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PRIMEIROS SOCORROS

AFOGAMENT
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AFOGAMENTO
O afogamento causa mais de 500 mil mortes a cada ano no mundo e 7.000 no Brasil,
tendo um risco de óbito 200 vezes maior que o acidente de trânsito. O maior risco de
morte por afogamento ocorre na faixa de 15 a 19 anos e em média 6 vezes mais no sexo
masculino. No afogamento, o resgate é essencial para salvar a vítima, e a avaliação e os
primeiros cuidados podem ser fornecidos em um ambiente ameaçador, a água.

O afogamento envolve, principalmente, a assistência prestada por pessoas sem


treinamento, guarda-vidas, socorristas e profissionais de saúde, ou seja, o atendimento
que antecede a ida ao hospital vai definir se a vítima terá maiores problemas ou não.
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AFOGAMENTO
O atendimento inicia-se pela ajuda prestada ao afogado para retirá-lo de dentro da água
sem que o atendente de emergência se torne uma segunda vítima, iniciando
imediatamente o suporte básico de vida ainda dentro da água, e acionando, após, o
suporte profissional (192 SAMU). Quando este tipo de assistência não é realizado
adequadamente no local do evento, pouco se pode realizar no hospital para modificar o
resultado final, devido a falta de oxigenação aos órgãos vitais.

Em 2002, durante o I Congresso Mundial Sobre Afogamentos, uma nova definição e


terminologia foi estabelecida em consenso e está em uso atualmente pela Organização
Mundial de Saúde (OMS). O uso desta terminologia e definição permitirão quantificar
melhor o tamanho do problema em todo mundo. Sendo assim, são definidos alguns
conceitos como:

Afogamento: aspiração de líquido não corporal causada por submersão ou imersão.


Resgate: trata-se da pessoa socorrida da água, sem sinais de aspiração de líquido.
Morte por afogamento: morte por afogamento, sem chances de iniciar a massagem
cardíaca, comprovada por tempo de submersão maior que uma hora ou por sinais
evidentes de morte há mais de uma hora, tais como: rigidez, manchas apresentadas em
após a morte ou decomposição corporal.
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Afogamento
O afogamento ocorre em qualquer situação em que o líquido entra em contato com as
vias aéreas da pessoa em imersão ou por submersão. Se ocorrer o resgate, o processo de
afogamento é interrompido, o que chamamos de um afogamento não fatal.

Qualquer incidente de submersão ou imersão em que a vítima não apresente


dificuldades para respirar deve ser considerado apenas um resgate na água, e não um
afogamento.

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Principais causas:

O desconhecimento das condições do local;


A falta de habilidade para nadar;
Entrar em águas após a ingestão de bebidas alcoólicas;
Crises convulsivas;
Doenças cardiorrespiratórias;
Musculares - câimbras;
E o mergulho em áreas rasas, que pode levar a traumatismo seguido da aspiração de
água.
COMO OCORRE O AFOGAMENTO?

Quando uma pessoa está em risco de afogamento e não pode mais manter as vias
aéreas fechadas, a água entra na boca e é voluntariamente cuspida, engolida ou
ainda, como resposta imediata, ocorre a tentativa de segurar a respiração, apesar de
ter duração de apenas alguns segundos. Quando a vontade de respirar é forte, ou
sem pensar, por não conseguir expulsar a água da boca, a vítima aspira certa
quantidade de água para as vias aéreas e a tosse ocorre como uma resposta
automática.

Em alguns casos (menos de 2%) ocorre o laringoespasmo, que é o reflexo da glote, um


músculo que fica atrás da língua e que nesse processo fecha a laringe evitando a
passagem de qualquer resquício pelas vias aéreas. Dessa forma, a água não chega aos
pulmões e uma reserva de oxigênio mantém o coração funcionando perfeitamente por
algum tempo. Porém, o laringoespasmo pode trazer danos cerebrais pela falta de
oxigenação e se torna um grande risco para a vítima.

Se a pessoa não é resgatada, continua engolindo água, e acontece a hipoxemia e a


apnéia. A hipoxemia é a falta de circulação de oxigênio, que pode gerar a perda da
consciência, já a apnéia é a suspensão momentânea da respiração. Logo após, ocorre a
aceleração dos batimentos cardíacos (taquicardia) que se transforma no atraso do ritmo
cardíaco abaixo de uma frequência de 60 batimentos por minuto (bradicardia), ou seja,
atividade elétrica sem pulso, e, finalmente, em parada cardíaca (assistolia).
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O processo de afogamento até uma parada cardíaca geralmente ocorre de segundos a


alguns minutos. Se a pessoa é resgatada em tempo, o quadro clínico é determinado
predominantemente pela quantidade de água que foi aspirada e os seus efeitos.

A água nos alvéolos suspende sua função, pois os alvéolos são a menor unidade funcional
do aparelho respiratório, onde ocorre a troca gasosa entre o meio ambiente e o
organismo, ou seja, a oxigenação para o sangue. Tanto a aspiração de água salgada
quanto de água doce ocasionam graus similares de lesão.

