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AFOGAMENTO

• A OMS define afogamento como dificuldade


respiratória secundária a aspiração de líquido
durante o processo de imersão ou submersão em
meio líquido. Pode ser subdivido em afogamento
fatal e não fatal, sendo definido como não fatal o
incidente que ocorra a sobrevivência, mesmo
momentaneamente, após a asfixia por
submersão em meio líquido
Epidemiologia
• O afogamento é uma causa comum de
morte no mundo (0,7% de todas as
mortes), acometendo aproximadamente
500.000 pessoas/ano, entretanto acredita-
se que esse número deveria ser muito
maior uma vez que muitos casos de óbito
por afogamento não são notificados,
inclusive em países desenvolvidos.

• No Brasil, diariamente morrem 16
brasileiros por afogamento
(aproximadamente 1 a cada 92 minutos),
representando uma das principais causas
de morte em crianças e adultos jovens no
país.
• A maior incidência de afogamento ocorre
entre homens (6,7 vezes mais que
mulheres), crianças com idade entre um e
cinco anos, pessoas com baixo nível
socioeconômico e pessoas que ingeriram
bebida alcoólica antes de entrar na água.
• A distribuição etária por afogamento é bimodal,
sendo o primeiro pico entre crianças menores
de cinco anos, devido a má supervisão em
piscinas, banheiros ou recipientes com líquidos,
e o segundo pico entre homem de 15 a 25 anos
sendo os lagos, rios e praias os principais
cenários do afogamento dessa faixa etária
Fatores de risco
• Sexo masculino
• Idade inferior a 14 anos
• Baixa renda familiar
• Baixo nível educacional
• Residência rural
• Maior exposição ao meio aquático
• Supervisão adulta inadequada
• Incapacidade de nadar ou superestimar a
capacidade de natação
• Uso de álcool e drogas ilícita (responsável por
mais de 50% das mortes por afogamento em
adultos)
• Epilepsia (risco 15 a 19 vezes maior)
Fisiopatologia do afogamento
• Quando uma pessoa está se afogando e não
pode mais manter as vias aéreas livres do
líquido, a água que entra pela boca é
voluntariamente cuspida ou engolida. A resposta
consciente é uma apneia voluntária, para evitar
a entrada de mais líquido, no entanto, a apneia
voluntária gera o acúmulo de gás carbônico
sanguíneo levando ao aumento da vontade de
respirar (acúmulo de CO2 ativando o centro da
respiração).
• Quando o limiar do gás carbônico é atingido, ocorre a
inspiração reflexa, culminando na aspiração de líquido
e gerando o contato do meio líquido com o trato
respiratório inferior, que prejudica as trocas gasosas.
Nesse momento ocorrerá a tosse como uma resposta
reflexa. Com a troca gasosa prejudicada nos alvéolos,
há a evolução para hipoxemia levando a perda da
consciência e evolução para parada cardiorrespiratória.
• O brônquio direito é mais
frequentemente invadido por corpos
estranhos que o esquerdo, pois este é
mais largo, curto e mais vertical.
Cadeia de Sobrevivência –
SOBRASA

A cadeia de sobrevivência do afogamento é uma


ferramenta educacional desenvolvida pelo Dr. David
Szpilman e sua equipe da Sociedade Brasileira de
Salvamento Aquático (SOBRASA), que visa orientar sobre a
maneira correta de lidar com o afogamento destacando as
principais etapas do salvamento aquático. A cadeia é
constituída por cinco elos.
• Primeiro elo – Prevenção: É a parte mais
importante do processo, uma vez que é
capaz de evitar toda a cadeia de
atendimento.
• Segundo Elo – Reconhecer o afogamento +
Pedir para ligarem 193 (bombeiros): Nessa
segunda etapa faz-se necessário
reconhecer vítimas que estão se afogando
e imediatamente chamar por ajuda.
• Terceiro Elo – Fornecer flutuação: Após
reconhecer que a vítima está se afogando e
acionar o serviço de resgate é possível ajudar a
vítima, sem entrar na água, fornecendo uma
flutuação. Ao fornecer o material para flutuação
solicite à vítima que se acalme, informe que já foi
requisitado ajuda e recomende que ela se apoie
na estrutura fornecida em posição vertical para
evitar aspiração e vômito.
• Quarto Elo – Retirar a vítima da água: caso esteja
seguro para isso: É de extrema importância
reconhecer que só é possível realizar a retirada
da vítima da água em ambientes seguros e se o
socorrista tiver o treinamento adequado para
isso, uma vez que, ao entrar na água sem o
conhecimento de resgate adequado, há uma
grande chance de afogamento e, com isso, o
socorrista pode se torna uma segunda vítima.
• Quinto Elo – Suporte de Vida: Consiste
em toda a ação para prestar a assistência
adequada à vítima assim que ela estiver
em terra firme. Esse conteúdo será
explorado na parte de “Manejo do
Paciente” a seguir.
Manejo do Paciente
1) Suporte Básico de Vida
• Essa é a fase inicial do atendimento,
devendo ser realizada antes de qualquer
conduta.
• O suporte básico de vida a vítima de
afogamento é composto pela aplicação de
técnicas de abertura de via aérea, resgate
respiratório e manobras de reanimação
cardiopulmonar, em terra firme,
dependendo do comprometimento da
vítima
• O manejo desses pacientes é baseado em
três cenários:
• 1- Caso a vítima esteja consciente e
respirando: Observar a vítima e colocá-la
em posição lateral de segurança
(decúbito lateral);

