são lógicos, precisos e funcionais. Se eles querem gastar
menos fazendo a empresa se tornar uma destruidora de meio ambiente, eles
que se demitam. Eu não posso permitir nada disso, temos estrutura e dinheiro
o suficiente para tratar todo nosso lixo químico tóxico. Eu não quero meu nome
e o da minha empresa em jornais espalhados pelo mundo acusadas de poluir o
meio ambiente. Essa galera do Green Piece, terraplanistas e aquecimento
global, são bem chatos. Sem contar que a própria OMS entra no problema,
porque afeta diretamente a saúde de milhares de pessoas. Seria um problema
e dívida enormes com a justiça e sabe-se lá mais quem, porque os sócios e
acionistas babacas não querem gastar alguns milhares de dólares em
sustentabilidade.
Capitulo 4

Minha última reunião acabou e agora mais uma pessoa vem me ver e logo
após uma breve conversa de apresentação nós iremos almoçar a conversar
melhor.
Fui desperta de meus pensamentos quando Anne, minha secretária, me liga
avisando que o Sr. Hawks chegou. O tal CEO.
― Sr. Hawks. É um imen... – Eu simplesmente travei quando me virei da janela
para a porta e me deparei com o drogado gostoso do clube, era com ele a
minha reunião? Quem é esse homem que está com ele?
― Sra. Russel? – Anne me acordou de meus pensamentos.
― Sim!? Ah, Sr. Hawks. Seja muito bem-vindo à Russel Company. É um prazer
imenso recebe-lo. – Estendi minha mão para ele que a beijou delicadamente.
― Muito obrigado. O prazer é todo meu! Este é meu melhor amigo e CTO,
Kobe Martin.
Apertei sua mão e os convidei para sentar. Ofereci algumas coisas e
começamos a conversar.
Kobe e Jackson são Franceses e estudaram ambientalismo no Afeganistão.
Quando voltaram para a França anos após se formarem, fundaram uma
empresa de matéria prima para vários tipos de produtos. Até mesmo frutas
você encontra por lá. São processadas para virarem polpa e serem vendidas a
fábricas de suco, por exemplo. A HM Industry trabalha com qualquer tipo de
matéria prima que você imaginar, pra minha empresa, isso é bom em vários
pontos. Porque eles têm ligações direta com algumas produções Afegãs...
Depois de muito conversar, chegamos ao ponto crucial.
― Tudo bem, Sr. Hawks. Como o senhor pode ser útil para mim e eu para o
senhor? – Me encostei na cadeira e cruzei os braços com um olhar cauteloso.
― Virgílio! – O código. Levantei as sobrancelhas tão rápido que ele nem deve
ter percebido.
― Porque não oi direto ao ponto? Vamos almoçar e continuaremos esta
conversa.
Seguimos para um restaurante que eu mesma já havia reservado, uma mesa
bem longe de tudo e todos.
― Pois bem, no que posso ser útil para você? – Nós já deixamos a formalidade
para trás.
― Eu pesquisei demais sobre você e tudo que já construiu, eu só não tinha um
rosto. Quando conversei com alguns fornecedores do Brasil, soube que a sua
empresa fazia parte do código. Depois de pesquisar bastante sobre você e sua
empresa, pude ver o qual discreta é. Não tem nenhum tipo de indicio de que
seja envolvida em algo assim.
― A intenção é essa. Não é?
― Sim, mas muita coisa acaba vazando e as especulações começam.
― Que tipo de coisa?
― Testes em água que apontam grande quantidade de lidocaína ou fermento.
Acampamentos próprios para derrubadas de árvores e essas coisas.
― Ok, deixa eu ver se entendi. Você é formado em ambientalismo e destrói a
natureza? – Estou chocada.
― Meu conselho de acionistas disse que gastaríamos menos se não
colocássemos o selo verde na empresa.
― Jack, acorda! Eu falei pra você que isso era furada, cara. – Kobe se
pronunciou depois de um longo tempo calado.
― Realmente, você colocou seu pescoço direto na guilhotina. Kobe, porque
concordou com isso? Você também tem voz dentro da empresa. – Questionei.
― Ele não me ouviu, e a parte maior é dele, por mais que eu tivesse
conseguido uns dois acionistas, ele com a parte maior da empresa, fez o que
fez. Agora está gastando uma grana preta em processos judiciais. E aquele
advogado da empresa não resolve nada.
― Tudo bem, eu errei, assumo! Só que estou disposto a corrigir o que der para
corrigir e continuar da forma certa. – Jackson se rendeu. – No que você pode
me ajudar quanto a isso?
― Certo, primeiro vamos por partes. Jackson, a quanto tempo você usa?
― Pelo menos dois anos e meio. Não sou viciado, só exagero um pouco as
vezes.
― Ok, primeiro precisamos dar um jeito nisso. Nem tudo o que você vende,
você usa.
― É impossível não usar...
― É possível sim. Estou a dez anos nesse cargo e nunca coloquei nem mesmo
um simples baseado na boca. Ter domínio do próprio corpo é ter domínio da
vida e de tudo que te rodeia. Vou te dar alguns comprimidos que irão te limpar
em pouquíssimo tempo. Primeiro você se acerta e depois vamos acertar a
empresa. Eu vou te ajudar porque você tem determinação, eu gosto disso.
― Ótimo, qual o plano? – Kobe estava ansioso e não parava de sorrir.
― Depois que esse cara estiver com a medicação em mãos, vocês vão
precisar mudar a política da empresa e entrar com recursos para limpeza de
tudo que vocês vêm destruindo. Saneamento básico, reflorestamento e tudo
isso. Vamos transformar em uma empresa verde. Depois vou mandar um dos
meus advogados da França até a sua empresa, empresta-lo por algum tempo.
E ele reorganizará tudo e cuidará de toda a coisa judicial, vocês irão entrar com
um acordo de sustentabilidade e tudo se resolverá. Após isso, começaremos a
trabalhar juntos, do meu fornecedor da Colômbia, vai para suas mãos e me
entregará a pasta já no ponto certo, eu só concluo o serviço por aqui e faço a
distribuição.
― Por mim, tudo bem. – Kobe se pronunciou.
― Por mim também está tudo bem.
― Garanto que vocês não irão se arrepender.
Nossa refeição chegou e depois de pagar a conta voltamos direto para a
Russel. Lá apresentei Mike a eles e fizemos um tour pela fábrica e laboratórios,
peguei alguns comprimidos especiais e depois de embalado, entreguei à
Jackson.
― Pra você! Tome todos os dias na hora que acordar e na hora de dormir.
Beba muita água, muito mesmo. Você vai urinar uma espuma, não se
preocupe. Em três semanas, já vai estar limpo e sem abstinência. Continue
tomando e reduza a dose para um comprimido por dia, após um mês tome dia
sim, dia não. Mais um mês e tome um a cada dois dias. Assim vai. Até você
tomar apenas um no mês e acaba aí o ciclo, não o interrompa. Não precisa
parar de beber e nem nada do tipo.
― Porque está fazendo isso por mim? – Nós estamos sozinhos do lado de fora
do laboratório e ele está perto demais. O perfume dele é inebriante, e os olhos
intensos. – Poderia apenas mandar eu me internar numa clínica.
― Clínicas são falsas. Eles te medicam com calmantes e anti depressivos.
Você não é um viciado total e não tem depressão, pelo menos acho que não.
― Não, não tenho. Obrigada. Manteremos contato e antes de irmos embora,
quero sair com você para algo mais casual. Para compensar a minha vacilada
no clube ontem.
― Acho que posso aceitar este convite. – Dou um sorriso breve e ele sorri de
volta.
― E Mike? É o seu namorado, noivo?
― Um amigo e também chefe de segurança.
― Hmm, certo. Eu vou indo. Foi uma tarde produtiva e eu vou te ligar para
marcarmos um jantar antes de eu ir embora.
― Tudo bem, eu vou esperar. Pense com carinho em tudo o que eu disse e
perdoe-me se em algum momento eu te ofendi.
― Me ofender? Se você fez isso, foi de forma tão doce e educada que eu nem
percebi e provavelmente sorri.
Que voz e esse que esse homem tem? Estou com as pernas bambas. Nos
despedimos com um aperto de mãos e ele nada satisfeito, me puxou para um
abraço e me deu um beijo no topo da testa. É possível ser romantizada a tal
ponto? Eu estou em choque. Choque. Foi como eu fiquei quando vi essa figura
masculina e erótica entrando em meu escritório totalmente clean, o terno preto
muito bem alinhado fazendo contraste com o ambiente, a pele negra se
misturando em todo aquele branco, o sorriso. Perfeito e brilhante. O jeito como
a boca dele se movia ao falar. Eu estremeci só em vê-lo falar.
Capitulo 5

Minhas mãos agarram o volante com certa força, apesar de manter a


expressão tranquila.
Kobe está ao meu lado, distraído com algo em seu celular.
― O que achou? – Perguntei fazendo-o me olhar.
― Simplesmente incrível. São ótimos planos para a empresa e também para
nosso tipo de mercado.
― Estou falando em relação a Florence.
― Ah sim! Bem, ela é uma mulher e tanto, poucas mulheres são tão
profissionais como ela. Além de ser bem objetiva, como ela descobriu que você
usava? Cara, ela é muito observadora, como uma leoa, sabe, olhando tudo e
estudando cada movimento, esperando o momento certo para dar o bote. Fala
nas horas certas e se porta muito bem em encontros sociais. Ela gostou de
você, pelo o que pareceu.
― Ela sabia sobre a droga porque era ela a mulher de ontem no clube.
― Como assim? – Kobe me olhou perplexo.
― É. Eu me punhetei pensando na minha possível nova socia.
― Caralho, que insano! – Riu – Ela gostou de você, cara! Ela mesma disse
isso.
― Eu não devo fazer o tipo dela, Kobe. Esse tipo de mulher gosta de homens
brancos com pau rosa e pulseiras de couro.
― Irmão, tu não pode tá falando sério. – Me olhou incrédulo – Não percebeu o
jeito que ela te olhou? Ela te observou a cada segundo desde que entramos
naquela sala. Ela te comeu com os olhos e você nem percebeu. Aquela mulher
tem personalidade e poder, o tipo dela é o que ela falar que quer.
― Tem aquele Mike... Ele parece gostar dela e eles provavelmente já tiveram
um affair ou têm.
― Jack, relaxa cara. Deixa acontecer naturalmente. Se for pra rolar alguma
coisa entre vocês dois, vai rolar.
― Sei lá, é muito estranho, eu a conheci a dois dias e já estou aqui maluco
sem conseguir tira-la da cabeça.
― É negão, já te falei que tem que parar de romantizar tudo. Talvez tudo que
você consiga seja uma simples foda, se romantizar isso, vai sentir demais e
acabar se apaixonando. – Kobe tem toda razão. Mas eu não sou troglodita que
trata uma mulher com desrespeito. Kobe quando está com alguma das
mulheres dele, as chama por nomes horríveis como: Vadiazinha, Putinha do
papai, Boquinha de veludo, etc..
São nomes como este que me fazem lembrar de como meu pai era com a
minha mãe e de como ela sofria com ele. Tudo porque se envolveu com um
gangster cretino e se apaixonou, engravidou cedo demais e não concluiu os
estudos. Trabalhava meio período numa lanchonete e ainda tinha que ouvir
gracinha de meu pai quando chegava em casa. Passei um longo período da
minha vida em colégios públicos internos, era melhor para me manter afastado
de meu pai, já que minha mãe trabalhava e ainda fazia alguns bicos pra fora.
Depois de me formar na primeira faculdade aos 21 anos, arrumei um bom
emprego e consegui juntar dinheiro o suficiente para mudar de cidade com
minha mãe, pagava o aluguel e ela me ajudava com o restante das despesas.
Alguns anos mais tarde, eu consegui ir para uma outra faculdade no
Afeganistão e novamente eu levei minha mãe. Nós vivíamos bem por lá e ela já
não se preocupava tanto com o aluguel da casa porque tínhamos eu e Kobe
para pagar, ela tinha outras despesas com a casa, como encher a dispensa
para a fome de dois negões.
Um ano antes de concluir a faculdade de ambientalismo, eu e Kobe arrumamos
um emprego clandestino em uma das plantações de ópio do país. Aprendemos
muito sobre o cultivo e tudo mais, o dinheiro era bom e logo conseguimos voltar
para a França. Ao chegar lá, recebemos a notícia de que meu pai havia
falecido de overdose cinco meses antes. Mamãe chorou muito e quis ir ao
túmulo dele. Eu não consegui sentir nada, nem remorso e muito menos
tristeza, ele não foi um pai pra mim e por mais que todos tenham me
repreendido por isso, eu fiquei muito aliviado. Por que mesmo ele na idade que
estava, conseguia perturbar a vida da minha mãe e eu não suportava isso.
Levávamos uma vida ótima agora, comprei uma casa para ela no mesmo bairro
que o meu em Paris e temos um contato muito grande.

Após chegarmos no hotel, tomei uma ducha rápida e me deitei, não havia mais
que fazer. Por um longo tempo eu pensei em Florence, em como ela deve ser
como mulher normal, no dia a dia sabe. Pensei tanto que peguei no sono.
Acordei horas depois. Me sentei na cama e olhei pra janela, já era noite.
Peguei no celular e marcava sete horas. “Chama perdida – discador
desconhecido” não vai ter como retornar, vou esperar até ligarem novamente.
Por um breve momento, passou pela minha cabeça que poderia ser Florence,
mas eu não dei meu número para ela, então não. Afastei qualquer tipo de
pensamento e fui pro banheiro tomar uma ducha. Assim que saí do box, peguei
no celular e tinha duas mensagens no WhatsApp.
Florence Russel

Estarei fazendo uma pequena reunião de amigos na minha casa


hoje. Espero que compareça! Tentei ligar, mas você não atendeu...

Kobe

Mulherzinha. Florence acabou de me mandar uma mensagem


convidando a gente pra uma festa na casa dela. Disse que
começaria as 21:00. Nós vamos, certo?

Respondi Florence avisando que estava dormindo e por isso não consegui
atender, mas que iria sim. O mesmo eu fiz com Kobe.
Eu só quero conhece-la melhore e se ela me der algum indicio de que está
mesmo interessada em algo a mais, aí sim eu vou investir. Kobe tem razão
quando diz que eu romantizo demais as coisas...

Capitulo 6

Assim que Jackson e Kobe foram embora eu liguei para Isac mandando ele
organizar tudo porque faria uma pequena reunião em casa, com 15 pessoas no
máximo, bastante aperitivos, vinho, champanhe, vodca e tudo que ele já sabe
que eu gosto nas minhas reuniões. Marquei para nove da noite e mandei
mensagem para algumas pessoas, fiz questão de ligar para Jackson, eu estava
louca para ouvir a voz dele de novo, mas infelizmente ele não atendeu, então
mandei uma mensagem mesmo. Me despedi de todos na empresa e fui pro
salão, precisava fazer as unhas e um spa nos pés.
Cheguei em casa por volta das quatro da tarde e fui direto colocar uma roupa
mais levinha. Gente, eu posso ter o dinheiro que for, mas nada vai tirar de mim
o prazer que é andar com roupinha de dormir dentro de casa. Aquele shortinho
folgadinho sem calcinha, blusinha sem sutiã, aí, incrível. Prendi o cabelo num
rabo de cavalo e fui para a cozinha, coloquei a mão na massa e preparei uma
torta de bacalhau incrível que aprendi com minha mãe. Falando nela... tem
tempo que não nos falamos, ela ficou de vir aqui, mas eu “proibi” porque ainda
estava muito machucada. Inventei uma porção de coisas para impedi-la. Mas
se eu conheço bem minha mãe, ela sabe que aconteceu alguma coisa e
provavelmente já falou com meu pai e eles estão tentando descobrir algo.
Estou morrendo de saudades deles, tem tempos que não visito o Brasil.
Terminei de montar a torta por volta de cinco e meia e ajudei Isac a montar a
mesa de aperitivos. Posso ter mil empregados, mas as vezes eu gosto de fazer
as coisas eu mesma, as vezes eu me meto na faxina junto com eles. Eu não
sou uma patroa daquelas chatas, eu me considero uma líder, sempre visando o
melhor para seu grupo e sempre tratando todo mundo com muito respeito e
educação.
Às seis e meia já estava tudo pronto e eu finalmente subi para me arrumar,
escolhi uma roupinha bem simples e leve e um sapato levinho também.
Demorei bastante no banho, fiz tudo que tinha pra fazer e por fim sai, enquanto
me arrumava, fiz alguns stores e meus amigos mais íntimos que já estariam se
arrumando para vir também, comentavam e riam das minhas palhaçadas. Por
mais séria que eu possa parecer ser, quando estou com meus amigos, viro
uma adolescente. A hora voou e eu já estava prestes a me atrasar quando
terminei de passar o batom e lembrei que não havia escovado os dentes, um
verdadeiro saco, vai eu remover o batom.
Estava numa boa escovando meus lindo dentes na frente do espelho, quando
alguém entra no quarto e tomo um susto. É Angel, minha melhor amiga desde
sempre.
― Amiga! – Fizemos um escândalo as duas.
― Sua vaca, você me abandonou, nem minhas mensagens tem respondido
mais. – Briguei.
― Ai amiga, eu cheguei da Itália tem poucos dias. Sofri um pequeno acidente
com meu celular no aeroporto e só comprei outro ontem, quando você me
mandou a mensagem avisando que teria a festa aqui, eu ainda estava fazendo
as configurações, atualizando software, essas coisas. Cê sabe.
― Sim, eu sei, mas nada justifica não ter me respondido.
― Sim, me crucifique.
Nos abraçamos mais um pouco e então ela me olhou estranho.
― Que?
― Porque está escovando os dentes depois da maquiagem pronta?
― Eu esqueci de escovar antes e passei batom sem escovar, ai tive que tirar
tudo. – Ela revirou os olhos.
― Entra ano e sai ano e Florence não muda né?
― Nunca.
Passei meu batom e um perfume, Angel ainda me olhava e eu nem perguntei,
porque sabia que ela não iria se aguentar e falaria.
― Amiga, você por acaso está namorando?
― Que? Não, você sabe que eu não sou de namorar. Poque essa pergunta do
nada?
― É que tem dois caras lá em baixo e quando cheguei, ou um deles falando
pro outro assim: Calma cara, ela tá se arrumando pra você. Eu pensei que
estivesse namorando.
― Bem, como são esses caras?
― Negros, grandes, bonitos, o mais magro é um gatinho.
― São Jackson e Kobe, meus novos sócios, é a primeira festa que eles vêm. O
mais magro é o Kobe.
― E o Jackson? – Perguntou de um jeito estranho.
― O que tem ele?
― Você e ele já tiveram algum tipo de affair?
― Que? Não. Angel, eu não fico com qualquer homem que aparece na minha
empresa.
― Mas deveria ficar com ele, vocês fariam um casal bem bonito.
― Já pensei sobre isso. Ele mexeu um pouquinho comigo. – Ela comemorou
toda boba.
― AAAAH viu. Eu sabia! Amiga, vai na fé. Super apoio. Mas e o Mike?
― O que tem ele?
― Vocês não transavam ou algo assim?
― Sim, mas é só quando um fica carente demais.
― Amiga, se você ficar com Jackson, precisa se afastar de Mike. – Me olhou
como se eu não soubesse que isso era obvio.
― Angel, eu sei né!
― Ah, então você cogita a possibilidade de ficar com ele...
― Não foi isso que eu disse.
― Cala essa boca e vamos desce para seduzir estes homens. – Disse me
puxando para fora do quarto. – Ah e outra coisinha, se você ficar com ele, pode
deixar o Mike pra mim? Sou doida por esse homem desde quando eu o
conheci.
― Angel... – Pensei em repreende-la por querer uma pessoa que atualmente é
“minha”, mas entre mim e ela nunca rolou essas coisas, a tal da talaricagem.
Com a gente nunca teve sentido porque sempre que a gente ficava com
alguém, deixávamos a outra ficar também para fazer um teste drive, como
nenhuma de nós temos jeito para relacionamento sério, nunca ligamos de
quem vai pegar quem. Já revezamos muito entre um homem e outro, até
ménage já fizemos. Se vocês acharam que iria conhecer uma Florence
santinha, estavam muito enganados. – Lógico que sim!
Dei um sorriso leve pra ela e chegamos ao fim da escada, dando de cara com
Kobe, Jackson, Mike, Isac e mais uma porção de amigos que convidei. Fiz as
devidas apresentações e peguei uma garrafa e uma taça de vinho. Me sentei
em uma das cadeiras largas da área de fora onde acontecia a reunião e
observei atenta a todos, estavam conversando e se entrosando, todos eles.
Mike e Jackson conversavam e riam vez ou outra, juro que pude até ver um
aperto de mão de ambos, estava faltando uma pessoa aqui e fui atrás.
Encontrei Isac na cozinha com os outros poucos funcionários que eu escalei
para ficar.
― O que fazem aqui? – Falei alto assustando alguns.
― Rainha! Mas que susto! – Isac é um gay engraçado com esses apelidos que
me dá.
― Estou esperando respostas...
― Senhora, somos apenas funcionários, não devemos ficar no meio de suas
festas e reuniões. – Foi a vez de Fernanda falar.
― Pois eu deixei bem claro para Isac que todos vocês iriam participar sim, com
roupas normais e sem serviços, essa festa também é pra vocês. Dou meia hora
para ver todos vocês lá fora, curtindo e interagindo com todos os outros.
Todos concordaram e seguiram seus rumos. Voltei para a festa com minha
garrafa de vinho e todos ainda conversavam. Mike com Angel em um canto e
ela sorrindo de algo que ele falou, eles fazem um lindo casal, Angel é modelo,
loira, alta, postura impecável, uma verdadeira dama e Mike é lindo, gostoso,
fode bem, têm sentimentos lindos, uma vez ousei me deixar levar por sua
conversinha e já me vi pensando nele por algum tempo. Tempo o suficiente
para cair na real e me lembrar de meu próprio lema: O amor é a virtude dos
fracos.
Sentei-me um pouco mais próxima das pessoas e logo senti um olhar me
queimando, era Jesse. Um homem gostoso pra caralho e um furacão na cama.
Assim que percebeu que eu também estava interessada no que estava por vir,
ele se aproximou com aquele sorriso, e que sorriso. Jesse é louro, usa a barba
por fazer entre os dois e três dias, tem um corpo forte e esbelto, é um deus
totalmente erótico e pecaminoso, já me aproveitei dele algumas vezes e
sempre que estamos juntos rola um replay.
― Florence, está maravilhosa hoje. – Disse beijando minha mão direita. Jesse
é perfeito em cada detalhe.
― Muito agradecida, mas olha quem fala né. Você está excelente, Jess.
― Obrigado, mas agora vamos deixar disso e partir para o que interessa? Você
sabe bem porque eu vim... – Ele sorri de um jeito tão sexy que me convence de
qualquer coisa. Jesse a algum tempo vem investindo em mim, me chamando
para jantares, festas em seu clube, eu simplesmente ignoro ou invento uma
desculpa qualquer. Sentimentos não.
Capitulo 7

Hoje Fazem exatos um mês que aconteceu a festa na casa de Florence e já de


volta a Paris, continuo lembrando da cena ela junto com aquele branquelo de
suéter. Sorrisos e risadas e logo depois um cochicho na orelha e mais sorrisos,
até que subiram e pro meu azar, quarto de Florence estava com as janelas
abertas e somente as cortinas fechadas, estava uma cena digna de filme, para
quem não estava com olhos grudados em Florence enquanto ela rodava pela
festa, porque pra mim, estava com vontade de vomitar já. Kobe disse que é
ciúmes porque estou gostando dela, não acho que seja verdade. A questão é
que ela chega hoje a Paris por conta do Fashion Week, mas inocentemente, a
convidei para se hospedar em minha casa e ela aceitou numa boa, disse que
sempre se estressa com hotéis.
Pedi para Yolanda deixar tudo pronto e arrumar o quarto de hospedes bem
pertinho do meu. Às três e meia da manhã o avião dela chega e eu prometi de
busca-la. São duas horas e eu estou voando para o aeroporto porque estou
ansioso demais para esperar ela me ligar avisando que chegou. Coloquei
apenas uma calça de moletom com uma camisa e passei meu perfume de
sempre. É o meu cheiro.
03:40 da manhã e Florence me aparece lindamente num look todo da Adidas,
calça de moletom e uma jaqueta, tênis, cabelos soltos, mala numa mão e
celular na outra, estava com fones nos ouvidos e estava linda. Algo chamou
sua atenção pelas costas e ela se virou, me dando me dando total visão da
bunda dela que estava bem marcada naquela calça, e que bunda... Florence
tem o corpo perfeito. Me desliguei de meus pensamentos quando o perfume
dela atingiu meu nariz e ela chegou perto de mim ficando sem jeito.
― Olá! – A voz dela muda quando está tímida.
― Olá! – Peguei em sua mão direita e beijei delicadamente. – Podemos ir?
Tem algo que queira fazer antes de irmos para casa? – Perguntei enquanto
pegava sua mala incrivelmente leve para uma mulher.
― Eu só preciso comer, meu voo atrasou e eu fiquei sem comer no aeroporto
porque acabei dormindo e acordei com uma barulheira danada quando os voos
foram liberados. – Diz com uma certa timidez. – Mas eu posso comer quando
chegarmos em casa, é só me mostrar onde fica a cozinha. – Ela meneia o
corpo me observando com cautela.
― Tudo bem! Podemos procurar um fast food drive thru. A essa hora Yolanda
já deitou. – Ofereci meu braço a ela que ficou um pouco receosa e tímida, mas
aceitou.
Segui em direção ao único Mcdonalds que fica aberto durante a madrugada e
estava lotado. A fila estava com quase um quilometro e depois de dez minutos
sem sair do lugar Florence insistiu para eu dar meia volta. Eu agradeci bastante
em pensamento e obedeci.
― Sua casa é linda! – Disse enquanto entravamos pela porta principal.
― Obrigado, a sua também é linda. Você não vai ver tantas decorações como
tem na sua, minha casa é mais neutra e eu não ligo para essas coisas. – Falei
enquanto entrávamos pelo hall grande e quase vazio.
― Deveria, obras de arte são um ótimo meio de ter dinheiro sem ter em
espécie, sem contar que quanto mais raro o objeto, mais valioso ele fica. – Ela
fala de forma calma e certa.
― É, meu contador diz isso, mas eu teria que entender pelo menos um pouco.
– Comento encarando as paredes vazias.
― Posso ajudar com isso. – Diz me encarando.
― Seria ótimo. – Profiro sem ter mais o que falar.
Um silencio se instalou e nem ela e muito menos eu sabia o que falar.
― O seu quarto. – Me lembrei – Pedi para Yolanda preparar hoje cedo, tem
tudo o que precisa lá e se faltar alguma coisa é só me avisar, estarei no ultimo
quarto do corredor. Vamos, eu te mostro.
Subi com a mala dela na mão e ela me seguiu em silencio. Entrei no quarto de
frente ao meu e dei passagem pra ela.
― É aqui. Não é um quarto de hotel, mas parece.
― Pra mim está ótimo, só de não precisar ficar em hotel me estressando com
qualquer coisinha, já é ótimo. – Disse sentando na cama e me sentei ao seu
lado.
― Tem toalhas no armário do banheiro, sabonetes, cremes e tudo mais. – Falei
apontando em direção ao banheiro.
― Ah, muito obrigada, por mais que eu não vá usar, porque sempre carrego os
meus, mesmo assim, foi muito atencioso. – Ela dá um sorriso de matar. –
Agora acho que vou tomar um banho. – Diz por fim e eu concordo.
― Tudo bem, fique à vontade. – Digo me levantando com o corpo pesado, não
quero sair de perto dela.
Sai do quarto e quando fechei a porta atrás de mim, senti meu corpo tenso e
excitado. É, também não entendo.
Depois de uns trinta minutos, estava no quarto quando ouvi passos no
corredor, esperei um pouco e sai do quarto. A casa estava silenciosa, exceto
por uma melodia que soava longe. Segui o som e cheguei na cozinha,
encontrei Florence na geladeira, estava de quatro com a bunda bem empinada
dentro de uma camisola de seda rosa bem clarinha, ela procurava algo na
parte mais baixa da geladeira e achou levantando rápido, eu me escondi um
pouco e por sorte ela não me viu. Continuei observando ela que dançava pela
cozinha ao som de Ella Mai – Trip. Distraída demais para me perceber, fingi
estar ainda chegando na cozinha e cantei acompanhando a letra da música e
ela parou rápido.
― Que foi? – Perguntei ao entrar na cozinha ao perceber ela me olhando
assustada.
― Você canta muito bem, parabéns. – Ela falou isso colocando uma mecha de
cabelo para trás de uma forma tão meiga que meu coração errou o ritmo dos
batimentos.
― Ah, não foi nada demais, você também dança super bem! – Ficou vermelha
no mesmo instante e automaticamente eu abri um sorriso.
― Você não viu! – Desviou o olhar e andou para perto de seu celular travando
a música.
― Lógico que eu vi! Se você não fosse uma empresária tão boa, poderia ser
dançarina. – Falo com um sorriso divertido e ela me encarou incrédula.
― Nem pensar, eu só s... – O celular dela tocou e quando olhou o nome na
tela, relaxou os ombros e a coluna que sempre estão em perfeita postura.
Como se estivesse cansada.
“Oi, Jesse! Cheguei sim, precisei de um banho e estou comendo agora. Não,
Mike está no Hotel com Angel. – Seu olhar mudou e ela ficou tensa. – Jess,
não prefere esperar mais um pouco? Não acho uma boa hora pra isso... Sim...
Eu sei... Jesse...”
Desligou o telefone sem dar tchau. Ela a estressou.
― Briga de casal... – Resmunguei pegando um copo de água.
― Jesse me estressa com facilidade... – Ela diz sem paciência. Ela não sente
nada por ele.
― Você e ele estão juntos a muito tempo? – Logico que não...
― Tem cerca de um mês, mas e você e Yolanda? Juntos a muito tempo? –
Sinto um tom de ciúmes? Sim...
― Yolanda e eu? – Perguntei já rindo, ela afirmou com a cabeça sem entender
o motivo do meu riso. – Pelo menos uns 5 anos... – Vi uma certa decepção
correr pelos seus olhos e logo eles se tornaram frios e escuros novamente,
ajeitou a postura e deu um sorriso.
― Ah, que bom então! Bastante tempo mesmo. – Vejo o brilho dela diminuir e
sua expressão ficar mais dura.
― Sabe como é né? Governanta boa igual a ela, é difícil de achar em qualquer
lugar. – Pude ver um pequeno feixe de luz iluminar seus olhos e ela corou.
― Governanta? Ela não é sua esposa? – Perguntou esperançosa.
― Não, minha empregada, governanta... Porque pensou que era minha
esposa? – Provoco-a.
― É que você fala tão bem dela que parece que é sua esposa. Tudo que você
fala coloca ela em alguma brecha. – Diz sincera.
― Doidinha. – Falo rindo. – Termine este sanduíche e vá dormir, já é bem
tarde. – Chego perto dela e deposito um beijo em sua testa, ela fica parada e
estremece ao meu toque. Deixo-a terminando seu lanche e saio da cozinha.
Fui para meu quarto cantarolando a música anterior e assim que me deitei
olhando pro teto, tive um vislumbre imaginário de Florence com aquela bunda
dela empinada na porta da geladeira, fiquei imaginando como seria chegar por
trás dela e passar a mão naquele rabão, sentir que estava sem calcinha, puxa-
la contra meu corpo e deixa-la de frente pra mim, e então beijar aquela boca
carnuda e gostosa.
Florence tem o dom de me deixar pirado o tempo todo. Eu a quero, isso é fato,
mas tem esse Jesse.
Eu faria de tudo para descobrir o que eles conversaram no telefone que deixou
ela estressada daquele jeito. E fica linda até estressada.
Ainda com Florence na cabeça, fui para o banheiro e deixei a água fria
percorrer meu corpo, me aliviei um pouco e gozei imaginando aquela bunda
grande e redonda. Poderia por fim, dormir em paz agora.
Me deitei e fechei os olhos tentando me concentrar. Mas só tinha Florence em
minha mente.
A noite inteira foi um fiasco tentando dormir e o cérebro só sabia de Florence,
parece que esqueceu tudo que sei sobre outras coisas e deixou aberta uma
pastinha apenas com um looping infinito de momentos dela. Era ela sorrindo, a
bunda dela, o rosto sério nas reuniões que tivemos, a imponência que ela
passa dentro da própria empresa, o respeito que ela recebe e cada reverencia
que pessoas fazem a ela. A beleza inteira de Florence estava passando nesse
looping preparado pelo sacana do meu cérebro. Era injustiça demais comigo...
com muito custo, após o pau acordar e amolecer na marra umas três vezes, eu
não aguentei e me entreguei ao sono, acordando somente agora.
Capitulo 8

Não demorei muito para pegar no sono, estava cansada por conta do voo e
cansada mentalmente com tudo que vem acontecendo na Russ. Eu vim para
Paris para conhecer a empresa de Jackson e Kobe e com o embalo, Angel já
foi me alertando sobre o Fashion Week que acontecerá nesta semana em que
estarei aqui. Eu nunca faço programas com ela, a gente nunca sai para um
shopping da vida ou vai a alguma rua movimentada fazer compras aleatórias,
essas coisas que amigas fazem. Nós somos sim melhores amigas, mas somos
mulheres com responsabilidades e compromissos inadiáveis. A melhor parte
disso tudo é que estarei na casa de Jackson, posso conhecer sua rotina e sua
vida mais de perto, quando tenho um sócio novo, gosto de saber tudo sobre ele
bem de pertinho.
Levantei-me bem cedo e tomei logo um banho perfumado, Trabalhei um pouco
pelo computador e peguei minha pequena malinha onde carrego ele junto com
carregador e outras coisas, desci junto com minha bolsa pessoal, vestida num
macacão social e fresco na cor azul clara, aqui faz um calor absurdo durante o
verão, estou usando um salto plataforma com tiras azuis na cor do vestido e
fico bem confortável com eles.
Me sentei à mesa e Jackson ainda não havia acordado, tomei café da manhã
sozinha graças a impontualidade de meu novo sócio. Assim não vai dar... Fiz
amizade com Yolanda e pedi para que ela tomasse café na mesa comigo, ela
recusou e disse que já havia tomado seu café, mas mesmo assim continuou ali
conversando comigo e dizendo num inglês arrastado o quão ela gostaria de
conhecer os Estados Unidos, nunca havia ido e eu disse que levo meu
mordomo comigo para tudo quanto é lugar. Ele já viajou o mundo inteiro
comigo e ela ficou com uma pontinha de inveja de Isac. Assim que terminei
minha refeição mais importante do dia, pedi para Yolanda chamar um taxi e ela
disse que por ordens de Jackson, eu teria um motorista que me levaria para
onde eu desejasse.
Assim fizemos e eu fui para a HM antes mesmo do dono chegar lá. No meio do
caminho liguei para Kobe que disse já estar chegando por lá e que Jackson
nunca se atrasava assim.
Depois de alguns minutos longos, chegamos na empresa e o motorista disse
que ficaria caso eu precisasse e por mim, tudo bem... Kobe me mostrou toda a
empresa e percebi algum tipo de clima estranho assim que entramos na
recepção e duas das funcionárias pararam na mesma hora de conversar e
olharam para Kobe com um olhar receoso e confuso.
― Com qual das duas você já dormiu? – Perguntei assim que passamos por
elas e fiz questão de tirar os óculos de sol e o encarar bem.
― Com as duas. – Respondeu sorrindo de um jeito sacana. – Elas só estão
com ciúmes, você é a mulher mais bonita aqui dentro, nem mesmo Emily é tão
linda como você. – Disse como se eu conhecesse essa tal.
― Emily? Namorada sua ou de Jackson? – Fiquei curiosa, se for namorada de
Jackson, já posso tirar meu cavalinho da chuva...
― De nenhum de nós dois. Ela é a gerente de Produção na fábrica. Ela é ruiva,
simplesmente linda, mas você consegue ser bem mais linda e natural... Quer
dizer, seus seios ficaram bem naturais...
― Meus seios? – Olhei pra ele indignada e peguei suas mãos colocando sobre
os mesmos e apertando. – São naturais pra sua informação. – Tirei a mão dele
que permaneceu me olhando estatelado e de boca aberta. Olhei ao redor e vi
alguns funcionários olhando pra gente da mesma forma que Kobe estava. –
Circulando! – Falei alto e séria e rapidamente todo mundo voltou a seus
afazeres.
Kobe continuou andando comigo e me levou até o andar onde ficava a sala
dele e de Jackson, bem separada de tudo e todos, lá encontrei duas mulheres,
sendo que uma estava de cabeça baixa anotando alguma coisa em uma
agenda e a outra rapidamente se levantou abrindo a porta para Kobe.
Provavelmente a outra é a assistente de Jackson. Entrei na sala de Kobe e já vi
algumas coisas interessantes como livros e pastas, olhei tudo, depois me
sentei e conversamos um pouco sobre a empresa.
― Tem realmente um grande potencial e está crescendo mais a cada ano, pelo
o que vi nos relatórios do contador – Disse olhando para alguns gráficos em
meu computador, Kobe me passou tudo por e-mail e já estou trabalhando
nisso.
― Sim, nos últimos anos nós conseguimos crescer bastante e pagar algumas
dividas que ainda restaram e assim fizemos mais negócios por todo o mundo.
Temos um possível cliente no Brasil e pretendo visitar ele em breve.
― Também tenho alguns clientes na América do Sul, Brasil é quase minha
segunda casa, estou sempre indo pra lá. Família e tudo mais. – Falei enquanto
observava mais algumas coisas no computador.
― Você é Brasileira? – Pergunta surpreso.
― Sim, de sangue sim. Mamãe e papai são cariocas, moramos no Brasil a vida
inteira, decidimos ir para os estados unidos porque papai estava com uma nova
frota de caminhões por lá e isso dava muito dinheiro na época, só que a
economia do pais foi ficando um fiasco e papai recorreu a outros meios, foi
nessa que ofereceram a ele um “emprego”, alugariam os caminhões e os
encheriam de drogas para serem transportadas pelo pais, a princípio, ele ficou
receoso, mas logo ele pegou o jeito e viu o tanto de dinheiro que esse lance
dava e foi ai que a gente começou a trabalhar nisso, ele começou a fazer
negócios no Brasil traficando armas, drogas e tudo o que podia, nossa fortuna
toda vinha disso, até que um dia, enchemos uma casa de duzentos metros
quadrados com dinheiro e tivemos que enterrar este dinheiro logo depois
porque a DEA estava encima das drogas de boa qualidade que entravam no
país, a frota de caminhões do meu pai não dava tanto dinheiro para justificar
nossos bens e eu já estava fazendo vinte anos, foi quando aconselhei que meu
pai parasse um pouco e me deixasse resolver algumas coisas.
Tivemos que ficar um tempo no escuro e ele apenas trabalhando normalmente
com os caminhões, nossos clientes estavam avisados e foram encaminhados a
outros vendedores de nossa confiança e nossa vida se normalizou um pouco.
Nos dois anos que estávamos parados, foi o tempo em que eu me formei em
farmácia e tive a brilhante ideia de abrir uma fábrica de fármacos, a luta foi
grande no início, mas tínhamos dinheiro pra isso, mesmo assim não deixamos
de pegar empréstimos, para não dar na telha, e logo assim que a empresa
estava funcionando normalmente, eu comecei a junto com meu pai a montar a
cocaína, fornecia os produtos para nosso vendedor e a qualidade triplicou, com
isso fomos fazendo mais dinheiro e lavando também.
Logo depois eu me formei em química, o que ajudou, porque pude estudar
melhor a fórmula e a qualidade, depois disso eu precisava somente da pasta
base e colocando todo o processo de preparo dentro da empresa. Logo que foi
pra rua já fez sucesso, eu mesma vendia em rodas de amigos e o pessoal
espalhou pra um e outro. O negócio tomou uma proporção enorme e um dia o
presidente foi até a Russel, nem mesmo eu acreditei no que estava
acontecendo. Ele foi comprar mais cocaína para colocar nas ruas, é a droga
que move a economia do país e a minha é da boa. Dali em diante, eu me tornei
a Rainha da neve... meus pais voltaram para o Brasil porque amam aquilo e eu
fiquei por aqui, já adulta com vinte e cinco anos, comprei uma casa e montei
aos poucos o meu reinado... Nós temos dupla cidadania, mas eles gostam de
morar por lá. Eu acho até uma boa. – Termino de falar percebendo que falei
muito.
― Nossa... – Kobe parecia surpreso.
― Falei muito né? Desculpa, eu não converso muito e quando tenho alguém de
confiança por perto, acabo desabafando. – Falo com certa vergonha.
― Não precisa se desculpar, você nem falou tanto e foi um assunto
interessante. Eu morreria e não desconfiaria que você é Brasileira. Se bem que
depois de ter a prova de que seus seios são verdadeiros, teria muito sentido
você ser Brasileira. – Ele está sem graça ao extremo com o que aconteceu.
― Sim, temos esta característica de ter seios e bundas enormes. É uma boa. –
Brinquei com ele e dali começamos um papo descontraído.
Estávamos indo almoçar quando vejo um certo homem alto e loiro vindo em
minha direção. O que Jesse faz aqui?
― Meu amor... – Me puxou pela cintura e me deu um beijo quente.
― Jesse, o que faz aqui? – Estou de cenho franzido e com o olhar mais
confuso do que qualquer coisa.
― Vim num avião fretado, um cliente precisa de mim e achei viável passar para
lhe dar um beijo, liguei para Angel e ela disse que estaria aqui, foi só entrar e já
te achei. – me agarrou com mais força fazendo meu corpo arrepiar, eu me
excito rápido demais. – A mulher mais gostosa desse lugar. – Falou no meu
ouvido. Dei um sorriso fraco para ele e vi Jackson entrando na empresa. Com a
feição preocupada que logo ficou confusa ao ver Jesse.
― Jesse, porque não almoçamos? – Sugeri tentando sair dali com ele.
― Acho ótimo. – Disse já pegando em minha mão. – Você está de carro?
― Não, chame um taxi, conheço um lugar. – Falo andando rápido em direção a
saída.
Saímos dali e por fim almoçamos. A verdade é que eu não gosto de Jesse,
gosto do sexo dele, selvagem, forte e gostoso. Era pra ser só sexo, mas ele é
emocionado.
― Jesse, o que acha de mim? Como companheira... – Solto do nada quando
terminamos a sobremesa.
― Você é viciada em sexo e eu acho bom, também sou. Mas se está
perguntando sobre um padrão de namoradas, você é totalmente fora desses
padrões, sempre preocupada com a empresa, nunca fala da família, você é um
pouco fria. – Presto atenção em cada palavra. – Não demonstra sentimentos. –
Ele disparou e falou todos os meus defeitos... Por isso eu não namoro, eu não
sei demonstrar sentimentos e eu nem consigo gostar de alguém. Depois do
meu ex, ninguém conseguiu me amolecer e eu sou desconfiada com tudo...
― Uau – Soltei num suspiro leve. – Porque ainda insiste em ter algo comigo? –
Pergunto esperando uma resposta sincera.
― Eu gosto de você, gosto do seu sexo. – Fala me observando e solta um
suspiro. – Se você quiser terminar, por mim tudo bem. Meu sentimento não é
grande assim, eu vou levar numa boa, mas me prometa que vamos transar de
vez em quando. – Riu de si mesmo chegou mais perto. – A não ser que você
esteja namorando, sou contra mulheres comprometidas. – O garçom chegou
com a conta e Jesse pagou nos guiando em seguida até a saída do
restaurante.
― É... acho que sexo casual está de bom tamanho. Tem certeza que isso não
te magoa em nenhum sentido? – Perguntei por perguntar, eu não ficaria nem
um pouco sentida se ele dissesse que iria sofrer.
― Tenho certeza, Florence. Só preciso desse corpo mais algumas vezes, pode
ser agora... – Fala me olhando com malícia. – Ainda tenho meia hora antes de
encontrar meu cliente. – Diz olhando em seu relógio e me lançando um olhar
predatório.
Dou um sorriso safado pra ele e entramos num taxi que ele havia chamado e
eu nem tinha visto, seguimos para um motel e já entramos naquele frenesi,
beijos, lambidas no pescoço, mão boba e tudo que temos direito, antes mesmo
de me beijar, Jesse já estava pronto e isso facilitou tudo.
Já sem nenhuma peça de roupa para nos atrapalhar, estou ajoelhada em sua
frente e minha língua percorre todo seu mastro, Jesse segura meus cabelos e
eu começo um vai e vem com a boca e ele está mesmo perdendo o controle.
Sinto ele me puxar pra cima e me beija com louvor, colocando a camisinha e
me colando na parede ele me pega no colo, círculo sua cintura com as pernas
e sinto a cabeça de seu membro em minha entrada que já está encharcada a
essa altura. Com um só golpe, ele me invade e eu solto um gemido aliviado.
Estou pleníssima em meu macacão azul quando saio do taxi na porta da HM
dando um tchauzinho para Jesse que segue para seu compromisso com o tal
cliente, me sinto viva e leve depois desse sexo. Segui pelos corredores da HM
e fui direto para a sala de Kobe. Depois de ser anunciada por Camila a
assistente dele, eu entrei já me jogando na poltrona em frente sua mesa.
― Mas que felicidade é essa? – Perguntou Kobe rindo. – Está com cara de boa
foda pós almoço. – Kobe tem um jeito engraçado que ao mesmo tempo que é
galanteador, parece ser gay. Gosto disso.
― Acertou. Foi a foda da liberdade. – Digo rindo e já me preparo para contar.
Neste momento Jackson invade a sala com certa violência e eu e Kobe
olhamos para ele assustados.
― Boa tarde, Florence! – Ele diz assustado ao me ver.
― Boa tarde, Jackson! Posso deixar vocês sozinhos se o assunto for sério. –
Falo fazendo sinal com as mãos. Sinais que nem mesmo eu sei o que
significam, pois estou desnorteada com o perfume de Jackson que invadiu por
completo minhas narinas
― Não precisa, eu só ia pedir para Kobe ir até minha sala, mas se estão
ocupados eu posso voltar mais tarde. – Ele se recompõe e eu o observo.
― Não, Kobe vai com você. – Digo rápido.
Kobe se levanta e vai com ele, mas o perfume continua ali. Aproveito que estou
sozinha e trabalho um pouco em meu notebook, pelo mens eu tento né. Minha
mente está viajando enquanto meus olhos se fecham e meu corpo absorve
cada partícula daquele perfume gostoso que ainda resta no lugar.
Jackson me enlouquece mais do que qualquer homem jamais enlouqueceu.
Capitulo 9

Assim que me dei conta da hora que era, comecei a correr e fui rápido tomar
um bom banho e me apressei mais ainda para descer. A mesa do café estava
posta ainda e Yolanda Rapidamente esquentou um pouco de café.
― Assim que Florence levantar, avise que eu já fui para a empresa. – Informei
a ela enquanto tomava um gole do café.
― A senhorita Florence já acordou e pediu um carro para leva-la até a
empresa, senhor. – Yolanda disse me olhando estranho como se nunca me
tivesse visto atrasado.
― E ela foi já tem bastante tempo? – Perguntei espantado.
― Sim, senhor. Faz algumas horas, levantou bem cedo, tomou café e saiu. –
Diz dando de ombros.
― Certo. – Falo inerte em meus pensamentos.
― Senhor... Desculpe-me a intromissão, mas o que houve que deixou o senhor
tão cansado a ponto de dormir até a hora do almoço? – Yolanda sabe que algo
não está certo quando eu fico com o sono irregular.
― Florence. – Falo lembrando do perrengue que foi dormir. – Fui busca-la
ontem de madrugada no aeroporto e fiquei mais desperto do que imaginei,
quando chegamos em casa não consegui dormir de imediato. – Informei e
Yolanda me olhou de um jeito engraçado. – O que foi?
― Nada, nunca vi o senhor falar de alguém com tanto... – deu uma pequena
pausa procurando a palavra certa. – Carinho.
― Impressão sua! – Falei mostrando desinteresse e ela revirou os olhos.
― Pode até ser, mas essa moça é especial de algum modo, isso eu tenho
certeza. – Fala me encarando com um sorriso no rosto. – Nem com Denise o
senhor falava assim e nunca ofereceu sua casa para ninguém, como ofereceu
a ela. Ela poderia facilmente ficar em um hotel no centro. – Yolanda me
conhece muito bem mesmo e não vai demorar pra ela já começar a falar que
Florence e eu temos que ficar juntos. Ela tem essa coisa de que eu preciso
casar com alguém.
― Só queria ser gentil, Yolanda. Ela se estressa muito com hotéis e é uma
mulher acostumada com o conforto extremo. Agora esqueça Florence e peça
meu carro. – Disse saindo da mesa e indo em direção ao meu quarto
novamente, peguei minha maleta, escovei os dentes, coloquei os óculos no
rosto e fui para a empresa.
Eu teria tido a visão mais linda de todas as minhas manhãs se tivesse apenas
Florence ali no Hall de entrada da empresa, mas não tive porque estavam
Florence e o suéter. Agora ele usava um terno Armani, mas não vai deixar de
ser o Sr. Suéter pra mim. Eles trocavam um beijo quente e isso me deixou com
raiva. Passei direto por todos eles indo para minha sala, olhei pela janela e vi
os dois saindo num taxi e indo em direção ao centro. Sentei-me em minha
cadeira e fitei o chão, estou ficando doido, só pode, meu celular alertou uma
mensagem e era Kobe me chamando para almoçar, recusei porque tinha
acabado de tomar café e continuei trabalhando, minha assistente veio me
entregar alguns papeis para assinar e não se aguentou perguntando de
Florence.
― Ela é uma grande empresária e uma mulher linda – Stefany falou
empolgada. – Eu a sigo em algumas redes sociais e fico impressionada com a
beleza dela, ela também ensina muitas coisas a nós mulheres. – Diz com um
brilho nos olhos.
― Como assim? Que tipo e coisas ela ensina? – Minha curiosidade bateu lá no
teto e eu me entreguei um pouco.
― Ah, ensina a ter mais confiança em si mesma. A se superar a cada dia. –
Tem uma certa admiração em seu tom, mas logo se esvai. – Tendo o dinheiro
que ela tem, é fácil se superar a cada dia né. – Fala com sarcasmo.
― Mas Florence não nasceu em família rica, ela conquistou isso tudo. Acho
bonito da parte dela, motivar mais pessoas a testarem seus limites e excluírem
a palavra impossível de seus dicionários. – Comento pensando no mulherão da
porra que ela é. – Ela tem a plena capacidade de enxergar solução para um
problema ou uma pessoa que todos já taxaram de “Sem solução”. – Digo isso
pensando em minha situação, em como ela dominou e aceitou bem o meu
estado em relação a droga e em como ela rapidamente procurou me ajudar.
Ela me encara de forma estranha como se eu nunca tivesse elogiado ninguém.
― Ela vem trabalhar conosco? Fizeram uma parceria entre empresas? –
Stefany pergunta curiosa.
― Sim, nós fizemos, preciso apenas cumprir certas exigências que ela fez e aí
começaremos a trabalhar de modo fixo, terei que viajar sempre aos Estados
Unidos e Florence virá para França com certa frequência também. – Informo. –
Preparei um pequeno discurso e convoque todos da empresa para o pátio
principal, hoje às 15:00hrs estarei fazendo o comunicado oficial. – Falo com um
sorriso satisfeito no rosto e ela assente.
― Sim senhor. Faltam apenas mais uns documentos para o senhor assinar e a
sala de impressão está agindo isso, assim que chegar eu volto aqui. – Stefany
saiu de minha sala me deixando sozinho com meus pensamentos.
Pensamentos estes que me assombram o tempo todo. Liguei para Stefany e
pedi para que me avisasse assim que Kobe chegasse, o que não demorou
mais de meia hora e justo na hora que eu ia sair para falar com ele, meu amigo
lá em cima resolveu lembrar da bunda de Florence amassada naquela
camisola de seda e mesmo assim ainda rebolava com maestria, ai o amigo lá
em baixo não satisfeito com a situação, resolveu se manifestar também.
Tomei um copo de água gelada, coloquei um vídeo qualquer no youtube, mas
nada ajudava, estou me tornando refém de meu próprio corpo, não aguentei
mais e me aliviei um pouco, mas o amigão estava a ponto de bala e eu sofri
para colocá-lo dentro da cueca novamente. Ainda com a piroca dura, abotoei o
terno e andei de forma esquisita até chegar à sala de Kobe e quando entro me
deparo com Florence jogada em uma das poltronas, com uma aparência linda
e sexy, como se tivesse acabado de ter uma foda maravilhosa. O sorriso no
rosto dela e a forma como estava corada denunciava isso. Me ofereci a voltar
mais tarde, mas ela fez questão que Kobe me acompanhasse, para minha
sorte. Chegando dentro de minha sala, apenas me virei para Kobe e apontei
para minha ereção.
― Caralho, o que houve? – Perguntou alternando o olhar entre mim e minha
ereção.
― Florence! – Falo e ele abre a boca surpreso. – Ontem eu a peguei sozinha
na cozinha dançando e rebolando aquela bunda maravilhosa que ela tem.
Numa camisola de seda e meu cérebro transformou isso em looping infinito na
minha cabeça, eu não preguei o olho em minuto sequer com ele duro assim e
consegui com muito custo dormir já de manhã. Agora isso. – Digo apontando
mais uma vez para minha ereção.
― Cara, que doideira. Você tem que comer ela, seu corpo não vai relaxar
enquanto você não comer ela. – Kobe diz na maior suavidade do mundo e eu
quero mata-lo por falar assim.
― Kobe, eu não vou come-la, ela não é um prato de comida. Eu preciso dar um
jeito nisso. – Falo nervoso andando de um lado para o outro.
― Cara, vai por mim, você só precisa de uma foda com ela e isso tudo vai
acabar. Você não faz o tipo dela. Sabe disso, viu como ela beijou o Sr. Suéter?
Ela chegou agora de uma foda incrível com ele, então você não se iluda, vai
ser só mais uma foda pra você e para ela. – Kobe diz me segurando pelo
ombro e me encarando como se estivesse falando com um menino de 13 anos
tendo suas crises repentinas de ereções.
Kobe está falando coisa com coisa, mas me ajudou bastante, me bateu uma
bad quando lembrei do beijo deles dois e a raiva logo dominou meu corpo
quando imaginei o Sr. Suéter colocando as mãos em lugares que eu ainda não
havia colocado... Eu preciso toca-la.
Avisei a Kobe que faria hoje o anuncio da sociedade com o Grupo Russel e
pedi para que ele avisasse a Florence.
― Pode deixar, irmão. Ah, outra coisa. Hoje tem jogo e iremos assistir na sua
casa. Trate de preparar tudo. Chego lá às sete. – Disse saindo de minha sala e
me deixando sozinho com meu inferno pessoal.
— E antes que eu me esqueça. – Ele volta chamando minha atenção. – Os
peitos dela são naturais. – Sai sem uma resposta e eu me pergunto como ele
sabe disso.
O dia praticamente voou e logo eu estava saindo da empresa com Florence ao
meu lado, abri a porta para ela e logo em seguida entrei, meus pulmões se
encheram com o perfume doce dela e minha mente foi a loucura. Conversamos
um pouco sobre tudo que aconteceu depois do enunciado sobe a sociedade,
Florence estava confiante que conseguiríamos elevar todo o ramo. Ela
realmente é uma mulher incrível e de visão. Antes de irmos para casa
passamos em uma adega e ela comprou uma garrafa de Cabernet Sauvignon,
o vinho preferido dela, comprei mais algumas cervejas e algumas outras coisas
de comer, eu e Kobe somos dois esfomeados e quando estamos vendo jogo, ai
mesmo que a gente come.
Chegamos em casa por volta das seis e Florence foi direto pro banho e eu
também, deixei tudo organizado com Yolanda e avisei que Kobe vinha.
O jogo começou e assim como Kobe, me mantive concentrado na tv o tempo
todo, no intervalo Florence se cansou de nós dois e foi para o quarto com sua
garrafa de vinho e um pote de amendoins. O resto da noite fluiu bem e Kobe foi
embora assim que o jogo acabou, subi para meu quarto, mas ao passar na
porta do quarto de Florence, vejo que está entreaberta e ela está sentada na
poltrona da sacada, este quarto e o meu tem uma vista distante, mas bonita de
Paris e isso inclui a torre. Com apenas uma blusa comprida e uma calcinha tipo
box, ela segura a taça de vinho numa mão e o cigarro de menta na outra. Uma
música sensual toca dentro do quarto e ela ligou os LEDs coloridos deixando
na luz vermelha. Meu corpo já estava pronto e pegando fogo e o álcool que
corria no meu sangue me deu uma coragem absurda que me fez entrar no
quarto fechando a porta atrás de mim e sussurrando o nome dela eu chamei
sua atenção.
― Jackson! – Respondeu calma. – Venha aqui, sente-se comigo. Aproveite e
pegue meu vinho por favor.
Levei o vinho até ela e sentei na poltrona ao lado.
― Como foi teu dia na empresa hoje? – Perguntei sem conseguir tirar os olhos
dos peitos dela, Kobe ainda não me disse como sabe que são naturais.
― Foi bom, eu conheci todos os setores com a ajuda de Kobe. – Respondeu
com um sorriso no rosto. – Faremos um lindo trabalho juntos.
― Acredito que sim. – Vejo ela dar uma última tragada em seu cigarro e o
amassa no cinzeiro da mesinha entre as duas poltronas, estendendo a mão em
minha direção, entendo seu recado e seguro, sinto ela apertar em um gesto de
confiança e eu aperto de volta. Então a gente dá início a uma conversa
agradável sobre lugares que gostaríamos de conhecer e ela coloca a poltrona
dela de frente pra minha estendendo a perna em minha direção e colocando os
pés em minhas coxas.
― Aqui está bem quente hoje. – Comento e por puro impulso eu pego um de
seus pés e massageio.
― Tire esta camisa, fique apenas de short, que mal há? – Sugere
inocentemente e eu olho pra ela pensando em todos os maus que há em tirar a
camisa aqui perto dela. Mesmo assim eu tiro e deixo por cima do pau tentando
cobrir minha ereção. Florence prende os cabelos num coque desarrumado e no
momento em que seus braços levantam um pouco a camisa, vejo seus
mamilos duros roçarem o tecido. Neste momento, faço um pouco mais de força
ao massagear seu pé e ouço ela soltar um gemido fraco e se remexer um
pouco.
― Temos uma podólotra por aqui? – Pergunto descaradamente.
― Sim, você pegou no meu ponto fraco. – Assumiu com o rosto vermelho e
para aproveitar mais disso, levantei o pé dela e dei uma lambida no dedão. –
Você queria me excitar? Conseguiu! – Disse frustrada e levantou rápido.
Levantei indo atrás dela e a segurei pelos braços.
― Ei, desculpe! – Ela está encarando minha ereção. – Florence, olhe para
mim! – Peço.
― Não Jackson, não posso! – Ela tenta se soltar, mas eu não deixo.
― E porque não pode? Sou só eu! – Neste momento eu a solto e ela vai
chegando pra trás.
― Jackson, vai embora, eu vou acabar fazendo algo de errado. – Ela
praticamente implora e continua chegando para trás, eu avanço em sua
direção.
― O que você poderia fazer de tão errado, Flor? – Pergunto deixando minha
camisa cair no chão.
― Coisas de gente bêbada. – Ela está quase batendo na parede e eu continuo
avançando.
― Me diz uma coisa. – Exijo e avanço mais um passo largo e vejo ela sentindo
a parede.
― Te beijar é uma delas. – Diz calmamente antes de baixar o olhar para minha
ereção mais uma vez e fazer uma cara frustrada.
― Você pode me beijar, Flor. É só você querer. – Coloco uma mão na parede
lateral ao seu corpo e ela estremece.
― Isso não seria nada profissional. – Diz nervosa.
― E quem é que liga pro profissional? – Pergunto e ela me olha confusa. –
Estou impressionado em ver uma mulher como você se restringir de uma
vontade, isso não combina com você!
― Não envolvo relação pessoal com profissional. – Ela parece transtornada e
sua respiração começa a ficar ofegante – Sou totalmente contra relações
traçadas.
― Que se foda o profissional, Florence! – Digo mais alto e com uma mão puxo
ela pela cintura colando-a em meu corpo, sinto seu perfume e isso me
enlouquece mais, ela tem um cheiro natural de chardonnay, o coque está
totalmente desfeito e eu coloco uma mecha de seu cabelo para trás
observando seu rosto, Florence está mole em meus braços e isso acaba
comigo.
Não aguento mais olhar para sua boca e a devoro ali mesmo naquela parede,
ela retribui e solta um gemido abafado quando minha língua invade sua boca,
sinceramente, essa mulher vai me enlouquecer e eu vou deixar. Por mais que
eu sinta uma necessidade enorme em beija-la, me dedico em um beijo intenso
e lento, curtindo cada milésimo de segundo e ela retribui na mesma
intensidade, o desespero de ambos é notável, assim como minha ereção que
triplicou e eu nunca me senti assim com mulher nenhuma, é uma sensação
totalmente nova para mim. Florence se torna mais intensa e enlaça meu
pescoço com seus braços, fazendo o beijo se aprofundar mais, estou chapado
com essa sensação, levanto-a no ar e ela agarra minha cintura com as pernas,
sinto a quentura de seu íntimo e isso me deixa mais desesperado por ela, beijo
seu pescoço e subo para sua orelha, mordendo seu lóbulo de leve, volto para
sua boca e ela dá uma rebolada que tira todo o meu juízo. Coloco-a na cama
com cuidado e novamente ataco seu pescoço, desço para seus seios que são
incrivelmente grandes e naturais, dou uma lambida por cima e ela se contrai, o
corpo arrepia e se curva, Florence está dominada pelo desejo e do nada ela
para e me empurra de leve, fico tenso quando vejo arrependimento em seus
olhos.
― O que houve? – Pergunto indo mais pra perto dela.
― Nada, a gente só não pode continuar e acabar... – Ela para de falar, passa a
mão nos cabelos e me encara. – Pode ir? Quero ficar sozinha. – Como um
olhar de desejo e luxuria se torna um olhar tão decepcionado e triste? Porque
foi isso que aconteceu aqui agora, Florence estava envolvida no nosso beijo e
ela estava disposta a continuar, mas do nada ficou com um olhar sombrio, mais
preto que o normal, sua expressão não era das boas e eu podia jurar que ela
estava a beira de uma crise de choro.
Fiz o que ela me pediu e segui para a porta.
― Me desculpa se fiz algo que não queria, eu só f... – Tentei me desculpar.
― Você não fez nada. – Me interrompeu. – A culpa foi minha. Só preciso
dormir. – Diz sem me encarar e abraça os joelhos contra o peito.
Assenti e me retirei indo para meu quarto.
Foi uma noite maravilhosa e desde quando conheci Florence naquele clube em
Miami, foi a primeira noite que consegui deitar e dormir em paz e por incrível
que pareça, com uma sensação de saciedade.
Capitulo 10

Acordei esta manhã me sentindo um trapo, olhei em volta do quarto e perto da


parede estava a camisa de Jackson confirmando tudo que estava passando na
minha cabeça. Eu me deixei levar pelo desejo e permiti que ele me beijasse,
estava incrível e eu me entreguei de verdade, mas tudo mudou quando senti
sua língua tocar um dos meus mamilos, fazendo meu corpo se arrepiar e se
curvar, fazendo minha mente lembrar de um acontecimento no qual eu tive a
mesma sensação, fazendo a área de defesa do meu cérebro funcionar
rapidamente me fazendo empurra-lo para longe. A confusão que se instalava
em mim era evidente e Jackson numa tentativa frustrada de se aproximar de
novo, percebeu quão séria era a situação e recuou, pedi para que ele fosse
embora e assim ele fez, sem discutir ou teimar. Passei o resto da noite em
claro, com uma vontade terrível de chorar, depois de cansar meu corpo e
minha mente segurando o choro, peguei no sono.
Afastei todos estes pensamentos, mandei uma mensagem para Angel que me
respondeu na hora, marcamos de ir no shopping, nos despedimos e fui até o
banheiro, fiz toda minha higiene matinal e sai poderosíssima de lá, perfumada
e maravilhosa. Coloquei um vestido modelo Godê na cor verde menta e um
saltinho branco, fiz uma maquiagem bem levinha e passei apenas um balsamo
labial. Terminei os últimos detalhes e enquanto colocava meu relógio, me olhei
no espelho bem de perto percebendo um detalhe em meu lábio inferior, era
uma mancha vermelha, sinal do beijo de ontem. Removi o balsamo e passei
um batom nude cremoso, devidamente arrumada e perfumada, peguei minha
bolsa e desci para tomar café.
― Bom dia – Digo ao me sentar na mesa bem ao lado de Jackson.
― Bom dia. – Ele me olhou intrigado – Dormiu bem?
― Custei um pouco, mas logo peguei no sono e você? – Perguntei animada.
― Dormi muito bem. – Ele está tentando decifrar essa minha troca de humor
repentina. Deve estar pensando que sou daquelas que bebe e esquece tudo
que fez.
― Que ótimo, eu gostaria de conversar com você antes de sair, seria possível?
– Pergunto e ele concorda com a cabeça ainda mais intrigado.
Logo depois ele terminou o café e me avisou que estaria no escritório, que eu
não faço ideia de onde seja. Terminei o meu café e fui procurar por ele, com
muito custo, no fim da casa eu achei o escritório, longe e silencioso. Bati na
porta e logo ele abriu me convidando a entrar.
― Aqui é bem bonito, eu curto essa pegada de madeira. – Comentei tentando
pensar em como começar esta conversa. Era praticamente impossível com o
perfume dele. O cheiro de sândalo com um amadeirado, suave e penetrante ao
mesmo tempo.
― Ah, obrigado, eu pensei em tudo, cada detalhe! – Disse se sentando no sofá
que tinha em uma das paredes e me convidando a sentar ao seu lado, Jackson
e um homem enorme, deve ter quase dois metros e eu bem pequena. Mesmo
assim me sentei ao seu lado e ficando de lado, o encarei de forma suave.
― Então, sobre ontem... – Comecei e ele logo segurou minha mão me
interrompendo.
― Florence, você claramente lembrou de algum trauma e aquilo aconteceu,
você não tem culpa de nada. – Neste momento eu pude perceber o quão
envolvido Jackson está.
― É, mas mesmo assim eu acho que devemos conversar. Acontece que eu
não quero me envolver. – Disparei rápido e pude ver a decepção nos olhos
dele, que logo ficaram serenos. – Eu não posso me envolver, na verdade. Seria
um desastre como sempre é, eu saio da sua casa ainda hoje, vou para o hotel
de Angel, continuarei me comunicando com você sobre nosso trabalho. – Digo
de forma rápida e certa e Jackson ainda segurando minha mão da um sorriso
que acaba com todo meu juízo.
― Florence... Não precisa sair daqui, fique até o dia que você for embora, eu
sei bem separar as coisas e prometo nunca mais encostar em você sem que
você peça. Quero que saiba que pode contar comigo para o que precisar,
mesmo que seja só alguém pra te ouvir e te abraçar no final. – Fiquei feliz com
a aceitação dele e aliviada por não ter afastado ele de primeira. Senti ele me
puxar para um abraço e me deixei levar, o abraço de Jackson é gostoso e
confortável.
― Obrigada por entender e não fazer pergunta querendo saber detalhes. –
Sinceramente, a pior coisa é tentar explicar isso tudo. Me levanto e Jackson
levanta junto.
― Florence, eu jamais faria alguma coisa que te deixasse desconfortável. –
Vou caminhando até a porta com ele. – Quando você achar que deve me
contar alguma coisa ou quiser que eu deixe de fazer algo, é só falar.
― Pode deixar. Agora eu preciso ir encontrar com a Angel. Qualquer coisa me
liga. – Informo e me retiro assim que ele abre a porta. Caminho até metade do
corredor e dou uma pequena olhada pra trás. A visão que tenho é de Jackson
parado me olhando com um sorriso leve no rosto.
Dou mais um passo e ouço a porta fechar, é nesse momento que meu coração
envia um comando para meus pés e eu ando depressa em direção a porta e
antes mesmo de bater ela se abre, Jackson agarra meu pescoço com as duas
mãos e me beija com certa urgência e eu retribuo na mesma intensidade. Me
sinto zonza e chapada com esse sentimento de desejo. O perfume dele
invadindo meus pulmões e me deixando mais doida ainda. Sinto sua mão
envolvendo minha cintura e colando mais o corpo em mim, sinto sua ereção e
tenho vontade de dar pra ele ali mesmo. Sou jogada pra cima num impulso
rápido e certeiro, cruzo as pernas em volta de sua cintura e nosso beijo fica
mais profundo. Sou colocada no sofá e somos interrompidos pelo meu celular
tocando. Me ajeito rápido e atendo, é Angel dizendo que está chegando ao
shopping.
― Preciso ir – Digo – Isso não vai mais acontecer...
Saio dali deixando Jackson sentado no sofá com as duas mãos na nuca e a
cabeça voltada para o chão. Vou em direção à frente da casa e retoco meu
batom. O carro chega e parto para o shopping.
A questão de tudo isso é que muita coisa me magoou e desde então eu decidi
que não haveria espaço para sentimentalismo em mim. Quando eu gosto de
alguém, faço essa pessoa se afastar o mais rápido possível e até então está
dando certo. Não ligo quando eles falam que sou uma mulher indecisa e
infantil, eles não sabem a verdade. O único que até então não me chamou de
louca ou algo do tipo foi Jackson, acho que por causa de nosso contrato e tudo
mais. Obtive grande sucesso até agora fazendo o papel de mulher indecisa e
desinteressada.
Cheguei ao shopping e já vi logo Angel parada bebendo um suco.
― Eai cachorra. – Chamei sua atenção já a abraçando.
― Ai sua quenga, que susto. – Disse retribuindo meu abraço. – Que cheiro é
esse em você? – Pergunta cheirando meu colo.
― Cheiro? – Comecei a me cheirar e ao puxar um pouco o tecido até o nariz,
senti o perfume de Jackson. – Ah, eu tenho muita coisa pra conversar com
você. – Digo andando pra dentro do shopping.
― Hm, teremos um momento sem a Florence executiva e magnata? – Ela diz
me cutucando, rindo e me seguindo com o braço enlaçado no meu.
― Sim, nós vamos ter este momento com a Florence 1.0, mas a 2.0 não vai
ficar de fora da conversa, até porque é ela quem carrega toda a razão. – Digo
rindo e Angel revira os olhos em deboche.
― A Florence 2.0 tem que parar um pouco de se meter na vida da Florence 3.0
– Diz me olhando séria.
― 3.0? – Pergunto.
― É, essa é você. Você não pode ser dominada apenas pela Florence esperta,
executiva, cautelosa e sem amor. Você precisa manter um equilíbrio aí, poxa,
você é do signo da balança, mais do que ninguém, deveria ter equilíbrio. Você
precisa de amor, amiga. Precisa de alguém do seu lado que te apoie nas suas
decisões, que te ajude a resolver questões complicadas, mas mais do que isso,
você precisa de alguém que cuide de você, que esteja do teu lado quando você
quiser fraquejar, que seque suas lagrimas quando você chorar, que te deixe
confortável o suficiente pra você chorar quando quiser. Quando foi a última vez
que teve um encontro romântico? E quando foi a última vez que deixou
escorrer uma lagrima num momento de raiva, dor ou tristeza? Quando foi a
última vez que se entregou pra alguém sem medo do que estava por vir?
Florence, você não está vivendo, faz muito tempo que você apenas sobrevive.
– Fiquei um bom tempo calada e Angel também. Tudo o que ela disse é
verdade, mas eu não posso nunca me esquecer de tudo que aconteceu
quando eu deixei a tal Florence 3.0 assumir.
― Respondendo suas três perguntas: Meu último encontro romântico foi a um
ano; A última vez que chorei foi a cinco anos; E por fim, a última vez que me
entreguei sem medo, foi a cinco anos e meio atrás. – Disse tentando parecer
fria e seca, mas provavelmente não convenci.
― Tudo bem você chorar de vez em quando, é normal, todo mundo chora. Mas
agora me conta o que tá rolando porque eu estou muito curiosa mesmo. – Fala
sem conter a empolgação.
― Eu estou com um problemão. – Disse parando num stand de sorvete de
chapa. – Não sei como resolver e esse problema eu não posso simplesmente
esquecer e fingir que não apareceu, envolve a empresa e tudo mais. – Falo
sincera com olhar de quem pede ajuda.
― Ok, qual o nome desse “problemão”? – Ela pergunta toda empolgada.
― Jackson Hawks. – Falo sem encarar ela e faço o meu pedido, eu posso jurar
que ela está chocada e quando eu olho pra ela, vejo um sorriso histérico e
exagerado. – Que foi?
― Mike me disse que Jackson andou perguntando algumas coisas sobre você.
– Ela soltou como se fosse algo que estivesse fazendo mal a ela.
― Angel, não crie coisas em sua cabeça. Ele perguntou coisas sobre mim
porque estava prestes a assinar um contrato comigo, é normal querer conhecer
a índole de sócios. – Estou plenamente confiante de que tenha sido por isso
mesmo.
― Florence, ele estava perguntando sobre coisas românticas, se você era
casada, se tinha alguém, se era hetero, perguntou se você gostava de coisas
românticas, se bebia vinho branco ou tinto, se preferia comida italiana a
francesa. Típicas perguntas de quem tem interesse em te chamar para sair. –
Angel mal consegue conter sua animação ao falar.
― Acontece que eu também tenho um certo interesse nele, mas não posso me
entregar assim, não pra ele. – Digo já cortando qualquer possibilidade de ela
querer me ajudar a conquista-lo. – Eu até andei pensando na possibilidade,
mas não daria certo, com as empresas sendo tão distantes umas das outras.
― Bem, de fato isso seria um obstáculo. Mas você poderia pelo menos tirar
uma casquinha dele né. – Me cutuca de leve com um sorriso safado no rosto. –
Ele tem cara de quem fode bem. – Diz pensativa e depois me olha como se
nada tivesse acontecido e um absurdo desse não tivesse saído da boca dela.
― Angel! – A repreendo acelerando meus passos. – Acontece que eu já tirei
uma casquinha dele... – Digo por fim e ela vem andando rápido pra perto de
mim.
― E você só me conta agora? Vamos Florence, eu preciso de detalhes, qual é
o tamanho? Ele fode bem mesmo? – Ela me atropela com uma avalanche de
perguntas e me puxa para um sofá vazio da área de descanso.
― Calma sua doida, eu vou falar, eu não tive tempo de te mandar mensagem
ou te contar, deixei pra contar hoje. – Explico para que ela se acalme. – Bem,
tudo aconteceu ontem depois do jogo, ele e Kobe assistiram na sala enquanto
eu fiquei no quarto bebendo vinho. Assim que o jogo acabou e Kobe foi
embora, Jackson foi até meu quarto para ver se estava tudo bem e se sentou
comigo, eu cometi um erro terrível quando mandei ele tirar a camisa por conta
do calor que fazia. – Angel me olha atenta e prestes a gritar. – E cometi um
erro maior ainda quando coloquei os pés nas coxas dele e o deixei massageá-
los.
― Puta merda! – Gritou e colocou a mão na boca logo em seguida. – Logo seu
ponto fraco!? – Falou mais baixo contendo a emoção.
― Sim, me deixe terminar, merda. – Briguei e continuei. – Foi na estremecida
que eu dei que ele descobriu meu ponto fraco e ainda deu uma lambida no
meu dedão, eu estava extremamente excitada já e ele só me fodeu mais ainda.
Eu levantei rápido e entrei no quarto de novo, ele me puxou e ficamos a meio
metro de distância, eu conseguia sentir a ereção dele e olhei, era inevitável não
olhar, ele pediu pra eu encara-lo, mas não podia, eu ia perder o controle, ele
insistiu e disse que eu poderia beija-lo se quisesse, eu rebati e lutei, juro que
tentei ao máximo, mas foi totalmente em vão, ele me puxou pela cintura e me
beijou. – Angel está saltando de alegria. – Que beijo foi aquele, gostoso
demais, o perfume dele me destrói por completa e o gosto da boca dele... –
Digo me recordando e sinto meu corpo inteiro arrepiar. – Ele me pegou no colo
e me colocou na cama com o maior cuidado e foi aí que ele começou a me
devorar e justo na hora que ele lambeu meu mamilo, senti um arrepio e um
misto de terror, tristeza e prazer. Foi horrível e eu o empurrei e pedi para ir
embora. – Conclui vendo a reação dela, totalmente chocada e imóvel.
― Mas o que aconteceu depois disso? – Ela segura na minha mão e me olha
de um jeito mais profundo.
― Aconteceu que eu não dormi a noite inteira, pensando em tudo que
aconteceu e pensando se toda vez que eu encontrar alguém que mexe comigo
do jeito que Malik mexia eu vou sentir esse pavor. Hoje de manhã eu acordei
decidida em falar com ele sobre o que aconteceu e nós fomos até o escritório
dele para conversar e quem foi que disse que eu consegui ficar perto dele? Eu
o beijei de novo e se não fosse você me ligando, só deus sabe o que poderia
ter acontecido... Sai de lá dizendo que nunca mais aconteceria aquilo, mas eu
não tenho certeza disso. – Digo por fim e Angel se levanta rápido me puxando
junto com ela.
― Vamos esquecer esse assunto e fazer o que viemos fazer. Compras! – Fui
andando com ela pelo shopping e cada loja que víamos, ela queria entrar pra
olhar, eu nem estava vendo mais nada, só sabia pensar em como Jackson
beija bem e em como os lábios enormes dele se movem. Eu estou ficando
louca. Conversamos sobre outras coisas e Angel me contou que Mike a pediu
em namoro. Eu fiquei super feliz em saber disso, Mike é um bom partido e
muito gostoso. Por mais que eu tenha transado com ele algumas vezes, eu e
Angel sempre dividimos homens e o caso aqui nem é esse. Ninguém iria
imaginar que eles dois se apaixonariam de tal forma.
Saímos dali e seguimos em direção ao bairro 8, compramos muitas coisas por
lá, é o lugar onde você encontra todas as grifes mais famosas e como eu não
sou de ferro, fiz a festa ao entrar nas lojas de Yves Saint Laurent, Versace e
outras, Angel como sempre, arriscou indo na Chloé e comprando quase a nova
coleção inteira, obvio que ela mandou entregar tudo na casa dela, não vai ter
nem tempo de usar tudo isso enquanto fica aqui na França.
Seguimos para casa já era noite, eu estava super cansada de tudo que tem
acontecido. É um inferno!
Capitulo 11

Estava no quarto quando ouvi Florence chegando com a amiga Angel, sai em
silêncio e pude pegar a conversa das duas. A todo segundo eu queria descobrir
se Florence havia falado sobre nossos beijos, mas ela estava somente pedindo
a amiga para ficar e dormir com ela.
― Amiga, Jackson não vai se importar, eu aposto, fique! – Florence pediu
abraçada na amiga.
― Lógico que ele se importaria, ele quer você só pra ele. – A amiga brinca. E
ela revira os olhos. Então ela contou sobre o beijo.
― Não sei se eu conseguiria. Mesmo depois desses anos todos, eu ainda sinto
falta do Malik, é uma dor horrível. – Neste momento posso ver os olhos dela se
encherem de lagrimas e ela bufar ignorando-as e apertando os olhos, como se
não quisesse chorar. Angel apenas a abraça mais forte ainda e olha pra ela.
― Af, eu pensei que estava chorando! – A amiga diz como se realmente
estivesse esperando por isso. – Com você é uma mutante sem sentimentos
que mal consegue chorar, eu vou embora, Mike está lá em baixo me
esperando. – A amiga informa e ouço uma leve aproximação na porta, me
apresso em descer as escadas e dou de cara com Mike sentado na cadeira
esperando por Angel.
― Mike! – Cumprimento ele com um aperto de mãos seguido de um abraço
rápido. – Como vai cara?
― E aí Jack, vou muito bem e você? – Mike é gente boa, gostei dele na nossa
primeira conversa.
― Tudo ótimo! Veio falar com Florence? Não sei se ela já chegou. – Faço um
sinal apontando para a escada.
― Não, ela e Angel chegaram a pouco. Vim pra buscar Angel, estamos juntos,
sabe!? – Informou um pouco sem jeito e posso perceber o quão tímido ele é.
― Ah, claro. Bem, seja bem-vindo a minha casa, espero que você possa vir
com mais calma na próxima vez. Ficarei lisonjeado em recebe-los. – Digo e
ouço risadas e passos. – Bem, aí está ela. – Falo e saio da frente para que ele
possa ver Angel ao lado de Florence caminhando para perto de nós.
― Olá, Jackson! – Angel diz e eu pego sua mão depositando um beijo rápido
ali. Depois de mais alguns cumprimentos normais, peço licença e me retiro
deixando os três conversarem a sós.
Vou para o banho e depois de meia hora, saio, coloco uma roupa leve, passo
meu perfume de sempre e saio, ouço uma porta bater e entro no quarto de
Florence, uma música começa dentro do banheiro e eu olho pra parede onde a
vinte e quatro horas atrás eu tinha ela em meus braços. Olhei pra cama e vi
minha camisa que deixei ontem no meio das roupas dentro da mala dela,
peguei a mesma e levei até o nariz, meu perfume estava ali, porém bem fraco.
Corri até meu quarto com a camisa e borrifei o perfume uma vez de forma
espalhada, voltei até o quarto dela e a música ainda tocava no banheiro,
coloquei a camisa no mesmo lugar onde peguei e voltei para meu quarto. Hoje
meu dia não foi nada produtivo, fiquei por um longo tempo pensando no beijo.
A boca carnuda que ela tem, o gosto de vinho do beijo de ontem e o gosto de
café do beijo de hoje, tudo isso misturado com o gosto natural da boca dela.
Eu estou obcecado por ela e não me custa admitir isso, Kobe nem acreditou
quando contei o que aconteceu, ele só sabia rir e pular, mas ficou sério quando
eu disse que ela queria distancia porque nós já tínhamos uma relação
profissional e isso estragaria qualquer negócio. Kobe disse que em parte ela
tem razão, se por algum motivo a gente brigar amanhã ou depois e a coisa for
feia, a empresa correria um grande risco de desvinculação do grupo Russel, o
que não seria uma boa de arriscar.
A melhor coisa a se fazer pelo bem da empresa é me afastar de Florence por
um tempo e deixar a maioria das coisas com ele, viagens e eventos por
exemplo. Sempre que um representante da HM precisar comparecer na
Russel, ele que vai no meu lugar, evitando assim todo o contato que eu tiver
com Florence. Mas se Kobe pensa que eu vou deixar ela escapar, ele está
muito enganado, vou deixar ele assumir toda a parte do serviço com Florence,
o que não é nenhum problema para eles dois, parecem irmão de outra mãe, é
incrível como eles se deram bem logo de cara. Enquanto ele assume essa
parte, eu cuido dos outros clientes e teremos a desculpa perfeita para minha
ausência, mas além de cuidar de todos os outros clientes, eu iriei migrar a HM
pros Estados Unidos, assim como também irei morar lá. Preciso ficar perto de
Florence e descobrir mais sobre ela.
Essa mulher me pertence e eu pertenço a ela, sei disso desde o dia em que
nos conhecemos informalmente naquela noite no clube.
Eu apaguei bem rápido, acordei agora e quando olhei as horas, vejo que ainda
são três da manhã, desço para beber água e quando volto, sou tomado pelo
perfume de Florence. Seguro a maçaneta da porta de seu quarto e abro bem
devagar, Florence está virada pro lado da varanda e se remexe resmungando
algo incompreensível, chego para mais perto dela e ela grita palavras
aleatórias “Malik; Devagar; Pare; Danny”. Depois destas quatro palavras e um
choque total, vejo ela agarrar minha blusa no rosto e ouço soluços. Ela está
chorando incontrolavelmente e me sinto tão impotente em não poder fazer
nada.
Foda-se essa merda. Me deito ao lado dela e passo meu braço por sua cintura,
tento passar alguma segurança pra ela mesmo que eu esteja em choque com o
que acabei de ouvir, aos poucos ela se acalma e segura minha mão com força.
Quando percebo que ela já está em um sono profundo, me levanto e vou para
meu quarto, já está amanhecendo e eu não vou conseguir pegar no sono.
Vou para o escritório, abro o notebook e digito o nome de Florence no
navegador, vejo algumas poucas notícias sobre marcos importantes e
conquistas, nada de suspeito. Digito ao lado de seu nome o nome Malik e me
surpreendo com a quantidade mínima de resultados, abro um site que diz
“Jovem casal de executivos sofre acidente em Miami Beach” a matéria diz o
seguinte: “A jovem executiva, Florence Russel, sofreu um acidente no último
sábado 19/07/2014. Ao voltar de uma festa com seu atual companheiro Malik
Gamble, empresário do ramo alimentício, sofreram um grave acidente na
segunda avenida no noroeste de Miami. Florence Russel saiu muito
machucada e foi encaminhada para o hospital JFK, Malik Gamble veio a óbito
no local do acidente. A equipe de investigação concluiu que Malik que conduzia
o automóvel no momento do acidente, estava sem sinto de segurança e sob o
efeito de entorpecentes variados e álcool perdendo o controle do veículo e
capotando diversas vezes. Florence usava o cinto de segurança, saiu com
várias concussões”.
A notícia acabou aí, sem mais informações e atualizações. Malik era namorado
de Florence, mas na notícia não falava de nenhum Danny. Quem é esse cara?
Senti um aperto no peito por Florence ter sido tão machucada a ponto de
quase morrer e quase ter saído com sequelas. Agora entendo o porquê de ela
não gostar de pessoas drogadas perto dela, sigo tomando as pílulas que ela
me deu e vou confessar que funcionam muito bem.
Pesquisei mais algumas coisas sobre, mas sem sucesso. Até vi uma foto de
Malik, ele era um cara boa pinta e Florence sorria ao seu lado, o sorriso dessa
mulher ilumina o mundo inteiro. Depois de ver tudo isso, sai do escritório
convicto de descobrir mais sobre o passado de Florence, lógico que meu
mérito será bem maior quando ela me contar por livre e espontânea vontade,
mas enquanto não temos intimidade alguma pra isso, eu mesmo vou descobrir.
Fui para meu quarto e tomei um banho frio, tenho um bom plano para hoje no
desfile de Angel. Desci para tomar café e Florence estava linda num vestido
amarelo claro e chinelos, ela comia de tudo na mesa. Assim que apareci na
porta da sala de jantar, Florence travou e olhou para trás em minha direção. O
mais incrível disso tudo é que eu nem barulho fiz, me sentei a mesa junto com
ela e dei bom dia, ela não respondeu.
― Florence. – Chamei. – Dormiu comigo?
― Sabe que por um momento quando eu acordei, pensei que tinha dormido
mesmo!? – ela me encara desconfiada. – Bom dia!
― Como assim? – Pergunto levando uma colher de iogurte a boca, Florence
acompanhou cada movimento meu com os olhos semicerrados.
― Sei lá, no meio da madrugada eu tive a impressão de ser abraçada por
alguém e só tinha eu e você em casa ontem. Yolanda só chegou hoje... – Ela
analisou tudo o que disse a balançou a cabeça como se tivesse apagando
alguma coisa da mente.
― Anda tendo sonhos comigo, Florence? – Provoco.
― Af, Jackson. Qual motivo eu teria pra sonhar com você? – Ela me olha e
olha pra entrada da cozinha, me fazendo olhar também. Me certifiquei de que
Yolanda e nem nenhum outro empregado estava vindo e respondi.
― Bem, quando eu beijo a mesma pessoa duas vezes, eu já tenho motivos o
suficiente para sonhar com ela. – Digo mordendo uma torrada com cream
cheese.
― Ah, então você também está sonhando comigo, Jack? – Ela entra no jogo e
fico ainda mais satisfeito.
― É, podemos dizer que tenho sonhado sim. – Ela me olha intrigada. – Mas
convenhamos que é bem difícil não sonhar né? Você tem o melhor beijo que já
provei em toda a minha vida. – Posso sentir a quentura de sua pele mesmo
estando a um ou dois metros de distância dela.
― Você também não fica atrás, mas eu não vou cair no teu joguinho. Acha que
eu não sei qual o seu objetivo? – Ela me encara com determinação.
― Meu joguinho? Não tenho nenhum joguinho. – Falo tranquilamente e dou um
gole no meu café.
― Seu joguinho é me conquistar, transar comigo e ponto final. É só mais um
mérito pra você. – Ela não queria falar isso, sei que não queria porque o olhar
de arrependimento que ela carrega junto com as palavras denuncia isso. Ela
quer mentir pra si própria. Florence sai da mesa bufando e eu levanto rápido
seguindo-a.
― Florence! – Chamo enquanto ela sobe as escadas correndo, sem sucesso.
Consigo alcança-la quando chegamos no corredor e antes de ela entrar no
quarto eu a puxo e colo meu corpo no dela. O perfume dela invade minhas
narinas, chardonnay. Fecho os olhos registrando mais uma vez esse cheiro
gostoso que ela tem e quando abro vejo Florence me encarando confusa.
― Seu perfume me deixa doido! – Falo e ela enlaça os braços no meu
pescoço, me fazendo descer o rosto bem próximo do dela.
― Jackson, isso é um erro terrível e tentador. – Sinto sua mão deslizar do meu
pescoço até minha boca, ela passa o polegar com cuidado no meu lábio inferior
e meu corpo todo se arrepia.
Deposito um beijo em seu dedo e ela fecha os olhos em sinal de rendição.
Seguro seu pescoço com uma mão e com a outra eu a levanto deixando-a na
minha altura, ela enlaça as pernas na minha cintura e com um simples sinal eu
peço permissão para beija-la. Permissão concedida.
Nós nos encaixamos muito bem e nosso beijo tem um ritmo bom, nem muito
acelerado e nem muito lento, mas há um certo desespero nele. Florence para e
me encara.
― Diz pra mim que isso é um erro, diz que estamos totalmente errados em
fazer isso e eu me arrependo agora mesmo. – Eu só consigo encara-la. – Diz
Jackson! – Ela fala em um tom de súplica e tom alto e eu apenas a beijo
novamente.
― Não falo. Não falo porque isso não é um erro, não falo porque não estou
errado, estou totalmente certo do que quero neste momento. Eu quero você,
Florence. Isso não precisa sair daqui se você não quiser, mas agora não minta
dizendo que não quer isso também. – Sinto ela estremecer. – Estará mentindo
pra você mesma, você me quer na mesma intensidade que eu te quero, isso é
visível até para um cego. – Seus olhos ficam mais escuros e sua expressão de
arrependimento vira desejo. – Me beije, Florence. Faça comigo o que tem
vontade. Aqui e agora. – Falo ríspido e suplicante com medo dela
simplesmente rir da minha cara e se afastar.
Ela me beija de novo, esse sim é o beijo com gosto de Florence. Carregado de
sensualidade e luxuria. Aprofundo mais ainda e a carrego para meu quarto,
coloco ela na cama com cuidado e tiro minha camisa. Volto a beija-la e desço
para seu pescoço, lambendo até o limite de seu vestido, sinto ela se mexer e
vejo que está levantando o vestido e com um só golpe eu o arranco por sua
cabeça e volto a beija-la. A lingerie preta tem um contraste incrível com sua
pele branca, nossos corpos têm um contraste incrível.
Tirei seu sutiã com uma habilidade que eu nunca tive e ela riu, que risada
gostosa, lambi um mamilo e ela se arrepiou, tendo quase a mesma reação que
teve na primeira vez, só que dessa vez ela não me parou e nem me empurrou,
apenas soltou um palavrão e gemeu. Fiz uma trilha com a língua até a base de
sua calcinha e a rasguei num golpe só, Florence soltou um gritinho seguido de
uma risada e eu a abocanhei, seus dedos passaram na minha cabeça e ela se
abriu mais pra mim dei uma olhada pra cima e Florence segurava um seio e
gemia suave, coloquei um dedo dentro dela que estremeceu e então coloquei
mais um e outro, alcancei seu ponto G e enquanto chupava seu ponto de
prazer, mexia os dedos com certa habilidade, senti ela contrair mais ainda e
tirei os dedos.
Ela soltou um palavrão me xingando e eu já estava voltando com um
preservativo nas mãos, Florence me bloqueou de colocá-lo e me jogou sentado
na cama, veio engatinhando como uma felina faminta e segurou meu membro
bombando um pouco e então passando a língua pela cabeça, foi abocanhando
tudo e não entrou por completo. Não quero me gabar, mas tenho um
instrumento um pouquinho maior que o normal, nada exagerado. Sentir a boca
de Florence em mim foi o auge do meu mês inteiro, que boquinha gostosa e ela
sabe usar direitinho, se continuasse mais um pouco eu gozava ali. Coloquei ela
deitada de novo, coloquei a camisinha e fiquei por cima, pincelei sua buceta e
senti ela tremer ao sentir meu toque, me posicionei em sua entrada e deslizei
pra dentro dela.
― Porra Florence, muito apertada. – Minha voz saiu como um urro e ela gemia
conforme eu me mexia lento dentro dela.
Ali naquele momento, vendo Florence se entregando a mim, soube com a
certeza total que eu sou dela com todas as minhas forças. Nunca me senti
assim com mulher nenhuma. Acelerei um pouco e Florence se mexeu em
sincronia aos meus movimentos.
― Mais rápido, por favor. – Soltou com um gemido e isso me transformou.
Acelerei mais e continuei acelerando conforme os gemidos dela aumentavam.
– Aaaah, Jackson, mais, por favoooooor. – Que gemido gostoso da porra.
Essa mulher é uma Deusa do sexo, puxei-a e a coloquei sentada em mim, vi o
sorriso em seus lábios e ela deslizou pra baixo engolindo meu pau. Segurou os
cabelos e enquanto os prendia novamente cavalgou, assim que terminou ela
me olhou com olhos de demônio. Um demônio lindo e sexual, me cavalgou
com mais força e mais rápido, sua bunda dançava com os movimentos e eu
não tirei minhas mãos de sua cintura em momento algum, segurei um pouco
ela fazendo-a parar e bombei forte dentro dela, a respiração ficou ofegante e
me apertava muito dentro dela.
― Goze, Florence! Goze pra mim. – Pedi e ela se entregou soltando um
gemido mais forte ainda e quicando com mais força. O corpo tremeu e eu a
abracei trazendo-a para deitar em mim, bombei mais um pouco e gozei em
seguida. Florence estava mole em meus braços e o quarto inteiro cheirava a
um mix de sexo, perfume dela e meu.
Depois de mais duas, Florence apagou em meus braços e eu também dormi.
Como nunca havia dormido na vida, calmo, sereno, satisfeito e feliz.
Capitulo 12

