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Curso de Formação de Socorristas em APH-B

CURSO DE ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR - BÁSICO

Lição 23

AFOGAMENTO E ACIDENTES DE MERGULHO

OBJETIVOS:

Ao final desta lição os participantes serão capazes de:

1) Citar pelo menos dois tipos comuns de traumas associados aos acidentes na
água;
2) Conceituar o termo “afogamento”;
3) Descrever dois problemas específicos relacionados com os acidentes de
mergulho em grandes profundidades.

Rev. Adap. 06/02 MP 23-1


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INTRODUÇÃO

A maioria das pessoas, quando pensam em acidentes relacionados com água,


lembram somente do afogamento. No entanto, acidentes de navegação, de esqui
aquático, de mergulhos ou outros podem causar obstrução das VA, fraturas,
hemorragias, e ferimentos em tecidos moles. Outros tipos de acidentes, como
quedas de pontes e acidentes com veículos motorizados, também podem envolver a
água.

TIPOS DE ACIDENTES:
Os afogamentos podem ser ocasionados por diversos tipos de acidentes, tais como
mergulhos em águas rasas, abusos de álcool antes de entrar no mar, cãibras ou
desmaios durante a prática de natação em águas profundas, acidentes com
veículos aquáticos, quedas de pontes, etc.

Os traumas mais freqüentemente associados aos acidentes na água são a


obstrução de vias aéreas, a parada cardíaca, os ataques cardíacos, os traumas na
cabeça e pescoço, os traumas internos e a hipotermia.

AFOGAMENTO:
Podemos conceituar o afogamento como uma sufocação em meio líquido.

Esta sufocação pode ser provocada pela inundação das vias aéreas ou pelo
fechamento da epiglote, estimulada pela presença de líquidos (espasmo de laringe).
Nos dois casos, o resultado final será a asfixia (hipóxia) resultante da falta de
oxigênio. As células nervosas são as primeiras a sofrer com a privação de oxigênio,
morrendo em poucos minutos.

A conseqüência mais importante da imersão prolongada na água sem ventilação é a


hipoxemia. A duração da hipóxia (baixa concentração de oxigênio no fluxo
sangüíneo) é o fator crítico na determinação da condição da vítima . Por este motivo,
os socorristas devem se empenhar ao máximo para restabelecer o mais rápido
possível a ventilação e a perfusão da vítima afogada.

ACIDENTES NA ÁGUA (O QUE FAZER?)


Caso a vítima esteja na água, tente puxá-la para fora, jogando algo que flutue,
puxando-a da água ou pegando um bote para chegar até ela. Se for utilizar o bote
para alcançar a vítima na água, use colete salva-vidas.Quando fizer a ressuscitação
pulmonar, use a manobra de tração da mandíbula para proteger um possível trauma
associado (na coluna cervical).

Não inicie a RCP enquanto o paciente ainda estiver na água!

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ATENÇÃO!
Não tente fazer um salvamento na água, a menos que você tenha sido treinado para
isso, seja um bom nadador e haja outras pessoas para ajudá-lo. Nunca tente fazer
um salvamento na água sozinho ou sem recursos. Caso contrário, ao invés de ser
uma pessoa que fará o salvamento, você provavelmente se tornará uma vítima!

ACIDENTES DE MERGULHO
Acidentes de mergulho a grandes profundidades podem produzir bolhas de gás no
sangue (embolia) ou a doença da descompressão.

A EMBOLIA caracteriza-se pela presença de bolhas de ar no sangue. Os gases


deixam o pulmão e entram na circulação sanguínea. Isso pode acontecer por
diversas razões, entretanto, está freqüentemente associado com falha de
equipamentos de mergulho e emergências embaixo da água.
Sinais e sintomas da embolia:
 Mudança de comportamento (o paciente parece embriagado);
 Visão embaraçada;
 Dores torácicas;
 Sangue espumoso na boca e nariz;
 Convulsões, fraqueza geral ou em um ou mais membros;
 Sensação de formigamento ou paralisia nos braços e pernas.

A DESCOMPRESSÃO ou DOENÇA DA DESCOMPRESSÃO ocorre normalmente


naqueles indivíduos que emergiram muito depressa de um mergulho profundo e
longo. Quando o mergulhador emerge rapidamente, as bolhas de nitrogênio podem
ficar presas nos tecidos corporais e depois serem lançadas na circulação sanguínea.
Sinais e sintomas da doença:
 Fadiga, dor forte nos músculos e articulações;
 Formigamento ou paralisia;
 Respiração difícil ou com esforço;
 Dores torácicas;
 Perda da consciência e grandes manchas na pele.

Obs. Nesses casos espere uma reação tardia, normalmente os sinais e sintomas
aparecem de 1 a 48 horas após o acidente.

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TRATAMENTO PRÉ-HOSPITALAR:

 O tratamento das situações vistas anteriormente


consiste basicamente na identificação do problema e no
transporte urgente do paciente para tratamento em um
centro especializado (Centro de Tratamento de Trauma
Hiperbárico).