• 2- Caso a vítima esteja inconsciente e


respirando: Observar a vítima e colocá-la
em posição lateral de segurança
(decúbito lateral Direito);
• 3- Caso a vítima esteja inconsciente e sem
respiração: Abertura de vias aéreas e realização
da ventilação de resgate. Esta deve ser iniciada
assim que a vítima estiver em uma superfície
estável, sendo feita primeiramente a abertura da
via aérea seguida de cinco respirações de
resgate. Caso não haja sinais de ventilação
efetiva (vítima permanece sem responder ou o
tórax não se expande), deve-se iniciar
imediatamente a realização de compressões
torácicas de alta qualidade,incluindo a aplicação
de um desfibrilador externo automático.
Classificação do afogamento

• Devido à grande diversidade de apresentações


clínicas, o afogamento é classificado em seis
graus, sendo os números mais altos os que
representam comprometimento mais grave. A
classificação do paciente é uma etapa
fundamental, uma vez que além de ajudar na
estratificação de risco, servirá como guia para
indicações de intervenções e cuidados no
suporte avançado de vida.
Graus de afogamento:

• Resgate – Paciente não apresenta tosse, não


houve afogamento.
• Grau 1 – Paciente que apresenta apenas
tosse, sem espuma em boca ou nariz.
• Grau 2 – Paciente que apresenta tosse, além
de espuma em pouca quantidade saindo da
boca ou nariz, indicando que já existe uma
congestão pulmonar mínima.
• Grau 3 – Paciente que apresenta muita
espuma em região de boca ou nariz. O pulso
radial permanece palpável, afastando sinais
de choque.
• Grau 4 – Paciente que apresenta muita
espuma em região de boca e/ou nariz.
Não apresenta pulso radial palpável,
indicando sinais de choque.

• Grau 5 – Paciente em Parada


Respiratória.

• Grau 6 – Paciente em Parada


Cardiorrespiratória.
• Para realização dessa etapa deve-se seguir uma
sequência pré-determinada, na qual primeiro deve-se
atestar a responsividade do paciente e em seguida,
dependendo do estado de consciência do paciente,
serão tomadas atitudes para melhor classificar o
afogamento.
Suporte Avançado de Vida Pré-hospitalar
• Grau1-Repouso, aquecimento e medidas que visem o conforto e tranquilidade
do banhista

• Grau 2 -Mesmo do Grau I


Oxigênio nasal 5 litros/min
Observação hospitalar por 6 a 24 h.

• Grau 3 -Oxigênio por máscara facial a 15 litros/min no local do acidente


Posição Lateral de Segurança sob o lado direito
Internação hospitalar para tratamento em CTI

• Grau 4 -Mesmo do Grau III


Observe a respiração com atenção – pode haver parada da respiração
Ambulância urgente para melhor ventilação e infusão venosa de líquidos
Internação em CTI com urgência

• Grau 5 -Ventilação
Após retornar à respiração espontânea – trate como grau IV

• Grau 6 -Reanimação Cardiopulmonar (RCP)


Após sucesso da RCP trate como grau IV
• POSIÇÃO LATERAL DE SEGURANÇA. Elas permitem
manter as vias aéreas abertas com maior segurança em
caso de vômitos ou secreções. A posição a direita tem
evidências cientificas de ter maior benefício nos casos
de afogamento.
• Portanto no AFOGADO INCONSCIENTE use a POSIÇÃO
LATERAL DE SEGURANÇA SOBRE O LADO DIREITO
• Conclusão :
• Se no afogamento temos o pulmão direito mais
comprometido do que o esquerdo, podemos
então sacrificar o pulmão direito drenando a
água do esquerdo para o direito, livrando o
pulmão esquerdo de parte da água aspirada e
melhorando a relação V/Q(ventilação/perfusão)
deste pulmão.
• O afogamento secundário ou Seco acontece
porque durante o quase afogamento a água
chegou ao fundo dos pulmões, onde ficam os
alvéolos. Com isso, ocorre uma irritação
considerada anormal que leva à perda de
surfactante. Isso é o que ajuda os alvéolos a
manterem sua abertura
• Sendo assim, depois de um episódio de quase
afogamento, seja em água salgada, doce ou de
piscina, é importante que os pais levem a
criança ao hospital para que fique em
observação por um tempo.
Existem diversos sintoma que podem ser
observados nos casos de afogamento secundário,
que são:

• Dificuldade de respirar
• Cansaço extremo
• Tosse
• Dor de cabeça
• Sonolência
• Dificuldade de falar ou se comunicar (alteração
cerebral)
• Febre (nem sempre ocorre).
Um mergulho mal calculado na piscina ou no mar
pode dar origem a lesões na coluna vertebral que,
dependendo da gravidade, provocam a paralisia das
pernas (paraplegia) ou dos músculos abaixo do
pescoço (tetraplegia). Regra geral, estas lesões são
mais frequentes quando a cabeça bate no solo ou
numa rocha
REFERENCIAS
https://www.sanarmed.com/resumos-afogamento-ligas

Figura 1: Cadeia de sobrevivência em afogamento. Fonte:


Szpilman D, Webber J, Quan L, Bierens J, Morizot-Leite L,
Langendorfer SJ, et al. Creating a drowning chain of survival.
Resuscitation. 2014;

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