Acordei com as pernas doloridas e um cansaço que poderia me deixar


dormindo por dois dias seguidos. Respirei fundo antes de abrir os olhos e senti
um perfume gostoso, uma superfície rígida e macia ao mesmo tempo, um calor
que emanava e uma mão na minha cabeça.
Puta Merda! Puta merda! Eu dormi com Jackson. Fiz o que não podia, como eu
pude? Que grande merda.
Tento de desvencilhar de seus braços, mas eles são fortes e potentes. Jackson
se mexe um pouco e me puxa de volta, faz força para abrir os olhos e com a
outra mão ele coça os mesmos. Vejo a hora em que seu olho abre e ele sorri
se deparando comigo em sua frente. Num movimento rápido e certeiro sinto ele
me virar e me deixa de conchinha com ele. Sinto sua breve ereção e me afasto
um pouco.
― Jackson. – Chamo. – Precisamos conversar. – Falo lembrando do acordo
que fizemos ao iniciar nossa segunda transa.
― Pode falar. – Coloca o nariz em meus cabelos e respira o meu cheiro.
― Você sabe que depois que eu voltar pros Estados Unidos, isso aqui nunca
mais vai acontecer, não sabe? – Falo com uma certeza que não tenho.
― Claro que sei Florence, mas para de pensar nisso agora e curta o momento.
Ainda temos um dia. – Ele diz certo e continua com olhos fechados me
arrastando em direção a seu corpo.
― Jackson, eu preciso tomar um banho e me arrumar, hoje tem o desfile da
Angel. – Falo tentando sair de seus braços.
Eu estou sentindo uma alegria que há muito tempo eu não sentia, a alegria que
quase me matou um dia. Eu não posso me permitir ser destruída, não posso
perder meu reino, quem assumiria no meu lugar? São esses pensamentos que
me assombram todos os dias. Com muito custo eu consegui sair de seus
braços, vesti a camisa de Jackson e sai sorrateiramente do quarto dele e fui
pro meu, me sentindo confortável demais na blusa dele, me sentei na cama e
sorri. Eu não posso me apaixonar, não posso ser atraída pelo proibido mais
uma vez. Deixei meus pensamentos de lado e fui pro banho, deixei a água fria
escorrer pelo meu corpo e permaneci de olhos fechados apenas escutando a
música que saía de minha JBL e a água forte. Me desliguei totalmente e viajei,
até ser puxada e colada em um corpo forte e quente, Jackson simplesmente
invadiu o box, me fazendo bambear as pernas ao lembrar de quantas vezes
gozei com ele dentro de mim, com a língua em mim.
― Ainda não consigo ficar longe de você. – Sussurrou com a voz grossa e eu
me mantive bem quieta. – Olhe pra mim, Florence! Deixe-me ver você. – Me
virei pra ele e foi impossível não encarar sua ereção. – Para mim, Florence.
Meu deus, mulher. Você é viciada nele. – Disse rindo e eu finalmente, com
muito esforço, consegui olhar em seus olhos.
Ali eu me perdi e ele já me beijou entendendo o que eu pedia com o olhar.
Desceu uma mão e beliscou meu mamilo, desceu mais um pouco e roçou o
dedo em meu ponto de prazer, tive um sobressalto ao sentir o quão sensível
ainda estava e ele sorriu percebendo isso. Seu dedo me invadiu lentamente e
em pouco tempo eu já estava me escorando em seu corpo e sentindo a
voracidade de sua mão, desci minha mão para seu membro e comecei a
bombar no mesmo ritmo, já com três dedos dentro de mim e meu ponto G
sendo estimulado com sucesso enquanto meu pontinho era massageado por
seu polegar, intensifiquei os movimentos de minha mão e ele também, me
fazendo assim tremer e me agarrar mais ainda nele no exato momento que
gozei.
Não ia deixar ele na mão nesta altura do campeonato e o abocanhei sem que
ele esperasse, Jackson é um homem enorme com um pau de tamanho
proporcional a ele ou até um pouco maior que o normal, chupei ele com
maestria e logo senti ele latejar e intensifiquei meus movimentos com a boca,
percebi que ele ia tirar o pau para gozar e não deixei, continuei chupando e
logo ele jorrou em minha boca, engoli aquele liquido grosso, lambi os lábios
olhando pra ele e sorrindo, ele me ajudou a levantar abismado com minha
audácia e me puxou me beijando.
Confesso que fiquei bem impressionada com isso, maioria dos homens hoje
não gostam de beijar a mulher depois que ele goza na boca dela, assim como
tem muitas mulheres que não gostam de serem beijadas depois que o homem
faz o oral nelas. Eu acho besteira...
Passamos o restante do banho trocando beijos e ele esfregou minhas costas
de um jeitinho tão carinhoso e cuidadoso que eu quase derreti, tem muito
tempo que não sou tratada assim. Saímos dali e Jackson foi pra seu quarto
enrolado na toalha, eu sentei para me arrumar e nem minha roupa havia
escolhido ainda. Depois de uma hora e meia ouço uma batida na porta e me
viro vendo Jackson colocar a cabeça pro lado de dentro.
― Pronta? – Perguntou entrando e sentando ao meu lado.
― Só estou refazendo o batom, eu sempre esqueço de escovar os dentes
antes de fazer a maquiagem. – Reviro os olhos pra mim mesma perante o
espelho. – Cadê sua gravata?
― Aqui! – Ele ergue a gravata para que eu possa ver. – Eu vim pedir para que
colocasse em mim, eu nunca consigo colocar essa coisa. – Ele bufa olhando
pra peça em suas mãos.
Termino de retocar meu batom e jogo um spray fixador de maquiagem no
rosto, Jackson está me olhando como quem tenta entender algo e eu reviro os
olhos pra ele que ri logo em seguida.
― Coisa de mulher. Da aqui essa gravata. – Falo estendendo a mão pra ele e
me levantando, faço sinal para ele continuar sentado e assim ele faz. Termino
o nó na gravata e alinho novamente seu smoking. – Prontinho, agora eu vou
pôr a roupa, o sapato e podemos ir. – Falo tirando o roupão e ficando somente
com uma lingerie preta de renda, Jackson me olha com desejo e eu o ignoro.
Pego meu look montado e vou até o banheiro fechando a porta. Coloco o
vestido e o salto, a bolsa já está arrumada e a penduro no ombro, pego o
batom e coloco dentro dela, por último eu passo o perfume e Jackson ainda
está aqui observando cada movimento meu.
Chegamos no Local do desfile e assim que falamos nossos nomes a nossa
entrada foi liberada, falei uma coisa no ouvido do segurança e recebemos uma
pulseira que dizia VIP e tinha nossa localização. Fui encaminhada para uma
salinha onde tinha uma mulher vestida também como segurança, puxei um
pouco a fenda do vestido e na minha perna direita tinha um coldre de perna
com uma Glock .40, peguei os documentos necessários em minha carteira e
depois de analisar tudo, a mulher liberou nossa entrada. Jackson estava
paralisado.
― Porque você carrega uma arma com você? – Perguntou nervoso assim que
saímos da sala.
― Jackson, sou uma mulher milionária, cheia de inimigos e chefe da maior
organização em tráfico das Américas, você acha mesmo que eu vou ficar em
um lugar público totalmente desarmada? – Pergunto baixo em seu ouvido num
tom de sarcasmo.
― Mas isso aqui é um desfile de moda. – Diz fazendo gesto para o lugar. – O
que poderia acontecer de tão ruim?
― Em 2015 houve um atentado a uma emissora que fazia a cobertura da
semana da moda de Milão. – Falei parecendo óbvia. – Isso ser um desfile não
significa que estamos em segurança, diversas pessoas que não conhecemos
estarão aqui hoje e nós não sabemos com o que essas pessoas são
envolvidas. Quem vai imaginar que sou tão poderosa quanto pareço? –
Pergunto dando uma voltinha na frente dele que me puxa pela cintura colando
o corpo no meu.
― Poe poderosa nisso. – Ele diz tentando me beijar, mas eu desvio e o encaro
séria.
― Jackson, nós não somos um casal, o que temos é somente sexo temporário,
já, já isso acaba, eu volto pro meu país e você vai continuar aqui com a sua
vida. – Falo isso de forma séria e ele apenas me olha. – Não se iluda com algo
que não vai acontecer, vai ser pior pra nós dois. – Ele faz um sinal com a
cabeça e caminha do meu lado.
― Apenas sexo... – Sussurra no meu ouvido. – Onde iremos sentar? Pergunta
olhando a pulseira em seu braço.
― Meu assento é de número 15 na fileira 6 e o seu?
― 14/6. – Respondeu procurando os nossos assentos do lado errado da
passarela. – Mas aqui só vai até o número cinco. – Diz confuso.
― É do outro lado, Jackson, primeira fileira do outro lado. – Explico rindo de
sua expressão confusa. Jackson me segue e faz um comentário sobre nossos
lugares serem ótimos.
Angel foi bem especifica quando disse que iria colocar um lugar na frente da
passarela para que eu a visse muito bem e ela realmente fez isso, primeira
fileira, cinco assentos reservados para convidados dela. Eu, Kobe, Jackson,
Mike e? Quem é a quinta pessoa? Fiquei com isso na cabeça e logo Kobe
chegou sentando ao lado de Jackson, me cumprimentou e iniciamos uma
conversa descontraída. Pouco tempo depois ouvi o aparelho de detecção de
metal apitar bem alto e todos olharam em direção a entrada, Mike estava
retirando sua Glock da cintura e colocando sobre uma bandeja, em seguida ele
mostrou um documento ao segurança que o cumprimentou rindo e apertando
sua mão, Mike pegou suas coisas e veio em nossa direção.
― Boa noite a todos! – Disse com seu charme habitual e o sorriso. Todos
respondemos e ele me deu um abraço apertado assim que eu me levantei, fez
um aperto de mão com Kobe e Jackson e sentou-se ao lado de Kobe.
― Porque você trouxe uma arma? – Perguntei assim que ele se acomodou.
― Porque estou de serviço e preciso ficar armado o tempo todo. – Respondeu
com tranquilidade.
― Serviço a mando de quem? – Perguntei incrédula não acreditando que ele
estava fazendo a segurança de outra pessoa que não fosse eu. Já que eu o
havia dado folga para que ficasse com Angel.
― A mando do contrato que eu tenho com você. Você não percebe, mas eu
estou sempre na sua cola. – Ele diz convencido, dá uma piscadinha pra mim e
ri debochando da minha expressão surpresa com o que acabei de ouvir.
― Temos os seguranças de Jackson! – Digo tentando argumentar.
― Os seguranças de Jackson ficam do lado de fora do evento, eu estou
sempre do lado de dentro. – Mike diz convencido.
― E eu quero saber de homens na minha cola? – Jackson entra na conversa.
― Contrate mulheres então. – Mike diz com obviedade.
― Mulheres não dariam conta da segurança de um cara como eu – Jackson
diz fazendo eu e Mike cairmos na risada. – Do que estão rindo? – Ele parece
confuso.
― Cara, mulheres são até mais duronas que homens, justamente por serem
tratadas com tanta descrença. Já vi mulher com uma pistola enfrentar homens
com fuzis. Tudo depende do treinamento daquela mulher. – Mike diz e me olha
em reverência. Dou um leve sorriso e olho para frente fingindo desinteresse no
assunto.
Passam-se mais alguns minutos e uma pessoa chega e me cumprimenta com
um beijo na mão e fala com os rapazes com um cumprimento. A quinta pessoa
da reserva de Angel é ninguém mais ninguém menos que Jesse, me sinto em
uma saia justa estando sentada no meio de dois jotas. Jesse sentou ao meu
lado esquerdo onde sua pulseira indicava, neste momento senti a tensão vinda
do corpo de Jackson e a confiança vinda do corpo de Jesse que logo repousou
sua mão em minha perna nua pela fenda do vestido, ouvi Jackson bufar ao
meu lado e se levantou levando Kobe junto com ele. Um garçom passou por
ele e o serviu de uma taça de champanhe e logo veio em nossa direção
servindo do mesmo. As luzes apagaram e o desfile logo começou, Jackson
ainda não tinha voltado e tive a estranha sensação de que ele havia ido
embora.
Crise de ciúmes? Eu não podia acreditar. Fui bem clara quando disse pra ele
que era apenas sexo e não tenho culpa dele ter se envolvido sem antes saber
o que realmente iria acontecer. Sentimento é mesmo uma droga.
Capitulo 13

O dia com Florence foi incrível e eu não esperava mesmo que ela fosse se
entregar como se entregou. Depois que ela saiu do meu quarto vestindo
apenas minha camisa eu continuei deitado por mais um tempo e ainda sem
acreditar no que tinha acontecido e em como Florence apagou nos meus
braços depois de gozar tantas vezes, me levantei apenas de cueca e fui até o
quarto dela, eu estou com saudade do perfume dela, da sensação que é ter a
pele dela em atrito com a minha.
Ela estava no banho com a música alta como sempre, entrei no banheiro que
ela nem ouviu, estava linda com a cabeça pendida para o chão, apoiando o
corpo com as mãos no alto da parede enquanto a água escorria por todo seu
corpo, arranquei a cueca e entrei no box, ali eu possui seu corpo novamente e
sai satisfeito indo me arrumar em meu quarto e a deixando.
Florence está incrivelmente linda, por mais que eu ache que esta roupa está
indecente, ela é dona de si e usa o que bem quer. Assim que chegamos ao
desfile, ela me surpreende sendo encaminhada até uma sala onde uma mulher
provavelmente irá revista-la, mas por incrível que pareça ela puxa a cauda do
vestido deixando a outra perna visível e ATENÇÃO: Ela está com uma arma
enorme pendurada em um coldre na perna. Eu fiquei assustado e ao mesmo
tempo excitado, porra, essa mulher me surpreende em cada minuto que fico
perto dela.
Depois de justificar a mim o porquê ela carrega uma arma em um DESFILE,
nós seguimos em frente e achamos nossos assentos, Kobe e Mike chegaram
logo em seguida com uma diferença pequena de tempo. Estava conversando
com Kobe e falando sobre levantar para pegar uma bebida enquanto o desfile
não começava quando Jesse chegou, então o lugar vago que tinha do outro
lado de Florence era dele.
O que me deixou mais revoltado foi ele colocar as mãos na perna nua dela,
Kobe disse que no dia que cheguei atrasado a empresa, ela havia almoçado
com Jesse que apareceu por lá e eles transaram, mas que Florence terminou o
relacionamento que ele achava que tinha com ela e ele havia levado numa boa,
querendo apenas ter sexo com ela também. Kobe tem um dom de persuasão
incrível, fez com que ela confiasse algumas informações a ele que logo me
contou tudo. Após ver a ceninha de Jesse, me levantei puto e puxei Kobe pra
vir junto. Fomos até a área de fumantes e Kobe acendeu um cigarro sem tirar
os olhos de mim.
Dei um gole no champanhe que peguei enquanto saía de perto da passarela e
desviei o olhar de Kobe que soltou uma risada abafada.
― Qual é, meu irmão? – Disse me forçando a encara-lo. – Crise de ciúmes? O
que está rolando que eu ainda não sei? – Perguntou me lembrando que ele
ainda não sabia o que tinha rolado comigo e Florence.
― Ciúmes não, só acho que ele é um branquelo arrogante. – Digo tentando
controlar um palavrão.
― Branquelo arrogante? – Kobe pergunta rindo. – Vai, amigo. Conte-me o que
te aflige nesta noite. – Diz ainda rindo e se escorando numa parede onde eu já
estou escorado.
― Aconteceu! – Olho pra ele esperando sua reação, ele fica tentando entender
e logo sua ficha cai e ele arreganha um sorriso empolgado e faz uma dancinha.
– Para de ser infantil, Kobe. – Repreendo-o.
― Irmão, porque você não me ligou pra me contar? Quando isso aconteceu? –
Kobe mal consegue conter sua animação e confesso que se estivéssemos a
sós eu também estaria pulando, rindo e falando alto.
― Cara, depois do jogo eu fui até o quarto onde ela está dormindo e aí a gente
acabou trocando uns beijos, quase transamos, mas ela me empurrou
assustada e eu achei melhor não forçar nada, só voltei pro meu quarto. – Kobe
ouvia com os olhos arregalados. – No dia seguinte ela me chamou pra
conversar depois do café da manhã e lá no escritório nós quase transamos de
novo, o celular dela tocou e ela saiu do clima. – Ele colocou a mão na testa
desacreditado e eu continuei. – Ela está com uma blusa minha e quando entrei
no quarto dela ontem, ela estava tendo um pesadelo, vi ela abraçada com
minha camisa e se acalmou quando sentiu meu perfume. Eu deitei ao lado dela
e a abracei até que ela parasse de tremer, depois sai e voltei ao meu quarto.
Quando foi hoje, estávamos conversando na mesa de café e ela comentou
sobre ter sentido algo enquanto dormia e eu a provoquei, ela ficou irritada e
saiu da mesa, eu fui atrás e beijei ela no corredor dos quartos, dali foi sexo a
tarde inteira e agora a pouco teve mais no banho. – Kobe fez um sinal de
vitória e riu me dando um abraço.
― Caralho, Jack, você não sabe a sorte que tem. Essa mulher parece ser
matadora. – Me lembrei da pistola que ela carrega na perna e dei risada.
― Ô se é. Só que ela foi bem clara quando disse que era só sexo e eu
concordei em deixa-la em paz depois que ela voltar pra América. – Coloquei as
mãos no bolso e encarei o chão.
― Então você vai ter que conquistar ela sem ela saber que é você. – Pensei
em algo que poderia ser loucura colocando em prática, mas na minha cabeça
era uma ideia genial. – Procura saber o que ela gosta, os costumes, alguma
coisa vai te ajudar a conquista-la, fale com Angel, ela talvez ajude. – Kobe está
mais animado do que eu e entendo isso, ele sempre quis uma cunhada que
prestasse, e Florence presta.
― Tenho algumas coisas para te falar sobre ela. – Alerto e ele me olha me
dando autorização pra começar a contar tudo e assim eu faço. Solto tudo que
sei sobre ela, sobre o tal Malik, o acidente e o tal Danny que ainda não
descobri quem é. Contei sobre a cicatriz que ela tem no lado esquerdo nas
costas, a que tem logo abaixo de sua barriga, falei sobre as diversas marcas
que ela tem nos braços que são quase imperceptíveis todas elas, mas eu
reparei bem enquanto ela dormia em meus braços.
― Cara, essa mulher foi pra guerra? – Kobe ri e coloca a mão na boca. – Pra
que tanta cicatriz?
― Eu sei lá. Mas deve ter sido consequência do acidente. – Digo olhando em
direção a passarela onde várias mulheres e homens desfilam. – Vou precisar
de seu dom para poder descobrir mais coisa sobre ela.
― Beleza, mas como eu vou fazer isso? – Expliquei todo meu plano a ele que
achou loucura total, mas acatou sabendo que eu não desistiria disso nem se eu
morresse.
― Cara, só cuidado pra não fazer tudo isso e no final ela ficar com o branquelo
arrogante. – Ele conclui dando um tapa em minhas costas.
― Ela já provou o néctar do negão aqui. – Falo convencido. – Acha mesmo
que ela vai querer aquele leite de pica? – Falei apontando na direção onde
estávamos sentados. – Mulher gosta de chocolate até quando está na TPM,
Kobe. Aprenda isso e terá sucesso entre elas. – Brinco com ele e seguimos em
direção aos nossos assentos. Não pude deixar de reparar mais uma vez em
como Florence é elegante e está extremamente linda hoje, segurando sua taça
de champanhe, ela comenta algo com Jesse que bebe um suco e concorda
com o que ela disse. Me sento e observo as pessoas na passarela, os flashes
não param e aquela música me irrita um pouco.
Após uma longa remessa de roupas, Angel apareceu de novo e assim que ela
voltou, mandou um beijinho pra amiga que retribuiu. A próxima modelo entrou e
eu me levantei indo lá fora tomar um ar, fiquei no celular por alguns minutos e
logo Florence apareceu.
― Gostando desse evento de mulherzinha? – Perguntou brincando.
― Até que é interessante. – Ela me olha sem acreditar no que eu disse. – Na
verdade, seria muito mais interessante se eu soubesse o porquê as pessoas
desfilam com essas roupas se ninguém acha bonito e ninguém vai usar na rua.
– Explicou a verdade e ela ri.
― Eu também não entendia muita coisa quando Angel me convidou para seu
primeiro fashion week, mas ela me explicou que eu não devo prestar atenção
na roupa e sim no conceito daquilo, no tipo de tecido, nos decotes, nos
modelos, os acessórios também tem papel importantíssimo num desfile, os
movimentos e cores das roupas, as estampas. – Explicou. – Não quer dizer
que você vai ver uma pessoa vestida com uma armação cheia de arreios de
couro caminhando pela rua amanhã ou depois. Aquilo ali mostrou que na
coleção nova do estilista, vamos ver bastante couro, roupas com fivelas ou até
mesmo sapatos, um modelo especifico de vestido ou calça. Eu me interessei
em dois ou três. – Ela diz apontando pra passarela e eu solto uma risada
chamando sua atenção para minha boca.
Chego mais perto dela e quando nossas bocas estão a centímetros de
distância eu paro.
― Aqui não. – Sussurro e ela solta um sorriso, totalmente entregue a mim.
Puxo-a para um lugar vazio e a devoro, sua boca está mais suculenta que o
normal, é o gosto do champanhe. Ela retribui meu beijo na mesma intensidade
e eu aperto sua bunda, Florence tem muita bunda e eu adoro isso. Ela puxa
mais meu pescoço para si e aprofunda mais ainda nosso beijo, meu pau está
quase rasgando a calça e ela desce uma mão até ele apertando com força, me
deixando mais louco ainda. Puxo ela até uma escada que tem ali e olho ao
redor pra ver se tem câmera e não há nenhuma ali.
Coloco-a na escada e ela se ajeita como se estivesse deitada, pego um
preservativo na carteira e coloco rápido, fico por cima dela e a penetro. Ela
solta um gemido fraco e isso acaba mais ainda com meu controle, começo com
um vai e vem gostoso e ela morde a mão para não gemer mais alto, ela é
escandalosa na cama, na escada não iria ser diferente, só que aqui tem muita
gente. Acelero e intensifico meus movimentos vendo Florence desmanchar
num orgasmo que a faz sorrir e revirar os olhos, não suportando essa imagem,
gozo junto com ela e saio de dentro dela em seguida.
― O intervalo acabou. – Falo removendo a camisinha e amarrando-a, Florence
se ajeita e pega um espelho em sua bolsinha, corrige o estrago que os beijos
fizeram em seu batom e me encara rindo.
Jogo a camisinha enrolada em um lenço de papel que ela me deu na primeira
lixeira que vejo e depois que Florence sai por um lado, eu saio pelo outro. Volto
para meu assento e ela não está sentada.
― Onde está Florence? – Pergunto alto o suficiente para Jesse e Mike
ouvirem, ambos dizem não saber e eu dou de ombros. – Sexo na escada. –
Sussurro no ouvido de Kobe que me olha incrédulo.
― Que mulher! – Sussurra de volta e eu dou um sorriso, sinto o perfume dela e
quando olho pro lado vejo a caminhar até seu assento com um sorriso de
satisfação no rosto.
― Onde estava? – Pergunto e ela arqueia as sobrancelhas.
― No bar. Precisava esticar as pernas. – Se senta e encosta a perna na minha.
Dou aquele sorriso interno e o desfile volta a acontecer.
Sexo na escada... De todas as mulheres que já saí, a mais viciada em sexo e a
mais doida de topar trepar numa escada, com toda certeza é Florence.
Capitulo 14

Depois do desfile e do sexo na escada, fomos a um bar com Mike e Angel,


Jesse não pode ir porque pegaria o avião essa madrugada ainda. Meu voo
junto com Angel e Mike sai às dez da manhã então não podemos ficar muito
tempo aqui no bar, depois de algumas cervejas e risadas dos tombos das
modelos, seguimos o caminho de casa e acabei pegando no sono no meio do
caminho, acordei no meio da madrugada com um golpe de ar gelado atingindo
minhas pernas.
Abri os olhos e estava em meu quarto na casa de Jackson e o mesmo estava
atrás de mim, me abraçando e dormindo tranquilamente. Me mexi um pouco e
ele se mexeu ficando de barriga pra cima, levantei-me e fechei a porta da
varanda, o tempo mudou e o calor que fazia se tornou num frio extremo. Olhei
as horas no celular e marcavam três e meia da manhã, arrumei minha mala e
coloquei junto a porta, separei a roupa que eu embarcaria e deixei tudo pronto
em meia hora. Sentei-me na beira da cama e lembrei de cada orgasmo que tive
com Jackson, cada um sendo único, já estava excitada a essa altura e me
deitei ao lado dele sem encostar.
Fiquei o observando dormir e coloquei as mãos em seu peito nu, a pele se
arrepiou ao meu toque e uma breve ereção chamou-me atenção,
sorrateiramente eu baixei sua cueca e o abocanhei, estou abusando deste
homem enorme pela última vez e vou fazer isso com estilo.
Fiz movimentos precisos com a boca e foi só quando passei os dentes de leve
sobre a cabeça que ele acordou e seu pau ficou totalmente rijo, dei um sorriso
diante desta cena e o chupei com mais vigor, ela soltava gemidos guturais e
falava coisas safadas que me molhavam mais ainda. Quando percebi que
estava a ponto de bala, levantei, passei a mão na menina por cima da calcinha
e molhou mais ainda o tecido, tirei e entreguei a ele que levou ao nariz
fechando os olhos e assim que os abriu de novo se deparou comigo pronta pra
sentar nele.
Assim eu fiz e encaixei seu membro na minha entradinha, desci numa lentidão
torturante e quando ia tirar a camisa ele me parou.
― Fique com ela, quero lembrar de você me cavalgando com minha blusa. –
Dei um sorriso safado e apoiei as mãos em seu peito para ter um melhor
movimento da cintura enquanto sentava nele.
Meus gemidos são altos e os dele também, apoio os braços no colchão com o
corpo inclinado para trás e sinto ele se mover rapidamente dentro de mim,
coloco uma mão em meu ponto de prazer e massageio intensificando meu
clímax e me desmanchando em seu colo. Me deitei entre suas pernas com ele
ainda dentro de mim e controlei a respiração recuperando o folego, é uma
posição gostosa, mas cansa muito. Jackson aproveitou minha posição e pegou
meus pés fazendo minha excitação voltar e meu corpo arrepiar, permaneci
imóvel e ele continuou mexendo em meus pés. Senti um puxão pelas pernas e
o membro dele tomando espaço dentro de mim, fui posta deitada na cama e
ainda sem nos separar, Jackson ritmou forte e eu me abria mais ainda pra ele.
Coloquei meus pés em seus ombros e ele bombou mais forte, puxando meus
pés e enfiando na boca meus dedos, mudamos de posição e ainda por cima
ele diminuiu a velocidade e começou a me beijar, saia da minha boca e ia para
meu pescoço e minha orelha, mordendo, lambendo, chupando e deixando seu
perfume em mim.
Percebendo que meu orgasmo se aproximava, ele saiu de dentro e me chupou
me fazendo estremecer em sua boca, mal respirei e já fui invadida novamente,
com todo cuidado ele começou a bombar de novo e cada vez mais rápido, meu
corpo avisou e logo o orgasmo mais arrebatador que tive na vida me
preencheu e eu soltei um esguicho, Jackson também gozou e descansou no
vão do meu pescoço. Nos deitamos abraçados e ele logo pegou no sono, olhei
as horas no celular e já eram cinco da manhã, fiquei por mais meia hora ali e
fui pro banheiro, senti algo escorrendo em minhas pernas e me dei conta da
merda que havia feito. BURRA. Como pude ser tão imprudente? E se ele tiver
alguma doença? Senhor, o que eu fiz?
Tentei me acalmar e entrei no chuveiro me lavando bem com sabonete íntimo,
como se isso fosse eliminar algum tipo de vírus sexual. Terminei meu banho
em silencio e me vesti, peguei tudo que me pertencia naquele quarto, olhei
Jackson deitado de bruços num sono pesado e minha calcinha do seu lado, dei
um sorriso e desci as escadas. Me despedi de Yolanda e pedi para que
avisasse a Jackson quando acordasse que eu já havia ido ela insistiu para que
eu tomasse café, mas eu já estava atrasada, Mike já havia me mandado
mensagem e estava chegando por aqui.
Depois de meia hora no carro conversando com Mike e Angel, chegamos ao
aeroporto e Mike se encarregou de todo o protocolo, comecei a conversar com
Angel contando o que rolou e ela só sabia rir e pular de alegria.
― Mas amiga, e se você engravidar? – Me olhou desesperada.
― Não corro esse risco, meu medo é alguma doença. – Respondo enfiando as
mãos nas luvas. O frio estava intenso.
― Florence, já fazem quase seis anos, não acha que seu útero já teve tempo o
suficiente para se recuperar? – O olhar de Angel é um olhar de compaixão e
esperança.
― Angelique, eu faço exames periódicos, a endometriose só piora mesmo com
tratamento, eu saberia se fosse fértil. – Respondo irritada.
― Não me chame assim. Este nome é terrível. – Dramática fazendo cena de
choro.
― Você é modelo, não atriz. Não força. – Falo com desdém. – Coloca na sua
cabeça que você não vai ser madrinha de um filho meu, meus pais não serão
avos e meu irmão não será tio. Meu reinado não terá um herdeiro de sangue e
provavelmente vai ser arruinado por quem colocar as mãos. – Disparo com as
palavras e Angel me olha assustada e triste ao mesmo tempo. Me puxou para
um abraço e eu desabei em seus braços. – Porque eu tenho que ser tão
infeliz? Porque eu não posso ter uma vida normal? – Choro em seu ombro.
― Amiga, calma. Isso vai acabar, vai chegar um tempo em que você conseguir
engravidar. Vai ter sua família. Eu te prometo isso. – Angel tenta de todas as
formas me acalmar e eu me lembro do cheiro de noz moscada, sândalo e
madeira. Isso me acalma, esse perfume.
Abro os olhos procurando ao redor e vejo pessoas, mas não o dono do
perfume que eu gosto. Sou arrastada para o banheiro por Angel que me força a
me recompor e parar de chorar.
― Deixa pra você chorar quando chegar em casa. Aqui não, você está
pleníssima numa calça da Versace, um casaco da Fendi e botas Yves Saint
Laurent, seu look dá pra comprar 5 casas e você não vai chorar neles. – Ela
me encara pelo o espelho enquanto eu faço o mesmo.
― Chata. Reclama que eu nunca choro e agora manda eu parar de chorar. –
Ela me mostra a língua e eu mostro o dedo do meio. – Preciso de álcool.
― Só quando estivermos em casa, eu fico lá com você comendo besteira e
bebendo vinho. – Ela me puxa pra fora do banheiro e encontramos Mike em
uma mesa com três cafés e alguns croissants. Como não tomei café ao sair de
casa, me sentei e devorei o que consegui.
Doze horas depois, estou em Miami indo em direção a porta de minha casa.
― Amiga, ainda tenho roupas aqui? – Angel pergunta enquanto entramos pelo
hall.
― Logico, e se nenhum couber em você, usa as minhas, mas Angel, não
precisa ficar, pode ir com Mike. Vocês precisam se curtir. – Ela revira os olhos.
― Não quero te deixar sozinha. – Diz me abraçando.
― Ela não vai ficar sozinha, ou eu sou uma mosca aqui dentro? – A voz de
Isac surge pelo hall e eu já me viro sorrindo e indo abraça-lo. – Minha querida,
Fendi, Versace e YSL juntos? – ele se afasta um pouco olhando minha roupa.
― Eu estava com preguiça e poucas opções. Levei só uma mala, lembra? –
Tentei justificar.
― Ah não, não estou julgando, estou muito impressionado com a beleza que
você exibe nessas roupas. – Ele diz com seu jeito meigo.
― Problema resolvido. – Digo. – Angel, você vai com Mike e eu fico com Isac,
fiquem para comermos algo e depois estão liberados. – Eles concordam
comigo e seguimos até a sala de jantar.
Isac sabia a hora que chegaríamos e preparou algumas coisas para comermos.
Obvio que ele se sentou conosco a mesa e ouviu todas as novidades sobre a
Fashion Week.
― Como modelo eu posso dizer que foi o melhor desfile da minha vida. – Angel
disse mordendo um pãozinho. – Sem contar que tanta coisa engraçada e
inédita aconteceu. Acredita que eu soube que um casal trepou na escada de
serviço? – Ela diz e me faz um sinal sem que ninguém perceba, eu começo a
rir junto com todos.
― Tem doido pra tudo hoje em dia. – Digo disfarçando.
― Esse casal é bem meu tipo mesmo. Se eu estiver em qualquer lugar com um
boy e o tesão for grande, vai ali mesmo. Quero nem saber de ninguém e nem
de nada. – Diz rindo junto conosco.
Depois que Angel e Mike vão embora, Isac e eu seguimos até meu quarto para
desfazermos as malas. Como eu levei pouca roupa, uma mala coube minhas
roupas e meus sapatos, só ficou mais cheia pelas compras que fiz por lá, Isac
apaixonado pelos novos itens adquiridos, puxou uma camiseta do fundo da
mala e me olhou com cara de quem diz: Vai me explicar eu vou ter que dar na
sua cara pra descobrir.
― Tenho tanta coisa pra te falar... – Falo sentando na cama e ele vem sentar
ao meu lado.
― Estou aqui pra isso. – Diz me entregando a camisa e eu a aproximo do rosto
sentindo o perfume dele. Conto a Isac tudo o que aconteceu e ele fica
boquiaberto. – Florence, querida, seis anos solteira em Miami e quando fica
quatro dias em Paris volta apaixonada? Eu realmente não te entendo, vou
morrer e não vou conhecer todas as suas personalidades. Você foi a musa
inspiradora de “Fragmentado” e eu tenho certeza disso. – Isac tem razão. Eu
nunca me apaixonei desde o acidente de Malik, não vai ser agora que vou.
― Você tem razão, não vou me apaixonar, não posso. – Pego a camiseta e
jogo na lixeira vazia ao lado de minha cama.
― Não foi isso que eu quis dizer. – Levanta e pega a peça. – Eu disse que
você realmente me surpreende por ter ido se apaixonar tão longe. – Ele se
senta novamente ao meu lado pegando minha mão e olhando fundo nos meus
olhos. – Florence, você é uma mulher incrível, uma mulher que me deu vida
quando eu mais precisei. Você merece alguém que te dê vida, merece alguém
que te faça feliz, como você me faz. Eu quero ver essa casa cheia de gente,
quero você dando festas. Você só trabalha o tempo todo, isso vai te matar. –
As palavras de Isac são sinceras, assim como os sentimentos dele por mim. Eu
o tenho como um irmão e ele tem a mim como uma irmã. Quando ofereci a ele
um cargo na empresa, ele rejeitou, porque ele gosta daqui, gosta de estar
comigo o tempo todo.
― Isac, eu entendo o que todos querem, mas não é o que eu quero. – Dei uma
ênfase no EU. – Você acha que eu não quero ter alguém? Claro que eu quero,
mas eu não posso tirar o direito de procriar de uma pessoa. Se eu não posso,
eu que me foda com meu inferno sozinha, não tenho o direito de tirar isso de
alguém. – Digo ficando nervosa com a situação.
― Meu amor, eu sei disso. – Ele diz calmo. – Mas você também não sabe o
querer das pessoas. Se você não se relacionar, se não conhecer a pessoa, não
vai saber o que ela quer ou o que ela acha sobre isso. – Ele explica me
olhando enquanto eu ando de um lado para o outro.
― Isac, podemos terminar isso depois. Vou tomar um banho e deitar. – Digo
entrando no banheiro com minha caixa de som e meu celular que ainda está
desligado.
Após me despir ouço o barulho da porta se fechando e então deixo a banheira
encher. Sento no mármore frio com o celular na mão e vejo muitas mensagens.
De Kobe, Jackson, Mike e Angel. Respondo a todos e por último abro a de
Jackson, me surpreendi com a quantidade de áudios que ele enviou, pra que
isso?
“Porque não me acordou para leva-la até o aeroporto?”
“Porque foi embora sem se despedir?”
“Bom dia, Florence. Quando chegar em casa me avise.”
“Já fazem treze horas que chegou, aconteceu algo?”
“Quando ligar o telefone, me chame. Já estou com saudades”
Sem contar as mensagens escritas que ele mandou, mas o que acabou comigo
foi o “Já estou com saudades”, isso vai mesmo me destruir e eu estou
deixando.
Respondi ele avisando que minha intenção era deixa-lo descansando o
máximo, já que eu o acordara na madrugada. Lembrei-me do ocorrido e
mandei uma mensagem para Anne, pedindo para que preparasse tudo amanhã
porque eu faria um exame especifico. Tomei um banho relaxante e ao sair
coloquei apenas uma calcinha, em minha cama a blusa de Jackson estava
esticada e um bilhete por cima. “Permita-se, minha Flor. Com amor, Isac.”
Soltei uma risada fraca, apaguei tudo e me deitei com o perfume de Jackson.
São oito da manhã e eu já estou na empresa, bem vestida e calçada,
maquiagem leve e expressão pesada. Dormi por dez horas direto e por incrível
que pareça acordei péssima de humor e hoje ninguém deve se atrever a
atravessar meu caminho.
― Tudo pronto Anne? – Pergunto ao sair de minha sala e encontrar minha
secretária em pé com uma pasta nos braços ao lado de sua mesa.
― Tudo sim, senhora Florence. – Responde fazendo um sinal para que eu
fosse na frente.
― Vou precisar de sigilo total no que acontecerá hoje, Anne. – Informo
enquanto entramos no elevador privativo de meu andar.
― Sim senhora. O laboratório só vai precisar da assinatura da senhora para
realizar o procedimento. – Informa e eu concordo. Por fim chegamos ao andar
do laboratório e já sou recebida por algumas cordialidades exageradas que
torram minha paciência.
― Preciso que realizem um teste para todo e qualquer tipo de vírus ou doença,
IST, viral. Qualquer uma, e isso não pode sair daqui. – Digo ao entrar na sala
onde farão minha coleta de sangue.
― A senhora tem alguma desconfiança? – Perguntou uma das enfermeiras.
― Apenas uma medida protetiva, viajei para outro continente esta semana e
não custa nada me precaver. – Digo serena e ela dá início ao procedimento.
― Quer que faça quantas repetições? – A enfermeira pergunta enquanto
recolhe o segundo frasco de sangue.
― Pelo menos dez. – Informo e ela assente terminando de recolher o sangue.
– Peça para que todos se preparem, Anne. Teremos visita do banco de sangue
para colher as doações. As maiores informações de dia e horário serão postas
em cartaz no mural de eventos. – Saio andando em direção ao elevador.
― Sim senhora. – Anne confirma vindo atrás de mim.
― Lindas flores, Mila. – Digo ao passar pela mesa da segunda secretária do
meu andar e ver um lindo arranjo de Jacintos brancos
― São para a senhora, dona Florence. – Ela diz e eu gargalho.
― Desde quando eu recebo flores, Mila? – Pergunto voltando para a mesa
dela.
― Pelo o que parece, desde hoje. Tem um cartão aqui. – Ela diz pegando o
cartão do arranjo e me entregando ainda lacrado. A curiosidade nos olhos de
todos é evidente e eu apenas pego o arranjo e levo-o para minha sala.
“São para simbolizar a sua beleza, que me impressiona a cada dia, belo colar
inclusive. ― Um Admirador.”
Mas que insolência, me manda flores e não diz quem é. Se ele reparou em
meu colar, pode ser um ladrão querendo me roubar de forma improvável, ou
realmente pode ser um admirador, alguém daqui da empresa ou da minha
equipe de segurança. Enfim, tenho muito trabalho a fazer hoje, começando por
colocar essas flores em um vaso com água.
Capitulo 15

Acordei às onze da manhã e não senti aquele corpo macio ao meu lado, dei um
pulo da cama e olhei as horas no celular. Ela já foi. Foi e nem se despediu de
mim, olhei ao redor do quarto e parecia vazio demais, na cama havia apenas a
calcinha dela. Fui até meu quarto e me vesti rápido, liguei para a casa de
Florence e pedi para falar com Isac.
― Olá, bom dia. Me chamo Jackson Hawks, Florence ficou na minha casa aqui
em Paris.
― Oh, sim. Houve alguma coisa com minha rainha? – Ele se desespera.
― Não, fique tranquilo. Eu preciso muito da sua ajuda com um presente que
quero dar a ela, mas por aqui é difícil de falar, será que você pode me dar seu
celular? – Peço rezando para que ele me ajude.
― Claro querido. Anota aí. – Ele passa o número e desliga.
Desço para tomar café e já mando mensagem pra ele pedindo desculpas pelo
horário, mas é tudo culpa do fuso. Explico toda a situação e ele não deixa
esconder a felicidade que sente, ele é como um irmão para Florence e é com
ele que eu tenho que me envolver primeiro. Falo pra ele tudo o que sinto e o
que aconteceu nos mínimos detalhes, pergunto sobre o acidente e ele não me
diz nada demais, só repete o que estava nos jornais da época, mas diz que se
eu realmente quero saber, preciso ter a confiança de Florence para que ela me
conte e assim que eu souber, vou entender o porquê dela ser assim.
Traço um plano com ele e receberei informações sobre ela. Ele disse que ela
tem um interesse estranho por flores e seus significados, e seria uma boa eu
começar elogiando a roupa do dia, como se estivesse por perto, o humor como
se tivesse falado com ela e essas coisas. Isac se encarregou disso já que eu
não vou estar disponível nos mesmos horários que ele. Amanhã nós daríamos
início a isso e eu já vou começar a organizar tudo para a migração da empresa
para os Estados Unidos, primeiramente irei precisar de um lugar fixo para
morar e isso o meu corretor já está organizando a essa altura, em uma semana
eu viajo para perto de Florence e mesmo assim ela não poderá saber, o que
me deixa bem frustrado por sinal.
Já é madrugada e Kobe me chamou para sair, por mais que eu não estivesse
afim, fiz um esforço e fui de encontro a ele e quando cheguei no bar ele estava
com uma bebida na mão já.
― E aí mano. – Falei fazendo um toque de mão. – Pediu o que?
― Pedi uísque. Vai querer o que? – Perguntou apontando um lugar a sua
frente para que eu me sentasse.
― Cerveja. – Falei me sentando e ele fez um sinal pro garçom pedindo a
cerveja.
― E ai, Florence já deu notícia? – Perguntou me olhando com atenção.
― Nada ainda, mas Isac falou que assim que eles chegarem por lá vai me
avisar. Eles devem chegar por volta das sete da noite de lá, ou seja, logo. –
Digo olhando no relógio.
― Certo. E aquela ideia de mudar a empresa pra lá? Ainda está de pé?
― Bem, andei pensando e acho que mudar pra lá não seria uma boa, mas abrir
uma filial. Afinal, precisamos estar calçados lá. – Explico.
― É, realmente seria melhor assim, podemos colocar somente um escritório,
ou apenas um pequeno prédio, não precisamos de muita coisa lá. Afinal, o
material que importa mesmo será levado direto pra Russ. Precisamos de
algumas salas e balcões, isso o corretor pode resolver a partir de amanhã. –
Nossas bebidas chegam e Kobe dá um gole antes de continuar a falar. – Mas o
que você pretende fazer em relação a Florence? Está mesmo convicto de que
ela esconde algo?
― Então cara, é complicado. Eu sinto uma coisa muito forte por ela, ainda não
sei dizer se é amor, mas eu sinto. E eu andei conversando com Isac hoje, ele
me disse que ela tem sim um segredo, que ele sabe, mas não vai me contar.
Segundo ele, eu preciso que Florence me conte e só aí ela confiará em mim,
não disse se é algo sujo, só disse que preciso apoia-la em tudo porque é isso
que ela precisa, de cuidado, carinho, amor e apoio. – Falo tomando mais um
gole de minha cerveja.
― Caramba, será que tem a ver com o tal Danny? – Kobe está tão curioso
quanto eu.
― Eu não sei, mas sinto que sim. – Dou mais um gole na cerveja e meu celular
vibra com mensagem chegando, tiro do bolso e vejo que é Isac.
“Eles acabaram de desembarcar e estão vindo pra casa. Pode ficar tranquilo
que correu tudo bem. Mike disse que ela dormiu o voo inteiro. Falo com você
melhor mais tarde quando ela for dormir, vou tentar arrancar alguma
informação, Beijos.”
― Isac disse que eles acabaram de desembarcar e estão indo pra casa. –
Informo a Kobe e logo nos levantamos para irmos embora, preciso conversar
com Isac antes de dormir.
Assim que chego em casa me preparo para dormir e deito com o celular na
mão já mandando uma mensagem para Isac que me responde bem rápido.
“Ela dormiu agarrada na sua blusa. Que fofa. (uma foto de Florence com minha
blusa entre os braços)”
“Linda! Correu tudo bem no voo? Ela te falou alguma coisa?”
“Tudo bem sim, ela disse que vocês se beijaram, transaram, transaram na
escada. Enfim, disse tudo.”
“Fora a parte que eu estava presente, ela falou mais alguma coisa?”
“Olha, ela disse que gostou de você, mas ela tem muito medo de se apaixonar.
Por conta de tudo que já aconteceu. Então você precisa conquista-la pra valer.
Amanhã eu já coloco o nosso plano em prática e assim que ela sair de casa eu
peço para mandar flores para o escritório dela.”
“Ótimo, me passa o número da sua conta e vou depositar o dinheiro para as
flores. Quando estiver acabando você me avisa e eu mando mais dinheiro, tudo
bem?”
“Claro, pode contar comigo, mas quando você vem?”
“Na próxima semana se tudo der certo.”
“Florence sofreu muito e mesmo assim se manteve forte e equilibrada para
administrar tudo que tem. Ela não se deu um tempo para o luto, ela nunca se
deixa vencer pelo sofrimento, por isso diz que sentimentos são a virtude dos
fracos. Jackson, cure a minha irmã, dê amor a ela de uma forma que ela nunca
viu e mostre a ela que com amor, nos tornamos mais fortes.”
“O que eu mais quero é isso, Isac. Mas porque Florence se mostra tão
carinhosa se não acredita em sentimentos?”
“Ela vai te dizer isso a qualquer momento, mas ela costuma dizer que age com
as pessoas da forma que elas querem, fala o que querem ouvir. É alguma
coisa em relação a manipulação e liderança. Ela é assim, mas o natural dela é
sempre muito fria, calculista, observadora. Uma verdadeira cobra, mas é só dar
um pouquinho de amor e carinho que ela vira chocolate em panela quente.”
“Certo, já vou dormir porque aqui já é bem tarde. Obrigado mais uma vez.”
Me despeço de Isac e me ajeito apagando logo em seguida. O dia vai ser
longo.
Acordei bem empolgado já olhando o celular e Isac me mandou uma foto de
Florence tomando café enquanto olhava para seu notebook sobre a mesa e um
olhar concentrado por baixo dos óculos. Tinha também uma foto com um
arranjo de Flores brancas e ele fez questão de mostrar também o cartão
digitalizado que foi junto ao arranjo e também o significado da flor. Falei
rapidamente com ele e segui para a empresa, hoje tenho muito trabalho e
também algumas visitas para fazer e receber.
Seria hipocrisia minha falar que não estou com saudades de Florence, lógico
que estou, vai ser complicado viver assim. A cada minuto que me lembro de
como ela se entregou e em todas as vezes que se desmanchou em meus
braços com orgasmos intensos, me sobe um arrepio na espinha e meu pau
sobe, o problema é ele baixar, coisa que demora muito.
Kobe me aconselhou a voltar pra academia, ajuda a aliviar a tensão e a liberar
esse tesão que eu ando sentindo. Fiz isso e já providenciei minha matricula,
amanhã mesmo eu começo, hoje o trabalho está pesado e estou começando a
ficar estressado, mas como nada na vida é um mar de rosas, as coisas pioram
quando você menos espera. Recebo uma ligação dizendo que as obras para
inauguração da nossa nova filial em Miami, só ficarão prontas em cinco meses,
ou seja, junho. Eu não vou conseguir ficar tanto tempo assim longe de
Florence. Mando uma mensagem para Isac que fica triste com a notícia.
“Mas que merda, quanta burocracia.”
“Nem fala, se dependesse apenas da minha vontade, amanhã estaria aí, mas
eu tenho responsabilidades com a empresa.”
“Eu te entendo, mas não se preocupe, vamos manter nosso plano. Espero que
antes de julho você já esteja aqui. ☹”
“Estarei sim, mas porque antes? Algo de importante que eu deva saber?”
“É o pior mês da vida dela, todos os anos, é o mês que ela chora escondido,
que mal vai a empresa, que não tem animo pra nada e segundo ela, o mês em
que a vida dela acabou.”
“Às vezes eu acho melhor não saber de certas coisas, porque minha vontade
de voar até ai e abraça-la, protege-la dizendo que tudo vai ficar bem e que eu a
amo, só aumenta. Mas antes de julho eu estarei aí, pode me esperar.”
Ler essas coisas sobre Florence só me deixam pior, eu preciso cuidar dela,
preciso mostrar a ela que nem tudo na vida está perdido, vejo ela ajudando
pessoas que mal conhece, como fez comigo e isso me enche de orgulho.
Me despeço de Isac e volto para o trabalho. Vai ser mais difícil do que imaginei.
Capitulo 16

Hoje fazem trinta dias desde meu último encontro com Jackson e até então nos
falamos pouco, ele anda ocupado com algumas coisas e eu trato da maior
parte das coisas com Kobe. Hoje tenho minha consciência tranquila de que
Jackson é limpo, Kobe me disse que ele é doador de sangue e sendo assim,
mantem a saúde em dia.
― Senhora. – Anne me chama da porta.
― Sim? – Respondo saindo de meu devaneio.
― A mãe da senhora, está na linha 4. – Diz se retirando.
Atendo e um turbilhão de emoções me invade fechando minha garganta,
impossibilitada de falar algo. Apenas escuto ela me chamando e respiro fundo.
― Sim, mamãe! Estou aqui.
― Ate que enfim né Florence, nem parece que tem mãe. – Dou risada de seu
jeito despojado de falar.
― Porque não me liga no celular? – Sugiro.
― Eu tentei, mas só chamou. Anne disse que você anda distraída, cansada e
emotiva. O que está acontecendo? – Porque Anne conta minha vida para
minha mãe?
― Não está havendo nada, mamãe. Só ando bem cansada ultimamente. –
Minto.
― Florence, a mentira não te cabe. Quando chegar em casa nós conversamos.
– Em casa?
― Como assim? – Pergunto em estado de alerta.
― Querida, resolvemos fazer uma surpresa pra você, chegamos ainda agora
do Brasil. – Informa e eu ouço a voz de meu irmão.
― Até logo então. – Digo já desligando o telefone e chamando Anne. – Na
minha sala, agora! – Falo calma e desligo o telefone.
― Sim senhora. – Diz fechando a porta atrás de si.
― Então agora você virou garota de recados da minha mãe? – Digo seria, mas
doida pra rir.
― Não senhora, ela me ligou diversas vezes essa semana, disse que não
queria ligar pra senhora. Estava com um pressentimento ruim e queria saber
como você estava. – Explicou-se de forma rápida e nervosa.
― Anne, quando minha mãe ligar, me avise. Mesmo que ela peça para não
fazer isso, entendido? – Digo calma.
― Sim senhora. Deseja mais alguma coisa? – Pergunta indo até a porta e eu
me levanto para tomar água.
― Não, eu já vou bem... – Sou interrompida por uma cólica forte que me faz
saltar e agachar em seguida.
― Florence! – Anne grita e corre até mim. – Você está bem? – Respiro
enquanto me levanto e sinto a cólica, parece uma contração de gestante.
― Vou ficar, só ligue para Mike e avise que preciso ir embora imediatamente. –
Peço enquanto ela me ajuda a levantar.
Anne sai as pressas e eu pego minha bolsa e meu celular, a dor ainda é forte.
Atravesso o escritório me segurando nas coisas e caminho lentamente até o
elevador privativo. Anne fala que Mike já me espera com o carro no
estacionamento e eu aperto o botão no elevador.
Mais uma dor forte e as portas se abriram com Mike correndo em minha
direção, ele me segura e me ajuda a caminhar.
― O que houve? – Pergunta. – Você está pálida.
― Me leve pro hospital. – Peço e sinto mais uma pontada de dor.
Mike apenas me obedece e me leva até o hospital onde Dr. Nelson trabalha.
Dou entrada com muitas cólicas abdominais e logo me fazem um ultrassom.
― Gravida? – Ouço Mike dize para uma das enfermeiras.
Como assim gravida? Eu não posso engravidar. O que está havendo? Sou
levada para outra sala onde eles colocam um acesso em meu braço.
Mais uma pontada de cólica e sinto algo escorrendo em minhas pernas, Dr.
Nelson olha bem para meu meio e franze o cenho falando algumas coisas com
uma enfermeira. Fiquei zonza e só ouvi palavras ao vento. “Sangue; está
abortando.” Apaguei.
Acordo horas depois me sentindo super bem e revigorada, mas como tudo que
é bom dura pouco, sou invadida pelas lembranças e começo a chorar. Dr.
Nelson entra no quarto junto com Mike e ambos estão me encarando enquanto
eu choro calada.
― Florence. – Mike me chama e eu o encaro.
― Mike, deixe-me falar com ela. – Dr. Nelson pede e Mike se retira. – Florence,
querida, a notícia que tenho não é das melhores.
― Desembucha logo. – Falo sem paciência.
― Você sabia que estava gravida? – Nego com a cabeça. – Pois é, duas
semanas! Você sabe que era impossível, não sabe? – Novamente eu respondo
com a cabeça. Sim, eu sei. – Fiz novos exames e eles apontaram um bom
desenvolvimento dos óvulos, o feto não sobreviveu por pouco. Teve algum
impacto emocional antes de sentir as dores? – Respondi com a cabeça mais
uma vez. – Ok, isso pode ter ocasionado o aborto espontâneo, ainda era só
uma massa, não tinha forma e se desfez no processo de contração, você
sangrou um pouco, mas foi só isso.
― Então eu perdi outro filho? – Pergunto com frieza nos olhos.
― Não, Florence. Sua menstruação poderia ter descido e ele iria ser
descartado sem nem mesmo você perceber, não era vida ainda. Estava na
segunda semana. – Explica e eu apenas respiro fundo.
― Você disse que estou com bom desenvolvimento ovular né? – Pergunto
mudando de assunto.
― Ah, sim. Fiz alguns exames enquanto estava desacordada e sim, seus
óvulos estão longe da endometriose, parece que o tratamento tem dado certo,
o útero está saudável, como se nunca tivesse sofrido aquele acidente, mas
ainda é cedo pra dizer se isso te torna fértil. Qualquer tentativa mal pensada
pode ocasionar em um outro aborto espontâneo. – Ele diz de uma forma como
se tivesse lido minha mente.
― Doutor, eu preciso que me encaminhe para o melhor ginecologista que você
conhece, preciso tratar meus óvulos e congela-los, quero ter um filho. Preciso
disso. – Eu sei que estou nervosa, mas meu comportamento é mais que normal
nessa situação.
― Se acalme, Florence. Já providenciei isso e sua consulta já está marcada
para a próxima semana, enquanto isso, você vai fazer exames que ele exigiu e
fazer o tratamento de fármacos que ele indicou. Doutor Henri e um ótimo
ginecologista e obstetra, o melhor. – Ele diz me entregando alguns papeis para
assinar minha alta.
A porta se abre e minha mãe entra acelerada. Dr. Nelson se retira me dando
tchau e me deixando a sós com minha mãe.
― Florence, minha filha. O que houve? – Veio até mim enquanto eu me
arrumava.
― Foi só um mal estar, mamãe. Achei melhor vir ver o que estava acontecendo
e... – Parei de falar lembrando do acontecido. Puxei ela e a abracei com força.
– Sinto sua falta, eu te amo tanto. – Ela retribui meu abraço e eu me sinto em
casa, me sinto bem.
― Minha Flor, tudo vai se resolver e tudo vai ficar bem. Tenha fé. – Ela beija
minha testa e eu me apresso em colocar a roupa. Preciso da minha casa.
― A senhora já sabe o que aconteceu, não sabe? – Falo enquanto estamos
saindo do quarto.
― Sim. Mike me contou tudo, eu disse a seu pai que iria te buscar no trabalho
porque iriamos ao shopping e pelo tempo, já podemos voltar. – Minha mãe é
articulada em tudo, acho que sou assim por causa dela.
― Tudo bem, vamos pra casa. Preciso de um banho. – Falo feliz e ela me olha
estranho, assim como Mike também está olhando.
― Florence. – Ela me chama assim que chegamos em casa e eu já estou no
quarto me despindo para o banho.
― Sim? – Respondo me olhando no enorme espelho do banheiro, minha
barriga parece a mesma de sempre.
― Quem era o pai? – Fico gelada e sem reação. A vergonha me consome por
inteira e mal consigo olhar nos olhos dela. – Florence? – Me chama a atenção.
― Sim? O pai! É complicado, mamãe. – Digo entrando no box e ligando a
ducha.
― Melhor você falar antes que eu descubra. – Ela me ameaça abrindo a porta
do box para me olhar.
― Me envolvi com um novo sócio francês e durante o Fashion Week de Paris
nó ficamos próximos e rolou várias vezes, na última o tesão estava tão grande
que foi sem camisinha mesmo. – Falo me lembrando da última vez. Foi incrível.
― Florence, você poderia ter contraído uma doença, nem conhece esse rapaz.
– Ela tem razão em me repreender assim, mas eu tenho fé.
― Fiz todos os exames necessários no dia seguinte, mamãe. Não deu em
nada.
― Menos o de gravidez né? – Diz olhando minha barriga e cruzando os braços.
― Mãe, depois do acidente eu fiquei praticamente estéril. Eu nunca ia imaginar
que engravidaria novamente. – Fecho a ducha e saio pegando a toalha que ela
me entrega.
― E como está seu útero depois dessa?
― Por incrível que pareça, bem. Vou fazer contagem de óvulos essa semana e
levar na consulta. Dr. Nelson disse que meu útero está saudável como se
nunca tivesse sofrido o acidente ou dois abortos. – Falo indo até meu closet
escolher uma roupinha leve.
― Que ótima notícia, Mike já ligou pra Farmácia e estão trazendo seus
remédios, vamos descer porque seu pai está morrendo de saudade. – Vejo ela
sair e abro minha gaveta de calcinhas onde está a camisa de Jackson.
Como ele reagiria ao saber que eu estava gravida e era dele? Será que ficaria
surpreso ou feliz? Com raiva. Talvez não tenha planos de construir uma família.
Coloquei a camisa no rosto e respirei aquele perfume gostoso que está se
desfazendo com o tempo. Esse cheiro me acalma de uma forma inexplicável.
Coloquei de volta na gaveta e desci para encontrar meu pai e irmão que me
esperavam na sala de tv.
― Cheguei, família! – Disse pulando neles que estavam sentados no sofá.
Fui recebida com muito amor pela minha família e dei muito amor a eles
também, depois do jantar papai me chamou para conversar e seguimos até o
escritório. Uma sala ampla, rustica e subterrânea. Estamos a um andar abaixo
da adega e dois abaixo da casa. Aqui o silencio é absoluto, meu verdadeiro
escritório fica aqui, junto com algumas peças pessoais e também itens
colecionáveis.
― Soube da nova aquisição? – Meu pai pergunta olhando para um quadro na
parede.
― Não, de que lado? – Pergunto me sentando no sofá de couro.
― O lado italiano. – Diz sentando-se ao meu lado e me encarando.
― O que eles acharam dessa vez? – Pergunto me preparando para alguma
surpresa.
― Uma carta de nosso parente distante. Onde ele diz que um golpe foi
tramado contra ele em sua época de político e levariam tudo que o pertencia. –
Ouço atentamente e me levanto indo em direção ao bar, me servindo de uma
dose de uísque.
― Mas nós recuperamos grande parte de seu acervo de esculturas, artes e
documentos que estavam espalhados pelo mundo. – Sirvo uma dose a ele e
volto para o sofá. – Não temos registros de nenhuma carta ou sequer um
bilhete onde dizia que algo de ruim aconteceria a ele. Pelo menos não até
agora.
― Aí é que está a questão. – Ele dá um gole no uísque. – Preciso que você
mande analisar essa carta, se a assinatura for a mesma dos documentos que
temos, aí podemos dar início a busca pela obra perdida. – Fico pensativa e ele
tira um envelope da pasta que estava em suas mãos o tempo todo e eu não
reparei.
― Essa é a carta? – Falo enquanto pego de suas mãos.
― Sim, uma impressão dela. A carta mesmo está aqui na pasta. Os Fontana
acharam essa carta em um acervo de documentos antigos que fora fechado e
esquecido a muitos anos, última entrada fora datada no ano de 1750 na
Toscana. O lugar ficou fechado e isolado por mais de duzentos e cinquenta
anos, seria bem improvável ter alguma coisa intacta lá, mas quando os
Fontana entraram no governo, iniciaram uma busca por antigos terrenos
pertencentes a grandes nomes como Médici e acharam vários locais que hoje
já são habitados e também foram adquiridos de forma legal, mas a cinco anos,
uma pequena loja no interior da toscana havia deixado de pagar os impostos e
estava com aviso de demolição. Eles foram até o local para achar essa tal loja
e encontraram somente uma porta de metal pesa que mantinha o lugar bem
trancado. Quando conseguiram abrir, deram de cara com um acervo enorme,
chamaram equipes para recolher todas aquelas caixas e fotografaram tudo
para que pudessem estudar sobre aquilo. Logo eles acharam documentos
importantes de nosso parente Pierfrancesco e junto estava essa carta. – Estou
realmente bem chocada com o que acabo de ouvir.
― Então no meio desse acervo deve ter muito mais coisas, não só sobre ele,
mas sobre outras pessoas, até mesmo sobre o vaticano, quem sabe? – Meu
pai dá um sorriso.
― Eu já sabia que você faria essa pergunta. Eu também pensei a mesma
coisa, na verdade, estava pensando em comprar todo o acervo, já que paguei
relativamente barato pela carta. Eles não sabem o valor que isso tem. – Diz me
entregando a pasta e posso sentir que tem bastante coisa ali.
― A carta está aqui? – Pergunto e ele afirma com a cabeça. Vou até minha
mesa e pego um par de luvas na gaveta, abro a carta que se encontra escrita
em italiano antigo.
Resumidamente, a carta diz que a Igreja católica o estava caçando por violar
as leis do Vaticano encomendando obras com artes pagãs. Ele tinha um cargo
importante na política e automaticamente era muito conhecido pelo vaticano,
começou a ser perseguido quando em 1482 ele fez o pedido de duas telas a
um de seus pintores preferidos, Sandro Botticelli. Um pedido inusitado com
preferencias a arte pagã, então Botticelli pintou a deusa vênus e outros deuses
da mitologia grega, que para a igreja católica, eram deuses pagãos. Então
Lorenzo pediu para que Botticelli fizesse uma outra obra, parecida, mas com
menos significados. Foi onde surgiu os quadros que hoje conhecemos como “A
Primavera” e “O Nascimento de Vênus”. Esses quadros que hoje estão
expostos no palácio de Uffizi, hoje conhecida como Galeria Degli Uffizi. Mas
houve por muito tempo um boato que essas não eram as verdadeiras
Primavera e nascimento de Vênus, eram apenas uma cópia feita pelo próprio
Botticelli afim de proteger as verdadeiras telas que até então se encontravam
perdidas. Lorenzo diz na carta que as telas originais estavam em Villa Medicea,
sua casa em Florença, apesar de dada como patrimônio mundial hoje, não é
aberta a visitações. Mas as obras falsas que hoje estão no museu também
estavam lá de forma mais exposta.
Se acharam essas que estavam expostas, como não colocaram no chão a
propriedade até encontrarem durante todos esses anos? Tudo bem que só
haviam boatos, mas eu mesma ficaria curiosa e iria lá caçar em cada
pedacinho. O fim da carta dizia “Meu lugar preferido é a três passos nos
estábulos e dois em vista para a Villa. Vá até meu lugar quando isso acabar,
Giovanni, e me encontre ali.”
Capitulo 17

Giovanni de Pierfrancesco também morou na Villa junto com Lorenzo e essa


carta pertenceu a ele, mas como foi parar nesse acervo? Como Giovanni não
encontrou as telas? Aqui diz exatamente onde ela se encontra. Terminei de ler
a carta e meu pai ainda me encarava, com seu copo de uísque já vazio.
― E aí? O que achou? – Perguntou me encarando com curiosidade.
― Quem encontrou essa carta, não achou as telas? – Perguntei indo até o
notebook na mesa e ligando-o.
― Bem, não. Fontana apenas disse que encontrou a carta. Depois que eu li, fiz
essa mesma pergunta, mas ele disse que é impossível entrar lá e encontrar
esse tal estábulo, tentou de toda forma com autoridades e tudo mais, mas
como a propriedade virou patrimônio mundial, é impossível liberarem a entrada.
― Pai, a Villa hoje, além de patrimônio mundial, também virou uma academia
linguística. Lá é usado por estudiosos e pesquisadores para aprimorar o
italiano original primário, muito mais puxado e recatado que este que
conhecemos. – Digo enquanto vejo o notebook iniciar.
― Sim, eu sei. Mas mesmo assim é impossível de entrar sem uma autorização
autêntica. – Fala de forma óbvia.
― Então nós daremos um jeito. Algumas coisas passaram pela minha cabeça,
o senhor tem todos os documentos datados e autenticados de que nosso
sangue é o mesmo de Pierfrancesco di Médici? – Pergunto olhando pro nada.
― Tenho. São documentos de cônjuges e filhos, netos, todos da mesma
família, só mudamos um pouco o sobrenome, mas somos da mesma família no
papel. – Diz sem me entender. – Mas porque vai precisar disso?
― Tenho planos não convencionais. Essas obras de arte possuem um valor
incontornável e até então ninguém sabe da existência delas, se for achada por
um museu, vai pro acervo deles e será exposta como todas as outras, eles
ganharão uma grana preta todos os anos, assim como já ganham pelos
quadros falsos. Outro grande detalhe é: podemos recriar a obra e engana-los
como já enganamos uma vez com a obra de Rafael. – Ele me encara de forma
estranha.
― Tudo pra você é dinheiro, não é? – Meu pai pergunta do nada.
― Como assim? – Estou realmente desacreditada no que acabei de ouvir.
― É, Florence. Tudo pra você se resume a dinheiro. Expandir negócios, ter
mais ações lucrativas, continuar vendendo drogas para aumentar seu
patrimônio líquido, adquirir obras no mercado negro para fazer parte do
patrimônio. Isso tudo é desnecessário. – Diz num tom agressivo.
― Pai, não sei se você se lembra, mas foi o senhor que me colocou nisso. Foi
o senhor que me fez ser assim. Eu não escolhi fazer farmácia, sempre quis
fazer literatura, o senhor sabe disso, mas ai eu fui manipulada pelo senhor e fui
fazer farmácia e química e Deus sabe o quão difícil foi, eu nunca gostei disso,
mas estava lá, estudando e dominando uma área que o senhor precisava. –
Meu tom de voz aumentava a cada palavra. – Eu criei a melhor cocaína do
mundo e você a comercializou por preços baixíssimos. Nosso patrimônio não
chegava nem a cinco por cento do que EU tenho hoje e eu tenho orgulho de
fazer tudo o que faço e ter a quantidade de dinheiro que tenho. Porque eu não
quero um filho amanhã ou depois tendo que viver o inferno que eu vivi. Quero
que ele viva uma vida normal, longe dessas porcarias e que controle apenas as
coisas legais da empresa, quero que ele faça o que quer fazer e não o que
precisa ou o que eu quero. – Termino de falar e ele me olha furioso.
― Filho? Que filho? – Ele ri debochado e sai do escritório me deixando lá
sozinha.
Eu sinceramente não entendi o que aconteceu aqui, se ele não queria nada
disso, porque veio me pedir pra analisar coisas? E outra coisa, tudo que eu
incluo no nosso patrimônio, ele recebe uma porcentagem, vinte e cinco por
cento de tudo que conquistei vai pra ele em forma de dinheiro. É muita coisa
pra uma pessoa que não faz mais nada a não ser viver no luxo com minha mãe
e meu irmão. Esse dinheiro aplicado vai render por gerações na família do meu
irmão amanhã ou depois.
― Maninha? – Ouço Diego me chamar na porta do escritório.
― Sim? Entre. – Digo me recuperando do surto que acabei de presenciar.
― Olha. – Ele inicia pegando minha mão e me sentando no sofá junto com ele.
– Não liga pro pai, ele está nervoso com algumas coisas, muita coisa vem
acontecendo lá no Brasil e nós achamos melhor vir pra cá pra te ver. – Ele az
um carinho no meu rosto e eu beijo sua mão. Meu menininho já está um
homem.
― O que está acontecendo, Di? – Pergunto me ajeitando no sofá.
― Tem uns caras que trabalhavam com o papai na época que ele dominava o
tráfico que estão na cola dele por causa de um material que não chegou, só
que o papai pagou por esse material, devolveu todo o dinheiro deles. Eu sei
porque fui eu quem foi ao banco fazer o depósito. – Diego está assustado com
alguma coisa.
― Di, me conta direitinho essa história. – Peço e ele respira fundo.
― Tem uns cinco meses já que entraram em contato com o papai pelo número
pessoal dele e falaram o tal código, ai fizeram perguntas sobre mercadorias e
se ele ainda vendia, ele disse que não fazia isso a muitos anos e perguntou
quem tinha passado o número, o cara disse que foi um amigo pra quem papai
já vendeu, ai ele foi investigar isso e o cara estava no Paraguai, mas morava
com um cara aqui nos Estados unidos. Aí papai começou a joga iscas pra ele
pra descobrir mais coisas e foi aí que o cara disse que queria essa nova droga
que eu não sei falar o nome.
― Kratom. – Digo e ele continua.
― Isso, esse troço aí. O cara queria isso e cismou que papai tinha meios de
arrumar, aí ele disse que não tinha e que estava inativo a muitos anos, mas o
cara insistiu e falou que você teria então. Aí papai ficou nervoso e foi encontrar
com o cara e o cara disse que já sabia onde você estava e sabia que era você
que estava vendendo pra geral. Disse também que tinha informação o
suficiente pra te expulsar da marinha como inimiga nacional. Que sabia que
papai tinha sido dado como morto aqui nos Estados Unidos, mas que na
verdade estava com outra identidade. – Isso é obra de Frank, certeza. – Aí ele
ficou nervoso e está tentando achar alguém maior que esse cara pra poder
resolver e te tirar desse lance. O tempo todo ele fala que te quer fora disso, ele
fala que quer muito que você construa uma família e saia dessa vida de tráfico,
por isso arranjou essa briga toda hoje. – Diego termina de falar e eu fico
pensativa. – Mana?
― Oi, estou aqui. Preciso falar com papai, pode chama-lo pra mim? – Peço e
ele se levanta indo até lá.
Frank passou de todos os limites que ele imagina. Peguei o telefone da mesa e
liguei para a cabine de segurança chamando por Mike e pedindo para que me
encontre no escritório subterrâneo. Papai chegou e me olhou de forma
estranha, com medo. Mike logo em seguida também chegou e eu me sentei em
minha poltrona de couro enquanto os dois se sentaram nas poltronas a minha
frente.
― Papai, não vou exigir que se desculpe porque entendi qual foi o seu objetivo.
Diego me contou tudo e eu não te perdoo por ter me escondido algo tão grave,
você sabia que podia correr perigo? Sabia que mamãe e Diego corriam perigo
o tempo todo? Minha carreira fantasma corria perigo. – Falei em tom alto e ele
se encolheu.
― Se acalme. O que Houve, Florence? – Mike me olha confuso.
― Frank mandou seus empregados imundos pra perturbar minha família e me
atingir com isso e meu pai me escondeu isso. – Falei de forma alterada.
― O que? – Mike está tão surpreso quanto eu fiquei. – Você sabia que ela
quase morreu? Sabia que ela foi sequestrada e quase morreu por sua causa?
– Mike diz olhando pra ele que se encolhe mais ainda. Faço um sinal e ele
para.
― Pai, o senhor consegue reconhecer esse cara que te contatou? – Pergunto
mais calma.
― Sim. O nome dele é Andrew. – Diz pegando o celular e mostrando uma foto
para Mike que olha e sorri diabolicamente, não resisto e dou uma simples
risada que sai num sopro.
― É o Andrew, filho do Frank. – Mike diz com raiva. – Eu vou matar ele dessa
vez.
― Calma, primeiro eu preciso que mande reforço na segurança da casa deles
no Brasil. – Digo a Mike e olho para meu pai em seguida. – Vocês vão embora
em três dias e nada mais que isso, Diego precisa voltar pra faculdade, afinal, é
o terceiro semestre ainda, evitem sair de casa e por favor, preciso de toda e
qualquer informação que tiver. Me dê seu celular. – Peço a meu pai, ele me
entrega e eu entrego na mão de Mike que imediatamente abre o pequeno
computador militar que tem na mesa. – Mike vai fazer um backup do seu
celular e conectar remotamente no computador, iremos analisar as conversas
com Andrew e saberemos se ele tentar mais alguma coisa. Precisamos estar
mais um passo à frente deles.
― Filha, mas e você? – Meu pai pergunta apreensivo.
― Pai, pra me pegar vai ser difícil, na última ele só conseguiu porque não foi
homem e me drogou. Agora eu preciso que você finja de morto. – Digo rindo da
atitude dele pra fingir que está morto que não colou com o mundo sujo.
― Sim senhora. – Respondeu debochado. – Mike, pode nos dar licença um
minuto? Preciso de uma palavrinha com ela. – Mike se retira e meu pai dá a
volta na mesa ficando no meu lado.
― Filha, me desculpe. Eu sei que você não está exigindo isso, mas eu não
conseguiria dormir se você não me desculpasse. Eu falei coisas horríveis que
você não merecia ouvir, você sempre lutou pelo bem da sua família e eu fui
babaca em não ter te contado a verdade. Você tem plena capacidade de nos
proteger, mais até do que eu já tive um dia, você é inteligente e sabe bem
como funcionam as coisas. – Ele diz de forma delicada e carinhosa e eu quase
derreto de emoção. – Eu só não quero te perder, entende? Não me perdoaria
se algo de ruim acontecesse com você por causa dessa vida. Eu quero que
você saia, mas só saia se você quiser.
― Papai, não precisa se desculpar de nada, eu sei bem como o senhor reage
nesses momentos, não estou brava, não mais. – Puxo ele para um abraço
apertado. – E eu não vou para com nada, não vou sair dessa vida, ainda tenho
muita coisa pra fazer, tenho novos contratos e novos negócios. Assim que tudo
estiver encaminhado, prometo que saio, eu também quero viver em paz e sair
disso, só que ainda preciso de um tempo.
― Eu sei minha filha, mas mesmo assim. Cuidado ta? – Ele me encara com
preocupação.
― Sempre tenho. – Encerramos nosso drama e subimos para encontrar com
Diego e mamãe.
Capitulo 18