Se a reanimação cardiopulmonar (RCP) for necessária, o risco de dano neurológico é


semelhante ao de outros casos de parada cardíaca. No entanto, o reflexo de mergulho e a
hipotermia, que normalmente são associadas ao afogamento, podem proporcionar
maiores tempos de submersão sem sequelas. A hipotermia diz respeito a diminuição
excessiva da temperatura normal do corpo e pode reduzir o consumo de oxigênio no
cérebro, adiando a "ausência" de oxigênio na célula.
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Dentro do intervalo de 37°C a 20°C da temperatura corporal, a taxa de consumo de


oxigênio do cérebro é reduzida em cerca de 5% para cada redução de 1°C, o que explica
casos de sucesso na ressuscitação de pacientes que estavam um longo tempo
submergidos, e que supostamente não teriam chances de recuperação sem sequelas.
Apesar da ênfase no resgate e no tratamento, a prevenção permanece sendo a mais
poderosa intervenção, e a de menor custo, podendo evitar mais de 85% dos casos de
afogamento.

Assim, na maioria das pessoas o afogamento acontece com uma grande aspiração de
água por causa de movimentos respiratórios involuntários, fazendo com que a água
chegue aos pulmões. Isso leva à perda da substância que promove a abertura dos
alvéolos, à mudanças na permeabilidade dos capilares sanguíneos e ao surgimento de
edema pulmonar. Com o tempo, o pulmão enche-se completamente de água, o
indivíduo perde a consciência, sofre parada respiratória, cardíaca.

A grande quantidade de líquido que entra no corpo faz com que o corpo inche, fique
pesado e afunde. A partir daí, as bactérias presentes no organismo começam a proliferar,
liberando gases, então o corpo sem vida infla e volta a boiar.
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Suporte Básico de Vida e Resgate na Água
É importante ter muita cautela ao tentar salvar a vítima de afogamento, pois quando
uma pessoa está se afogando, sua tendência é se desesperar e segurar em quem está
tentando salvá-la, podendo ocasionar outro afogamento. Nesses casos, é fundamental
jogar algo para que ela se segure, como boias, garrafas pet, cordas ou oferecer objetos
longos que alcancem a vítima.

Para que o suporte básico de vida seja eficiente, é preciso saber se a vítima está
consciente ou não, o resgate se estabelece de jeitos diferentes dependendo da situação:

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Resgate com a vítima consciente: É possível resgatar a pessoa até um local seco
sem demais cuidados médicos, porém, é preciso ter cuidado, Deve-se lembrar de se
aproximar utilizando um objeto de flutuação intermediário onde a pessoa possa
segurar

Resgate com a vítima inconsciente: Neste caso, o mais recomendado são manobras
de ressuscitação. Conforme já visto, a hipóxia causa primeiramente apnéia, para
depois resultar em parada cardíaca. Desta forma, o socorrista deve primeiramente
checar a respiração da vítima, abrindo as vias aéreas, vendo, sentindo e ouvindo a
respiração. Se não houver respiração, ele deve realizar 10 ventilações com a vítima
ainda na água, pois isso pode proporcionar uma chance 4 vezes maior de
sobrevivência sem sequelas. Vale lembrar que socorristas sem treinamento
profissional, que não se sentirem à vontade de realizar as ventilações poderão
somente realizar o resgate, mas para o atendimento de vítimas de afogamento este
seria o procedimento adequado.
Resgate com a vítima na água funda: sempre utilizar algum equipamento de
flutuação e abrir as vias aéreas da vítima. Se não houver respiração, é necessário iniciar
a ventilação e levar a vítima até a área seca. Não se deve checar sinais de circulação,
como pulso carotídeo ou resposta à ventilação, enquanto estiver dentro da água,
somente se a distância da área seca for longa.

Se não houver circulação, não se deve iniciar as compressões dentro da água, e sim
resgatar a vítima até a área seca e aguardar o socorro. Se a vítima não reagir, é possível
que esteja em parada cardíaca, sendo assim, o socorrista deve levá-la até a área seca, e
iniciar as compressões cardíacas.
Suporte básico de vida ao afogado em terra

Deve-se levar em conta a consciência da vítima quando for retirá-la da água, mas para
evitar vômitos e demais complicações nas vias aéreas, é recomendado que o transporte
seja na posição vertical. Em caso de transporte de uma vítima, confusa ou inconsciente,
ele deve ocorrer em posição mais próxima possível da horizontal, porém, a cabeça se
mantém acima do nível do corpo. As vias aéreas devem permanecer abertas durante
todo o tempo.
Se a vítima estiver consciente, só é preciso colocá-la na horizontal com a cabeça elevada,
sem mais cuidados, como já citado. No caso de estar respirando, porém inconsciente, a
vítima deve ser colocada em posição lateral, enquanto aguarda o socorro, pois as
tentativas de retirar a água são proibidas, já que podem prejudicar o banhista.

Durante a ressuscitação, tentativas de retirar a água colocando a vítima deitada e com a


cabeça abaixo do nível do corpo, aumentam as chances de vômito em mais de cinco
vezes, levando ao aumento da mortalidade. Se a vítima vomitar, deve-se lateralizar a
cabeça.

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