 Coloque o paciente deitado sobre o lado esquerdo e


incline seu corpo de modo que a cabeça fique um pouco
mais baixa, deixando-o assim durante o transporte, não
mais do que 10 minutos.

O PACIENTE COM TRAUMA DE COLUNA


Considere qualquer paciente inconsciente como tendo trauma de coluna vertebral.
Sempre inicie os cuidados ao paciente, após a sua retirada da água, pela avaliação
inicial, exame físico e entrevista. Tome cuidado especial para proteger um possível
trauma na coluna. Traumas no pescoço (coluna cervical) e no restante da coluna
vertebral ocorrem durante muitos acidentes relacionados com a água.

CUIDANDOS COM O PACIENTE AFOGADO


Em caso de afogamento seguido de parada respiratória, o socorrista deverá iniciar o
socorro aplicando a ventilação artificial o mais rápido possível, mesmo antes da
vítima ter sido retirada da água. Se for necessária a RCP, esta deverá ser iniciada
assim que a vítima estiver deitada sobre uma superfície rígida, com o pescoço
estabilizado. Mantenha o paciente flutuando até a chegada de ajuda. Muitos pacien-
tes em parada cardíaca podem ser reanimados até mesmo depois de passado
algum tempo em parada. Se a água for muito fria, a reanimação pode ter sucesso
em pacientes que estiveram sob a água por mais tempo.

Posicione sempre os pacientes que estiveram imersos na água, em decúbito dorsal.


Somente remova o paciente da água com ajuda de uma equipe de socorristas
treinados e com o colar cervical e uma prancha rígida longa. Se as medidas de
suporte básico de vida forem necessárias ou se o local tornar-se inseguro, você
deverá desconsiderar a possibilidade de traumas na coluna e tentar retirar o

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paciente da água sozinho. Sempre que possível tente apoiar as costas do paciente e
manter o pescoço apoiado e alinhado. Todos os pacientes que sofrerem acidente na
água devem receber cuidados para prevenir o choque (hipoperfusão). Mantenha-os
o mais aquecido possível, sem exagerar.
A maioria das vítimas de afogamento, quer seja de água doce ou salgada, aspira
apenas uma pequena quantidade de água, a qual é rapidamente absorvida dos
pulmões para a circulação. Além disso, cerca de 10 a 15% das vítimas não aspiram
água devido a ocorrência de um laringoespasmo (lembrar que a laringe é
extremamente sensível a qualquer material estranho e pode produzir um espasmo
que nada mais é do que uma resposta irritativa imediata que fecha a passagem das
vias aéreas) e da apnéia.
Os vômitos nos afogados submetidos a RCP, permanecem como principal fator de
complicação durante e após a ressuscitação. Ao contrário do que se preconizava
anos atrás, a posição da vítima de afogamento em água salgada e que necessita
manobras de ressuscitação na areia, deve ser paralela a linha do mar, de forma a
evitar vômitos e aspirações, que ocorrem com maior freqüência com a posição
cefálica mais baixa. A indicação anterior objetivava drenar água dos pulmões da
vítima por gravidade, mas não é mais recomendada.
Muitas vezes, o paciente tem água no estômago. Isto poderá fazer resistência aos
seus esforços ventilatórios. Quando isto acontecer, você deve lembrar que parte do
ar de suas ventilações vai para o estômago do paciente, mesmo que você tente
ajustar suas ventilações. As regras atuais, da Associação Americana do Coração
(American Heart Association) e da Cruz Vermelha Americana, pedem para que o
socorrista não tente retirar a água ou o ar do estômago do paciente (a menos que
tenha um aspirador portátil disponível), devido ao risco de levar o material do
estômago para as vias aéreas e provocar uma obstrução ou aspiração. Quando
ocorrer uma distensão gástrica, reposicione as vias aéreas e continue a
ressuscitação, tendo certeza de que as ventilações feitas são lentas e profundas.
Quase todas as vítimas de afogamento apresentam algum grau de hipotermia.

O REFLEXO MAMÍFERO DO MERGULHO


Os seres humanos têm algo em comum com muitos outros mamíferos. Isto é
chamado de reflexo mamífero do mergulho. Quando mergulhamos em água fria de
modo que a cabeça fique submergida, o corpo envia mais sangue oxigenado para o
cérebro, pulmões e coração e este diminui a freqüência dos batimentos cardíacos.
Quanto mais fria a água, mais oxigênio será armazenado nestes locais. Por isto,
uma vítima de afogamento tem que receber os cuidados da reanimação, até mesmo
quando não estiver respirando há 10 minutos ou mais. Muitos pacientes nestas
condições foram reanimados com sucesso.

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AVALIAÇÃO
AFOGAMENTOS E ACIDENTES DE MERGULHO

1) Citar dois tipos comuns de traumas associados aos acidentes na água.

2) Defina com suas próprias palavras o termo “afogamento”.

3) Cite dois problemas relacionados com os acidentes de mergulho em grandes


profundidades:

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