Todo esse choque passado lá em baixo me fez refletir sobre a verdade. Eu


realmente corro perigo e coloco minha família em perigo também. Mesmo
assim eu preciso me organizar e acabar de uma vez por todas com essas
ameaças.
Ficamos por um bom tempo conversando até que todos se recolheram e eu fui
pro banho, precisava relaxar e nada melhor que um longo banho de banheira.
Banho este que não durou muito. Com cinco minutos na banheira meu celular
tocou e era Mike dizendo que dois capangas de Frank foram pegos tentando
invadir a Russel e os seguranças estão com eles presos na sala de segurança
da empresa, Mike está a caminho e me ligou para que eu fosse até lá.
Sai rápido da banheira e quase cai, me enxuguei rápido e vesti uma calça
militar com uma blusa preta, uma bota, peguei meu celular, documento e minha
arma pessoal que já fica no coldre. Sai sem fazer barulho para ninguém me
ouvir e fui até a garagem e peguei um carro equipado e já entrei ligando para
Mike.
― Já chegou? – Pergunto já chegando nos portões de casa.
― Sim. Você vai adorar ver isso aqui. Está chegando? – O tom dele é de
deboche e diversão.
― Sim, cinco minutos estou aí. – Digo desligando o celular e acelerando o
carro em uma das vias. Eu nunca ando correndo, mas temos uma emergência.
Em sete minutos eu chego na Russel e desço do carro bufando com ódio.
Chego até a sala de segurança e dou de cara com Andrew e Felix. Digamos
que sejam os protegidos de Frank, são filhos do desgraçado e marionetes
também, pelo o que parece.
― Ora ora, o que temos aqui? Dois malandrinhos querendo xeretar ou duas
marionetes me fazendo perder tempo? – Pergunto chegando perto dos dois e
os encarando.
― Só estávamos curiosos. – Disse Felix de forma culpada que convenceria
qualquer trouxa.
― Uma ova. Sei muito bem quem os dois são. – Puxei uma cadeira e me
sentei de frente pra eles. – Porque Frank mandou os dois aqui? O que ele tanto
quer que não me deixa em paz? – Perguntei acendendo um cigarro mentolado.
― Quem é Frank? – Andrew perguntou debochado.
― Poupe meu tempo e seu rostinho bonito, garoto! – Falei dando uma tragada
sem tirar os olhos dele.
― Ele quer a MSK. – Felix disse me encarando. – Sabe que é você quem
produz e quer a receita de produção. – Ele diz de uma forma que nem ele
mesmo acredita que sou eu quem vendo essa porcaria.
― Quantas vezes eu vou ter que dizer a este velho burro que não sou eu que
produzo este caralho!!? – Me levanto revoltada e ando de um lado ao outro. –
Cadê os celulares? – Peço a Mike que logo me entrega e eu procuro nas
chamadas o número de Frank. – Vocês vão falar pra ele que não acharam
nada, entenderam? Diga que procuraram tudo e não acharam nada e se
tentarem alguma gracinha, já sabem o que vai acontecer né? – coloco pra
chamar logo Frank atende.
― Pronto! – A voz dele soa do outro lado e sinto vontade de mata-lo.
― Pai, nós não encontramos nada. – Andrew diz com a voz normal e tranquila.
― Como não encontraram nada? Isso não é possível, seus incompetentes. Eu
só pedi para pegarem uma receita, minha vontade é surrar vocês até não
aguentarem mais. – Ele berra ao telefone e minha vontade de dar risada é
quase incontrolável.
― Frank, querido! – Digo assim que ele acaba seu showzinho.
― Que? Quem está falando? – Dou risada.
― Poxa, não se lembra mais da minha voz? Ou ela fica melhor quando estou
gritando de dor? – Provoco.
― Florence! – O tom dele muda para um mix de desespero e arrogância.
― Eu mesma, querido! Soube que estava tentando me deixar um presentinho e
vim receber em mãos. – Meu tom é o mais debochado possível e ele bufa do
outro lado da linha. – Só achei falta de educação você mandar dois... criados,
para me presentear. Por que não veio você mesmo? Estou morrendo de
saudade. – Posso sentir o quão puto ele está neste momento.
― Sua maldita. Me dê o que eu quero e isso acaba aqui. – Solto uma
gargalhada alta.
― Frank, quem sabe não possamos entrar num acordo? Afinal, essa droga não
me dá lucro, posso entrega-la toda a você, posso te entregar agora. – Faço
uma voz manhosa e ele solta uma risada sarcástica.
― Onde eu te encontro? – Nunca pensei que seria tão fácil enganar esse
velho.
― Deixa que eu encontro você, Frank. E sem gracinhas. Estou indo com meus
seguranças e estou levando seus garotos. Se tenta alguma coisa, não terei dó
algum em usa-los como escudo humano, acredite. – Informo e minha equipe já
está se prontificando em leva-los até os transportes.
Em vinte minutos cinco carros blindados estavam parando na entrada da
mansão de Frank.
― Eles estão com a gente. – Andrew informou ao chefe de segurança na
entrada e nossos carros seguiram em frente.
A casa de Frank era mais ou menos no tamanho da minha, fica no sul de
Miami. Quando desembarcamos dos carros ele já estava na porta com
seguranças armados, não fiquei atrás e mandei minha equipe se armar
também. Nossos carros são equipados com vários armamentos e como
estamos em cinco carros, temos bastante armamento.
― Boa noite, minha querida Florence, vou ter que pedir encarecidamente que
seus homens deixem essas armas dentro dos carros. Não aceito armas dentro
da minha casa. – Dei um olhar debochado e em seguida olhei para o interior da
casa onde uma fileira de segurança também armados estava em pé.
― Estava sendo uma ótima noite, até eu ter que vir aqui pra ensinar trabalho a
um velho burro e babão que nem você. Meus homens entram armados e eu
também. Não vou entrar limpa no covil do inimigo. – Digo sem paciência e
passo por ele já entrando em seu hall.
― Não sou seu inimigo, Florence. Acho que teve alguma impressão errada. –
Ouço-o atrás de mim e me viro para encara-lo.
― Realmente, a pessoa que me chama para uma reunião de negócios sob as
condutas do Código, me droga da forma mais suja pra depois me torturar, ela
realmente não é minha inimiga. – Falo bem perto de seu rosto. – Ela é um
defunto respirando, você já tem um tiro pronto e eu estou só adiando isso. –
Digo com nojo dele. Seu olhar é de insegurança e ele vacila ao começar
gaguejando as palavras.
― V-v-vamos até meu escritório. – Ele limpa a garganta se recompondo e eu
sou um leve sorriso. – Lá poderemos conversar melhor.
― Vamos. – Dou passagem a ele e sigo atrás. – Mike! – Chamo-o e sinto ele
se juntar ao meu lado. – Isso vai ser divertido. – Sussurro e Mike solta uma
risada de satisfação.
Chegamos ao escritório dele e sem ser convidada eu já me sento em uma das
poltronas, acendo um cigarro e ele me olha como se odiasse fumantes.
― O que nós vamos acordar? – Ele pergunta sentando em sua poltrona atrás
de uma mesa de vidro.
― Primeiro você tem que entender que a MSK não é minha. Não sou eu que
vendo, nem sou eu que fabrico. É uma droga relativamente fácil de ser
produzida, mas não me daria lucro. – Digo certa. – Quem te deu essa
informação com tanta certeza? – Pergunto encarando-o.
― Não importa quem deu a informação. – Ele diz nervoso e eu estreito mais os
olhos.
― Importa sim, se tem algum filho da puta sujando meu nome por aí, eu quero
saber quem é. – Falo de forma ríspida. – Estão pensando que essa porra aqui
é casa da luz vermelha? – Minha voz não vacila e ele tem medo disso.
― Florence, se eu contar, muita coisa vai estar em risco. – Frank está com um
medo palpável, como se tivesse uma arma em sua cabeça pronta pra disparar.
― Desembucha e vai ser melhor pra você. – Mike diz.
― Cala essa boca. – Frank diz. – Você não passa de uma sombra pra ela. –
Perco a paciência e em questões de segundos pego a arma e solto um tiro ao
lado de Frank, quebrando um vaso na prateleira atrás dele.
― Olha bem como você fala, desembucha. Tenho mais quinze tiros aqui. –
Faço um movimento com a arma na mão e ele engole seco.
― Tudo bem, eu falo. – Ele se rende por fim. – Mas você tem que jurar que não
vai me machucar ou a minha família.
― Frank, ouvir isso de você é até estranho, sabe? Porque você não se
preocupou em caçar a MINHA família. – Aumento meu tom de voz e levanto
indo até ele. – E muito menos se importou em me sequestrar e me torturar. Eu
poderia ter te matado a muito mais tempo, mas eu decidi esperar e ver o quão
sujo você é. Então se quer preservar a sua vida e da sua família, vai me contar
o que você sabe e me deixar em paz. Caso contrário, não vou poupar os
presentes chegando em sua casa, seus filhos têm olhos lindos, orelhas
também. – Falo bem perto dele com a arma em seu queixo.
― Tudo bem, eu falo. – Saio de perto dele me sento novamente. – Quando
essa droga entrou no mercado, era a sensação da garotada, eles queriam mais
o tempo todo e meus traficantes já estavam nervosos porque não vendiam
nada, foi ai que Jesse O’Connor apareceu aqui me dizendo que também queria
e me pagaria bem se eu conseguisse tirar a receita de você. Eu não sei como,
mas de alguma forma esse cara sabe que você tem a MSK. Ele disse que você
é metida a ser dona de tudo, mas que não era dona de nada, disse também
que com a Kratom, nós iremos ultrapassar suas vendas.– Olhei para Mike não
querendo acreditar no que eu estava ouvindo.
— Ligue pra ele. – Peço com a voz fraca.
— Florence, melhor não. Pela manhã você resolve isso, vai ser melhor. – Mike
tenta me acalmar, mas eu não vou ficar calma.
Eu transei com esse cara por um mês, coloquei ele dentro da minha casa, na
minha cama. Eu vou matá-lo.
— Mike, só faça o que eu estou mandando e ligue para Jesse. – Repito meu
pedido e saio do escritório de Frank colocando a arma na cintura novamente.
— Florence, ele não atende! – Mike diz vindo rápido atrás de mim.
— Ótimo, ele acabou de sentenciar a morte dele. – Digo andando rápido e Mike
me segue indo até o lado de fora.
— O que você quer fazer com essa nova informação? – Pergunta olhando em
volta certificando-se que ninguém está ouvindo.
— Sinceramente? Não faço ideia. Quero mata-lo ao mesmo tempo que quero
saber porque desse ódio. – Falo andando de um lado para o outro.
— Bem, podemos preparar o terreno, temos Frank do nosso lado agora, ele
está todo interceptado, a hora que fizer contato com Jesse, iremos saber e se
ele falar alguma coisa que denuncie nossa posição, ai a gente parte pra ação,
somos mais fortes que eles dois juntos. – Nisso Mike tem toda a razão.
— Então faremos o seguinte: Quero homens na cola de Jesse e de Frank,
quero que descubram onde fica o esconderijo dele, termos um presentinho.
Não quero que ninguém morra atoa, então vamos apenas mostrar pra eles
quem é que manda. Se mesmo assim não funcionar e a sacanagem
permanecer, nós atacaremos com força total e não vou poupar esforços para
acabar com a vida de quem está ameaçando minha família. – Digo por fim e
Mike apenas concorda.
Depois de deixar tudo muito bem explicado para Frank e ele deixar a “palavra”
dele como garantia, voltamos para casa. Eu preciso de descanso.
Capitulo 19

A um mês atrás, Isac me mandou uma mensagem desesperado dizendo que


Florence havia ficado muito doente e na mesma hora tive vontade de voar pra
lá e ficar perto dela, eu senti um aperto muito grande enquanto Isac não me
falou que ela havia chegado e estava bem, mas não me deu detalhes do que
era e isso me deixou puto. Só me disse que iria mandar um arranjo de amarílis
brancas e eu prontamente concordei e fui pesquisar sobre o significado. Não vi
muita coisa, apenas dizia que simbolizava tanto a angustia e a tristeza pela
perda de alguém, como também altivez, elegância e graça. Eu queria muito
acreditar que era pelos últimos três, mas estava na cara que algo muito sério
aconteceu.
Depois de dois meses sem vê-la, fui até os Estados Unidos por uma semana e
pude observa-la eu mesmo, as flores aumentaram e era ótimo ver seu dia se
alegrar com a chegada de um dos buques que mandei. Durante uma reunião,
em nenhum momento ela grudou os olhos em mim e quando todos saíram nos
deixando a sós, ela simplesmente me olhou como se estivesse sofrendo e saiu
andando.
Eu não suporto esse jeito fechado dela. Quero que ela se abra comigo, quero
que confie em mim, que me ame como eu a amo. Era isso, eu a amava, nem
eu esperava que isso fosse acontecer, mas aconteceu. Voltei para Paris e
Kobe dormiria aqui em casa hoje.
— Como estão os processos de transferência da empresa? – Pergunto a ele
enquanto mordo um sanduiche que Yolanda preparou.
— Tudo certo, a obra também está fluindo bem, como você mesmo viu lá essa
semana. Creio que o prazo que eles deram seja encurtado, a empreiteira que
Florence indicou é muito boa. – Respondeu ainda mastigando um pedaço do
sanduiche.
— Ela está escondendo alguma coisa de mim. – Digo pensando alto demais.
— Como assim irmão?
— Ah, pensei alto. – Digo mordendo mais um pedaço afim de fugir dessa
conversa.
— Não adianta fugir, o que você acha que ela está escondendo? Algo com o
contrato? – Kobe insiste me encarando sério.
— Nada com o contrato. Inclusive, nunca vi mais perfeito. – Comento tentando
mais uma vez fugir do assunto.
— Hmm, então me diz ai. O que ela está escondendo de você? – Kobe sente a
malícia e um sorriso divertido brota em seus lábios.
— A dois meses Isac me disse que ela ficou muito doente e ficou até internada
por algumas horas. Não me disse o que ela teve e ela também não ala nada,
diz que foi somente um resfriado forte com um princípio de pneumonia, mas
isso não era motivo pra internação de algumas horas. – Concluo e ele me olha
confuso.
— Eu percebi que ela não te encara mais, como se... – Ele para pensando nas
palavras exatas a serem usadas. – Como se ela tivesse com vergonha de
você. Não vejo nenhum motivo pra isso, vocês são adultos, sexo acontece e é
normal, como ela não pensa assim?
— Você ainda não entendeu. – Digo balançando a cabeça frustrado. – Ela ficou
assim depois que ficou internada. – Explico e ele me encara analisando o que
eu disse. – Antes, nós fazíamos vídeo conferencia e ela estava normal, me
encarava e conversávamos numa boa. Depois que ficou “doente” ela nem me
olha mais, fica o tempo todo olhando papeis e somente fala coisas relevantes.
Ela mudou. – Disse fazendo aspas com os dedos.
— Será que ela descobriu alguma doença venérea e acha que pegou de você?
– Kobe brinca, mas as palavras atingem meu cérebro com tudo, pode ser que
sim.
A última vez que transamos foi sem camisinha, ela pode ter me passado
alguma coisa também, eu nem me preocupei com nada disso. Amanhã mesmo
já vou providenciar exames, mas não acredito que seja isso, é algo muito mais
sério.
Algum tempo depois...
Mais um mês e meio se passou e eu estou morando nos Estados Unidos já,
agora mais determinado ainda em descobrir o que Florence me esconde tanto.
Conforme eu fui me aproximando, vindo morar aqui, trazendo a sede da
empresa pra cá e ficando mais tempo na Russel, ela tem ficado mais pra baixo
ainda. Isac me disse que hoje seria a primeira consulta com o psicólogo dela e
que poderíamos nos encontrar num café perto da casa dela e lógico que fui
sem pestanejar.
— E ai? O que tem de novo pra me contar? – Pergunto a ele enquanto nos
sentamos.
— Bem, na verdade é mais um pedido. – Ele diz e logo o garçom chega
anotando nossos pedidos. Isac continua. – Minha deusa está muito triste e
muito depressiva. Ela mal tem comido, só trabalha e dorme.
— Qual é o pedido? – Pergunto aflito.
— Você precisa conquista-la imediatamente, ela precisa ser amada de novo. –
O tom dele é de desespero e aflição. Ele fica roendo as unhas e balançando as
pernas o tempo inteiro.
— Meu plano é esse, mas ela mal olha na minha cara, como eu vou me
aproximar se nem me deixa chegar perto? – Agora mais do que nunca eu sei
que algo muito maior está acontecendo ou aconteceu pra ela ficar assim.
— Jackson, esquece esse lance de ligar pra floricultura e mandar flores,
compre-as você mesmo e entregue a ela. – Ele diz certo e nossos pedidos
chegam, apenas dois sucos. – Compre chocolates, se aproxime mesmo se ela
não quiser e veja se derreter.
— Isac, se eu me aproximar sem o consentimento dela, ela vai me odiar pra
sempre. – Falo como se fosse um menino de quinze anos tentando conquistar
a paixonite da escola.
— Ela te ama. – Ele fala rápido como se tivesse soltado sem querer.
— O que? – Quase me engasgo com um gole do suco
— É isso ai mesmo, ela te ama. Não largou sua blusa um minuto sequer,
dorme com ela todos os dias, abraça quando fica triste, nervosa, com medo,
com saudade. – Ele diz encantado como se tivesse rodando um filme desses
momentos em sua cabeça. – Ela sonha com você e chama pelo seu nome nos
sonhos, ela se toca com você na mente. Jackson, a Florence ama você. Outro
dia ela me disse que desejava que as flores viessem de você, que como o
admirador secreto dela não aparecia nunca, ela fingia que eram suas. Você
tem a faca e o queijo na mão, pegue a goiabada Florence e faça um Romeu e
Julieta bem romântico. Quero uma paixão ardente entre vocês, com direito a ex
infeliz, mãe que não suporta ela, melhor amigo que a quer também, tipo novela
mexicana. – Dou risada do jeito espevitado de Isac e mal consigo conter a
alegria que sinto. Ela me ama. Era a motivação que eu precisava.
— Seu pedido é uma ordem e já vou começar a planejar isso. – Digo
pensando no que posso fazer.
— Bem, tenho uma informação que pode ajudar. – Ele diz sorridente e
continua. – Ela tem ficado até tarde na Russel, Anne me disse que ela é a
ultima a sair, libera todo mundo e fica lá sozinha, só os seguranças e ela. Seria
uma boa você pegar ela assim sozinha. Ela tem uma poltrona cavalinho na sala
só porque acha sexy, mas transar ali deve ser babado. Pega ela de jeito. – Isac
faz uma expressão bem doida e eu gargalho.
— A informação foi útil, mas não farei como está imaginando. – Digo brincando
e dando o último gole em meu suco e ele no dele.
— Meu sonho é ter um bofe igual a você. – Diz saindo do assunto.
— Negro, alto e forte? – Brinco mexendo meus músculos e ele se abana om as
mãos.
— Também, mas eu quero mesmo alguém pra me amar, como você ama a
Florence. – Isac é gay e sofreu muito preconceito, mas no mundo que ele vive,
tem muito mais amor que no mundo hétero. Eu não tenho preconceito nenhum
e até gosto de ter membros da comunidade LGBT por perto, transitem
felicidade e amor por onde passam.
— Você vai encontrar alguém a sua altura. Só não se magoe por pouca coisa.
Você merece o mundo. – Falo encarando-o e ele me lança um olhar
apaixonado e feliz dando a volta na mesa pra me abraçar. – Tá bom, já chega,
vamos que eu vou te deixar em casa.
— Vamos!
Deixei uma nota de cinquenta dólares na carteira da conta e seguimos até meu
carro. Isac foi me dando ideias e me alando sobre o estado atual de Florence
até chegarmos na porta de seu prédio. Me convidou pra entrar e eu aceitei.
— Seja bem-vindo, não repare, é bem menor do que você está acostumado. –
Ele diz assim que entramos no apartamento dele.
Fica numa cobertura, de frente a praia. Deve ter uns cento e vinte metros
quadrados. Dois quartos amplos com suíte e closet, uma cozinha americana
ampla e sala enorme, fora o banheiro externo e a lavanderia. Era um ótimo
espaço pra quem mora sozinho, bem arrumado e bem decorado.
— Aqui é bem bacana, gostei bastante. – Digo me sentando no sofá e ele traz
duas cervejas, mas eu recuso.
— Assim que pegar Florence pelo pé e descobrir os segredos dela, vai ter ela
todinha na palma das mãos. – Ouço-o dizer e decido provocar um pouco.
— Porque você mesmo não me fala? Ficaria mais fácil e seria mais rápido de
conquista-la. – Sugiro e ele dá um sorriso malandreado.
— Ai vai perder a graça né. Você consegue. – Ele fala levando a garrafa até os
lábios e me manda uma piscadinha.
— Quem é Danny? – Pergunto rápido pra ele responder sem pensar, mas ele é
mais esperto que eu.
— Nem tente. Só ela vai te dizer isso.
Passei o restante da tarde ali e logo ela mandou mensagem pra ele dizendo
que havia acabado de chegar e eu fui embora.
A noite caiu e estava quente, minha nova casa é um duplex com cobertura, um
pouco menor que a casa de Paris, mas pouco me importa. Pensei em várias
formas de achar mais pistas sobre Danny, até que tive a brilhante ideia de
procurar nos mortos. Talvez tenha algo.
Depois de um banho relaxante, me deitei e apaguei rápido. Amanhã seria um
grande dia em vários quesitos.
Capitulo 20

Depois que eu perdi outro bebê, minha vida só ficou mais monótona e chata,
nada me agrada ou satisfaz, ninguém tem um assunto interessante ou novo, eu
só quero o Jackson ou a camisa dele.
Os verões aqui em Miami sempre são quentes e animados, temos festas por
todos os lados, mas pra mim, é a pior época, julho se tornou o pior mês do
mundo.
Tudo aconteceu a seis anos atrás, eu estava apaixonada pela primeira vez e
estava sendo correspondida. Malik foi meu primeiro amor, lembro de seu
perfume toda vez que penso nele, nós éramos jovens, ele tinha acabado de me
pedir em casamento e eu tinha acabado de descobrir que estava gravida. Com
vinte e quatro anos e uma conta milionária, eu não me preocupava com mais
nada.
Malik era um marinheiro e assim que eu o conheci, me apaixonei. Ele fazia
maior parte do contrabando pelo mar e tinha facilidade nisso, foi como nos
conhecemos, eu precisava trazer duas toneladas de folha de coca colombiana
para cá e me indicaram ele. A paixão foi imediata, onde estávamos pegávamos
fogo, era um amor louco, mas foi desgastando quando Malik começou a usar
cocaína, usava quantidades absurdas e teve duas overdoses. Logo após se
recuperar, eu descobri que estava grávida e já não sabia se Malik seria um
bom pai ou marido. Durante toda minha gravidez ele ficou bem e pouco antes
de completar oito meses, aconteceu o acidente.
No dia 19 de julho de 2014, enquanto voltávamos de uma festa na casa de um
amigo dele, Malik muito drogado e muito bêbado corria com o carro em alta
velocidade, eu coloquei o sinto de segurança e implorei para que ele
diminuísse a velocidade, mas ele não me ouvia e gritava comigo. Numa freada
brusca, o sinto travou e machucou minha barriga, comecei a sentir muitas
dores e implorava pra ele diminuir e me levar a um hospital. “Malik, vá devagar,
por favor. Pare com isso. Danny vai nascer, me leve a um hospital, por favor.”
Eu chorava muito dentro do carro, a dor era muito forte e eu senti algo escorrer
nas minhas pernas, coloquei a mão pra sentir e era sangue. Muito sangue.
Entrei em desespero e peguei o celular tentando ligar para Isac, mas foi em
vão, ele não atendia. Mais alguns minutos de pânico e eu apaguei. Acordei três
dias depois na UTI do hospital e meu primeiro ato foi colocar a mão na barriga,
eu não sentia nada. Nem um chute, nem um incomodo, nem mesmo
estofamento.
Quando a obstetra entrou e me informou o que tinha acontecido, eu só
consegui gritar. Um grito de terror. Malik teve uma overdose momentos antes
do acidente e com o impacto no muro de um galpão, foi arremessado pra fora
do carro e ao cair, quebrou o pescoço. Eu estava de sinto e não voei pra fora
do veículo, mas algumas partes do carro imprensaram minha barriga. O
socorro demorou cerca de uma hora pra ser acionado e quando chegaram,
Malik já estava morto e eu à beira da morte, me levaram para o hospital às
pressas e fizeram uma cesariana pra tirar Danny, meu bebê não suportou o
impacto e morreu também. Perdi os dois amores da minha vida, minha família,
no mesmo dia.
Depois disso eu me amargurei de tudo. Meu útero ficou doente por conta do
acidente e eu não mais poderia ter filhos, não procurei tratamento porque não
queria mais filhos, não queria mais amor. Abafei toda a história e mandei tirar
de todos os sites as informações sobre meu filho. Somente meu nome e de
Malik apareceriam e ninguém tocaria nesse assunto nunca mais. Só que
quando chega o mês de julho, eu fico assim, depressiva, triste, com vontade de
morrer.
Fui encaminhada para um psicólogo, como todo ano fazem e eu ia lá e
conversava, chegava em casa e chorava. Hoje foi diferente, cheguei em casa
aliviada de ter falado com o psicólogo, me olhei no espelho e admirei minha
bunda que está maior com os exercícios que tenho feito na academia. Mês que
vem eu vou pra Itália numa missão de recuperação e isso me deixa bem
excitada, estou animada, apesar das circunstâncias.
Vou até o frigobar de meu quarto e pego uma garrafa de chardonnay e uma
taça, coloco-os na beirada da banheira, coloco a mesma pra encher e começo
a me despir por completa. O arranjo de Copo-de-leite que ganhei hoje veio
comigo para casa e eu arrumei no banheiro, trazem calma, pureza,
tranquilidade. Eu amo. Entro na banheira me servindo de uma taça e afundo
meu corpo na água quente.
Enquanto tomo uma taça de champanhe e ouço música clássica dentro da
banheira, passo a mão sobre minha cicatriz. Meu psicólogo disse que não devo
me prender a coisas do passado, disse que espiritualmente isso aconteceu
porque tinha que acontecer, era a vontade de Deus e que ele não nos dava
uma cruz que não possamos carregar. Pela primeira vez eu prestei bem
atenção em suas palavras e as guardei com carinho.
Eu sou jovem, bonita, mereço me reestruturar emocionalmente, então estou
decidida a seguir com a minha vida e me permitir mais coisas. Malik e Danny
sempre serão meus amores. Eu sempre vou ser mãe e esposa, sempre vou os
amar, mas eles já estão em outro plano e nem sei se se lembram de mim. Não
vale a pena sofrer por quem já se foi, só nos resta a saudade mesmo, tenho
que ser forte e seguir em frente.
Termino minha taça de champanhe e saio da banheira indo até o box, ligo no
gelado e tomo um banho libertador, como se toda aquela dor estivesse
escorrendo e indo pelo ralo. Termino o banho e vou me deitar, o perfume fraco
de Jackson invadiu meus pulmões e instintivamente me lembrei das noites que
passei com ele dentro de mim, de como fiquei devastada nos primeiros dias
sem tê-lo por perto. Um dia desses eu liguei pra tirar uma dúvida sobre um
documento e ele estava na academia, todo suado e isso me deu um tesão
enorme. Jackson está em um projeto corporal que o está deixando mais forte e
definido, isso acaba comigo.
Neste dia precisei desligar e ir pro banheiro me aliviar, várias vezes após
ligações de vídeo com ele eu fiquei assim, o jeito que ele sorri, o jeito que
morde o lábio inferior enquanto pensa, isso tudo me enche de tesão e eu fico
louca. Mesmo sem saber ele me tira dos eixos e eu não posso negar. Agora
não foi diferente, precisei usar um de meus brinquedos e me aliviar, pensando
no toque dele e sentindo o perfume de sua camisa, em poucos minutos entro
num sono profundo e relaxado como não tenho tido a muito tempo. A partir de
amanhã, uma nova Florence nascerá.
Capitulo 21

Acordei bem cedo para correr e na volta passei em um café para comer,
Yolanda ainda não veio pra cá e acho que nem virá, ela tem família e filhos.
Não posso exigir isso dela, mas a deixei muito bem estabilizada.
Isac quer que eu aja de forma rápida e conquiste logo Florence, mas eu preciso
descobrir mais coisas sobre seu passado primeiro. Cheguei em casa e depois
de um banho, me arrumei e segui em busca de cemitérios.
Ao todo achei seis, o primeiro que fui foi o Charlotte Jane memorial e não me
dei bem. Estou indo em direção ao Miami City Cemetery. Como na matéria não
falava nada sobre o local onde a vítima foi enterrada. Estou indo pela lista do
google mesmo.
— Bom dia, como faço pra visitar um túmulo? – Pergunto pra senhora na
recepção.
— Bom dia! – Ela me olha sorridente e em seguida olha para o buque do flores
do campo em minha mão. – Bem, preciso da sua identidade e do nome do seu
ente querido.
— Malik Gamble. – Falo entregando a ela minha identidade.
— Ele era seu conhecido? – Pergunta com um sorriso fraco enquanto digita o
nome no computador.
— Sou um grande amigo de Florence... – Digo num fio de voz e a senhora
arregala os olhos.
— Ela não avisou que viria mais alguém. – Diz confusa.
— Como assim? - Pergunto mais confuso ainda.
— Florence está aí, todo dia 27 ela vem. – A senhora diz e me surpreendo.
— Ela não comentou comigo que viria por agora. Mas, posso ir? – Pergunto
fazendo sinal pro cemitério.
— Ah, claro. Jazigo 1300, lote 05, quadra 02. – Falou pausadamente e
sorrindo. Agradeci e segui meu caminho.
Já fazem seis anos desde o acidente e ela vem todos os dias? Parece que
ainda não se desprendeu do passado. Caminhei até o lugar que a senhora
indiciou e uma quadra antes de chegar eu já consegui sentir o perfume de
Florence, que saudade eu tenho desse cheiro. Segui meu olfato e parei um
pouco distante dela, encima do jazigo tinha algumas flores e alguns objetos
que eu não identifiquei. Algumas pessoas saíam do cemitério por conta do fim
de um enterro que acabara de acontecer. Florence chorava baixinho, o tempo
todo enxugando as lágrimas com um lenço e dizia algumas palavras bem
baixinhas, até que sua atenção foi tomada pelo riso de um bebê que corria na
rente dos pais, um casal bem bonito e uma criança linda, no momento em que
o pai pegou o menino no colo e o levou até a mãe, ele a agarrou, estava com o
rosto inteiro vermelho por ter chorado muito, o menino muito pequeno ainda
beijou o rosto da mãe de forma desastrada e arrancou um sorriso e um choro
da mulher. Florence observava tudo e olhou para o jazigo, ouvi o momento que
seu choro aumentou e ela chamou por Danny.
Corri pra perto dela e a sustentei, ela se assustou e me encarou estática. Não a
deixei abrir a boca e somente a abracei com força. Senti ela se entregar e
chorar mais ainda. Só quero tirar essa dor dela. Naquele momento eu entendi
tudo. Danny era filho dela com Malik, ele devia estar dentro do carro também.
— O que você faz aqui? – Ela perguntou contra meu peito.
— Eu vim atrás de você, precisava te entregar essas flores, mas esquece isso.
Chore mais um pouco. – Digo afagando seus cabelos.
Assim ela faz e chora mais, minha camisa já está molhada ao extremo, mas eu
não ligo, só quero que essa dor suma do peito dela.
Após alguns longos minutos o choro dela cessa e coloca a mão sobre o tumulo
soltando um suspiro pesado.
— Sinto falta deles... – Diz num fio de voz.
— O que aconteceu? – Pergunto e ela fecha os olhos respirando fundo. – Não
precisa falar se te incomoda tanto. – Desisto de tentar descobrir agora.
— Não, eu falo. Uma hora eu teria que falar isso pra alguém. É bom que seja
pra você. – Ela dá um sorriso lindo e meu coração derrete.
— Mas, vamos falar disso em outro lugar? Que tal eu te levar pra almoçar e
você me conta tudo? – Ela me encara pensativa e concorda com a cabeça. –
Ótimo, vamos lá.
Pego em sua mão e arrumo o buque encima do tumulo. Reparo bem na data
de Danny,  19/07/2014 † 19/07/2014. Cada detalhe que descubro dessa
história, ela se torna mais sombria e tenho mais vontade ainda de resgatar
Florence disso. Sigo com ela pra fora do cemitério.
— Seu carro está aqui? – Pergunto a ela assim que chegamos no
estacionamento.
— Não, Mike que me trouxe. – Ela responde fraco.
— Que bom, vamos. – Abro a porta do carro pra ela e ela entra.
Fomos o caminho todo em silencio, ela só me dizia onde era o restaurante.
Seguimos até o restaurante português que ela gosta e nos sentamos em um
lugarzinho distante de tudo e todos.
— Srta. Florence, boa tarde, é um prazer imenso recebe-la novamente. O que
vai pedir desta vez? – Um garçom falou com ela que sorria incansavelmente.
— Bem, vou querer bacalhau à Brás. – Falou sorridente.
— E o senhor? – O garçom me olha.
— Estou em dúvida, mas acho que vou querer o mesmo que ela. – Digo
olhando o cardápio e realmente não sei o que pedir.
— Façamos assim então. – Florence interrompe o menino antes dele anotar o
pedido. – Traga bacalhau à Brás e aquele polvo a lagareiro. Diga ao chefe que
temos fome. – Ela fala dando uma piscadinha pro garçom e ele sorri
entendendo seja lá o que for isso e saiu anotando.
— Espero que eu não morra intoxicado. – Brinco com ela e ela sorri me
mostrando a língua. – Que saudade dessa língua... – Falo baixinho e ela não
ouve.
— O que? – Pergunta sem entender.
— Nada. Pensei alto. – Respondo e encaro ela em seguida. – Vai me contar
agora? Ou melhor almoçar primeiro?
— Então, vamos lá... – Ela respira fundo e começa a me contar tudo o que
aconteceu.
Ela estava gravida e perdeu o bebê por causa desse inconsequente. Por isso
ela odeia gente drogada perto dela. Trabalha com a droga, mas não consome e
nem trabalha com quem a consome e está desenvolvendo uma medicação que
ajuda a acabar com o vício, por enquanto tem dado certo pra mim.
Florence merece aplausos por ser tão forte o tempo todo, nunca vi essa mulher
vacilar em nada. Sempre certa do que quer e do que vai fazer, sempre com os
eixos alinhados, pelo menos na frente de todo mundo é assim que ela é, no
particular dela eu já não sei, mas vou descobrir.
— Eu nem sei o que dizer. – Falo quando ela acaba de me contar sobre o
acidente. – Não imagino a dor de enterrar alguém que amamos. – Falo olhando
pro nada lembrando de quando recebi a notícia de que meu pai havia falecido e
de como eu me senti bem por isso.
— Nunca pensei que me sentiria tão bem num dia 27 de julho. – Ela falou
respirando fundo me encarando.
— O que faz você se sentir tão bem? – Pergunto bebendo um pouco de minha
água.
— Ontem na minha primeira consulta com o psicólogo espirita, ele me falou
algumas coisas sobre a vontade de Deus, a força maior que controla tudo e
essas coisas. De todos os psicólogos que passei, esse foi o que conseguiu
colocar no meu coração uma palavra de conforto e me fez entender que eu não
posso sofrer mais por algo que já passou, só restou a saudade, mas eu preciso
me desapegar da lembrança do acidente. – Nossa comida chega e ela da uma
pausa até o garçom sair. – Enfim, eu decidi que não vou me privar de viver por
conta de algo que já passou e que não vai voltar. Não vou deixa de ama-los,
apenas me desprenderei do momento triste e vou focar nos bons momentos
que tivemos juntos, nos momentos que senti ele chutar e a felicidade quando
descobri que era um menino. Ele era tão lindinho, tinha meu nariz e minha
sobrancelha, o queixo de Malik e a boca também. Enfim, vamos comer. – Ela
acaba de falar e sorri ao ver que eu já servi seu prato com um pouco do
bacalhau.
— Essa é uma atitude e tanto, eu vejo tantas mães que morreram com a
saudade do filho que se foi ou o marido. Você foi muito forte esse tempo todo,
você me enche de orgulho só de estar aqui me falando isso tudo e não ter
derramado uma lágrima sequer. – Ela sorri e coloca uma garfada na boca. –
Agora eu quero só essa energia de você.
— Vai ser só essa a partir de agora. Já chorei tudo que tinha pra chorar nos
últimos seis anos. Não tenho mais espaço pra tristeza. – Ela diz e continua
comendo.
Assim que terminamos de comer ainda conversamos mais um pouco e logo
após pagar a conta, fomos embora.
Sabe quando você reseta um computador ou um celular? A Florence está
assim, como se a vida dele tivesse começado agora, cheia de ideias e
diversão.
— Quero dar uma festa. – Ela fala do nada enquanto seguimos até a Russ.
— Como assim? No seu aniversário? – Pergunto confuso.
— Não, uma festa normal, convidar os amigos, contratar bufê, dj, decoração.
Tudo que tenho direito. Quero meus amigos dançando comigo, quero ficar
bêbada e me sentir como quando eu tinha vinte anos. Sentir que sou dona do
mundo. – Ela fala rindo.
— Acho uma boa, vai ser bom pra essa nova Florence. – Falo e ela encosta a
cabeça no encosto do banco me encarando. – Que foi? – Pergunto e ela sorri.
— Nada. Só estou cansada. – Ela mentiu, sei porque ela levanta as
sobrancelhas quando mente.
Chegamos a Russel rindo e brincando e quando entramos pela porta principal,
todos nos olharam assustados, Anne prontamente veio até Florence.
— Sra. Russel. Pensei que não apareceria aqui hoje. – Ela fala de forma
apreensiva.
— As coisas mudaram minha cara Anne. A partir de agora, todos os dias 27
você me verá aqui, afinal, a semana só está começando, não é mesmo? – Ela
diz com um sorriso reluzente e uma certeza invejável.
— Bem, tudo bem então. Não tem nada na sua agenda hoje, mas podemos
arrumar o que fazer. – Anne diz enquanto andamos até o elevador privativo.
— Anne, relaxe. Se eu precisar de algo, te chamo. – Florence diz e entra no
elevador me puxando.
— Calma bebê, se quer tanto ficar a sós comigo, é só avisar. – Falo brincando
e ela cora.
— Desculpa, eu nem percebi o que fiz. – Quando está envergonhada ela ri
fraco e abaixa a cabeça, eu acho fofo.
— Relaxa, eu estou só brincando. – Chegamos em seu andar e Anne já está
posicionada em sua mesa.
— Boa tarde, Anne. – Florence diz rindo e Anne ri de volta. – Não tem flores
pra mim hoje? – Pergunta parando ao lado da secretária.
— Ainda não chegaram, talvez esse admirador saiba que geralmente você não
aparece por aqui nesse dia... – Anne sugere e Florence fica pensativa.
— Já tinha me acostumado a ganhar flores todos os dias. – Diz com certa
decepção.
— Eu teria medo. – Anne comenta. – O cara nunca apareceu e nunca se
revelou, nunca mandou um chocolate e rosas passaram longe do
conhecimento dele.
— Acho que ele me conhece bem até demais, gosto de novidade. – Florence
diz entrando em sua sala e de novo me puxando junto.
— Acho que você gostou de me puxar. – Falo quando ela me solta sem
perceber o que fez e senta em sua cadeira.
— Ah, fiz de novo? Me desculpe. – Diz rindo e ligando o computador. – Me fala,
como está sendo morar aqui? – Ela pergunta colocando os óculos de grau e
porra, gostosa demais.
— Está sendo complicado, até eu me acostumar e achar uma governanta igual
Yolanda, vai ser difícil. – Falo me sentando na poltrona a sua frente.
— Se quiser eu posso cozinhar alguma coisa pra você qualquer dia desses. –
Fala de forma despojada e despreocupada.
— Isso seria ótimo, mas você sabe cozinhar ou é apenas uma tentativa de me
matar intoxicado? – Brinco e ela joga um clipe de papel em mim.
Passamos o resto da tarde conversando e trocando informações sobre trabalho
e outras coisas relevantes. Florence mudou totalmente, estou, hm, como Isac
fala? Chocado. Estou chocado com essa mudança dela, chocado e aliviado,
não suportaria vê-la sofrer como estava sofrendo.
Minha futura esposa se renovando.
Capitulo 22

Depois que cheguei na empresa e não fui surpreendida por flores, segui para
minha sala e puxei Jackson literalmente pra dentro comigo.
No cemitério, enquanto dava minha crise de choro, senti uma brisa vir por trás
e trouxe o perfume dele, pensei ser meu subconsciente me pregando uma
peça e continuei ali, até ver a cena de uma criança beijando a mãe, foi demais
pro meu coração e eu quase cai de tanto chorar, quase porque ele esta lá, o
tempo todo. Jackson me pegou e me sustentou com o próprio corpo até minha
crise de choro passar. O perfume dele invadia meus pulmões e espalhava
alegria por todo meu corpo, junto com um formigamento gostoso e uma
pressão no meu sexo. Sim, me chamem de psicopata, mas Jackson me deixou
excitada dentro do cemitério, na frente do meu filho e marido falecidos. Sou
uma pervertida, podem me julgar, eu deixo.
Depois de muito conversar, Jackson pediu licença e saiu por vinte minutos que
pareceram uma eternidade, sem ele o tempo fica mais lerdo, sei lá. Quando
voltou estava com um buquê de hortênsias nas mãos.
— O que é isso? – Perguntei quando ele me entregou o buquê.
— Flores! – Respondeu com obviedade divertida.
— Eu sei né, mas quero saber porque está me dando flores. – Digo levando-as
até o nariz e sentindo seu perfume comum de flor.
— Você reclamou que seu admirador não te mandou hoje, eu fui lá e comprei.
Como você gosta de ser surpreendida, comprei essas hortênsias. A moça da
floricultura disse que são um símbolo de devoção, coragem, determinação,
dignidade, pureza e elevação espiritual. Achei bem adequada pro momento. –
Fico boquiaberta admirando a vontade dele de realizar um capricho meu.
— Muito obrigada, Jackson. Realmente não precisava, mas eu amei muito. –
Falei arrumando-as num vaso que já estava preparado.
— Precisava sim. O que fizer você sorrir e estiver no meu alcance, você vai
sorrir. – Ele diz com certa seriedade e eu dou mais um sorriso largo.
— Obrigada mesmo. – Dou a volta na mesa e o abraço, minhas pernas vacilam
quando sinto seus músculos maiores e seu perfume.
— Não precisa agradecer, mas agora eu preciso ir. – Diz bem perto do meu
rosto e eu fecho os olhos imaginando que ele pode me beijar, mas isso não
acontece, ele somente se afasta me deixando ali parada, bêbada de desejo e
com a calcinha encharcada. Droga.
Espero alguns minutos após ele sair e pego um estojo em minha bolsa, corro
pro banheiro trancando a porta e me olho no espelho. Estou estupidamente
corada e tremendo.
Depois de gozar duas vezes com o pequeno potente vibrador que eu carrego
na bolsa, volto até minha mesa e encaro o computador. Será que sempre serei
extremista com emoções? Meu luto durou seis anos, agora meu desejo por
Jackson vai durar uma eternidade?
Me recomponho e fico trabalhando concentrada até meu celular tocar e eu ver
que era Angel, agora que acabaram os desfiles e ela está de férias, ficará fixa
aqui em Miami e provavelmente eu vou ser obrigada a tirar férias junto com ela,
o que vai ser ótimo, estou mesmo precisando de férias.
— Oi, vaquinha que eu amo. – Falo ao atender.
— Oi né sua cretina desalmada. Eu estou aqui na sua casa, esqueceu que
marcou comigo? – Ela fala com raiva. Putz, esqueci mesmo.
— Amigaaaaa, desculpa. fiquei atarefada por aqui e acabei esquecendo
mesmo. – Falo com ressentimento.
— Falsa! Venha já pra cá, já passa das sete da noite. Isso não são horas de
uma princesa estar na rua. – Diz rindo e ouço Isac rir ao fundo.
— Princesas não ficam na rua, mas como sou rainha, posso! To indo, beijos. –
Desligo antes de ouvir ela me xingar e levanto pegando minha bolsa.
Tudo está escuro e apenas eu e os seguranças habitamos este lugar agora,
me despeço deles e sigo em direção a minha casa, no caminho começa a tocar
uma música bem animadinha e aumento o som no último volume enquanto
dirijo e danço no volante.
— Cheguei quengaral. – Falo alto entrando pelo hall e ouço o som dos saltos
de Angel. Ela está linda e com uma aparência ótima.
— Piranha. – Gritou pulando em mim e nos abraçamos forte. Como duas
adolescentes mesmo.
— Estava morrendo de saudade e espero que tenha vindo pra ficar. – Comento
e ela revira os olhos.
— Lógico que vou ficar, na minha casa, mas vou. Hoje vou dormir aqui porque
Mike tem um trabalho a fazer, ele não quis me dizer o que é, mas pouco me
importa também. – Diz fazendo pouco caso. Mike hoje irá conversar com
alguns informantes sobre os depósitos de Jesse.
— Ótimo, vamos fazer o que? Estou bem animadinha. – Falo já subindo e ela
vem atrás de mim.
— Bem, eu nunca vi você assim em pleno dia 27 de julho, mas podemos
organizar algo. – Revirei os olhos com o que ela disse, até eles se
acostumarem com minha nova fase, vai demorar um pouquinho.
— Amiga, esquece aquela tristeza. Fazem 6 anos já. Eu decidi hoje que não
vou mais chorar por isso e por favor, vamos parar de falar disso. – Falo já me
despindo e indo pro banheiro.
— Ai, até que enfim. Eu sei que ninguém merece passar pelo o que você
passou e muita gente não suporta nem um sexto do que você suportou, mas a
vida continua e você terá outras oportunidades. Eles serão sempre seus anjos
da guarda e querem você bem. – Angel veio me abraçando e me soltou rápido
olhando séria.
— Que foi sua doida? – Pergunto notando sua mudança de estado.
— Esteve com Jackson? – Pergunta com olhar desconfiado.
— Estive sim. A tarde toda. Por que? – Falo enquanto caminho pro box e ligo o
chuveiro. Ela vem logo atrás.
— Sua safada! Nem pra me contar. – Ela bate o pé. – Você está com o
perfume dele no corpo. Transaram novamente? Como foi? – Angel tem uma
empolgação que nem consegue conter.
— Não! – Profiro. – Não transamos, apenas almoçamos, contei a ele o que
houve e ele me ajudou bastante. Na verdade, acho que ele já sabia que eu iria
ao cemitério hoje e me seguiu. – Falo enquanto ensaboo o corpo e ela fica
pensativa.
— Como assim? – Me encarou confusa.
— Lembra que eu falei que todos os dias chegava um buque de flores pra
mim? – Ela concorda. – Então, hoje enquanto estava com Jackson, nenhum
chegou e ele foi lá e comprou um arranjo de hortênsias pra mim. – Falo já
saindo do box e ela me entrega uma toalha.
— Você acha que ele que mandou as flores esse tempo todo? – Ela pergunta
cruzando os braços.
— É possível e ao mesmo tempo não é. – Falo com incerteza e ela me encara
esperando-me terminar. – É que os cartões sempre mencionavam o tipo de
roupa que eu estava usando, como se a pessoa tivesse me visto antes mesmo
de eu chegar na empresa. Os buques sempre chegam com meia hora de
antecedência, é o tempo que eu saio de casa e chego lá. – Explico e ela
meneia a cabeça.
— Bem, já tentou olhar a caligrafia dos cartões? – Pergunta me seguindo até o
closet.
— Todos são digitais. – Falo tirando uma caixinha de uma gaveta e mostrando
a ela todos os cartões.
— Uau! – Fala olhando cada um deles. – Detalhes bem precisos, mas você já
pensou que pode ser algum segurança seu? – Pergunta e eu concordo com a
cabeça enquanto me visto.
— Primeira coisa que pensei foi isso, mas maioria é casado e não que isso
impeça, mas eu perceberia algo de diferente. Eles mal me olham. Apenas
respondem meus bom dias e boa noites quando passo indo e vindo da
empresa. – Me sento na cama e pego a camisa de Jackson cheirando a
mesma. Ela termina de se vestir e vem ao meu encontro.
— Bem, nossa nova missão é descobrir quem manda essas flores. – Angel
senta-se ao meu lado e me olha enquanto eu sinto o perfume do homem que
eu amo.
— Como vamos fazer isso? – Pergunto inebriada pelo perfume já fraco de
Jackson.
— Simples, amanhã nós vamos para a empresa e você leva uma troca de
roupas na bolsa, se chegarmos lá e o cartão falar sobre sua roupa, saberemos
que é alguém de dentro da sua casa. – Diz imaginando alguma coisa e sorri. –
Vou trabalhar com você amanhã.
— Vai ser um longo dia, não? – Falo me levantando e saindo quarto sendo
acompanhada por ela. Ambas já estão com roupas confortáveis e com certeza,
mortas de fome.
— Ôh se vai! – Seguimos até a cozinha e ela para me olhando. – Será que é
Isac? Ele é meio obcecado com você. – Ela diz baixo olhando para todos os
lados.
— Isac é gay! – Falo baixo também e ela revira os olhos.
— Esqueci desse detalhe! Vamos manter o segredo dele também, ok? Não
podemos colocar nossa missão em risco. – Dou risada da atitude dela e
seguimos até a cozinha onde já tem um banquete sendo preparado.
— Estou morrendo de fome! – Falo olhando para algumas coisas no balcão. –
Já posso comer? – Pergunto e Isac me olha em negação.
— Ainda não, rainha. Vou levar tudo para a sala de TV. Hoje é dia de filme e
besteiras. Podem ir escolhendo qual vai ser dessa vez e logo estarei chegando
com as guloseimas. – Fala quase xotando a gente da cozinha.
— O que veremos? – Angel pergunta enlaçando o braço no meu e eu dou de
ombros. – Quero ver abominável. Ainda não consegui... depois a gente pode
maratonar Barbie. O que você acha? – Fala com certa animação.
— Pode ser, eu sempre durmo mesmo. – Comento rindo e ela me acompanha.
Ficamos vendo filmes e comendo besteiras. Isac fez um prato de frios, pipoca,
fondue de chocolate com frutas, salgadinhos e mais algumas outras coisas que
engordam. Eu senti tanta falta dessa energia gostosa de amizade que nem me
lembrava como era, agora estamos vendo Barbie e o quebra-nozes e Angel só
sabe chorar.
Recebi uma mensagem no celular e era Jackson, mais uma vez perguntando
se estava tudo bem e mandei uma foto nossa com toda aquela comida e o
filme. Ele respondeu rindo e disse que queria estar aqui. Seria a coisa mais
gostosa do mundo. Encerrei a conversa com ele e continuei vendo filme até
pegar no sono.
Capítulo 23

Às vezes eu nem acredito nas voltas que o mundo dá, estou cada vez mais
próximo de Florence. Hoje ela me contou o que aconteceu com ela e passamos
praticamente a tarde inteira juntos, o próximo passo é revelar a ela que sou eu
quem manda as flores, se bem que depois de hoje, ela deve desconfiar de
algo.
Passei a noite toda trabalhando pelo notebook e fui dormir logo após trocar
mensagens com Florence. Ela estava em casa com Angel e estavam vendo
filme, por um momento eu desejei estar junto delas, mas eu terei meu
momento.
Levantei-me bem cedo e tomei um banho frio pra acordar o corpo, hoje
algumas pessoas me visitarão para uma entrevista de emprego e eu espero
que ao final do dia eu já tenha alguém pra trabalhar aqui comigo. Como um
bom amigo, Isac me indicou algumas pessoas, Yolanda realmente não virá e
eu preciso de alguém para organizar quem vai cozinhar, lavar, passar e
arrumar.
Depois de tomar um café da manhã reforçado, sentei na sala para esperar o
pessoal, minha assistente chegou um pouquinho atrasada, mas foi de grande
ajuda. Stefany aceitou vir morar nos Estados Unidos só para continuar
trabalhando comigo, eu ajudei a organizar as coisas mais essenciais e aqui
está ela. Uma funcionária excelente!
Após muitas pessoas chegarem e muitas saírem, os “candidatos” acabaram e
eu não consegui me satisfazer com nenhum deles. Todos tinham algum defeito
que iria pesar na rotina e eu achei melhor encerrar. Talvez eu arranje alguém,
mas não agora.
Kobe me ligou e sugeriu que saíssemos para tomar algumas cervejas enquanto
era cedo e assim fizemos.
Coloquei uma roupa fresca, o perfume de sempre e fui de encontro a ele até
um bar que ele conheceu e gostou muito, as noites em Miami sempre são
muito animadas, diferente das noites tranquilas da França, Kobe adora
agitação e eu meio que já deixei isso de lado. Chegamos no bar por voltas da
oito da noite e começamos a beber.
— Ela me contou tudo, irmão. – Digo a Kobe tomando um gole de minha
cerveja.
— Nos mínimos detalhes? – Pergunta com os olhos arregalados e eu concordo
com a cabeça. – Porra! Então já sabe quem é o tal Danny né? – Kobe mal
consegue conter sua empolgação.
— Danny era filho dela. Ela estava grávida! – Ele abre a boca chocado.
— Por isso as cicatrizes na barriga. – Fala pensativo. – Lembra quando eu te
falei que você consegue controlar seu amigo só com uma transa? – Concordo
sem saber onde ele quer chegar. – Então, você vai esquecer isso, se você não
sente nada por ela, vaza e deixa essa mulher em paz. Ela não merece sofrer
de novo. – Diz tomando um gole da cerveja.
— Essa que é a questão aqui. Eu sinto algo por ela, Kobe. Eu amo essa mulher
com todas as minhas forças. – Falo abaixando minha cabeça contra a mesa e
Kobe coloca a mão em meu ombro.
— Tem certeza disso? Se tiver, vai fundo, vou te ajudar, mas se não, espera
mais um pouco pra ter certeza. – Diz me olhando com cumplicidade.
— Eu tenho plena certeza do que sinto, não tiro ela dá cabeça nem por um
minuto e seria incapaz de fazê-la sofrer. – E é verdade! Eu nem me imagino
fazendo algo que ela não goste. – Você não tem ideia do ódio que eu senti
quando ela me contou sobre o acidente, senti ódio de Malik por ser tão
negligente, queria revivê-lo só para ter o prazer de matá-lo eu mesmo. Senti
ódio de mim mesmo por algum dia ter colocado aquele pó maldito no nariz,
senti ódio de Denise por ter me arrastado pro mesmo limbo dela. – Falo com
certa raiva nas palavras e termino minha cerveja.
— Jackson Hawks apaixonado, lady’s and gentleman’s. – Kobe diz rindo e
puxando um inglês quase perfeito. – Eu vou querer se padrinho dessa porra de
casamento. – Fala me encarando sério e eu reviro os olhos pedindo outra
cerveja.
— O importante agora é aos poucos ir conquistando-a, preciso ter certeza de
que ela sente a mesma coisa. – Falo encarando o nada. – Será que ela ainda
tem alguma coisa com o Sr. Suéter? – Kobe dá de ombros.
— Nunca mais vi os dois juntos e ele anda bem longe dela ultimamente, um
passarinho me contou que eles dois brigaram por coisa grande. – Kobe diz de
forma curiosa.
— O que pode ter acontecido? Será que tem a ver com o código? – Digo
pensando em todas as possibilidades.
— Florence está em um outro patamar, o lance dela com o código envolve
muito mais do que imaginamos e se foi realmente por isso que eles se
afastaram, podemos esperar por surpresas. Jesse não vai durar muito. – Kobe
disse a coisa certa. O afastamento deles não tem nada a ver com relação
pessoal, quando toquei no nome dele, a expressão dela foi de nojo e raiva
imediata. Algo muito mais sério aconteceu.
Nossas cervejas finalmente chegam e continuamos a beber até meu celular
tocar.
— Sim? – Falo ao atender o número desconhecido.
— Sr. Hawks, sou eu, Yolanda! Estou ligando para avisar que amanhã bem
cedo estarei chegando aos Estados Unidos. – Minha Yolanda voltou! – Teria
como o senhor me passar o endereço de sua nova casa?
— Que notícia maravilhosa! Eu passo o endereço sim, a equipe de funcionários
estará te esperando! Peço para te buscarem no aeroporto, é só me ligar. – Falo
com certa animação.
— Tudo bem! Chego por volta de meio dia. – Informa e eu me despeço dela.
— Yolanda? – Kobe pergunta me encarando.
— Sim, chega meio dia aqui! Nunca fiquei tão feliz por vê-la. Eu não sou
ninguém sem essa mulher, só ela conhece todos os meus gostos! – Falo
lembrando de alguns caprichos meus que só ela entende.
— Gay! – Kobe diz revirando os olhos e tomando um gole de cerveja que já
está na metade.
— Florence não diria isso se perguntasse sobre nosso sexo na escada do
desfile ou sobre nossa primeira noite! - Digo provocando.
— Poupe-me! Já não basta passar meses ouvindo você chorar pelos cantos
com saudade dela, ainda tenho que aturar isso? Pode parando! – Diz
mostrando uma falsa irritação e eu gargalho junto com ele.
— Você precisa de um namorado! – Falo e ele revira os olhos.
— Não fala isso em público! Vou perder toda minha postura de valentão se
descobrirem meu pequeno segredo. – Diz fazendo drama e eu sinto uma mão
no meu ombro.
— Qual seria esse pequeno segredo? – A voz de Mike atrás de mim soa grave
e animada.
— Kobe é gay e precisa de um namorado. – Falo fazendo um aperto de mãos
com ele e Kobe faz também.
— Ah, isso é fácil. Se ficar muito tempo andando pela Russel, vai conhecer
alguém legal! – Mike diz se sentando ao meu lado e encarando Kobe a nossa
frente.
— Eu não sou gay! – Kobe diz calmo e um pouco irritado por Mike achar que é
verdade.
— Calma cara, hoje em dia não existe tabu. Viva a diversidade, sem vergonha
de ser o que realmente é! – Mike entra no jogo me dando um toque por baixo
da mesa.
— O que? – Kobe está incrédulo. – O que te faz pensar que sou gay?
— Teu jeitinho meigo! – Mike diz tentando conter uma gargalha e fracassa
miseravelmente. – Relaxa aí o machão. Estamos só brincando com você.
— Não vi graça alguma! – Kobe realmente se irritou? – Só por isso, a conta é
sua hoje! – Não, ele não se irritou.
— Nenhum problema, meu caro! – Mike diz rindo mais um pouco e pedimos
mais cerveja.
A noite foi cheia de emoções, algumas mulheres se oferecendo, Mike e eu
recusando pois já temos nossas mulheres. Mike me falando o que fazer para
conquistar Florence e eu dizendo o que já estava fazendo. Chamamos um
carro e fomos os três embora depois de muita bebida.
Amanhã o dia vai ser longo!
Capítulo 24

Acordei me sentindo muito melhor do que nos últimos meses, sei lá, parece
que alguma coisa floresceu em mim, trazendo vida de volta a um corpo morto.
Estava me sentindo isso, um corpo sem vida e sem essência, sem alma.
Levantei-me indo até o banheiro e fazendo toda minha higiene matinal, usando
meu perfume de sempre, fresco e marcante. O sol lá fora está bem forte e
quero ficar na piscina, coloco um biquini verde, um chinelo e corro pra acordar
Angel que dorme no quarto ao lado do meu.
Bato na porta duas, três, quatro vezes e nada dela atender. Decido entrar
assim mesmo e me deparo com a cama vazia e arrumada, apenas a pequena
mala dela está sobre a cama. Que filha da puta!
Pego meu celular para ligar, mas decido não fazer isso, deve estar com Mike,
certeza. Desço para tomar o café e Isac me olha estranho.
— Bom dia, meu amor! – Falo entrando na cozinha e ele me encara.
— Bom dia, minha rainha da alface. Onde você vai com esse biquíni? –
Pergunta me lançando um olha desconfiado.
— Vou para a empresa, onde mais? – Debocho e ele revira os olhos.
— Cleópatra, porque não me avisou que iria para seu oásis? Eu teria feito
algumas coisas para seu maior conforto. – Pestaneja.
— Não preciso de muita coisa, só se certifique do protetor e do bronzeador
estarem ainda na validade. – Peço me lembrando de quanto tempo tinha que
eu não entrava naquela piscina. – E eu quero água de coco. – Falo me
sentando à mesa para tomar meu café.
— Sim senhora! Como a senhora desejar! Posso aconselhar uma gin tônica?
Ou prefere algo mais forte? – Pergunta me encarando e eu o olho incrédula.
— São nove da manhã, porque quer me dar uma gin tônica? – Falo assustada
e ele gargalha.
— Porque você é rica, poderosa e pode muito bem beber álcool de manhã. –
Diz massageando meus ombros.
— Sensata e estudada também, não quero destruir minha saúde com álcool
logo pela manhã. – Profiro colocando um pãozinho na boca e Isac revira os
olhos saindo de perto.
Olho algumas notícias porque sou a adulta chata que lê jornal e assiste
noticiário o tempo todo, termino meu café e vou escovar os dentes. Desço com
minha JBL e o celular na mão e ouço Isac conversar com alguém no hall de
entrada. A segunda voz desaparece e ouço os passos dele em direção às
escadas.
— Minha rainha! – Diz assustado ao me ver. – Pregou-me um susto. Achei que
estivesse no quarto ainda. – Fala colocando a mão no peito.
— Tomando susto fácil, Isac? Escondendo algo de mim? – Pergunto
desconfiada.
— Eu jamais esconderia algo da senhora, apenas tomei um susto. Nada
demais. – Acho seu comportamento estranho e continuo encarando-o. – Tudo
bem, tem uma surpresa no hall de entrada. – Ele dispara sorridente e
empolgado.
— Surpresa? Que surpresa? – Pergunto já andando em direção ao hall.
— Algum admirador seu. – Lembro-me das flores, mas seria impossível. Elas
só chegaram na empresa desde então.
Me dirijo ao hall de entrada mais rápido e quando chego encontro um buquê
enorme de girassóis, muito grande mesmo. Fico parada por um minuto
encarando as flores e pego o cartão.

” Bom dia para a flor mais linda que já vi.


Aceite este presente como símbolo da felicidade, vitalidade, entusiasmo
e energia positiva que você emana nesta linda manhã. Jamais se prive
de sentir essa energia, ela te deixa mais linda do que você já é e só faz
com que eu te admire e ame mais.
Ps: Essa cor fica tão linda quanto às outras. Sugiro uma limonada, pra
refrescar.
Com todo amor, seu Admirador”
Um cartão manuscrito dessa vez... Curioso, conheço essa letra, mas de quem
é? Termino de ler o cartão e olho para Isac que me encara com um sorriso
enorme no rosto.
— Quem foi que mandou? – Pergunta não conseguindo conter a felicidade.
— Um admirador! – Digo encarando o cartão novamente. Quem será?
— Isso eu sei, mas não tem nome? – Pergunta tentando olhar o bilhete e eu
puxo contra meu peito, escondendo o conteúdo.
— Não, é o mesmo que manda as flores para a empresa. – Falo contendo
minha fúria. – E curiosamente ele sabe a cor da minha roupa, sendo que eu
nem sai de casa hoje. – Profiro com certa raiva. – Isac, se você estiver me
pregando uma peça... – Não termino de falar e encaro o buquê novamente. –
Chame todos os funcionários aqui agora! – Mando e ele concorda saindo em
direção a cozinha.
Subo até meu quarto e coloco uma saída de praia rosa em crochê. Chegando
novamente ao hall e encontro todos os meus vinte e cinco funcionários.
— Bom dia a todos, serei objetiva! Quem foi que me mandou esse buquê e
outros? – O silêncio se instala depois da minha pergunta e eles se olham com
expressão perdida e confusa.
— Senhora, o entregador da floricultura apenas deixou o buquê aqui e disse
que era para a senhora. No cartão não tem nenhuma informação? – Um de
meus seguranças da porta pergunta.
— Se tivesse eu não estaria aqui perguntando a vocês. – Profiro e ele assente.
– Isac, arrume caneta e papel, quero todos escrevendo algumas palavras que
irei ditar e se eu achar uma comparação que seja com a letra deste cartão... –
Paro de falar e somente respiro fundo.
Isac se apressa e os funcionários ficam conversando entre si. Logo Isac volta e
eu dito algumas palavras para eles escreverem, inclusive Isac.
“Bom dia, flor, vitalidade, jamais, admirador”
Todos escreveram e nenhuma dessas letras chegou perto da letra do cartão.
Dispensei todos os funcionários e fui até a piscina na companhia de Isac.
— Que surto foi esse? São apenas flores de um admirador. – Ele diz enquanto
estica uma espreguiçadeira para mim deitar.
— Não são apenas flores, Isac. São símbolos de todos os meus humores,
todos os dias um humor diferente, essa pessoa parece estar colada em mim o
tempo todo, me conhece tão bem, está me vigiando em casa, como conseguiu
passar pela minha segurança? – Disparo e ele me olha com a boca torta.
— E você desconfia logo de mim né sua diaba? – Fala enquanto pega o
protetor para passar em mim.
— Lógico, você é o primeiro que eu vejo quando acordo e desço já arrumada,
você é o primeiro a perceber meu humor. Quem mais seria? – Falo encarando-
o séria. – Tem certeza que não é você? – Pergunto olhando em seus olhos.
— Minha rainha, eu te admiro muito e te amo mais do que tudo, mas é amor de
irmão. A fruta que você gosta, eu como até o caroço. – Diz rindo e espalhando
protetor no meu rosto. Penso em Jackson como a fruta que eu gosto, uma
pontada de ciúme nasce e eu balanço a cabeça tentando apagar isso.
— É estranho! No bilhete ele disse que me amava! – Falo encarando a água
cristalina da piscina a minha frente.
— Disse que te ama? – Isac fala empolgado. – Meus Deus! Que tudo. – Se
abana com as mãos e contém um sorriso. Ele sabe de alguma coisa.
— Você sabe quem é, não sabe? – Pergunto e ele para de sorrir na hora.
Sabe!
— Não, minha rainha. Não sei! – Péssimo mentiroso torcendo o nariz.
— Você mente muito mal, sabia? – Acuso e ele sorri debochado. - Diga-me
quem é! – Peço e ele nega.
— Vai ter que descobrir sozinha, minha rainha! Não imagina nem quem seja? –
Pergunta e eu fico pensativa.
— Já pensei em várias pessoas, muitas mesmo. Até em Jackson! Mas não
teria como, os bilhetes não batem com a localização dele. – Falo em um tom
triste.
— Por que você não vai até a floricultura e pergunta quem foi que as mandou?
– Sugere e eu acato ficando pensativa.
— Uma boa ideia. – Digo me levantando e Isac me impede.
— Onde você vai? – Pergunta.
— Até a floricultura! – Ele me lança um olhar de “poupe-me”.
— Florence, você vai sentar essa bunda enorme aí e vai tomar um sol, vou
trazer sua água de coco, ligue numa música e relaxe. Angel e Mike estão
chegando. Faremos churrasco para o almoço, que tal? Bem brasileira! –
Informa já saindo de perto e entra em casa.
Porque não pensei em ir a floricultura antes? Farei isso amanhã bem cedo!
Deito-me na espreguiçadeira e ligo a JBL numa música qualquer animada.
Após alguns minutos vejo Mike, Angel e Isac entrarem no deck da piscina e tiro
meus óculos de sol.
— Você é uma bela de uma piranha, Angelique. – Falo encarando minha amiga
que está corada e com certeza foi muito bem fodida a pouco.
— Tinha coisa mais importante pra fazer do que ficar tomando sol com uma
mulher. – Diz me encarando debochada e chega perto do meu ouvido. – Estou
assada, dando desde seis e meia da manhã. – Contenho um riso diante da
declaração dela e disfarço o máximo que posso.
— Não desculpo! – Minto. – Vá colocar seu biquíni e desça, teremos comida
brasileira hoje. – Falo pegando a água de coco das mãos de Isac e dando uma
sugada no canudo. Geladinha!
Mike se despede de Angel e ela sobe para pôr seu biquíni descendo após
alguns minutos, ela usa um maiô branco e um óculos de sol enorme.
— Adorei os girassóis. – Fala ao sentar-se na espreguiçadeira do lado da
minha. – O mesmo admirador da empresa? – Pergunta levantando os óculos e
me encarando.
— Sim, chegaram faz uma hora. – Falo sem ânimo e pensativa.
— O que foi? Não gostou do buquê? – Pergunta me olhando confusa.
— Não é isso. Eu amei, são lindos e já mandei Isac espalhar pela casa. – A
encaro com súplica. – Estou irritada porque o cartão veio manuscrito e eu
conheço aquela letra, só não me lembro de quem é. Eu to estressada por não
saber quem é e por criar expectativa de ser uma pessoa e acabar sendo outra.
– Falo com voz melancólica e Angel me abraça.
— Quem você quer que seja? – Pergunta ainda me abraçando.
— Jackson! – Disparo e ela me aperta mais.
— Se apaixonou por ele? – Me encara séria.
— Sim! Não consigo parar de pensar nele um minuto sequer e isso está me
matando. Não consigo ficar perto dele como uma pessoa decente, sinto o
perfume dele e já me derreto, sinto a imponência que seu corpo transmite e já
quero me jogar. – Minha voz sai um pouco desesperada e Angel franze o
cenho. – Amiga, não consigo ficar cinco minutos perto dele que minha calcinha
molha, eu sinto uma coisa absurda por esse homem! Eu só senti algo parecido
e mesmo assim não era tão forte, quando conheci Malik. – De repente, lembrar
de Malik deixou de ser doloroso. Eu não sinto nada, só nostalgia mesmo.
— Já falou isso a ele? – Angel pergunta entrelaçando nossas mãos.
— Ainda não! E se ele não sentir o mesmo? Ele sempre fica tão normal perto
de mim, depois de tudo que aconteceu em Paris, ele mudou. Tem me ignorado
ao máximo e só tem se preocupado com o corpo agora. – Digo com certo pesar
e Angel sorri de uma forma estranha.
— Amiga, tenta se abrir com ele! – Ela para um instante e ri. – É pra se abrir
em falar dos seus sentimentos, não pra arreganhar as pernas pra ele de novo!
– Fala rindo e eu acompanho.
— Tenho medo! Não sei qual seria a reação dele. – Minha voz sai quase num
sussurro e abaixo a cabeça.
— Ah, você é mulher! Sabe ser articulada, chegue de mansinho e comente
sobre Paris, pesque algo que te dê indícios de que ele sente algo. – Angel está
com um sorriso travesso nos lábios.
— Poder ser, tentarei isso em breve...
Capítulo 25

As semanas têm se mostrado mais torturantes a cada dia que se passa e eu só


queria um descanso disso tudo. Como todos os outros dias, cheguei à Russel
bem cedo e falei com quem esbarrei, ser educada e mostrar bom humor é algo
essencial num cargo de liderança e eu faço isso muito bem, mesmo que nem
um pouco afim de ser amigável. Não poderia simplesmente levar meus
problemas pessoais para o trabalho, era inadmissível de minha parte.
Assim que Anne entrou e me passou a agenda do dia, soube que teria que
viajar mais uma vez e sinceramente, odiava viajar.
— Quando partimos? – Perguntei sem tirar os olhos da tela de meu notebook
sobre a mesa.
— Bem, eu já falei com o piloto e em pelo menos quarenta minutos já devemos
estar voando. – Informou de forma eficiente.
— Ok, só vou pegar minha bolsa e já podemos ir. Avise Mila para tomar frente
das coisas até voltarmos. – Disse indo em direção ao banheiro.
Ouvi a porta se fechar e Anne já havia partido, molhei o rosto e apenas
retoquei o batom. Guardei minhas coisas em minha bolsa, peguei meu
notebook e sai de minha sala.
— Podemos ir? – Pergunto a Anne que está em pé na mesa de Mila.
— Sim, senhora. Mila já está a par de tudo e informei que só voltaremos
amanhã na empresa. – Fala pegando sua própria bolsa.
— Tudo bem, vamos descendo. Temos ainda alguns minutos para chegar até o
aeroporto. – Falei já indo até o elevador privativo da presidência e Anne me
acompanhou.
Alguns minutos depois, já estávamos dentro do jato da empresa junto com
Mike, alguns membros indispensáveis da Russel e o serviço de bordo. Foram
cerca de três horas até o Canadá onde estamos abrindo uma filial da Russel
em Toronto. É nosso país vizinho e ainda não tínhamos uma filial lá pelo
simples fato de eles se considerarem auto suficientes, só que com essa crise
mundial, estão precisando de aliados mais do que nunca.
Trabalhei em algumas coisas no notebook e mal vi a hora passar, me dando
conta somente que tínhamos chegado quando Anne me chamou para
desembarcar. Seguimos para nosso atual escritório em Toronto e o caminho
todo foi feito com conversas sobre como o país se desenvolve bem, aqui
aumentaríamos nosso patrimônio e a empresa estaria em mais um país.
Ao encontrar os empresários com os quais nos reuniríamos, fomos almoçar
porque todos nós estávamos com fome e fizemos a reunião ali mesmo naquele
restaurante.
Após almoçarmos, seguimos para o local da obra onde seria nossa filial e
depois de conversar com engenheiros, arquitetos e outros profissionais,
seguimos nosso rumo ao aeroporto, ainda teríamos três horas de viajem de
volta à Miami.
Toda essa aceleração no trabalho tem me feito adiar mais ainda a minha visita
à Itália para recuperar o item perdido do meu parente distante, já tenho os
meios de entrar naquele lugar e tenho todas as plantas da estrutura original e
de todas as mudanças feitas. Era só arrumar tempo agora.
Ao chegar em casa já no fim da noite havia uma remessa de cartas no
aparador do hall de entrada. Procurei por Isac, mas ele não estava, havia
esquecido que era sua folga hoje.
Como de costume, fui banhar-me e procurar algo para comer, deixei os papeis
em minha mesa no escritório, olharia depois. Não deve ser nada muito
importante.
Capitulo 26

A semana passou bem rápido e tenho trabalhado bastante, Florence tem ficado
mais próxima de mim e acho isso muito bom!
Decidi apimentar mais as coisas que semana passada enviei um buquê de
girassóis com um cartão que eu mesmo escrevi. Ela provavelmente
reconheceu minha letra e ainda não tocou no assunto.
Neste dia, Isac me enviou uma mensagem dizendo que ela havia acordado
radiante, com energia e estava muito feliz, a roupa indecente que ela usava me
deixou duro por horas, ela ainda teve a coragem de postar foto nas redes,
aquele bando de homens babando por ela me deixou com uma raiva sem
limites.
Isac comentou depois que ela colocou todos os funcionários para escrever
palavras, tudo a fim de descobrir quem que mandava as flores. Eu ri, óbvio. A
criatividade dela atrapalha o raciocínio lógico as vezes, ela está prestes a falar
que sabe que sou eu quem manda as flores, já foi na floricultura buscar
informações e como eu já havia pedido, a moça da floricultura disse que
enrolaria e não falaria como era a pessoa que mandava as flores, eu agradeci
muito, mas ela não é burra...
Recebi uma ligação de Anne pedindo para que eu comparecesse a Russel
para assinar alguns documentos de exportação, eram necessárias a assinatura
de Florence e minha. Por algum motivo, esse documento não chegou até nós
dois e acabou atrasando nossa primeira leva de produtos. Florence está
claramente muito puta da vida com isso e querendo matar alguém. Ela odeia
falta de responsabilidade com relação as coisas da empresa, os funcionários
dela sempre são cem por cento corretos e nunca deixam nada pendente, então
imaginem a fera que ela está.
Cheguei na empresa alguns minutos antes dos funcionários estarem saindo e
pude sentir o clima tenso que se instalou aqui. Era como se algum monstro
estivesse solto pelo prédio e os funcionários só estavam esperando ele
aparecer para mata-los. Após alguns minutos no elevador privado, cheguei no
andar da presidência e encontrei Anne e Mila com a mesma expressão do
pessoal lá em baixo.
— Meninas, boa tarde! – Cumprimentei com um breve aceno de cabeça.
— Sr. Hawks, boa tarde. – Falaram juntas.
— Vou anunciar o senhor, só um momento! – Anne se apressou em pegar o
telefone, mas eu a interrompi.
— O que aconteceu por aqui? – Perguntei olhando para Mila que baixou a
cabeça na hora.
— Ah, Mila enviou uns documentos para serem assinados e carimbados para a
casa de Florence, só que não avisou que eram importantes e acabaram caindo
no esquecimento e ficaram na mesa do escritório de casa esse tempo todo,
atrasando a encomenda de vocês... – Anne parecia aflita. – Cuidado ao entrar
lá, ela está uma fera com ela mesma por ter deixado um documento tão
importante passar batido. – Avisou e eu assenti esperando que ela me
anunciasse.
— Obrigada, Anne. Podem ir pra casa, deixa que eu amanso essa ferinha ali
dentro. – Falei e entrei na sala da Presidente.
Era um insulto a qualquer outra mulher o quão gostosa ela estava hoje. Numa
blusa branca com decote em V, uma saia colada no corpo com o comprimento
até os joelhos e uma fenda que deixava sua coxa esquerda quase totalmente a
mostra. Os saltos finos de sempre apenas acentuavam a sensualidade
daquelas pernas firmes e grossas.
Meus olhos pararam a varredura no instante que localizaram sua boca e a
vermelhidão apresentada pelo batom de sempre, só me deixou mais guloso e
ansioso pra ter essa boca colada na minha.
— Jackson? – Chamou pelo o que pareceu uma terceira vez.
— Sim? Perdão, estava distraído com a sua beleza. – Falei como se fosse algo
normal para seus ouvidos.
— Deixe de besteira, preciso que leia este contrato de exportação e veja se
está tudo correto, para então assinarmos. – Falou séria e voltou a se sentar
fazendo um gesto para que eu me sentasse na poltrona a sua frente.
— O que de fato aconteceu? – Perguntei enquanto pegava o contrato da mesa.
— Mila enviou este contrato para minha casa na semana passada enquanto eu
fazia uma breve viagem ao Canadá, só que eu não dei atenção e apenas os
esqueci na mesa de meu escritório. Quando fui vasculhar alguns papeis por lá
hoje pela manhã, vi o envelope do mesmo jeito que o deixei. E quando abri, lá
estava o contrato. Já estava datado e tudo, tive que trazer de volta e pedir para
redigirem com datas e algumas novas exigências. Se você estiver de acordo, é
só assinar e está liberado. Ainda tenho muito trabalho por aqui. – Falou
enquanto lia alguma coisa em um papel e olhava para outro papel.
— Bem, pelo o que eu vejo aqui, está tudo ok. – Digo enquanto lhe entrego os
papeis. – Assine e mostre-me onde eu assino. – Sorri pra ela e levantei indo
até a janela panorâmica atrás dela. A vista daqui é linda.
— Prontinho, agora você assina nas duas últimas folhas e rubrica e no final da
primeira. – Informou virando a cadeira para a janela e me estendendo o
contrato.
Pego os papei e a caneta de sua mão e coloco-os na mesa fazendo uma
assinatura rápida.
— Pronto, madame. – Falo perto demais de seu rosto e sinto seu corpo vacilar.
— O-obrigada!
Capitulo 27

Era ridícula a forma que Jackson mexia com meus sentidos, e pior que parece
que ele sabe muito bem disso e faz de propósito.
Depois de assinar os documentos, pensei que ele iria embora, afinal é sexta-
feira e qualquer ser humano solteiro em Miami numa sexta a noite, quer
badalar, mas ele não foi e sentou-se novamente na poltrona a minha frente.
— Jackson, se quiser já pode ir. Eu tenho mais algumas coisas para resolver
por aqui, então vou demorar um pouco. – Repeti o que já havia informado.
— Não quero ir agora, não tenho nada para fazer, a casa ainda está sendo
organizada e ficaria sozinho de qualquer forma, prefiro ficar aqui com você. – A
forma despreocupada que ele age, me deixa nervosa. Porque eu queria ser
assim.
— Ah, tudo bem! – Dou um sorriso fraco e pego o contrato para verificar
novamente se está tudo certo.
— A não ser que você fale que estou te atrapalhando, aí eu vou embora. – Ele
debruça na mesa para falar mais perto de mim e eu derreto com seu hálito e
seu perfume.
— Não, você não atrapalha em nada. – Minto, me esforçando pra ter um pouco
de juízo diante deste homem.
A meia hora seguinte passou arrastando-se e Jackson apenas olhava o celular
enquanto eu olhava alguns documentos no computador e sobre a mesa.
Em dado momento o celular dele tocou e ele fez um sinal de caneta, passei um
bloco de notas e uma caneta pra ele e comecei a arrumar a bagunça na minha
mesa, guardando documentos em suas devidas pastas enquanto Jackson
falava alguma coisa sobre mercado no telefone.
Assim que me dei por pronta fui ao banheiro apenas para remover o batom que
estava me irritando e descascando meu lábio, pelas horas que ficara ali.
Quando sai do banheiro Jackson já estava de pé e me esperava para sairmos.
— Estou morta. – Falei saindo pela porta e indo pro elevador. – Preciso de um
banho e cama.
— Hoje meu dia foi bem tranquilo até. – Falou tranquilo enquanto minha
respiração ficava fraca à medida que seu perfume tomava conta do elevador.
Procurei pelo meu celular na bolsa, mas não estava o achando. Droga! A porta
do elevador abriu e Jackson saiu rápido, mas eu continuei ali e pedi para que
ele fosse pois havia esquecido o celular. Deixei na gaveta de minha mesa.
— Tudo bem, eu espero aqui! – Falou e a porta se fechou.
Cheguei a minha sala novamente e fui direto na gaveta pegar o celular e nesse
momento ele tocou. Jackson?
— Oi? – Falei.
— Esqueci a anotação que fiz encima da mesa, tem como trazer, por favor? –
Pediu.
— Claro!
Desliguei o telefone e olhei para o bloco de notas e destaquei o papel que ele
havia anotado. Entrei no elevador e o perfume dele ainda estava ali. Merda!
Enquanto esperava chegar no térreo, olhei o papel em minhas mãos. A letra.
Era aquela letra, a letra que por semanas eu procurei. Era essa. Abri minha
bolsa e comecei a procurar o bilhete que deixava ali dentro. As portas do
elevador abriram e eu sai atordoada com o papel na mão, entreguei a Jackson
e continuei procurando o bilhete. Ele me olhava curioso e eu estava furiosa e
aliviada, um mix de emoções estava transbordando no meu peito.
Achei o bilhete no fundo da bolsa e lá estava, a mesma letra. Tomei o outro
papel de sua mão e comparei os dois, lado a lado.
— Era você! – Falei fraco. – O tempo todo, era você. – Repeti sentindo minha
vista queimar por conta das lagrimas salgadas que se formavam.
— Sim! – Confessou me olhando com cautela.
— Por que esse mistério todo? – Perguntei.
— Desde quando te conheci, percebi que você não era mulher de rosas e
chocolates. Então com a ajuda de um amigo, tivemos a ideia de fazer desse
jeito, só que o tempo passou muito rápido e demorei mais do que previ, era pra
eu revelar isso a você a um tempão. – Disse colocando a mão no bolso da
calça social e porra, ele fica muito gostoso assim. – infelizmente, o atraso da
obra da nova sede da HM me impediu de revelar antes. Florence, eu queria
tanto ter te revelado tudo a tanto tempo. – Falou sôfrego dando um passo na
minha direção. Recuei.
— Eu, eu, desejei por muito tempo que aquelas flores realmente viessem de
você. Até esse bilhete aparecer, eu sabia que conhecia essa letra, só não
estava lembrada de quem era. Você conseguiu me enganar direitinho. – Falei
rindo fraco e limpando uma lágrima que escorreu.
— Isso é bom? – Perguntou se aproximando e dessa vez eu não recuei.
— Sim, isso é ótimo. – Falei com a voz fraca e ele chegou mais perto e
aproximou o nariz do meu pescoço me fazendo bambear as pernas.
— O que falta agora pra você ser minha? – Senti sua língua percorrer a base
de meu pescoço até meu queixo onde ele deixou um beijo.
— Ah, Jackson... – Comecei colocando nossas bocas a milímetros de
distância, nossas respirações tornando-se uma, minhas pernas fracas para
sustentar meu próprio peso. – Eu já sou inteiramente sua desde Paris. – Falei e
sai andando em direção a porta de saída.
— Florence! – Chamou enquanto corria até mim.
— Sim? – Virei-me para encara-lo.
— Não pode me deixar aqui assim. – Falou chegando mais perto.
— Posso e vou. Ah não ser que você aceite meu convite para um vinho mais
tarde. – Falei dando um sorriso largo e sentindo uma pontada em meu sexo.
— Aceito, claro. Onde te encontro? – Posso sentir o desespero em suas
palavras.
— Pode me buscar na porta de casa, como um bom rapaz. Te espero às oito,
tudo bem? – Falo calma e ele abre um sorriso conferindo o relógio.
— Perfeito! – Passa por mim me lançando uma piscadela e sai imponente
pelas portas do hall.
Eu vou atrás e entro em meu carro, só tenho duas horas pra me arrumar. Eu
não sei como e nem porque eu consegui manter a calma dessa forma, minha
vontade era atacar ele ali mesmo e me entregar, mas já que ele quis tanto ser
misterioso, porque não seguir à risca sua tática? Quem sabe ele não prove do
próprio veneno?!
Cheguei em casa em tempo recorde e Isac me seguiu louco pela casa.
— Deusa do Nilo, o que aconteceu, pra que essa pressa toda? – Perguntou
aflito.
— Eu descobri quem manda as flores. – Falei enquanto me despia
rapidamente e prendia o cabelo num nó alto.
— Ai, graças a Deus. Mas como foi? Jackson confessou ou você que descobriu
sozinha? – perguntou com certa empolgação.
— Descobri sozinha, ele escreveu num papel na minha sala e esqueceu na
minha mesa e eu reconheci a letra sendo a mesma do cartão que veio com os
girassóis. Ele disse que tramou tudo com um amigo que imagino ser você né?
– Falo enquanto a água gelada escorria pelo meu corpo.
— Sim, Cleópatra, fui eu sim, mas só fiz isso porque vocês dois se merecem e
já passou da hora da mocinha ter um relacionamento sério com alguém que
preste. – Falou como se fosse minha mãe e eu gargalhei, eu estava tão feliz
que não cabia em meu peito.
— Posso sugerir o que vai vestir? – Perguntou e eu apenas neguei com a
cabeça, já sabia o que iria vestir. Na verdade, eu já tinha tudo em mente.
— Só preciso que vá até a adega e traga o meu vinho tinto preferido. – Falei
enquanto saía do box me secando e ele foi saindo do quarto.
Hoje é um dia especial. Peguei uma lingerie preta de renda, uma saia soltinha
branca um pouco acimas dos joelhos e uma blusa também branca um pouco
mais fechada e mangas curtinhas. Estava bem comportada e com cara de
menina de 15 anos virgem. Maquiagem leve, cabelos soltos e ondulados, salto
simples, minha bolsa de sempre com itens básicos e estava pronta. Dei
algumas borrifadas de meu perfume de sempre e olhei as horas no celular que
estava carregando no criado mudo. Faltam alguns minutos para as oito. Desci
e ao chegar na sala, Jackson já estava lá sentado, me encarou dos pés a
cabeça, fechou os olhos, respirou fundo e levantou.
— Como consegue ficar mais bonita a cada vez que te vejo? – Perguntou
passando o nariz em meu pescoço e espalhando arrepios por todo meu corpo.
— Ah Jackson, você é um conquistador, não é mesmo? – Me afastei dele
assim que vi Isac entrando na sala.
— Rainha do Nilo, está magnifica. – Agradeci em um sinal e ele me abraçou. –
Já preparei tudo, no banco de trás do seu carro. – Sussurrou em meu ouvido e
eu assenti fazendo ele se afastar e sumir.
— Vamos? – Falei chamando atenção de Jackson que mexia no celular.
— Vamos, claro. No meu carro ou no seu? – Perguntou enquanto seguíamos
em direção a grande porta de entrada.
— No meu. Tenho uma surpresa!
Seguimos caminho até um motel no qual eu já fui algumas vezes e o serviço lá
é quase perfeito.
Saímos do carro e assim que entramos no carro Jackson perguntou pra que
era a bolsa em minha mão.
— Trouxe vinho pra gente. – Falei suave enquanto ligava o ar condicionado do
quarto.
— Aqui não vende? – Fez a pergunta que eu esperava.
— Vende, mas a qualidade não é a mesma, parece que eles sabotam o vinho.
– Falei enquanto prendia o cabelo e tirava os saltos.
— É, cobram como se fosse original. – Exatamente.
Capitulo 28

Florence estava linda numa roupa sexy e despojada, ela já estava sem saltos,
com cabelos presos num coque alto e se despindo.
Porra, ela está se despindo. E tá muito gostosa.
— Já está tirando a roupa? – Perguntei chegando perto e sentindo o perfume
dela.
— Vou ficar só com a lingerie. – Falou tirando a saia bem devagar e deixando-a
no chão. – E você? Vai ficar de roupa? – Perguntou já vindo na minha direção
e tirando meu blazer.
— Você tem tirado meu sono, sabia? – Falei com a voz rouca.
— Você tem feito o mesmo comigo, Jackson. Por um bom tempo. – Respondeu
a altura e jogou minha camisa pra longe.
— Você fez o meu corpo desobedecer a meu cérebro, porra. – Profiro
lembrando das vezes que precisei levar meu corpo ao extremo pra conseguir
controlar meu tesão por ela.
— E você acha que fez o que comigo? – Perguntou arrancando meu cinto e
estalando-o no chão. – Ah Jackson, eu ansiei tanto por você, por nós dois. –
Roçou a boca no meu queixo.
— Com quem esteve desde a nossa última transa? – Perguntei querendo ouvir
da boca dela que ninguém fora capaz de fazer com ela o que eu fiz.
— Ninguém... – Respondeu com obviedade. – E sei que você também não teve
ninguém, o que é uma pena, porque eu estava bem aqui, pronta pra você a
todo instante. – Estávamos num jogo de sedução que estava me deixando
louco e Florence parecia incorporada em uma sedutora nata.
Nunca ouvi essa mulher falando com essa voz, a intensidade que transborda a
cada palavra e ato, o olhar predador e dominador que ela carrega, os lábios
entreabertos me permitindo um frescor ardente de seu hálito, tudo isso era
novo, como se realmente tivesse uma nova Florence na minha frente. E com
toda certeza eu estou amando essa sua nova versão. Mais cheia de sí, mais
independente e a pouca tristeza que um dia eu vi em seu olhar, havia sumido,
como se um HD vazio e pronto para novos recursos tivesse sido instalado.
— Eu seria incapaz de ter outra mulher se não a que amo em minha cama. –
Falei sério agarrando-a na cintura fazendo nossos corpos colarem mais.
— Você não acha cedo demais pra falar que me ama? – Perguntou dando um
sorriso sapeca e me permiti agarrar seu lábio inferior entre meus dentes.
— Gostosa! – Falei ao chupar seu lábio. – Eu já te falei isso através de um
cartão e acho que ali foi tarde demais. – Encarei aqueles olhos negros e senti
sua pele arrepiar com minhas palavras.
— Está certo disto? – Perguntou enquanto a deitava na cama ficando montado
nela com as pernas nas laterais de seu corpo.
— Muito, tive bastante tempo para pensar e organizar as coisas aqui dentro. –
Coloquei a mão dela na direção do meu coração. – Ele é todo seu. – Falei ao
perceber que ela conseguia senti-lo bater. – Só preciso saber o que você
sente. – Disse por fim e cheguei perto de sua boca.
— Neste momento eu sinto vontade de tomar um bom vinho trazido por mim e
admirar a bela vista a minha frente. – Disse fazendo sinal para meu corpo.
— Ok, vamos tomar vinho. – Eu quero lamber esse corpo, não tomar vinho.
Levantei ajudando-a a levantar-se também e peguei o vinho e as taças, abrindo
em seguida, servido quantidades iguais e entregando uma taça a ela.
— Vamos fazer um brinde! – Exclamou feliz de joelhos na cama.
— E a que nós iremos brindar? – Perguntei puxando-a pela cintura e a olhando
nos olhos.
— Brindaremos aos novos começos, ao recomeço, brindaremos a vida e em
como ela é, brindaremos ao amor, a tudo que ele pode destruir, inclusive as
barreiras impostas pelo homem. Brindaremos ao destino que sempre prepara
algo de especial para nossas vidas, brindaremos a mim e você! – Ela falou com
maestria e com um sorriso que poderia matar alguém, de tão lindo.
— Então, um brinde a tudo isso e principalmente ao nosso amor. – Falei
encostando minha taça na dela. Tomei um gole do vinho e ela tem razão, era
magnifico.
— Posso fazer um pedido? – Perguntou indo encher a taça de novo.
— Quantos quiser, Filha de Osíris! – Falei imitando Isac e ela me olhou rindo.
— Você não! – Falou rindo. – Já basta Isac me chamando dessas coisas, cada
hora é um apelido diferente. Rainha do Nilo, Divina Ísis, Neferiti e por aí vai. –
Falou contando nos dedos e virando uma segunda taça de vinho.
— Eu gosto de Pitonisa de Tebas. – Falei rindo da careta eu ela fez diante do
apelido. – Mas nenhuma dessas mulheres se compara a minha Florence
Russel. – Dei ênfase no “minha” e ela sorriu com gosto.
— Você me quebra desse jeito. – Falou vindo pra perto e me beijando no
pescoço. O menino lá já está a ponto de bala. – Posso fazer meu pedido? –
Perguntou mordendo o lóbulo de minha orelha. Apenas concordei com a
cabeça. – Não quero sexo hoje. Quero apenas beber essa garrafa de vinho e te
apreciar, posso? – Pediu como uma gatinha manhosa e vai ser impossível o
pau baixar depois disso.
— Claro, meu amor. O que você quiser. – Puxei-a para a cama levando a
garrafa de vinho junto.
Encostei-me na cabeceira e Florence se juntou aninhando-se em mim,
apoiando a cabeça em meu peito. Não tinha sexo, nem mão boba, apenas um
casal tomando vinho e deitados juntos. E por mais que eu quisesse muito estar
dentro dela agora, isso já bastou e meu coração aqueceu.
Eu amo demais essa mulher.
Depois de algum tempo, muita conversa e a garrafa já vazia, Florence
adormeceu em meus braços. O dia tinha sido longo e eu não lutei, me
entreguei ao sono e adormeci com minha mulher em meus braços.
Capitulo 29

Acordei algumas horas depois com o corpo totalmente relaxado, como se todo
o peso de tristeza que carreguei por seis anos tivesse desaparecido com o
efeito do álcool. Eu só preciso mijar pra me livrar totalmente desse peso, sai
dos braços de Jackson que dormia lindamente e fui até o banheiro da suíte.
Após liberar todo liquido que não pertencia a meu corpo levantei e fui pro box,
tomei um banho e passei um óleo corporal. Quando ainda estava enxaguando
o corpo, senti o perfume de Jackson invadir meus pulmões e virei-me dando de
cara com ele dentro do box.
— Que susto! – Falei ao me virar.
— Desculpe, acordei quando não senti minha gatinha enroscada em mim. –
Falou me puxando pela cintura e fazendo nossos corpos se chocarem. – Vou te
beijar! – Avisou, não pediu.
Jackson tomou minha boca com avidez e cuidado, um beijo lento e calmo com
uma pitada de súplica. O corpo dele havia dobrado de tamanho desde nossa
última transa, estava mais forte e definido, a tatuagem na costela esquerda,
recém feita “Enjoy every bit”, só me deixou mais acesa. O beijo estava intenso
demais e Jackson rapidamente providenciou de nos tirar daquele box.
Depois de alguns tropeços e batidas nos poucos móveis que haviam ali
naquele quarto, chegamos à cama e com todo cuidado do mundo ele me deitou
ali, como se eu fosse um cristal prestes a quebrar.
Começou com alguns beijos no pescoço e foi descendo até meu mamilo
esquerdo, onde ele deu total atenção e os meninos ficaram mais entumecidos.
Como eu senti falta desse toque. Os dedos ásperos de Jackson percorreram a
lateral do meu corpo fazendo minha pele arrepiar e queimar como brasa. Era
torturante a necessidade que meu corpo tinha do toque deste homem.
— Eu não vou conseguir ser carinhoso. – Arfou contra minha cicatriz no pé da
barriga e eu soltei um gemido fraco, uma resposta automática do meu corpo. –
Porra, Florence! Você me transforma num monstro, louco pra te comer com
força. – Terminou voltando a colar a boca na minha.
— Hoje tinha que ser especial, não? – Provoquei enlaçando as mãos em seu
pescoço.
— Mon amour! – Carregou o sotaque francês que eu tanto amo. – Com você
todos os dias são especiais. – Beijou-me com intensidade e trocou de lugar
comigo me deixando por cima.
— Acho que agora é minha vez né? – Falei rebolando em seu colo, sentindo
seu membro igual uma rocha.
— Enjoy every bit. – A porra da frase na costela!
Não falei mais nada e alcancei sua boca. Apenas mordisquei seu lábio inferior
e desci com a língua sugando algumas gotas que ainda restavam do nosso
banho. Passei a língua na tatuagem e agarrei com os dentes fazendo uma
pequena pressão quando vi a pele se arrepiar. Desci mais um pouco e lambi
toda a extensão de seu membro rijo, pegando-o de surpresa. Incrível como o
gosto dele não muda nunca, é como se eu estivesse voltando àquela noite em
Paris. Abocanhei o monstro em minha frente e fiz melhor que das outras vezes,
chupei com vontade, a vontade de ser preenchida por Jackson me consumiu
por meses e agora eu finalmente iria sacia-la.
Poderia ter parado quando vi que ele ia gozar, mas eu precisava disso mais até
do que imaginava, então continuei o vai e vem da minha boca e rocei mais
ainda a língua em sua glande, Jackson se esforçou muito para não foder minha
boca, mas foi em vão. Quando dei o sinal verde, ele agarrou meus cabelos com
uma mão e bombou forte na minha boca. Segui seu ritmo e relaxei mais a
garganta para que ele tivesse livre acesso até a base. Senti-lo pulsando em
minha boca foi uma das melhores sensações do mundo e eu recebi seu sêmen
com uma gula crescente em mim.
— Eu precisava tanto disso. – Declarei enquanto escalava o armário que era
Jackson até chegar em sua boca, hesitei um pouco em beija-lo, mas o mesmo
fez o favor de juntar nossas bocas.
— Deixa eu cuidar de você agora. – O olhar relaxado de Jackson fora
substituído por um olhar de total desejo e luxuria.
Com uma facilidade extrema ele me pegou no colo e me colocou deitada,
joguei as pernas pro alto e sorri ao ver como Jackson encarou a meninona,
acho que acabei de sentenciar a morte dela, porque esse homem está
possuído.
Após beijar minha barriga e cicatriz ele finalmente afundou o rosto onde eu
mais precisava de seu toque e com sua língua áspera, grande e quente ele me
fez o melhor oral que já tive na vida. Meu corpo contorcia a cada investida que
ele dava e eu estava cada vez mais perto do meu clímax, o que pra mim já era
tortura, porque esse homem parava o que estava fazendo pra eu sofrer um
pouco.
— Você sabe porque está passando por isso? – Perguntou com a boca
próxima a minha cicatriz.
— NÃO! INFERNO! Me deixe gozar Jackson, por favor! – Sim, eu estava
implorando para gozar em sua boca e o maldito estava rindo da minha cara.
— Vou deixar, depois que você sentir um pouquinho da tortura que eu passei
por te desejar e não poder ter, por querer sexo e não conseguir com nenhuma
outra que não fosse você, porque eu sabia que não seria suficiente. Você me
viciou, Florence, agora você vai pagar por isso da melhor forma que eu
encontrei, só não sei se está bom pra você. – Riu com sarcasmo e voltou a me
chupar.
E dessa vez, involuntariamente o meu corpo se tremeu com seu toque
aumentando a fricção de sua língua em meu ponto sensível e me levando a
beira de um precipício.
— Diz que é minha! – Ordenou em meio as lambidas e eu falei com a
respiração acelerada e a voz fraca, um sussurro. – Em voz alta, pra ecoar
neste quarto. – Falou bruto e voltou a afundar o rosto em mim.
— EU SOU TUA, PORRA. SOU COMPLETA E INTEIRAMENTE TUA. – Gritei
e em velocidade recorde Jackson me penetrou e bombou forte.
Três investidas foi o suficiente pra eu esguichar e sentir o corpo mole, mas
Jackson estava ali prontinho e não parou de meter. Minhas pernas foram parar
em seus ombros e ele ganhou uma velocidade surpreendente e após mais
algumas investidas, ele desacelerou e eu tirei a perna de seu ombro
enlaçando-as em sua cintura, temos um encaixe perfeito. Jackson fazia um vai
e vem suave e lento, falando coisas sensuais, jurando seu amor a todo
momento.
O breve momento em que ele saiu de dentro de mim apenas para colocar um
preservativo e mudarmos a posição já me deixou com saudade, eu precisava
muito de contato. Ao voltar, Jackson se posicionou atrás de mim e mergulhou
na minha fenda e assim ficamos por um bom tempo, abraçados de conchinha
com ele se movendo dentro de mim. Eu não sabia o que era fazer amor a muito
tempo, porque era isso que estávamos fazendo, amor.
Mas como tudo na minha vida, o amor durou pouco e Jackson se tornou bruto
em questão de segundos, eu só pude levantar a perna e receber suas
investidas violentas e aceleradas. Ele parecia uma máquina, meu gemido
escandaloso ecoava pelo quarto e os grunhidos de Jackson acompanhavam.
— Porra, até teu gemido é gostoso, mulher! – Diz enquanto soca forte. – Fica
de quatro. – Ordena me fazendo obedecer imediatamente.
Me posiciono de quatro pra ele que passa a mão na minha bunda e lambe
minha fenda molhada deixando um belo tapa logo em seguida.
— Se prepara, gatinha. – Alertou e eu me preparei.
Jackson entrou em mim novamente e dessa vez com delicadeza. Fez alguns
movimentos e rebolava gostoso, minha coluna estava torta com a bunda toda
empinada pra ele.
— Ponha as mãos para trás. – Falou com a voz rouca e eu obedeci.
Jackson segurou minhas duas mãos, enrolou uma mão no meu cabelo e
começou a se movimentar novamente, aumentando o ritmo aos poucos até
chegarmos numa sincronia frenética e acelerada. O barulho no quarto era de
nossos corpos se chocando a cada meio segundo, nossos gemidos e nossas
falas libidinosas. Jackson me chamando de: cachorra, minha puta, minha
gostosa, mulher da minha vida. Só serviu pra eu ficar mais próxima ainda do
meu clímax.
Percebendo que eu estava à beira da morte, Jackson soltou minhas mãos e
isso fez com que eu me apoiasse melhor e ficasse mais empinada. Senti meu
cabelo ser puxado e a boca dele encontrou a minha me dando um beijo
molhado e desajeitado.
— Fala que é minha! – Ele ordena no meu ouvido ainda puxando meu cabelo.
— Eu sou sua, toda sua! Somente sua. – Falo entre gemidos e Jackson acelera
mais e eu nem sabia que era possível ficar mais rápido.
— Goza pra mim, amor! – Sua voz saiu embargada e o tesão que sentia,
triplicou.
— Me bate, me bate que eu gozo! – Falei olhando pra ele por cima do ombro.
O homem virou um animal, agarrou meu cabelo, meteu com mais força e mais
rápido e começou a espalmar minha bunda, era uma dor maravilhosa, a dor do
prazer.
— Goza, filha da puta! – Ordenou e eu relaxei meu corpo.
Ele rapidamente trocou a posição me colocando montada em cima dele e
começou a socar forte, me inclinei em sua direção e o beijei, um beijo
apaixonado e cheio de desejo. Jackson agarrou minha cintura e meteu mais
firme.
— Goza comigo, amor! Quando eu disser, você se solta. – Me instruiu e eu
apenas concordei entre gemidos.
Comecei a rebolar ao mesmo tempo que ele socava e nossa sincronia era
perfeita.
— Goza, meu amor! – Fiz o que ele pediu e me soltei, com mais três investidas
eu gozei e senti cada milímetro de Jackson dentro de mim. – Porra, eu te amo
demais! – Diz contra minha nuca tentando normalizar a respiração.
— Foi incrível! – Sinto o gigante sair de dentro de mim e a sensação de vazio
volta, mas deixa pra preencher depois.
Caímos exaustos na cama e Jackson me olha com uma expressão preocupada
no rosto.
— O que houve? – Pergunto me ajeitando.
— A camisinha estourou... – Avisou com o preservativo arrebentado na mão,
não havia nenhum resquício de porra ali. Estava tudo dentro de mim...
— Não se preocupe! – Tento acalmar os ânimos e me aninho em seu peito.
Estou exausta.
— Florence, quero filhos, mas não agora. Me preocupo com isso. – Neste
momento eu cogito deixar escondida a gravidez que tive dele. Pelo menos por
agora...
— Não vamos estragar esse momento, meu amor. – Peço encarando-o e
deposito um beijo em seus lábios. – Vamos tomar um banho? – Sugiro já me
levantando e puxando-o pela mão.
Capítulo 30

Despertei com a voz de Florence ecoando pelo quarto, vinha da pequena sala.
Ela estava falando com Mike, provavelmente. Me levanto e fico parado na
soleira da porta observando-a.
“Não dá mesmo pra esperar até amanhã ou até a noite?” Ela diz. “Ok, em meia
hora estou aí.” Conclui desligando o telefone e olhando em minha direção.
— Bom dia! – Falo chegando perto e ela sorri se levantando na cadeira onde
estava sentada.
— Bom dia! – Me beija. – Te acordei? – Pergunta me olhando nos olhos.
— Não se preocupe. Vai sair? – Pergunto beijando seu pescoço.
— Infelizmente vou precisar ir até a Russel. – Diz com receio.
— Tudo bem, vou me arrumar e já saímos. – Falo deixando um beijo em seus
lábios e voltando pro quarto.
Florence se arrumou rápido e ficou sentada na cama me olhando enquanto eu
me vestia.
— Porque está me olhando? – Pergunto enquanto calço os sapatos.
— Só estou imaginando como vai ser a vida daqui pra frente. – Fala pensativa.
— Eu pensei muito nisso antes de pegar no sono e conclui que não importa o
rumo que a vida leve daqui pra frente, estando do seu lado, cada momento vai
valer a pena. – Termino com os sapatos e vou até ela. – Se toda vez que eu
acordar de manhã, tiver a oportunidade de ouvir tua voz ou ver teu sorriso,
cada obstáculo, cada passo vai valer a pena.
Nossos corpos estão bem juntos agora e eu já sinto vontade de fode-la
novamente nessa cama.
— Jackson... – Me chama e eu abro os olhos. Um oceano negro me encara
docilmente. – Estou atrasada. Já pedi a conta. – Termina dando um sorriso e
me beijando em seguida.
— Jura que não está esquecendo nada? – Pergunto me garantindo de que ela
não deixe nada para trás.
— Sim, já guardei tudo que trouxe. – A campainha toca alertando que a conta
já chegou.
— Vamos!? – Estendo a mão pra ela que pega sem receio.
Florence esta calada o tempo todo, mas sua expressão é boa, feliz e está
radiante. Estamos à poucos quilômetros da Russel quando ela me olha com o
semblante preocupado.
— O que houve? – Pergunto alternando o olhar pra ela e a estrada.
— Nada, é só que agora que percebi que seu carro não é blindado. – Diz
pensativa.
— Não, não é. Não vejo necessidade em ter um. – Dou de ombros e ela encara
a janela.
— Vou providenciar um pra você. – Fala com autoridade e eu a encaro.
— Por que eu preciso de um? – Pergunto ainda olhando pra estrada. Sinto-a
revirar os olhos.
— Porque agora que estamos próximos, meus inimigos podem te usar para me
atingir. E acredite, se eles quiserem me atingir, vão atrás de qualquer um que
seja próximo a mim. – Me encara séria e descansa a cabeça no banco. – Você
sabe como essas coisas funcionam, não sabe? – Coloca a mão na minha coxa
e aperta.
— Sei. E sei também que você não brinca com esse tipo de coisa, então vou
providenciar um blindado o mais rápido possível. – Pego sua mão e levo até a
boca deixando um beijo em seus dedos.
Estaciono o carro na frente da empresa e Mike está parado na entrada com
alguns seguranças.
— Que horas eu te busco? – Pergunto antes de beija-la.
— O que faremos hoje? – Pergunta com um sorriso sapeca no rosto.
— O que você desejar. – Respondo e mordo seu lábio inferior.
— Então quando eu acabar aqui, te ligo e veremos o que acontece. – Sai do
carro e manda um beijo pela janela.
Fico observando Florence até ela chegar na entrada e é incrível o quão
imponente, indestrutível e irresistível essa mulher é. Conforme ela vai
passando, seus funcionários a saúdam baixando a cabeça, como se ela fosse
uma rainha. E ELA É!
Depois de sumir da minha vista, me conformo e vou pra casa. Preciso dormir
mais um pouco até ela me ligar.
...
Acordo com a campainha tocando descontroladamente e corro pra atender.
— Já vou! – Grito procurando as chaves.
Corro para abrir quando as encontro e dou de cara com Kobe.
— O que foi, cara? Porque não me ligou ao invés de estuprar minha
campainha? – Fui pra cozinha.
— Porra, Jackson. Está todo mundo atrás de você, lógico que ligamos, mas
seu celular só dava desligado, nem Yolanda sabia de você. Florence está uma
pilha querendo saber de você. – Por quanto tempo eu dormi?
Corri escada acima e peguei meu celular que estava carregando, porém,
desligado. Coloquei uma roupa enquanto o celular ligava e desci em seguida,
dando de cara com Florence sentada em meu sofá com um copo de whiskey
numa mão e o celular na outra.
— Desculpe, eu apaguei e meu celular não ligou enquanto carregava. – Já fui
logo falando antes até de chegar no último degrau.
— Tudo bem! O importante é que descansou. – Falou serena e veio em minha
direção.
— Não está brava comigo? – Pergunto puxando-a pela cintura e colando
nossos corpos.
— Nenhum pouco, só fiquei preocupada, por isso pedi ao Kobe para vir aqui, já
que eu não tinha seu endereço. – Me deu um beijo intenso e calmo, me
fazendo viajar para a noite anterior.
— Você não tem ideia do quão feliz eu estou de ouvir que a grandiosa Florence
Russel se preocupa comigo. – Dou um abraço apertado nela que retribui na
mesma intensidade.
— Agora posso voltar pra minha casa, né? – A voz de Kobe ecoa pela sala. –
Os pombinhos já estão trocando movimentos de acasalamento, não tenho mais
nada pra fazer aqui. – Florence gargalha contra meu peito e se vira para
encarar Kobe.
— Foi de grande ajuda, slave. Está dispensado. – Florence debocha dele que
deixa o queixo cair.
— Isso é um absurdo. Nunca mais me peça nada – Kobe faz drama e Florence
caminha em sua direção abraçando-o.
— Obrigada, meu amor. – Ela fala beijando a bochecha dele e isso me
incomoda demais. – E assim que eu conseguir aquilo, te aviso. – Aquilo o que?
— Aaaah, mas eu vou cobrar. – Kobe a larga e vem em minha direção,
trocamos um aperto de mão e ele sai.
— O que foi isso? – Pergunto encostado na parede e Florence caminha
lentamente até mim.
— Foi uma conversa entre amigos. – Fala me beijando. – Na verdade, foi mais
uma confirmação de negócios.
— Explique. – Peço colocando a mão em sua nuca e encarando-a com desejo.
— Pedi a Kobe que viesse aqui ver se estava em casa porque nenhum de nós
conseguia falar com você e ele disse que estava com uma “amiga”, eu implorei
e ele disse que viria com a condição de eu arrumar alguém pra ele. – Riu e me
encarou de volta. – Por que? Ficou com ciúmes? – Perguntou provocativa e
dessa vez quem riu foi eu.
— Não, só gosto de cuidar do que é meu. – Falei chegando mais perto de sua
boca e ela abriu um sorriso.
— E por acaso, eu sou sua? – Florence...
— Foi o que você disse na noite passada. Ou melhor, gritou! – Lembrei.
— É verdade! – Riu – Vou fazer algo para comermos. – Disse indo até a
cozinha.
— Boa sorte! Vou tomar um banho e já volto. – Subo as escadas deixando-a à
vontade para mexer em tudo.
Capitulo 31

Dei uma boa vasculhada na geladeira e armários de Jackson e não tem nada
que seja comível. Vou recorrer ao bom e velho ifood mesmo.
Depois de alguns minutos, decidi comprar japonesa pra gente e fiz o pedido.
Muitas peças e muitas opções.
Corri pro fogão para preparar um molho teriaky enquanto o pedido não
chegava, para minha sorte aqui tem o que preciso e depois de quinze minutos
o molho está pronto. Coloco no freezer para esfriar mais rápido e confiro o
pedido, ainda faltam meia hora pra ser entregue, o restaurante que escolhi está
um pouco longe da casa de Jackson. Me resta esperar.
Sentei no sofá e liguei a tv, nada de bom passando, a não ser Jackson que
acaba de passar na minha frente apenas com uma toalha enrolada na cintura e
o corpo todo molhado.
— Tentação do Diabo. – Resmungo revirando os olhos ao sentir meu corpo
acender diante desta imagem.
— Falou alguma coisa? – Jackson chega mais perto e com um golpe certeiro
eu puxo-o pela toalha fazendo ela se soltar e revelar meu parque de diversões.
— Falei que tu és uma tentação do Diabo. – Minha cabeça fica na altura de sua
cintura, até um pouco mais baixo, porque ele é um armário.
— Ah, eu não acho. – Faz menção de sair de perto mais eu seguro sua mão
fazendo-o voltar e ficar mais próximo.
Nem me dou o trabalho de responder e já abocanho logo ele. Jackson não
esperava por isso e nem eu sabia que estava tão sedenta assim. Eu
simplesmente perco o controle e a razão perto dele.
Minha língua brincava com sua glande e aparentemente estava muito bom.
Intensifiquei mais meus movimentos e forçava até a base. Jackson urrava de
prazer e isso me deixou encharcada. Mais alguns movimentos e senti ele
pulsar e seu liquido jorrou em minha boca, continuei chupando depois de
engolir e Jackson estava desfalecendo.
— Porra Florence, eu vou gozar de novo. – Sorri comigo mesma e continuei
meus movimentos.
Seu membro começou a pulsar e ele dava estocadas controladas na minha
boca, me deixando no controle da situação. A campainha tocou e ele se
assustou, mas eu vou terminar.
Continuei chupando por alguns segundos e ele pulsou mais forte e dessa vez
jorrou mais liquido. Dei uma última lambida nele e levantei para abrir a porta.
— Florence? – Perguntou o entregador novinho quando abri a porta.
— Eu mesma! – Peguei as sacolas de suas mãos e dei uma nota de cinquenta
dólares pro rapaz.
— Aqui diz que o pagamento foi online. – Disse contrariado olhando a nota.
— Isso é a gorjeta. – Falei sorrindo pro rapaz. – Não se acostume! – Dei uma
piscada e bati a porta deixando-o sozinho lá fora.
— Você pediu comida ao invés de fazer? – Perguntou Jackson que já estava
vestido num short leve e camiseta.
— Você não tem nada nessa sua geladeira e nesses seus armários. –
Respondi colocando as sacolas na mesa. – Eu encontrei só aveia, manteiga de
amendoim, pipoca de micro-ondas, um pote enorme de Whey Protein e na sua
geladeira só tem ovos, leite e alguns legumes. O que você come? – Revirei os
olhos e comecei a arrumar a comida na mesa.
— Eu como muito, faço mercado de dois em dois dias, mas como sou novo na
cidade e tenho tido muito trabalho, não tenho me alimentado direito. –
Respondeu olhando pra mesa com uma careta.
— Você não gosta de japonesa? – Perguntei quando a realidade de que eu não
sei nem os gostos dele direito vieram à tona.
— Gosto, mas prefiro coisas mais pesadas, tipo uma costela com barbecue. –
Soltou um riso leve e descontraído que me fez relaxar.
Fiz um sinal para que ele se sentasse e antes de me obedecer, veio até mim e
puxou a cadeira para que eu me sentasse primeiro.
— Primeiro as damas. – Frisou.
— Que cavalheiro eu encontrei.
— Estava na hora né? – Sentou-se ao meu lado e confesso que não entendi o
que ele quis dizer com isso.
— Vamos, quero que prove meu molho. – Servi em um potinho uma porção do
molho que preparei e ele pegou um sashimi de salmão, molhando a ponta e
enfiando em seguida na boca. Acompanhei cada um de seus movimentos
como se ele estivesse em câmera lenta. – E aí? – Perguntei quando ele
terminou de mastigar.
— Está simplesmente magnifico. Sabe que só os melhores restaurantes
japoneses da França têm um molho parecido e mesmo assim não é tão
gostoso, sempre são muito salgados e ralos. Este aqui está perfeito. Parabéns.
– Ele atacou mais algumas peças e eu só sabia sorrir.
— Obrigada! Na verdade, eu fiquei bastante surpresa quando você falou que
preferia coisas mais pesadas. – Ele me olhou confuso e eu continuei. – Você é
francês, os franceses não são chatos com sua culinária? Vocês nem podem
comer ketchup. – Zombei.
— Pra falar a verdade, nós somos muito conservadores com nossa culinária.
Isso nos deu o mérito de melhor cozinha do mundo. – Se gabou.
— Sexta melhor cozinha do mundo. – Corrigi. – Não se esqueça que a melhor
no ranking mundial é a italiana e outras como a mexicana, indiana, chinesa e
assim vai. – Falei pegando uma peça e enfiando na boca.
— Isso é uma mentira deslavada. – Falou no seu francês perfeito e carregado
de sotaque. – Nossa culinária é a melhor do mundo.
— Você nem gosta, só vejo você comendo carne vermelha e coisas pesadas.
Você daria um bom brasileiro, isso sim! – Continuei comendo e ele riu.
— Sente saudades? – Perguntou do nada.
— Saudades de que? – O encarei séria.
— De seu país, sua cultura, seus costumes. – Me olhou de forma profunda e
aquilo me quebrou. Lógico que eu sentia falta, dos amigos então, deixei tantos
para trás para construir meu império, não mantive contato com ninguém então
nem sei se lembrariam de mim.
— Não muito, eu não me encaixava bem por lá, tinha poucos amigos e fazia
muito calor. – Tentei desconversar, mas ele percebeu isso.
— Florence... Por que algo me diz que você está mentindo? – Segurou minha
mão e me forçou a olhar em seus olhos.
— Eu... Não estou mentindo, Jackson! – Desviei o olhar.
— Kobe disse que quando você contou a ele como você começou a vender
drogas, seu olhar ficou distante e triste ao falar de seu país. – Apertou um
pouco minha mão me passando uma segurança que a muito tempo eu não
sentia.
— É complicado... Eu saí de lá no auge da minha adolescência. Deixei meus
amigos para trás, meu estilo de vida. Tudo isso para viver o sonho americano
que meu pai tinha. – Falei contendo a emoção que me arrebatava por dentro.
— Por que não voltou? – Perguntou intrigado. – Você teve oportunidade de
voltar depois de todo esse tempo. O que te impediu?
— Você não me enxerga mesmo, não é? – Falei sarcástica.
— Como assim? – Me olhou confuso.
— Jackson, desde quando comecei com isso, uma pessoa que hoje já é
falecida me disse que para estar neste ramo, não se pode ter sentimentos e se
você deseja crescer, precisa fechar seu coração para tudo. E foi isso que fiz.
Eu só não sabia que ganhar tanto dinheiro e correr tanto perigo me deixariam
em estado de êxtase 24/7. Minha ambição sempre foi grande, minha vontade
de crescer sempre foi maior que eu e eu deixei que essas personalidades
assumissem o controle. Me tornei uma pessoa arrogante e fria aos olhos de
qualquer um. Coloquei meu trabalho em prioridade e fiz isso com mais vontade
depois de perder meu filho. Nesses anos todos que eu estou nessa vida, só
tirei férias uma vez e foi quando eu engravidei, depois disso, eu trabalhava
dobrado mesmo grávida, porque Malik só sabia gastar o dinheiro do pai. Eu
construí o meu reino através da minha dor, ambição e determinação. Não tinha
tempo pra pensar em como seria se estivesse no Brasil. Pra falar a verdade, eu
até pensei, e conclui que estaria pobre, passando necessidade ou até mesmo
seria dona de alguma favela por lá. A questão é que minha vida é aqui, não lá.
De lá eu só tenho lembranças boas... – Senti a mão de Jackson invadir meu
rosto. Secou uma lágrima teimosa que rolou sem eu perceber.
— Você tem tempo, pode muito bem fazer uma pequena visita ao Brasil, mas
pensaremos nisso com calma, ok? – Concordei com ele e meu estômago
roncou. – Agora vamos comer, porque não podemos viver só de sexo. –
Brincou pegando uma peça com camarão e levando até minha boca. – E só pra
deixar claro pra você: Eu te enxergo muito bem. Enxergo a verdadeira
Florence, enxerguei no instante que coloquei os olhos em você naquele clube.
— Ah é? E como seria essa verdadeira Florence que só você enxerga? –
Perguntei curiosa depois de engolir a comida.
— Florence, você pega fogo, eu te enxergo assim. É uma mulher sim muito
ambiciosa, determinada e bastante arrogante, mas isso tudo faz você ser quem
é. Você queima, mulher. Eu nunca vi uma mulher tão inteligente quanto você.
Sinto que só de estar perto de você fico aquecido, só de te olhar eu já fico
nervoso e acelerado. Você é como se fosse cocaína da boa, sabe!? Não quero
te comparar a algo tão ruim, mas o efeito de vocês duas são parecidos. – Olhei
pra ele incrédula pela comparação. – Você facilmente seduz um homem ou
uma mulher, ficar viciado em você é algo certeiro, digo por experiencia própria.
Você tem uma majestade que mulher nenhuma possui, esse teu ar de
superioridade, olhar de uma verdadeira rainha. Sabe que ninguém consegue
ser melhor que você e que são poucos os que podem ter pelo menos uma
grama da rainha da neve. Você é única e é uma honra poder estar tão perto. É
assim que eu te enxergo.
— Jackson, assim você me deixa sem palavras.
— Queria mesmo era te deixar sem roupa. – Fala risonho.
— Jackson! – Repreendo-o. – Você pensa em outra coisa que não seja sexo?
– Perguntei.
— Penso, lógico! Mas sexo sempre vem na frente, ainda mais quando eu tenho
uma rainha do meu lado. – Se ele soubesse o quão fofo e cafona essas coisas
que ele fala são, não estaria dizendo.
— Vamos terminar de comer, vai... – Falei encerrando o assunto.
Capítulo 32

Comemos mais algumas peças na mesa e resolvemos assistir a um filme. Essa


sensação é maravilhosa. Uma noite fria, um cobertor, um bom vinho, um filme
qualquer e uma bela mulher. Eu estou no céu.
Depois de desistir de fazer pipoca por insistência minha, Florence finalmente
aquietou no sofá e conseguimos ver o filme. Ela escolheu o seu preferido: John
Wick. Vimos os dois primeiros e na metade do segundo ela já estava dormindo.
— Vamos para a cama. – Chamei devagar para não a assustar.
— Não, amor. Quero dormir aqui. – Resmungou ficando de frente pra mim e
me abraçando. Tudo bem que o sofá é grande e parece uma cama de casal,
mas não é tão confortável como uma boa cama... espera... ela me chamou de
que?
Caralho moleque, eu estou no céu, porra. A mulher me chamou de amor.
Depois dessa, desliguei a TV e a abracei de volta. Porra, amor.
Na manhã seguinte acordei com Florence me encarando e minha única reação
foi sorrir.
— Bom dia! – Falou.
— Ótimo dia, minha princesa. – Falei colocando uma mecha do cabelo dela pra
trás da orelha.
— Vamos tomar café? Eu já preparei algumas coisas. – Levantou indo em
direção à cozinha.
— Eu vou ficar mal acostumado, Florence. – Segui ela até a cozinha e
sentamos na mesa que estava arrumada com várias coisas que eu nem sabia
de onde tinham surgido.
Depois de tomarmos café eu deixei Florence em casa e mesmo ela me
convidando pra entrar um pouco, eu recusei e segui caminho, hoje tenho
compromisso com Kobe e é bom esse puto já estar acordado.
— Aaaah pitonisa, eu to tão feliz por você. – Isac me abraçou enquanto
conversávamos na cozinha, ele estava fazendo a lista de compras do mês.
— Eu também estou muito feliz. Tudo com ele tem sido maravilhoso, as
conversas, o trabalho, o sexo... – Dei ênfase no sexo e ele riu.
— Safada! – Riu e me bateu com a folha que tinha nas mãos. – Como eu gosto
dessa Florence quenga que eu conheci a mil anos atrás. Amo essa energia
dela.
— Estava pensando em tirar férias. – Soltei. – O que acha?
— Acho digníssimo, você está precisando muito. – Isso é verdade. Pensei.
Mas... – E sem, “mas”. Quando você vem com essa cara de dúvida eu já sei
que está pensando no, mas. Vai curtir sim. Chama o Jackson, Mike, Angelique
e tire férias de casal. Vai ser ótimo pra vocês. – Isac me conhece como
ninguém e ele sabia bem que eu estava pensando em desistir de minha própria
ideia.
— Vou pensar melhor nesse assunto e aí eu te falo, agora eu preciso correr e
sair. – Dei um beijo em sua bochecha e fui até meu escritório, preciso ir à Itália
ainda esse ano né.
Depois de rever algumas informações que recebi da minha equipe, liguei para
Anne e pedi a ela que reservasse o jato para daqui duas semanas. Em seguida
liguei para Angel, estou morrendo de saudade dessa vaca que nunca me
procura.
— Fala. – Atendeu
— Fala direito comigo, me respeita, sua vaca de porte maior. – Respondi.
— Ai amiga, desculpa. Eu estou menstruada e estou no auge do meu estresse
hoje, já expulsei até o Mike daqui. – Falou com a voz chorosa.
— Menina, se acalma, toma um shot de tequila que resolve. – Falei.
— Florence, não são nem meio dia ainda. Não sou uma alcoólatra igual a você.
Enfim, fala logo por que me ligou!? – Ela fica insuportável nesses dias.
— Vou tirar férias. – Falei e aguardei sua reação.
— Pera, repete. Porque ou eu estou louca, ou entramos numa realidade
alternativa, sei lá. – Me conhece tão bem.
— Eu tô falando sério. Quero tirar férias e como Mike se recusa a me deixar
sair sozinha, pensei em te avisar e você vai comigo. – Fiz uma pequena pausa.
– Talvez Jackson também vá.
— Uma viagem de casais? É isso mesmo que eu estou escutando? – Ela fala
histérica.
— Quase isso! – Falo.
— Florence, você não tá me contando alguma coisa... – Falou séria.
— Vem aqui em casa mais tarde e eu conto tudo. – Desliguei o telefone pra ela
não inventar desculpas.
As horas passaram bem vagarosas e eu só fiquei no escritório trabalhando. A
noite caiu, Jackson ligou pra saber se eu estava bem e Angel ligou avisando
que estava chegando.
Fui até meu quarto, tomei um banho e fiquei esperando a dondoca que não
demorou muito e apareceu.
— Pode começar a falar. – Ordenou assim que se deitou ao meu lado na cama.
— Aconteceu de novo! – Soltei um suspiro. –Jackson e eu. Ele vinha me
mandando flores o tempo todo, me seguiu e descobriu toda minha história e se
declarou da forma mais linda que eu já vi. – Soltei de uma vez.
— Eu já estava sabendo, mas esperei você me falar né! – Falou deitando de
bruços. – Como tá sendo pra você?
— Maravilhoso! – Respondi pensando em uma de nossas noites. – Ele me faz
sentir coisas que eu nunca senti, nem mesmo com Malik. – E é verdade.
Jackson faz eu me sentir especial e tem um sentimento recíproco.
Com Malik, somente eu amava, ele gostava de mim, gostava de me comer e de
se drogar o tempo todo, e eu como uma trouxa apaixonada, cai no jogo dele e
me apaixonei perdidamente. E esse amor persistiu, até Jackson aparecer.
— Se te faz feliz, eu vou apoiar sempre. Você sabe que meu maior sonho era
te ver feliz e com esse brilho no olhar, esse brilho de quem tá apaixonada. –
Angelique é uma romântica incurável. – E a viagem? Como vai ser? –
Perguntou já animada.
— Estava pensando em ir primeiro até a Itália, de lá poderíamos ir pra Dubai,
Hawai, Caribe, Bahamas. Qualquer ilha afrodisíaca. – Falei já me imaginando
indo pra Maldivas.
— Ideia interessante, Itália é bem romântico, depois um pouco de diversão não
faz mal. Que tal o Brasil? – Sugeriu e meu corpo gelou. Angelique sabe que
sou brasileira, mas não sabe que eu tenho receio de voltar pra lá.
— Você sabe que o Brasil é o país que nem o brasileiro gosta, não sabe? – Ela
negou com a cabeça. – Angel, temos tantos lugares incríveis pra visitar, porque
logo o Brasil?
— Quero ir no Cristo redentor. É a única das sete maravilhas do mundo que eu
ainda não visitei, aposto que Mike, Jackson e Kobe também não. – Falou óbvia.
– Você pode apresentar sua cidade natal pra gente. Seu país.
— Vou pensar! – Fora de cogitação.
Depois de muitas horas de conversas aleatórias, nós dormimos.
Acordei no dia seguinte com o celular tocando igual um desesperado.
— Alô? – Falei com a voz embargada.
— Te acordei? Dane-se. Angel está com você? – Adivinhem quem é?
— Sim. – Falei olhando pra cama onde ela dormia enrolada no cobertor.
— Ela brigou comigo ontem porque eu a beijei e depois dei um beijo na testa
deixando mancha de batom! – Eu queria rir. – Ela tá enlouquecida, não sei o
que fazer.
— Mike, ela está menstruada. Organizei uma viagem de férias. Venha até
minha casa, preciso falar com você. – Desliguei o telefone sem dar tchau,
como sempre, e fui até o banheiro, fiz toda minha higiene matinal e Angel
continuava dormindo. Desci para tomar café e Mike já me esperava sentado à
mesa.
— Bom dia! – Falei e ele respondeu.
— O que tem de tão importante para falar? – Perguntou.
— Lembra da carta que papai achou? – Ele assentiu. – Meu pessoal da Itália já
organizou todo o plano. Só precisamos ir até lá e realizar. Preciso de férias,
achei prudente começarmos pela Itália e depois iremos a algum lugar mais
divertido. – Expliquei enquanto me servia de uma porção de salada de frutas.
— Aí sairemos eu e você no meio da viagem, para um compromisso misterioso
e deixaremos Jackson e Angel sozinhos? – Me encarou com cara de tédio.
— Isso mesmo! – Respondi animada. – Se as provas que temos forem reais,
esse é um tesouro e tanto.
— Florence, não deveríamos ir primeiro e eles vão depois? – Sugeriu.
— Mike, isso só traria mais desconfiança. Lembre-se sempre que temos que
ser cautelosos até mesmo com quem dormimos. Jackson não pode nem
sonhar com isso e Angelique muito menos. – Falei um pouco mais baixo.
— Ok então, quando partiremos? – Perguntou ansioso.
— Em duas semanas! – Concluo e vejo Angel chegando à mesa.
— O que teremos em duas semanas? – perguntou enquanto beijava Mike.
— A viagem! – Respondi. – Aproveitem o café.
Me levantei da mesa e fui em direção à academia particular que eu mantinha
em casa. Precisava queimar alguma coisa, o que, eu ainda não sei, mas sinto
um estresse crescendo em mim. Algo não vai dar certo, eu sinto.
Depois de uma hora correndo na esteira com o som no último volume tocando
um rock qualquer que eu curto ouvir, sento numa bola gigante de exercícios e
jogo meu corpo todo para trás afim de alongar a coluna e me deparo com Isac
parado na porta.
— O que foi? – Pergunto enquanto me alongo.
— Seu pai, na linha! – Me mostra o telefone residencial.
Reviro os olhos vou até o som e diminuo o volume e tomo de sua mão o
telefone.
— Pronto! – Falo e faço sinal para Isac sair e ele obedece prontamente.
— Por que você não atende esse celular? – Reclama meu pai do outro lado da
linha.
— Já te retorno. – Falo sem interesse algum e grito Isac.
Pego o celular para ligar de volta para papai e Isac aparece levando o telefone
residencial de volta.
— Fala! – Solto quando ele atende.
— E a Itália? – Pergunta.
— Estou indo pra lá em duas semanas. Já estou organizando tudo. –
Respondo sem humor algum.
— Ótimo! Diego irá com você, quero ele entrosado nos negócios da família.
— Papai, não precisa envolver Diego nisso, deixa que eu mesma resolvo, ok?
– Tento tirar meu irmão dessa furada.
— Não estou envolvendo-o em nada, ele que quer ir! Ligue para ele se tem
dúvidas. – Não é possível, pensei.
— Ok, conversarei com ele. De resto está tudo bem? Mamãe está bem? –
Pergunto de forma sincera.
— Está sim, Florence. Foi até a casa de sua tia hoje. – Ótimo! Mamãe quase
não se diverte.
— Ok! Vou desligar. Te amo. Tchau. – Desligo antes de receber uma resposta
e ligo para Diego.
— Fala maninha. – Responde ao atender.
— Quer dizer que você quer se entrosar nos negócios da família? – Sou direta.
— Sim, é o nosso destino não é mesmo? – Fala de forma óbvia.
— Não precisa ser o seu, Diego. Você pode ir por outros caminhos. – Falo com
paciência.
— Mana, nós precisamos ter uma conversa séria. Eu tô chegando em uma
semana aí. Da tempo de conversarmos e você entender o porquê desse
interesse repentino e irmos para a Itália. – Isso me deixou curiosa.
— Não pode me adiantar nada? Sabe que sou ansiosa. – Falo com certo
nervosismo.
— Não tem como, terá que esperar eu chegar... Irmã, eu amo você com todas
as minhas forças.
— Também te amo, Dih. – Falo e ele se despede desligando a chamada.
MERDA
QUE GRANDE MERDA.
Tem alguma coisa acontecendo e ele não quis me falar por telefone. E eu
como sempre, vou me atolar de trabalho pra não pensar em mais nada.
Capitulo 33

Meus dias têm sido tão atolados de trabalho que eu nem percebi o tempo
passar, faltam dois dias para Diego chegar e eu nessa semana quase nem falei
com Jackson. Confesso que estou com uma puta saudade dele.
— Senhora! – Anne chama minha atenção.
— Sim? – Respondi me recompondo.
— O carro já está pronto! Vamos? – Me levantei pegando minha bolsa e fui
com Anne em direção ao elevador privado.
— Pelas fotos parece bem interessante o lugar. Mas a senhora pretende ficar
com o terreno apenas? – Anne pergunta tentando tirar algo de mim.
— Ainda não sei o que quero. – Respondo colocando meus óculos escuros
assim que as portas abrem e os raios de sol atingem meus olhos.
— Boa tarde, senhora! – Mike me cumprimenta assim que eu chego perto.
— Boa tarde, Tenente Lane. – Entro no carro e coloco a arma debaixo da
perna. Um costume chato que eu tenho.
Mike entra e senta-se ao meu lado.
— Ela queria vir também. – Mencionou sobre Anne assim que deixamos o
prédio da Russel.
— Não é trabalho pra ela. – Respondi seca.
— Foi o que eu falei, mas sabe como elas são, sempre querem uma
oportunidade de babar o ovo que você não tem. – Realmente.
— Tanto faz! Você ligou pro cara? – Pergunto.
— Sim, ele disse que estará lá esperando por nós. – Fez uma pausa. – Você
tem certeza que quer isso?
— Tenho, Mike. Minha fortuna está chegando em um patamar que só a Russel
não dá conta. Daqui a pouco eu tô sendo investigada por bens com valores
acima do que eu declaro. – Falo sem paciência.
— Tudo bem, mas você sabe que serão mais horas de trabalho e menos tempo
em casa né? – Coloca a mão na minha coxa dando um leve aperto.
— Sei, óbvio! Eu nunca entro numa empreitada sem estudar todos os prós e
contras. – Ele apenas consente.
Seguimos viagem até Fontainebleau, uns trinta minutos de distância da Russel.
— Caralho! – Mike falou boquiaberto quando chegamos no local.
— O que? – Perguntei mesmo sabendo do que se tratava.
— É enorme, Florence! – Falou saindo do carro e eu fiz o mesmo.
— Sim, é enorme e vai me render alguns milhões de dólares por dia. – Falei
empolgada, coloquei meus óculos de sol e fui entrando no local.
Trata-se de um resort, o melhor e maior resort de Miami, LIV não é só um clube
onde as pessoas dançam e se divertem. É um resort completo com pelo menos
cem mil metros quadrados e está à venda.
Agora vocês me perguntam como um resort que dá vinte mil dólares em vinte e
quatro horas está à venda? O dono é maluco ou algo assim? A resposta é bem
simples na verdade. Há dois anos o real dono do resort faleceu e deixou um
único herdeiro, o filho. Só que o garoto só tinha 21 anos na época e
mentalidade nenhuma pra administrar um negócio daquela proporção. Inventou
uma reforma bilionária que foi boa, confesso, mas não soube administrar isso e
tirou o resort do patamar que ele se encontrava.
Primeiro veio a dívida do empréstimo feito para realizar a reforma, ele não
levantou o dinheiro porque gastava tudo com prostitutas e viagens milionárias.
Comprou um jato, vários carros e um iate. Vocês têm noção do tanto que o
cara gastou em dois anos? Mais do que ele tinha e acabou com toda a fortuna
que o pai dele deixou e que bem administrada daria uma boa vida para as
próximas três gerações da família. Mas nem todo mundo nasceu pra ter
dinheiro e os que nasceram, se aproveitam do fracasso alheio. É o que eu
estou fazendo. Ou quase isso. Eu vou ajudar esse garoto a não ser preso, isso
sim.
Entramos e logo a vista já impressionava. Dois lustres enormes de cristal
enfeitavam o teto do hall de entrada. Local bem iluminado com bastante luz
natural entrando, dá um ar bem clean e elegante. O balcão da recepção fica
depois de um espaço com grades sofás e poltronas confortáveis.
— Temos um horário com Dimitri. – Mike informou na recepção.
Eu continuei observando o local que me deixaria mais rica do que já sou. Minha
ganancia um dia me mata.
— Florence? – Mike me chamou.
— Sim?
— Vamos, Dimitri já nos espera. – Concordo e sigo ele e um outro homem
Entramos no elevador e o homem aperta um botão amarelo que acende um
painel e ele digita uma senha. O elevador começa a se mover e paramos na
cobertura, ou melhor dizendo: Na área do chefe. Sério, esse senhor que nos
trouxe usou essas palavras.
Fomos recebidos pelo próprio Dimitri, um garoto com uns 24 anos, cabelos
pretos um pouco jogados na testa, olhos castanhos escuro, um terno Armani e
mascava um chiclete de uma forma insuportável.
— Boa tarde senhorita Russel. – Estendeu a mão que eu apertei de bom grado.
— Boa tarde, Sr. Evans! – Falo colocando os óculos na bolsa. – Este é Mike,
meu segurança. – Termino a apresentação e eles dão um aperto de mão.
— Russel, sente-se, vamos conversar. – Dimitri fez um sinal para que eu me
sentasse em uma das poltronas do outro lado de sua mesa.
Mike ficou o tempo todo em pé na porta como fora treinado. Minha conversa
com Dimitri foi vaga, apenas me passou a real situação que ele se encontrava.
Já havia vendido os bens que citei anteriormente e conseguiu pagar metade da
dívida do resort, mas ainda havia uma bola de neve a ser paga e ele não tinha
mais como continuar com o negócio.
— Qual é o seu preço pelo resort? – Perguntei dando um fim na ladainha do
garoto. E abrindo um arquivo no meu tablet.
— Bem, o mínimo que posso fazer pra você é de oitocentos milhões. – Falou
com ar arrogante e eu dei um sorriso que muitos diriam diabólico, e era!
Agora o jogo começou. Peguei meus óculos de grau na bolsa e dei uma boa
olhada no tablet em minhas mãos.
— Aqui eu tenho o balanço completo das dívidas do resort, do custo mensal
liquido e lucro. Um Total de quatrocentos milhões. Teria que trabalhar sem
lucro por 55 anos pra consertar a merda que você fez na conta do resort. –
Engrossei um pouco a forma de falar e ele corrigiu a postura, um sinal clássico
de quem está se sentindo intimidado. Continuo. – Eu pago quinhentos e
cinquenta milhões pelo resort, assumindo a dívida e te dando cento e cinquenta
milhões de lucro pela posse. – Cruzo as pernas e mantenho minha postura
intacta.
— Você deve estar louca, não é possível. – Falou levantando e indo até o
pequeno bar que havia ali na sala. – Como uma pessoa do meu nível vive com
cem milhões? – Falou debochado e tomou um gole de gim.
— Dimitri, seu resort vai abrir falência em breve, aí você não terá mais nada
com o que viver. Estou lhe oferecendo uma ótima oportunidade de se refazer.
Você ainda é novo e tem muita coisa pra viver. Aproveita essa grana que vai
ganhar e faz uma boa faculdade, aprenda a administrar uma empresa, torne-se
um empresário e reconquiste a fortuna que o Sr. Evans Deixou para as
próximas três gerações da sua família. – Ele relaxou ao ouvir minhas palavras.
– Invista em você e verá o resultado mais tarde. – Terminei e ele sentou-se
novamente.
— Srta. Russel, já pensou em se tornar coach profissional? – Eu não acredito
que ele falou isso. Eu vou matar esse garoto.
— Dimitri, negócio fechado ou não? – Pergunto sem paciência.
— Negócio fechado! – Apertou minha mão.
— Nos encontraremos amanhã para assinar o contrato na presença de um
tabelião. Esteja na Russel pela manhã. Minha secretária entrará em contato
com você mais tarde.
— Tudo bem, vou levar meu advogado! – Esse garoto não tem maturidade
nenhuma pra ser empresário.
— Fez um ótimo negócio, Evans. – Apertei sua mão uma última vez e fui
embora.
O mesmo cara que nos trouxe, nos levou de volta pra entrada do Resort.
Nosso carro já estava nos esperando e embarcamos de imediato.
— Nunca vi uma pessoa aceitar uma proposta tão rápido igual ele aceitou. –
Mike falou rindo assim que entramos no trânsito.
— Ele é só uma criança, eu ia pagar menos, mas tive pena dele. – Falei rindo
junto com Mike.
— Aquele lance de 55 anos trabalhando foi ótimo – Riu. – Como alguém
acredita nisso? – Continuou rindo.
— Eu não menti quanto a isso. – Falei encarando-o.
— Como? – Perguntou espantado.
— Não menti. Realmente teríamos que trabalhar todo esse tempo para pagar
todas as dívidas que a propriedade possui. – Falei de forma séria e ele apenas
esperou que eu continuasse. – Mas como sou uma pessoa bem relacionada
com o governo e com o banco central, apresentei um acordo em que eu vou
pagar metade da dívida apenas. – Mike me olhou mais curioso. – Negociei a
dívida por meses e consegui o valor mínimo de duzentos milhões pagos à
vista. Cento e cinquenta vai pra mão de Dimitri como você já sabe e os
duzentos milhões que sobrarem eu vou investir no resort, tenho um plano que
me renderá alguns milhões por noite. – Mike me olhou boquiaberto e riu.
— Vai passar cem anos e eu ainda não vou descobrir o que passa na tua
cabeça, Florence. – Riu.
Conversamos durante todo o trajeto e resolvi não voltar pra Russel, já está
tarde e vou direto pra casa. Preciso descansar um pouco. Amanhã começo a
organizar a viagem, Diego chega e minha vida pode virar de cabeça pra baixo
com o que ele tem pra me dizer.
Depois de um longo banho, desci até a cozinha para comer algo e dei de cara
com Jackson e Isac conversando e rindo de algo.
— Espero que não estejam falando mal de mim. – Entro na cozinha indo direto
pra geladeira e pegando uma garrafa de água.
— Isac estava me contando sobre como ele se descobriu gay. – Jackson falou
vindo até mim e me dando um beijo casto.
— A menina da praia? Eu amo essa história. – Falo rindo e Isac revira os olhos.
– Fez o que eu pedi? – Pergunto e ele confirma. – Ótimo, agora preciso de
comida.
— Já está saindo, pode ir pra mesa que logo eu sirvo vocês. – Isac fala e eu
vou pra sala de jantar acompanhada por Jackson.
— Eu estava morrendo de saudade! – Jackson falou me pegando no colo e me
beijando.
— Eu também estava, mas minha rotina é assim. É bom ir se acostumando. –
Ele faz um beicinho lindo, eu não resisto e dou início a um beijo.
Isac chegou e nos separamos sentando para comer, por mais que eu quisesse
comer outra coisa.
Depois de jantarmos, pedi para Isac preparar a banheira do jeito que eu gosto
enquanto Jackson tomava um banho de chuveiro no banheiro principal da
casa.
— Diego chegará mesmo amanhã? – Isac me pergunta enquanto despeja um
óleo essencial na banheira.
— Sim, às oito da manhã o avião dele pousa. – Falei me sentando numa
poltrona que havia ali.
— Mike irá busca-lo? – Vem até mim e se senta no braço da poltrona.
— Não, eu que vou. Quando ele mandou mensagem avisando que estava
embarcando, deixou bem claro que se visse Mike no aeroporto sem mim,
voltaria no mesmo pé que chegou. – Rimos juntos e Isac se levantou.
— Bem, então deixa eu ir descansar pra acordar bem cedo e fazer um café da
manhã arregrado pra vocês. Boa noite, meu amor! – Isac me deu um beijo no
topo da cabeça e saiu me deixando sozinha.
Me despi deixando a roupa no chão do banheiro e coloquei um roupão. Me
olhei no espelho e avaliei o grau das minhas olheiras. Estavam aumentando
conforme a missão se aproximava. Deixei esses pensamentos de lado e fui até
meu guarda-roupas pegando um pote e minha JBL. Coloquei uma música
suave e ouvi uma batida na porta.
— Entre! – Falei alto.
Ouvi a porta se abrir e meu perfume preferido invadiu meu campo olfativo. Dei
uma risada interna e fui pra beira da banheira com o pote na mão. Jackson
Logo apareceu na porta do banheiro.
— Pensei que já tinha tomado banho. – Falou enquanto caminhava até mim.
— Tomei, mas pensei em relaxarmos na banheira um pouco. Estou sentindo
minha pele um pouco ressecada e sem brilho. – Falei abrindo o pote que tinha
nas mãos.
— E ficar de molho na água ajuda? – Perguntou debochado.
— Ajuda! E não é só água. É água purificada com sais, um composto
vitamínico e agora – Faço uma pausa pegando uma porção do pó dourado que
havia no pote em minhas mãos. – Um pouco de ouro em pó. – Despejo a
medida de uma colher de sopa na banheira e levanto pra guardar o pote
novamente.
Jackson está imóvel e somente me acompanha com os olhos.
— Que foi? – Pergunto tirando o roupão.
— Eu ainda estou tentando entender se o ouro é benéfico para a pele ou se
isso é só você esbanjando dinheiro. – Fala se levantando e vindo de encontro
comigo.
— É realmente benéfico para a pele. – Falo passando os braços por seu
pescoço e o trazendo para um beijo.
— Então eu vou querer entrar nessa banheira com você. – Ele fala rindo após
terminarmos o beijo.
— Claro que vai, deixa só eu passar uma coisinha no rosto. – Falo me virando
para o espelho e Jackson para atrás de mim.
Nós dois temos um contraste incrível, eu sou baixa e tenho minhas generosas
curvas e atributos. Ele é alto, está mais forte do que quando o conheci e sua
pele está muito melhor também.
As drogas acabam com a pele, com a cabeça e com todo o resto. Fico feliz que
Jackson tenha se livrado desse mau. Terminei de passar o sérum facial e
Jackson me observava encantado, dei uma risada interna e coloquei as mãos
em seu samba canção, puxando-o para baixo libertando meu parque de
diversões.
— O que você acha de irmos agora pra banheira? – Perguntei e ele concordou
me pegando no colo.
— Será que não transborda? – Perguntou enquanto entrava.
— Lógico que não. Isac colocou na medida certa. – Respondo e ele senta
comigo ainda em seu colo.
Sinto a água quente envolver nossos corpos e se eu pudesse ficaria aqui para
sempre. Me sinto tão segura com Jackson. Na verdade, eu acho que juntos, a
segurança fica maior. Apesar de Jackson ser mais tranquilo e deixar o trabalho
pesado para seus seguranças, acho que ele enfrentaria o mundo por quem
ama.
— Posso te fazer uma pergunta? – Ele me tira de meus pensamentos com a
voz calma.
— Sim. – Me ajeito ficando montada de frente pra ele.
— Por que você nunca conseguiu outra pessoa depois do acidente? – A
resposta pra essa pergunta era simples.
— Eu fiquei muito magoada e sofri muito quando perdi Malik, coloquei na
cabeça que nunca mais me apaixonaria por ninguém e isso só ficou mais forte
quando descobri que tinha ficado quase estéril por conta do acidente. –
Coloquei as mãos em seu peitoral e contornei com o dedo uma de suas
tatuagens. – Eu sempre sonhei em ter uma família, em ser mãe, esposa.
Sempre quis ver minha casa agitada com criança fazendo bagunça e ficar
louca com a primeira festinha. – Dei um sorriso fraco. – Mas as pessoas que
fazem o mau, recebem o mau e eu recebi da pior forma. – Terminei de falar e
Jackson me olhava com um olhar de pena. Eu odeio isso.
— Sinto muito por você ter sofrido tanto, você ainda pode ser mãe, adoção é
um gesto incrível e você é mais do que qualificada pra adotar uma criança. – Ai
coitado.
— Na verdade, há alguns meses eu fiz um exame bem especifico e eu tenho
grandes chances de engravidar novamente, com muito cuidado e repouso, mas
tenho. – Falo com cautela, acho que já está mais do que na hora de Jackson
saber que eu perdi um filho que era dele.
— Uau, que bom. Mas você pensa em tentar isso? – Ele ficou estranho, é um
assunto que sei que ele sempre evita.
— Jackson, eu preciso te contar uma coisa, mas espero que não me entenda
mau. – Pego uma taça e encho com a champanhe que Isac deixou num balde
com gelo.
— O que pode ser tão ruim? – Pergunta rindo e toma um gole de minha própria
taça.
— Quando voltei de Paris, coloquei na cabeça que te esqueceria e esqueceria
o que havia acontecido entre nós, mas não deu certo. – Falei em tom de
fracasso.
— E então? – Perguntou curioso.
— E então eu fracassei miseravelmente e um mês depois eu fui parar no
hospital com cólicas muito fortes. – Ele me interrompe.
— Isac me contou que você ficou muito doente nesta mesma época, mas não
me disse o que tinha acontecido. – Fez um sinal para que eu continuasse.
— Eu estava grávida! – Soltei de imediato e Jackson paralisou, provavelmente
digerindo o que eu havia dito.
— Como assim? Gravida de quem? – Sério que ele perguntou isso?
— De você, Jackson! – Ele me encarou por um longo período e colocou a mão
sobre minha barriga de forma carinhosa.
— E cadê essa criança? – Perguntou depois de um tempo encarando minha
barriga.
— Eu perdi. Foi um aborto espontâneo. Senti uma dor muito forte e corri pro
hospital, quando cheguei lá soube que estava gravida e abortando o feto. Tinha
apenas duas semanas de formação. – Uma bola se formou em minha garganta
e como se soubesse disso, Jackson apenas me abraçou.
Eu chorei por alguns minutos e pedi desculpas diversas vezes. Jackson não
soltava nenhum ruído. Eu só ouvia sua respiração.
— Obrigada por não fugir e me desculpa por não ter te comunicado sobre isso
antes. – Sai de seu abraço e quando olhei em seu rosto, pude ver lágrimas
grossas rolando e tristeza em seu olhar.
— Eu que tenho que me desculpar, meu amor. – Falou com a voz embargada.
– A culpa disso ter acontecido é minha. – Mais lágrimas rolaram em seu rosto,
eu limpei cada uma delas e depositei um beijo em sua boca.
— A culpa não é sua, nem minha. O destino quis assim. – Falei com um sorriso
fraco.
— As drogas deixam o homem estéril, eu nunca fiz nenhum tipo de analise nos
meus espermatozoides, provavelmente o problema é comigo. – Isto é verdade,
mas nós não sabíamos que isso aconteceria. Eu mesma já havia perdido
qualquer esperança.
— Esquece isso, por favor! Já passou e nós não tínhamos nada naquela
época. Vamos seguir em frente e deixar a vida nos levar. – Peço colocando as
duas mãos em seu rosto.
— Eu não vou prometer nada, mas vou tentar. – Ele me beija de forma
carinhosa e eu retribuo na mesma intensidade.
Sinto o volume dele aumentar conforme nosso beijo ia ficando mais intenso,
sinto uma mordida no lábio inferior e solto um gemido que causa um efeito
significativo em Jackson.
— Antes de começarmos a baixaria, eu gostaria de te dizer uma coisa. – Ele
fala interrompendo nosso beijo.
— Fala rápido então.
— Eu amo você! Amo você com todas as minhas forças. – Ele me ama. Não
sei o que dizer, simplesmente não sei.
— Eu... Eu não sei... – Sou interrompida.
— Você não precisa falar que me ama sem me amar. Só me diga quando tiver
plena certeza disso, ok? – Jackson segura meu rosto com o maior cuidado do
mundo e eu apenas concordo com a cabeça. – Agora eu quero um daqueles
beijos gostosos que só você tem. – Eu perco toda minha postura de bandida
com ele, não dá!
Eu chego mais perto e dou início a um beijo quente, intenso, cheio de desejo e
lógico, amor! Eu o amo, só não sei se estou pronta pra contar a ele isso.
A pressão do íntimo de Jackson contra o meu íntimo estava enlouquecendo
nós dois. Enquanto nossas bocas dançavam uma com a outra, eu rebolei em
seu colo e deixei ele maluco.
— Você faz de propósito né? – Ele me encara com o olhar carregado de luxúria
e levanta comigo em seu colo.
— Você vai derrubar a gente e vamos sofrer traumatismo craniano. – Falo com
medo dele escorregar no banheiro.
— Olha isso! Olha bem pra isso. – Me faz olhar pro espelho e nós somos lindos
juntos.
— Eu poderia fazer uma foto nossa agora, estamos tão lindos. – Falo e ele me
ajeita em seu colo deixando a glande na minha entrada.
— O controle é seu agora! – Ele fala se referindo a posição que estamos.
Qualquer movimento que eu faça, ele vai me invadir.
— O controle sempre foi meu! – Impulsionei o corpo pra baixo e senti Jackson
me invadindo.
Soltei um gemido em seu ouvido e eu juro que ele ficou maior. Jackson se
movimentou um pouco se ajeitando e olhando no fundo dos meus olhos, em pé
de frente pro enorme espelho do meu banheiro, ele me fodeu com todo o vigor
que tinha.
Acordei com um grito e num impulso peguei a arma debaixo do travesseiro e
apontei para porta dando de cara com Isac parado estatelado.
— Perdão senhora. Eu tomei um susto com Jackson. – Falou apontado para o
lugar ocupado ao meu lado.
— Merda Isac. Desculpa. – Olhei pro lado e Jackson me encarava sem
entender muita coisa e com a carinha de sono mais linda desse mundo.
— Amada, Diego está lá em baixo. – Isac informa e eu arregalo os olhos.
Esqueci completamente dele.
— Merda. – Levanto rápido e olho para Jackson que faz um barulho com a
garganta.
Só então me dou conta de que estamos nus. Ele está com a o edredom e
apenas o peito à mostra, eu estou totalmente nua na frente de Isac.
— Ele já me viu pelada. – Falo indo em direção ao banheiro e ouço a risada
dos dois e Isac dando boa sorte para Jackson que ri mais ainda.
Ouço a porta fechar e os paços de Jackson se aproxima do banheiro, onde já
estou dentro do box com o chuveiro ligado.
— Bom dia. – Ele fala entrando junto comigo.
— Bom dia! – Passo a bucha para ele que entende o que eu quero e desliza
pela minha coluna lavando toda minhas costas.
— Quem é Diego? – Ele pergunta me entregando a bucha.
— Meu irmão! Se apresse, quero te apresentar a ele. – Falo terminando meu
enxague e saio me enrolando numa toalha.
Corro para meu closet escolhendo uma roupa e volto para o banheiro, devo
estar com um hálito terrível. Escovo os dentes em tempo recorde e corro para
colocar a roupa. Enquanto estou passando um hidratante no corpo, Jackson
aparece no meu campo de visão.
— Deixou isso no banheiro. – Diz me entregando minha arma. – Qual a
necessidade de dormir com ela debaixo do travesseiro? – Pergunta indo
colocar a roupa e eu faço cara de tédio.
— Não é obvio? Tenho uma penca de inimigos que podem querer invadir
minha casa enquanto durmo, então sempre deixo uma debaixo do travesseiro.
– Falo terminando de me arrumar e calçando um chinelo. Dou uma última
olhada no espelho e saio do closet. Jackson já está arrumado e vem atrás de
mim.
— Você tem certeza que quer me tirar do seu quarto e me apresentar pro seu
irmão? – Jackson pergunta enquanto saímos do quarto.
— Jackson. – Paro no corredor e coloco a mão em seu peito. – Nós somos
adultos. Nós três. Diego sabe muito bem o que duas pessoas fazem quando se
gostam. – Acabo de falar e descemos.
Capítulo 34

Chegamos à sala de jantar e um rapaz alto, branco, usando uma calca jeans e
uma camisa que marcava todos os seus músculos, estava parado de frente pra
janela panorâmica que dava uma linda vista pro jardim.
Florence pronunciou uma palavra no que eu percebi ser português e o rapaz se
virou sorrindo. O sorriso dele me lembra o de Florence.
Eles se abraçaram por um longo tempo, quando terminaram, se afastaram um
pouco e selaram suas bocas num selinho rápido. Eles não acham isso
estranho?
Senti o olhar do rapaz em mim e levantei a cabeça esperando uma palavra que
eu entendesse.
— Jackson, este é Diego, meu irmão. – Florence se virou para o irmão. –
Diego, este é Jackson! Meu namorado! – Ela falou namorado?
— E aí irmão. – Diego estendeu a mão e eu apeguei apertando. Mas ele me
puxou e me abraçou. – Então foi você que conseguiu dobrar minha maninha
chata? – Falou rindo e eu ri de volta.
— Não foi fácil, mas eu não costumo desistir. – Falei e Florence revirou os
olhos rindo.
— Já percebi que vocês dois se deram bem, agora podemos sentar e comer? –
Ela nos interrompe e ambos rimos.
— Sim, podemos.
Gostei bastante de Diego, ele parece ser aquele tipo de homem galinha, mas
verdadeiro. Fora que ele me aceitou de cara, o que me deixou bem aliviado.
Depois de terminarmos de tomar café, Florence foi para o escritório com o
irmão e eu fui para HM, preciso acertar umas coisas pra deixar na agulha até
eu voltar.
Quando cheguei lá, Kobe já estava em sua sala e eu passei por lá, precisava
falar com ele.
— Fala irmão, está com tempo? – Pergunto colocando a cabeça pra dentro.
— Estou sim, pode entrar. – Ele responde terminando de digitar alguma coisa
em seu computador.
— Kobe, você não sabe o que aconteceu ontem. – Ele me olhou me dando
liberdade para continuar. – Lembra quando eu falei com você que Isac tinha
falado que Florence ficou doente por um tempo, mas não quis me falar o que
ela tinha? – Essa frase ficou confusa até pra mim.
— Lembro! O que tem? – Ele pergunta mostrando mais curiosidade e eu
prossigo.
— Ela estava grávida! – Solto e Kobe arregala os olhos.
— Como assim? – Ele pergunta com a voz fraca.
— Ela engravidou de mim, mas perdeu o bebê com duas semanas de
evolução. – Expliquei.
— Porra, Jackson. Você foi pai. – Kobe levanta vindo pro meu lado.
— Ela falou que não tinha formação alguma, só tinha duas semanas, mas que
mesmo assim doeu muito. Já é o segundo bebê que ela perde. – Falo
imaginando a dor que Florence carrega no peito, mãe nenhuma suporta perder
um filho, não é a lei natural da vida.
— Isso é verdade, mas porque ela não te avisou que estava gravida? – Kobe
pergunta.
— Ela não sabia, só soube quando sentiu a dor e correu pro hospital. – Explico.
— Ela não consegue gerar? – Pergunta com certo receio.
— Consegue, estou achando que o problema sou eu. Por isso preciso de uma
ajuda sua. – Falo.
— Pode falar! – Kobe sempre está preparado para me ajudar.
— Enquanto eu vinha pra cá, procurei uma clínica especializada em fertilização
e marquei uma consulta, você pode ir comigo? – Pergunto e Kobe ri.
— Ok, eu vou. Marido. – Fala imitando um pouco o jeito de Isac e eu caio na
risada.
— Hoje você vai ser minha esposa. – Estendo a mão pra ele que a pega com
delicadeza e pisca os olhos.
Entre risadas e zoações nós partimos para a tal clínica e não demorou muito
até chegarmos lá.
A recepcionista informa que preciso preencher uma ficha que será entregue ao
médico que vai me examinar e assim eu faço, são muitas perguntas
específicas e eu estou com um frio intenso na barriga.
Depois de entregar a ficha, nos sentamos e esperamos por pelo menos meia
hora até eu ser chamado. Kobe não entrou comigo porque tinha uma ligação a
fazer.
— Bom dia, Senhor Jackson! – O doutor estendeu a mão e eu a apertei.
— Bom dia, Doutor.
— Vamos lá, o que te trás aqui? – Ele pergunta se sentando e fazendo sinal
para que eu me sentasse na cadeira à sua frente.
— Doutor, há alguns meses, minha namorada engravidou e acabou perdendo o
bebê. O nosso sonho é ter filhos, mas ela perdeu na nossa primeira tentativa e
com ela está tudo certo. Eu gostaria de saber se tem algum meio de
descobrirmos se o problema está comigo. – Falo e ele me analisa por um
instante.
— Bem, vamos ver sua ficha primeiro, ok? – Eu assinto e ele começa a olhar
minha ficha. – Vive uma vida saudável, mas já foi usuário de cocaína. Usou por
quanto tempo?
— Quase seis anos. Estou limpo a exatos oito meses. Graças a minha
namorada. – Informo e ele anota alguma coisa em um papel e depois em outro,
destacando ambos e me entregando.
— Aqui estão dois exames que você vai fazer agora e voltar aqui para vermos
o resultado, ok? É só levar na recepção que ela vai te encaminhar. – Assenti e
fui direto para a recepção.
Kobe estava no telefone de costas pra mim e acabou não vendo quando eu
entrei em outra sala onde colheriam meu sangue e meu esperma. Sim. Eu
precisaria tocar uma, tinha até revista e vídeos pra estimular, mas eu não
precisava de nada disso, era só lembrar de Florence e de tudo que fizemos na
cama. Foram necessários apenas dez minutos lembrando desses momentos
que eu gozei no potinho. A quantidade que eu estou rindo, não existe.
Entreguei o material para a enfermeira que ficava na sala ao lado e ela pediu
que eu aguardasse na sala de espera e assim eu fiz.
— E aí? Já acabou? – Kobe perguntou a sair do telefone.
— Não, estou esperando o resultado dos exames, ficam prontos em meia hora.
Acredita que eu precisei gozar num potinho? – Ele me olha com cara de nojo e
eu caio na risada.
— Você é nojento demais. O que o médico falou? – Pergunta.
— Nada de importante ainda, primeiro vai ver meus exames. – Respondo
pegando o celular no bolso.
Ficamos cerca de quarenta minutos sentados até me chamarem novamente.
— Ok, senhor Jackson. Já estou com o resultado de seus exames. – O medico
fala assim que eu entro e me sento.
— E então? – Pergunto curioso.
— Bem, seu sangue está limpo, como eu nunca havia visto antes em pacientes
com menos de um ano limpo de algum entorpecente. Isso é bom! Seu sêmen
está bom, só tem um déficit por falta de algumas enzimas, vitaminas e
minerais. Vou te receitar um complexo que vai te ajudar e em dois meses você
volta para fazermos novos exames e ver como vai estar. Fora isso, fique
tranquilo. Logo você poderá dar um lindo bebê à sua namorada. – Ouvi tudo
com bastante atenção e fiquei feliz por não ser nada mais grave.
Saímos do consultório e estávamos morrendo de fome. Paramos em um
restaurante para almoçar e eu atualizei Kobe sobre minha situação, que ficou
feliz e disse que assim que Florence engravidar, vai querer convite exclusivo
para se padrinho da criança.
Voltamos para a HM pois tínhamos um carregamento chegando. Assim que
chegamos, Stefany veio até mim e me passou algumas coisas e aguardamos
no galpão somente eu e Kobe.
Capítulo 35

Depois do café da manhã, Diego e eu fomos até meu escritório.


— Então, o que tinha pra me dizer? – Pergunto acendendo um cigarro de
menta.
— Quero fazer parte dos negócios da família. – Respondeu de cabeça baixa.
— Diego, olha pra mim quando falar. – Ordeno e ele me obedece.
— Quero fazer parte dos negócios da família. – Repetiu me encarando. –
Tentei muitas áreas e nenhuma delas eu me encaixo, quero tentar o negócio
da família, talvez eu tenha nascido para mexer com essas coisas também. –
Deu de ombros.
— Você tem certeza disso? – Eu não vejo verdade em seus olhos, tem mais
alguma coisa aí e ele não quer me contar.
— Tenho sim, maninha! Eu e papai temos conversado bastante e eu acabei me
interessando. – Revelou.
Isso é bom, papai nunca foi um amor de pessoa com os filhos, eu e Diego
sofremos um pouco com a falta de afeto da parte dele, mas o amamos mesmo
assim, é nosso pai.
— E por que ele mesmo não te ensinou tudo que sabe? – Pergunto.
— Papai não quer mais saber disso, ele concordou de você me ensinar tudo
que preciso saber e disse que fica até mais relaxado de estarmos trabalhando
juntos. – Isso é bem a cara dele mesmo, jogar a peteca para outro.
— E mamãe? Não falou nada? – Pergunto. Às vezes a gente esquece dela,
mas não por mau.
— Mamãe acha melhor mesmo você me treinar e disse que fica feliz que
passaremos algum tempo juntos. – Ele da de ombros e eu dou mais uma
tragada no cigarro.
— Ok então, vamos colocar a mão na massa. – Falo me levantando e seguindo
em direção ao meu quarto.
Me arrumo em tempo recorde. Coloco uma camiseta branca por dentro de uma
calça camuflada, uma bota, prendo o cabelo em um rabo de cavalo e vou até o
quarto de Diego.
— Já está pronto? – Pergunto colocando a cabeça pra dentro.
Diego está só de cueca ajeitando o cabelo na frente do espelho. Meu irmão
está uma delícia. Credo.
— Só vou colocar a roupa e o tênis. – Respondeu sem me olhar.
— Vou descendo então, te espero no carro. – Falo e fecho a porta indo pro
andar debaixo.
Entro no carro já colocando uma música suave e fico esperando Diego por
alguns minutos. Assim que ele chega eu dou partida e seguimos para Russ.
Chegando lá eu mostro a ele onde é feito todo o processo da cocaína e das
outras drogas que trabalhamos. Ele fica encantado com a produção exclusiva
de maconha e sintéticos.
— Isso aqui no sul do Brasil está ganhando muita fama. – Fala apontando para
uma remessa de ecstasy. Essa simples declaração já fez minha mente viajar e
pensar em mais trabalho.
— Você sabe o que iremos fazer na Itália amanhã? – Pergunto mudando o
assunto.
— Papai falou que você irá recuperar um artefato pertencente a nossa família.
– Respondeu ficando de frente pra mim.
— Exatamente! Diego, temos muita fortuna espalhada pelo mundo e vamos
recuperar todas elas no que depender de mim, mas amanhã pode ser perigoso.
Então preciso saber se você tem peito pra encarar. – Sou direta e ele me
encara um pouco assustado.
— Bem, eu ando treinando, então acho que posso dar conta. – Responde um
pouco apreensivo.
— Não é só saber atirar ou lutar, Diego. É ter psicológico pra enfrentar o que
vamos enfrentar. – Rebati séria. – Se meu plano der certo, a gente entra e sai
sem que ninguém nos veja. Se não, pode esperar o exército italiano em peso
atrás da gente. Compreende?
— Sim! Mas vai dar tudo certo. – Ele fala me abraçando e beijando o topo da
minha cabeça.
Somos interrompidos pelo meu celular tocando, era Jackson.
— Pronto! – Atendo.
— Está na Russel? – Ele pergunta.
— Sim.
— Ótimo, estamos indo pro galpão. – Fala desligando.
— Diego, vem. Vamos até o galpão. – Chamo já andando em sua frente.
Chegamos no galpão que fica atrás de toda a fábrica e aguardamos. Os
funcionários já estão informados que chegará um carregamento e estão só
esperando para descarregarem tudo em tempo recorde.
Em dez minutos, o rádio do segurança alerta e ele faz um sinal positivo pra
mim. Os grandes portões se abrem e cinco caminhões entram. O grande pátio
do galpão ganha movimento e meus homens começam a descarregar tudo.
Vou ao encontro de Jackson que sai de seu carro e vejo os portões fechando.
— Correu tudo bem? – Pergunto colocando as mãos sob seu peito.
— Sim, rua vazia. – Ele tenta me dá um beijo, mas eu desvio indo direto pra um
caminhão já aberto.
Sei que posso ter parecido um pouco grossa, mas aqui é trabalho.
Subo no caminhão e chamo Diego que logo sobe também.
— Sabe o que é isso? – Pergunto e ele nega. – Isso é puro ópio. Extraído
diretamente do Vietnã.
— Uau. – Ele fala com a boca aberta.
— Você sabe o real motivo da guerra do Vietnã? – Pergunto.
— Conquista de território? – Ele me encara esperando eu dar uma aula.
— Quase isso. O Vietnã é o único país no mundo que consegue produzir este
ópio. É o melhor que existe e o mais puro. As condições deles são melhores
para cultivo da papoula. Quando nosso amado John Kennedy percebeu que a
economia do país dependia do narcotráfico, já era tarde e a união soviética já
estava de olho nas terras vietnamitas. Com isso explodiu a guerra, com a união
soviética fingindo apoiar o Vietnã e os Estados Unidos falando pra mídia que
era uma guerra para acabar com o comunismo. Mas a grande verdade era uma
disputa de território por causa do Ópio. Os americanos queriam transformar
aquele pedaço de terra em um campo de papoula e forneceriam emprego aos
nativos, mas não deu. Os vietnamitas não renderam para nenhum dos dois
lados e hoje eles ganham muito dinheiro com o ópio. – Terminei e Diego me
encarava com os olhos brilhando. – O que foi?
— Nada, é que você nasceu pra fazer isso. Você é muito mais inteligente que o
pai. Sem contar que nunca na vida ele iria conseguir construir o império que
você construiu. Você é a rainha das drogas nesse país. Onde que uma mulher
do ramo farmacêutico teria fotos com os presidentes e liberdade diplomática? –
Ele ri e eu apenas sorrio.
— Diego, esse ramo, esse mundo em que eu vivo, ele não é o país das
maravilhas. Não é a Disney e muito menos a terra do nunca. Nesse mundo,
você escolhe entre a sua liberdade e o dinheiro. Isso aqui – Abro os braços
mostrando a ele todo o galpão. – Isso aqui não vale metade da tua felicidade e
da tua liberdade. Isso aqui não vai deixar você colocar a porra da cabeça no
travesseiro e dormir em paz. Saiba muito bem, irmão, quando você for
escolher. Eu vou te ensinar tudo que você precisa saber, mas isso não significa
que você estará dentro. Só você vai me dizer se é isso que você quer ou não.
Não tenha pressa, aproveite nossa viagem e depois você me responde o que
você quer pra sua vida, está bem? – Coloco a mão em seu rosto, meu menino
cresceu tanto.
— Está bem. Agora vamos, os caras querem entrar. – Só então percebo que só
faltava este caminhão para ser descarregado e desço dele.
— Tudo aqui? – Pergunto a Jackson.
— Sim, senhora. Duas toneladas de ópio. – Ele responde sorrindo.
— Bom garoto. Vamos até minha sala resolver os últimos detalhes. Kobe, este
é Diego, meu irmão. – Falo e saio andando.
Jackson me segue e vou até minha sala. Depois que entramos, Jackson me
agarra pela cintura e me beija. Estou tão excitada com a carga que retribuo na
mesma intensidade.
— Porque fugiu do meu beijo? – Ele pergunta me colando na parede.
— Local de trabalho senhor Hawks. – Sorrio maquiavélica e ele revira os olhos.
— Você faz pra me provocar. – Me ataca novamente e eu retribuo.
Sinto meu corpo sair do chão e enlaço minhas pernas em sua cintura. Jackson
caminha comigo em seu colo até a janela panorâmica de minha sala e começa
a tirar nossas roupas.
— Olha que vista linda. Vou te comer aqui. – Ele fala com a voz mais grave que
o normal e eu fico mais molhada.
— Alguém pode nos ver. – Falo quase sem voz.
— Que vejam! Vão saber que eu sou o homem mais sortudo desse mundo. –
Ele mordisca minha orelha minha calça é brutalmente puxada para baixo.
Jackson me vira de costas pra ele e enfia a mão em minha calcinha já úmida.
Ao sentir minha lubrificação intensa ele solta um grunhido e agora posso sentir
seu volume já nu contra minha bunda.
Ele abre um pouco minhas pernas e joga minha calcinha pro lado, então eu o
sinto entrando em mim numa lentidão torturante.
— Pede desculpas por ter rejeitado meu beijo. – Ele fala contra minha orelha.
— Não peço! – Dou um sorriso e mordo o lábio olhando pra trás, encontro um
Jackson transformado e isso faz minha buceta contrair.
— Maldita! – Ele fala segurando meu rabo de cavalo com uma mão e
enlaçando minha cintura com a outra.
Jackson bomba rápido e forte dentro de mim, ali, contra o vidro da janela.
Nossos gemidos se misturam e sinto meu orgasmo chegar, mas eu vou
segurar. Vou sim e ele sabe disso. Porque no segundo seguinte ele me vira de
frente pra ele e não sei como eu me livrei de minha bota e todo o resto de
roupa, mas ele me pegou no colo e com as pernas enlaçadas em sua cintura,
ele me fodeu olhando no fundo dos meus olhos, era demais pra mim, eu não
suportava olhar pra ele que a vontade de explodir já vinha.
— Goza comigo! – Peço em súplica, mas com um sorriso no rosto e a mordida
no lábio.
Ele não fala nada, apenas bomba mais forte e eu agarro seu pescoço com os
dentes. Parece que esse era o gatilho que ele precisava, porque este homem
acelerou mais e eu o senti jorrar dentro de mim no mesmo momento que meu
corpo tremeu e eu gozei.
Ficamos um tempo ali naquela mesma posição, até nossos espasmos
acabarem e conseguirmos andar.
Jackson beijou meu ombro diversas vezes, assim como eu beijei seu pescoço.
Eu simplesmente não sei mais viver sem esse homem. Eu o amo tanto e sou
completamente apaixonada por ele.
Depois que nos desencaixamos, senti algo escorrer e só aí eu me dei conta do
que tinha acontecido. De novo não!
Dessa vez eu preferi ficar quieta e só fui até o banheiro e me lavei, assim como
Jackson também fez, mas eu sei que ele percebeu que eu mudei de vibe
quando coloquei a mão em seu sêmen que escorria em minhas pernas.
Saímos do escritório e nem Anne ou Mila estavam ali, apenas Diego e Kobe
que nos olharam com a cara mais engraçada desse mundo.
— Mana, quando você for trepar no escritório, avisa as meninas para saírem.
As coitas estavam atordoadas quando chegamos aqui. – Diego falou rindo.
— Elas não estavam em seus lugares quando eu cheguei, não tinha como
avisar. E o que vocês dois ficaram fazendo? – Perguntei encarando os dois.
— Apenas esperamos vocês acabarem, Diego queria te propor uma coisa. –
Kobe falou tentando segurar o riso.
— O que está esperando? – Pergunto a Diego.
— Nada. Queria saber se não seria melhor todos dormirem lá em casa. Assim
ninguém se atrasa, ainda mais que o voo é de madrugada. – Pondero por um
breve minuto a sugestão de Diego e pego o celular mandando uma mensagem
a Isac avisando que todos irão dormir lá.
— Resolvido. Vamos Diego. – Falo indo em direção ao elevador privativo. –
Espero vocês daqui a pouco. – Falo à Jackson e Kobe e então a porta do
elevador se fecha.
— Não acha que se você ficar trepando por aí, seus funcionários vão começar
a comentar? – Diego me pergunta assim que o elevador se move.
— Eu não fico trepando por aí, Diego. Essa foi a única vez que transei na
minha sala. – Falo sem paciência.
Mas Diego tem razão. Se Jackson continuar me estingando desse jeito, daqui a
pouco toda a empresa vai comentar que a patroa deles trepa igual cadela no
cio. Isso pode manchar minha imagem.
O elevador finalmente chega ao hall, vou direto à copa onde os funcionários
fazem pausas e tomam seus cafés. É o lugar preferido de Mila e Anne quando
não tem trabalho. E como eu previa, as duas estavam lá, ouvi uma parte da
conversa e graças a Deus, elas não falavam de mim.
— Anne, Mila. – Chamo e ambas olham para trás.
— Sim, senhora. – Respondem juntas.
— Diego, vá para o carro e me espere. – Ele obedece e sai. – Nós somos
adultas e não tem porque ficar um clima chato. Eu sei o que vocês ouviram e
só queria dizer que isso não tem que sair da boca de vocês para mais
ninguém. Certo? – Falo com cautela.
— Não sabemos do que a senhora está falando, deveríamos ter ouvido algo? –
Mila responde com antecipação.
— Boa menina! – Saio e vou em direção à entrada e Mike está lá, parado.
— Então todos iremos dormir na sua casa hoje? – Ele pergunta me seguindo
até o carro.
— Sim, Angel já falou com você? – Pergunto.
— Sim. Ela está muito animada com essa viagem, sabe que o que ela mais
queria era que você tirasse férias, não sabe? – Entro no carro e deixo a porta
aberta para ouvir o que ele tem a dizer.
— Sim, eu sei. Vamos deixar ela pensar que realmente vamos tirar férias. –
Falo sem dar muita importância.
— Certo, teremos que seda-la quando formos fazer o que temos que fazer. Ela
é ligada no 220. – Ele ri falando. Mike está apaixonado demais por Angel e eu
fico feliz que esteja dando certo.
— Faremos tudo como planejado. Já entrou em contato com o pessoal do
Hotel? – Pergunto já ligando o carro.
— Sim, já estão todos na espera. – Mike informa e eu apenas concordo dando
um tchau breve e fechando a porta do carro e dou partida saindo dali.
— Vocês dois não estavam juntos? Do nada aparece esse Jackson que não
sabemos nem de onde é. – Diego abre finalmente a boca que ele não
consegue calar.
— Eu e Mike tivemos um affair, mas era só casual, hoje ele e Angelique estão
muito bem e eu fico feliz. – Falo séria para que Diego tire isso de sua cabeça. –
Quanto a Jackson, tem bastante tempo que o conheço. A ultima vez que você
esteve aqui, eu já o conhecia e nós já tínhamos nos envolvido. Não tem nada
de novo na nossa relação. – Falo encerrando a conversa.
Assim seguimos a curta viagem até em casa. Nem minha mala eu arrumei,
preciso olhar minha lista e arrumar a mala antes do pessoal chegar.
Ao entrar pelo hall, senti um cheirinho maravilhoso e fui até a cozinha. Isac não
estava lá, somente uma das auxiliares dele fazendo uma pasta.
— Boa noite! Onde está Isac? – Pergunto animada e a menina cujo nome é
Beatriz, me responde.
— Boa noite senhora. – Diz sorrindo. – Tenho quase certeza de que ele está na
churrasqueira.
— Ok, obrigada! – Me retiro da cozinha deixando a menina lá e sigo para a
churrasqueira.
Isac estava lá com seu uniforme de sempre, fazendo algo que não sei o que é.
— Pensei em fazer churrasco hoje, já que todos estarão aqui. – Ele fala se
virando pra mim, como ele sabia que eu estava aqui?
— Churrasco sempre é uma boa pegada. – Falo o abraçando e ele retribui.
— Suba e vá arrumar sua mala, separei maioria das coisas necessárias e as
deixei em cima de sua cama. Só verifique a lista antes. – Ele me alerta e eu
concordo indo pro andar de cima.
A lista é uma listinha que eu deixo pronta com as coisas mais essenciais e
necessárias para viajar. O restante das coisas eu vou colocando a parte.
Chego em minha suíte e em minha cama tem uma das minhas malas abertas e
ao redor tem as coisas já separadas. Pego meu celular e vou no bloco de notas
onde fica minha lista de viagem. Coloco tudo que ainda falta em cima da cama
e vou pegar as roupas.
Depois de meia hora, termino de arrumar as malas, deixo no canto do lado de
fora do quarto e vou tomar um banho pra descer. Logo o pessoal aparece.
Estávamos todos reunidos na área da churrasqueira quando do nada Angel
inventa de brincar de beijar, abraçar ou matar. Tudo bem até chegar a minha
vez.
— Amiga, quem você beija, abraça e mata? – Só podia ser sacanagem, esse
povo bêbado horas antes de viajarmos e essas palhaçadas acontecendo.
— Acabou a brincadeira, Angel. Vamos dormir! – Falo já irritada e me levanto,
Jackson me segura pela mão e pelo olhar, eu entendi o que ele queria. Saco.
— Vamos amiga, última rodada. – Angel fala. – Beija, abraça ou mata entre
Jesse, Mike e Jackson. – Ela só podia estar brincando.
Respirei fundo virando de frente pra o grupo. Eu não suporto mais ouvir o nome
de Jesse.
— Eu beijo Jackson, abraço o Mike e com toda certeza deste mundo. – Faço
uma pausa tirando a arma da cintura. – Vou matar Jesse! – Dou um tiro pro alto
e saio andando.
O clima lá fora ficou pesado, por minha causa como sempre. Mas porra, todo
mundo ali sabe o que ele fez, pra que tocar no nome dele? Todos sabem que
eu vou matar esse filho da puta, inclusive Angel. Mesmo não sabendo a
verdade sobre o que ele fez, ela sabe que eu o odeio profundamente.
Estava em meu quarto com um copo de whiskey na mão quando alguém bate
na porta.
— Entra! – Falo seca.
— Amiga, desculpa. eu não sabia que você ia ficar tão irritada ao ouvir o nome
dele. – Angel fala entrando e vindo até o sofá onde estou sentada.
— Não tem problema, só não repita. O nome deste homem é estritamente
proibido dentro de qualquer propriedade minha ou em qualquer lugar onde eu
esteja. – Falo séria e termino meu whiskey indo me servir de outra dose.
— Tudo bem. Coloca uma dose pra mim por favor? – Angel querendo whiskey?
O mundo acabou e ninguém me avisou? Servi outra dose e dei a ela.
— Aqui está! – Entrego a ela e fico observando-a beber e ela cospe dentro do
copo todo o liquido que sorveu. – Você ficou maluca? – Pergunto quase
gritando.
— Amiga, isso é muito ruim. – Faz cara feia e vai jogar o liquido do copo fora.
— Você tem noção que isso é um dos whiskeys mais raros do mundo? – Falo
indignada com a atitude imatura dela.
— É horrível, por isso é raro. Ninguém quer essa porcaria. – Ela fala rindo e
saindo do quarto me deixando com muita raiva.
Assim que Angel saiu, fui até meu closet e abrindo a última porta, puxei o
alçapão que havia no chão. Fechei tudo para que ninguém me achasse e
desci. Passando por tuneis debaixo de casa, cheguei até meu escritório
subterrâneo e lá eu comecei a reavaliar todo plano da Itália e o plano da morte
de Jesse. Depois de quase quarenta minutos lá, meu celular vibra em meu
bolso e é uma mensagem de Jackson perguntando onde estou. Não respondo
e nem visualizo. Continuo tomando meu whiskey “Horrível” e revendo por onde
passaremos daqui algumas horas. Não posso colocar ninguém em risco.
Depois de algum tempo, ouço três batidas na porta em uma sequência que só
duas pessoas nesta casa conhecem.
— Entre Mike. – Falo em bom som.
Ele entra e me encara. Pronto, agora eu sou o monstro.
— Angel falou que você está estressada demais pra quem vai tirar férias. – Ele
se senta na poltrona em minha frente.
— Angel cuspiu um Glenfiddich de cem anos. – Falei revirando os olhos e ele
riu.
— Ela nem gosta de whiskey, pra que foi beber? – Riu.
— Também não sei, mas o que me deixou irritada não foi isso. Eles querem
férias e a última coisa que vamos fazer lá, é tirar férias. Eu estou nervosa com
o que pode acontecer. – Falei passando a mão no rosto.
— Relaxa, tudo vai dar certo. Nossa equipe é da mesma liga dos seguranças
do presidente. Vai dar certo. – Nisso ele tem razão.
— Tem razão, preciso relaxar. – Falo levantando e indo até ele.
— Agora eu sou um homem comprometido, não posso te ajudar. – Falou
levantando.
— Eu ia te chamar pra subir e irmos dormir. Eu também sou comprometida. –
Falo com obviedade e ele ri.
— Desculpa, é que esse era seu pretexto sempre que precisava de sexo, então
eu meio que me acostumei. – Eu ri com sua declaração.
— Por isso eu te abraçaria. Você é fofo demais. Angel tem sorte. – Falo o
encarando e ele fica sem jeito.
— Queria te perguntar uma coisa. – Ele fala enfiando a mão no bolso. –
Comprei pra ela, estou pensando em pedi-la em casamento. O que acha? – Ele
mostra um anel muito bonito.
— Já conversaram sobre casamento? – Pergunto curiosa.
— Ela diz que é o sonho dela. Casar e ter filhos antes que seu relógio biológico
pare de funcionar. – Ele fala com certo pesar. Como se o assunto “gravidez”
fosse proibido perto de mim.
— E ela tem razão. Mike, se existe amor, se existe respeito e vontade de
ambas as partes, vá em frente. Só não faça nada forçado, não é saudável. –
Aconselho e ele sorri me abraçando.
— Obrigada, iremos passar por Milão? Ela gostaria de ser pedida em
casamento lá. – Ele pergunta revirando os olhos como se fosse um absurdo.
— Sim, nós vamos! – Falo rindo e então nós saímos dali indo pro andar de
cima.
Caminhamos lado a lado abraçados um no outro. Eu e Mike temos uma
amizade ótima, somos quase irmãos e eu realmente fiquei muito feliz por ele e
Angel estarem dando esse passo.
— Está mais calma, amiga? – Angel pergunta assim que entramos no campo
de visão deles que estão na sala de estar.
— Estou me acalmando aos poucos. – Dou um breve sorriso para Mike que
sorri de volta e vai pro lado de Angel. – Amor, vamos subir? – Chamo Jackson
que concorda e me segue. Os outros já sabem onde vão ficar e seguem seu
caminho.
Capítulo 36

Florence desapareceu dentro dessa casa e ninguém sabe onde está.


— Tem certeza que ela ficou no quarto quando você saiu de lá? – Pergunto
mais uma vez a Angel.
— Claro que tenho certeza. Se ela tivesse descido, nós teríamos visto. – Fala
de braços cruzados.
— Ela sempre faz isso, deve estar pensando em algum lugar. – Mike
finalmente abre a boca. De todos nós, ele é o mais tranquilo e o único que
parece saber onde ela se meteu.
— Então você sabe onde ela está? – Pergunto.
— Sei! – Responde.
— Onde? – Pergunto e ele ri.
— Não tenho autorização para revelar tal informação, mas fique aqui que vou
tentar traze-la novamente. – Ele levanta e olha para Diego. – Não deixe ele me
seguir.
Ele sai por um dos corredores e desaparece. Depois de longos minutos, Mike e
Florence aparecem no corredor, abraçados e rindo. Confesso que isso me deu
uma pontada de ciúmes, só em mim, porque Angel está bem tranquila.
— Vamos, amor? – Sou desperto pela voz de Florence mais perto de mim e me
levanto seguindo-a até seu quarto.
— O que aconteceu? – Pergunto assim que entramos.
— Só estresse acumulado, nada com o que deva se preocupar. – Ela responde
tirando a roupa e indo para o banheiro. Faço o mesmo e entramos no box.
Depois de um banho relaxante, sem malícias. Seguimos para o quarto e fico
apenas de cueca, já Florence, prefere ficar sem roupa alguma.
O corpo dessa mulher é uma obra prima.
— Amor, pode passar nas minhas costas? – Ela me entrega um frasco de óleo
corporal.
— Claro, deite. – Falo e ela ri.
— É só pra passar, amor. Não preciso deitar. – Fala rindo.
— Florence, faz o que eu pedi pelo menos uma vez. Deite logo. – Ela me olha
segurando o riso e deita em seu lugar de forma confortável.
Despejo um pouco do óleo em suas costas e começo a fazer uma massagem
para que ela relaxe. É o mínimo que posso fazer por ela que se preocupa tanto
com o bem estar de todos.
Depois de uns dez minutos ali em suas costas e ombros eu passo para as
pernas. Com um pouco mais de óleo eu começo a massagear dos tornozelos
até a polpa da bunda. Posso sentir o corpo dela relaxando a cada movimento
meu, como se ela estivesse ficando mais leve. Eu sou um completo viciado
nessa mulher. Não me canso dela nem um pouquinho e pra acabar de foder
meu psicológico, ela se mexe de forma que sua perna abre mais, me dando
total visão de sua buceta que está encharcada e isso acaba comigo. O pau
está que nem pedra já.
Estendo a região da massagem subindo mais um pouco e logo já estou
apertando de leve aquela bunda maravilhosa que ela tem. Ouço um gemido
quase inaudível e isso me deixa mais louco ainda. Começo a esbarrar de
proposito os dedos em seus grandes lábios e massageio essa região com um
pouco mais de atenção. Ela está ofegante e cada vez mais molhada. Não
aguento mais ver isso, então eu me posiciono e abocanho sua carne. Fazendo
movimentos preciso com a língua, hoje eu não quero sexo, só quero que ela
relaxe. Senti Florence se mexer e ela ficou de quatro me dando total liberdade
e abertura pra trabalhar ali.
Fiz minha língua dançar nela e me determinei em faze-la gozar apenas com a
língua. Depois de um tempo ali me deliciando, senti alguns espasmos vindos
dela e o corpo estremeceu, ele iria gozar. Concentrei toda minha habilidade em
seu ponto principal de prazer e ela gozou majestosamente na minha boca.
Depois de todo esse processo, deixei ela bem sequinha e me aconcheguei ao
seu lado, abraçando-a de conchinha, ela apagou em menos de dois minutos.
Muito bom. Serviço concluído com sucesso.
Horas se passaram desde que proporcionei estado de total relaxamento à
Florence e agora estamos em um voo para Itália. Ela dorme na cama que tem
no fundo do jato enquanto o restante de nós temos um momento de
descontração. Agora estamos ouvindo a proposta de Angel de arrastar
Florence para o Brasil.
— Mas, se ela vai sempre lá, porque arrasta-la e não apenas sugerir? –
Perguntei e todos me olharam estranho.
— Ela te falou isso? – Mike pergunta baixo.
— Sim, disse que sempre que pode vai ao Brasil. – Respondo inocente.
— Realmente, ela falou isso mesmo. – Kobe confirma.
— Ela mentiu! – Diego solta. – Tem anos que ela não pisa no Brasil. Uma vez
ela foi pra Colômbia e não foi no Brasil. – Ele fala rindo com deboche.
— Eu não vejo motivos pra ela ter mentido. – Falo pensativo.
— Ela não faz de propósito, não pega pilha. – Ele me acalma. – Muita coisa
aconteceu na vida dela e esse é o jeito que ela encontrou pra evitar que
enchessem o saco dela toda vez com as mesmas perguntas.
— Entendo! – Realmente entendo.
— Então, Brasil? – Diego pergunta a todos.
— Por mim, sim! – foi a resposta de quase todo mundo, menos de Mike, que
ficou calado.
— Ela vai matar um por um de vocês. – Mike diz rindo e indo em direção ao
banheiro.
— Vai mesmo! – Angel confirma e todos riem.
Mais algumas horas se passaram e nós pousamos. Entramos em um carro que
mais parecia um blindado do exército e seguimos até o hotel.
Florence sozinha organizou tudo e reservou os quartos de todo mundo, é uma
mulher incrível sim.
Desembarcamos do carro e uma equipe esperava por nós. O outdoor do hotel
dizia Four Seasons Hotel, se não me engano, o mais caro da toscana e o mais
difícil de conseguir reserva. Ainda mais no curto período de duas semanas.
— Signorina Florence, sia di nuovo la benvenuta. – Um homem bem vestido e
intitulado de gerente falou.
— Buon pomeriggio Giovanni, è un grande piacere essere tornato. È tutto
pronto? Possiamo ospitare? – Florence responde sorrindo graciosamente.
Está uma tarde linda e o hotel fica mais lindo ainda com esse tom alaranjado
do céu.
— Sì, è tutto pronto. Ti accompagnerò nei tuoi alloggi e, come hai chiesto, li ho
messi tutti sullo stesso piano. – O senhor falou dando uma piscadela para
Florence.
— Grazie mille, Sig. Giovanni. – Florence respondeu.
— O que eles estão falando? – Kobe me pergunta.
— Florence está cumprimentando o gerente do hotel, que ela parece
conhecer bem. – Falo disfarçando.
— Amores, Florence é dona deste hotel. – Angel chega mais perto da gente e
fala em nosso meio.
— Ah, entendi. – Kobe fala.
Entramos no hotel e puta que pariu, o hotel era lindo demais por dentro.
Fomos direcionados até uma parte reservada do hotel e pelo o que eu pude
perceber, cada “quarto” tinha uma vila própria, era como se fosse uma mini
casa. Era espetacular.
— Gostou, amor? – Florence chamou minha atenção me dando a mão.
— Sim, é lindo. Angel me disse que é seu. Verdade? – Pergunto
abraçando-a.
— Sim, comprei na primeira vez que vim aqui. Meu pai achou loucura, mas
eu me apaixonei pelo lugar e vi uma ótima oportunidade de ganhar dinheiro.
Hoje ele é meu. – Falou me olhando com os olhos brilhando.
— Você parece amar mesmo. – Falei colando o corpo no dela.
— Sim, meu sonho era morar aqui. – Falou com o semblante já mudado e
um pouco triste.
— E porque não é mais? – Pergunto olhando-a com cuidado.
— Minha vida não permite esse tipo de paz. – Fala com um certo pesar.
— Eu estou disposto a te ajudar alcançar esse sonho. – Falo roçando o
lábio no dela.
— Depois falaremos disso, ok? Agora vamos arrumar nossas coisas. – Fala
me dando um selinho e me puxando pela mão.
O quarto tem uma vista incrível e eu já imaginei transar com Florence nessa
grama que tem do lado de fora.
Capítulo 37

Depois de arrumarmos tudo, um mordomo apareceu e se desculpou por ter


atrasado, na verdade eu não me importei, colocar minhas roupas ao lado
das roupas de Jackson é um avanço e tanto. Eu nunca tinha feito isso. Nem
com Malik.
A noite caiu e Jackson apagou. Duas da manhã, meu celular vibrou e eu dei
um pulo da cama, já estava arrumada. Coloquei a arma na cintura e fui de
encontro com Mike e Diego.
— Tudo pronto? Angel dormiu? – Perguntei.
— Apagou! – Respondeu.
— Kobe também apagou, tenho inveja deles. – Diego falou.
— A equipe está toda lá fora já, vamos! – Falei andando em direção a saída
alternativa do hotel.
Encontramos o restante da equipe e seguimos para Villa Medicea.
Chegamos por trás e conseguimos passar despercebidos pelos
seguranças.
— Ótimo, estamos dentro. – Falo no ponto eletrônico. – O fim da carta dizia
“Meu lugar preferido é a três passos nos estábulos e dois em vista para a
Villa. Vá até meu lugar quando isso acabar, Giovanni, e me encontre ali.” –
Abro um mapa no chão e coloco uma lanterna fraquinha. – Aqui era onde
ficava os estábulos naquela época. – Aponto para um ponto no mapa e
todos bufam. – O que foi? – Pergunto.
— Isso fica do outro lado, vão acabar pegando a gente. – Diego mostra. O
ponto onde nós estamos e o ponto onde temos que chegar.
— Não, aqui tem um alçapão em algum lugar. Era comum eles construírem
tuneis subterrâneos nessas propriedades. E quando reformaram, não se
preocuparam nenhum pouco de fechar com concreto. – Esclareço e eles me
olham curiosos. – Venham!
Sigo sorrateiramente pela parede do labirinto de grama que tem aqui e
quase no meio dele acho um arbusto mal localizado e desnecessário. É
aqui.
Apalpo o chão próximo ao arbusto e ouço barulho de madeira. Achei! Faço
um sinal a Mike e coloco a lanterna enquanto Diego fica de guarda. Mike
levanta o alçapão e temos uma escada. Ele entra primeiro, depois eu e por
último Diego, que arruma o arbusto falso e fecha o alçapão.
— Beleza, qual dos dois túneis nós pegamos agora? – Diego pergunta
olhando pra frente.
— Tenho o mapa dos tuneis. O da esquerda leva pra fora da Villa, o da
direita leva direto pros fundos e lateral da propriedade. – Mostro o mapa a
eles. – Aqui nessa outra bifurcação, nós pegamos a direita novamente, se
continuarmos reto, iremos para os fundos da Villa e se virarmos,
chegaremos aos estábulos ou próximo. – Eles concordam e a gente segue
em frente.
Depois de andar o que pareceu ser uma eternidade, chegamos em outro
alçapão, esse era o que nós iriamos subir. E assim fizemos com todo
cuidado do mundo. O sistema de segurança interna desse lugar é muito
falho, isso porque é propriedade Mundial, imaginem se não fosse.
Caminhamos até uma área vasta e “vazia” tinha apenas uma estátua mal
posicionada.
— Este é Lorenzo. – Diego fala sussurrando e eu concordo.
— Nosso parente era bem narcisista e adorava se expor por aí. – Falo rindo
e caminhando de vagar até a estátua.
Ligo a lanterna fraca e vasculho toda a estátua. Não tem nada de anormal.
Olho para o horizonte e vejo toda Villa, aquela propriedade enorme. Dois
passos para a Villa. Dou dois passos pra frente e sinto a superfície mudar.
Saio de cima e me agacho tateando o chão de chama, sinto uma elevação
e contorno com os dedos. Outro alçapão.
— Mike. Achei! – Sussurro.
Ele vem em minha direção e Diego se posiciona para ficar de guarda
novamente. Levando o alçapão com uma dificuldade enorme e um vento
frio sai de lá de dentro, arrepiando minha pele.
— Você primeiro. – Mike olha pra mim.
Desço e em seguida ele desce e Diego também. Acendo a lanterna mais
forte e me deparo com um vasto local. Como se fosse uma sala
subterrânea.
Começamos a olhar o local e não tinha muita coisa. Era uma câmara que
estava fechada a muitos anos. Muitos. Encostado em uma parede, havia
um grande volume, coberto com tecido da época. Incrível como a forma que
isso ficou fechado conseguiu preservar cada coisinha aqui dentro. Tirei um
par de luvas do bolso e removi o tecido que cobria o grande volume. Telas
cobertas com mais tecido. Todas fora das molduras que estavam no outro
canto, todas intactas por serem feitas de madeira pura e ouro.
Removi o tecido de uma das telas e lá estava uma pintura original de
Sandro Botticelli. Uma que o mundo ainda não havia visto e no que
dependesse de mim, não veria nunca.
Analisei com cuidado, estavam em bom estado pela forma como foram
armazenadas, mas todo cuidado era pouco.
Ao todo eram dez telas e duas em especial me chamaram atenção.
Também de Botticelli, atendiam pelo nome de A Primavera e Nascimento de
Vênus ambas do ano de 1481. As que estão expostas hoje na Degli Uffizi
são datadas de 1482, um ano depois. Faz sentido se a história que
conhecemos for verdadeira, Lorenzo realmente precisou mandar Botticelli
pintar obras “falsas” por conta da perseguição da igreja católica e manteve
as originais guardadas aqui. Eu me pergunto como ninguém conseguiu
encontrar isso até hoje.
— Mana, olha isso. – Diego me chama e eu olho. – Acho que é uma porta.
Pra onde será que ela leva?
— Não importa Diego, precisamos tirar todas estas telas daqui em
segurança e sumir deste lugar. – Falo e ele nada responde. Ótimo.
Depois de guardar as telas em seus devidos tecidos, dou mais uma
vasculhada pelo lugar e em uma das paredes encontro uns riscos. Outro
mapa.
Abro o mapa dos túneis que eu tenho e coloco do lado, é o mesmo mapa,
mas o da parede tem mais tuneis e um deles liga diretamente no túnel que
dá pra fora da Villa.
— Em QAP? – Chamo no ponto eletrônico e logo a equipe que aguarda do
lado de fora responde. – Preciso de dois de vocês para entrarem no túnel B.
depois de mais ou menos quinhentos metros, vocês vão achar duas saídas,
peguem a da esquerda. E depois de uns duzentos metros, vocês vão ver
uma porta. Verifiquem isso pra mim, por favor. Rápido.
Dou a ordem e a espera me faz enlouquecer. Depois de cinco minutos, eles
chamam no ponto.
— Achamos a porta. Abrimos? – Eu demoro um pouco pra responder.
— Não. Eu vou colocar a lanterna e vocês veem se aparece algum feixe de
luz aí fora. – Falo já indo pra perto da porta e colocando a lanterna na fresta
inferior. – Alguma coisa? – Pergunto.
— Sim, um feixe de luz por baixo. Vou dar três batidas. – Um deles bate
três vezes na porta.
— Isso, nós estamos aqui. Vou abrir a porta.
Abrimos a porta com bastante dificuldade e demos de cara com os dois.
— Vocês foram de grande ajuda. A porta estava emperrada. Precisamos
levar essas coisas pra van. – Falo apontando as telas.
Eles rapidamente vão pegando tudo com muito cuidado e eles trouxeram
um tipo de “carrinho de mão”. Depois de tirar tudo que era importante,
saímos fechando a porta novamente.
— Diego. – Chamo e ele vira me encarando. – Bom trabalho. Muito bem
observada a porta. – Falo contente.
— Obrigado. Achei que não iria me agradecer, eu sujei a calça. – Ele
sussurra a última parte e eu dou risada.
Seguimos até o fim do túnel e chegamos do lado de fora da Villa, longe dos
seguranças e das câmeras. Nossa van está estacionada com as portas
abertas bem na entrada do túnel. Nossa ação de passar as coisas pro
pessoal de dentro e entrar na van não leva mais que dois minutos e logo já
estamos fora do raio da Villa.
Chegamos ao hotel e o dia estava clareando, as telas foram direto para
meu escritório no hotel e eu fui tomar um banho. Escondi minhas roupas
para Jackson não perceber e após o banho, me deitei ao seu lado, mas a
adrenalina ainda corria meu corpo, não ia conseguir dormir.
Levantei e fui até o lado de fora da casinha. Acendi um cigarro e me sentei
com a garrafa de champanhe que tinham deixado ali pra gente, mas que eu
coloquei na geladeira com balde e tudo antes de sair. Recebi uma
mensagem de Mike e Diego dizendo que Kobe e Angel dormiam que nem
pedra. Amém, Jackson até roncando estava.
Quando acabei o cigarro e a segunda taça de champanhe, ouvi um barulho
e olhei pra trás. Jackson estava parado na porta, só de cueca, com os
braços cruzados, cara de sono e me encarando.
— Está um freezer aqui fora, você vai ficar resfriado. – Falei indo até ele.
— E porque a mocinha está aqui ein? – Pergunta me beijando.
— Não consegui dormir, deve ser o fuso. Jet lag me pega muito, sabe!? –
Menti.
— Você parece que correu uma maratona, Florence. Está suando sem
motivo, seu coração está acelerado. Tem certeza que está bem? – Ele
pergunta me observando.
— Não! Meu nível de adrenalina está nas alturas. Preciso queimar energia.
Realmente estou me sentindo acelerada. – Ele precisa acreditar nisso.
— Vou te ajudar a queimar essa adrenalina toda. – Ele me beija e me
levanta.
Eu enlaço as pernas em sua cintura e ele caminha pra fora comigo. Me
coloca sentada na mesa de ferro onde o balde com gelo e a garrafa de
champanhe estão.
Com um movimento rápido ele arranca minha blusa deixando meus seios à
mostra e pega a garrafa de champanhe derramando um pouco no meu
pescoço e lambendo a trilha que o liquido deixou.
— Está gostoso? – Ele pergunta e eu apenas gemo em concordância.
Jackson então joga mais um pouco de champanhe sob meu seio e
abocanha ele. Meu corpo arqueia em contato com o liquido gelado e isso só
da mais liberdade a Jackson. Depois ele joga no meio dos meus seios e o
liquido escorre pela minha barriga, parando na barra de minha calcinha.
Jackson novamente faz a trilha com a língua, dando mordidas aqui e ali.
Quando chega no limite onde minha calcinha já está molhada, ele enfia um
dedo pela lateral e puxa o tecido fino que não rasga.
— Calcinhas mais resistentes? – Pergunta debochado.
— É seda. Não rasga fácil assim. – Mordo o lábio inferior quando vejo a
determinação possuir seu olhar.
Na maior paciência do mundo ele tira a calcinha e não vejo onde ela vai
parar. Então ele joga mais champanhe e me abocanha, a língua
trabalhando com todo vigor. Ele pega uma pedra de gelo de dentro do balde
e enfia na boca. Aí eu sinto minha destruição. Ele roça o gelo em meu ponto
sensível e eu posso sentir os espasmo chegarem, mas antes que eu possa
sentir algo a mais, o gelo acaba e é substituído pela língua quente de
Jackson e ai sim eu sinto meu mundo virar de cabeça pra baixo, esse
contraste de temperatura é uma delícia. Meu orgasmo chega com mais
força e então eu gozo.
Quando os pasmos passam e eu consigo ficar em pé. Me ajoelho na frente
de Jackson e baixo sua cueca. Está pronto pra mim, então eu o abocanho e
faço o que sei fazer de melhor, trabalhar. Mas eu trabalho com o objetivo de
fazer Jackson gozar tão intensamente quanto eu gozei. Pego uma pedra de
gelo e enfio na boca, vendo-o se arrepiar e sentindo o volume crescer na
minha boca. Faço movimento de vai e vem com a mão e a boca e depois de
algum tempo assim, sinto ele pulsar e então ele goza. Engulo tudo e antes
que eu possa levantar, ele ajoelha na minha frente e me deita na grama e
me penetra.
Quando ele sente que me acostumei com a invasão, dá início aos
movimentos e eu gemo. Jackson acelera a cada investida e isso me leva a
loucura. Ele geme no meu ouvido me chamando de gostosa e de “Minha
puta” e eu adoro isso. Ele acelera mais um pouco, minhas pernas já estão
em seus ombros e nossos gemidos podem ser ouvidos pelos vizinhos,
tenho certeza.
Depois de algum tempo assim, ele me coloca de quatro e bomba forte, eu
rebolo freneticamente em seu pau ao mesmo tempo que massageio meu
clitóris, intensificando meu prazer e o dele. Me apoio melhor e sinto ele
enfiar a mão nos meus cabelos, puxando pela raiz, nessa posição ele
estapeia minha bunda dos dois lados e soca com força. Estou prestes a
gozar e ele sabe disso, acelera mais um pouco e aumenta a força. Com um
gemido gutural ele goza e eu gozo logo em seguida. Caímos exaustos na
grama.
— Como está sua adrenalina agora? – Jackson pergunta ficando por cima
de mim.
— Diminuiu um pouquinho. – Respondo.
— Um pouquinho? – Pergunta e faço que sim com a cabeça. – Então
vamos acabar com ela. – Fala levantando e me levantando junto.
Sou carregada até a cama onde ele me deita e me fode mais uma vez.
Acordo às dez da manhã com meu celular berrando. Angelique.
— Fala! – Acorda amiga, estamos indo tomar café. Mike foi dormir muito
tarde está só o bagaço, Diego também, está parecendo um zumbi. – Ri –
Se agasalhe, está um frio da porra. – Ela desliga na minha cara.
— Era Angel? – Jackson pergunta. Me encarando. Ele já está arrumado.
— Sim! Estão descendo pra tomar café. Vamos? – Pergunto e ele concorda
com a cabeça. – Me dê vinte minutos.
Capitulo 38

Levanto indo me arrumar e em vinte minutos eu tô pronta. Saímos de


nossos aposentos e seguimos para onde o pessoal está. Estávamos
caminhando de mãos dadas quando Jackson trava e fica encarando uma
pessoa do outro lado do hotel.
— Que foi? – Pergunto.
— Nada, achei que tinha deixado o celular no quarto, mas está aqui. – Ele
fala tirando o celular do bolso. Está mentindo, sei que está.
Seguimos até o pessoal e sentamos para tomar café. Todos estão fazendo
planos para mais tarde, pra onde iremos e o que faremos. Eu só quero ficar
sozinha com aquelas telas e chamar meu especialista aqui. Outra coisa que
não sai da minha cabeça é aquela mulher que Jackson ficou encarando
mais cedo. Sei que estava encarando-a. Ele gelou quando a viu.
— Que tal irmos até Milão esta noite? – Falo me lembrando do plano de
Mike.
— Acho muito cedo para Milão, não? – Mike fala com certo desespero.
— Vocês decidam então. Por mim, passo o dia todo na Uffizi, mas vocês
não são tão conceituados com arte renascentista como eu. – Declaro me
gabando de minha inteligência e todos riem fazendo cara de tédio.
— Eu vou onde você for! – Jackson fala ao meu ouvido.
— Podemos ir à Milão depois de amanhã. Hoje e amanhã podemos
aproveitar e visitar alguns pontos turísticos. – Sugiro e todos acham uma
boa.
— Então fica decidido assim, hoje e amanhã visitaremos os pontos mais
famosos, e depois iremos à Milão. Vou passar nosso plano de rota para os
seguranças. – Mike pede licença e sai da mesa com o celular em mãos.
— Jackson, me empresta a Florence por um momento? – Angel pede e ele
apenas concorda.
Seguimos até a pequena Villa onde ela e Mike estavam e ela se recusou a
me adiantar qualquer coisa antes de entrarmos.
— Acho que estou grávida! – Ela solta assim que bate à porta.
— Como assim? – Pergunto com os olhos arregalados.
— Minha menstruação está a uma semana atrasada. Ela nunca atrasa
assim. – Fala com um sorriso no rosto.
— Okay, você comprou um teste de farmácia? – Pergunto tentando
raciocinar.
— Não, amiga. Mas sinto meu corpo mudar a cada dia. – Angel está
radiante.
Quando ela fala isso, reparo melhor em seu corpo e realmente ela está
mais forte, mais corada, os seios estão maiores, o quadril mais largo, nada
exagerado, mas mudou sim.
— PUTA QUE PARIU! – Grito comemorando. – Eu vou ser tia. – Falo mais
baixo lembrando que Mike pode entrar a qualquer momento. Abraço-a forte
e mal posso conter as lágrimas.
— Eu ainda preciso fazer um exame, vou esperar mais uns dias, vamos
aproveitar um pouquinho desse lugar maravilhoso. – Ela fala emocionada
também.
— Tudo em seu tempo. Ai Deus, eu vou estragar essa criança. – Falo
abraçando-a novamente.
Saímos dali indo de encontro com o restante do pessoal que já nos
esperavam do lado de fora do hotel.
Depois de alguns minutos caminhando, sinto o coração acelerar com a vista
que tenho agora, meu local favorito.
— Aqui, ficaremos aqui. – Aviso a todos.
— O que tem de especial aqui? – Angel pergunta.
— Muita coisa. – Respondo. – Andem, temos muito o que ver. – Eu amo
esse lugar com todo o meu coração. – Falo sozinha.
Caminho radiante pelas ruas de Florença, o pessoal me segue apontando
coisas, rindo e brincando.
— Pessoal! – Chamo e todos me olham. – Esta é a Catedral de Santa Maria
Del Fiore, ou o Duomo. Hoje é considerada patrimônio mundial, tem um
mirante incrível lá encima e nós podemos ir, quando entrarem, observem
bem cada detalhe, é de morrer de tão perfeita. – Falo empolgada e entro no
local que está vazio comparado com o que fica.
Vou até o fundo da catedral onde fica a bema e o altar e me benzo, apesar
de não parecer, tenho muita fé em Deus e acredito que existem sim, forças
energéticas que nos ajudam.
Jackson repete meus movimentos ao meu lado e reparo que ele segura um
terço nas mãos. Não sabia que ele era católico... aliás, tem muitas coisas
que não sabemos um do outro. Nossa relação progrediu de forma precoce,
sem perceber ele já estava dormindo na minha casa e me chamando de
amor. Eu não sou nem um pouco boa em relacionamentos, comigo sempre
foi muito profissional. Eu tinha minhas transas por necessidade carnal e
tudo isso era feito dentro de um contrato sigiloso. Com Jackson, eu nem
lembrei do contrato.
Fiquei ali algum tempo, agradecendo pelos bons acontecimentos em minha
vida e agradeci também pelas pessoas que perdi, pelas pessoas que
tiveram o poder de mudar minha vida mesmo que tenham ficado nela por
pouco tempo, agradeci por tudo que aconteceu comigo nos últimos dez
anos. Por mais que tenham sido acontecimentos trágicos.
Sou desperta de minhas orações quando um padre coloca a mão em meu
ombro.
— Minha filha, tem um momento? – O padre que me pareceu mais uma
múmia, perguntou.
— Sim, padre. O que deseja? – Pergunto de volta, seguindo-o até um dos
bancos.
— Minha filha, você sabe por que Deus escolheu Jesus como seu filho
encarnado? – Faço que não com a cabeça e ele continua. – Deus escolheu
o espirito de Jesus para ser enviado à terra e deixar palavra de amor, fé e
caridade. Jesus veio pra deixar o evangelho. Mas todos se perguntam: Se
Jesus era o queridinho de Deus, porque ele foi morto e tratado da forma
como a bíblia nos relata? A grande verdade é que Deus, em sua imensa
sabedoria, escolheu o espirito de Jesus porque era o que tinha maior
capacidade para sofrer o que ele sofreria e entenderia que era preciso
passar por aquilo, pelo bem da humanidade futura que somos nós. – Ele me
encara esperando uma resposta minha.
— Deus não nos dá uma cruz que não possamos carregar. Nada é por
acaso, certo? – Falo com a voz fraca.
— Exatamente. – Responde. – Não se preocupe com o sofrimento passado,
preocupe-se com o que está por vir. Você é uma mulher forte. Mais forte
que a maioria das mulheres. Porque não é qualquer uma que perde dois
filhos e se mantém erguida. Tenha paciência, filha. Sua benção vai chegar!
– Ele encara minha barriga. – Cuidado com seus inimigos, eles têm medo
de você, mas você precisa se proteger e proteger quem você ama. – Ele
termina de falar e me olha sorrindo.
— Obrigada, padre. Eu precisava disso! – Confesso e ele sorri novamente.
– Sua benção, padre. – Peço segurando-lhe as mãos.
— Deus te abençoe, minha filha! – Ele diz se levantando e indo até uma
entrada atrás do altar.
Fico ali por longos minutos refletindo sobre tudo que ouvi agora.
— Florence? – Ouço Diego me chamar.
— Sim? – Respondo ainda pensativa.
— Vamos ao mirante? Mike já está com nossos ingressos. – Concordo e
me levanto do banco.
— Onde está Jackson? – Pergunto procurando-o com os olhos por toda
basílica.
— Já está nas escadas com o restante do pessoal, ele disse que você
estava conversando com o padre. – Seguimos até as escadas.
— Sim. O padre perguntou se eu era batizada e me deu um esporro por
entrar armada na igreja. – Minto.
— Você está armada? – Diego arregala os olhos e para no meio das
escadas.
— Fala baixo. – Brigo. – Sim, já me viu desarmada alguma vez? – Pergunto
seguindo em frente.
— Nem quando está dormindo. – Responde irônico me seguindo.
Quando chegamos no topo, minha respiração é raptada pela beleza
colossal de Florença. Aqui de cima ela fica mais linda ainda.
— É perfeita! – Kobe fala em bom som.
— Sim. – Diego responde chegando mais perto dele.
— Amiga, tira uma foto minha? Depois vamos tirar juntas. – Angel pede e
eu pego o celular de sua mão, tirando a foto.
Depois de algumas fotos, finalmente tive meu momento de paz pra admirar
minha queria Florença e depois de quase vinte minutos ali olhando e
pensando. Decidi que já era hora de irmos embora.
— Vamos? Temos mais coisas pra ver. – Chamo o pessoal e todos descem
juntos.
Saindo dali, seguimos para a praça da catedral e mais fotos foram tiradas.
Jackson e eu andávamos de mãos dadas o tempo todo e ele realmente
parecia interessado em tudo que eu falava, ou me amava muito pra fingir
tédio. Saindo da praça, seguimos para o famoso Palazzo Vecchio, apesar
de ser a câmara municipal de Florença, é um lugar incrível que abriga obras
de artes maravilhosas de artistas como Michelangelo e Buonarroti. Sem
contar na arquitetura do lugar, perfeita. Diego e Kobe nos fizeram rir o
tempo todo, imitando as poses das estátuas, eu me senti um pouco mais
viva.
— Bem, para onde iremos agora? – Kobe perguntou assim que saímos da
câmara.
— Vamos almoçar. Angel já está reclamando de fome. – Mike fala rindo. –
Parece que está comendo por cinco. – Ri mais um pouco e todos riem,
menos eu e Angel. Isso é mais um sintoma da gravidez.
Seguimos pra um restaurante e enquanto eles foram pedindo o que
comeríamos, Angel me arrastou para o banheiro.
— Amiga, pelo amor de Deus. – Ela choraminga.
— O que foi? – Pergunto preocupada com a reação repentina dela.
— Acho que desceu. – Ela entra em uma cabine e depois de alguns
segundos ouço um gemido. – Desceu amiga. – Sinto um tom de decepção
em sua voz. – Pode pegar um absorvente na minha bolsa? Tem uma
calcinha extra também. – Murmuro em concordância e pego as coisas na
bolsa dela.
— Aqui! – Entrego por cima da porta. Ela fica calada por um tempo.
Aguardo pacientemente ela sair da cabine e quando ela sai, me encara por
um segundo.
— Você não vai ser tia agora. – Fala com pesar.
— Oh meu amor. – Abraço-a. – Isso é normal, logo você vai poder ter sua
benção. – Repito as palavras do padre.
— Sei que sim. – Diz retribuindo meu abraço.
— Agora vamos voltar pra mesa, antes que Mike perceba. Ou você vai
contar a ele o que aconteceu? – Pergunto em dúvida.
— Não, melhor não. – Ela fala já recomposta e indo até a porta.
— Okay. – Falo mais pra mim do que pra ela e a sigo de volta pra mesa.
O almoço correu tranquilo e logo voltamos ao nosso tour por Florença.
Fomos para a academia de belas artes de Florença e novamente nos
desmanchamos de rir de Kobe e Diego imitando as estatuas.
— Olha o tamanho do pau do cara. – Diego fala em português e somente
eu entendo e não aguento segurar a risada.
— Diego, mais respeito pelo amor de Deus. É uma obra de valor incontável.
– Falo olhando ao redor, porque muitos brasileiros visitam a Toscana o ano
todo.
— Não importa o valor, o pau do cara é minúsculo. – Ele dá risada.
Continuamos nossa jornada e depois de ver toda a Galeria da academia,
seguimos para a Casa de Dante. Apesar de não ser a verdadeira, ainda
sim, tem grande significado para a humanidade.
Saímos do museu e a tarde já estava em seu fim. As ruas florentinas
ganhavam um tom alaranjado que deixava tudo perfeito. Seguimos em
direção a galeria Degli Uffizi e quando chegamos tivemos uma grande
surpresa.
— Infelizmente eles tiveram um imprevisto hoje e tiveram que fechar um
pouco mais cedo. – Mike anuncia depois de voltar da bilheteria.
— Amiga, não precisamos de mais obras de arte. – Angel fala.
— Eu venho sozinha amanhã então. – Falo andando em direção à
bilheteria.
— Estamos fechados, senhora! – Um rapaz fala sem nem olhar pra mim.
— Matteo? – Chamo-o e o rapaz ergue a cabeça me encarando.
— Florence? Florence Di Médici? – Ele repete meu nome sem acreditar.
— Sim, meu amigo. Eu mesma. – Falo sorrindo.
— Vou dar a volta, um momento. – Ele fala radiante e desaparece,
reaparecendo do lado de fora, segundos depois.
— Como vai, Matteo? – Pergunto dando-lhe um abraço caloroso.
— Muito bem e você? Quanto tempo, Florence! – Ele retribui o abraço e me
olha dos pés à cabeça.
— Vou bem, realmente faz algum tempo. Resolvi tirar férias e vir pra cá foi
minha primeira ideia. – Falo sorrindo.
— Ótima escolha, como sempre. Mas conte-me, porque só veio aqui essa
hora? – Pergunta curioso. Ele sabe que esse lugar é o primeiro que eu
venho quando estou aqui.
— Meus amigos quiseram ver outras coisas e deixei pra vir aqui por último,
até mesmo por estar mais vazio, mas parece que hoje eu me dei mau. –
Falo fazendo careta.
— Hoje realmente não tem como você entrar mais, mas amanhã tem.
Amanhã eu estarei trabalhando numa pesquisa no interior da Galeria, se
quiser, posso te colocar pra dentro. – Sugere e eu abro um largo sorriso.
— Seria perfeito. – Falo empolgada.
— Seus amigos virão também? Estão em quantos? – Ele pergunta olhando
o grupo que encara minhas costas.
— Estamos em seis, mas acho que apenas um deles virá comigo, eles não
gostam muito desse lance de arte, sabe!? – Falo revirando os olhos pro
péssimo gosto dos meus amigos e ele ri.
— Lamentável, não sabem o que estão perdendo. – Acompanho-o em sua
risada.
— Então que horas posso vir amanhã? – Pergunto curiosa.
— Depois das sete da noite. Está bom? – Ele fala mais baixo para que
ninguém o ouça.
— Sim, está ótimo. Podemos jantar se quiser e aí você me conta mais
sobre sua pesquisa. Que tal? – Falo de forma graciosa que não combina
comigo.
— Perfeito, você vai adorar o que chegou aqui hoje. – Ele fala empolgado.
— Estou ansiosa, amanhã me comunico com você e acertamos qualquer
detalhe, tenho uma proposta a lhe fazer... – Falo entregando meu celular
para que ele anote seu número.
— Agora eu quem ficou ansioso. Até amanhã então Florence, foi bom revê-
la. – Ele anota o número, me devolve o celular e nos despedimos com um
abraço.
Volto para junto do pessoal que me aguarda.
— Amanhã eu tenho um passeio exclusivo pela galeria, quem quiser que
venha comigo. – Falo caminhando em direção ao hotel. Minhas pernas já
estão cansadas de tanto andar hoje.
— Como assim exclusivo? – Pergunta Jackson me alcançando.
— Eu e todas aquelas obras magnificas sozinhos dentro daquela galeria. –
Falo sem dar muitos detalhes.
— E o cara da bilheteria? – Pergunta.
— O que tem ele? – Faço a desentendida.
— Ele estará junto? – Pergunta com um pouco de ciúmes.
— Negativo! Ele estará trabalhando em sua pesquisa. – Falo parando de
andar um pouco e me sentando em um banco.
— Cansada? – Pergunta.
— Sim, andamos bastante hoje né!? – Falo rindo.
— Posso te carregar no colo se quiser. – Jackson oferece e eu acho fofo.
— Eu aceito, mas pode ser nas costas? – Pergunto já rindo.
— Como desejar. – Fala se posicionando em minha frente e eu subo em
suas costas, enlaçando os braços em seu pescoço e as pernas em sua
cintura.
— Mike, pegue Angel. – Jackson fala em bom som e eu solto uma
gargalhada. – Vamos apostar uma corrida até o hotel. – Jackson fala
divertido.
— Okay, mas sem lágrimas, brother! – Mike fala ficando ao lado de Jackson
com Angel em suas costas.
— Hey hey hey! – A voz de Diego surge e todos encaramos ele. – Eu e
Kobe iremos participar. Sobe aí, parceiro. – Ele se posiciona do outro lado
de Jackson e Kobe pula em suas costas. – Pesado pra caralho.
— Você que inventou moda! – Falo olhando pra ele e rindo.
— Seu namorado que inventou! – Kobe devolve e me dá língua.
— No 3 a gente corre até o hotel. – Jackson avisa.
Quando a contagem chega em três, os três correm.
— Vira aquela direita. – Falo em seu ouvido e ele obedece. – Agora é só
seguir e entrar na próxima direita e chegaremos ao hotel, eles não
conhecem isso aqui direito, vão se perder e nós ganharemos. – Falo um
pouco alto pra ele ouvir.
Jackson corre comigo e nem parece que tem um peso extra em suas
costas, ele corre com uma facilidade enorme e isso mostra o quão forte ele
está. Isso me excita.
Parecemos dois doidos correndo pela rua, todos nos olham, mas eu não
estou nem aí. Eu estou feliz e me sinto viva como há muito tempo não me
sentia.
Chegamos na porta do hotel e desço de suas costas para que ele pegue
fôlego.
— Você é doido. – Falo rindo e me sentando no meio fio.
— Você me faz ficar assim. – Ele senta ao meu lado e chega perto. Seu
cheiro invade minhas narinas. Testosterona misturado com o perfume dele.
— Teu cheiro me deixa doida, sabia? – Pergunto chegando mais perto e
encostando a testa na dele.
— Eu tinha uma leve desconfiança. – Responde roçando o lábio no meu.
— Agora tem certeza. – Falo e colo nossos lábios.
Dou inicio a um beijo calmo e doce. Jackson retribui e ali passamos alguns
minutos até ouvirmos palmas.
— Vocês são o casal mais lindo que eu já vi. – Angel fala pulando.
— Chegaram a muito tempo? – Pergunto rindo.
— Dois minutos. – Mike responde entrando no hotel e todos nós o
seguimos.
Capitulo 39

Depois de chegarmos ao hotel, seguimos cada um para sua mini vila e


Florence foi logo para o banho, entrei com ela na banheira que havia ali e
ela parecia cansada.
— Cansada? – Perguntei depois de me sentar no lado oposto da banheira.
— Sim, meus pés estão acabados, andamos demais hoje. – Ela fala
sorrindo. – Mas é um cansaço bom.
— Então vou te ajudar. – Falo pegando um de seus pés e massageando-os.
— Jackson. – Chamou-me com o tom severo.
— O que foi? – Perguntei já rindo.
— Você sabe que meu ponto fraco fica aí. Sabe muito bem que nosso
primeiro contato foi por aí. – Falou fechando os olhos e controlando a
respiração já ofegante.
— Sim, mas agora você vai relaxar, sem sexo. Se controle. – Falei rindo da
expressão que ela fez e continuei massageando.
Depois de meia hora, terminamos nosso banho e Florence numa preguiça
gigante, agarrou em mim e fui obrigado a carrega-la no colo.
— Amor, levante, vamos. – Chamo depois de colocá-la na cama.
— Daqui a pouco, preciso dormir um pouquinho. – Fala com a voz
manhosa.
— Tudo bem, quando o pessoal descer pra jantar, eu te chamo. – Falei e fui
pro closet colocar uma roupa.
Florence apagou em poucos minutos então eu decidi ir até onde Kobe
estava.
— Fala parceiro. – Kobe falou quando abriu a porta do quarto. Fizemos um
toque rápido e eu entrei.
— E ai cara! Diego, como vai? – Cumprimentei o irmão de Florence.
— E ai Jack. – Diego respondeu fazendo um toque de mão comigo.
— Kobe, preciso falar com você em particular. – Falei fazendo sinal pra
porta.
— Diego não é nenhuma marica, por mais que seja irmão dela. – Kobe fala
sentando em uma poltrona. – Fala o que te corrói.
Fico um tempo encarando o chão e olho para Diego novamente.
— Tudo bem. Ontem depois que deitamos pra dormir, Florence estava um
pouco aflita e não quis sexo, eu relevei e dormi, mas acordei no meio da
noite sentindo falta dela na cama, olhei por todo quarto e ela não estava em
lugar nenhum. Esperei acordado por meia hora e ela não apareceu, na
verdade, parecia que estava fora já fazia tempo. – Me sentei em uma outra
poltrona e Diego sentou-se em outra. – Eu dormi depois de uma hora e só
despertei na hora que ela chegou, fingi estar dormindo e acordei logo
depois. Ela estava eufórica e com um tesão louco.
— Ta, e aí? – Diego pergunta.
— Ai que eu fiquei desconfiado. Ouvi Angel falando com ela hoje cedo e
comentou que deu falta de Mike na madrugada. Não é possível que seja só
uma coincidência. Ela está escondendo alguma coisa de mim. – Passo a
mão no rosto soltando o ar.
— Cara, você não tem direito algum de cobrar algo dela, você não colocou
uma aliança no dedo dela ainda, vocês dois, só transaram até agora, não
tiveram nenhum encontro normal. – Kobe fala me encarando sério. – Eu
esperava mais de você.
— Mas Kobe, as coisas são no ritmo dela, não no meu. – Tentei me
justificar.
— Jackson, minha irmã é muito autoritária sim, entendo que na maior parte
do tempo, isso causa receio e até mesmo medo nas pessoas, mas como
qualquer outra mulher, ela não quer só sexo. Se você não surpreende-la,
pode cair em esquecimento. – Diego fala e eu considero.
— Eu sei disso, mas é tão difícil surpreender uma mulher como ela que eu
tô sem ideia. – Falo pensativo.
— Como foi o primeiro encontro de vocês dois? – Diego perguntou e eu
senti meu rosto queimar.
— Eles não tiveram um. – Kobe fala antes que eu possa reagir. – Foram
direto pro sexo! E tem sido assim desde então.
— Cara, você precisa convidar ela pra um jantar, sem sexo. Apenas jantar.
– Diego fala achando tudo isso um absurdo. – Converse com ela sobre os
gostos dela, fale os seus, tente ser delicado e não pergunte sobre nossa
família logo de cara, ela pode meter uma bala no seu joelho e fazer você
confessar algo que não fez.
— Vou resolver isso o mais rápido possível. – Falo passando as mãos no
rosto.
— Ainda não consigo acreditar que Florence se entregou assim. Nunca fez
isso com nenhum outro. – Diego resmunga para si. – Como você chegava
nas mulheres antes dela? Mal sabe como arranjar um encontro!
— Nunca precisei disso, era só sorrir e já estava no papo. Elas se derretem
com o negão aqui, porque o que um branco faz, não chega aos pés do que
um preto faz. – Falo sorrindo e Kobe solta uma gargalhada.
— Sai daqui cara! Vai caçar tua mulher. – Kobe me chota e eu saio indo em
direção ao nosso quarto.
Estava passando pelo hall que ligava uma vila na outra quando escutei um
“psiu”, olhei instantaneamente na direção do som e dei de cara com Denise.
Estava à pelo menos uns 10 metros de distância e vestia uma roupa
aparentemente cara e desnecessária. Ela estava bonita, bem tratada e
parecia limpa das drogas.
Sai do meu transe e continuei andando, ela correu nos saltos e conseguiu
me alcançar, eu não correria dela, não devo nada a ela e nem ela a mim.
— Onde vai com tanta pressa? – Falou com a voz melosa. A mesma voz
que ela usava pra me seduzir.
— Voltar pro meu aposento! Pode me dá licença? – Falo com rispidez.
— Jackson, não sou sua inimiga. Só quero conversar com você. Podemos?
– Eu queria recusar e sair andando, mas algo não deixou.
— Claro. Vamos até o bar. – Convido.
— Até o bar não. Meu noivo está lá, quero fugir dele. Já está bebado. – Fala
olhando em direção ao bar. – Que tal irmos até minha sala? Tenho um bom
whiskey lá.
— Melhor não, seu noivo pode não gostar. – Retruco.
— Nós estamos em quartos separados, ele chegou hoje, eu cheguei ontem.
Mantive meu quarto pra quando ele ficasse nesse estado. – Ela aponta para
o bar com uma careta.
— Ok, vamos lá. Mas eu não posso demorar muito. Minha namorada está
descansando e já vamos nos encontrar com o restante de nossos amigos. –
Falo seguindo-a.
— Vai ser só uma conversa rápida. – Ela sorri.
Depois de uns curtos minutos, paramos na frente de um quarto comum,
nada comparado as minis vilas nas quais estávamos hospedados. Devia ser
uma subclasse do hotel, para atender a todos.
— Fique à vontade! – Denise fala quando entramos na suíte que é grande
até. – Whiskey? – Concordo com a cabeça e ela sorri. – Ainda conheço
seus gostos.
— É algo que não muda fácil! – Falo sorrindo reparando na arrumação do
cômodo.
— Aqui está! – Denise volta e me entrega o copo. – Então você está com
alguém!? – Ela fala surpresa.
— Sim, estou! Estava na hora de concertar, não é? – Falo dando motivo
para que ela se abra.
— Verdade! Depois daquele dia na sua casa, na França, eu tomei um
choque de realidade e percebi que tinha que crescer e me colocar no meu
lugar. Precisava ter uma vida normal e sossegada. – Falou pensativa. – Eu
tentei te procurar, mas os seguranças me colocaram pra fora, fui na
empresa e a mesma coisa aconteceu, me ocorreu que você não queria
mais saber de mim, então eu fui seguir meu rumo. – Falou com um sorriso
fraco no rosto.
— E o processo? – Pergunto.
— Ainda correndo. Estou disposta a assumir tudo e cumprir pena. – Minha
garganta fechou com a frase de Denise, precisei tomar o primeiro gole da
bebida malte em minhas mãos. Desceu queimando e isso aliviou a tensão
que eu tinha ali.
— E as drogas? – Precisei perguntar.
— Parei! Eu estava me estragando. Nada dava certo, então decidi parar. –
Falou com a cabeça baixa.
— Isso é bom, eu também parei. – Falei e sorvi mais um gole da bebida,
senti uma pontada na cabeça e tomei mais um gole.
— Que ótimo! Ambos limpos. Senti sua falta, Jack! – Denise falou com a
voz melosa novamente. Minha cabeça embaralhou um pouco. – Sinto falta
das nossas noites de amor, Jackson. De quando você dizia me amar.
Denise avançou e sentou em meu colo, só então percebi minha ereção.
Minha cabeça estava rodando e uma vontade crescente de sair correndo,
me dominou. Cocaína! Ela me drogou.
— Denise, o que você fez? – Perguntei tentando tirar ela de cima de mim. –
O que você colocou na bebida? – Pensei que o êxtase de sempre estaria
presente, mas senti meu corpo mais mole a cada segundo.
— Neve! Com um ingrediente especial. – Falou rindo. – Você vai ser meu
de novo!
Tento levantar da poltrona, mas é em vão. Estou fraco pra andar sozinho.
— Eu te ajudo, meu amor! – Denise fala e me puxa com força. Preciso ligar
para o Kobe.
Levantou com dificuldade e estou perdendo a consciência. Denise me puxa
e eu sigo sem força pra lutar contra. Apago!
Capitulo 40

Acordo no susto e olho ao redor do quarto. Jackson não está aqui. Pego o
celular no criado mudo e olho as horas, uma da manhã.
Jackson ficou de me chamar para o jantar, agora não atende o celular.
Tento ligar mais umas duas vezes e ele não atende. Devem estar todos
juntos, Mike irá me atender.
Levanto colocando uma calça preta, minha bota também preta e uma
camiseta. O celular de Mike toca duas vezes e na terceira ele atende.
— Sim?
— Posso falar com Jackson? Ele está com você?
— Jackson não está comigo, vocês não desceram pra jantar, achamos que
estavam ocupados, cê sabe...
Meu coração para por um segundo.
— Eu estava dormindo desde cedo. Jackson sumiu! Me encontre no hall
agora!
Desligo o telefone, coloco minha arma na cintura e saio em direção ao hall.
MERDA.
Um segurança chega perto de mim e por puro reflexo eu puxo a arma e
aponto para sua cabeça.
— Florence, calma! – Ouço Mike gritar a alguns metros de distância de
mim.
O segurança está com as mãos pro alto, eu baixo a arma ofegante e suada.
— Chame o chefe da segurança. – Ordeno ao homem e ele balança a
cabeça com o corpo imóvel. – AGORA! – Grito e ele sai.
— O que aconteceu? – Mike pergunta.
— Eu apaguei depois do banho e Jackson saiu, não era hora do jantar
ainda, ele disse que me acordaria quando fossem descer. Acordei agora e
ele tinha sumido. – Falo rápido. – Já tentei o celular, mas ele não atende.
— Ok, vamos até a sala da segurança e investigaremos isso. – Mike vai na
frente e eu o sigo.
Chegamos até a sala da segurança e começamos a analisar as filmagens
pelos monitores. Jackson saiu de nossa suíte e seguiu para suíte de Kobe,
depois de alguns minutos ele sai e se encontra com uma mulher no hall,
eles conversam e vão para o lado oposto de nossas suítes.
— Leve essa imagem até o gerente e mande ele identificar essa hóspede. –
Mando até o segurança no qual eu apontei uma arma minutos atrás.
Estamos analisando as imagens quando Kobe e Diego invadem a sala.
— O que houve com Jackson? – Pergunta Kobe.
— Sumiu com essa mulher. – Mike mostra a imagem congelada num outro
monitor. – Conhece ela? Sabe o que Jackson tem com ela? – Mike
pergunta intimidador.
— Conheço! É a Denise! – Kobe responde horrorizado.
— Quem é Denise? – Mike e Eu perguntamos juntos.
— Ex dele. Já foi chamada de a Kryptonita de Jackson Hawks. Ela é
responsável pelo vício de Jackson e por tudo de ruim que acontece na vida
dele. – Kobe fala encarando o monitor.
— Preciso entrar naquele quarto! – Falo com convicção e já saio da sala da
segurança em passos largos.
Ouço Mike me chamar, mas não dou atenção. Paro na porta do quarto e
uma música alta toca, um cheiro de cigarro atravessa as brechas entre o
chão e a porta. Dou três socos na porta e nada acontece durante um
minuto.
— Florence, o gerente está chegando com a chave. – Mike coloca a mão no
meu ombro e eu dou uma olhada para a mesma.
— Eu vou entrar agora e se Jackson estiver comendo essa mulher, eu o
mato! – Falo com ódio.
Me viro pra porta dando uma pesada nela, o que faz com que ela parta em
duas e eu passo pelo meio já com minha arma apontada.
Sigo em direção ao quarto e a cena é a pior de todas. Jackson deitado na
cama e Denise quicando nele como se não houvesse amanhã. Dou um tiro
no aparelho de som e aquela música alta cessa. Denise para de quicar em
Jackson e sai de cima dele assustada. Jackson não move um músculo.
Chego perto para olhar bem na cara dele e ele está apagado. Mike segura
Denise longe de mim e eu chego mais perto de Jackson, está imóvel,
respira fraco e está inconsciente.
— Chame uma ambulância. – Falo para um dos seguranças que chegaram
após o tiro.
Seguro a mão de Jackson e está fria. O medo dá sinal de vida e um lampejo
faz meu estômago contrair. Mike coloca Denise sentada na poltrona, eu
ajeito a roupa de Jackson, apenas o pênis dele estava pra fora, as roupas
estão no mesmo lugar.
— Você que é a namoradinha nova dele? – Denise pergunta me olhando
com deboche.
— Cala a boca, eu já matei por menos. – Falo séria olhando pra ela que ri.
— Você que é a puta que ele tá fodendo agora? – Ela grita em minha
direção e eu aponto minha arma soltando um tiro que passa de raspão em
seu braço, deixando uma ferida ali.
— Louca! – Ela grita.
— Mike, leva! – Ordeno e ele sai arrastando-a.
A ambulância chega e eles fazem a triagem ali mesmo. Vou dentro da
ambulância com ele e a todo momento o socorrista me encara com medo.
Já no hospital, meu telefone toca e Mike me avisa que Denise confessou
que drogou Jackson.
— Cocaína com benzodiazepina e álcool. – Aviso ao médico responsável
por Jackson.
Ele sai me deixando ali na recepção. Mike chega com o restante do pessoal
e Angel vem me abraçar.
— Que vaca! – Ela comenta quando Mike termina de contar o que arrancou
dela.
— O importante é que ele está bem agora. – Falo sentando em uma das
poltronas.
O restante da madrugada foi assim. Sentados na recepção do hospital
esperando notícia.
Estava desmontando uma das minhas pistolas quando o médico surgiu no
corredor à minha frente e num recorde, eu montei novamente a pistola e
encaixei na cintura.
— Tenho boas notícias! – Ele diz chegando perto e todos o encararam
esperando-o terminar. – O paciente está estável, precisou fazer uma
lavagem estomacal e intestinal, está no soro e já não apresenta nenhum
risco. Ele receberá alta pela manhã. Agora aconselho que vocês voltem pro
hotel e descansem.
— Obrigada doutor! – Falo dando um aperto de mão. – Vocês vão! Eu vou
ficar. Mike, pegue uma muda de roupa minha e uma de Jackson e peça
para alguém trazer aqui. Pela manhã eu ligo. – Falo indo em direção à
recepção.
— Amiga. – Angel me chama. – Vamos com a gente, de manhã você vem.
Todos iremos vir. – Ela fala cautelosa.
— Volte para o Hotel, Angelique! – Falo pausadamente.
Ela apenas concorda e sai de perto. Me sento novamente na poltrona e
fecho os olhos. O ódio me subiu à garganta e o gosto era amargo. Senti
uma presença e abri os olhos rapidamente, dando de cara com Kobe.
— O que aconteceu? – Pergunto levantando.
— Não houve nada. Eu não fui com eles! – faz sinal para a saída. – Não
vou deixar meu irmão sozinho.
— Ele está comigo, não está sozinho. – Retruco.
— Sei disso. Mas seria incapaz de dormir sabendo do estado dele. – Kobe
repete.
— Tudo bem! Seja bem-vindo. – Falo rindo e ele se senta ao meu lado.
— Denise foi a pior coisa que aconteceu na vida dele! – Kobe solta depois
de um bom tempo calado. – Ela sempre volta e o destrói, na última vez, ele
quase perdeu a empresa porque se envolveu com apostas em corridas
clandestinas. Jackson é muito destrutível. E Denise sabe disso. Eu tô muito
feliz por vocês dois, mas ele precisa colocar um ponto final nisso. – Ele
termina de falar e eu termino mais uma vez de montar minha arma.
— Como eles se conheceram? – Pergunto curiosa.
— Ela veio fugida da Espanha, cometeu crimes por lá e se abrigou em
Paris. Começou a trabalhar num café por lá e foi quando Jackson se
encantou pelo jeito meigo dela. No início ela fazia a boa moça e ele corria
atrás dela igual cachorro atrás do rabo. Quando ela percebeu que ele
estava de quatro, deu o golpe mais baixo que existe, falou que estava
apaixonada por ele e logo ela já estava morando na casa dele. Ela saiu do
emprego “porque ele pediu” e ficou tendo a vida de rainha que ele podia
proporcionar. Logo depois disso ela se envolveu com um pessoal da
pesada numa boate que eles costumavam ir. Vivia se drogando e acabou
colocando Jackson para experimentar junto com ela, ele amou aquela
sensação de que era imbatível, mas acabou perdendo o controle e quando
ele descobriu a verdade sobre Denise, tentou ajudar de toda forma, mas ela
mesma não estava nem aí pro processo, só queria as festas, curtição e
gastação de dinheiro. Numa dessas, Jackson acabou ficando sem dinheiro
e eu precisei convencer o conselho de acionistas a autorizar retirada do
capital de giro da empresa. Tudo pra ele não morrer por conta de dívida de
drogas. Nós quase perdemos a HM, nossas ações despencaram e
precisamos demitir algumas pessoas até a empresa conseguir respirar
novamente. – Kobe passou a mão nos olhos como se estivesse tentando
apagar esse episódio. – Ele viu que ela o estava destruindo e decidiu por
conta própria se afastar, mas ela sempre sabia onde ele estava e sabia
também o ponto fraco dele. Com isso ele sempre tinha várias recaídas. A
última foi dias antes dele te conhecer. Desde então, ele não esteve mais
com ela. Eu não sei o que aconteceu pra ele aceitar encontrar com ela.
Kobe parecia perturbado com a ideia de Jackson não ter mencionado que
Denise estava aqui.
— Agora o que importa é ele ficar bem. – Digo me levantando. – Quando
ele melhorar, converse com ele e entenda o que aconteceu. – Peço me
afastando.
Caminho até o corredor onde fica o quarto de Jackson e o observo pelo
vidro. Está sedado, tem um acesso em seu braço, oxigênio em seu nariz,
uma manta cobre metade de seu corpo. Ele parece tão vulnerável ali.
Olho para os lados e me certifico de que ninguém está olhando. Entro no
quarto e me aproximo da cama. Pego sua mão enorme e entrelaço nossos
dedos. Uma lágrima grossa cai sem minha permissão e eu só a percebo
quando ela pinga em nossas mãos entrelaçadas.
Um medo sombrio corre meu corpo. As lembranças do acidente, anos atrás,
voltam com tudo e sinto um choque percorrer nossas mãos. Me afasto
rápido, mas sou impedida pela pressão que a mão de Jackson faz contra
minha.
Ele está me segurando.
Eu demoro a encarar nossas mãos, mas consigo com um custo enorme.
Tento novamente tirar a mão e ele aperta novamente. Está acordado.
— Jackson? – Falo baixo e ele aperta mais uma vez. – Vou chamar o
médico.
Tento puxar a mão novamente para sair e ele resiste.
— Florence. – A voz dele sai baixa e cansada. Ouvir isso me parte.
— Eu estou aqui, Jackson, me deixe chamar um médico e avisar que você
acordou. – Peço calma.
— Preciso que me escute. Por favor! – Ele fala com certa urgência.
— Você precisa descansar, depois disso eu vou te escutar o quanto quiser.
Agora me solte. – Ordeno e então ele abre os olhos.
Estão sombrios e suas pupilas estão dilatas. Fazendo certa resistência em
me soltar, Jackson parece se desculpar apenas com o olhar. Merda, ele não
fez nada.
A cena de Denise cavalgando nele aparece como um flash e eu aperto os
olhos como se isso fosse me ajudar a esquecer. Perdendo a paciência e
vendo que Jackson não iria me soltar. Puxo a arma com a outra mão e
aponto para sua cabeça.
— Me solte. Agora! Ou eu atiro em você. – Falo com autoridade e sem
paciência.
Ele solta minha mão devagar e eu me viro pra sair dando de cara com o
médico parado na porta.
— A senhora não deveria estar aqui. – Ele fala com certo medo.
— Foda-se! Não fiz nada de mal a ele. – Falo colocando a arma na cintura
novamente. – E eu estava indo chamar você, porque ele acordou.
— Você já pode sair, não precisa estar aqui. – A voz de Jackson surgiu
atrás de mim. Carregada de descaso. Ele me queria fora.
Assenti e passei pelo médico, olho para trás e Jackson encara o teto. Saio
dali indo até onde Kobe está.
— Ele já acordou. Preciso resolver umas coisas, você fica com ele e resolva
o que precisar ser resolvido. – Falo parando por meio minuto.
— E se ele perguntar de você? – Kobe pergunta quando já estou me
retirando.
— Ele não vai perguntar! – Falo rindo com desgosto e saio sem ouvir o que
ele falou.
Do lado de fora do hospital, sinto um bolo na garganta. Respiro fundo e ligo
para Mike.
— Não mande outra pessoa, venha você! – Falo e somente escuto o “Ok”
dele antes de desligar.
Me sento na calçada e observo o movimento das ambulâncias que entram
e saem a todo momento. Porque ele não me queria aqui? Será que ela
quem fez isso? Será efeito da droga? Minha cabeça rodava e um turbilhão
de perguntas e dúvidas surgiam a cada milésimo de segundo.
Fui desperta de meus pensamentos com o carro parando em minha frente.
Entrei nele e Mike me encarava.
— Vamos ao zoo! – Sussurro para ele que sorri sombrio e da partida.
Capitulo 41

Viajamos cerca de trinta minutos até o lugar de destino.


O zoo é um lugar em Serpiolle. Lugar onde a máfia italiana mantém seus
ringues clandestinos. É aqui que as pessoas vêm procurar um dinheiro
extra, alguns vem aqui apenas para lutar, outros vem apenas para assistir.
Tem bastante tempo que eu não faço isso, mas as circunstâncias me
obrigam.
Entramos numa estrada de terra e depois de piscar o farol três vezes, um
grande portão se abriu revelando uma estrutura de três andares, algumas
luzes fracas iluminavam o caminho e a entrada principal do lugar. Era cheio
de árvores enormes que nunca foram podadas propositalmente, a estrutura
olhada numa imagem de satélite, parece apenas um lugar com a vegetação
crescendo sem rumo. Nenhum pedacinho sequer de concreto aparece.
Depois que estacionamos o carro em uma vaga, eu me troquei rapidamente ali
mesmo no carro. Mike ficou do lado de fora enquanto eu fazia isso e aproveitou
para falar com o pessoal da segurança do lugar. Ele sempre é muito cuidadoso
em nos proteger. Faz isso até quando não é pra fazer.

Terminei de me vestir e entreguei minha arma a Mike que a colocou na parte


traseira da cintura. Entramos no lugar e o barulho de gritos, socos e ossos se
quebrando invadiu meus ouvidos, o cheiro de suor, sangue e álcool também se
apresentou rapidamente.

— Florence Russel e Mike Lane!? – Paolo falou chegando perto.

— Olá Paolo! – Falei no mesmo italiano antigo que ele.

Ele beija minha mão e faz um aperto de mão com Mike

— O que fazem por aqui? – Perguntou olhando para a cintura de Mike e de


volta para mim.

— Não é nada demais, só preciso esvair minha raiva. – Respondo colocando a


mão em seu ombro.

— Giusto! – Respondeu. – O que procuras?

— Preciso de alguém forte! Una grande sfida. – Falo animada.

— Tenho a luta perfeita pra você. – Ele comenta já andando em direção a


multidão que está formada do lado leste do lugar.
— Um grande desafio? Tem certeza? – Mike fala perto do meu ouvido.

— Mike, receio que nem mesmo um grande desafio aqui seja capaz de
dominar a raiva que eu tô sentindo no momento. – Falo entrando na multidão
atrás de Paolo.

Há um espaço vazio no meio, as pessoas envolta gritam e torcem por um cara


que está socando um outro cara. Cruzo os braços diante da cena e observo os
golpes incoerentes do homem que claramente já perdeu a luta. Mais um soco
no nariz foi o suficiente pra ele apagar.

Paolo entra no meio e levanta o braço direito do ganhador. As pessoas gritam e


notas de dinheiro são passadas para um lado e para o outro. Paolo me encara
e com um aceno afirmativo ele grita pedindo o microfone que surge em suas
mãos em segundos.

— Boa noite, meus queridos! Hoje temos uma participante especial, ela que
veio do maldito país do tio Sam. – Eu tive que rir disso. – Ela que na última vez
que esteve aqui, matou um dos nossos. Ela que quando chega aqui, é porque
alguém escapou da morte, porque ela é impiedosa, uma pantera com ódio.
Uma besta americana. Florence Russel! – Ele chama meu nome e eu caminho
lentamente até o meio do espaço. – Ela me fez um pedido especial quando
chegou. Pediu meu melhor desafio, meu melhor lutador e o mais forte que se
encontrasse aqui. A chamada dele eu vou deixar por conta de vocês! – Ele riu
no microfone e se virou pra mim. – Esse cara vem ganhando de todo mundo
por aqui. 12 lutas, 12 vitórias, 11 por nocaute. Você vai dar sorte se sobreviver
ao terceiro round.

— Só preciso de dois. – Falo amarrando as bandagens e depois calçando as


luvas de MMA que Mike me entregou.

— Sempre tão autoritária. – Paolo fala com desdém.

O público grita num coro alto e agressivo. Chamam por um tal de Pazzo.
Provavelmente é o brutamontes que eu vou enfrentar em breve.

Uma movimentação começa no meio da multidão e um cara de pelo menos uns


dois metros aparece no espaço. Ele é careca, bem forte e bruto. Deus me
proteja!

— Seguinte. – Paolo fala no microfone. – As regras vocês conhecem, sem


golpes baixos, vence quem derrubar o outro primeiro. – Paolo termina e sai do
meio. – Toquem as luvas e comecem.

Fazemos o que ele disse e o homem a minha frente ri com deboche.


Começamos a girar pelo espaço estudando um ao outro.

— Ainda dá tempo de desistir, boneca. Deixa-me acabar com você de outro


jeito. – A voz dele é grossa.

Minha raiva volta quando o pensamento em sexo de qualquer forma atinge


minha mente e eu vejo novamente aquela piranha cavalgando em Jackson.
Parto pra cima dele atingindo dois socos rápidos em suas costelas. Ele tenta
revidar, mas eu sou mais agir e mais baixa, ganho vantagem nisso. Fico a um
metro e meio de distância dele, que já está cansado. Como eu vou finalizar
esse cara? Ele parte pra cima novamente e eu acerto um soco em sua
têmpora. Vou despejando jabs até que ele estica o braço pra pegar na minha
blusa e eu vejo a oportunidade perfeita. Com as duas mãos eu seguro em seu
pulso virando seu braço e fazendo força pra baixo até ele cair no chão,
dominado por mim. Se eu puxar mais um pouco contra o meu corpo, quebro o
braço dele.

Vejo-o bater no tatame três vezes e solto seu braço. Paolo rapidamente entra e
levanta meu braço direito.

— Cinco minutos. – Ele fala no meu ouvido e eu sou um sorriso.

— Me arruma outra. – Peço.

— Certeza? – Pergunta me encarando e eu concordo.

Paolo sai e volta com dois caras. Aponto pro da direita e tocamos as luvas.

Ele começa andando pelo tatame e me encarando curioso. Eu apenas caminho


em círculo, esperando o momento certo. Vejo-o avançar e quando ele solta o
braço pra dar um soco, eu ergo minha mão defendendo e deixando um soco
em sua costela. Ele cai sentado no tatame e eu avanço sentando em seu peito
e fazendo ele ficar deitado. Dou um soco e seu rosto e ele consegue me jogar
no chão, abro as pernas e ele cai na armadilha avançando pra cima de mim,
facilitando que eu o prenda com as pernas. Pego em seu pulso puxando-o
contra mim e jogando meu peso pro lado, consigo virar e ficar por cima, com
ele ainda imobilizado eu desfiro alguns socos em seu rosto, eu quero violência,
não imobilizar. A voz de Jackson falando aquilo me golpeou e minha raiva
aumentou. Soltei a outra mão e agora soquei aquele homem com as duas
mãos.

O cara deu três socos fortes na minha costela e eu vacilei, levantando rápido,
ele veio pra cima novamente e me golpeou no braço e nas costelas. Recuei
para trás afim de respirar um pouco e levantei a guarda novamente. Eu
precisava acabar com ele. Chegando para trás o máximo que eu pude, corri em
direção a ele erguendo a perna e golpeando-o com uma canelada. Cai em pé
novamente e comecei a desferir socos que pegaram em suas costelas, braços,
rosto, barriga. Até que o último foi um gancho que fez ele perder os sentidos e
cair inconsciente.

— Eu quero mais! – Falei a Paolo quando ele entrou no tatame novamente.

E assim eu segui. Lutando com sete homens e duas mulheres. Quando


nocauteei a loira bruta que se ofereceu de sparring pra mim, Mike me chamou
com um sinal.

— Está na hora de ir? – Pergunto bebendo um isotônico que ele me ofereceu.


— Sim, você precisa descansar e cuidar desses cortes. – Falou fazendo uma
análise rápida em meu rosto.

— Certo. E como foi que eu me sai? – Pergunto desenrolando a bandagem da


mão.

— Excelente como sempre. Conseguiu esvair sua raiva? – Me encarou curioso.

— Não toda, mas eu chego lá. – Falo pensativa.

— Não está pensando em voltar aqui, está? – Pergunta me parando e


obrigando-me a encara-lo.

— É um problema? – Pergunto seguindo em frente.

— Sim, Florence. Você não pode simplesmente vir aqui e bater nas pessoas. –
Ele fala impaciente.

— Mike, é o zoo! É pra isso que ele serve. Vir e bater nas pessoas. – Falo
terminando de tirar a bandagem da outra mão e entregando a ele.

— Tá certo, mas pensa bem. Você nem sequer me falou o que aconteceu pra
você ficar assim e do nada resolver vir pra cá. – Resmungou me entregando
minha arma e puxando a chave do carro.

Um silêncio terrível se instalou até pegarmos novamente as ruas iluminadas e


asfaltadas.

— Ele não me queria lá. – Soltei enquanto encarava a paisagem que corria na
janela.

— Como assim? – Mike pergunta com a voz carregada de dúvida.

— Eu estava no quarto e ele acordou. Depois que o médico entrou, ele disse
que eu não precisava ficar ali, que eu já podia sair. – Falo com a voz fraca. Tiro
a arma da cintura e seguro-a na coxa direita. Alguns hematomas já dão sinal
de vida e latejam.

— Mas por que?

— Não faço ideia, Mike. – Dou um sorriso fraco pra ele e fecho os olhos.

Meu corpo estava esgotado e eu precisava dormir um pouco. Acordei alguns


minutos depois com Mike me chamando.

— Florence, está na hora! – A voz dele era baixa e suave.

— O que houve? – Me sento e percebo que estou na minha cama, a luz do sol
entra no quarto, estou com um pijama e minha arma ainda está comigo. – Eu
dormi com ela? – Pergunto.
— Sim, não soltou nem por um minuto. – Mike respondeu rindo. – Jackson teve
alta ainda a pouco, já mandei um carro para pegar ele e Kobe. – Sentou-se na
ponta da cama me encarando sério.

— Ótimo. – Me levanto. – Mande alguém vir aqui e recolher tudo que for meu,
use Angel se for necessário. Depois peça para chamarem um enfermeiro para
atender as necessidades dele. – Faço uma pausa pensando no que falar. –
Pedirei a Giovanni que providencie um outro quarto para mim. – Termino e
Mike me encara pensativo.

— O que faremos hoje? – Pergunta.

— Hoje iremos trabalhar nas telas! – Caminho em direção ao banheiro e entro


no chuveiro. – Matteo irá nos colocar pra dentro na Galeria e farei com que ele
me ajude com as telas.

— Vai ser ótimo então, que horas? – Pergunta.

— Às sete, mas antes, iremos trabalhar nelas aqui. Preciso analisar cada uma
delas com muito cuidado.

Termino meu banho e coloco uma calça camuflada, uma camisa branca, rabo
de cavalo, minha arma na cintura e tô pronta.

Minhas coisas já estão sendo levadas para outro quarto e Mike me avisa que
Jackson está no hall do hotel.

Me apresso em ir para o escritório onde estão as telas e Diego já está lá me


esperando.

— Oi, eu soube! – Ele me abraça e eu retribuo à contra gosto. – O que é isso


no seu rosto? – ele pergunta levantando a mão para tocar e eu recuo.

— Não é nada. Deixa de ser fofoqueiro e vamos trabalhar. – Falo entrando no


escritório e ouvindo ele murmurar alguma coisa atrás de mim.
Capítulo 42

Depois que Florence saiu do quarto no hospital, o médico me encarou


pensativo.

— Ela fez algo com você? – Perguntou me examinando com os olhos apenas.

— Não! Ela só estava indo chamar o senhor mesmo. – Falo sem ânimo. – O
que aconteceu comigo?

— Bem, sua namorada te pegou na cama com uma outra mulher, mas essa
outra moça te drogou pra conseguir isso. Cocaína e benzodiazepina. Você
conhece essa mulher? – O Médico pergunta anotando umas coisas na
prancheta.

— É minha ex. Ela é doida e viciada. – Respondo fechando os olhos.

— Certo. Você deu sorte que a Srta. Florence te achou logo e chamou uma
ambulância. Você poderia ter morrido pela alta dose. – Ele fala olhando o
monitor e anotando mais algumas coisas.

— Ela é incrível! – Falo sorrindo fraco.

— E ficou chateada pelo o que você disse. – Ele me olha por cima dos óculos.

— Ah, não ficou não! – Lógico que ficou, eu queria que ficasse.

Depois de mais alguns minutos ele saiu avisando que uma enfermeira viria
para coletar meu sangue para alguns exames e disse que chamaria Kobe.

— Eai negão! – Kobe fala ao entrar no quarto.

— E aí!

— Florence foi resolver alguma coisa e deve voltar mais tarde. – Diz sentando
na poltrona ao lado da cama.

— Ela não vai voltar. – Falo encarando o teto.

— Como assim? Por que não? – Kobe franze o cenho me encarando.

— Eu a fiz ir embora e não voltar mais. – Falo com a voz embargada.


— Ow negão, me explica isso aí direto. O que aconteceu? Porque ela falou que
você não perguntaria por ela. – Kobe levanta pra me encarar melhor.

— Aconteceu que eu caí na lábia de Denise novamente e fui drogado, e acabo


de descobrir que também trepei com ela enquanto estava travado. – Me exalto
um pouco.

— Jackson, ela te drogou, você não teve culpa e Florence sabe disso, ela
estava uma pilha de preocupação com você. Eu vi essa mulher desmontar e
montar aquela arma dela umas cinquenta vezes. – Kobe fala um pouco
desesperado.

— Mas não adianta. Eu sempre vou fracassar perto dela, sempre vou voltar
aos meus velhos vícios e aos poucos eu vou me destruindo. Posso acabar
destruindo Florence também, destruindo os sonhos dela. – Uma lágrima cai e
Kobe pega minha mão.

— Cara, Eu acredito em você. Acredito que você é capaz de lutar contra isso, e
vou estar aqui pra lutar do teu lado, mas não joga essa mulher fora. Você
nunca vai achar outra assim é eu duvido você conseguir ficar com qualquer
outra depois que ficou com essa daí. – Ele fala com o olhar esperançoso.

— Kobe, eu vou lutar contra esse vício pra sempre, mas não vou trazer
desgosto a ela. Ela não merece. – Falo sentindo meu peito doer.

— Nenhum dos dois merecem ficar longe um do outro. Olha o que você está
fazendo cara. Só presta atenção nisso. – Kobe pede e eu não falo mais nada.

As horas passam, eu finalmente vou ter alta e tudo que eu precisava no


momento era de uma cama de verdade e a pele macia da minha rainha. O
beijo, o perfume que eu sou apaixonado. Era só isso.

Kobe está me esperando do lado de fora do quarto do hospital. Término de me


arrumar e sigo com ele.

— Eai? Já pensou no que vai acontecer daqui pra frente? – Kobe questiona.

— Já sim. Preciso de uns dias pra ficar sozinho e refletir no que aconteceu.

— Ok, pensa com carinho. Vocês dois passaram por muitas coisas, não
merecem mais desgraça. – Fala colocando a mão no meu ombro.

Depois de alguns minutos no carro, chegamos ao hotel e sinto meu estomago


revirar. Será que eu vou dar de cara com ela? Vou pedir um outro quarto, não
posso ficar perto de Florence.

— Kobe. – Chamo enquanto caminhamos até meu aposento. – Vou pedir um


outro quarto, não posso ficar no mesmo metro quadrado que ela.

— Ela já fez isso... – Ele fala me encarando.

— Ah... Ok. – Baixo a cabeça e sigo Kobe em silencio.


Estamos indo em direção à mini vila onde eu e Florence estávamos.
Provavelmente pra pegar minha mala e ir para meu novo quarto.

— Entra, Jackson! – Kobe chamou minha atenção e eu encarei o espaço


aberto à minha frente.

— Não quero entrar aí. Só você pegar minhas coisas e vamos logo pro outro
quarto. – Falo revirando os olhos.

— Jackson, esse é o seu quarto. Florence pegou outro quarto pra ela e deixou
esse pra você. Pra você não ter trabalho de desarrumar guarda roupas e essas
coisas. – Kobe explica se escorando na soleira.

— Ela fez isso? – É mais uma afirmação do que uma pergunta.

— Fez! Agora entra e vai tomar um banho. Quer comer alguma coisa?

— Quero. Preciso de comida com urgência. – Falo já tirando a camisa e indo


pro banheiro.

Entro no box e dou de cara com o sabonete líquido que Florence usa. O
perfume dela está presente em todo lugar. Vai ser super difícil ficar aqui.

Termino meu banho depois de alguns minutos e saio enrolado na toalha. Kobe
estava jogado no sofá que tem na pequena sala.

— Já pedi comida. Costela com barbecue, como você gosta. Pode ser? – Kobe
pergunta sentando.

— Ótimo. – Me sento do lado dele. – Ela falou alguma coisa? – Pergunto com a
cabeça baixa.

— Só pediu pra avisar sobre o quarto e que se você precisasse de qualquer


coisa, poderia chama-la. – Kobe me encarou.

— Tomara que eu não precise então! – Falo rindo sem vontade nenhuma.

A campainha toca e Kobe levanta avisando que é a comida. Um carrinho com


várias coisas entra na sala e meu estomago ronca. Eu não sabia que estava
com tanta fome.

Devoro o que consigo e deito na cama. Kobe se despede de mim depois que
me dá os remédios que eu preciso tomar para restaurar flora e pro estomago.
Eu estou sendo tratado como uma criança. Tem também um remédio pra
auxiliar no sono e em pouco tempo eu apago, por mais que seja uma
medicação fraca.

Estou dormindo quando ouço um barulho na porta de entrada, meus olhos


custam para abrir e enxergando tudo embaçado eu vejo Florence entrando no
quarto. Meus olhos estão semicerrados, então eu viro pro lado sem coragem
nenhuma de olhar pra ela.
Sinto sua presença do meu lado e depois de quase um minuto o frio atinge
minhas costas onde ela provavelmente estava. Espero mais um pouco e ouço
o barulho da porta fechar. Abro os olhos e me viro olhando pro teto. O que ela
queria aqui? Vir a cabeça olhando pro criado mudo ao lado da cama e tem um
bilhete ali com o meu nome, sento na cama e pego o bilhete.

“Aqui estão mais três meses daquelas capsulas especiais que te dei quando te
conheci, você sabe como ministra-las. Não deixe isso te dominar. Fique bem.

F.”

Ela tem um coração de ouro mesmo, e eu estou mais sem graça do que estava
antes. Tomei uma das capsulas e olhei a hora no celular. São seis e meia da
noite. Dormi demais.
Capitulo 43

Diego e Mike me encaram em silencio enquanto eu analiso uma das telas com
uma lupa e faço anotações num bloco de notas.

— O que deveríamos estar fazendo? – Diego pergunta quebrando o silencio.

— Pesquisando! – Respondo sem tirar minha atenção das telas.

— Pesquisar mais o que? Você já sabe tudo de cor. – Ele retruca.

— Exatamente. Eu sei tudo de cor, você não. – Olhei pra ele soltando a lupa. –
Como você quer fazer parte dos negócios da família sem saber nada? E nem
se esforça pra aprender. – Reviro os olhos voltando minha atenção pra tela.

— Você poderia me explicar! Eu aprendo melhor quando você está ensinando.


Ler coisas embaralha minha mente. – Diego fala chegando ao meu lado e eu o
encaro.

— Ok. Vamos almoçar e eu explico tudo a vocês dois. – Revezo o olhar para
Mike e Diego.

— Eu sei de tudo já! – Mike fala caminhando até a porta bocejando. – Eu


preciso dormir. – Ele se estica e deixa à mostra parte de sua barriga lisa.

— Você vai poder dormir em breve. – Falo terminando de remover as luvas e


jogando-as no lixo. – Vamos comer! Eu estou faminta.

Caminhamos até o restaurante conversando amenidades e encontramos


Angelique e Kobe já sentados numa mesa. Eu esqueci completamente desses
dois.

Angelique ri de alguma coisa que Kobe disse e ele se diverte com ela. Kobe é
bobão igual Diego, gosta de fazer as pessoas rirem.

— Do que estão rindo? – Mike fala um pouco mais alto que o normal. Ciúmes?

— Amor! – Angel levanta e o abraça. Eles trocam um beijo carinhoso. – Amiga,


tudo bem? – Ela vem pro meu lado.

— Tudo indo! – Abraço a loira na minha frente e sinto vontade de chorar. –


Vocês se importam se eu e Diego sentarmos em outra mesa? Precisamos
conversar umas coisas de família. – Falo com todos e eles balançam a cabeça
afirmando.
Sentamos um pouco longe deles numa mesa pra dois. Depois de fazer nosso
pedido, começo a explicar algumas coisas a ele.

— A primeira regra é sempre olhar a assinatura na tela. Dependendo da


qualidade da assinatura e comparada à original, você determina se uma obra é
autentica ou não. Eu não tenho esse olho clinico, mas Matteo tem. O cara com
quem conversei na porta da galeria hoje. Ele sempre me ajuda a autenticar
alguma obra. Ele é perito, trabalha somente com isso. – Falo observando a
postura de Diego. – Quando foi a última vez que você corrigiu sua postura? –
Ele me olha incrédulo.

— Nós estamos falando de arte ou da minha postura? – Ele fala indignado.

— De ambos! Se você vai ser herdeiro de alguma obra de arte que hoje
pertence a mim, precisa ter pelo menos postura. Diego, pelas barbas de Merlin.
Você está sentado todo esticado, parece um... – Me falta adjetivo e ele ri.

— Um traficante carioca? – Eu concordo e ele ri. – Isso é postura de bandido,


porra. Tenho que ficar assim mesmo.

— Que vergonha! – Falo colocando a mão na testa.

— Vergonha? De que? Cansou de ficar com os caras lá. Cansou de rebolar


essa bunda nos bailes de favela. – Ele fala rindo.

— Saudades! – Falo lembrando. – Sinto falta de verdade, tem uns onze anos
que eu não sei o que é um baile de favela. – Caio na risada da cara de tédio
que ele faz pra mim.

— O que você acha de ao invés de irmos às Maldivas, irmos ao Brasil? – Ele


fala tomando um gole de água.

— Vou pensar no teu caso. – Falo rindo e nossa comida chega.

Após o almoço, retornamos ao escritório e eu disse a Mike para ir descansar.


Kobe e Angel foram sair e eu e Diego, trabalhamos nas telas, ele aprende as
coisas rápido quando eu estou ensinando.

— Observe isto! – Entrego a lupa a ele e aponto um ponto da tela. – Consegue


ver esses rachados? – Ele faz que sim com a cabeça e eu continuo. – Se
chama craquelure ou craquelê. É a partir dessas rachaduras que determinamos
a idade da tela, o tipo de pintura usada, a técnica e principalmente, o artista.
Cada obra de arte apresenta um padrão segundo seu artista. É o jeito de
segurar o pincel ou a ferramenta usada para criar a tela que dá ao artista essa
característica única. – Ele termina de olhar e me entrega a lupa.

— Como se fosse a digital dele, certo? – Viu? Aprende rápido.

— Exatamente! Definição perfeita. Parabéns. – Falo animada e olho as horas


no celular. – Preciso ir. Avise à Mike que fui com os seguranças e que ele não
precisa se preocupar. Qualquer coisa me ligue! – Falo pegando minhas coisas.
– Coloque as telas no canto, com cuidado por favor, vou pedir para virem
buscar.

— Pode deixar, mana. Vai lá se arrumar. – Diego da um tapa na minha bunda


quando me viro pra caminhar em direção à porta.

— Você vai tomar um tiro na próxima! – Falo saindo, conseguindo ainda ouvir a
risada dele.

Caminho até meu antigo quarto e meto a mão no bolso. Um bilhete e uma
caixa de comprimidos. Pego o cartão e entro na nossa pequena vila. Jackson
está se mexendo quando chego perto da cama. Ele vira pro lado oposto ao
meu e eu deixo a caixa de comprimidos com o bilhete contendo o nome dele na
frente. Admiro aquele homem enorme deitado ali e um bolo se forma em minha
garganta. Saio o mais rápido que posso dali e vou ao meu novo quarto. Preciso
me arrumar, só tenho meia hora pra chegar até a Galeria.

Depois de quinze minutos eu já estou de banho tomado e arrumada. Coloquei


uma calça jeans, uma blusa preta de manga longa, bem justinha no corpo, um
tênis e estou pronta, maquiagem leve, cabelos em rabo de cavalo e é isso.
Sem muitos detalhes, eu vou para trabalhar.

Entro na van da minha equipe de segurança e me certifico de que todas as


telas estejam aqui. Seguimos o curto caminho até a galeria e meu celular toca,
é Matteo.

— Pronto! – Atendo.

— Florence? Matteo. Você está chegando? – Ele pergunta um pouco baixo.

— Sim. Dois minutos eu chego aí. Tudo bem? – Pergunto já preocupada.

— Sim sim. Tudo ok. Entre pelos fundos, está de carro? – Ele pergunta e um
barulho de portão abrindo soa ao fundo.

— Sim, estou numa van preta. Va para os fundos da galeria. – Alerto a


segunda fala ao motorista.

— Certo, já posso ouvir vocês. Eu estou aqui e colocarei a van pra dentro. –
Ele desliga.

Depois de um minuto, entramos por um grande portão de ferro e avisto Matteo


parado próximo ao portão. Ele faz um sinal com a mão indicando onde
devemos estacionar e assim é feito. Saio da van apressada e abraço Matteo
que não esperava e fica sem graça.

— Se você conseguir me ajudar com isso, vai salvar minha vida. – Falo me
afastando dele.

— Vamos ver o que eu posso fazer. Me sigam, vou mostrar onde vocês vão
colocar esse material. – Ele fala para os rapazes que fazem o que ele falou e
seguem-no.
— Onde você arrumou essas coisas? – Pergunta me encarando depois que
todos os seguranças se retiraram da enorme sala em que estávamos.

— Longa história. A única coisa que você precisa saber é que são de minha
família. – Falo ajudando-o a pegar uma das telas e colocando sobre a grande
mesa de vidro.

— Florence, eu não vou me meter em nenhuma encrenca, vou? – Ele me


encara com medo.

— Alguma vez eu já te coloquei em alguma encrenca? – Pergunto cruzando os


braços.

— Nunca, mas não faz mal perguntar. – Ele ri e vai até o outro lado da sala.
Puxa um carrinho de mais ou menos um metro e vinte até a borda da mesa.

É um carrinho de ferramentas. Ele calça um par de luvas e me entrega um par


que eu calço também.

— Ok, vamos começar. – Puxa uma lupa com lanterna de uma das gavetas do
carrinho e me encara. – O que você quer fazer nessas telas?

— Preciso saber da autenticidade delas e de quando são. – Tenho a maior


cautela do mundo ao falar, não posso dar muitos detalhes.

— Ok. Tem alguma em especial? – Ele pergunta me encarando.

— Sim. Aquelas duas ali. – Mostro as originais nascimento de vênus e


primavera.

— Aquelas são parecidas com obras de Botticelli. – Ele fala indo para perto
delas e eu o sigo.

Puxo minha arma da cintura sem fazer barulho e quando ele se abaixa para ver
de perto eu aponto para sua nuca.

— Florence, de que artista são essas? – Ele pergunta e se vira lentamente


tomando um susto com a arma.

— Levanta. – Ele obedece. – Você conhece minha família e sua história, sabe
de quem eu sou herdeira e sabe muito sobre arte Renascentista. Você vai me
dar a autenticidade dessas telas e esse dia nunca aconteceu, entendeu? Ou aí
sim você vai se meter numa baita encrenca. – Falo num tom ameaçador.

— Entendi. Baixe a arma por favor. – Eu baixo a arma.

— Você entende por que tem que ser desse jeito, não entende? – Pergunto
encarando-o.

— Lógico que sim! – Revira os olhos. – O vaticano não pensaria duas vezes
antes de tomar todas essas telas de você e sua família. Sem nenhum direito de
retroativos se caso fossem expostas, coisa que sabemos que não aconteceria.
Pode ficar tranquila, eu sou um túmulo. – Ele fala rindo e eu acabo rindo
também.

— Ótimo, vamos trabalhar, temos umas dez telas para analisar e pouco tempo.
Que horas a Galeria costuma abrir? – Falo seguindo até a mesa onde a menor
tela se encontra posicionada.

— Não se preocupe com o horário que abrir. Somente eu tenho as chaves


dessa sala. Dependendo da hora que acabarmos aqui, já estará aberto. –
Matteo sorri vitorioso e eu concordo.

— Ao trabalho!

Troco as luvas e coloco a mão na massa. A análise inteira requer um padrão e


eu entreguei minhas anotações à Matteo, segundo ele, adiantou muita coisa e
nos fez ganhar muito tempo. Os pontos característicos do craquelure que fiz
questão de marcar e a análise da assinatura que era mais importante.

Ficamos cerca de oito horas analisando as telas e Matteo por ter muita
experiencia, disse que nós fomos muito rápidos e que eu sou uma ótima
assistente só pelo fato de não falar muito.

— Parece que temos um resultado. – Matteo me olha com felicidade e


empolgação.

— Certo, vamos aos fatos. Três obras de Sandro, duas de Rafael, duas de
Masaccio e três de Michelangelo? – Conto nos dedos e ele concorda.

— Isso. Essas obras de não têm nenhum registro histórico que seja público.
Você deve ter algo no seu acervo. As de Michelangelo datam de
aproximadamente 1510. As de Masaccio são por volta de 1423, pouco antes do
falecimento dele. As de Rafael são de 1500 e as de Sandro, duas são de 1480
e a outra de 1488. – Matteo fala olhando suas próprias anotações e eu confiro
as minhas.

— Você consegue restaura-las e me entregar? Preciso que isso chegue em


segurança nos Estados Unidos. – Ele me encara pensativo.

— Me dá dois meses?

— Um e meio. Mande o seu valor e eu farei o favor de pagar à vista. – Sorrio


de canto e ele balança a cabeça rindo.

— Pode deixar. – Aperta minha mão.

— E você já sabe o que vai acontecer se qualquer outra pessoa souber sobre
isso, não sabe? – Olho fundo em seus olhos e ele sorri nervoso.

— Claro que sei! Pode ficar tranquila. Te entrego até antes, quanto menos
tempo isso ficar na minha mão, melhor.
— Exato! Está aprendendo. – Sorrio. – Vamos, vou te deixar em casa. Vamos
colocar isso tudo na van.

Pego minha bolsa e olho as horas. Quatro da manhã.

Mando mensagem para minha equipe de segurança e eles respondem de


imediato. Todos eles estão do lado de fora da porta quando abrimos.

— Coloquem tudo de volta na van, iremos deixar o senhor Matteo em sua casa,
junto com essas telas. Segurança redobrada, entendido? – Falo encarando
todos de uma vez.

— Sim, senhora! – Eles respondem em coro.

— Vão. – Falo dando espaço para que eles entrem na sala e em dois minutos,
tudo já está na van.

Matteo espera nós saírmos para sair com seu carro e fechar o enorme portão
automático. Fizemos todo o percurso até a casa de Matteo com muita
tranquilidade e repetimos o processo de retirar tudo da van e colocar onde
Matteo mandou.

— Florence, vamos nos falando e assim que eu acabar, aviso. Ou te passar


todas as instruções do transporte também. – Ele fala apertando minha mão.

— Perfeito, trate-as com carinho e lembre-se do que conversamos. – Dou uma


piscada e ele ri nervoso.

— Pode deixar. Até mais tarde.

Entro novamente na van e seguimos para o hotel. No caminho eu penso umas


duas vezes em ligar para Jackson e nas duas vezes eu me lembro que não
posso mais fazer isso. Porra, que ódio.

Chego no hotel puta da vida e vou direto pro banho. A água me relaxa. Entro
no chuveiro e deixo a água gelada percorrer meu corpo e então eu choro
copiosamente. Porque tudo na minha vida tinha que ser difícil assim? Eu estou
a um passo de desistir de ter uma vida feliz. Eu sei que tranquila nunca vai ser,
mas poderia ser feliz.

Ainda chorando, saio do banho e coloco um pijaminha folgado. Deito na cama


e depois de chorar bastante, apago.

Acordo algumas horas depois com Angel me ligando igual uma louca.

— Fala. – Atendo.

— Amiga, levanta, estamos todos aqui já pra almoçar e só falta você. Jackson
também está aqui. – Ela fala a última parte um pouco mais baixo.

—Caguei pra ele! Já vou chegar aí. – Falo já desligando e indo pro banheiro.
Termino meu banho e faço questão de ficar bem cheirosa. Pego um babyliss e
faço umas ondulações no cabelo. Coloco uma calça jeans branca e uma blusa
preta, de manga longa, toda de tela e com uma renda linda na parte dos seios,
formando um decote lindo. Um salto, peguei minha bolsa e fui em direção ao
restaurante, atraindo olhares de todos os homens e mulheres.

Avistei a mesa deles de longe e dei um sorriso para Angel que levantou quando
me viu. Caminhei até eles com uma superioridade maior que a que eu já
possuo.

— Você está um arraso! – Angel me abraça apertado.

— Você também está gatíssima. – Falo em seu ouvido.

— Senta aqui. – Ela me coloca entre ela e Mike.

— Boa tarde gente! – Falo me sentando. – Desculpem o atraso. – Dou um


sorriso convencido e Jackson abaixa a cabeça. Ele está bem na minha frente.

— Amiga, porque acordou tão tarde? – Angel pergunta com cara de quem
realmente não sabia de nada e sinto Jackson me olhar.

— Precisei sair ontem à noite e cheguei quase de manhã aqui. Até eu ir dormir,
já era manhã. Por isso eu não compareci no café. – Posso sentir o olhar de
Jackson em mim e queima.

— Ah verdade. Como foi lá? – Mike pergunta e eu me viro pra ele olhando em
seus olhos para não vacilar e olhar pra frente.

— Foi ótimo, Matteo não se cansa um minuto. – Dou uma risada e posso sentir
a raiva de Jackson crescendo. – Me deixou mortinha e com dor na coluna. Mas
ele é muito inteligente e me ajudou bastante. Lógico, nos nossos termos, mas
ajudou. Ele me entrega daqui um mês. – Termino e olho para Jackson que
mexe no celular de forma frustrada. A qualquer momento o dedo dele
atravessa essa tela.

— Diego quem pediu a comida, Florence. – Kobe me alerta. – Devemos nos


preocupar?

— Se eu falar que não sei, vocês acreditam? Esse garoto só come merda, não
duvido nada que tenha pedido bata frita. – Falo entrando na brincadeira e
Diego revira os olhos.

— Vocês estão me caluniando. – Diego fala em voz alta. – Olha lá o garçom


trazendo nossa comida. Vocês me pagam. – Ele fala apontando para um
garçom que vem vindo com um carrinho lotado de coisas.

A equipe de garçons começa a arrumar nossa mesa e logo os pratos


aparecem. Diego pediu frutos do mar, polvo, coquetel de camarão, siri, lagosta,
ostra e tudo que vocês imaginarem que seja do mar.
Depois de comer tudo que temos direito, Angel começa me perturbando
querendo ir à Milão. Porra, ela não cansa desse lugar. Desfila lá três vezes por
ano e faz mais um milhão de coisas, afinal, é o berço da moda. Ela podia variar
um pouco né?

— Ok, nós vamos. – Digo com o intuito de fazê-la calar a boca.

— Aaaah, por isso eu te amo tanto. – Angel fala me abraçando e eu odeio esse
contato. Meu estresse está me dominando.

— Avise à Mike que iremos, vou fazer o checkout e pedir para prepararem o
avião. – Aviso indo direto pra recepção e encontrando Giovanni.

Depois de resolver nosso checkout, Giovanni manda um dos mordomos ate


meu quarto para arrumarem minhas coisas.

Todos estamos saindo no hall, menos Jackson. Eu falaria Kobe, mas este está
aparecendo em meu campo de visão agora mesmo.

— Pessoal, vão para Milão, Jackson não poderá ir, emergência familiar. – Diz
apressado e eu reviro os olhos já saindo do hotel.

Depois de uns minutos, Mike, Angel e Diego entram na Santa fé branca que
nos esperava.

— Kobe disse que Jackson precisa ir até a França para uma emergência e que
ficaria em contato. – Mike fala com cautela ao entrar no carro.

— Foi melhor ele ter fugido mesmo, ou eu daria um tiro no meio da testa dele.
– Falo sem paciência e fazendo um sinal imperceptível ao motorista, que
entende e começa a andar com o carro.

Depois de alguns minutos, chegamos ao nosso hangar e embarcamos no jato.

Angel está ocupada demais olhando o celular e esquece de Mike, que sai de
seu assento e vem até o fundo do jato onde eu estou sozinha.

— O que foi agora? – Pergunto já esperando algum comentário sobre Jackson.

— Só queria saber se você vai poder me ajudar com o pedido de casamento. –


Ele me olha apreensivo e eu relaxo a expressão tomando outro gole de meu
whiskey.

— Ah, claro, já organizei tudo. Só compre um buquê de rosas e faça o pedido.


Vocês têm uma reserva no Milano às seis. O terraço do hotel também foi
reservado para vocês, vinho decoração, champanhe e tudo que vocês têm
direito. – Falo me servindo de uma segunda dose. – Você comprou as
alianças? – Pergunto sorvendo o liquido âmbar.

— Comprei sim. Florence, muito obrigada pela ajuda. – Ele agradece


levantando.
Eu apenas reviro os olhos com desdém. Não que eu não esteja feliz por eles,
eu estou, e muito, mas não estou feliz comigo mesma por estar sentindo meu
coração despedaçado. E eu sabia que essa merda ia acontecer, por isso eu
não queria me envolver.

A vida era tão fácil quando eu tinha transas aleatórias com Mike, vivia no
perigo, não podia ter filho e somente meu reino importava. Estou a um passo
de voltar a ter tudo isso. Afinal, eu ainda sou dona da porra toda.

Sou desperta de meus pensamentos por uma das comissarias que me avisa
que já pousamos. Pego minha garrafa de whiskey e saio do avião, estamos no
fim da tarde e logo Mike e Angel estarão noivos.

Diego está calado e eu podia jurar que vi seus olhos marejados no trajeto até o
hotel. Algo está acontecendo e ninguém me contou.

Depois de entrar no quarto com minha mala, vou até o banheiro e me olho no
espelho. Um caco. É isso que eu estou.

— Rainha? – Isac atende.

— Arrume uma mala para negócios informais. – Falo sem rodeios. – Envie para
o Paraguai. E não fale nada a ninguém, nem mesmo a Mike.

Desligo sem dar tchau. Sim, eu estou insuportável.


Capitulo 44

Mike
Acordei com os cabelos de Angel em meu rosto e nossas pernas enroladas
umas nas outras. Ontem à noite foi perfeita. Depois do jantar no restaurante
que Florence reservou, levei Angel para o terraço do hotel e depois de vinho,
flores e beijos, pedi a mão dela. E o resto da noite foi daquele jeitinho, sexo,
carinho e por aí vai.

Eu pensei que estava tudo ok, até meu celular tocar me despertando. Pensei
em ignorar porque não era o toque de Florence, mas o número continuou
ligando sem parar e eu tive que atender. E para minha surpresa, não era
Florence, mas era um problema com ela.

— Diego? [...] Ela o que? [...] Eu já estou chegando!

Já estou de pé colocando a calça e uma camiseta qualquer. Arma na cintura e


saio desembestado do quarto.

Optei pela escada já que são somente três andares acima do meu. Chegando
no corredor eu dou de cara com Diego.

— Nada ainda? – Pergunto.

— Nada. Eu já espanquei essa porta. Tem uns vinte minutos que eu tô


batendo, ligando e nada. Nenhum sinal dela. – Diego fala colocando as mãos
na cintura.

— Vou ver se consigo localizar algum sinal dela. – Digo pegando meu celular e
abrindo um app de localização que eu, Florence e toda nossa equipe de
segurança utiliza. – Desligada. Ela se desligou do mundo, queria mesmo sumir.

Estou preocupado, por ela ter sumido sem avisar, mas aliviado por ser a
Florence, qualquer coisa que aconteça, ela vai saber se defender. A não ser
que seja só mais uma armação dela pra atacar o inimigo. É impossível saber,
essa mulher é uma odisseia inconstante. Nunca faz coisas previsíveis e nunca
anda na linha, as coisas com ela sempre são assim, cem por cento adrenalina
e aventura, e dinheiro.

— Vou fazer alguns contatos e buscar algumas informações sobre o paradeiro


dela, tenho certeza que longe ela não foi. – Falo já colocando o telefone no
ouvido.

Tentei falar com varias pessoas e ninguém me deu informação nenhuma sobre
ela e pior, ela levou toda a equipe de segurança com ela. Pra onde? Não sei!

— Pedi ao gerente para abrir o quarto dela pra gente e ele disse que não seria
possível porque ela não está mais hospedada aqui e deixou esse bilhete na
recepção. – Diego fala quando entra em meu quarto e me mostra o bilhete no
ar.
— O que diz ai? – Angel pergunta curiosa.

— Ainda não sei, achei melhor lermos juntos. – Diego me entrega o papel e
posso ver a letra de Florence na frente.

“AOS DESESPERADOS!

Não se preocupem, eu não estou morta e não estou louca. Eu


apenas preciso me encontrar novamente e decidi fazer isso do
meu jeito. Peço que não me procurem e não se preocupem, eu não
abandonei vocês, apenas tirei férias de tudo e todos, do meu jeito.

Mike, fico feliz que você e Angelique irão se casar, eu estarei no


casamento de vocês com toda certeza. Amiga, me desculpa não te
responder ou atender, mas meus motivos são maiores que
qualquer coisa. Mike, cuide de Diego enquanto eu estou fora e
deixe-o a par de tudo que for necessário, se ele quiser, lógico. Se
não, paciência.

Não saiam da linha, vocês não me veem, mas eu enxergo todos


vocês e sei de cada passo que vocês dão.

Estarei trabalhando remotamente e já dei ordem para que todos


os meus compromissos sejam enviados a mim, não aparecerei na
Russel por enquanto, mas ninguém precisa saber disso, a não ser
nossos funcionários.

Até outra hora.

Amo vocês!”

— O que ela quis dizer com “me encontrar do meu jeito”? – Angel pergunta e
Diego me olha com dúvida.

Angel não sabe dos negócios ilícitos e da vida secreta que Florence tem, por
isso ela sempre fica um pouco perdida em certas situações.

— Ela foi pras Maldivas. – Minto. – Ela gosta de ir lá quando a carga está muito
pesada pra ela. Ajuda a relaxar, esquecer de tudo. Melhor deixarmos ela quieta
no canto dela. Daqui a pouco ela está de volta, mas o que vocês acham de
encerrarmos nossa viagem por aqui? Melhor voltarmos para a América e
retomarmos nossas vidas. – Pergunto por fim e eles concordam com a cabeça.

— Posso falar com você em particular? – Diego me chama assim que Angel
volta a atenção pro celular.

— Diga. – Falo encostando a porta do quarto e parando no corredor com ele.

— Maldivas? – Ele fala alarmado.


— Diego, eu realmente não sei pra onde a doida da tua irmã foi, mas sei que
não foi pra Maldivas. Eu só falei isso pra Angel não desconfiar de nada. É
primordial para Florence que Angel continue inocente e alheia a qualquer tipo
de assunto que envolva a outra face da Russel. – Explico e ele relaxa.

— Então você realmente não tem noção de onde ela está?

— Infelizmente não. Eu vou continuar investigando, mas acho improvável


descobrir algo, quando ela quer sumir, ela some de verdade. A ultima vez eu a
encontrei na Guatemala por um descuido de dez segundos dela, mas na
verdade eu acho que ela estava cansada dessa brincadeira de gato e rato e
quis ser encontrada. – Digo me lembrando de alguns dos episódios de loucura
de Florence.

— Eu não sabia que ela era tão... instável. Sentimentalmente, no caso. – Ele
fala um pouco inerte.

— Ela não é. Ela não tem sentimento algum. – Falo olhando pro nada.

— Bem, vou pegar minha mala então, já que não tivemos nem tempo de curtir
Milão. E parabéns pelo noivado. – Ele dá um tapinha no meu ombro e sai em
direção ao elevador.

Volto para o quarto e Angel está arrumando a mala que ficou um pouco
bagunçada depois de ontem.

Enquanto arrumo minha própria mala que não tem muito mistério, penso no
que poderia ter feito isso com Florence, quer dizer, ela sempre foi tão segura
de tudo e por conta de um cara ela se transforma? Não está certo.

Até porque eu nem acredito muito que exista algum tipo de sentimento por
Jackson. Acho que na verdade ela estava carente demais e aproveitou a carne
fresca.

O que também não faz sentido, porque vários homens já passaram pela vida
dela, mais bonitos e muito mais interessantes que Jackson e não balançaram
ela como ela demonstra que ele balançou.

A verdade é que Florence é uma incógnita. Quando a gente pensa que está
conhecendo-a, algo muda acontece e ela se transforma numa Florence que
ninguém nunca viu. Acho que isso que fez eu me apaixonar perdidamente por
ela no primeiro momento em que a vi em ação. A mulher me disse que se caso
eu conseguisse ganhar dela numa batalha, o emprego era meu.

Era primavera e eu tinha acabado de ser dispensado da marinha. Estava num


clube de luta clandestino quando Florence chegou e majestosamente sentou
numa mesa exclusiva no piso de cima. Com vista privilegiada do combate, ela
me viu acabar com três homens seguidos e pediu que um dos seguranças dela
me abordasse no vestiário. Eu precisava de um emprego, odiava ficar parado.
A proposta caiu como uma luva, faria algo que gosto e ainda ganharia muito
bem por isso. Eu aceitei na hora.
Os seguranças da época chamavam-na de majestade, logo eu não sabia que
era uma mulher. Quando chegamos fora do vestiário, um dos seguranças olhou
pra ela no piso de cima e eu não acreditei quando percebi que era ela a tal
majestade. Achei que seria fácil demais trabalhar pra ela, mas eu estava muito
enganado.

Quando me sentei à sua mesa, sem perder a postura em nenhum mísero


segundo, perguntou como eu sabia lutar tão bem e se eu sabia atirar bem.
Acho que ela não acreditou muito, porque me desafiou pra uma batalha.

Eu e ela iriamos lutar e se eu desistisse primeiro, não tinha um emprego. Caso


ela desistisse primeiro, iriamos para uma batalha de tiros. Fora os outros testes
que eu precisei passar até ser realmente o segurança pessoal dela.

Na luta, nenhum dos dois desistiu e lutamos incansavelmente por vinte


minutos. Sem pausas, somente socos, golpes e afins. Ela é uma máquina.

Nos tiros, usamos armas de tinta e confesso que eu fiquei mais sujo que ela.
Com oitenta balas de cem, acertadas em mim. Mas fiquei com o emprego e
recebi um elogio dela.

Eu me apaixonei quando ela montou em mim e socou meu rosto. Ali, não
existia mulher mais perfeita pra mim se não ela. Determinada a acabar com a
minha vida a qualquer custo.

Depois de algum tempo de convivência, já éramos melhores amigos e acabou


acontecendo. Nós transamos. Estávamos num lugar isolado de tudo e todos.
Uma missão importante pra ela, a adrenalina estava no ápice e acabou
acontecendo. Ela nunca me deixou beija-la. Sempre disse que isso era algo
íntimo e que sentimentos sempre destruíam as coisas.

Então ela conheceu Malik e deixou que sentimentos a destruíssem e


destruíssem parte da vida dela. Foram seis anos de luta. Eu sabia que depois
dessa recuperação repentina dela, viria uma avalanche e ninguém ao redor
escaparia. Começou no zoo, agora só Odin sabe onde essa mulher está e
quais guerras ela está arrumando.

Depois de tudo pronto, partimos para o aeroporto, a viagem seria longa e


cansativa. Minha cabeça não para de criar teorias sobre onde e com quem
Florence está.
— Eu não vou pra Milão! – Falo a Kobe quando entramos na vila.

— Vamos sim, cara. Quem sabe não é lá que você e Florence vão se acertar?
– Comenta se jogando no sofá.

— Não vou me acertar com ela agora. Preciso de tempo pra pensar, pra ficar
sozinho. Organizar meus sentimentos e aí sim eu vou atrás dela. – Digo indo
até o guarda roupas e pegando minha mala.

— Eu vou com eles, eu e Diego marcamos de ir numa boate quando


chegássemos por lá. – Fala olhando o telefone.

— Isso, vá com eles. Eu estou voltando pra casa. Isso aqui pra mim já deu. –
Resmungo colocando as roupas na mala de forma desajeitada.

— Porque está fazendo as malas? – Questiona chegando perto de mim.

— Não vou ficar aqui, Kobe. Aqui não tem nada pra mim. – Falo indo pro
banheiro pegar minha necessaire.

— E Florence? – Ele abre os braços. – Como ela fica nessa história?

— Ela vai ficar bem! – Digo tentando me convencer mais que a Kobe. – Diga
qualquer coisa. Diga que tive um problema familiar e vou pra França. – Sugiro.

— Eu vou ter que falar? – Kobe arregala os olhos.

— Sim, por favor. Eu não quero ter que olhar pra ela de novo hoje. Eu não vou
resistir e vou cair de joelhos pedindo perdão. Eu quero organizar o que eu
estou pensando e sentindo. Lembra o que você me falou quando Florence me
contou sobre o acidente? – Ele nega com a cabeça. – Você falou pra eu não
brincar com os sentimentos dela. Falou pra eu deixá-la em paz caso estivesse
em dúvida do que sentia. E é isso que eu estou fazendo. Eu só não quero
causar sofrimento nela. Sei que já estou fazendo isso, mas é por uma boa
causa. – Termino de falar e Kobe me olha com piedade.

— Eu vou com você, irmão. Vou avisa-los, mas me espera que eu vou com
você. – Ele não me dá tempo de responder e sai.

Treze horas de voo e estou novamente em Miami. Chegando em casa pra ser
exato.

Acho que foi a melhor escolha. Agora eles devem estar numa diversão sem
tamanho em Milão, enquanto o “idiota estraga prazer” está aqui chorando na
janela de um Uber.
É complicado demais esse lance de sentimentos. Num instante tudo está bem
e no outro, o mundo desmorona. Que seja. Contando que o mundo de Florence
continue intacto, o meu pode virar cinzas.

Entro em casa e as lembranças do nosso jantar japonês me atingem como uma


bala. Nossa noite no sofá, nosso banho junto e tudo que vivemos nesse tempo.
Não vale a pena estragar isso por conta de um deslize, vale?

Depois de um banho refrescante, deitei na cama e peguei o celular. Dez


ligações perdidas de Florence... ligo ou não ligo?

Foda-se, vou ligar.


Capitulo 45

Depois de ordenar algumas coisas, pego todas as minhas coisas e desço pelo
elevador. A equipe de segurança entra comigo e ninguém nem respira muito
alto. Eles sabem como meu humor está.

Na recepção do hotel, eu deixo tudo certo pro restante do pessoal, faço meu
checkout e escrevo um bilhete a eles.

— A senhora deseja mais alguma coisa, Srta. Florence? – O concierge


pergunta depois de terminar meu checkout.

— Uma garrafa de Bourbon 18 anos. A minha ficou no quarto. – Reviro os


olhos e caminho até o bar afim de esperar minha garrafa por lá.

Depois de alguns minutos, um garçom trás minha garrafa e um copo.

— Não vou precisar do copo. – Falo entregando algumas notas a ele e dando
as costas.

— Majestade? – Um dos seguranças me chama. – O Tenente Lane está


próximo, devemos ir de encontro a ele? – Nego com a cabeça.

— O tenente Lane não deve saber pra onde vamos. Avise a todos os
envolvidos. – Continuo caminhando em direção a saída e entro no carro que já
nos espera.

Durante o caminho até o meu hangar particular, ordeno que o som fique bem
alto e coloco uns rocks bem pesados pra tocar.

Cada música que toca a garrafa fica mais vazia e eu mais bêbada. A raiva
crescendo mais dentro de mim. Ligo para Jackson pelo menos umas dez vezes
e graças a Deus caiu na caixa postal todas as vezes.

Meu ultimo momento de lucidez é quando o piloto do meu jato pergunta pra
onde vamos.

— Nós vamos para terra de ninguém. – Eu falo enrolando a língua. – Paraguai.


Vamos para chácara. Vamos rever velhos amigos. Voa, piloto. – Falo rindo e
vou pro meu lugar. – Cadê minha garrafa? – Pergunto ao comissário.

— Está debaixo de seu braço, senhora. – Ele aponta pra garrafa.

— Liga o som! – Mando e ele me olha estranho.


— Não temos som a bordo, senhora. – Fala com certo medo.

Faço uma careta e vou até minha mala de mão, tirando de lá uma JBL.

— Agora temos! – Falo com deboche e ligo a caixinha.

— Senhora, precisa sentar agora e colocar o cinto. Vamos decolar e rever os


amigos. – Ele fala e eu obedeço. Parece a coisa sensata a se fazer.

— Já posso levantar? – Pergunto a ele quando vejo pela janela que já estamos
no ar.

— Agora pode. – Ele ri pra si e sai.

Ligo novamente minha caixinha e pego o celular.

Estou cantando e fazendo uma coreografia que parece muito errada.

“Vou te pegar, essa é a galera do avião.” Apaguei.

Vinte e cinco horas depois.

Fazem dez horas que cheguei no Paraguai. Já comi, descansei e recebi uma
ligação de Jackson, na qual eu não aguentei e atendi.

— Florence? – Ele chama depois que eu atendo. – Eu sei que está aí, posso
ouvir sua respiração... – Continuo muda. – Me desculpa. Eu não queria te
magoar, eu só tive medo. Medo de ser na sua vida o que outra pessoa foi. Eu
não quero te dar mais essa preocupação. Quero estar limpo e livre de qualquer
outra pendencia quando te ver novamente. – Silêncio. – Por favor... eu quero
ser pra você o homem mais perfeito do mundo, quero poder te fazer a mulher
mais feliz desse planeta e junto contigo construir nossa família. Só me dê
tempo. Da mesma forma que você precisou de tempo e fugiu de mim... Eu te
amo mais que tudo nessa vida, meu amor. – Fim da ligação.

Eu tinha um bolo formado na garganta. Queria chorar e matar alguém.

Decidi ir agir minha vida e tomei um banho gelado, outro. Pra poder acordar o
corpo. Fiz algumas ligações e sai da chácara, era como uma mini fazenda,
bastante mato e paz. A casa era em um bom tamanho, não tinha empregados,
somente meus seguranças e eu. Uma verdadeira calmaria. Não era isso que
eu precisava.

Entrei no carro e fui visitar um amigo, minha chácara ficava uns vinte minutos
de distância da chácara dele.

Cheguei lá e os seguranças dele estavam na entrada.

— Está perdida, senhora? – Um deles chega na janela do meu carro.

— Não, vim fala com o Aníbal. Diga a ele que a Rainha branca está aqui. – Dou
uma piscadela pra ele que assente e se afasta do carro.
Depois de falar com alguém no rádio, ele faz um sinal pra outro homem parado
num portão grande de ferro que se abre segundos depois.

— Pode entrar. A senhora sabe o caminho? – Faço que sim com a cabeça e
acelero o carro.

Vou entrando na propriedade e um murmuro de pessoas conversando e rindo


soa ao fundo. E um tiro. Estaciono o carro numa vaga qualquer, coloco a arma
na cintura e saio do carro.

— Eu nem acreditei quando me falaram que a rainha branca estava por essas
terras. – Aníbal fala abrindo os braços quando eu apareço em seu campo de
visão.

— O bom filho à casa torna. Não é assim que dizem? – Falo rindo e apertando
a mão dele.

— Menina, você é uma lenda por essas terras. – Ele ri e caminha ao meu lado
até o restante do pessoal. – Como está seu pai? Ninguém nunca mais ouviu
falar daquele homem. – Ele pergunta tomando um gole da cerveja em suas
mãos.

— Vivo! Curtindo a fortuna dele. – Falo abrindo a garrafa que ele me oferece. –
Quem são? – Pergunto apontando a garrafa para o grupo alvo de nossa lenta
caminhada.

— Os mesmos de dez anos atrás. – Ele acelera um pouco chegando perto dos
homens de costas para nós. – Pessoal, lembram dela? – Ele aponta com a
cabeça na minha direção.

— Quem não lembra? – Henry fala vindo até mim e apertando minha mão. –
Como vai, mocinha? Conquistando muitas terras pelo mundo?

— Como sempre! – Falo com certo desdém.

Depois de muitas conversas, Aníbal me chama para conversar em particular.

— O que te trouxa pra cá? Pra essa terra de ninguém? – Pergunta quando
entramos em seu escritório dentro da casa.

— Preciso me achar. Tem muito tempo que eu não mato ninguém, muito tempo
que não vejo uma tortura. Perdi minha muiteza. – Falo me jogando na poltrona.

— Tem homem envolvido nisso? A última vez que você perdeu sua muiteza e
amoleceu o coração foi quando sofreu aquele acidente... – Ele me encara
desconfiado.

Aníbal é um homem de quarenta e cinco anos, tem a maior fazenda de


plantação de maconha do mundo, é meu fornecedor fiel e tenho ele como um
segundo pai. Muitas coisas eu aprendi com ele. O bigode amarelado por conta
da falta de uma aparada e o uso continuo do cigarro o envelheceram demais.
Parece ter sessenta anos, mas tem uma inteligência de mil anos. Não teve um
assunto sequer que ele não soubesse pelo menos um pouquinho. Eu o admiro
e admiro como ele construiu seu império longe da família e ainda consegue
esconder isso de todos até hoje.

— Não tem homem, eu só fiquei muito tempo parada. Pode me ajudar? Não
tem nenhum serviço que precisa ser feito? – Pergunto quase suplicando.

— Hoje não, hoje eu e você iremos beber e curtir um pouco. – Ele me oferece a
mão e eu a pego levantando.

Estávamos bebendo na grande varanda da casa de Aníbal quando um carro


chega um pouco acelerado demais. Puxo minha arma e fico em posição.

— Florence, é só o meu filho. – Aníbal coloca a mão no meu ombro.

— Nunca se sabe. – Falo colocando a arma na cintura novamente e indo até o


banheiro.

Dentro do banheiro eu me olho no espelho e dou um sorriso, me vejo com vinte


anos de novo. Várias chances de escolher um caminho melhor, mas escolhi
esse. Meu celular apita mostrando que estou com 20% de bateria e então eu
faço a grande besteira de enviar uma mensagem à Jackson.

“Você tem três meses pra se decidir.”

Desligo o celular e o enfio no bolso novamente. Quando estou saindo do


banheiro, o tal filho de Aníbal entra no corredor e para ao me ver.

— Vocês já chegaram? – Ele pergunta rindo e se escorando na parede.

— Perdão? – Me faço de desentendida.

— Você e outras amigas prostitutas, já chegaram? Não está cedo pra isso? –
Ele fala olhando no relógio. Acerto um soco em seu nariz. – Tá ficando maluca,
porra? – Ele grita com a mão no nariz.

— Antes de você chamar uma mulher de prostituta, procure saber se ela


realmente é. – Dou outro soco e ele cai.

— Eu vou matar você! – Ele fala levantando.

Dou um sorriso e o chamo com a mão, caminhando para trás afim de chegar
na varanda.

— Você está me desafiando? – Ele brada andando em minha direção enquanto


eu saio na porta.

— Você é homem suficiente pra chamar uma mulher de prostituta, então tem
que ser homem o suficiente pra apanhar da mesma. – Falo colocando minha
arma na mesa, chamando a atenção dos homens ali.
— O que está acontecendo? – Aníbal levanta enquanto eu colo o celular, o
maço de cigarro e o isqueiro junto da arma.

— Essa vagabunda me deu um soco no nariz. – O filho fala alto.

— Eu vou matar o seu filho! – Falo já partindo pra cima dele e acertando outro
soco em seu rosto.

Ninguém ousa se meter e aí nós começamos uma briga feia. Ele consegue
acertar um soco no meu braço quando eu defendo e eu dou outro na barriga.
Ele cai no chão e eu monto nele pegando em seu pescoço.

Do nada, o filho da mãe aponta uma arma pra mim. Ergo as mãos em sinal de
rendição e ele dá um sorriso sujo de sangue. Preciso pensar. Um erro. Ache
um erro, Florence.

O dedo no gatilho. Ele está com o dedo no gatilho.

Com um reflexo que nem eu sei de onde surgiu, eu meto as duas mãos na
arma e com um impulso pra cima, eu tiro a arma das mãos dele e aponto para
sua cabeça.

— Eu só não vou te matar porque seu pai não merece o filho que tem. Seu
imundo. – Tiro o carregador da arma e a munição que estava na agulha.

— Florence. – Aníbal chega perto e eu entrego a arma em suas mãos. – Tudo


bem?

— Sim. Ensine seu filho a tratar uma mulher. Na próxima eu o mato! – Falo
passando por ele e pegando minhas coisas na mesa.

— Você já vai? – Aníbal pergunta.

— Sim. Isso aqui já perdeu a graça. – Falo acendendo um cigarro.

— Vou te levar até o carro. – Ele faz um sinal para que eu passe em sua frente
e assim eu faço.

Já dentro do carro, coloco a arma debaixo da perna e Aníbal se escora na


janela.

— Menina, eu podia jurar que você ia matar ele lá encima. – Diz rindo. – Você
não perdeu sua muiteza. Só quer um pouco de aventura, isso que te alta.
Adrenalina. – Ele me olha com cautela.

— Pode ser. Não me sinto a mesma de alguns anos atrás. – Digo encarando o
nada.

— Venha aqui amanhã quando a noite cair. Tenho um serviço pra você. – Me
encara esperando uma resposta. Dou um sorrisinho de lado e ligo o carro.
— Boa noite, homem. – Falo alto pra ele ouvir e saio da propriedade vendo-o
ficar menor conforme vou me afastando.

Já em casa, de banho tomado e apenas de calcinha e uma blusinha, acendo


um cigarro e vou até a janela panorâmica que tenho no quarto que fica no
segundo andar da casa.

A vista aqui é um pouco fechada. Só tem mato, pouca luz e barulho de mato.
Sento no deck de madeira da varanda e deixo meu corpo inclinar até estar
completamente deitada no chão. O céu está maravilhoso. Por conta da
ausência de luz, consigo enxergar um emaranhado de poeira e gás com tons
azuis, roxos e avermelhados. Dou mais uma tragada no cigarro e quando solto
a fumaça, me sinto um inseto no enorme universo. Somos totalmente
insignificantes se comparados ao majestoso universo.

Termino meu cigarro e entro no quarto, frio e solitário. Me deito na cama e


abraço um travesseiro. Que saudade do meu preto... Eu queria que ele
estivesse aqui, queria que estivéssemos bem.
Capitulo 46

Três meses...

Acordei com o sol no rosto. Eu apaguei na noite passada, apaguei mesmo.


Pensei que seria difícil dormir, mas não.

Aproveitei o dia lindo que fazia para ir ao mercado fazer compras pra casa e
para limpar aqui. Estava podre. Está quase anoitecendo e eu tenho uma
missão com Aníbal hoje. Não vou dizer que não estou ansiosa, porque estaria
mentindo, eu tô uma pilha de ansiedade.

Tomo banho em tempo recorde e coloco uma roupa confortável, calça jogger
preta, uma blusa branca e um coturno. Coldre ok, rabo de cabalo ok e
ansiedade ok também. Tô pronta.

Vou pro carro e aviso os seguranças para que me sigam somente até a
chácara de Aníbal.

Depois de alguns minutos eu chego na entrada da chácara e o grande portão


se abre assim que meu carro é reconhecido. Sigo em direção à casa e vejo
dois trollers parados rentes à varanda. A festa vai ser boa.

Subo os três degraus de madeira e entro na casa seguindo as vozes que vem
de uma sala onde vários homens vestidos iguais estão. Alguns em pé, outros
sentados.

— Boa noite, cavalheiros. – Falo chamando a atenção de todos, inclusive de


Aníbal.

— Homens, esta é o elemento surpresa. – Ele aponta pra mim e todos me


encaram, mas eu continuo impassível, por mais que não soubesse do que se
trata, eu não vou demonstrar isso a eles.

— Quando vocês entrarem naquele lugar, irão protege-la com suas vidas e a
farão chegar no Barão. Quando ela o pegar, tirará toda e qualquer informação
sobre a localização da mercadoria. Vocês vão sair de lá com a minha droga e
irão trazer diretamente para mim. – Aníbal fala com certa revolta e eu
permaneço impassível.

— Quando partirmos? – Um dos homens pergunta, o mais novo ali, na minha


opinião.
— Quando minha conversa com ela no escritório acabar. – Aníbal responde já
virando em direção ao escritório e eu o sigo.

Me sento na poltrona e acendo um cigarro.

— De qual barão estamos falando? – Pergunto soltando a fumaça.

— Barão do mato. Na última colheita ele armou uma cilada e invadiu minha
fazenda, roubando sete toneladas de maconha já prensada e embalada.
Estava pronta pra ser distribuída entre meus revendedores e esse desgraçado
roubou. Matou três dos meus homens e feriu dois dos melhores. Eu quero a
vida dele, não é a primeira vez que ele faz isso com alguém e até hoje ninguém
conseguiu pegar esse desgraçado. – Ele me encara. – Mas hoje eu tenho você
aqui e não existe ninguém melhor pra fazer um homem abrir o bico se não a
Florence Russel. – Dou um sorriso convencido e termino o cigarro.

— Ok, mas nós podemos melhorar esse plano. – Digo me levantando e


andando de um lado para o outro. – O que você acha armarmos um Tróia pra
ele? – Aníbal me encara pensativo e eu continuo. – Eu vou chegar com os seus
homens e vou acionar o código. Quando ele me receber, vou me fazer de besta
querendo comprar mato e ele vai começar a enfeitar o pavão. Nesse momento
eu vou acionar um explosivo, que vai causar uma distração nos homens dele. –
Paro pensativa. – Quantos são e quantos nós somos? – Pergunto.

— Pelo menos uns cinquenta pra cada lado. – Diz dando de ombros.

— Ok... quando a explosão acontecer, nossos homens entram em ação e


começam a verdadeira chacina. Eu vou estar com o Barão e farei o
interrogatório. Só solto quando a carga estiver toda com a gente. – Aníbal me
encara pensativo e balança a cabeça.

— Excelente! Vamos até a sala e repassaremos o plano a eles. – Concordo e


seguimos até a sala.

— Homens. – Minha voz ecoa na sala e o murmuro de conversa sessa. –


Temos um novo plano. Um plano que nos fará vitoriosos e que tem chance
mínima de baixas para o nosso lado. – Sou interrompida por um murmuro vindo
do filho de Aníbal. – Continuando... se fizermos tudo como eu planejei, teremos
sucesso e logo estaremos em casa. – Explico o plano a eles e depois de
responder algumas dúvidas, todos começam a se mexer. – Ah, mais uma
coisinha, pessoal. Eu já sei que vocês estão bem armados, mas quem estiver
com fuzil de calibre 7.62, por favor troque e pegue um 5.56. É um combate
rápido, precisamos de armas leves. Mantenham seus pontos no ouvido e
respondam a qualquer chamado ou código. E para aqueles que sabem meu
nome, esqueçam. Aqui eu sou apenas “chefe”. Entendido? – Eles respondem
num coro e saem.

Aníbal vem até mim e eu reparo o filho levantando o celular. Viro o rosto no
mesmo instante, ele pode estar tirando alguma foto. Esse cara está aprontando
alguma...

— Vamos conversar lá fora? – Sugiro e Aníbal me segue.


— Não se esqueça, são sete toneladas. – Ele me lembra mais uma vez.

— Não vou esquecer, fica tranquilo. – Dou um sorriso. – Qual é a do seu filho?
Ele vem junto com a gente? – Pergunto olhando em direção a casa.

— Vai sim. Ele implorou pra entrar pros negócios da família e eu enfim deixei. –
Aníbal responde com pouco animo.

— Bem, se ele te ajuda, melhor que seja assim. Só precisa virar homem de
verdade. – Falo e sou interrompida por um dos homens.

— Chefe, estamos todos prontos. A hora que a senhora quiser, nós vamos. –
Concordo com a cabeça.

— Pode chamar todos. Vamos partir agora mesmo. – Ele assente e sai ligeiro.

Depois de estarmos dentro do carro a caminho da fazenda do barão, me


certifico de que o filho não se encontra no mesmo carro e puxo assunto com
um dos homens.

— Qual foi a do Erick? – Pergunto e o homem faz uma careta.

— Ele quer ser o pai, quer trabalhar com isso, mas Aníbal não o criou pra isso.
Esse menino só quer status, só quer a grana que esse trabalho dá. Não tem
nenhum pingo de noção de como são os corres. – O homem fala e eu apenas
escuto.

Ao chegar próximo aos portões da fazenda, eu informo qual vai ser a equipe a
soltar o explosivo após nossa entrada e me preparo. Arma na cintura,
carregadores extra ok. Só invadir agora.

Chegamos na entrada e logo uma equipe com seis homens nos abordaram.

— Preciso falar com o barão. – Falo mostrando autoridade.

— E quem seria a moça? – Um dos homens pergunta debochado.

— Sou Valentina. Venho por Virgílio. – Aciono o código e eles se entreolham.

— Porque esse tanto de carros? Porque esses homens todos armados? – Um


outro homem fala alto.

— São meus seguranças, vão me deixar entrar ou não? – Digo já perdendo a


paciência.

— A senhora vai entrar e um patamo vai acompanhar só por precaução. – Ele


dá uma piscada e fala alguma coisa no rádio.

O portão abre na nossa frente e eu olho pro homem do meu lado.

— Eles sabem o que vamos fazer. – Falo mais alto e aviso no ponto. – Fiquem
ativos, há um impostor entre nós. Eles sabem o nosso plano. Sigam como o
combinado, o tiroteio vai começar mais cedo. – Dou um sorriso psicopata.
Assim que parte dos carros entram, o explosivo é jogado no local combinado e
uma parede de homens armados se forma na nossa frente. Aperto o botão do
explosivo fazendo um estrondo atingir nossos ouvidos. O caos se instala e
quando o carro para, saltamos para fora buscando abrigo. Com a pistola já em
mãos, eu miro em um homem que se encontra na barreira humana a uns trinta
metros de onde estamos e atiro, acertando-o no peito duas vezes.

— Prestem atenção na retaguarda. – Grito para meus homens.

Me escoro em um dos carros e sou surpreendida por um dos inimigos


chegando até mim com um G3 em punho. Ele aponta pra mim e cai. Um dos
nossos acertou ele pelas costas, me salvando da morte.

Jogo o corpo do sujeito pro lado e tiro a bandoleira de seu pescoço passando
para o meu. Olho em seus coldres e pego mais três carregadores cheios.
Verificando quantas munições há no carregador atual, me coloco em posição
atrás do Troller e atiro pra cima do paredão de homens. Só tiro calculado pra
ser certeiro. 1, 2, 3, 4, 5... 13 baixas inimigas.

Faço um sinal para avançar e caminhamos lentamente em formação. Fico num


joelho só quando chego em um certo ponto e dou uma olhada mais precisa por
cima de outro carro.

— Temos dois na direita e dois na esquerda. Três longas e uma curta. –


Informo no ponto e logo alguém responde.

— Eu fico com o da direita.

Ouço mais dois tiros e depois mais dois.

— Direita limpa. – O homem fala.

— Eu vou pela esquerda. – Falo enquanto troco o carregador.

Ainda agachada, eu caminho até o outro lado e me escoro num carro. Olhando
por cima do capô eu vejo dois inimigos, atiro em um e logo depois no outro.
Caminho com cautela e com o fuzil apontado em posição de combate. Percebo
um movimento ao longe no meu lado esquerdo e olho. Erick está correndo até
uma porta na lateral do lugar. Vou até ele em silencio e espio pela fresta da
porta.

Erick está em uma discussão terrível com alguém no telefone. Os tiros do outro
lado me impedem de ouvir com clareza. Apenas algumas palavras soltas.
“Barão, culpa dessa maldita. Eu não vou deixar essa droga sair daqui. Já estou
indo, me espere aí. Aqui ainda é perigoso para você.”

Ele é o traidor. O próprio filho...

Fico em silencio tentando ouvir mais alguma coisa, mas é impossível. Me


escondo numa parte escura e espero ele sair para segui-lo.
Alguns minutos se passaram e ele sai. Puxo minha pistola da cintura com
cuidado para não fazer barulho e sigo o imbecil por pelo menos uns quinhentos
metros. Vejo ele parar numa porta e pegar o celular. Me escondo para que
ninguém me veja e observo Erick falar ao telefone, ele parece nervoso, olhando
para todos os lados.

A porta se abre e um cara alto e careca o manda entrar. Aquele é o segurança


pessoal do Barão com certeza. Depois que Erick entra e a porta bate, eu vou
me escorando pelas sombras até chegar perto da porta, olho pelo buraco da
fechadura e vejo um homem gordo sentado numa cadeira atrás de uma mesa.
Ele parece suado e nojento. Tem a barba grande, mas falhada, calvície
extrema e olhos esbugalhados. O segurança entra na minha frente e eu perco
a visão do que acontece lá dentro.

Retorto correndo o máximo que posso e puxo um dos nossos homens. Para a
entrada que me levou até o barão.

— Como você se chama? – Pergunto ofegante pela corrida.

— Anderson, senhora. – Ele fala com firmeza.

— Ótimo, Anderson. O impostor do nosso grupo é o Erick, filho do Aníbal. – O


homem abre a boca transtornado e eu reviro os olhos. – Ele está junto com o
Barão e um segurança numa sala à quinhentos metros daqui. Eu preciso da
sua ajuda pra acabar com o segurança e segurar os dois.

— Vamos que vamos. – Anderson fala empolgado.

— Sem afobação. Eu vou bater na porta e quando o segurança abrir, você atira
na cabeça dele que eu vou entrar pegando Erick e aí você me ajuda com o
barão. Ok? – Ele concorda e nós seguimos na mesma direção de antes. ****

Ao chegar na porta, me certifico de que todos ainda estão ali pelo buraco da
fechadura e sim, estão. Faço um sinal para Anderson se preparar e já com o
fuzil empunhado, ele se posiciona na rente da porta.

Dou três batidas, como Erick fez e então o segurança abre.

Tudo acontece muito rápido e meu cérebro mal consegue processar. Ele
apenas age. Anderson atira no segurança que cai pra trás, eu entro na sala e
aponto a pistola para a cabeça de Erick enquanto Anderson aponta para o
Barão que está assustado olhando para nós dois.

— Precisamos de reforços a pelo menos meio quilômetro a noroeste da


posição inicial. – Anderson fala no ponto eletrônico.

— Olha Erick, eu tenho que admitir. Seu pai te subestimou demais, mas você
nunca me enganou. – Falo ainda com a arma apontada pra ele.

— A culpa disso é sua. Sua vagabunda. – Ele grita pra mim e eu dou uma
coronhada nele.
— Seu moleque mimado. Hoje você vai ganhar a surra que teu pai nunca deve
ter te dado. Seu arrombado. – Cuspo as palavras encima dele e ouço um
barulho do lado de fora.

— O que aconteceu aqui? – Um dos nossos homens entra e eu agradeço


mentalmente.

— Revistem a sala toda e recolham qualquer tipo de objeto que sirva como
arma. Amarrem esses dois e vamos trabalhar com eles. – Ordeno aos novos
homens que chegam.

— Sim senhora. – Falam num coro.

— Como está a situação aí na frente? – Pergunto no ponto quando percebo


que os tiros sessaram.

— Maioria dos inimigos mortos, os que sobreviveram correram e dois estão


aqui comigo, chefe. – Um dos homens responde.

— Ótimo, mande-os te levar até a mercadoria roubada e certifique-se de que


as sete toneladas estejam aqui. – Falo de volta e recebo um ok. – Me
mantenha informada. – Falo por último e encaro Erick.

O mesmo se encontra de cabeça baixa, um corte na testa por conta da


coronhada que dei e uma trilha de sangue que terminava na metade do
pescoço.

— Melhor você começar a falar. – Falo me sentando de frente pra ele e


acendendo um cigarro. – Eu não sou uma pessoa de muita paciência.

— Vai se foder, Russel. – Ele esbraveja e eu dou um tiro em seu pé. – Filha da
puta! Isso não é da sua conta. – Grita.

— Não ouse nunca Falar meu nome. Pra você eu sou senhora. – Dou mais
uma tragada no cigarro e ando de um lado pro outro. – É da minha conta
quando é um serviço no qual eu fui contratada para realizar. Com qual intuito
você decidiu roubar o seu próprio pai? – Pergunto sem olhar em sua direção.

— Ele não é meu pai. – Diz entre gemidos de dor. – Por isso falo para não se
meter. – Retruca. O sotaque castelhano mais carregado que nunca.

— Como não é seu pai? – Agora eu o encaro.

— Não sendo. Descobri a pouco tempo que ele me adotou por pena. Me tirou
da minha família e me adotou por pura pena. Eu o quero morto! Quero vê-lo
falido. – Agora ele quem me encara. Seus olhos marejados.

— Erick, ele deve ter tido um motivo plausível pra fazer isso. – Falo voltando a
andar. – Ele foi o homem que te criou, o homem que te deu tudo do bom e do
melhor, que te deu amor e carinho. Isso que você está fazendo é a maior
injustiça do mundo. Traição é uma coisa muito séria, nem mesmo dentro da
família ela é tolerada. – Falo seria encarando o sujeito.
— Injustiça foi eu ter crescido num lugar que não me pertencia. – Ele retruca.

— O seu destino está nas mãos do seu pai agora. Se ele me autorizar, eu vou
mata-lo ou talvez queira ele mesmo fazer isso... – A simples ideia de ver um pai
atirando no próprio filho me dá um arrepio estranho na espinha.
Capitulo 47

Uma mistura de dor e prazer atinge o pé da minha barriga quando realizo a


cena em minha cabeça. Dor por serem pai e filho e prazer por ver justiça sendo
feita e traidor ganhando o que merece: uma passagem só de ida para o inferno.

Dou mais uma tragada no cigarro e encaro o Barão que está assustado me
olhando a todo instante.

— E você? – Pergunto. – Como foi arquitetado esse salto? Tudo ideia dele? –
Pergunto apontando a cabeça para Erick.

— Foi ideia minha. Esse moleque não tem cabeça pra um plano como esse. –
Fala debochado tentando mostrar uma superioridade que não existe.

— Começa a falar logo então. Ou vou ter que mandar fazer pipoca pra assistir
tua morte? – Falo encarando o gordo.

— Vai ter que me matar mesmo. Porque de mim você não vai tirar nada. – Fala
rindo com deboche.

— Então você vai querer massagem! – Falo rindo. – Ótimo. – Falo já acertando
um soco no queixo dele. – Eu posso fazer isso o dia todo.

Foram pelo menos vinte minutos de tortura. O Barão já não estava mais
aguentando de tanta porrada que tinha tomado.

— Anderson, pega uma faca pra mim por favor. – Peço a Anderson que já
vomitou duas vezes por conta do meu método pesado de tortura.

— Não, faca não, por favor! – O Barão esperneia e eu não dou a mínima. – Por
favor, eu falo tudo, o que você quiser saber eu falo. – Ele implora.

— Hmm, parece que temos uma evolução então. – Falo debochada. – Segure-
os. O porco decidiu abrir a boca e vai nos levar até onde está a mercadoria. –
Falo rindo na frente do Barão.

Saio da sala acendendo um cigarro e olhando pra cima. O céu está nublado e
apenas a lua cheia pode ser vista com um pouco de dificuldade.

Me sinto viva! Isso é um erro? Com certeza sim, são vidas que estão se
esvaindo de diversos corpos nesse lugar, mas são vidas inimigas, antes eles
do que eu e minha equipe. Essa sempre foi minha regra de combate.
Uma avalanche de lembranças toma conta de mim e eu me lembro de quando
senti isso pela última vez. Essa sensação de poder, de vitória. Esse prazer de
ter a vida de uma pessoa nas minhas mãos, ou na ponta da língua.

Os homens saem da sala me tirando de meus pensamentos e eu dou ordem


expressa para que o barão nos leve até o local onde se encontra toda maconha
de Aníbal.

Seguimos por uma pequena estrada de terra e depois de outros quinhentos


metros de caminhada, chegamos a um galpão. Esse lugar aqui é enorme, tem
um galpão grande pra porra e mais um espação.

— É aqui. As chaves estavam no meu bolso. – O Barão fala sem me encarar.

Um dos homens me entrega um molhe de chaves e eu mostro ao barão para


que ele me diga qual delas é a do cadeado do galpão. Em seguida eu abro o
cadeado e empurro o grande portão, revelando um galpão enorme de teto com
pelo menos dez metros de altura. A luz com sensor presencial se acende e
posso ver o que há aqui. Metade do galpão está ocupado por drogas e a outra
metade, a da entrada, contém apenas uma balança de pesagem em massa e
uma empilhadeira.

— Sigam nossa localização, achamos a mercadoria. – Um dos homens avisa


no ponto.

— Qual de vocês sabe usar isso? – Pergunto apontando para a empilhadeira.

— Eu sei. – Anderson fala.

— Comece a trabalhar. – Mando. – Eu e o barão iremos conversar.

Arrasto o homem pra um canto do galpão e coloco-o sentado.

— E aí barão? Quanto você quer por esse lugar? – Pergunto.

— Como assim? – Ele me olha aturdido pela pergunta.

— Quero comprar essa propriedade, é grande, posso montar um bom negócio


aqui. Como agora eu imagino que você queira sumir, imaginei que fosse
precisar de dinheiro. E nada melhor que vender algumas coisas para fazer
dinheiro. – Falo analisando os fatos.

— E eu vou sair daqui com vida? – Ele pergunta.

— Talvez saia... – Coloco a mão no queixo. – Basta você querer.

— Vamos negociar então. – Ele se anima com a ideia de sumir.

— Ótimo! Você mora aqui não é mesmo? Onde fica a casa? – Pergunto.

— Aqui em baixo. – Fala dando de ombros. – Entramos pela lateral do galpão.

Dou um sorriso pra ele e faço sinal para dois dos homens.
— Ajudem-no a levantar, ele vai nos levar até a casa. Se preparem para
qualquer armadilha. – Aviso e eles balançam a cabeça.

Saindo do galpão e indo em direção a lateral, o Barão nos mostra um alçapão e


abre o mesmo. Há uma escada e os dois homens descem primeiro para fazer
uma varredura. Posso ver a claridade se instalando no lugar conforme eles vão
avançando e acendendo as luzes.

— Chefe, tudo limpo. – Um deles grita e eu mando o barão descer primeiro.

Depois de já estar dentro da casa subterrânea, sento-me no sofá.

— Tem filhos? – Pergunto a ele que nega. – Esposa? Família? Irmão, mãe,
qualquer coisa? – Ele nega novamente.

— Meus pais faleceram a muito tempo, sou ilho único e não quis filhos, nem
esposa. As pessoas que vivem nessa vida não podem ter mais ninguém. É
uma tortura pra quem acompanha e não participa. – Ele fala de cabeça baixa.

— Entendo. Então vamos aos negócios. Quanto você quer nesse lugar? – Sou
direta e ele sorri.

— Podemos ir até o escritório? – Ele sugere e eu concordo. Sabendo que


minha arma e minha pontaria estão ok.

Ao entrar no escritório, ele vai na mesa e abre uma gaveta tirando uma pasta.

— Esses são os documentos de compra e venda. Eu estava esperando um


outro comprador, mas você foi a sorteada, pelo o que parece. – Fala me
entregando os documentos.

Leio os documentos com calma enquanto ele vai até o frigobar e tira uma bolsa
de gel congelado para colocar no rosto inchado.

— Pagou três milhões nesse terreno? – Pergunto.

— Sim. Na verdade, foram cinco milhões gastos, para construir a casa


subterrânea, o galpão e as outras estruturas. – Fala tomando um gole de água.

— Realmente tinha um comprador? Os documentos estão autenticados. –


Pergunto surpresa.

— Tinha sim! O plano era roubar a maconha de Aníbal e acabar com a vida
dele. Com isso o filho dele ganharia uma bolada de herança e me pagaria pelo
terreno, para que ele pudesse se tornar o maior produtor de maconha, com as
terras do pai e as minhas. Quanto eu estaria nadando em dinheiro e curtindo
minha vida, pelo menos era o que ele pensava. Eu planejei voltar depois de um
tempo e tomar tudo de volta, matando-o e virando o maior produtor. – Ele me
encara e deixa a cabeça pender pra frente. – Agora eu só quero sair vivo daqui
e ir curtir minha vida.
— Entendo, ele aceitou numa boa todo esse plano de matar o pai? – Pergunto
e ele concorda.

— Bem, você o ouviu falar que quer o pai morto. – Ele dá de ombros. – Quando
ele me procurou, queria apenas que eu mandasse matar o pai dele e assim
que ele recebesse, eu seria pago, mas eu enxerguei uma oportunidade muito
maior nisso tudo.

— Entendo. Bem, vamos fazer o seguinte então, nós vamos assinar esses
papeis e você vai receber o seu dinheiro, depois você some! – Falo séria.

— Quem me garante que você não vai me sacanear? – Ele me olha


desconfiado.

— Os papeis vão ficar com você, já assinados. Eu vou virar as costas com toda
a mercadoria de Aníbal, apenas a dele. E marcaremos um outro dia para você
receber seu dinheiro e me entregar os documentos. Eu vou mandar o número
de série do documento para um amigo e ele vai ver se realmente consta em
cartório como autenticado. – Falo já mandando o número de série para Mike
junto com a mensagem onde dizia para ele me responder rápido.

— Acho justo. – Fala me entregando uma caneta dourada.

Assino o documento e ele assina logo depois.

— Esse lugar vai me fazer muito feliz. – Falo sorridente.

— Eu fui muito feliz aqui. – Ele ri fraco. – Você é incrível, sabia? Nunca vi uma
mulher tão fria e tão determinada como você, muito menos fazendo as coisas
que você faz. – Dou um sorriso forçado e meu celular apita.

Mike: Consta no cartório de Assunção, PY. Você está no PY, Florence?

Eu: Obrigada, Mike. Dispensado.

— Barão, seu documento é autentico. Marcaremos em breve para você receber


seu dinheiro. – Levanto deixando os papeis na mesa.

Ele sai de trás da mesa e eu espero que ele saia para segui-lo.

— Tudo bem, chefe? – Um dos homens de pé na porta do escritório pergunta.

— Tudo ótimo. Vamos subir. – Falo já indo em direção às escadas e chegando


na superfície.

— Já separamos a mercadoria de Aníbal. – Anderson fala ao me ver entrar no


galpão. – Agora temos mais cinco toneladas. O que faremos? – Pergunta
tragando o cigarro.

— Deixa que eu resolvo o restante das coisas. Preocupe-se apenas em


carregar os caminhões. – Fala entrando no galpão, mas sou impedida com a
voz do Barão.
— O que você vai Falar pra Aníbal? Que me matou? – A voz dele golpeia
minhas costas.

— Não irei falar nada a ele, irei mostrar. – Falo me virando já com a arma
apontada pra ele.

— C-como assim? – Gagueja encarando a arma.

— Agora você vai sentir o verdadeiro significado de traição. – Dou um sorriso


sarcástico e disparo a arma quatro vezes. Acertando seu peito e sua garganta.

Chego perto de seu corpo agonizante no chão e ele me encara cuspindo


sangue.

— Agora sua última imagem antes de morrer vai ser meu sorriso. – Dou um
sorriso largo e branco, posicionando a arma em sua testa e disparando a arma
uma última vez. – Me tragam aquele machado que tem no escritório e um
lençol. – Falo olhando para um dos homens à minha frente que concorda e sai.
– Espero que o recado tenha sido dado. Traidor morre da pior forma. – Falo
olhando na direção de Erick que estava amarrado sob a custódia de um dos
homens.

Quarenta minutos depois, um comboio com vários carros e dois caminhões


atravessa os portões da propriedade de Aníbal. Erick está no carro atrás do
meu e eu já posso ver Aníbal descendo as escadas da casa com certa
empolgação. Coitado...

Assim que o carro para, desço com a cabeça do Barão enrolada num lençol e
ergo mostrando à Aníbal.

— Toma seu prêmio. – Largo a cabeça no chão. – Preciso falar com você.
Urgente. – Falo puxando-o mais pra frente.

— Pode falar, houve muitas baixas dos nossos? – Pergunta.

— Apenas duas. Esse não é o motivo da conversa, Aníbal. É seu filho. – Falo
acendendo mais um cigarro, deve ser o decimo de hoje.

— Uma das baixas foi meu menino? – Fala com a voz trêmula.

— Não, Aníbal. Seu filho traiu você! – Falo de uma vez.

— Como assim? – Me encara. – Me traiu como?

— Chamou o Barão e ofereceu dinheiro para que o barão te matasse. Assim


ele ficaria milionário por conta da herança. Ele confessou tudo e o Barão
confirmou. – Explico.

— Não é possível, eu cuidei desse menino quando a mãe e o pai o


abandonaram. Ele não pode ter feito isso, deve haver algum engano. – Aníbal
ficava cada vez mais aturdido e vermelho.
— Não há engano. É essa a verdade. Eu só não o matei porquê de onde eu
venho, traidor morre na mão do traído. E nessa situação eu sou apenas um
pau mandado seu. – Falo séria encarando-o.

— Você espera que eu mate meu próprio filho? – Ele me encara mais aturdido
ainda.

— Sim! – Falo sem compaixão. – Ele queria você morto. Se você não o fizer,
vai morrer em breve. Palavra nenhuma de reconciliação vai mudar a cabeça
desse bastardo. Pensa, Aníbal. Quando você entra nesse mundo, a primeira
coisa que se aprende é em não confiar nem na própria sombra e que em caso
de traição, o traidor morre na mão do traído. – Esbravejo com certo ódio. – Seja
ele da família ou não.

— Mas é o meu filho. O menino que eu cuidei e amei quando ninguém mais
queria saber. – É devastador presenciar isso.

— A decisão é toda sua, meu caro. – Dou mais uma tragada no cigarro. –
Tragam-no. – Grito aos homens que seguravam Erick.

— Eu não vou ficar aqui e presenciar seja lá o que for. Tem cerveja na
geladeira? – Pergunto indo em direção a entrada da casa.

— Tem sim, eu vou conversar com ele. Vamos ao escritório, Erick. – Aníbal
espera que eu suma na casa para entrar com o filho.

Após alguns longos minutos, muitos gritos de ambos os lados e alguns objetos
quebrados, Aníbal aparece na varanda com o filho ao lado e ambos me olham
com caras nada boas.

— Deixa eu ver se adivinho. – Caminho em direção a eles. – Vocês se


acertaram e tudo acabou em rosas? – Falo debochada.

— Russel, você se acha muito esperta. Erick falou que você traiu o barão. É
verdade? – Aníbal me olha com desconfiança.

— Traição é quando você quebra a confiança de um amigo ou familiar. Vamos


ficar com o primeiro adjetivo e falar que eu fui esperta e ele não. Ele conseguiu
te envenenar, não foi? – Dou uma risada fraca. – “Olha pai, ela chegou agora e
já destruiu nossa família.” Mas eu não pedi pra fazer parte disso, eu só te pedi
adrenalina. – Cuspo as palavras e espatifo a garrafa de cerveja no chão.

— Quero que saia da minha propriedade, Russel. – Aníbal fala entre os dentes.
– Não apareça mais por aqui se não quiser virar comida de porco. – Termina
quando eu já estou pegando o que me pertence na grande mesa de madeira.

— Você ameaçou a pessoa errada. Isso não vai ficar assim, é uma promessa!
– Saio dali entrando no carro que vim e meus seguranças me seguem.
Capitulo 48

“Homens fortemente armados trocam tiros na cidade de Pedro Juan na


madrugada de ontem [...] Testemunhas relatam que existe uma guerra do
tráfico acontecendo por todo o país e que ataques entre gangues estão sendo
mais comuns ultimamente. [...] A informação que a polícia nos dá é que não
passa de uma guerra por território.”

Desligo a tv e Christopher, meu segurança mais próximo depois de Mike, solta


um suspiro pesado.

— Está cansado? – Pergunto indo até a janela do escritório que montei no


terreno que antes era do Barão.

— Estão sendo meses estressantes. – Ele aperta os olhos. – Alguma notícia de


Miami?

— Sim, Mike avisou que toda mercadoria chegou bem. – Me viro pra ele. – Já
estamos acabando. Só mais uma missão e você vai poder voltar pra ele. – Dou
um sorriso e ele retribui.

— A noite está caindo. Vamos embora logo. – Christopher levanta pegando um


sobretudo preto nas costas da cadeira.

Eu o sigo até o carro e saímos dali, deixando somente os trabalhadores. Com o


tempo livre que tive aqui, conquistei alguns funcionários para o plantio e outros
para fazerem parte da equipe de combate. Toda essa guerra do tráfico
começou quando eu coloquei os pés aqui. Meu dom de conquista é muito forte
e foi impossível descansar a mente, eu precisava de adrenalina, precisava
conquistar mais território. Eu estava suprindo toda a minha frustração e
saudade de Jackson com o trabalho, como sempre faço.

Durante todo o trajeto eu vasculhei as redes sociais de Jackson, na esperança


de alguma foto nova para eu matar a saudade, mas não havia nada. A última
foto em seu Instagram era a foto que tiramos no Duomo. Angelique continuava
sua vida normalmente, desfilando pelo mundo, Mike sempre com a mesma
pose nas fotos e sempre muito discreto também. Diego estava se dando bem
em Miami, mas já voltou para o Brasil.

Isac recebeu ordens expressas para aparecer em casa apenas duas vezes no
mês, para manter tudo em seu devido lugar e aproveitou essa super folga para
curtir um pouco a vida e uns dias atrás eu podia jurar que vi um story onde
tinha alguém em seu quarto. Kobe vive colocando vídeos e fotos de suas
noitadas e seu dia na academia e na empresa.
Anne e Mila sempre me mandam e-mails relatando tudo que acontece na
Russel, por mais que não precise. Eu passo horas com o notebook na minha
frente, trabalhando em relatórios, analisando fórmulas de medicação,
aprovando ou chamando atenção para algum erro cometido. Toda a parte de
coordenação de testes dos medicamentos são acompanhados por mim,
mesmo que de longe.

Ontem eu passei uns quarenta minutos com Mike em vídeo chamada e o


maldito tentou achar minha localização durante todo esse tempo, meu
bloqueador não parou de apita nenhum minuto.

Aproveitei para ficar por dentro de tudo, a volta de Diego para o Brasil, o surto
de Angel achando que estava gravida logo no início da temporada de desfiles,
Mike dizendo que está morrendo de saudade, porque as pessoas são muito
chatas e só eu sei me comportar. Por último ele disse que Jackson está num
mau humor terrível desde que voltou da Itália, o tempo todo pergunta a Mike
quando eu vou voltar, onde eu estou e chegaram até a sair no soco porque
Mike disse que não sabia onde eu estava e Jackson queria de qualquer forma
vir até mim.

Confesso que meu coração quase saiu pela boca quando soube disso, mas
soube me controlar bem.

Chegando em casa, tomei um banho relaxante e fui caçar no armário uma


roupa fresca e confortável para usar. Só achei um robe de renda preta que Isac
colocou na mala, não sei porque. Ele poderia ter colocado meu roupão
tradicional, mas colocou esse aqui que eu nem nunca usei.

Depois de colocar apenas uma calcinha e o robe amarrado, desci as escadas


da casa e fui até a cozinha. Fiz um prato enorme com petiscos. Queijos,
salame, Parma, azeitona, ovo de codorna, amendoins, castanhas e outros.
Subi para deixar na varanda do quarto e desci novamente par buscar uma
bebida. Vinho tinto ou branco?

Estava com duas garrafas de vinho na mão, encarando as duas com uma
dúvida cruel e tentando decidir qual das duas eu abriria quando ouço uma
batina na porta. Largo ambas na pedra da cozinha e caminho até a porta.

— Fala, Christopher. – Faço o ritual de sempre. – O que é isso? – Me assusto


quando abro a porta e Christopher tem um buque enorme com rosas e Antúrios
vermelhos.

— Acabou de chegar pra senhora. Tem um cartão também. Já inspecionamos


e não há nenhum risco bélico. A senhora tem alergia a flores? – Pergunta me
olhando com precisão.

— Nenhuma alergia, Christopher. Obrigada! – Fecho a porta atrás de mim e


caminho para cozinha novamente, já colocando o buque na pedra e abrindo o
cartão.
“Você sabia que a flor de antúrio remete a autoridade, confiança,
imponência e a vezes à sexualidade?”

J.”

COMO ASSIM? Jackson sabe onde estou?

Pego o celular rapidamente e tento ligar para ele.

— Jackson? Onde você está? – Pergunto assim que ele atende.

— Agora, em casa. Porque? Recebeu minhas flores? – Fala e eu ouço um


silencio terrível no fundo.

— Sim, acabei de recebe-las. Pensei que estava aqui também. – Falo u pouco
decepcionada, mas aliviada.

— Não, meu amor. Quando você voltar eu vou ter você toda pra mim, sei
esperar seu tempo. – Diz de forma tranquila.

— Ah, tudo bem então. Fica bem! – Desligo após ele se despedir.

Por mais que eu queira muito que ele esteja aqui comigo, é muito perigoso
arriscar. Um dos inimigos que fiz nesses últimos meses pode querer se vingar
e eu não estou afim de mais guerra.

Depois de colocar as flores num jarro, pego a garrafa de vinho tinto e subo. A
noite está fresca e o céu brilha com tantas estrelas. Parece um borrão de
purpurina.

Depois de mais ou menos uma hora a garrafa acaba e eu ainda quero beber
mais. Desço as escadas com cuidado e pego outra garrafa. Subo bebendo no
gargalo mesmo e me sento na varanda pegando um punhado de amendoins.

Depois de quase meia hora e a garrafa já na metade, sinto o perfume de


Jackson e encaro o céu estrelado.

— Afrodite, a senhora podia trazer meu amor aqui. A saudade já está me


destroçando. – Falo para o céu. – Deuses do Olimpo, Eros, Psiquê. Ouçam
minha prece e tragam meu amor. – Coloco a garrafa na mesa e fecho os olhos.

O perfume ficou mais forte, como se ele estivesse aqui. Meu corpo arrepiou da
cabeça aos pés. Ainda com os olhos fechados eu me encosto na poltrona
acolchoada e minha mente viaja pra minha primeira noite com Jackson. Nosso
beijo ardente, nossas mãos explorando cada canto do corpo do outro.

Estou tão relaxada que sinto meu corpo flutuar, como se alguém estivesse me
pegando no colo, tem o cheiro de Jackson e o jeito dele também. Não quero
despertar desse sonho, portanto não irei abrir os olhos.
A força misteriosa me carrega até uma estrutura macia que reconheço ser
minha cama. Abro os olhos com dificuldade e vejo Jackson encima de mim. O
que o cérebro é capaz de fazer não é mesmo?

Sinto um beijo em meu pescoço e tem exatamente a textura da boca de


Jackson. Sinto tocar meus lábios e tudo depois disso é um apagão.

— Preciso que me ajude com uma coisa. – Falo à Mike assim que ele chega na
HM.

— Fala aí parceiro. – Responde sentando em uma poltrona.

— Preciso ir até o Paraguai. Preciso vê-la. – Falo em súplica.

— Como? Como você descobriu? – Mike me encara assustado.

— Você fala sozinho. – Dou de ombros. – Enquanto a mercadoria chegava na


Russel, você estava vidrado na tv, onde passava uma matéria sobre o aumento
da guerra do tráfico no Paraguai, você falou “É só ela chegar no lugar que
começa uma guerra.” E riu. Eu deduzi que fosse Florence, pesquisei mais
sobre e vi que a quase três meses essa guerra acontece. Exatamente o tempo
em que ela sumiu. Depois foi só pedir a Kobe para conseguir as últimas
transações de Florence e ele viu que foi numa casa de câmbio em Salto, no
Paraguai. – Mike me olhava com cara de tédio.

— Ela não quer ser perturbada. – Ele fala cruzando os braços.

— Mike, por favor. Eu nunca mais te peço nada, eu preciso ver a minha rainha.
– Insisto mais um pouco.

— Você já sabe onde está, vá atrás sozinho agora, não vou fazer parte disso.
Por mais que eu saiba onde ela está, não falei nada pra ninguém e nem me
atrevi a ir até lá, mesmo sabendo que aquela desgraçada está se divertindo
sem mim. – Fala com raiva. – Ela tem os motivos dela, se quer ficar lá sozinha,
você precisa confiar nela. – Diz por fim e eu me encosto na cadeira.

— Pode me dá o endereço para que eu mande pelo menos um buque de flores


pra ela? Realmente pode ser perigoso irmos lá. Eu sei que ela está no
Paraguai, mas não faço ideia onde. – Falo me dando por vencido.

— Cara, é muito perigoso ir até ela agora, temos que esperar, mas pode me
mandar quais flores você quer mandar e eu faço o pedido... vai chegar até ela.
– Mike ainda se mostra irredutível.

— Vou pesquisar melhor e te mando mensagem com o nome da Flor, pode


ser? – Falo.
— Sim. Obrigado por entender. – Fazemos um aperto de mão e ele sai.

Em seguida ligo para Kobe e peço que ele descubra onde fica a propriedade de
Florence no Paraguai. Eu sei que ela tem uma casa em cada país desse
planeta e sei também que ela odeia hotéis que não sejam os dela, então
qualquer propriedade que Kobe encontrar no nome dela, já vai me ajudar a
encontrá-la.

Entro no carro alugado para mim e vou em direção ao endereço que Kobe me
passou, uma casa que já tem quatro anos de aquisição, provavelmente é onde
ela está hospedada. A noite está caindo e eu já mandei um buquê de flores pra
lá, caso o entregador me confirme a entrega, sei que ela está lá. E assim é
feito, então sigo meu caminho até a casa de Florence e por sorte quem está de
plantão na segurança é Christopher.

— A senhora Russel não avisou que estava esperando pelo senhor. – Comenta
enquanto me revista.

— É surpresa, eu mandei as flores mais cedo. – Falo e ele sorri.

— Ela vai ficar feliz em vê-lo, os dias estão sendo árduos. – E ele realmente
parece muito cansado.

Caminho pela entrada da propriedade e vejo Florence na varanda sentada com


uma garrafa de vinho na mão. Ela não olha pra baixo, apenas para o céu, como
se estivesse hipnotizada e por isso não me vê. Subo as escadas da casa e
chego até seu quarto, ela não escuta minha chegada, mas posso ouvir ela
recitar uma prece aos céus.

“A saudade está me destroçando. Deuses do Olimpo...”

Perco toda a força quando escuto isso e minha vontade é de correr para
possui-la, mas ela está bêbada, aparentemente.

Chego mais perto e seu corpo se encolhe na poltrona, pego-a no colo e ela não
abre os olhos. Acho que ela nem sabe que sou eu que estou aqui. coloco-a na
cama e então aquele mar negro que são seus olhos me encaram um pouco
perdidos. Deposito um beijo em seu pescoço e presencio o arrepiar de sua pele
ao sentir meu toque. O perfume dela me mata. Beijo sua boca e ela retribui na
mesma intensidade. Florence agora abriu os olhos e me encara sem quebrar
qualquer contato. Suas mãos buscam meu corpo com rapidez e eu retribuo o
gesto. Ela está perfeita nesse robe preto de renda e calcinha.

Abro a peça de roupa e toco seus mamilos já entumecidos. Dali em diante tudo
que acontece ganha uma intensidade fora do normal. Sem desfazer o contato
visual, fazemos amor sob as estrelas e com a permissão de todo e qualquer
deus do amor e do prazer.

Após Florence gozar intensamente e eu não fiquei atrás, nos deitamos na


cama e dormimos de conchinha. Antes de pegar no sono pesado, Florence
sussurra um Eu te amo que faz meu coração parar por alguns segundos. Eu
queria que ela estivesse sóbria pra se lembrar disso pela manhã.
Manhã essa que chegou rápido e antes que eu pudesse curtir mais um pouco
minha rainha, me levantei me arrumando e partindo, deixando apenas meu
cheiro em seu corpo. Eu não podia ficar muito tempo por aqui, era
verdadeiramente perigoso.

Ela claramente vai querer me matar por isso, mas não aguentei de saudade.
Depois eu me resolvo com a fera. Agora eu tenho pelo menos oito horas de
voo até Miami, isso vai me dá um espaço pra ela desestressar comigo.
Capitulo 49

Acordo com o corpo leve e nenhuma ressaca. Coloco a mão do outro lado da
cama na esperança de sentir Jackson, mas isso não acontece. Sento na cama
olhando ao redor e vejo as garrafas de vinho na mesa da varanda, juntamente
com a taça e a petisqueira. Estou apenas de calcinha, meu robe se encontra no
chão ao lado da cama e meu vibrador junto com ele. A saudade de Jackson
está tão grande que eu poderia jurar que transamos na noite passada, mas foi
apenas um delírio meu com meu vibrador.

Levantei-me e fui tomar um banho, hoje o dia seria agitado como todos os
outros eram.

***

Coloquei a última peça de roupa na mala e fechei o zíper. Uma batida na porta.

— Entra. – Falo em bom som.

— Senhora. O avião já partiu. Tudo correu bem e ninguém saiu ferido. –


Christopher coloca a cabeça pra dentro me avisando.

— Perfeito! Pode descer essa mala, só vou terminar de me arrumar e já vamos.


– Falo já indo para o banheiro da suíte.

Encarei meu reflexo no espelho. Eu mudei. Tenho algumas marcas de


expressão que antes não tinha, pareço até mais madura. Se é que é possível
eu adquirir mais maturidade.

Essa imagem refletida no espelho não me deixa em paz. Estou envelhecendo,


isso é fato. Mas o que me dói é eu não ter nenhum herdeiro, eu não tenho
família. Será que de verdade a lei da vida diz que nesse ramo você não pode e
nem vai ter ninguém? Construir família nessas condições é tão impossível
assim?

Chega, Florence! Seu mimi já está me irritando. Aceita logo o nosso destino, é
o melhor que você faz. Não vai sofrer por amor e nem mesmo por família, isso
vai nos tornar imbatíveis.

Mas não imortal e nem menos humana. A Florence 2.0 adoraria isso, ela só
sabe ver esse lado da coisa toda. Acontece que eu preciso de uma vez por
todas me decidir e fazer o que eu tenho vontade. Ter um filho.

Jogo água fria no rosto e saio do banheiro já descendo as escadas com o


objetivo único de voltar pra casa, pra minha vida. Eu e todas as Florence que
existem em mim. Seja ela 1.0 ou 50.0. No fim das contas, somente uma vai
vencer.

Entrei no avião com minha equipe pessoal e depois de muito tempo, peguei no
celular. Desliguei o bloqueador de sinal e milhares de mensagens e ligações
perdidas chegaram. Foquei em falar somente com Mike e avisei que em oito
horas eu estaria em Miami novamente e que uma grande carga chegaria na
Russel horas antes de mim.

O voo foi tranquilo e sem nenhuma surpresa, mas alguma coisa estava me
incomodando. Um pressentimento ruim, como se uma bomba estivesse prestes
a explodir. Pudera também. Eu armei um assalto colossal e peguei toda droga
de Aníbal, mas ele não veio atrás, pelo menos ainda não. E é exatamente isso
que me assusta e que está me deixando assim.

Ao chegar na porta de casa deixei ordens expressas para não autorizar a


entrada de ninguém que não estivesse previamente avisado de chegar. O
único que tinha entrada sem avisos era Mike, apenas ele.

Isac ainda não estava em casa e eu acho até melhor assim, não quero colocar
a vida de inocentes em risco.

— Tem certeza que eles irão atacar? – Mike me encara. Estamos no escritório
subterrâneo.

— Tenho 90%. Quem perde cinco toneladas de maconha e não vai atrás? São
quase um milhão de Dólares. – Me encosto na cadeira novamente. – Alguma
coisa muito ruim vai acontecer. A mercadoria já está toda na Russel? –
Pergunto pensando em mil coisas.

— Sim. Assim que os funcionários foram embora os caminhões chegaram.


Você cronometrou isso? – Mike me olha com um sorriso.

— Lógico. Eles sabem o fluxo de entregas, se vissem isso chegando por lá,
iam querer fazer triagem e não são eles que fazem esse tipo de coisa. –
Explico como se ele não soubesse.

— Que maestria. No que está pensando?

— Mande um e-mail na rede da Russel e avise que amanhã ninguém vai


trabalhar. – Falo já pegando o celular. – Vou avisar aos seguranças que se
preparem, pois uma grande tentativa de assalto irá acontecer.

— Chamo reforços? – Mike me olha esperando uma resposta.

— Sim. – Me levanto saindo do escritório.

Já em meu quarto, começo a me despir e entro na banheira. Deixo meu corpo


afundar e fico submersa até precisar de folego novamente. Esse comando de
subir para buscar oxigênio me ajuda a pensar. Mil coisas passam pela minha
cabeça quando isso acontece. Na verdade, quando minha vida está por um fio,
muitas coisas passam pela minha cabeça e é só por isso que eu ainda estou
viva. Eu preciso estar à beira da morte para achar uma solução e resolver o
problema.

Preciso proteger meu reino!

Depois de estar cheirosa e vestida, comecei a pensar num jeito de evitar um


grande estrago e comecei a ligar para alguns conhecidos do Paraguai em
busca de informação sobre o atual paradeiro de Aníbal e sua trupe.

— Saiu hoje e disse que estava indo para os Estados Unidos. – Um dos meus
contatos informou na ligação. – Deve ter chego ai por agora ou uma hora atrás.
Qualquer outra informação que eu receber, ligo para a senhora. – Ele fala
antes que eu peça.

Desligo o telefone e mando mensagem para Mike.

“É agora. O ataque vai ser agora. Na Russel.”

Como já estou vestida, coloco apenas a arma na cintura e saio de casa. Mike
me espera já dentro do carro. Entro e seguimos até a Russel.

— Tem duas toucas ninja no porta luvas. Pegue-as. Ninguém pode ver nossos
rostos, se não tudo vai por água abaixo. – Mike avisa enquanto seguimos na
via quase vazia.

— Mike, se caso Aníbal estiver, deixe-o para mim e o filho dele também! Eu
vou gostar muito de machucar esses dois. – Profiro com sangue nos olhos.

Estou verificando minhas munições no carregador estendido quando Mike dá


um grito.

Olho para frente e vejo um carro atravessado na pista. Mike está com o pé no
freio e o carro vai parando bruscamente.

Assim que minha visão consegue focar na rua, vejo o rosto de Erick, agora eu
o mato.

Desço do carro já apontando a arma e atirando pra cima dos caras que
estavam com Erick. Faço questão de meter a porrada nele antes de cravejar
uma bala de .45 em sua testa.

Um tiroteio gigantesco começa e só consigo ouvir Mike gritar para eu ir até a


mala. Armamento reserva, claro. Depois de derrubar dois dos dez homens à
minha frente, vou abaixada até a mala do carro e Mike me passa um fuzil. O
carro está todo ferrado de bala, mas por conta da blindagem, nenhum mísero
tiro acertou nenhum de nós dois. Ao lado de Mike, miro o tiro e acerto outro dos
homens, Erick com medo de acertarmos ele, entra em um dos carros sai
cantando pneu.

— Vamos atrás dele! – Mike grita.


— Não, vamos para a Russel. Aníbal já está lá com certeza. Isso foi só uma
distração. – Falo entrando no carro e Mike acelera, passando por cima de um
dos corpos.

Ao chegar na Russel, vemos 3 carros parados na entrada do galpão e então o


nosso reforço chega. Amém, porque ali dentro deve ter pelo menos vinte
homens.

Entramos fazendo o mínimo de barulho possível e logo dei de cara com Frank.
Pera. Frank?

— Mas que porra! – Falo chamando atenção de todos.

— Querida Florence, nos encontramos de novo, não é mesmo? – Frank fala


com deboche.

— Com ele? – Aponto para Aníbal que está atrás.

— Eu me junto com qualquer um que queira derrubar essa coroa da sua


cabeça. – Me olha com desdém.

— Que filho da puta. – Falo boquiaberta. – Alfa Tango. – Falo alto.

Um simples comando e meus homens atacam. Parto pra cima de Frank


enquanto Mike está com Aníbal. Os tiros quase me deixam surda por causa do
eco que faz dentro do galpão.

Um soco em Frank e outro em mim. Senti latejar minha cabeça e balancei a


cabeça voltando ao normal e pegando-o pelo pescoço. Consigo jogar ele no
chão e o enforco com toda minha força e raiva.

— Eu vou matar você de porrada. – Vociferei enquanto via seu rosto voltar a
cor normal.

Segurando-o pelo pescoço, dou mais um soco, outro e mais outro. Ele
desmaia. Puxo minha pistola da cintura e me levanto deixando um tiro em cada
joelho.

Agora só restam mais dois homens do lado deles, bem, sobrava. Mike acabou
de mata-los.

— O que faremos agora? – Mike chega perto de mim e olha ao redor.

— Chame do descarte de resíduos. – Falo indo até o corpo de Aníbal.

— Está vivo, só desacordado. Você pediu exclusividade pra eles três. – Mike
dá um sorriso que me deixa excitada. Com a ideia, não por ele.

Antes que eu possa falar qualquer outra coisa, a luz de um giroflex invade o
galpão e um carro da polícia de Miami estaciona na entrada.

— Boa noite Srta. Russel. – Um dos policiais diz saindo da viatura.


— Boa noite, Charlie. – Respondo assim que o reconheço. – Reclamaram do
barulho?

— Sim, reclamaram. Dando uma festa? – Ele olha para os corpos no chão.

— Só tirando o lixo. – Respondo olhando na mesma direção que ele.

— Eu já vou indo então. – Charlie informa me lançando um olhar safado. – Me


liga qualquer dia desses, podemos tomar um irlandês. – Dou um sorriso
amarelo e coloco novamente a arma na cintura.

Fico na entrada do balcão olhando a viatura se afastar e aperto o botão na


parede que faz as portas se fecharem.

— Frank, Aníbal e Erick vão para o hotel cinco estrelas que os aguarda. – Falo
à Mike que apenas assente e se vira.

Depois de alguns longos minutos, os três mosqueteiros já estavam na mala do


carro lá fora e agora o serviço de descarte termina seu trabalho.

— Cem mil. – Falo entregando dois maços grossos de dinheiro ao chefe deles.

— Obrigada, senhorita Russel. Fica com Deus. – O homem já velho, porém


conservado, fala.

Apenas aceno com a cabeça e dou uma olhada para o galpão. se alguém
chegar aqui, não vai desconfiar nunca que houve uma chacina monstruosa e
sangrenta nesse lugar.

— Vamos para o Hotel então? – Mike me encara e eu concordo com a cabeça.

O hotel nada mais é do que um pequeno hotel abandonado num lugar um


pouco remoto aqui em Miami. Podemos dizer que é a favela de Miami, o lugar
virou uma moradia fixa para mendigos e drogados. Lá também é um dos
principais pontos de vendas de drogas. Eu já fui muito lá oferecer pó quando
entrei nessa. Algumas gangues usam o lugar como calabouço para tortura de
suas vítimas e também é muito usado para desova de corpo.
Capitulo 50

“Jackson, deixe-me ver Florence.” Isac me manda um áudio.

“Como assim? Ela já chegou? Não está comigo!” Mando de volta.

“Ela não está em casa, mas as malas estão e pelo visto ela tomou banho antes
de sair. Tem certeza que ela não te avisou nada?” Isac fala com a voz
preocupada.

“Eu saberia se ela estivesse na minha cama. Tentou ligar no celular dela?”
Pergunto.

“Lógico que já né. Ela não atende. Por isso pensei que estivesse com você.
Vou tentar falar com Mike. Tem como você vir pra cá?”

“Claro que sim. Daqui a pouco estou aí.”

Corro para colocar uma roupa e saio em seguida, acelerando o carro mais do
que deveria. Ao chegar na entrada da casa de Florence, um dos seguranças
pede meu documento e eu apresento. Após ele olhar alguma coisa no
computador dentro da cabine, libera minha entrada e eu acelero o carro,
deixando-o aberto quando saio desesperado para entrar na casa.

— Isac? – Chamo alto ao entrar no hall.

— Aqui na sala. – Ele responde.

— O que houve? – Falo chegando perto dele.

— Eu cheguei ainda agora, ela me deu férias esses meses que esteve fora.
Mas quando entrei, os seguranças pediram meus documentos e confirmaram
minha identidade no computador da cabine. – Ele explica.

— Fizeram isso comigo também. Deve ser só mais uma cisma dela, não
devemos nos preocupar. – Tento acalma-lo.

— Isso nunca aconteceu antes. – Ele me encara sério. – As malas dela estão
lá no quarto, o banheiro está uma zona, como se ela tivesse saído com muita
pressa.

— Fica tranquilo, Isac. Não deve ser nada. – Tento novamente acalma-lo, mas
eu estou mais nervoso que ele.
— Isac? – A voz de Angel surge e eu respondo para que ela saiba onde
estamos. – Jackson? Também foi mandado pra cá? – Angel me encara com
estranheza.

— Como assim? Você sabe o que está acontecendo? – Pergunto levantando


do sofá.

— Mike me falou por alto. Alguma coisa sobre um assalto na Russel, ele e
Florence foram pra lá resolver. Mike mandou um carro me buscar e me trazer
pra cá e deu ordem para que eu não saia daqui enquanto eles não voltarem.
Vocês também foram sequestrados? – Ela ri, mas eu e Isac não.

— Sim. – Digo rápido e Isac entende. – O jeito vai ser obedecer, ainda bem
que temos um ao outro. – Ela dá um sorriso e se joga no sofá com o celular na
mão.

Depois de algum tempo, estou na cozinha conversando com Isac e Angel


pegou no sono no sofá. Estamos cozinhando algo para comermos e a
madrugada está quase no fim.

— Será que é algo muito sério? – Isac pergunta e eu dou de ombros.

— Não acredito que seja. Notícia ruim chega rápido. – Falo tirando a travessa
com duas três postas de salmão do forno. – Vamos comer, estou morto de
fome e com sono. – Desvio sua atenção para a comida.

Depois de comermos e deixar a parte de Angel no forno, Isac avisou que iria se
recolher para seus aposentos e ofereceu de arrumar a cama de Florence para
que eu durma, mas eu não quis. Avisei que continuaria ali na sala com Angel e
assim eu fiz, mas o cansaço me venceu e eu apaguei no outro sofá.

Encima da mesa velha haviam vários artefatos de tortura e mais à frente, três
patetas amarrados com as mãos sobre as cabeças. Caminhei até eles com
uma barra de ferro nas mãos e golpeei Erick na barriga. Aquilo tirou um pouco
do peso que eu estava sentindo nas costas e então eu achei o meu escape.
Golpeei-o mais duas vezes com a barra e quando ele cuspiu sangue, dei mais
um golpe em sua cabeça, fazendo-o desmaiar.

Olhei para Aníbal e fui até a mesa pegar um pedaço de madeira, voltei dando
com tudo em suas costas e o mesmo perdeu o ar, desmaiando na hora.

Frank me encarava impassível. Desde o início da tortura, algumas horas atrás,


nenhum dos golpes foram tão fortes quanto os que ele próprio recebeu. E era
exatamente isso que eu queria. Novamente eu fui até a mesa e peguei uma
faca de caça. Quando cheguei perto dele, posicionei a faca em seu peito, na
medida de seu coração.
— O maior erro da tua vida foi me subestimar, vovô. – Falo com um sorriso
muito satisfeito no rosto.

— Ande logo com isso, Russel. Termine logo essa surra e me coloque para
casa como toda vez você faz. – Revira os olhos e eu aumento o sorriso.

— Eu amo quando vocês me subestimam assim. Amo mesmo, sabia? – Faço


pressão na faca.

— Não estou te subestimando, é que você é previsível demais e se quisesse


me matar, já teria feito. – Revira os olhos e eu solto uma gargalhada.

— É tudo que eu menos queria. Vocês me deixaram sem dormir por várias
noites e eu jurei a mim mesma que quando colocasse a mão em vocês, iria
tortura-los até sentir minha alma limpa e a dívida de vocês paga. – Me viro
olhando para Erick que fez um barulho acordando.

— Acabe logo com isso, Russel. – Frank fala novamente, sinto fraqueza em
sua voz, mas não dou atenção.

Estou ocupada demais acordando Aníbal com um balde de água fria.

— Russel, por favor. Acabe com isso. – Erick resmunga ao lado do pai.

— Hoje, o desejo de você também é o meu. – Falo andando de um lado para o


outro. – Hoje, vocês desejam estar mortos e eu desejo sua morte. – Faço um
sinal para um dos meus homens e ele começa a desamarrar os três a minha
frente. – Mike, tudo pronto?

Mike dá um sorriso confirmando o que perguntei e então eles são levados para
o lado de fora do lugar, na parte de trás do hotel onde um estrado de madeira
esperava por eles no chão.

— Podem prepara-los. – Aviso e enfio a mão no bolso da calça tirando de lá


um terço e colocando-o no pescoço.

Mike, junto com mais dois homens amarram os três traidores no estrado de
madeira e banham seus corpos com gasolina. Christopher vem em minha
direção e me entrega um novo carregador para minha pistola.

— De joelhos. – Ordeno a meus homens e olho para meus traidores. – Vocês


três olhem bem pra mim.

O que acontece agora, é um ritual sacro. Caminho passando por meus inimigos
que estão imóveis e aponto a arma para a cabeça de Erick e então eu faço o
sinal da cruz, meus homens me copiam e então começo uma oração.

— Seremos seus pastores. – Aviso aos prisioneiros. – Louvado senhor meu


Deus, dai-me sua benção em minhas mãos, meus pés seguirão prontamente
as suas ordens. Navegaremos no rio que nos levara ao senhor e nos
livraremos destas almas para sempre. – Eu e meu grupo recitamos. – Em
nome do pai. – Dou um tiro na cabeça de Aníbal. – Do filho. – Um tiro na
cabeça de Erick – E do espirito Santo. – Um tiro na cabeça de Frank. – Amém!
– Faço o sinal da cruz novamente e todos atrás de mim repetem.

Tirando um isqueiro do outro bolso, acendo um rastro de gasolina que escorre


no chão juntamente com o sangue de meus inimigos. Rapidamente as chamas
tomam conta dos corpos e então eu me viro e saio.

O caminho até em casa era longo, o dobro de distância da Russel, mas eu


chegaria lá antes do amanhecer. Pela forma como estava dirigindo,
ultrapassando todo e qualquer sinal, voando em qualquer via que pegasse.

Mike estava ao meu lado, mas não falava nada, apenas mexia em seu celular,
coisa que ele tem feito demais desde que se envolveu com Angel.

Lembram quando eu consegui recuperar as telas na Toscana e fiquei com a


adrenalina nas alturas? Agora eu sinto o dobro, matar me deixa assim... eu
evito por que sou a favor da paz, mas traição eu não perdoo nem se for da
minha família.

Como eu disse antes, cheguei em casa em tempo recorde e encontrei Angel no


jardim recebendo os primeiros raios de sol do dia.

— O que aconteceu? – Pergunta vindo na minha direção e de Mike. – O que


são essas manchas de sangue em vocês? – Aponta para minha camiseta e eu
vacilo. Merda.

— Uns ladrões tentaram invadir a Russel e acabaram se cortando no arame


farpado. – Mike fala rapidamente.

— Isso. – Confirmo. – Estávamos na delegacia com eles até agora. – Minto.

— Você também se machucou? – Ela pergunta olhando para Mike.

— Não, amor. Estamos todos bem. – Ele chega perto para beija-la, mas ela
desvia.

— Florence está machucada! – Diz apontando para meu braço e só então eu


olho e percebo que ali há uma ferida, provavelmente um corte, ou tiro de
raspão.

— Eles acabaram me cortando com a faca que carregavam. – Falei. – Não quis
ir ao médico porque foi superficial. – Falo tentando amenizar a situação. – Dá
pra cuidar em casa. Vamos entrando. – Empurro-os para dentro da casa.

Dou de cara com Isac fazendo sinal de silencio e apontando para o sofá da
sala. Quando olho, a visão me destrói e quero sumir dali no mesmo instante.

Jackson dorme lindamente abraçado a uma almofada. Eu quero chegar perto,


encostar, beijar, abraçar e carrega-lo para o banho comigo, mas não posso. Ele
não pode nem sonhar o que aconteceu hoje.

— Prepare meu banho, por favor. – Peço baixinho a Isac.


— Já está pronto, como a senhora gosta. Mike avisou que já estavam pra
chegar e tomei a liberdade. – Isac diz com a postura de um verdadeiro
mordomo.

Depois de apenas assentir para ele, peço licença e subo a escada de vidro que
leva até o segundo andar e andando pelo corredor que leva até o corredor dos
quartos. Aqui no segundo andar, as persianas estão abertas e o dia está claro
já. Logo Jackson acordaria e com toda certeza me procuraria. Mas será que
estamos prontos pra isso?

Entro em minha enorme suíte e está fria por conta do ar que já se encontra
ligado. Deixo minha pistola na mesa de sempre, juntamente com meu coldre e
caminho até o banheiro. A banheira está cheia e uma leve fumaça sai dela,
sinal que a temperatura da água está perfeita. Me dispo jogando as roupas na
lixeira e entro no box. Deixo a água escorrer pelo meu corpo e no chão, o
sangue se mistura com a água. Esfrego meu corpo com uma bucha e sinto a
dor imediata quando passo pela ferida no braço.

— Merda! Foi um tiro de raspão.

Limpo com cuidado e termino meu banho. Tomo um pequeno susto com Isac
entrando no banheiro já com um Kit de primeiros socorros na mão.

— Lâmina ou projétil? – Pergunta já sentando no sofá e batendo para que eu


sentasse junto.

— Projétil. – Respondo rendida e me sentando junto a ele.

— Certo, quantas baixas? – Ela começa a limpar a ferida com um liquido de cor
escura.

— Não sei com exatidão. Talvez vinte e cinco. – Falo me lembrando da


pequena guerra que aconteceu horas atrás.

— Certo. Tudo pronto! – Ele me faz encarar a ferida já tratada. – Não tem
problema molhar a atadura. – Avisa. – Deixei um maço de cigarros perto da
caixinha de som. – Diz apontando para a banheira.

Só então percebo a garrafa de whiskey, o cigarro, a caixa e um controle


remoto.

— Obrigada, eu te amo! – Digo assim que ele se vira para ir embora.

— Eu sei disso. – Fala rebolando pra fora do banheiro.

Me levanto e me olho no espelho, estou um trapo, mas de cabelos lavados e


cheirosos, isso que importa.

Apago a luz do quarto e do banheiro, acendo a luz neon, coloco uma música
calma no som e entro na banheira. Água quentinha. Antes de mergulhar as
mãos, me sirvo de uma dose e acendo um cigarro e só então eu fundo parte do
meu corpo, ficando apenas com os braços e a cabeça pra fora.
Me recosto deixando a cabeça pender até ser sustentada pelo piso e dou mais
uma tragada no cigarro mentolado.

Que dia, senhoras e senhores. Que dia!


Capitulo 51

Que vontade de mijar da porra. Me desperto e olho para os lados. Ainda estou
dentro da banheira, a garrafa de whiskey está pela metade, a música ainda
toca na caixinha.

Me levantando em seguida e colocando a mesma para esvaziar. Entro no box e


tomo um banho revigorante e gelado.

Saio enrolada na toalha vou até o closet. Estou procurando uma roupa fresca e
tática quando Mike entra sem bater.

— Enfiou a educação no cú? – Pergunto me enfiando no primeiro robe que


vejo.

— Não, mas vim ver como você está e dizer que tudo já foi distribuído e o
dinheiro já está no banker. – Ele encara meus seios que estão entumecidos.

— Mike, me olhe nos olhos quando falar comigo. – Esbravejo.

— Perdão, e que... Passamos bons momentos juntos. – Ele abaixa a cabeça


rindo. – O que iremos fazer hoje?

— Treinar. – Falo puxando uma sacola com luvas e bandagem.

— Luta? – Mike me encara estranho.

— Sim. O que mais? – Falo tirando o robe e ignorando totalmente sua


presença.

— Seus golpes são perfeitos, nada precisa melhorar. Vamos nadar hoje, o dia
está lindo e faz um sol terrível lá fora. Que tal uma resenha na piscina? –
Sugere.

— Porque ela mesma não veio falar isso? – Pergunto já sabendo que essa
ideia não foi dele e sim de Angel.

— Ela preferiu que eu viesse. – Diz se rendendo. – E eu concordo, a noite foi


agitada, precisamos distrair a mente.

— Eu vou treinar um pouco de tiro. Peça a Isac para que prepare tudo e
convide quem for necessário. Mais tarde eu me junto a vocês. – Falo
terminando de por uma roupa e caminhando até a mesa onde está meu coldre
e minha arma, colocando-os na cintura.

— Certo! – Mike sai do meu quarto e saio logo em seguida.


Caminho pelo corredor subterrâneo da casa onde eu possuo um stand próprio.

Colocando meu dedo indicador no identificador biométrico, a porta destranca e


um espaço especial para as armas se abre. Escolho quais vou usar e pego a
quantidade de munição necessária. Colocando tudo num carrinho próprio para
isso.

Caminho arrastando o carrinho pelo restante do corredor e abro a porta que dá


aos fundos da casa onde tem um campo aberto de pelo menos um quilômetro.
Eu quase não tenho noção do quão grande minha casa é, pois quase não a
uso para fins pessoais. Meu refúgio é meu quarto e meu escritório. Muito mal
uso a piscina ou esse campo de tiro que fiz questão de ter. Eu fico mais tempo
na Russel ou fora do estado/pais do que em casa. Por isso eu e Malik tínhamos
o plano de nos mudar assim que Danny nascesse.

Uma casa na Austrália era o nosso plano. Compramos a casa, mobilhamos e


deixamos tudo no nosso gosto, mas nem chegamos a remover os plásticos dos
moveis, o acidente impediu que fossemos viver sossegados. Eu viria para os
estados unidos uma vez no mês e controlaria tudo por lá. Estava tudo pronto.
Era só Danny nascer e iriamos. Enfim, Deus não quis assim. Eu não me desfiz
da casa, ainda está lá, pago para ser cuidada.

Ainda não tive nem coragem de voltar lá depois do acidente..., mas agora eu
estou com um propósito na vida e eu vou cumprir. Que é ter um filho. Seja de
quem for, mas eu preciso de um filho. Se não for meu, vai ser adotado.

Dou um suspiro alto e seco o suor na testa. Preparo minha arma e aponto para
o alvo, disparando minha .45 cinco vezes seguidas e acertando o alvo bem no
peito e duas vezes na cabeça.

— Como assim, mamãe? – Pergunto ao telefone.

— Meu filho, eu também não entendi o que aconteceu. Ela só deixou a criança
e uma carta. Pediu por favor para que você leia com atenção. – Ela diz com
preocupação na voz.

— Eu vou pra França no primeiro voo que conseguir aqui. – Aviso andando de
um lado para o outro em minha casa.

— Meu filho, não precisa correr, sei como cuidar de uma criança, não se
apresse em vir até aqui. venha quando puder. – Diz tranquila, agora.

— Ok mãe, eu vou resolver isso. – Falo e me despeço dela e encaro Kobe que
está me olhando curioso sentado no sofá.

Me jogo ao lado dele.


— O que aconteceu, caralho? – Kobe esperneia e me lembro de Florence.
Com certeza ele pegou essa mania de xingar por tudo com ela.

— Denise foi na casa da minha mãe ontem e deixou uma criança lá e alegando
ser minha filha. – Falo e Kobe cospe a água que tinha na boca.

— COMO É?

— Isso mesmo que você ouviu. – Digo com desdém. – Vou ter que ir à França.
Minha mãe disse que cuida da criança, mas eu vou o mais rápido que puder. –
Falo já pegando o celular.

— Ei, calma aí. – Kobe tira o celular de minhas mãos. – E Florence? Como ela
fica nessa história? – Me encara.

— Não sei. Porra, eu não sei. – Explodo. – Como eu vou olhar na cara dela e
falar que to indo embora pra França buscar minha possível filha? O sonho dela
é ter um filho e eu vou esfregar na cara dela que talvez eu tenha? Sem nem
mesmo querer? – Kobe me olha como se a solução estivesse bem na minha
frente e eu não estivesse enxergando.

— Jackson, vamos a festa na casa dela e lá vocês vão conversar. Se essa


criança for mesmo sua, vocês dois podem adotar. Tenho certeza que Florence
vai querer isso. – Diz animado. – Vamos, nossas coisas já estão arrumadas.

Ele levanta do sofá me puxando e vamos em direção à casa de Florence.

Chegando lá, Mike, Isac e Angel já estavam na piscina bebendo e se


divertindo, mas nada de Florence.

Kobe arrancou o short e a camisa que vestia ficando somente de sunga de


banho e pulou na piscina. Eu não estava com roupa por baixo então precisaria
me trocar.

Entrei no quarto de Florence e ela não estava lá também. Me troquei em seu


banheiro mesmo.

Quando ia saindo do banheiro, vi uma guimba de cigarro na pia e peguei para


jogar no lixo, na pequena lata do lixo havia uma camiseta branca com manchas
de sangue. Peguei a camiseta na mão e os respingos eram muitos. Será que
ela estava machucada?

Fui sair do banheiro para falar com Mike e Florence estava entrando, o que nos
fez trombar e ela quase cair.

— O que faz no meu quarto? – Pergunta me olhando nos olhos.

Estamos muito próximos e com um movimento leve eu alcançaria sua boca.

— Só vim colocar a sunga. – Digo com a voz falhando. O perfume dessa


mulher abala minha estrutura completa.
— Sonhei com você... – Continua me encarando. – Nós fazíamos um dos
sexos mais gostosos que já fizemos. Você ia atrás de mim no Paraguai. – Ela
faz uma pausa sem desviar o olhar. – Acho que as flores e o vinho me fizeram
delirar aquele dia.

— Não foi sonho... – Falo baixo.

— Como? – Me encara confusa.

— Eu estive lá e nós fizemos o melhor sexo que já fizemos até agora. – Falo
fechando os olhos recordando aquele dia.

— Jackson... – Ela encosta a mão em meu peito nu e acaricia até minha


barriga. – Jackson... – Sua outra mão vai até meu pescoço e eu encosto
nossas testas. – Jackson, me beije, agora. – Sua voz sai num sussurro sôfrego
e eu obedeço a sua ordem.

Dou início a um beijo desesperado, porém lento. O gosto dela é sensacional e


eu estava morrendo de saudade dessa boca na minha. O amigo lá em baixo já
estava dando sinal de vida e Florence explorava meu corpo como se tivesse
três pares de mãos e aquela fosse a primeira vez que nos beijávamos.

Eu não fiquei atrás e explorei cada canto daquele corpo perfeito. Arranquei sua
blusa suada e me lembrei da camiseta com sangue que achei na lixeira. Parei
de beija-la por um momento e a mesma me encarou com o cenho franzido.
Olhei para seu corpo com precisão, buscando qualquer sinal de feridas e em
seu braço havia uma faixa branca.

— O que foi isso? – Pergunto apontando para o braço.

— Um arranhão, nada demais. – Encarou o chão.

— Florence? – Chamo. – Me fale a verdade. – Puxo-a até nossos corpos se


chocarem.

— Houve uma invasão na Russel e durante o tiroteio, um tiro me atingiu de


raspão. – Falou revirando os olhos e se soltando de mim.

— Por isso mandou todos nós ficarmos aqui trancados? – Pergunto me virando
e vendo-a se despir.

— Foi, Jackson. Não podia correr o risco de deixá-los soltos por Miami e um
deles acabar com vocês. – Falou se enfiando no box e ligando o chuveiro. –
Aqui vocês tinham minha equipe de segurança e a sua, os vidros das janelas
são blindados e temos um sistema de segurança impecável. Nada passa por
aqueles muros.

— Você considerou me alertar sobre isso? – Pergunto abrindo as portas do box


e dando de cara com Florence passando a mão coberta com espuma de sabão
em seu íntimo.
— Sim, considerei e achei melhor manter você longe disso tudo, foi uma
armação dos meus inimigos. Um problema meu, não seu! – Falou ficando de
costas pra mim.

— Não me dê as costas. – Esbravejo entrando no box e virando-a de frente


para mim. – Um problema nosso. – Ela me encara com os olhos sorrindo. –
Qualquer problema seu, também é problema meu. – Digo baixo.

— Não se envolva nos meus problemas, você não teria estômago para fazer o
que eu faço. – Diz fechando os olhos e balançando a cabeça, como se
estivesse apagando alguma memória.

— Meu amor... – Falo de coração e ela me encara novamente. – Bebê, eu


nunca vou deixar você sozinha em nada, entenda isso. Nosso problema, ok? –
Ela concorda enlaçando os braços em meu pescoço e me curvo para beija-la.

Nosso beijo volta do último ponto em que paramos e a água cai sem parar em
nós dois. Puxo uma de suas pernas pra cima e Florence entende o sinal,
enlaçando as duas pernas em minha cintura. Encosto seu corpo no vidro do
box e coloco meu membro pra fora pincelando sua buceta. Florence solta um
gemido e força o corpo para baixo.

— Calma, rainha! – Falo mordendo seu lábio inferior e afundando o nariz em


seu pescoço.

Posiciono a cabeça do pau em sua entrada e deslizo para dentro devagar.


Florence se arrepia dos pés à cabeça e eu começo a me movimentar
lentamente dentro dela. Seus gemidos começam a inundar o enorme banheiro
e eu acelero um pouco mais. Troco ela de posição deixando-a de costas para
mim e continuo metendo, agora com um pouco mais de força. Enrolo minhas
mãos em seus cabelos e puxo sua cabeça para trás, com a outa mão envolvo
seu pescoço e descanso minha cabeça na sua.

— Jackson, mais rápido, por favor! – Diz entre gemidos.

— Seu desejo e uma ordem! – Coloco Florence apoiada na parede e


novamente ela enlaça minha cintura com a pernas.

Acelero meus movimentos e sinto o orgasmo me atingindo aos poucos, o


mesmo acontece com Florence que aumenta os gemidos e a buceta aperta
meu membro a cada estocada.

— Goze comigo. – Ela pede e não me aguento.

Acelero mais um pouco sem nem saber que isso é possível e então nós nos
libertamos num orgasmo poderoso. Florence está fraca em meus braços e eu
preciso me apoiar em seu corpo escorado na parede.

Nesse momento minha paz acaba e me lembro de ter gozado dentro, nisso
vem a criança que Denise deixou na casa da minha mãe.

— O que houve? – Florence pergunta pegando em meu rosto.


— Preciso conversar uma coisa com você, mas deixa pra mais tarde. Vamos
descer? – Falo tentando disfarçar.

— Vamos, vou só me lavar de novo. – Diz desconfiada.

Depois de colocar um biquini rosa chiclete, descemos para a piscina e todos


nos encaram, Florence se senta em uma das espreguiçadeiras e eu pulo na
piscina.
Capitulo 52

Angel e eu conversávamos amenidades quando Mike chegou colocando uma


bandeja de churrasco na mesa de madeira que separava as duas
espreguiçadeiras e se sentou na beirada junto com Angel.

— Já se acertaram? – Perguntou ele lançando um olhar rápido para Jackson


que conversava com Isac dentro da piscina.

— Quase. Preciso que descubra uma coisa pra mim. Algo o incomoda e ele
ficou de me contar depois, mas quero que descubra antes. Peça um relatório a
nosso pessoal, principalmente aos que estão na cola de Denise. Veja se é algo
relacionado a ela. – Falo baixo e Mike assente.

— Ela foi para a França. Esteve em um bairro bem ruim por lá e logo depois
saiu da residência com uma criança e algumas malas. Deixou a criança na
casa da mãe de Jackson e depois voltou para o bairro anterior. – Meu queixo
caiu. Eles tinham um filho juntos? – Sobre a criança, nós não descobrimos
nada. nenhum tipo de registro. Nem no nome de Denise e nem no de Jackson.
– Mike me encarou.

Eu estava estarrecida, se essa criança fosse de Jackson, eu teria grande


chance de perde-lo. Conhecendo-o como eu o conheço, ele seria capaz de
ficar com Denise apenas para criar essa criança.

— Faça o que puder para descobrir mais sobre a criança e me passe um


relatório. A quanto tempo sabe disso? – Pergunto olhando para Jackson e
desviando para Mike novamente.

— Pelo menos uma semana. No grampo, informaram que Jackson só soube do


ocorrido hoje. – Mike olha para Jackson e Kobe.

— Vocês grampearam o telefone dele? – Angel se mete falando baixo.

— Sim, depois do que aconteceu na Itália. – Minto. – Questão de segurança. –


Angel balança a cabeça entendendo.

— E o casamento de vocês? Como tem sido a preparação? – Pergunto e Mike


e Angel se olham sem graça.

— Queríamos você aqui pra começarmos a preparar tudo. – Angel dá um


sorriso polido.

— Porque vocês não casam em maio? – Sugiro. – É o mês das noivas e é


primavera, muitas flores bonitas e um clima agradável. Podemos fazer a
cerimônia e a festa no resort. – Falo empolgada.
— Que resort? – Angel me olha confusa.

— Ah, esqueci de contar. Comprei um resort. Maravilhoso e nós já fomos lá


uma vez. LIV. Lembra? – Falo animada.

— Sim, eu lembro. – Ela ri. – Você comprou aquele lugar? Você é louca. Pra
administrar tem que se fechar só praquilo ali.

— Não necessariamente. – Digo, pegando um cigarro na mesa e acendendo-o.


– O que acha Mike?

— O que Angel resolver, eu assino embaixo. Vocês duas são os amores da


minha vida e sabem muito bem o que eu gosto ou não. – Mike lança um beijo
pra mim e outro para Angel.

— Quero o casamento mais lindo que existe e muita mídia. Tem que ter muita
mídia. – Angel bate palmas numa empolgação incontestável.

— Sem muita mídia, amor. – Mike a encara.

— Só na festa então? – Ela pergunta olhando para nós dois intercaladamente.


Mike me encara esperando o veredito.

— Não me olha, sua noiva é uma super modelo, é de se esperar uma legião de
fotógrafos e tudo mais. Mas Angel, se puder ser só na festa, eu vou agradecer
bastante. – Encaro minha amiga com serenidade.

— Ok, cobertura somente na festa. Eu já tenho uma ideia do vestido que quero
usar, você vai me ajudar na prova. – Ela pega minha mão.

— Lógico. Mesmo se você não falasse eu já iria ajudar mesmo. – Reviro os


olhos.

— Florence. – Mike me chama e eu o encaro. – Queremos que você seja


nossa madrinha. – Ele pega a mão de Angel e depois a minha.

— Lógico que aceito. – Fala sério, alguém tinha dúvidas se eles me chamariam
ou não? – Quem vai entrar comigo? – Pergunto rindo.

— Meu irmão mais velho. – Angel fala e olha para Jackson que ainda conversa
com Isac e Kobe na piscina.

— Não tinha outra pessoa? – Pergunto olhando Angel séria.

— Ele vai me levar no altar e também vai ser o padrinho, você sabe que ele é
como se fosse meu pai né. E Mike chamou a irmã para ser madrinha junto com
o cunhado. – Ela faz cara de cachorrinho sem dono.

— Avise seu irmão para manter a mão bem longe da minha bunda. – Falo séria
e me levanto pulando na piscina.
Isso vai ser um verdadeiro desafio. Eu e o irmão mais velho de Angel, Antony,
já ficamos. Ele tem quarenta e alguns anos e é maravilhoso na cama, muito
safado e viciado em sexo, daríamos um belo casal, mas ele é muito
mulherengo. Eu o mataria na primeira traição e Angel Jamais me perdoaria.

Um detalhe que eu ainda não contei sobre mim é que homens mais velhos me
atraem demais, ainda mais os grisalhos e na época em que fiquei com Antony,
Angel fez de tudo para que o irmão focasse apenas em mim, ficaram sem se
falar e tudo mais, mas não podemos lutar contra a natureza de alguém.

Ele não queria compromisso e eu estava bem traumatizada com o acidente


ainda, então não casou mesmo. Quando um não quer, dois não brigam e
ponto. Nesse caso, nenhum dos dois queriam.

Voltei a superfície de forma lenta e quando abri os olhos, Jackson estava na


minha frente e me puxou para colar nossos corpos.

— Dorme comigo hoje? – Perguntou beijando minha boca.

— Durmo! – Falei enlaçando os braços em seu pescoço. – Precisamos estrear


sua cama. – Mordo seu lábio inferior e ele sorri. O sorriso que me faz ficar mais
apaixonada.

— Perfeito!

— Como você está? Durante estes três meses que fiquei fora, o que você fez?
– Pergunto, realmente quero saber.

— Malhei, trabalhei, chorei, senti sua falta, me culpei por você ter ido embora
por bobeira minha, chorei mais um pouco. Enchi o saco de Mike querendo
saber onde você estava e ele não me falava. Perturbei a vida de Kobe falando
que me mataria se você nunca mais voltasse ou se voltasse casada com outro.
Essas coisas. – Disse com desdém e eu estava morrendo de rir.

— Voltasse casada? – Perguntei entre minhas risadas. – Jura que pensou


isso?

— Pensou. – Kobe se meteu. – Olha, quando você for sumir de novo, avisa
com antecedência, ele não me deixou em paz um minuto sequer, todo dia me
ligava chorando querendo o amor dele. – Kobe revirou os olhos e Isac riu alto.

— Não foi só a você que ele perturbou, Kobe. Meu celular não parava de apitar
com mensagens, isso quando ele não me ligava no meio da madrugada
dizendo que algo de ruim estava acontecendo com ela, porque ele estava
sentindo. – Isac entrou na conversa.

— Jura, amor? Isso tudo por que eu fui resolver uns assuntos de trabalho? –
Pergunto e sinto ele ficar quente, com vergonha.

— Florence, o seu piloto disse que você pegou o avião bêbada. Que repetiu
várias vezes umas músicas brasileiras que só você sabia a dança. Que você
estava com hematomas nas mãos e alguns no rosto. Eu fiquei desesperado. –
Jackson tentou se defender.

— Eu poderia ter me metido na maior encrenca do mundo e você só queria


saber se eu tinha ido casar com outro? – Pergunto brincando com ele.

— Não né! Eu fiquei preocupado com todas as situações que poderiam te


acontecer. – Falou fazendo menção de sair da piscina.

— Não vai sair não. – Mike entra na piscina e puxa Jackson mais pro meio. –
Você vai pagar por toda perturbação.

— Se Angel desse a louca e sumisse igual Florence fez, o que você faria? –
Jackson perguntou encarando Mike.

— Ela jamais faria isso. Né amor? – Mike pergunta a Angel que entra
delicadamente na piscina.

— Cada um com seus problemas Mike. Não testa minha paciência. – Angel fala
vindo para o meu lado.

— Amiga, olha só isso. – Aponto pro bando de homens na nossa frente. –


Precisamos arrumar um bofinho pro Isac e uma menina pra Kobe. – Falo um
pouco baixo.

— Verdade, Camila faz muito o perfil de Kobe. Vou apresenta-los. – Angel bate
palmas.

— Ótima ideia. – Digo rindo para minha amiga.

Depois de almoçarmos churrasco brasileiro e curtirmos muito na piscina, o sol


foi embora e todos nos recolhemos.

Mike e Angel foram para a casa de Mike, Isac dormiria aqui mesmo, pois
amanhã ele trabalha. Kobe foi para casa e Eu e Jackson subimos para meu
quarto. Eu faria uma pequena malinha para irmos para sua casa.

Depois de um banho rápido e de lavar bem os cabelos para remover o cloro da


piscina, coloquei apenas um short e uma blusa de manga longa, estava com
um pouco de frio. Jackson foi tomar seu banho enquanto eu arrumava minhas
coisinhas. Apenas o básico, perfume de sempre, creme e óleo corporal, escova
de dente, duas mudas de roupas e meus chinelos que já estão no meu pé.

Jackson já saiu do banheiro de bermuda e a camisa no ombro.

— Já estou pronta. – Digo me olhando no espelho.

— Então vamos. – Colocou a camisa preta e abriu uma necessaire marrom,


tirando o perfume dali e borrifando na blusa.

— Assim você me mata. – Falo chegando perto, sendo atraída pelo perfume e
ele me estende a mão desocupada.
— Gosta do meu cheiro? – Pergunta.

— Eu amo, não sei como consegui ficar quase três meses sem sentir isso. –
Confesso.

— Vamos, bebê. – Ele me puxa e nós saímos do quarto de mãos dadas.

Descemos as escadas em semi aspirais com a cabeça em seu braço enorme e


ele com a mão envolta de minha cintura.

Ao chegar em sua casa, subo colocando minhas coisas em seu quarto e meu
estomago ronca.

— Com fome? – Jackson pergunta rindo.

— Sim, muita. – Falo me jogando na cama. – Já fez compras decentes pra


essa casa? Vou cozinhar algo pra gente. – Passo o dedo indicador em seu
nariz quando ele fica por cima de mim.

— Yolanda fez comida. Eu liguei antes de virmos e pedi para que ela
preparasse algo. – Falou beijando minha testa.

— Yolanda está aqui? – Pergunto boquiaberta.

— Sim, ela aceitou vir trabalhar comigo. – Ele ri da minha cara de surpresa.

— Vou lá falar com ela. Vem. – Falo empurrando-o para o lado e levantando da
cama.

Desço as escadas correndo e vou até a cozinha, Yolanda estava cantarolando


algo inaudível enquanto preparava algo que parecia ser ratatouille.

— Yolanda? – Chamei e ela me encarou por um instante. – Lembra de mim?

— Florence, querida. Que bom que está de volta. Quanto tempo. – Me abraçou
apertado. – Por favor, nunca mais deixe meu menino sozinho de novo. –
Yolanda olhou por cima de meu ombro onde Jackson se encontrava.

— Não vou deixar, prometo. – Falo rindo. – O que está fazendo? – Pergunto
olhando para a travessa no balcão.

— Terminando de montar um ratatouille com carne. Esse daí ama uma carne. –
Ela lança um olhar para Jackson que bebia um copo de água.

— Eu não fico atrás. Isac sabe que a única coisa que não pode faltar naquela
casa é carne da melhor qualidade. – Falo lembrando do tanto de picanha que
comi hoje no churrasco. – Poe água pra mim, amor. – Pedi a Jackson e
Yolanda deu um sorriso ao me ouvir falar com tanto carinho.

— Saiam da cozinha, daqui quinze minutos eu chamo vocês. – Ela fala


expulsando a gente da cozinha e seguimos para a sala.
Jackson senta no sofá e eu deito em seu colo. Estávamos assistindo um jogo
reprisado entre os Dallas Cowboys e New England Patriots. Jackson estava
com a mão na minha cabeça e fazia um cafuné perfeito. Se Yolanda não nos
chamasse para jantar, certeza que eu dormiria ali mesmo.

Depois de jantar, comi pouco, pensei que estava com fome, mas não. Jackson
Comeu três vezes e quase beijou os pés de Yolanda falando o quanto que
estava gostosa a comida.

— Vamos subir? – Sugeriu depois que descansamos o jantar no sofá.

— Vamos, preciso dormir. – Falo manhosa e ele me pega no colo como se eu


fosse uma pena.

— Amor, chega de malhação. Você fica maior a cada dia que passa, daqui a
pouco vai me esmagar só de me abraçar. – Falo rindo leve.

— Eu vou reduzir, prometo! – Diz subindo as escadas comigo pendurada nele.

Chegamos em seu quarto e só então eu reparo na decoração, paredes cinzas,


moveis brancos, lençóis brancos e um quadro curioso no topo da cama. Era
grande demais e tinha a minha foto.

— Porque eu to ali? – Pergunto apontando para o quadro.

— Porque você é a primeira coisa que eu olho quando acordo. – Ele beija a
ponta de meu nariz e pega minha malinha colocando dentro do closet.

— Quando você tirou essa foto? – Pergunto.

— Não foi eu quem tirou. Pedi a Isac para te fotografar enquanto dormia e essa
foi uma das melhores fotos que ele mandou. – Falou dando de ombros e
parando do meu lado para admirar a foto junto comigo.

— Dois cretinos. Nesse dia eu estava morrendo de saudade de você. –


Comento. – Foi logo assim que perdi o neném, como eu só durmo pelada, a tua
blusa me seve de conforto. Na verdade, o teu perfume! – Falo e olho pra ele
que está sorrindo.

Como eu amo esse homem! Mas será a hora de dizer isso?

— Vou tomar um banho, vem junto? – Pergunto indo em direção ao banheiro


da suíte.

Jackson resmunga algo e logo parece já arrancando a camisa e deixando-a


num cesto. Tomamos nosso banho numa tranquilidade absurda, sem mão
boba, apenas beijos e juras que ele não consegue ficar sem fazer.

Depois de deitados e confortáveis, Jackson pede para que eu me vire de frente


pra ele.
— Lembra que eu falei que precisávamos conversar? – Ele pergunta e eu
balanço a cabeça num sim. – Denise está perturbando novamente e agora o
assunto envolve uma criança. – Ele fala com a voz quase falhando.

— Como assim? – Pego em sua mão por baixo do edredom.

— Ela deixou uma criança na casa da minha mãe, Na França e disse que é
minha. – Ele está sem graça demais, mas continua. – A criança não tem
registro ainda e minha mãe disse que provavelmente deve ter um ano e meio
ou dois. Eu e Denise ficamos bastante tempo sem nos ver, antes de te
conhecer, eu já queria me afastar dela. A última vez que estive com ela na
França, fazia quase um ano que eu não a via. Eu estranhei o sumiço longo
dela, mas agora está fazendo sentido, se ela estava gravida, teve esse filho
longe e quer usar a criança pra me ter de novo, mas eu não quero. Não quero
ela. – Ele estava ficando ofegante e nervoso. – Também não quero deixar uma
criança com ela, ainda mais se for minha. Eu to perdido. Me ajuda, Florence. –
Ele me suplica com o olhar e as palavras.

— Jackson, eu já estava sabendo disso. – Ele me encara e eu enxugo algumas


lágrimas que surgiram em seus olhos.

— Como?

— Tenho meus contatos e depois do que ela fez com você na Itália, eu mandei
ficarem na cola dela. Mas não importa. Você vai fazer um teste de DNA, pra
saber se essa criança é mesmo sua e então veremos o que vamos fazer, ok? –
Falo tentando acalma-lo.

— Eu preciso ir para a França resolver isso. – Ele me encara triste.

Penso por um instante. Não posso abandonar a Russel num momento crítico
desses. Também não posso abandonar Jackson nesse momento sensível.

Pensa, Florence...

— Meu amor, o que você acha de sua mãe vir pra cá? Eu mando o jato para
busca-la. A criança não tem registro algum, se vierem num voo convencional
ou tentarem fazer o DNA por lá, vocês correm risco de serem presos, de
qualquer forma precisa de documentação da criança. Elas vindo pra cá,
faremos o exame na Russel e resolveremos com meus advogados. – Falo
calma.

— Tem certeza? Você não é obrigada a fazer isso por mim. – Ele esconde o
rosto com o braço.

— Jackson, nossos problemas. Lembra? – Repito a frase que ele me disse


mais cedo e o sorriso que eu amo aparece em seus lábios.

— Certo, nossos problemas. – Aperta minha mão enlaçada na sua por baixo do
edredom e me dá um beijo rápido nos lábios.

Dois coelhos numa cajadada só.


Capitulo 53

Hoje fazem uma semana que contei a Florence sobre a criança que Denise
deixou na porta de minha mãe e justamente hoje, essa criança chega aqui com
minha mãe. Florence fez tudo de bom grado e junto com seu pessoal e sua
influência, conseguiu embarcar a criança sem burocracia alguma e neste
momento um carro traz minha mãe e minha suposta filha para a Russel.

— Fica Calmo, inferno. – Florence vocifera parando de digitar seja lá o que for
que ela está digitando.

— Não consigo! – Me levanto da poltrona. – E se essa criança for minha? O


que vai acontecer daqui pra frente? – Ando de um lado para o outro.

— Meu amor. – Florence vem até mim e pega minhas duas mãos. – Se essa
criança for sua, você vai ser o pai dela. Simples. Iremos falar com Denise e
resolver o que tiver que ser resolvido. Você tem plena capacidade de criar essa
criança, Jackson. E outra coisa, eu tô com você, nossos problemas, lembra? –
Me encara com serenidade.

— Sim, nossos problemas. – Repito minha própria frase e beijo suas duas
mãos.

O telefone da sala toca interrompendo nosso momento e ela corre pra atender.

— Ok. Obrigada, Anne. – Ela diz seca e desliga o telefone me encarando. –


Vamos ali.

Vejo-a dar a volta na mesa e ir até a porta. Sigo seus movimentos e ando até a
porta também. Entramos no elevador privativo e Florence aperto o botão da
garagem.

— Elas chegaram. – Anuncia. – Pronto? – Sinto meu coração palpitar.

— Tem como fugir? – Ela nega. – Então só vamos.

Chegamos à garagem e Mike nos espera em um dos blindados de Florence.


Eu não consigo falar. Um bolo se formou na minha garganta.

— Elas estão aí? – Florence aponta para o carro e Mike assente. – Abra!

Mike abre a porta de trás do carro e vejo o corpo de minha mãezinha. Que
saudade eu estava. Ela sai toda tímida e eu ofereço a mão para ajudá-la.

— Meu filho! – Minha mãe me abraçou apertado.


— Mãe, que saudade. – Retribuo o Abraço e encho o topo de sua cabeça de
beijos. – Esta é Florence, a amiga que te falei. – Olho para Florence que agora
tem um sorriso forçado no rosto. – Esta é a dona Simone Hawks, minha mãe.

Depois de apresentar as duas, sinto Florence endurecer mais ainda a postura


impecável que sempre carrega.

— Dona Simone, é um prazer finalmente conhece-la, mas temos que subir para
agilizarmos logo o processo. Onde está a acriança? – Florence pergunta seca
demais para o meu gosto.

— No carro, vou pega-la. – Minha mãe se vira para buscar a criança e Mike me
entrega uma bolsa rosa de bebê. Tento me aproximar de Florence e ela
simplesmente se vira e caminha até o elevador privativo.

As portas se abrem de imediato e ela entra apertando um outro botão. Tudo


que consigo ver é sua expressão confusa antes das portas se fecharem.

Minha mãe aparece na minha frente com uma menininha no colo, vestia um
vestidinho amarelo e sapatinhos brancos, não consegui olhar seu rosto pois a
mesma estava dormindo com o rosto no ombro de minha mãe.

— Florence pediu para que usemos o elevador privado e para irmos


diretamente para o laboratório. Ela estará nos esperando lá. – Mike informa e
eu apenas balanço a cabeça. Entrando no elevador com os três.

Hora da verdade.

Eu só não sei o que vai acontecer caso essa criança não seja minha, pra onde
ela iria? E se Denise não a quisesse? E se ela realmente for minha e Denise
não quiser compartilhar a guarda comigo enquanto eu estiver com Florence?

Tem a possibilidade de Denise fazer chantagem depois que o exame estiver


feito. Eu vou enlouquecer pensando nisso tudo.

Eu sei que ele não me pediu em namoro de um jeito formal, sei que não
usamos uma aliança, sei também que essa criança pode acabar com toda a
ruina que construímos até aqui, mas ele precisava me apresentar como amiga?
Porque não falou a verdade, caralho?

Preferi sair de perto para não explodir e fui pro laboratório, eu que realizaria
todo o processo, desde a coleta de material, até o resultado do exame. Isso era
algo sigiloso demais.

Me uniformizei, dispensei os demais funcionários do laboratório e senti um


pouco de nostalgia de estar fazendo isso novamente.
A porta se abriu depois de alguns minutos e Mike colocou a cabeça para
dentro. Fiz um sinal para ele e todos entraram.

Mike colocou Jackson e a mãe com a criança sentados e veio até mim.

— Angel está saindo de um ensaio agora e já está vindo pra cá. Eu avisei que
era sigiloso. – Avisa olhando tudo que deixei preparado para a coleta de
material genético.

— Ok, pode esperar lá fora se não quiser ficar aqui. – Informo.

— Quanto tempo leva pra ficar pronto o teste? – Pergunta enquanto coloco as
luvas.

— Bem, se Angel me ajudar. Amanhã de amanhã o resultado já sai. Pretendo


usar o máximo de marcadores possíveis. – Falo pegando o kit de análise e indo
na direção de Jackson.

Com um cotonete especial, esfrego o algodão da ponta na parte interna da


bochecha da criança e com outro cotonete, repito o processo em Jackson com
Dona Simone prestando atenção em tudo com cautela.

— Não precisa do sangue? – Ela pergunta depois que me viro.

— Não. – Viro de volta para encara-la. – Só a saliva já contem DNA suficiente.


Vocês já podem ir embora. Aqui vocês acabaram. – Falo olhando para Mike e
Jackson ao mesmo tempo.

— Posso levar vocês. – Mike oferece.

— Não, elas vão comigo. – Jackson se levanta e a mãe levanta junto.

Mike abre a porta do laboratório e as duas saem, Mike percebe o clima e sai
também.

— Pensei que dormiria comigo hoje. – Jackson chega perto e cola nossos
corpos, fazendo minha pele arrepiar.

— Eu que vou sequenciar o DNA de vocês dois. – Falo sem dar muita
confiança.

— Não é só isso... Fala... – Ele segura meu rosto com as duas mãos.

— Esta é Florence, a AMIGA que te falei? – Me soltei dele. – Eu sei que não
tivemos um pedido descente, nem usamos aliança alguma, mas AMIGA? SÓ
AMIGA? – Falo alterando a voz.

— Desculpa, é que eu não planejei assim. – Diz abaixando a cabeça.

— PORRA, JACKSON, EU TE APRESENTEI COMO MEU NAMORADO PRO


DIEGO, MESMO SEM VOCÊ NUNCA TER ME PEDIDO EM NAMORO, NEM
MESMO TER ME CHAMADO PRA UM ENCONTRO DESCENTE. EU JÁ
ENGRAVIDEI DE VOCÊ, PORRA. EU PODERIA SER MÃE DE UM FILHO
TEU SE NÃO TIVESSE PERDIDO. – Falo alterada. Respiro um pouco e fico de
costas pra ele, sentindo as lágrimas inundarem meus olhos. – Só sai daqui,
Jackson. E vai pensar na merda que você fez. – Minha voz sai embargada.

Ouço a porta bater depois de alguns segundos e me viro pra conferir se ele
realmente foi embora. Sozinha...

Começo o processo de separação e análise e logo Angel chega, já sabendo o


que havia acontecido.

Enquanto conversávamos sobre o ocorrido, trabalhávamos no cruzamento


genético dos dois.
Capitulo 54

Após uma semana distante de Jackson e apenas conversando com ele por
mensagem, resolvo ligar para avisar que o resultado ficou pronto, eu já sei o
resultado, mas decido esperar para entregar o envelope pessoalmente.

— Que tal jantarmos hoje? – Jackson pergunta ao telefone.

— Pode ser. Vou sair da empresa um pouco mais cedo e te encontro no


restaurante, pode ser? – Sugiro.

— Ótimo! – Fala animado. – Mas qual restaurante você quer?

— Pode ser aquele que nos reunimos pela primeira vez.

— Ok. Te espero lá às sete?

— Ta ótimo!

Desligo o telefone e meu peito afunda como se eu tivesse tomado um soco. A


dúvida de saber se nosso relacionamento continua ou não, está me matando
desde quando essa criança apareceu.

Interfono para Anne e peço para que ela cancele meus compromissos por hoje,
preciso ir pra casa e me aprontar para disparar uma bomba.

Mike me espera do lado de fora do elevador da garagem e quando as portas se


abrem, ele me oferece o braço que eu pego de bom grado.

— E o resultado? – Pergunta sem nem ao menos fingir a curiosidade.

— Peguei hoje de manhã. – Respondo com certo desdém.

— E é aquilo mesmo que você desconfiou? – Ele para, para abrir a porta do
carro e entro sem dar resposta.

— Não vai mesmo me falar, não é? – Diz pegando minha mão enquanto dirige.

— Não mesmo! Amanhã, talvez um dia você saiba a verdade. – Brinco e ele ri.

— Era mesmo aquilo né? – Ele insiste e eu confirmo com a cabeça.

— Vixe. E como você pretende contar isso pra ele? – Mike para em um sinal e
aproveita para me encarar.

— Pra ser sincera, não sei! Talvez eu apenas entregue a ele o envelope com o
resultado e saia, talvez eu mesma fale pra ele tudo que tem que ser dito. Eu
não faço a mínima ideia do que fazer. – Encosto a cabeça no vidro e Mike
coloca o carro para andar novamente quando o sinal abre.

O resto do caminho foi bem silencioso e quando saltei do carro e encarei a


enorme porta de entrada da minha casa, imaginei Jackson com uma menininha
no colo me esperando chegar do trabalho e essa simples fantasia me fez
perder a batalha de cair no choro e deixei algumas lágrimas rolarem quando
passei pela porta. Fui caminhando pelo hall e olhando toda a casa, a
decoração, a organização absoluta e o chão de porcelanato liquido, tão polido
que mostrava meu reflexo. Isac e todos os empregados sabem bem como eu
gosto de limpeza e organização, então sempre deixam tudo bem arrumado,
mas eu explodiria de felicidade se estivesse chegando agora com Jackson e a
pequena Jasmine. Sim. Eu já pensei em um nome para ela.

Eu to me iludindo demais, to me deixando levar pela emoção.

Após chegar em minha suíte, o banho já estava pronto e Isac estava saindo do
banheiro.

— Rainha? – Se assusta. – O banho já está pronto e tomei a liberdade de


escolher este vestido para a senhora e esse salto.

Isac me mostra um vestido Versace midi draped preto e um salto Gucci


também preto.

— A bolsa eu deixo por conta da senhora. – Isac me encara enquanto analiso


o look que ele mesmo montou.

— Perfeito. Obrigada pelo banho! – Falo assim que ele se vira, mas ele para
na porta e volta para perto de mim.

Isac me abraça forte e eu sinto lágrimas transbordarem meus olhos.

— Você quer que eu fique aqui enquanto você toma banho? – Pergunta.

— Quero, na verdade, eu preciso! – Vou tirando as roupas e coloco no cesto.

Entro na banheira e mergulho a cabeça de uma vez na água perfumada e


fresca. Fico submersa por pelo menos um minuto e quando volto a superfície,
Isac está na beirada da piscina, sentado, me encarando.

— Pode começar a falar se quiser. Ou chorar. – E foi o que eu fiz. Chorei.


Muito.

Por que? Nem mesmo eu sabia, eu só estava chorando. Talvez pelo medo do
que poderia acontecer esta noite, talvez pelo aperto que sinto no peito quando
lembro do resultado e da decisão que precisará ser tomada. Tudo isso tem me
feito mal demais e o único jeito que tenho achado para descarregar isso é:
chorando, lutando ou matando alguém.

Fiquei pelo menos uma hora no banho, lavei os cabelos, sequei. Resolvi deixá-
los soltos mesmo e Isac faz uma maquiagem leve em mim. Apenas a pele
corada e iluminada e meu batom vermelho de sempre. Dessa vez eu escovei
os dentes antes de fazer a maquiagem, isso porque Isac me lembrou, se não já
sabem ne!?

Depois de arrumada, peguei uma bolsa de ombro preta com a tira em corrente
fina dourada. Dei um beijo na bochecha de Isac e coloquei o envelope com o
resultado do exame em minha bolsa. Precisei dobrar para caber ali, mas eu
não deixaria de levar. Obviamente.

Mike me esperava do lado de fora de casa e me deixou na frente do


restaurante em que marquei com Jackson. O mesmo estava na porta, num
terno branco, cavanhaque aparado, o Rolex de sempre no braço e uma postura
impecável.

Minhas pernas ficaram moles só de vê-lo pela janela do carro.

Antes que o manobrista chegasse até o carro, Jackson já estava abrindo a


porta para mim e me ofereceu sua mão grande e forte que eu aceitei de
imediato.

— Você está... – Ele continuou me olhando nos olhos. – Perfeita, como


sempre. – Fala depois de alguns segundos.

— Muito obrigada. Você também está deslumbrante, como sempre. – Dou um


sorriso e ele joga a cabeça pra trás colocando a mão no peito e me puxando
para mais perto.

— Esse seu sorriso mata mais que sua pistola. – Fala em meu ouvido e eu não
posso segurar mais um sorriso. – Vamos entrar.

Depois de acomodados e o pedido feito, o garçom serve o vinho que escolhi, já


que Jackson é péssimo com esse tipo de coisa.

— Eu estava com muita saudade... – Diz pegando minha mão livre encima da
mesa. – Tenho tanta coisa pra te contar, flor. Tanta coisa aconteceu nesses
últimos dias, eu nem sei por onde começar.

— Comece pelo começo. – Sugiro divertida.

— Ok. Como foi seu dia? – Ele me encara.

— Foi intenso, corrido, como sempre é. E o seu? – Tomo um gole do vinho.

— Foi interessante. Minha mãe está gostando dos Estados Unidos e da


facilidade de vida que tem aqui e está cada dia mais apegada pela neta. –
Jackson sorri ao dizer a última palavra. Neta...

Jackson continua me contando como está sendo cada dia com a mãe aqui e
com a pequena. Sim, eles a chama de pequena porque ainda não sabem um
nome pra ela.
Ele está envolvido demais com a criança e pelo o que parece, ela com ele. Ele
também disse que ela tem uma manchinha na nuca que é idêntica à de Denise.
Como eu vou contar o resultado pra ele? Senhor!

O jantar correu bem com ele falando sobre a menina e em como a vida de pai é
corrida e complicada, que a menina quase caiu da escada e ele quase infartou.

Após terminado o jantar e eu encher mais uma vez minha taça de vinho, decido
interromper Jackson.

— Jackson. – Falo um pouco mais alto que ele e o mesmo me olha. – Preciso
te entregar o exame... – Falo mais baixo.

— Ah, é verdade. – Ele pondera.

— Jackson, você já está apegado a essa criança e a partir do momento que


você ver o resultado, precisará tomar decisões, talvez difíceis, talvez fáceis.
Isso vai depender de você. – Respiro fundo e entrego a ele o envelope
dobrado.

Jackson abre e olha cada página com atenção. Peço outra garrafa de vinho
enquanto isso e encho minha taça quase ate a boca, deixando-a pela metade
numa golada só.

— Não é minha... – Ele sussurra. Os olhos marejados e uma expressão de


decepção e dúvida. – Apenas de Denise. Como conseguiu o DNA dela? – Ele
me encara.

— Você sabe que meu pessoal está na cola dela, não foi difícil chamar,
conversar e pedir uma amostra. – Tomo mais um gole – Denise me visitará
amanhã no escritório.

— Ela o que? – Jackson arregala os olhos.

— Jackson, é um pedido meu. Quero conversar com ela e talvez você participe
desta conversa. Acredite, não foi fácil tomar essa decisão. – Largo a taça na
mesa.

— O que acontece com essa criança agora? – Jackson olha pro nada,
pensativo.

— É aí que eu entro. Quero adotar essa criança! – Jackson arregala mais os


olhos.

— Como?

— Você ouviu bem. Tenho plenas condições de adotar e conversarei com


Denise para que ela assine os papéis e darei um bom dinheiro a ela para que
ela fique longe e ceda a guarda da criança. – Falo pegando a taça novamente.

— E como eu fico nessa história? – Jackson me encara perplexo.


— Eu não sabia que você estava tão envolvido com a criança. Isso muda
completamente meus planos. – Reviro os olhos.

— Poderíamos adota-la juntos... – Jackson suaviza o olhar e vejo a verdade ali.

— Precisaríamos ser casados pra isso, Jackson. – Falo com obviedade.

— Eu sei. Eu pensei muito nesses últimos dias e sei que o seu maior sonho é
ser mãe e meu maior sonho é passar o resto dos meus dias do teu lado. –
Faço uma pausa no gole quando vejo-o enfiar a mão no bolso do terno e tirar
uma caixinha.

Minha vista fica embaçada e um nó se forma em minha garganta quando


Jackson se levanta e vem até o meu lado.

— E como minha mulher? Você me apoiaria em adotar essa criança? – Diz


quando chega bem perto. – Florence. – Ele ajoelha e todos no restaurante têm
nossa atenção. – Casa comigo? – Ele abre a caixinha preta aveludada e me
encara.

— Jackson... – Eu posso jurar que estou mais vermelha que pimenta. – Eu...
Lógico que sim. – Dou um último gole no vinho e ele pega minha mão,
colocando a aliança em seguida. Era simples e perfeita.

— Eu amo você, Florence. – Diz me puxando e colando nossos corpos. Nossas


bocas a milímetros de distância. – Te amo e te quero na minha vida pro resto
da vida, com filhos ou sem filhos.

— Jackson. Eu te amo tanto. – Me desfaço em lágrimas enquanto ele cola


nossos lábios.

— Ela falou que me ama. – Ele fala mais alto olhando envolta para as pessoas
que nos olham, encantados. – Ela nunca me falou isso. Ela me ama, Porra. –
Puxo sua mão num sinal.

— Menos. – Falo dando um sorriso para as pessoas. – Aqui é um lugar fino.

— Ok, desculpa.

Jackson se senta novamente e só então eu reparo em sua mão esquerda um


anel grosso de ouro.

— Essa é a sua aliança? – Pergunto apontando.

— Sim. Já vim preparado porque eu sabia que você não ia recusar um pedido
do teu preto. – Da uma piscadela pra mim e eu abro um sorriso enorme.

A felicidade dentro de mim é impossível de conter. Eu quero gritar pro mundo


que amo esse homem. Depois de pagar a conta, Jackson caminha comigo até
seu carro dirige tranquilamente para sua casa.
— Tudo bem pra você dormir aqui hoje? – Pergunta enquanto estaciona o
carro.

— Sim. Eu só vou avisar a Isac para não me esperar. – Digo com um sorriso
nos lábios.

Após enviar uma mensagem a Isac e receber um ok como resposta, fico mais
tranquila e ai sim dou atenção a Jackson.

Estamos no sofá da sala, a única luz acesa é a da cozinha e o clima está


completamente favorável.

Jackson se senta no sofá depois de conferir se a mãe e a pequena estão


dormindo e eu apenas monto nele. Sentando em seu colo no ato.

Uma mão sua vai direto para minha cintura e a outra coloca uma mecha do
meu cabelo atrás da orelha, agarrando meu pescoço em seguida.

Nossos rostos se encontram frente a frente e nossa respiração começa a se


misturar, Jackson me encara com ardor, os olhos transbordando desejo. Não
aguento mais essa pressão e colo nossas bocas. Damos início a um beijo
calmo, porém necessário. Como se fossemos água no deserto um pro outro.

— Aquilo que você falou no restaurante é verdade? – Jackson para o beijo e


me encara.

— O que? – Pergunto confusa.

— Você realmente me ama? Ou só falou aquilo porque tinha pelo menos umas
cem pessoas olhando? – Sinto um pouco de insegurança e medo em sua voz.

— Jackson... – Fico séria. Ele tem a expressão carregada como se o mundo


dele fosse desabar a qualquer segundo. – Eu realmente te amo. Eu te amo
muito. Amo demais. Eu nem sei como consegui esconder isso por tanto tempo.
– Falo segurando suas mãos e entrelaçando-as com as minhas.

— Flor... – Sua voz falha e vejo seus olhos marejarem.

Agarro seus lábios com os meus antes dele terminar de falar e dou início a
mais um beijo. Bem molhado por conta das lágrimas que agora eu nem sei se
são minhas ou se são de Jackson. Acho que são nossas.

Depois de algum tempo nos beijos, carícias e juras de amor, um estalo corre
por meu cérebro.

— Meu amor, tudo está sendo maravilhoso e parece um sonho, mas vamos
voltar pra realidade... – Falo com uma carinha triste.

— É verdade. Então amanhã, Denise entrará pelas portas da Russel e


conversaremos com ela sobre a adoção da pequena. – Ele pondera.

— Jasmine... – Falo num sussurro.


— Como? – Jackson me encara com um sorriso nascendo nos lábios.

— Pensei em chama-la de Jasmine. – Falo sorrindo fraco.

— Eu... ainda não havia pensado num nome pra ela. Mas Jasmine, é perfeito. –
Jackson sorri.

— Então temos um nome para nossa pequena? – Pergunto sorrindo de orelha


a orelha.

— Sim, temos um nome para nossa pequena. – Jackson me beija novamente e


levanta indo em direção as escadas comigo ainda em seu colo.

Eu pareço uma pena nos braços desse homem.

Sou colocada em sua cama com cuidado e Jackson começa a se despir. Passo
o pé em seu abdome e dou uma risada. Que homem gostoso, deus do céu.

Quando só resta a sunga em seu corpo ele vem por cima de mim e começa a
me beijar. Agora um beijo apressado e carregado de luxúria.

Dou um pequeno empurrão em seu peito fazendo ele ficar de pé novamente e


me levanto tirando o vestido, ficando somente de calcinha e o coldre de perna
com minha arma.

— Você fica mais sexy com essa arma, sabia? – Jackson sorri mordendo o
lábio.

Removo o coldre deixando-o no criado mudo e pegando uma caneta que havia
ali. Prendo o cabelo com a caneta e ajoelho na sua frente. Colocando uma mão
de cada lado, puxo sua cueca pra baixo e seu membro salta. Dou um sorriso
safado e seguro-o com uma mão, levando-o até a boca e lambendo a cabeça
da forma mais sensual que sei. Começo a chupar com vontade deixando bem
molhado e arrancando gemidos guturais de Jackson, o que vai me deixando
molhada.

Forço contra a garganta e Jackson joga a cabeça pra trás soltando um “Filha
da puta” entre os gemidos. Desço a língua até suas bolas e sugo pra dentro da
boca enquanto toco uma punheta em seu pau. Vou lambendo das bolas até a
cabeça e intensifico. Sentindo que ele já começa a pulsar, aumento o ritmo e
deixo escorregar até bater em minha garganta. Sinto o jato quente encher
minha boca e engulo todo aquele liquido.

Jackson me pega pelo braço me fazendo levantar e num movimento rápido, me


joga na cama, de barriga pra cima e aberta. Sinto sua língua tocar meu intimo e
automaticamente meu corpo a faz ficar mais molhada. Jackson roça a língua
em meu ponto de prazer e chupa. Não preciso de muito pra me desfazer. Se
ele continuar nesse ritmo, eu vou gozar em cinco minutos. E o desgraçado
sabe bem disso. Então ele enfia dois dedos de uma vez em mim, me fazendo
arquear as costas e gemer mais alto.
— Só paro quando sentir teu mel na minha boca. – Ouço-o dizer entre meus
gemidos que tento a qualquer custo controlar para não acordar minha sogra e
minha futura filha.

Agarro o lençol da cama numa tentativa frustrada de conter um gemido, mas é


em vão. Ele sai assim mesmo e Jackson leva sua outra mão até um de meus
seios. Sinto os primeiros espasmos tomarem conta do meu corpo e parece que
Jackson também sente porque ele me olha e sorri, triando os dedos e a língua
de minha buceta.

— ARG, JACKSON. – Urro com raiva por ele ter cortado meu orgasmo.

— Calma, noiva, vamos brincar. – Diz malvado e eu soco o colchão.

— Agradeça por minhas mãos estarem longe da minha arma, você seria um
homem mortoooooooooo. – Prolongo a última palavra quando Jackson me
abocanha novamente e um espasmo percorre meu corpo.

Ele continua ali e então sem aguentar mais, me desfaço num orgasmo
arrebatador e alucinante. Esqueço qualquer outra coisa e até mesmo meus
gemidos saem altos e descompassados.

Antes que eu pudesse me recuperar, Jackson me invade com seu membro rijo
e enorme. Me sinto completa e na posição de papai e mamãe, ele me fode por
longos minutos. Até gozarmos e ficarmos cansados.

Deitamos de conchinha e Jackson me fez mais juras de amor antes de


apagarmos.
Capitulo 55

Acordei com o despertador de Jackson tocando sem parar e um peso em meu


peito.

Ainda com os olhos fechados, tentei sentir o celular dele e o alcancei no criado
mudo. Desligando-o e em seguida abrindo os olhos completamente e vendo a
cabeça de Jackson em meu peito e seu braço envolta do meu corpo.

Dei um sorriso e o chamei. Ele me encarou por dois segundos e sorriu voltando
a me abraçar.

— Pensei que tinha sonhado que tinha uma deusa grega na minha cama. –
Fala com a voz embargada ainda pelo sono.

— Para de ser galanteador e levanta, preciso passar em casa ainda pra trocar
de roupa. – Dou um tapinha em sua cabeça e ele levanta ficando de joelhos na
cama.

— Vou me acostumar com isso. – Sorri novamente e beija minha barriga nua.

— Costumamos a nos acostumar bem rápido com o que é bom. – Falo


levantando e indo até o banheiro.

Faço minhas higienes básicas vou até o closet de Jackson. Pego uma calça de
moletom e uma blusa de frio que me engoliu, mas pelo frio que está fazendo
essa manhã, tá ótimo.

— Você fica tão gostosa nas minhas roupas. – Comenta saindo do banheiro de
banho tomado.

Agarro em seu pescoço e beijo-o. Eu quero morar neste homem. Nunca me


senti tão apaixonada em toda minha vida. Eu o amo de verdade.

Me sento na cama e fico observando Jackson terminar de se arrumar. Ele


veste um terno Armani azul marinho, deixando aberto a camisa branca
marcando quase todos os seus músculos. Ainda bem que na Russel tenho meu
próprio elevador, já imaginou todas aquelas mulheres cobiçando meu homem?
Eu surtaria.

— Florence? – Jackson acena na frente de meu rosto e saio de meus


pensamentos.

— Oi?
— No que estava pensando? – Pergunta me levantando da cama. – Algo bem
ruim pra te deixar com essa cara de raiva.

— Nada demais. Vamos tomar café? – Desconverso.

— Vamos.

Descemos as escadas agarrados e tomo um susto quando vejo dona Simone


na mesa já montada com várias coisas de café da manhã.

— Bom dia, crianças! – Ela diz alegre e sinto meu rosto ficar vermelho.

— Bom dia, dona Simone. – Falo sem graça e reparo na pequena em seu colo.

— Bom dia, mamãe. – Jackson fala feliz e se senta na cabeceira da mesa.

Me sento ao seu lado direito, de frente para dona Simone.

— Hoje está frio né? – Ela comenta sorrindo enquanto dá uma papinha branca
para a criança.

— Bastante. – Respondo. – O que está dando a ela? – Pergunto.

— Um cereal de arroz infantil com leite e um pouquinho de açúcar. Ele é bem


fininho. Aí fica essa papinha aqui, ajuda a fortalecer. – Ela me mostra no
potinho.

— Ah, sei bem o que é. – Falo identificando a papinha e me sirvo de uma


porção de salada de frutas.

— Sabe, ela chegou lá em casa bem magrinha. Como se estivesse passando


fome. – Dona Simone olha pro nada como se recordasse o estado anterior da
menina. Isso fez meu peito apertar. – Não recusou nada que eu dei para
comer. – Agora ela tem um sorriso simpático nos lábios. – Como foi o pedido?
Tudo correu bem? – Dona Simone encara Jackson que sorri.

— Bem, ela aceitou, não foi, amor? – Fala olhando pra mim.

— Ela sabia? – Pergunto sem graça.

— Eu quem dei a ideia. Minha filha, aquele dia do laboratório, eu percebi que
você ficou mexida quando ele te apresentou como amiga dele. Quem ele
queria enganar eu não sei, porque Yolanda me conta tudo que ele apronta e eu
já sabia de você desde quando você passou uns dias na casa dele na França.
Yolanda me ligou avisando que havia uma moça muito bonita lá com ele e que
ele ficou diferente desde quando conheceu você. – Ela me dá um sorriso
polido. – Quando chegamos aqui depois do exame, eu o chamei para
conversar e ele me contou tudo sobre vocês, até que você o ajudou com as
drogas e eu percebi que ele só pisou na bola com você. Tentou te afastar, te
apresentou como uma amiga. Eu o aconselhei a te pedir logo em casamento, já
que ele te ama do jeito que diz que ama. – Ela deu um suspiro e olhou para
Jackson e depois para mim. – Eu nunca vi meu filho feliz ao falar de uma
mulher, nunca vi meu filho fazer planos de adotar uma criança que poderia nem
ser dele, só porque o sonho dessa mulher é ser mãe. Então eu o aconselhei a
te pedir em casamento logo, até porque, eu não vou viver por muito tempo pra
ver meu único filho casando. – Dona Simone terminou de falar e minhas
lágrimas rolavam sem parar.

— Amor, não chora se não for de felicidade. – Jackson pede.

— É de felicidade. – Afirmo e ele sorri pegando minha mão e deixando um beijo


ali.

— Eu te amo. – Ele sussurra.

— Eu também te amo, muito. – Mando um beijo no ar. Dona Simone seca uma
lagrima em seu olho.

— Vocês fazem um casal tão lindo. Eu faço tanto gosto.

— Eu também acho. – A voz de Yolanda surge da cozinha e dou um sorriso


quando ela vem me abraçar. – Quando é o casamento?

— Em breve! Muito em breve. – Jackson responde piscando pra mim.

Depois de alguns minutos me recompondo, Jackson conta para a mãe que a


criança não é filha dele.

— E agora? – Dona Simone me encara como se somente eu tivesse a resposta


pra essa pergunta.

— Agora iremos tentar um acordo com Denise e fazer ela ceder a guarda da
criança. – Falo imponente entrando no meu modo executiva.

— Ótimo, e quando irão fazer isso? – Dona Simone pergunta agoniada.

— Daqui duas horas. – Respondo olhando no relógio do celular. – Falando


nisso, vamos Jackson, preciso passar em casa e me arrumar ainda.

Me levanto da mesa e dou um beijo de despedida em dona Simone. Jackson


faz o mesmo e saímos. O gelo bate em meu rosto e eu posso jurar que entrei
num freezer.

Jackson acelera o carro em direção a minha casa e já chego trocando de


roupas, colocando uma calça e uma blusa de frio com um sobretudo bege e
uma bota preta. Pego minha bolsa, arrumo o cabelo e volto pro carro onde
Jackson me esperava.

— Esse inverno vai ser difícil... – Comento quando entramos na cidade e o


movimento de pessoas com roupas de frio aparece em meu campo de visão.

— Não estou com esse frio todo. – Ele diz sem tirar os olhos da estrada.
— Porque estamos na Flórida, não na França. O inverno na França é inverno
mesmo, aqui não. – Falo.

— Verdade, prefiro a França, nisso. – Comenta.

O resto da viagem até a Russel corre entre conversas descontraídas.

Depois de acomodados em minha sala, começo a trabalhar em meu


computador e Jackson em seu notebook até o telefone tocar.

— A senhorita Denise deseja vê-la. Ela disse que tem hora marcada com a
senhora, mas na agenda não tem nenhuma Denise. Deixo entrar? – Anne
pergunta ao telefone.

— Pode deixar entrar. – Falo e Jackson me encara como se já soubesse quem


era.

— Jackson, Florence. – Denise nos cumprimenta assim que Anne bate a porta.

— Denise. – Falamos em uníssono.

— O que você queria comigo, Florence? – Denise cruza os braços e então eu


caminho até minha cadeira, me sentando.

— Sente-se. – Aponto a poltrona a minha frente para que ela sentasse e


Jackson senta ao lado dela. – O que temos para conversar é uma coisa
simples, dependendo do ponto de vista e da sua colaboração.

— Estou ouvindo. – Ela se ajeita na poltrona e olha para Jackson de cima a


baixo.

— Bem, como você sabe, a criança que você deixou na casa da mãe de
Jackson, não é dele. – Falo sem rodeios.

— Não? – Ela parece realmente chocada.

— Não seja sínica, você já sabia disso. – Falo um pouco mais alto.

— Eu tinha uma leve desconfiança, mas tinha quase certeza que era de
Jackson... foi bem quando estávamos juntos e... – Ela para de falar como se
lembrasse de algo.

— Enfim, Denise. Nós queremos saber, o que você vai fazer com essa
criança? – Pergunto.

— Eu não sei. Eu não tenho condição de cria-la. Por isso deixei ela com sua
mãe. – Ela olha para Jackson. – Vocês podem dar a ela uma vida de verdade,
eu não. E nem quero. Eu to em outra agora, estou resolvendo minha vida,
quero paz, não preciso de uma criança para me atrapalhar.

— Como você consegue ser tão fria? – Pergunto.


— Eu não quero essa criança, pode ficar pra você. – Ela fala sem nenhum
remorso. – Preciso assinar alguma coisa? – Pergunta e olha novamente para
Jackson.

— Ela tem certidão? – Jackson pergunta.

— Não. Eu a tive em casa, não quis ir pro hospital. – Ela masca um chiclete
incansavelmente e isso me irrita demais.

— Então eu só preciso que assine isto aqui. – Entrego-lhe alguns papeis.

— O que é isso? – Ela me encara desconfiada.

— Um termo de confidencialidade. Onde você declara manter sigilo sobre


qualquer assunto conversado aqui, me dando total direito de te processar caso
este assunto vaze e com uma multa milionária. Você também vai ganhar uma
quantia em dinheiro que está na folha seguinte, essa quantia é para você se
manter distante da criança e de nós todos. Caso você quebre qualquer clausula
deste termo, fica sujeita a multa e um processo que vou fazer de tudo para te
derrubar. – Termino de falar entregando-lhe uma caneta e cruzando os dedos
na mesa em seguida.

Vejo-a assinar todas as folhas com uma certa pressa e me entrega a caneta.

— Quando eu recebo essa quantia? – Pergunta.

— Já está em sua conta. – Jackson responde.

— Certo. – Levanta e Jackson e eu fazemos o mesmo seguindo-a até a porta.


– Dez de maio de dois mil e dezenove. – Ela fala parando na porta.

— Como? – Jackson pergunta.

— O dia que ela nasceu. Dez de maio de dois mil e dezenove, às duas e vinte
da madrugada. Foi uma dor desgraçada, mas ela nasceu. Saudável e chorona.
Cuidem dela, eu nunca iria conseguir.

— Vamos cuidar. – Falo.

Abro a porta e ela se retira.

— Missão cumprida? – Jackson me puxa para um beijo.

— Quase. – Descanso a cabeça em seu ombro. – Agora preciso falar com um


pessoal que eu conheço no cartório, no hospital e emitir a certidão dela com a
data, horário, nome do pai e da mãe.

— Isso dá muito trabalho? – Pergunta fazendo cafune nos meus cabelos.

— Não, com a quantidade certa de dinheiro, tudo acontece. – Me desvencilho


de seus braços e vou até minha mesa, pegando meu celular.
Começo a ligar para algumas pessoas que podem me ajudar com isso e
começo a resolver essa última parte do problema.
Capitulo 56

Foram necessários apenas cinco dias para que Florence me ligasse mandando
eu ir até o cartório próximo a Russel e emitirmos a certidão de nascimento da
pequena Jasmine. Florence chorava igual criança perdida da mãe e eu não
fiquei pra trás não.

— Agora ela é nossa! – Sussurro em seu ouvido quando saímos do cartório.

— Toda nossa. Eu quero ir pra casa, quero ver nossa pequena. – Florence
pede com o rosto no meu ombro.

— Vamos agora! – Digo arrastando-a para o carro.

Ao chegar em minha casa, a pequena Jasmine já pula em meu colo falando um


papai embolado.

— Ela falou papai? – Florence me olha assustada quando me viro pra ela com
a menina no colo.

— Sim, minha mãe fica ensinando e eu ajudo. – Confesso, brincando com a


pequena em meu colo. – Essa é a mamãe. – Aponto para Florence.

— E a mamãe tem um presente para a neném Jasmine. – Ela diz brincando


com a menina que ri e se joga para seu colo.

— Ah meu deus, ela me quer. Ela me quer. – Florence a pega em êxtase.

Depois de alguns minutos brincando com Jasmine no tapete da sala, Florence


pega um pacotinho em sua bolsa e entrega a Jasmine que olha curiosa.
Florence a chama para seu colo e a pequena chega lá entre tropeços. Florence
abre o pacotinho em suas mãos e mostra para Jasmine uma correntinha de
ouro com o nome Jasmine gravado.

— É ajustável. – Ela me encara. – Ela vai poder usar pra sempre.

— Mamãe, estava pensando melhor e agora que temos a documentação


completa dela, temos que leva-la no medico para uma bateria de exames,
Denise usava muita droga e aposto que durante a gravidez, não mudou isso.
Pode causar algum problema para a pequena Jasmine. – Florence sorri para
mim.

— A consulta já está marcada, para amanhã. – Ela brinca com a menina que
fica olhando os anéis que Florence tem nos dedos.

— Hm, mãe prevenida. – Falo admirado.


— Meninos, eu já vou indo. O Uber está na porta me esperando. – Minha mãe
aparece nas escadas, com uma mala nas mãos. Corro para ajudar.

— Dona Simone, a senhora volta para o casamento, né? – Florence pergunta


já de pé, com Jasmine no colo e ela concorda.

— Volto sim, mas eu preciso organizar minhas coisas por lá. Se não, ficaria de
vez aqui, para ajudar com a neném, mas tenho certeza que você vai ser uma
mãe incrível, assim como você já foi um dia. – A duas se abraçam e Florence
está com olhos marejados.

— Já vi que vocês duas vão se juntar pra acabar comigo. – Falo. – Só vou ter
meu neném comigo nessa.

— Ai Jackson, se manca! – Minha mãe fala revirando os olhos e Florence ri.

— Tchau, mãe. Sua benção. – Falo dando um beijo no topo de sua cabeça.

— Deus abençoe vocês três. Que os anjos do céu guardem a família de vocês.
– Ela faz o sinal da cruz no ar e se vira indo pra porta, abro pra ela e um carro
sedan espera na rua.

— Dona Simone, vou esperar a senhora pra me ajudar com as coisas do


casamento, pelo amor de deus, não me abandona. – Florence fala enquanto
abraça a sogra.

— Pode deixar. Eu não perco esse evento por nada. – Minha mãe fala animada
e se despede da neta com um beijo.

— Preciso ligar para minha mãe. – Florence comenta assim que entramos em
casa novamente. – Ela disse que vem para me ajudar com as coisas do
casamento.

— Bem, eu sei que você vai ficar responsável pela minha roupa e tudo mais,
então eu só vou concordar com o que você fizer e disser. – Digo dando um
beijo em sua têmpora.

— Ah, também não é para tanto, mas você bem que poderia arrumar alguma
coisa pra fazer mesmo, tudo está sendo organizado por mim e temos apenas
duas semanas. Natal é logo ali... – Comento.

— O que você quer que eu faça? – Pergunto colando nossos corpos.

— Que tal começar a organizar a mudança? – Florence da um sorriso.

Ela sabe me manipular direitinho. Odeia essas burocracias de mudanças, por


ela, morava em um de seus hotéis. Só para não ter que lidar com mudança.

Na última semana, Florence tocou no assunto da mudança, coisa que ainda


não havia passado pela minha cabeça. Eu não esperava construir uma família
assim do nada, então obviamente eu não pensei em nenhum detalhe, mas
Florence já passou por isso antes, então ela já sabe essa dança e está me
conduzindo.

Como temos uma filha agora, precisamos morar juntos e Florence fez questão
que fosse na casa dela e eu também acho melhor assim. Lá tem mais
segurança e mesmo que eu não quisesse, ela seria irredutível nisso. A palavra
dela é lei!

Por algum motivo que eu ainda não sei qual, Florence trouxe uma mala de
roupas e está ficando aqui em casa comigo e com Jasmine. Disse que ainda
não podemos ir para sua casa, mas que quando ela falar, iremos
imediatamente.

— No outro jardim, Isac! – Ouço-a no telefone. – Isso mesmo, na parte mais


florida. – Fez uma pausa. – Providencie algo para esconder essa parte. – O
oceano ficará ao fundo... Exatamente. Me mande fotos. – Ela desliga e me
encara.

— Isso é para o casamento? – Pergunto.

— Sim. – Ela abre um sorriso enorme. – Eu to tão feliz! – Me abraça apertado.

— Eu também estou e te amo tanto... – Coloco uma mecha de seu cabelo para
atrás da orelha e desço a mão para seu queixo.

Eu poderia ficar horas só admirando a beleza dessa mulher, mas somos


interrompidos por um serzinho em nossas pernas. Florence abaixa para pega-
la no colo e ela solta uma gargalhada. Talvez a gargalhada mais gostosa que
eu já tenha ouvido na vida e Florence parece pensar a mesma coisa.

— Mama... mama – Jasmine soltou segurando com as duas mãozinhas o rosto


da Mãe.

— Ela falou mamãe. – Florence falou animada. – Ela falou mamãe.

— Sim, amor. Ela te chamou de mamãe.

O resto do dia foi uma delícia ao lado das duas mulheres da minha vida, nós
brincamos com Jasmine e ensinamos ela a falar outras palavras, pelo menos
tentamos, mas não saiu muita coisa. Florence é uma ótima mãe, sempre
preocupada com tudo que a menina come, com horários, banho e agora, a
consulta que temos marcada amanhã.

Acordamos bem cedo para levarmos a pequena Jasmine à consulta com o


pediatra, provavelmente é a primeira vez que a menina faz exames, primeira
vez que vai a um consultório médico. Ela não teve medo em momento algum e
demos a sorte de pegarmos uma enfermeira bem treinada e tranquila para
recolher o sangue da pequena. Sangue este que foi levado para o laboratório
imediatamente com pedido exclusivo de prioridade.

Enquanto estávamos na sala de espera, resolvi meia dúzia de assuntos da


Russel, estamos trabalhando a todo vapor depois que recebemos tanta matéria
prima, também pegamos um grande projeto de distribuição de medicação, a
famosa farmácia popular, invenção ótima do governo. Então meu pessoal dos
laboratórios está trabalhando feito loucos para a fabricação desses remédios,
são vários, para problemas graves e alguns para problemas mais comuns.
Coisa boba para o patamar da Russel, mas mesmo assim temos um prazo de
entrega da primeira remessa e o contrato com o governo é de dois anos.

Estava analisando um gráfico que o escritório de contabilidade responsável


pela conta da HM me enviou essa manhã, pedindo revisão minha com
urgência, algo de errado havia chamado atenção deles e como a HM agora é
uma associada do grupo Russel, qualquer problema ou suspeita, eles enviam
diretamente para mim, Jackson e Kobe só servem para assinar como donos da
empresa e fazer meu material clandestino chegar na Russel.

Era muito surreal a queda de capital que a empresa havia tido nesse mês. Até
onde sei, Jackson nem Kobe fizeram alguma compra exorbitante assim e
mesmo que fosse, eles não mexeriam no capital da empresa.

Pedi ao chefe do escritório para me enviar todos os gráficos dos últimos dois
anos e em cinco minutos outro e-mail chegou em minha caixa. Abri a planilha e
joguei o valor atípico na caixa de pesquisa, oito resultados. Em dois anos,
alguém retirou um valor aproximado num intervalo de 4 meses.

A pessoa que fez isso sabia que a HM passava por revisão apenas de três em
três meses, sempre tem um dia do mês que não entra no relatório, e
conhecendo bem, a pessoa roubou esse dinheiro. Dois milhões em dois anos,
cerca de duzentos e cinquenta mil em cada um dos oito meses que isso
ocorreu. Sim, aconteceu oito vezes e a contabilidade da HM não viu isso,
Jackson perdeu mais de dois milhões para um funcionário, porque além do que
roubou, ainda recebia o salário.

— Jackson. – Chamei sua atenção que estava toda em Jasmine que brincava
com os brinquedos coloridos da sala de espera do consultório. – Quem cuidava
da sua contabilidade antes da HM entrar para o grupo Russel? – Perguntei
séria.

— O escritório de um amigo, por que? – Me olhou intrigado e depois olhou para


tela de meu notebook em meu colo.

— Você sabia das movimentações que eram feitas a cada quatro meses? –
Seu olhar estreito e a dúvida faz sua cabeça inclinar.

— Movimentações do capital da empresa? – Pergunta ainda tentando


entender.
— Sim, duzentos e cinquenta mil a cada quatro meses, oito vezes, em dois
anos. Dois milhões. – Falo pausadamente e seu queixo cai no mesmo instante
que seus olhos arregalam.

— Lógico que não sabia disso, o padrão da HM não era esse. – Ele puxa o
notebook de meu colo olhando a planilha.

— Aqui. – Aponto os locais certos na tela e ela encara cada número com
desconfiança. – Se não foi você, nem Kobe que fizeram isso, alguém fez.

— Não, eu e Kobe temos nosso dinheiro, não mexeríamos no capital se não


fosse uma emergência, mexemos apenas quando tive problemas com as
drogas, depois disso, não mexemos nunca mais. – Ele fala ainda olhando para
tela.

— Ótimo, eu já pedi uma investigação pente fino, logo acharemos o culpado,


mas preciso que pense bem e se for o caso, ligue para esse “amigo” seu e
pergunte o que houve aqui. – Aponto para tela.

— Como você achou isso? – Me encara com o cenho franzido.

— A HM pertence ao meu grupo agora, por mais que o dono seja você, quem
revisa tudo é o meu pessoal, não o seu. – Falo com clareza. – E essa pessoa
acabou de tirar mais duzentos e cinquenta mil da conta da HM na França.
Movimentação estranha para meu pessoal que está acostumado com um ritmo
só. – Falo com um sorriso malandro nos lábios.

— Certo, vou entrar em contato com o escritório e pedir a retirada da conta, até
porque, não precisamos mais, não é mesmo? – Ele me entrega o notebook e
volta a olhar para Jasmine.

Jackson não tem vocação alguma para ser milionário. Como alguém rouba dois
milhões e ele ainda está calmo assim? Eu estaria caçando essa pessoa e faria
ela morrer lentamente.

— Como consegue ficar calmo nessa situação? – Pergunto sem conseguir


segurar.

— Florence... – Ele me encara. – Depois falamos disso. – Volta a olhar para


Jasmine.

— Jackson, não podemos simplesmente deixar pra lá... – Neste momento sou
interrompida por uma voz suave.

— A pequena Jasmine Hawks? – Uma mulher morena aparece na porta do


consultório.

— Somos nós! – Jackson levantou e pegou Jasmine no colo.

Bati a tampa do notebook e o enfiei na bolsa de qualquer jeito, me levantando


rapidamente e seguindo meu noivo burro com nossa filha no colo.
— Sentem-se. – Pediu a mulher. – Sou a doutora Nicole, pediatra, obvio e
soube que já chegaram aqui fazendo a coleta para exames da pequena
Jasmine.

— Isso mesmo. Na verdade, é um caso complicado. – Falei olhando para


Jackson e depois para a doutora. – Ela não é nossa filha biológica, passou por
alguns maus bocados desde o nascimento e essa provavelmente é a primeira
vez que ela vem a um pediatra. Por isso já estávamos com o pedido dos
exames. – Explico.

— Certo. Vamos fazer uma avaliação física primeiro. – A medica se levantou e


Jackson entregou Jasmine a ela.

Nicole colocou a pequena numa balança infantil e anotou o peso, mediu a


altura, analisou os olhos, os dentes, o ouvido, a garganta, os dedos dos pés.
Só faltou olhar cada fio de cabelo.

— Bem, pais, externamente ela está ótima. – Ela sorri e enfia a mão no bolso
do jaleco retirando uma pazinha de plástico na cor vermelha e entrega a
Jasmine que já pega querendo arrancar o plástico que envolve a pazinha, e ela
consegue. – Tem gosto de morango – Ela diz dando um sorriso para Jackson.
O que me incomodou um pouco. – Vamos dar uma olhadinha nos exames.
Pode deixá-la ali. – Diz apontando para um canto no consultório onde há vários
brinquedos. Jackson prontamente coloca a menina lá e ela se distrai brincando
e chupando a pazinha com gosto de morango.

Depois de alguns minutos olhando para tela do computador, Dra. Nicole abre
uma gaveta e tira um tablet de lá. Com uma caneta touch screen ela abre o
exame de Jasmine e vira o tablet para mim e Jackson.

— Como podem ver, quase tudo está normal, mas temos um desfalque
preocupante aqui. – Ela circula os leucócitos, meus olhos vão direto para as
taxas e estão em dois mil, o que é bem baixa pra ela.

— Baixa imunidade. – Falo num sussurro, mais pra mim do que para eles.

— Exatamente! – Nicole me olha, assim como Jackson. – Senhora... Russel. –


Olha o nome na ficha antes de falar. – A senhora é da área da saúde? Ou
apenas curiosa e uma mãe muito preocupada? – Sorri para mim e eu respiro
fundo para não socar a cara dessa mulher.

— Farmacêutica. – Falo sem rodeios. – Nesse caso, se não há nenhuma


anormalidade além da imunidade, um suplemento vitamínico ajuda, certo? –
Pergunto.

— Sim. Vou receitar L-lisina e complexo vitamínico de A a Z, uso infantil. –


Falou escrevendo na receita e carimbando em seguida. – Faça o uso por um
mês e voltem para uma avaliação. Vou dar um encaminhamento para uma
nutricionista, a alimentação também conta nesse caso. – Novamente ela sorri
para Jackson.
A palma da minha mão está marcada pelas minhas unhas. A doce Nicole
entrega a receita com um cartão de visitas para Jackson e sorri novamente
para ele.

— Já acabamos então? – Pergunto.

— Sim. Meu número está no cartão, qualquer coisa pode me ligar. – Diz
olhando para nós dois. – Deixei meu número pessoal no verso, caso seja uma
emergência na madrugada. – Agora ela olha somente para Jackson.

— Agradecidos. – Digo em tom severo. – Jasmine, filha. Vamos? – Chamo a


pequena que ainda brincava, mas que logo se levantou e em passos bem
desastrados correu até onde estávamos. O pai, logo a pegou no colo.

— Tchau, princesa. A tia Nicole vai esperar você voltar. – A quenga fala
brincando com Jasmine, perto demais de Jackson. Sem necessidade.

— Vamos, Jackson. Eu ainda preciso ir para a Russel. – Falo pegando em seu


braço com a mão livre.

— Doutora Nicole, foi um prazer conhece-la e Jasmine adorou esse


consultório. No próximo mês estaremos aqui novamente, com essa pequena
mais forte do que nunca. – Jackson fala sorrindo e a doutora se derrete. No
meu sorriso.

— O prazer foi todo meu, aguardarei ansiosamente. Tenham um bom dia. – Diz
abrindo a porta e sou a primeira a sair, respondendo o bom dia o mais
secamente possível.

Saímos do consultório que ficava no quinto andar de um prédio clinico e fomos


diretamente para o elevador que estava no vigésimo andar. Sai apertando
todos os três elevadores, o que chegasse mais rápido, nós entraríamos.

— Anda logo. – Murmurei para o elevador.

— Está com pressa, meu amor? – Jackson pergunta vendo minha agonia.

— Sim, vamos almoçar e depois ir para a Russel. – Falei. – Quero dizer, eu irei
para a Russel, você ficará em casa com Jasmine. – Falo corrigindo a frase
anterior e pensando que precisaríamos de uma babá logo, tudo que eu não
queria.

— Posso ir para a Russel hoje e você fica com Jasmine. – Oferece, mas recuso
com um aceno de cabeça.

— Preciso ir, tenho coisas para resolver que somente eu posso resolver. –
Deixo claro.

— Ok então. Te aguardarei ansioso em casa. – Diz me puxando e me beijando


de forma carinhosa. Nessa hora, o elevador chega. Vazio.
Entramos no elevador e quando as portas iam se fechar, uma mão interrompe.
Uma mão feminina e morena.

— Quase perco. – Doutora Nicole entra com a respiração ofegante.

Ela estava vestida numa calça jeans e uma blusa fina de frio. Os cabelos
castanhos claros com cachos bem definidos, a pele morena, os dentes brancos
e perfeitamente alinhados.

— O processo de adoção foi muito complicado? – Perguntou ela olhando para


mim e depois para Jackson.

— Na verdade não, foi bem tranquilo. Com os contatos de Florence, tudo foi
bem rápido. – Jackson responde antes que eu pudesse pensar numa resposta
menos vulgar do que a que estava na ponta da língua. Sorrio.

— Que bom. É a primeira filha de vocês? – Diz olhando Jasmine no colo do


pai.

— Sim. Primeira de muitos. – Jackson sorri e cola mais meu corpo no seu.

— Assim seja. – Falo baixo.

— Acho que eu ainda vou demorar pra ter filhos, gosto muito de trabalhar e não
conseguiria ficar longe da criança por muito tempo, apesar de trabalhar com
elas. – Diz sem ninguém perguntar e eu apenas sorrio rapidamente.

— Está sendo uma experiencia e tanto, para nós dois, não é, amor? – Jackson
fala me olhando.

— Sim. Olha, chegamos. – Falo assim que o elevador apita e as portas


começam a se abrir.

— Bem, até breve. – A vaca fala acenando e mexendo nos cabelos quando
Jackson responde.

Pego Jasmine de seu colo e ando rápido em direção ao carro, abrindo-o e


colocando-a na cadeirinha no banco de trás.

Bato a porta e quando me viro, dou de cara com Jackson atrás de mim.

— Que susto, homem! – Falo colocando a mão no peito.

— Desculpe. Nós esquecemos de marcar a consulta para o próximo mês. –


Quer que eu volte lá? – Pergunta segurando meu rosto com uma das mãos
enquanto a outra estava na minha cintura.

— Não, eu ligo depois e marco. – Falo ficando na ponta dos pés e dando-lhe
um selinho rápido. – Vamos, temos que almoçar e comprar o remédio da nossa
pequena.
Entro no carro e Jackson dá a volta entrando do lado do motorista, dando
partida em seguida.
Capitulo 57

Depois de sair do consultório da Doutora Nicole, dirigi até uma farmácia e


Florence desce para comprar os remédios, mas não levou a receita, segundo
ela, não precisava, pois, sabia exatamente o que comprar. Fiquei no carro e a
observei entrar na Farmácia e logo depois sair com uma sacola e entrar numa
outra loja ao lado da farmácia, demorando um pouco mais e saindo logo
depois, vindo em direção ao carro.

— Comprou mais o que? – Pergunto assim que ela bate à porta do carro.

— Alguns chás que estão faltando em casa. – Sorri rapidamente. Está


mentindo, sei quando está, mas por que?

— Certo, para casa agora? – Pergunto dando partida.

— Me deixa na Russel por favor. Preciso resolver algumas coisas lá, vá para
casa com Jasmine e dê almoço a ela, almoce também. – Diz acelerada com a
expressão fechada cheia de dúvidas e raiva.

— O que está acontecendo? – Pergunto quando paro o carro na frente da


Russel.

— Nada. – Fala sem me encarar.

— Não mente pra mim, amor. Eu sei que alguma coisa está te incomodando.
Fala o que é. – Peço pegando em sua mão.

— Em casa conversamos. Vejo vocês mais tarde. – Diz pegando a bolsa que
está em seus pés. – Comportem-se e... – Ela me puxa, me dando um beijo
delicioso que faz meu pau acordar de imediato. – Eu amo vocês. – Sai do carro
e anda em direção à entrada da Russel.

Como sempre, fico parado observando sua imponência quando e por onde
passa, sua gentileza com todos os funcionários, o respeito e a admiração que
todos tem por ela, uma verdadeira rainha e todinha minha.

Fui pra casa pensando no que ela queria conversar comigo, o que seria tão
importante assim?

Eu sei que ela ficou com ciúmes da Doutora Nicole, não vou negar que gostei
de vê-la com ciúmes, as vezes é saudável, só não pode se tornar algo doentio.
Também não vou negar que a pediatra da nossa filha é uma mulher muito bela
e se fosse alguns bons meses atrás, eu com certeza jogaria um charme e
levaria ela pra cama, como fiz com várias. Mas como Kobe e Mike dizem, eu
estou com os quatro pneus arriados pela Florence e o step também já foi de
ralo.

Eu simplesmente não consigo ver maldade em outras mulheres, pra mim são
indiferentes, se são bonitas, feias, se são corpulentas ou magricelas. Eu amo
apenas uma mulher e só tenho olhos para ela, e ela se chama Florence
Russel.

Sorri e cantarolei ao volante, fui direto pra casa almoçar e dei almoço para
Jasmine, Florence fez questão de cozinhar e deixar tudo pronto para que eu só
esquentasse quando chegasse em casa. É uma mãezona mesmo.

As horas foram passando e depois do soninho da tarde de Jasmine, eu e ela


ficamos brincando no chão da sala, o frio estava piorando a cada dia e eu não
sei se Jasmine tem roupas de inverno. A malinha dela tinha pouquíssima coisa,
Florence que compra as coisas pra ela e todo dia chega aqui com algo novo,
particularmente eu acho incrível, ela nasceu pra ser mãe, mesmo sem ter sido,
ela entende tudo que Jasmine fala, tudo que ela sente e o que ela precisa, na
hora que precisa.

Hoje não foi diferente. Já estava escurecendo quando a porta abriu e a mulher
mais linda desse mundo apareceu no meu campo de visão. Levantei do sofá
para ajudá-la com a quantidade de bolsas que ela estava carregando.

— O que temos aqui? – Falo pegando algumas das sacolas de suas mãos.

— Vi no jornal que a frente fria está chegando e decidi comprar agasalhos para
Jasmine, acho que ela não tem roupas muito quentes, trouxe algumas coisas
de mercado também, podíamos fazer um lanche hoje ao invés de jantar. – Diz
acelerada entrando em casa.

— Acho uma excelente ideia, o que tem em mente? – Pergunto levando as


sacolas para a cozinha.

— Vamos fazer hot dog, mas hot dog brasileiro. – Diz sorrindo e retirando
algumas coisas das sacolas. – Aqui temos linguiça calabresa fina, salsicha, pão
e algumas outras coisas que usamos no “cachorro quente” de lá. É uma coisa
dos deuses e deixa esse hot dog daqui no chinelo. – Termina de falar com um
sorriso orgulhoso nos lábios.

— Estou curioso, confesso. Mas com medo. – Rio e ela me dá três tapinhas no
ombro indo pra pia com as coisas.

Fico observando cada um de seus movimentos. Primeiro ela lavou bem as


mãos, depois removeu uma espécie de capa da linguiça e cortou no meio cada
uma delas. As salsichas ela apenas lavou e jogou numa panela com água,
junto com as linguiças partidas ao meio e levou para o fogão.

— Vou tomar um banho, quando essa água ferver e a salsicha soltar bastante
o corante, você desliga o fogo e escorre essa água. Enquanto isso não
acontece, lave esses tomates e corte, tire as sementes e coloque pra bater no
liquidificador. Vai virar uma pastinha, aí você desliga. Aproveite para picar
essas cebolas. Desta forma. – Ela pega uma cebola, a tabua e começa a
manusear a faca, cortando em pedacinhos. – Entendeu? – Me encara com um
sorrisinho nos lábios.

— Sim senhora. – Roubo um selinho e ela sai.

Observo-a pegando algumas sacolas e indo até Jasmine que ainda brincava no
chão da sala. A pequena se jogou no colo da mãe e Florence subiu as escadas
com ela no colo.

Começo a fazer o que ela pediu e confesso que pedi aos deuses que Yolanda
não estivesse de folga hoje.

Cheguei na suíte com Jasmine no colo e a coloquei sentada na cama, retirei as


roupinhas novas que comprei para ela das sacolas e removi a roupinha que ela
estava.

— Vamos tomar banho com a mamãe? – Perguntei a ela como se ela estivesse
entendendo tudo que eu estava querendo dizer.

Jasmine só sorriu e fez festa, como ela sempre faz, me arrancando o sorriso
mais gostoso que já dei em toda minha vida.

Entrei no banheiro com ela no colo e tomamos um banho quentinho. Depois


saímos e eu coloquei o pijaminha que comprei pra ela ontem, ficou uma fofura
só, era um macacão branco com vermelho e tinha um capuz com orelhinhas,
tirei uma foto dela e a deixei brincando com meus sapatos enquanto eu
colocava um pijama.

Passei meus cremes, perfumes e o hidratante facial. Peguei Jasmine no colo


novamente e desci as escadas.

— E aí? Queimou alguma coisa? – Pergunto a Jackson que estava sentado na


mesa de Jantar.

— Não, estava olhando uma receita aqui no celular. Eu refoguei a cebola, tem
problema? – Fiz que não com a cabeça. – Também piquei o pimentão verde
que você trouxe, agora o resto é com você. – Falou levantando, olhei de
relance para o celular e vi a conversa de Isac aberta.

— Ok, Isac te ensinou certinho. – Falo indo para a cozinha e rindo.

Ele vem atrás de mim com Jasmine no colo.

— Deixa a menina sentada. Coloca algum desenho pra ela ver no seu celular e
vem terminar de me ajudar. – Reviro os olhos e ele faz o que eu mando.
Graças a deus, Jasmine é quietinha. Qualquer desenho prende sua atenção.

— Pegue algumas tigelas para colocar o milho, ervilha, uva passas, ovo de
codorna e as outras coisas. – Falo colocando o pimentão picado na panela
onde Jackson Refogou a cebola.

Depois de refogar o pimentão junto com a cebola, jogo o tomate batido na


panela com um pouco de água e coloco pra ferver junto com as salsichas e as
linguiças. Jackson já separou os acompanhamentos do lanche nas tigelas e
agora está parado me observando.

A cara dele observando o molho passando de rosa para vermelho foi a melhor
parte.

— Eu não sabia que além de empresária milionária, rainha, amor da minha vida
e traficante, você também era cozinheira. – Jackson fala e num movimento
rápido, eu pego em seu pescoço e faço força contra o corpo dele.

— Nunca, nunca mais você fala sobre tráfico na frente da nossa filha. Ouviu
bem, Jackson? – Pergunto e ele balança a cabeça assustado. – Na próxima eu
meto uma bala no seu joelho. – Aviso.

— Desculpa, amor. – Ele fala cabisbaixo.

— Claro que te desculpo, me desculpa também. – Falo abaixando a cabeça. –


É só que eu fico morrendo de medo dela crescer como eu cresci, sabe? Eu me
desdobro pra fazer do grupo Russel um grupo influente no mundo,
independente dos negócios ilícitos. Pra quando essa pequena crescer, ela
poder tomar conta de tudo. Não quero que ela seja igual a mim. Eu sou o
último rosto que algumas pessoas veem antes de morrer e muitas vezes elas
preferem ver o diabo a me ver. – Me viro para o fogão novamente, adicionando
as salsichas e as linguiças na panela com molho. – Não quero que nossa filha
me enxergue como o monstro que sou... – Falo quase num sussurro.

— Amor, você é uma mulher recheada de qualidades. Tem seus defeitos,


lógico, todos temos, mas seu poder de persuasão convenceria uma corte
inteira a te inocentar de qualquer acusação. Jasmine nunca te enxergaria com
maldade, ela acharia incrível cada coisa que você faz. – Jackson me abraça
por trás.

— Ai é que está, não quero que ela ache lindo tudo que faço, porque foi assim
que eu comecei, oi assim que eu me tornei isso aqui. Meu pai também tem um
incrível poder de persuasão e conseguiu me convencer a trabalhar com ele e
hoje olha bem quem eu sou. – Desligo o fogo e me viro para ele. – Jasmine
não pode nem sonhar em querer a mesma vida que eu e ela não vai ter
escolha nisso... – Encosto nossos lábios e Jackson dá uma leve mordida. –
Vamos comer? – Falo saindo de perto dele.

Se eu não saio, ele ia ME COMER ali mesmo, na frente de Jasmine.

— Vamos. – Diz com tédio.


Monto um lanche pra ele com tudo que ele pede e depois um pra mim e por
último, dou a comidinha para Jasmine. A mesma está caindo de sono.

— Amor, você não vai vir comer? – Jackson berra da cozinha, sem
necessidade alguma, eu estou na sala, do lado.

— Estou colocando Jasmine para dormir, Jackson. Já vou. Se quiser pode


comer sem mim. – Falo irritada por ele ter despertado a pequena com o grito
que deu.

Não recebo uma resposta então subo as escadas com ela no colo. No quarto
que Jackson montou as pressas para ela, me sentei na cama com ela em meu
colo e a fiz dormir cantando algumas coisas pra ela.

Coloquei-a no berço no canto do quarto, liguei a babá eletrônica e desci com a


telinha na mão.

— Você demorou. – Jackson falou ao me ver. Estava com o celular na mão e o


lanche intacto no prato.

— Ela demorou um pouco pra terminar de comer e eu não podia sair


colocando-a pra dormir, ela pode sufocar no meio da noite. Eu precisava
esperar um pouco. – Falei me sentando de frente para ele e pegando meu
lanche. – Droga, ficou frio.

— Eu preferi te esperar para comermos juntos. Da aqui que eu vou por no


micro-ondas. – Ele estica a mão para pegar meu prato.

— Obrigada! – Falo olhando a telinha e observando Jasmine dormir.

É incrível a sensação de ser mãe, vocês não têm noção do amor que a gente
sente, como se nossa vida dependesse desse serzinho. Agora eu sei o que o
ditado “mexa comigo, mas não mexa com meus filhos” realmente significa.
Somos capazes de dar nossas vidas por um filho. É um amor surreal.

Depois de lanchar, Jackson vai pro banho e eu vou escovar os dentes. Sem
tirar os olhos da pequena que ainda dormia.

Terminei e fui para cama. Após alguns minutos, Jackson aparece apenas de
cueca e eu juro por Freya que algumas lágrimas escorreram lá embaixo...

— O que você ia falar comigo quando chegasse em casa? – Jackson


perguntou deitando ao meu lado.

Nesse momento, a cena da pediatra se atirando no meu homem veio à tona.

— Ah nada demais, mas precisamos conversar sobre. – Me levanto, vou até o


closet de Jackson e volto com uma bolsa que trouxe hoje pra cá.

— O que é isso? – Pergunta sentando na cama.

— Fica calado. – Ordeno.


Abro a bolsa e pego um par de algemas de couro preto.

— O que é... – Interrompo-o com um “shiu”.

Caminho até ele, prendo uma algema em sua mão e a outra eu passo por trás
de uma das barras da cabeceira da cama, prendendo na outra mão e deixando
assim ele sem movimento algum nas mãos.

— Sabe, Jackson. – Começo a falar tirando sua cueca. – Eu sei que aquela
médica ficou de olho em você e sei também que você ignorou porque só tem
olhos pra mim, mas eu não gostei da forma que ela se atirou e por isso, hoje,
eu vou te dar o chá que vai fazer você ter mais força ainda pra não olhar pra
outras e muito menos desejar outras...

— Fique à vontade. – Dá um sorriso malandro e eu me derreto.

Jackson se ajeita de forma mais confortável na cama e seu membro já


apresenta um grande sinal de rigidez. Esse é o motivo principal para eu amar
tanto esse homem, está pronto pra mim a qualquer momento.

Subo na cama e monto em Jackson sem encaixar, vamos brincar um pouco.

— Tem mesmo que me prender? – Ele pergunta me encarando.

— Lógico! Se não você quem vai me domar, como sempre faz. – Rio tirando a
blusa do pijama.
Capitulo 58

Florence sabe exatamente como me dominar, ela nem precisava ter me


algemado que eu iria obedecer a tudo que ela falasse.

Agora ela está sentada na minha barriga tirando a blusa e revelando os belos
seios que eu tanto amo chupar.

— Agora eu entendi a covardia. – Falo virando o rosto pro lado.

— Como assim? – Pergunta pegando meu rosto e me fazendo encara-la.

— Você sabe que eu amo seus seios. Sabe que eu poderia ficar horas apenas
lambendo e chupando. – Falo bufante.

— Ah meu amor, eu não fiz por maldade. – Fez menção de colocar a blusa
novamente.

— Nem pense em colocar essa blusa. Melhor dois sem poder tocar do que
nenhum pra olhar. – Falo mordendo os lábios e ela dá um sorriso que me mata.

Ela se debruça em mim e beija meu pescoço, morde, lambe, morde meu
lóbulo, vai lambendo até meu queixo, morde meu lábio inferior e puta que pariu,
meu pau já está igual pedra.

E então ela me beija. Ela nunca me beijou assim, sua língua explora toda
minha boca, ela morde, chupa, lambe e geme. E REBOLA. PORRA.

— Já volto. – Florence interrompe o beijo e sai de cima de mim.

Fico parado de olhos fechados tentando não a xingar por me deixar assim. E
então ela volta, completamente nua, ela pega alguma coisa na bolsa e monta
em mim novamente.

— O que é isso? – Pergunto olhando para as mãos dela.

— Isso é lubrificante. – Ela mostra um frasco na mão direita. – E isso é um


brinquedo que vamos usar mais tarde... – Ela mostra a mão direita, mas não
consigo identificar o que é porque ela coloca de lado. – Agora fica quietinho.

Balanço a cabeça concordando e ela despeja o lubrificante em seu íntimo. Fico


olhando-a massagear o clitóris e enfiando dois dedos e eu queria tanto que
fosse o meu pau ali...

Florence então se mexe e coloca a buceta na minha boca.


— Me chupa. – Manda e eu obedeço. – É comestível, o lubrificante.

De fato, é uma delícia, gosto de menta e chocolate se misturando ao gosto dela


que pra mim é o melhor que existe. Continuo meu serviço ali por alguns
minutos e vejo-a se contorcer mais que o normal. Imaginando que ela estaria
prestes a atingir seu clímax, intensifiquei os movimentos de minha língua e
Florence gemeu deliciosamente num orgasmo curto.

Satisfeita com o que havia feito, ela se ajeitou e se encaixou em mim, dando
cavalgadas minuciosas. Nosso olhar não desgrudava e aquilo me deixava mais
excitado, ela queria que eu a admirasse tendo prazer comigo, queria que eu
visse como a deixo, mas eu também mostrei a ela como fico tendo todo esse
amor por ela e recebendo o carinho, amor e respeito dela.

Foi arrebatador demais até mesmo pra ela que é intensa. Suas mãos correram
pela cama procurando algo, sem romper nosso contato visual. Quando achou,
não vi o que era. Florence me soltou das algemas e falou um “Me fode!” tão
suplicante que eu só pude me ajeitar e obedecer. E então eu senti o poder do
brinquedo que ela tinha pego, posicionando-o em seu ponto de prazer, fez com
que aquilo vibrasse e aumentava sua potência gradativamente.

Enquanto eu me mexia embaixo dela e apenas o farfalhar da dos nossos


corpos e os gemidos que soltávamos eram ouvidos, declarávamos nossa total
devoção um pelo outro e assim, atingimos juntos um orgasmo arrebatador e
alucinante. Senti meus ouvidos tamparem com a intensidade toda.

Permanecemos na mesma posição, Florence apenas abaixou o tórax para


junto do meu e regulou a respiração, sincronizando com a minha.

— Eu amo você! – Falou com olhos pesados.

— Eu te amo mais!

Ali ela dormiu e eu acompanhei.

Um mês depois

— Acha mesmo que o PSG perde essa partida? – Kobe pergunta entrando no
closet onde eu me arrumo de frente para um espelho grande.

— Acho, a estrelinha deles não está jogando a pelo menos cinco jogos
importantes, assim eles nunca vão chegar onde querem, o que é uma pena. –
Comento.

— Termina logo aí, irmão. Quem atrasa é a noiva, não o marido da madrinha,
Florence já ligou duas vezes. – Diz me acelerando com uma cara não muito
boa.

— Já estou terminando, essa gravata borboleta me estressa. – Falo pegando


meu perfume de lei e borrifando nos pulsos e nuca.
Chegamos na porta do resort de Florence, onde aconteceria o casamento de
Mike e Angel.

Em um mês, muitas coisas aconteceram em nossas vidas, eu e Florence


decidimos casar em fevereiro e não iremos nos mudar mais, o que eu achei
maravilhoso. Odeio ficar mudando de casa o tempo todo e sei que Florence
não iria gostar muito de estar em um lugar que não fosse sua fortaleza.

Entrei no lugar com Kobe ao meu lado e logo fui para a área aberta do Resort.
Uma decoração floral preenchia o lugar e um Mike bem nervoso e inquieto
estava próximo ao arco de flores do altar.

— Até que enfim vocês chegaram, meu Deus! Se já não bastasse a demora de
Angel e a preocupação com o irmão que não chega nunca. – Mike bradou
vindo em nossa direção.

— Onde estão os convidados? – Kobe perguntou olhando em volta e vendo


alguns poucos.

— Estão entretidos com o show da boate, Florence os mandou para lá assim


que chegaram para não ficarem aqui por muito tempo e acabassem
entediados. – Explicou.

— Inteligente. – Pensei alto.

— Demais. Ela vai mandá-los virem pra cá assim que Angel estiver pronta.

Eu não sei como vai ser o meu casamento com Florence, porque ela quem
está organizando tudo, mas o nervosismo de Mike já me atinge antes da data
chegar.

Conversamos por um tempo e logo alguns convidados foram chegando e


sentando nas cadeiras de ambos os lados. Fui para meu lugar ao lado de Kobe
na primeira fileira de cadeiras e esperamos ansiosamente pela noiva.

Angelique já havia me irritado com as trocas repentinas de maquiagem, a


maquiadora contratada já estava perdendo a paciência e eu já havia perdido a
minha a muito tempo.

— Angelique, eu juro que se você não decidir logo esse batom eu vou meter
uma bala em você. – Falo alterada e com os olhos ardendo de raiva.

A maquiadora deu um riso contido e novamente eu caminhei de um lado para o


outro.

— Pode ser o nude então. – Angel falou finalmente.


— Ótimo! – Falei pegando meu celular e ligando para a segurança do resort,
ordenei que deslocassem todos para a área aberta onde aconteceria o
casamento.

Kobe me informou que já havia chegado com Jackson e eu estava morrendo


de vontade de ver meu preto, mas isso teria de esperar.

— Estou pronta... – Angel falou se olhando no espelho.

— Amiga... você está... Magnifica! – Falei atrás dela no espelho.

— Eu estou mesmo. – Lágrimas rolaram e eu agradeci mentalmente ao fixador


que não deixaria borrar a maquiagem de ficamos horas escolhendo e mais
algumas horas para finalizar.

— Hoje você vai brilhar, minha princesa. – Uma voz masculina surgiu atrás de
nós.

Me virei dando de cara com Antony parado na porta, com um smoking perfeito,
um sorriso perfeito e aqueles olhos de um azul angelical e cafajeste. Antony
não era totalmente grisalho, seus cabelos eram de um loiro claro com algumas
mechas já grisalhas pela idade.

— Maninho. – Angel correu para abraçar o irmão enquanto eu fiquei ali parada
encarando-o.

Antony falou algo sobre as lágrimas de Angel e só então eu percebi que


também estava chorando, o que está havendo comigo?

— E Florence. Está mais linda que na última vez em que nos vimos. – Falou
vindo até mim e me beijando a bochecha.

— Você também está encantador, Antony. Vamos descer? – Pergunto a Angel.

— Vamos.

Adentramos o campo aberto onde várias cadeiras de ambos os lados estavam


arrumadas, no meio, um tapete de flores fora colocado e a frente no altar, um
arco também florido onde Mike esperava por sua futura esposa.

Me dirigi para o altar pela lateral e parei ao lado do juiz de paz, onde Antony
me encontraria assim que entregasse Angelique à Mike.

— Bem diferente o seu namorado. – Antony falou assim que se posicionou ao


meu lado.

— Quem te falou quem ele era? – Perguntei entre dentes.

— Não precisa ninguém falar, a forma como ele está cagando para o
casamento e encarando somente você entrega isso. – Antony fala cheio de si.
Olho de relance para Jackson que está sentado na primeira fileira bem na
minha frente e realmente, ele não desgrudava os olhos de mim e não pude
evitar um sorriso que nasceu sem eu permitir.

O juiz de paz falou algumas palavras bonitas e partiu logo pro sim ou não,
Angel não parava de chorar um minuto sequer e também não.

Seguimos para a festa depois disso e eles começaram uma verdadeira farra,
Angelique que me perdoe, mas tenho alguns negociantes de Skank aqui e
preciso conversar com eles antes de me juntar a ela para comemorar seu
casamento.
Capitulo 59

— Boa noite, senhor. – Falo apertando a mão do homem que acabara de entrar
em meu escritório.

Estamos no último andar do resort, a vista daqui é linda e a privacidade é


incrível, distante da zona da festa lá em baixo.

— Senhora Russel. É um enorme prazer poder finalmente conhece-la.

— Vamos dispensar as formalidades e ir direto ao assunto. No que eu posso te


ajudar? – Cruzo os dedos encima da mesa e encaro o homem.

— Venho do Texas somente para fazer negócios com a senhora, tenho um


chegado que é seu cliente e apesar de trabalhar somente com escama, ele
deduziu que a senhora também tenha algo do verde. É o meu campo. – Se
este homem não tivesse mencionado o código, eu jamais iria topar me
encontrar com ele.

Depois de Mike descobrir até o código genético dele, eu topei e marquei o


encontro, só que infelizmente foi hoje e no mesmo horário do casamento de
Angelique.

— Depende de qual mato o senhor precisa. Eu trabalho com a melhor Skank


da américa latina, se não a do planeta, aquela coisa é surreal. Também tenho
uma sativa bem limpa e verde. – Abro a gaveta da mesa e jogo dois lingotes
pro homem. – Experimente da forma que achar melhor. Só vou pedir para ser
rápido, tenho outra reunião daqui a pouco.

O homem prepara um pouco e enrola dois baseados com ambos os tipos que
eu ofereci.

Ele acende um e puxa a fumaça. Depois de um tempo ele me encara.

— Sativa perfeita, limpa, fina, bem prensada e bem verde. O efeito é uma
delícia. Vou querer trezentos quilos dessa. Vamos ver a Skank. – Ela apaga um
baseado e acende o outro dando outro pega. Me encara e depois de um tempo
ele volta a si. – Forte demais, nunca fumei algo tão incrível assim, parabéns.
Dessa eu quero dez quilos, se a demanda for boa, eu compro mais.

— Ótimo! Meu método de pagamento é setenta por cento agora e os outros


trinta na hora da entrega. – Puxo uma caneta e começo a escrever num papel.
– São duzentos e setenta dólares por quilos, oitenta e um mil dólares nos
trezentos quilos. Na Skank são vinte e um mil dólares por quilos, duzentos e
dez mil dólares pelos dez quilos. Totalizando assim duzentos e noventa e um
mil dólares. Você me dá duzentos mil agora e os outros noventa e um quanto
eu te entregar, pode ser? – O homem me olha sorrindo.

— Vou te dar tudo agora e vou confiar na sua palavra de que vai me entregar
tudo. Caso contrário, nos veremos de novo muito em breve. – Ele apoia uma
maleta na mesa e começa a tirar os maços de dinheiro.

— Senhor, não é necessário me dá tudo agora. O senhor pode querer dar uma
respirada depois dessa compra. – Ele sorri pra mim e retira o último maço,
fechando a maleta em seguida.

— Não vai me fazer falta eu te entregar essa quantia agora ou depois. – O


sorriso singelo não some de seus lábios.

— O senhor é quem sabe, afinal o cliente sempre tem razão, não é mesmo? –
Dou um belo sorriso e ele retribui. – Te entrego isso em uma semana, o que
acha?

— No natal? – Ele arregala os olhos.

— Um dia antes. Ninguém gosta de trabalhar no feriado, e será inverno, vai


fazer bastante frio. – Faço uma careta.

— Bem, como a senhora achar melhor então. Quanto mais rápido, melhor. –
Ele se levanta. – Senhora Russel, foi um prazer fazer negócios com a senhora.
– Pego sua mão estendida e fazemos um aperto forte. – Mãos fortes.

— Se eu não tiver, erro o tiro! – Falo séria e me dirijo para a porta, abrindo-a
para o sujeito.

— Boa noite, Russel. – Fala por fim e então eu bato a porta em suas costas.

Vou até minha mesa e ligo para Johnny, meu secretário do crime aqui no
resort.

— Senhora? – Ele entra na sala.

— Aqui deve ter duzentos e noventa e um mil. Certifique-se de que essas notas
são verdadeiras e que o valor correto está aí, depois faça todo o esquema de
documentação e deposito na conta da Russel. O nome de uso está no post-it
na tela do computador. – Falo pegando meu celular e saindo. – Qualquer coisa
mande me chamar. Beijinhos.

Saio da sala e vou direto para o elevador. Angel deve estar querendo me
matar, mas não tem nenhuma ligação dela.

Cheguei no salão onde a festa acontecia e uma música gostosa de ouvir


tocava. Me dirigi até o bar e pedi uma garrafa de whisky 40 anos. Me sentei na
mesa onde Kobe estava e logo minha garrafa chegou.
— Onde está Jackson? – Perguntei me servindo de uma dose.

— Foi ao banheiro, ele está meio puto porque você sumiu, onde estava? –
Kobe me encara pensativo.

— Trabalhando, mas por favor, não comente nada. já brigamos essa semana
por isso. – Dou um gole no whisky vendo Jackson chegar.

— Onde estava? – Chega perto me dando um beijo na testa.

— Só garantindo que tudo corra bem hoje, afinal é o casamento da minha


melhor amiga e do meu braço direito. – Dou mais um gole para a mentira
descer em mim.

— Certo! Vamos dançar a próxima?

— Vamos sim. – Me levanto e dou um beijo em sua boca, que saudade eu


estava.

Continuamos ali trocando carícias, bebendo e conversando quando finalmente


tocou uma música lenta, Jackson me puxou para o meio da pista e me
conduziu numa dança cheia de charme e técnica que eu não tinha. Nunca fui
boa nessas coisas, mas parece que meu noivo sim, além de ser um romântico
incurável que vivia me surpreendendo com flores, chocolates, vinhos e banhos
relaxantes em nossa banheira.

A música tinha uma letra linda, sobre a devoção ao amor, sobre amar por mil
anos e por mais mil anos. Um amor eterno pelo o que entendi.

Mais ou menos na metade da música, meus olhos grudam aos de Jackson e eu


começo a ver muitas coisas naquele olhar intenso e castanhos. Jackson me
pede perdão, me mostra toda sua devoção por mim, me faz juras de amor,
apenas com o olhar. Não consigo evitar e deixo a emoção falar mais alto e
meus olhos transbordam em lágrimas, enlaço meus braços em seu pescoço e
colo nossas bocas dando início a um beijo sereno e cheio de amor.

— Eu te amo. – Jackson sussurra contra minha boca. – Me desculpe se algum


dia eu te magoei de alguma forma.

— Cala essa boca. – Falo rindo e beijando-o novamente.

Depois de terminar a dança, voltamos para a mesa onde Kobe estava


conversando com Antony. Era tudo que eu não queria, dar de cara com Antony
agora.

— Florence! – Merda.

— Antony! Como vai? – Pergunto pela educação.

— Vou bem, não preciso nem perguntar de você, sei que está muito bem. Não
conseguimos conversar muito hoje, não é mesmo?
— Verdade, dia corrido! – Falo olhando para Jackson na intenção dele me
salvar de alguma forma.

— Este é o seu segurança novo? – Pergunta olhando para Jackson.

— É meu noivo, Antony. Pelo amor de Deus, você já sabe disso. – Falo sem
paciência olhando feio para ele.

— Eu só estava brincando, Florence, não precisa puxar nenhuma arma.

Me aprumo ao ouvir isso e percebo que estou com uma mão por baixo da
fenda do vestido. Eu preciso corrigir esse reflexo de pegar a arma.

— Jackson, este é Antony. Irmão de Angelique. – Falo entredentes.

— Muito prazer, coroa. – Jackson fala com deboche.

— Encantado, meu caro! – Antony se vira para mim. – Sabe, Florence, nunca
achei que mudaria seu padrão de homens, mas parece que você sempre vai
ser uma caixinha de surpresas... Até outra hora. – Ele enfim sai

Que ódio eu tenho de Antony, apesar de ser mais velho, tem o cérebro de um
adolescente.

— Isso tudo porque viu você com outro? – Kobe perguntou me servindo uma
dose do whisky.

— Sinceramente? Não faço ideia do que foi isso. Nós só transamos. – Jackson
se engasga. – Ah, pelo amor de Odin. Eu tive uma vida antes disso. Eu já
transei inúmeras vezes com Mike e ninguém está fazendo escândalo. – Falo
me sentando numa das cadeiras.

Kobe está rindo e não posso conter um riso também. Jackson se entrega ao
riso também e me dá um beijo na testa.

Depois de alguns minutos ali conversando com os dois, Angelique avisa que
vai jogar o buque e todas as mulheres se preparam para pega-lo. Não fiz muita
questão de ir para o meio da multidão e continuei sentada em minha cadeia.
Depois da contagem, Angel ameaçou jogar o buquê e se dirigiu até mim,
entregando-o em minha mão.

Minha reação foi a mais confusa de todas, afinal, Jackson já havia me pedido
em casamento, mas quando eu aceitei o buquê, meu homem saiu do meio da
multidão e se ajoelhou em minha frente.

— Minha rainha, você aceita casar comigo? – Ele me encara com o sorriso
perfeitamente alinhado e branco.

— Lógico que aceito, meu rei! – Ajudo-o a levantar e dou-lhe um beijo


apaixonado. Ele coloca a aliança no meu dedo junto com a primeira que havia
me dado.
Ali nós rimos, comemoramos, conversamos e juramos nosso amor um pelo
outro, mais uma vez. Eu estava no sétimo céu.
Capitulo 60

Estamos na reta final do ano, viemos passar o natal numa casa em Aspen, aqui
faz bastante frio, diferente de Miami, eu moraria aqui numa boa. Florence está
ao telefone com um cliente, querendo saber se a mercadoria havia chego
direito. Ela não para de trabalhar nunca. Minha mãe está na cozinha
terminando o último prato da ceia de natal que é daqui a pouco e a pequena
Jasmine brinca com alguns brinquedos no grande sofá da sala. Temos um lago
particular aqui e é perfeito.

— Voltei, família. – A voz de Florence surge atrás de mim e eu me viro para


encara-la.

— Até que enfim né. Não vou ficar competindo com um celular, Florence. É a
última vez que falo pra você deixar esse troço pra lá e curtir o feriado. – Olho
sério para ela.

— Tudo bem, prometo que vou curtir o feriado. – Fala deixando o celular na
minha mão e indo para a cozinha. – Que cheiro maravilhoso dona Simone.

— Terminou, minha filha? – Ela concorda com a cabeça e minha mãe sorri. –
Graças a Deus, vamos terminar isso aqui porque daqui a pouco é hora de
comer.

Eu não sei nem descrever o tamanho da minha felicidade com essa cena. É
simplesmente incrível ter as três mulheres que eu mais amo nesse mundo
reunidas na mesma casa e com a mesma vibração. Eu sou o homem mais
sortudo desse mundo.

No fim da ceia, arrumamos Jasmine e mamãe insistiu para que ela dormisse no
mesmo quarto com a avó, Florence não viu problema nenhum e eu também
não, seria bom ter um tempinho livre pra nós dois, Jasmine se mostrou bem
levada esses últimos dias e Florence tem ficado muito cansada com a rotina
carregada de mãe, então sexo quase nunca. A última vez que tentamos, ela
estava tão cansada que dormiu na banheira comigo dentro dela. Hoje eu
tentaria novamente e espero ter a sorte que não tenho tido.

— Que tal levarmos essa garrafa de vinho pro ofurô da nossa varanda? – Ela
pergunta enquanto fica na ponta dos pés para me beijar.

— Eu acho uma ótima ideia, maluquinha, mas lá fora está fazendo -8°C. Quer
morrer congelada? – Puxo-a para colar seu corpo no meu e ela me olha com a
cara mais safada desse mundo.
— Vou ter um homem incrível para me esquentar, eu duvido que eu passe frio
com ele depois de tanto tesão que ele vem acumulando nas últimas semanas.
– Diz com um sorriso travesso nos lábios e eu não aguento ficar sem beija-la.

— Eu jamais deixaria minha rainha com frio. Prometo fazer você pegar fogo. –
Falo contra seu lábio e ela dá uma mordida leve no meu lábio inferior.

— Vamos logo pro quarto, por favor.

Sem dá uma resposta a ela, pego-a no colo junto com a garrafa que ela mesma
segura e caminho até nosso quarto.

Ao entrar no quarto, me deparo com uma luz forte vermelha acesa e uma
música suave tocando bem baixa no fundo, ela estava preparando tudo antes
de jantarmos. Depois de servirmos duas taças de vinho e pormos na beira do
ofurô que já estava com a água aquecida e pétalas de rosas cobriam toda a
superfície, Florence começa a se despir sensualmente na minha frente, os
mamilos entumecidos e a pele arrepiada por conta do frio intenso que faz aqui,
sua silhueta em contraste com o céu negro e estrelado lá fora e a luz vermelha
do quarto. O clima estava absolutamente propício e comecei a me despir
devagar enquanto Florence despejava algo na banheira. Me juntei a ela e
entramos no ofurô, o frio passou instantaneamente após afundarmos na água
quente.

Me acomodei sentado ali e Florence se aninhou em meu peito.

— Aqui é lindo! – Falei baixo.

— Sim, perfeito. Eu não me lembrava desse lugar. – Ela comenta. – Tem anos
que não venho aqui. Eu viria pra cá assim que Danny nascesse, ficaríamos
pelo menos dois anos no Colorado e depois retornaríamos para Miami, nunca
aconteceu. Só não digo que comprei essa casa atoa, porque agora está tendo
serventia.

— Meu amor, eu sei que não é momento pra isso, mas como está o seu
tratamento para engravidar? – Pergunto do nada.

— Eu já acabei. Na verdade, eu parei porque sou totalmente apta a engravidar,


só preciso ter paciência pra isso acontecer na hora que tiver que acontecer. –
Diz com a voz embargada.

— Florence. – Chamo e ela me encara. – Vou te dar um filho.

— Jackson, você já me deu uma filha, esqueceu-se de Jasmine?

— Vou te engravidar, Florence. – Falo revirando os olhos e rindo.

— Pra isso, a gente precisa transar. – Fala montando em mim. – Coisa que não
fazemos a um bom tempo, então que tal começarmos agora? – Diz beijando
meu pescoço e puta merda.
Meu volume que até então estava adormecido, acordou rapidamente e
involuntariamente tocou a intimidade de Florence. Lisinha e quente.
Percebendo o efeito que seus beijos fogosos faziam em mim, ela continuou a
me provocar, dando reboladas calculadas em meu colo e me levando a
loucura.

Depois de uma longa tortura com beijos deliciosos, meus lábios já estavam
doloridos e Florence ainda rebolada controladamente em meu colo. Estava
duro como pedra e essa mulher não dava início a uma ação, apesar de estar
amando esse jogo de sedução que ela está fazendo. Também não fico atrás,
minhas mãos acariciam cada parte de seu corpo e minha boca explora
qualquer espaço que alcança. O gosto de Florence é indescritível e me deixa
mais guloso ainda dela.

— Deixa eu te fazer pegar fogo, maluquinha. – Peço contra seus lábios e ela
apenas balança a cabeça afirmando.

Sem perder tempo, levanto com ela em meu colo e sinto o corpo mais pesado
que o normal, relaxei demais. Caminho lentamente para a cama com ela e
coloco-a deitada. A luz vermelha deixa tudo mais sensual que o normal e
Florence sabe disso, ela me olha como uma verdadeira predadora.

— Hoje, você só recebe, ouviu mocinha? – Falo subindo para encontrar seus
olhos que estão carregados de desejo.

— Sim senhor!

Começo a distribuir beijos por todo pescoço dela e vou descendo até encontrar
um de seus mamilos que estão rígidos. Passo a língua lentamente ao redor de
um deles e Florence arqueja. Repito o movimento no outro mamilo, passo para
o outro dando chupadas caprichadas e depois faço no outro. Minhas mãos
percorrem a lateral nua de seu corpo macio, fazendo a pele arrepiar com o meu
toque suave. Dando total atenção aos dois mamilos, mordisco um e Florence
arqueia as costas, fazendo-me abocanhar quase todo seu seio. Repito o
movimento no outro e faço um revezamento entre eles. Desço com a língua por
sua barriga e espalmo minha mão em um dos seios, chego em suas pernas e
beijo seu interior, a respiração de Florence está descompassada assim como a
minha e isso me deixa mais louco ainda de tesão.

Com a mão livre seguro uma de suas coxas e beijo seu interior, dou uma
mordida ali e ela solta um gritinho, encaro sua buceta na luz vermelha e minha
fome por ela aumenta em trezentos por cento. Sem conseguir manter meu
controle, abocanho ali e começo chupando aquela carne quente e suculenta
que Florence carrega entre as pernas. Ela está encharcada, minha língua
desliza com mais facilidade que o normal e Florence geme se contorcendo na
cama, levanto o olhar e encontro o seu, carregado de desejo e despejando
luxuria na minha boca, intensifico minhas linguadas e chupadas em seu ponto
de prazer e vejo-a revirar os olhos, essa mulher geme sem pudor e sem medo
de alguém escutar, agora só existe nós dois no mundo.
Não preciso nem falar como eu estou né? Mais um pouco e vou gozar sem
nem encostar o pau ali. Só de ver minha rainha entorpecida pelo prazer que eu
estou lhe proporcionando já me estimula e me deixa mais perto do clímax.

Paro de chupa-la um pouco e subo para entregar-lhe seu próprio gosto, ela me
beija com vontade, fazendo a língua dançar facilmente e pedindo sem palavras,
para que eu lhe entregue o prazer máximo.

— Deixa eu te chupar, Jackson. – Pede com a voz rouca e embargada.

— Como quiser. – Me deito ao seu lado e ela vem como uma gata.

Me beijando, lambendo meu pescoço e meus mamilos, traçando o caminho da


minha perdição. Ela pega em meu membro e faz um movimento de vai e vem
com a mão. Passa a língua pela cabeça enquanto me olha nos olhos. Eu faria
um quadro dessa cena. Enquanto percorre toda minha extensão com a língua,
seus olhos não desgrudam dos meus e me recuso a quebrar essa troca de
olhares.

Essa mulher abocanha meu pau e desce, engolindo-o todo até a base. Eu
estou mais sensível que o normal e juro que mais um pouco, eu gozo.

Florence continua a me chupar com a maestria de sempre e tento me


concentrar em não gozar, não posso deixar minha rainha na mão na hora que
ela tanto espera. Ela gosta de gozar junto comigo.

— Amor, quer gozar junto comigo? – Pergunto interrompendo o que ela fazia.

— Lógico né!

— Então vem aqui me beijar porque senão eu não vou aguentar muito tempo.

Ela obedece e vem engatinhando para me beijar, seu corpo está deitado sobre
o meu e meu braço envolve sua cintura.

— Eu te amo demais. – Sussurra contra meus lábios e então eu troco de


posição ficando por cima dela.

— Eu te amo mais, minha rainha.

Agora com Florence deitada, fico de joelhos entre as suas pernas e ergo as
duas, apoiando-as em meus ombros. Me posiciono em sua entrada e deslizo
para dentro. Vejo-a revirar os olhos e soltar um gemido intenso, dou início a
movimentos lentos e precisos, aumentando gradativamente a velocidade e
arrancando gemidos altos de mim mesmo e de Florence.

Depois de alguns minutos assim, me posiciono em frango assado com ela e


começo a bombar forte. Florence está gritando quase e não me canso de dar
investidas, sinto sua buceta se contrair e os espasmos de um orgasmo
começam a se mostrar, aumento a velocidade e a força das investidas e
Florence leva uma das mãos ao seu ponto de prazer, massageando-o com
movimentos circulares e intensos, aumentando gradativamente essa
massagem até que ela já esteja esfregando-o com força. Sua buceta me aperta
ainda mais e solto um gemido gutural.

— Goza comigo, amor. – Ela pede entre os gemidos altos.

— Porra, Florence.

— Goza com a tua mulher, goza pra mim, Jackson. – A voz dela saiu num
gemido delicioso e ouvir meu nome no meio disso me transformou num
demônio sexual.

Coloquei as pernas de Florence mais pra cima e acelerei as colocadas. Ela


acelerou o movimento das mãos em seu ponto de prazer e meu gozo chegou
junto com o dela que foi um longo esguicho. Soltamos gemidos altos e
descompassados. Florence tremia todo o corpo e eu permaneci ali dentro dela,
terminando de jorrar meu liquido, inundando-a com minha essência.

Me deitei encima dela sem sair de dentro e esperei a respiração voltar ao seu
ritmo normal.

— Feliz Natal. – Falei contra seu pescoço.

Depois de uns minutos assim, peguei Florence pela cintura e troquei de


posição, colocando-a por cima de mim. Cobri nossos corpos cansados e deixei
o cansaço e a satisfação tomarem conta do meu corpo e me afundei num sono
pesado e gostoso.
Capitulo 61

Eu estou ansiosa e nervosa. Hoje é o dia mais incrível da minha vida. Hoje vai
acontecer aquilo que eu esperei por anos, vou casar, juntar as escovas de
dentes finalmente. Não que eu não saiba como é essa sensação, lógico que
sei, mas sei lá, é diferente. Com uma pessoa diferente, uma pessoa que surgiu
do nada na minha vida e nada foi premeditado, pelo contrário, eu queria muito
me afastar dele.

Angelique entrou em meu closet onde eu estava sentada com a maquiadora


terminando de me aprontar, os cabelos estavam presos num coque baixo e
elegante. Pendurado num cabide, estava o vestido, num branco puro, longo,
com a minha fenda habitual para mostrar pelo menos uma perna minha. O
decote era em V deixando meus seios lindos e acabando quase no umbigo,
Jackson vai morrer quando ver esse vestido!

A maquiadora terminou o trabalho no meu rosto e me liberou. Angelique saiu


do closet para levar a menina até a porta e aproveitei para colocar meu coldre
de perna. Tentei fazer tudo bem rápido para Angel não ver, ela me proibira de
casar armada, mas ela esquece que eu casei primeiramente com a minha
arma.

Uma sensação estranha percorreu meu corpo e uma vontade terrível de


desistir transbordou meu peito, o choro querendo vir e um nó se formando em
minha garganta. Corri até o pequeno bar que tinha ali e me servi de uma dose
se whiskey, eu preciso tirar esse nó da minha garganta.

Estava de costa para o espelho e Angel terminava de fechar o último botão do


vestido.

— Pronta para virar? – Perguntou ficando de frente para mim.

— Acho que sim. – Respirei fundo e fechei os olhos me virando de rente para o
espelho.

— Pode abrir! – Angel murmurou e eu abri os olhos lentamente.

Cacete! Eu sei o tamanho da minha beleza, mas hoje, hoje eu estou perfeita
demais. A maquiagem leve e o batom vermelho forte e marcante deixavam
minha aparência com um ar de maior superioridade, se é que é possível eu ser
mais superior. A vontade de chorar novamente me atingiu em cheio e um novo
nó começou a se formar em minha garganta, me adiantei e virei o copo dando
uma grande golada no whiskey.

— Você vai chegar no casamento bêbada, Florence, se controla. – Angel me


repreendeu e aquilo me deixou mais ansiosa.
Eu precisava chegar ao casamento logo, odeio me atrasar. Calcei os saltos
verifiquei meus acessórios, as unhas e dei uma última olhada no espelho.

— Angelique, meu véu. – Falei alto ao lembrar do véu.

Angel correu pelo quarto e voltou ao closet com uma coroa dourada nas mãos
e um acessório com o véu preso.

Terminando de ornar minha cabeça e meu penteado com os dois últimos


acessórios, ela ligou para Mike e descemos as escadas. Meu casamento seria
no mesmo lugar que o casamento de Angel e Mike, porém com apenas um
quarto de pessoas que teve no dela. Eu não sou de muitos amigos e maioria
das pessoas são da empresa ou minha família.

Entrei no carro estacionado na frente da casa e Mike me deu um sorriso


olhando pelo retrovisor. Ele estava lindo com aquela roupa social, se ele não
fosse casado e eu não estivesse indo pro meu casamento... sei não.

Depois de alguns minutos de impaciência e ansiedade, chegamos ao resort e


seguimos diretamente para a parte aberta no lugar onde aconteceria a
cerimônia. Antes de entrar no campo de visão de qualquer um, um assovio me
chamou atenção nas minhas costas e quando olhei, use morri do coração com
papai, mamãe e Diego parados na entrada onde eu acabara de passar.

— Vocês vieram! – Falei indo de encontro a eles e abraçando-os.

— Você achou que eu iria perder a chance de levar a minha meninona no


altar? Se enganou, eu estou aqui e vou te acompanhar até aquele altar e te
entregar na mão daquele cara. – Papai falou com uma raiva mentirosa na voz.

— Papai, vocês dois vão se dar muito bem, tenho certeza e o nome dele é
Jackson. – Acrescento com uma risada nervosa.

Mamãe e Diego já se acomodaram nas cadeiras que restavam, Jackson estava


no altar olhando fixamente para a entrada do tapete vermelho, Mike, Angel,
Kobe e dona Simone estavam aos lados do juiz de paz. Me aprumei e papai
me ofereceu o braço. Eu mal podia conter o sorriso em meu rosto, um filme
passou pela minha cabeça e tudo que eu passei até hoje, veio à tona. Coisas
boas que fiz pelas pessoas e coisas ruins também.

Afastei todos esses pensamentos da minha mente e me concentrei em seguir


caminho até o meu homem que me esperava impaciente do outro lado.

— Rapaz, eu estou te entregando o meu bem mais precioso e um patrimônio


deste país, se você machucar minha filha, seja lá como for, eu te caço e te
mato de forma lenta e dolorosa. – Papai fala ao apertar a mão de Jackson.

— Não vai ser necessário, senhor. Se um dia eu tiver essa audácia, ela mesma
me caça e me mata. – Jackson me encara e meu pai apenas sorri satisfeito.
Como quem diz “Essa é a minha garota!”
O juiz de paz dá início com palavras bonitas e cheias de significados. Meus
olhos transbordam e o nó em minha garganta insiste em ficar ali.

Chegada a hora tão esperada da troca de alianças e mamãe guia Jasmine até
o altar com as alianças numa cestinha. Ela está com um vestido branquinho
maravilhoso.

Enfim nós falaremos nossos votos e pra ser sincera, eu não escrevi nada,
Jackson se preparou, mas eu não, sempre achei essa coisa de casamento
meio brega.

— Meu amor. – Fala pegando minha mão. – Eu não sou bom com palavras,
mas sou bom em sentir. E o que eu sinto por você é algo que não sei explicar,
mas é o que o meu coração grita quando eu a vejo depois do trabalho, quando
escuto sua voz por telefone ao me ligar pra saber se estou bem, quando geme
na cama comigo, quando gargalha enquanto brincamos com a nossa pequena
Jasmine. Quando entra no modo dona de tudo e mostra quem manda.
Florence, Eu te amo com todas as minhas forças e quero de coração ficar com
você para sempre, até o meu último suspiro. – Suas últimas palavras são
seguidas de um carinho no rosto e a aliança deslizou pelo meu dedo.

Minha vez.

— Meu amor, você não sabe o quanto eu esperei por esse momento. Eu tentei
fazer um texto bonito, tentei gravar alguma coisa aleatória da internet, mas eu
não achei que as palavras que eu li se encaixavam no nosso caso. Jackson,
quando eu bati os olhos em você pela primeira vez, eu falei que você seria meu
e mesmo achando que estava errada, o destino fez o favor de atender meu
pedido e te colocou na minha vida novamente. Quando você entrou na minha
sala na Russel aquele dia, eu senti no fundo do coração que estava
perdidamente apaixonada e entregue a você. Depois daquilo, tudo só se
encaixou, fazendo com que ficássemos mais perto um do outro e o sentimento
fosse crescendo. – Fiz uma pausa. - Enfim, o que eu quero dizer é que Deus
escreve certo por linhas tortas. Minha vida era uma verdadeira desgraça antes
de te conhecer, você trouxe luz pra minha vida, minha casa, minha empresa.
Você é a minha luz, minha força... Sabe, eu as vezes me sinto como Dante,
primeiro sendo guiada por Virgílio pelo inferno e passando pelas maiores
dificuldades da vida e por fim, no purgatório eu encontrei a minha Beatriz, que
me encaminhou até o paraíso. Você Jackson, é a minha Beatriz e o seu amor é
o meu paraíso. Eu te amo! – Deslizei a aliança pelo dedo dele.

— Se alguém aqui tem algo contra este casamento, fale agora. – O juiz de paz
falou olhando para os convidados.

Então, como em um filme clichê, uma pessoa gritou da entrada.

— Russel! – Uma voz masculina bradou.

Um homem alto, loiro e esbelto apareceu na entrada e meu queixo caiu quando
eu vi quem era. Olhei para Mike rapidamente e ele já se preparava para correr
até o indivíduo, mas um sinal meu impediu.
— O que você quer, Jesse? – Pergunto alto o suficiente para ele escutar do
outro lado.

— Quero que todo mundo fique bem calminho, isso aqui vai ser um sequestro e
se você colaborar, ninguém se machuca. – Fala caminhando até o altar.

— Eu não estou afim de ser sequestrada hoje. – Falo com deboche.

— Chega de gracinha, Russel, venha comigo e todo mundo fica bem. – Repete
olhando para os convidados, então ele repousa o olhar em Jasmine que está
no colo de Jackson.

— Vamos resolver isso lá fora. – Caminho até ele e Jackson me segura pelo
braço.

— O que você está fazendo? – Pergunta baixo.

— Resolvendo as coisas, mande Mike chamar a segurança e a equipe de


limpeza. – Saio sem mais explicações e caminho atrás de Jesse, os poucos
convidados me observam com olhar de medo. – Ninguém precisa ficar
assustado e nem liguem para a polícia. Está tudo bem. – Falo um pouco mais
alto para que todos ouçam.

Ao chegar ao lado de fora, Jesse me pega pelo braço e me arrasta para o


elevador de serviço. Antes de entrarmos, finjo tentar puxar o vestido para não
tropeçar e deixo que ele entre primeiro. Quando vejo que ele já está quase
dentro do elevador, puxo a arma no coldre da perna e disparo três vezes.
Acertando dois tiros em seu peito e um em sua cabeça. O corpo cai dentro do
elevador e eu aperto o botão para que ele feche mais rápido.

Um segurança aparece e me substitui.

— A equipe de limpeza já deve estar a caminho, certifique-se de que todos as


entradas do elevador de serviço sejam interditadas, diga que há um problema.
Realize tudo na maior descrição possível. – Falo antes de dar as costas e
voltar ao meu casamento.

Volto para o altar sorrindo como se nada tivesse acontecido e todos me


encaram com curiosidade.

— Não se preocupem com nada, era só um mal entendido e não vai se repetir.
– Me virei para o juiz de paz. – Podemos continuar? – Ele concordou com a
cabeça e Jackson pegou minhas mãos.

— Eu vos declaro marido e mulher, pode beijar a noiva! – Enfim casados.

Jackson ainda tem Jasmine no colo, então com cuidado ele me beija
carinhosamente e da uma mordida leve em meu lábio inferior.

— Aquilo foram tiros? – Ele pergunta baixo contra meu lábio.


— Não pense nisso agora. Nada acontecerá! – Me afasto dele e viro sorrindo
para os convidados, todos batem palma e fazem festa.

Angel me entrega meu buquê e ajeita a coroa em minha cabeça. Dou a mão a
Jackson e seguimos pelo tapete vermelho até estarmos fora do local da
cerimônia. Uma foto de nós três é tirada pelo fotografo assim que saímos. Nela,
Jackson e eu estamos de mãos dadas e Jasmine está no nosso colo, nossos
sorrisos são ilustres e sinceros. Enfim eu tenho uma família.
Capitulo 62

A vida sempre mostrou muitas dificuldades em minha caminhada, mas com as


pessoas certas, essas dificuldades passam quase que despercebidas. Hoje
posso dizer que venci as dificuldades.

Tenho uma família linda, amigos perfeitos, sou bem sucedida em cada tópico
da vida e tenho orgulho de dizer que foi com muita dificuldade que conquistei
cada coisinha.

O dia está ensolarado em Miami e minhas perspectivas são das melhores.

Ligo para Jackson enquanto dirijo para casa, preciso saber como ele e Jasmine
estão, ao sair, ela estava um pouco enjoada e não queria me largar por nada.
Eu tenho um amor tão grande por eles que chega doer.

— Como vocês estão? – Pergunto assim que ele atende.

— Estão bem! – Ouço a voz de Isac do outro lado e estranho.

— Isac? Onde Jackson está? – Pergunto preocupada.

— No banheiro, vomitando! – Isac fala rindo. – Mulher, tu já buscaste o exame?


– Olho para o envelope branco no banco do carona ao ouvir a pergunta.

— Já sim! – Falo sem fôlego.

— E aí?

Isac claramente está muito mais curioso do que eu.

— Ainda não abri, acho melhor abrir em casa, tenho medo da minha reação. –
Confesso rindo fraco.

— Então venha logo, mulher.

Me despeço de Isac e desligo o celular. Encaro novamente o envelope no


banco do carona e dou um sorriso, seja o que Deus quiser.

Dirijo com um pouco mais de pressa e logo chego em casa. Encaro a faixada
da casa e dou um sorriso. A solidão e o peso de morar num lugar tão grande e
sozinha, já não existem mais, a casa agora vive cheia de gente, sempre bem
iluminada, com bastante luz natural entrando e purificando o ar. Sempre que
podemos, fazemos alguma brincadeira na área externa com os amigos e os
familiares.
Minha sogra, dona Simone é um doce de mulher e tem uma história de vida
incrível, nós ficamos bem próximas, a ponto de minha mãe querer voltar pra cá
só pra ficar mais perto de mim e ninguém “roubar” a filha dela. Por mim, vinham
todos pra cá, no Brasil não tem nada pra eles, mas papai gosta.

Diego veio morar comigo de vez e estou treinando meu menino para assumir
os negócios da família, ele se mostra interessado mais no status do que nos
negócios, é uma luta diária colocá-lo na linha e fazer com que enxergue o
verdadeiro perigo de assumir um império como o Grupo Russel.

Mike e Angelique estão cada dia mais apaixonados e eu fico muito feliz com
isso, afinal, são meus dois melhores amigos.

Eu e Jackson estamos muito bem, o Grupo Russel junto com a HM deu super
certo e estamos colhendo bons frutos. Kobe ainda não arrumou uma pessoa,
mas estamos com algumas candidatas em mente, Angel quer ver todo mundo
casado agora que ela casou.

Entrei em casa e Isac já me esperava no hall, claramente curioso para saber o


que estava escrito no envelope.

— Onde está Jackson? – Pergunto indo até cozinha pegar um pouco de água.

— Depois que vomitou, foi lá pra fora e deve estar lendo, ele tem lido A Divina
Comédia... – Isac me olha sorrindo.

— Só pra me agradar e tentar entender alguma coisa que eu falo quando trato
desse tipo de assunto perto dele. O coitado fica totalmente alheio.

Rimos e então eu caminho até a área externa da casa, onde Jackson costuma
sentar para ler.

Me surpreendo ao ver Diego, Jackson, Kobe, Mike, Angel, Dona Simone e


Jasmine sentados num sofá debaixo de um guarda-sol.

— O que eles fazem aqui? – Pergunto a Isac que tem um sorriso travesso nos
lábios.

— Estamos todos curiosos e todos queremos saber em primeira mão, você


acha que eu não ia chamar? – Revira os olhos. – O único que não sabe do que
se trata é Jackson, deixei pra ser surpresa pelo menos pra ele.

— Ok. – Falo com cautela e caminho até o grupo que conversa animadamente.
– Boa tarde! – Eles me encaram.

— Amor, o que está acontecendo? – Jackson pergunta. – Esses selvagens


invadiram nossa casa e não querem em falar por que.

— Calma, meu bem! Tudo vai ser explicado. Primeiro quero agradecer a todos
que estão aqui e dizer que vocês são uns belos fofoqueiros. – Dou uma
gargalhada e me junto a eles no sofá. – Gente, eu sei que todos vocês
esperam uma boa notícia, mas eu quero avisar que pode ser que vocês se
decepcionem um pouco, como eu me decepcionei tantas e tantas vezes. Então
para não ficarem com cara de tacho depois, já estão avisados.

— Do que você está falando? – Jackson pergunta impaciente.

— Meu bem, você sabe esses enjoos frequentes que você anda tendo? – Ele
murmurou um sim. – E sabe também esse grude de Jasmine comigo? –
Novamente ele murmura concordando. – Então, há alguns estudos que dizem
que o homem sente enjoos durante a gravidez da mulher e que as crianças
ficam mais grudadas à gravida. – Jackson arregala os olhos e um sorriso
começa a nascer em seus lábios. – Eu fiz um teste de farmácia ontem no
escritório e deu positivo, mas como eu não acredito muito na eficácia dessas
coisas, colhi meu sangue ontem no laboratório da empresa e peguei o
resultado hoje. Está aqui neste envelope, eu ainda não abri porque queria abrir
com você. – Pego em sua mão.

— Posso abrir? – Jackson pede e eu apenas afirmo.

Ele rasga o envelope e tira o papel de dentro, correndo os olhos pelas


palavras. Todos observamos ele com cautela, na espera de uma expressão
que denunciasse o resultado. Após alguns segundos, um sorriso enorme se
abre e todo mundo começa a pular e gritar, Jackson me abraça forte e me
beija.

— O tratamento deu certo? – Ele olha pra Kobe que sorri pra ele EU VOU SER
PAI DE NOVO! – Ele berra.

— Que tratamento? – Puxo ele para longe do pessoal que está em festa.

— Fiz um tratamento pra aumentar minha produção de esperma e deixa-los


mais saudáveis. Eles ficaram danificados por conta da droga. Eu te amo mais
que tudo nessa vida e meu maior desejo é te ver feliz e eu sabia que te dar um
filho, te faria feliz. – Não posso acreditar no que acabo de ouvir.

— Jackson... – Fico sem palavras e enlaço os braços em sua cintura, lhe


dando um abraço apertado.

Nesse momento, eu só sei chorar e chorar. Todo mundo está falando como vão
tratar a criança e como vão ter que conciliar entre Jasmine e esse novo Bebê.
Eles amam Jasmine por ela ser uma coisinha linda demais e muito simpática,
meu neném agora tem quase três anos e eu fico cada dia mais apaixonada por
ela.

As opções de nomes começaram a chegar, mas eu sei bem quais nomes


escolher.

A noite chegou bem rápido com toda a empolgação da gravidez. Isac fez um
jantar maravilhoso pra gente comemorar a chegada do novo bebe e na mesa, o
assunto não foi outro, mas agora eles lembraram de mim e começaram a me
fazer perguntas sobre gravidez.

— Já sabe quantos meses tem? – Angel pergunta.


— Quase quatro meses. – Falo enchendo a boca de lasanha.

— E como você não tem barriga? – Mike pergunta olhando pra minha barriga.

— Algumas mulheres só desenvolvem barriga depois dos cinco meses, é bem


normal também a barriga desenvolver após a descoberta. – Falo com
serenidade. – Na gravidez de Danny, eu desenvolvi barriga rápido. Por isso eu
descobri logo.

— Mas se já tem quase quatro meses, a criança foi fabricada em dezembro


né? – Kobe me olha encucado.

— Mas o que isso tem haver? – Rebato a pergunta.

— Não tem como ter sido em dezembro. – Jackson fala intrigado. – Não
transamos em dezembro.

— E aquele barulho todo na noite de natal, foi o que ein? – Dona Simone
encara Jackson.

— Hm, bem que eu falei que ia te dar um filho naquela noite. Olha aí, tá
grávida! – Jackson me olha rindo e eu estou morta de vergonha por Dona
Simone ter escutado aquela baixaria toda.

— Vocês me matam de vergonha, senhor! – Falo colocando a mão no rosto.

O resto do jantar aconteceu perfeitamente bem e depois de cada um ter ido pra
sua casa, Jackson e eu nos deitamos, cansados do dia cheio de surpresas e
agitações.

— Agora você vai precisar de todo o cuidado do mundo, não é? – Pergunta


alisando minha barriga.

— Provavelmente, meu útero sofreu muitos abortos nesses últimos anos, é


complicado levar uma gravidez normalmente. – Falo com um pouco de pesar.

— Bem, então vamos cuidar para que tudo fique exatamente onde está e a
senhora, nada de estresses, nada de sobrecarga de trabalho e muito menos
viagens longas para fechar contratos, deixa que eu faço isso ou mandamos o
Kobe, já que ele fica tão pouco tempo na empresa. Eu só quero cuidar de
vocês três e ficar bem daqui pra frente. – Ele me encara e encontra uma
Florence chorona. – Tudo tem sido tão maravilhoso na nossa vida, que eu só
tenho a agradecer mesmo.

— Nisso eu vou precisar concordar com você. Desde que lemos o resultado, só
tenho agradecido por tudo. – Falo olhando pro teto e Jackson coloca a cabeça
na minha barriga.

— Agora mamãe, fica quietinha que eu vou bater um papo com o meu filhão. –
Diz com a boca perto do meu ventre.

— Filhão? – Falo com um sorriso enorme no rosto.


— Tenho certeza que vai ser um menino! – Jackson beija meu ventre fazendo
minha pele arrepiar e em seguida posiciona mão ali. Eu apenas observo. –
Hey, garotão! Aqui quem ta falando é o seu papai. Você foi muito desejado por
todo mundo, sabia? Principalmente pela sua mamãe que está te esperando a
um tempão. Quero que você se comporte aí dentro pra daqui cinco meses você
receber o abraço do papai e da mamãe. Eu sei que você vai ficar bem porque
tem um anjinho no céu cuidando de você e ele vai cuidar de você pra sempre.
O nome dele é Danny. Ele é o seu anjo da guarda e quer que você chegue aqui
bem pra poder abraçar a mamãe e o papai. Agora, filhão, vou deixar você
dormir e vou dormir também. O papai já te ama muito.

Não preciso dizer o tanto de lágrimas que eu estou jorrando né?

— Eu te amo tanto! – Falo em meio os soluços.

— Eu te amo mais!

FIM.
EPILOGO
— Respira! Não fica nervosa. Jesus do céu, cadê esse homem? – Isac grita.

— Cheguei, cheguei. – Jackson aparece e logo me pega no colo, correndo


comigo até o carro.

Dou mais um grito de dor quando mais uma contração me atinge. Jackson está
branco de terror e Mike está rindo de nervoso. Isac já desmaiou duas vezes e
eu quero matar alguém.

— ACELERA ESSA PORRA DE CARRO. – Grito para Mike.

Ele aperta o botão da sirene que todo carro blindado tem e a passagem
começa a se abrir.

Em cinco minutos chegamos ao hospital e as contrações estão mais fortes a


cada minuto. Jackson está comigo no colo e logo uma maca chega para que eu
deitasse.

— Vamos fazer o ultrassom pra ver como está o bebê, ok? – Um médico
aparece no quarto logo após eu entrar.

— Faça rápido por favor, isso dói demais. – Solto mais um grito quando mais
uma contração me atinge.

O médico prepara o aparelho e começa a caminhar com ele em minha barriga.

— O bebê está com o cordão enrolado no pescoço! Vamos induzir esse parto
agora. – Ele fala dando as costas, mas sou mais rápida e agarro sua roupa.

Ele se vira pra mim chegando mais perto, então agarro seu colarinho e falo
com uma autoridade que nem eu sabia que existia.

— Você vai me preparar pra uma cesárea agora, minha gravidez é de risco e
se eu perder meu filho, eu juro que mato cada um de vocês deste hospital. –
Falo bufando e o médico apenas concorda saindo rápido.

Os próximos minutos são uma tortura, muita dor, choro e medo de acontecer
alguma coisa.

Uma enfermeira vem para me levar até a sala de cirurgia e Jackson não sabe
se vai ou se fica, Isac precisa gritar com ele para ele tomar coragem e entrar
comigo. Olha, nunca vi mais frouxo que esse meu marido.

...

Estamos todos encantados com a chegada do pequeno Brian, Jackson está


num ciúme terrível. Diego já comprou tanto balão colorido que daqui a pouco
não tem espaço pra mim no quarto.
Jasmine chorou demais quando viu o pequeno Brian e está encantada, pede
todas as noites para dormir do lado do irmãozinho, prometendo cuidar dele
enquanto ele dorme e ele adora a irmã, dá cada sorriso.

Sobre a mãe, nem preciso comentar né? Fico babando meu moleque o tempo
todo, ele é tão parecido com Diego quando pequeno que me assusta. Puxou
mais de mim do que de Jackson. A cor da pele, os olhos e a boca, são meus. O
porte dele vai ser igual ao do pai e o temperamento também, ele é muito calmo
e carinhoso, fica o tempo todo fazendo carinho em quem está com ele no colo.

Agora sim! Minha família está completa

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