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PSICOTERAPIA HOLÍSTICA

NATURALISTA

Módulo 1 - Psiconeuroimunologia e a relação


corpo e mente

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Módulo 1 - Psiconeuroimunologia e a relação corpo e mente

MÓDULO 1

1- Psiconeuroimunologia e a relação corpo e mente


Módulo 1 - Psiconeuroimunologia e a relação corpo e mente

Introdução
O que tem a ver a alma de uma pessoa, seus pensamentos, emoções e
comportamento, com seu sistema imunológico, esse importante guardião da saúde? Ainda
há pouco essa questão era ridicularizada pelos especialistas. Durante décadas foram
concentrados esforços internacionais em desvendar, passo a passo, os segredos das células
imunes (as responsáveis pela defesa do organismo, como os glóbulos brancos). No fim, os
especialistas concluíram que, depois do cérebro, o sistema imunológico é o mais complicado
do corpo e desenvolveu, relacionando-se com milhares de germes hostis, uma precisão letal.
De resto – assim se pensava –, ele era autônomo. Todas as células entendiam tão bem seu
serviço que nenhuma precisava de conselhos. Pensamentos, emoções e tudo que acontecia
na cabeça nada tinham a ver com o sistema imunológico – assim parecia.
Tal conceito estava totalmente de acordo com o paradigma da medicina ortodoxa.
Até pelo menos 400 anos atrás, o dualismo corpo-alma era um axioma, segundo o qual as
moléstias surgem apenas por causa de deslizes no plano físico e não têm nada a ver com a
consciência. Quem acreditava que uma doen¬ça pudesse ser causada por in¬fluências
psicológicas, sociais ou até mentais conseguia no máximo sorrisos de desdém dos médicos
ortodoxos.

A Psiconeuroimunologia nasceu da medicina psicossomática, surgida no final dos


anos 30 em Chicago, Estados Unidos da América, por Franz Alexander. A medicina
Psicossomática revelou o papel importante da mente na manutenção da saúde física. A
combinação entre emoções e as doenças vem sendo explicada durante décadas devido aos
progressos em biologia molecular e celular, genética, neurociências e estudos na imagem
cerebral. Estes avanços divulgaram as inúmeras ligações entre os sistemas neuroendócrino,
neurológico e o sistema imunológico.

Corpo e mente fazem parte de um indivíduo, sendo a saúde, o resultado desse


equilíbrio que impreterivelmente reage com o meio ambiente. Tais observações também
foram propostas por Hipócrates e Galeno (por volta de 380 a.C.). Na década de 70 com a
publicação da Journal of Behavior Medicine, houve a criação das áreas denominadas
Medicina Comportamental e Psicologia Comportamental, havendo uma iniciação nas
pesquisas das Ciências Sociais e Biomédicas, sendo indicado a sua aplicação nos tratamentos
médicos. Ainda os autores apontam que a ligação entre estresse, depressão e
consequentemente o enfraquecimento do sistema imunológico podem favorecer a formação
e desenvolvimento de tumores.

A filosofia do corpo e da mente

A alma como guia do corpo, sua mestra, condutora. O corpo como “morada da alma”, algo perecível,
até mesmo sujo, descartável, pecador, inferior. Esse é um pensamento que tem influenciado todo
sistema cristão, tendo descartes como propulsor dessa concepção filosófica.
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O problema mente-corpo é uma questão filosófica tratada nos campos da metafísica


e da filosofia da mente. Muitas são as implicações sobre esse tema. Dentre elas estão duas
teorias que tentam a resolução do problema.

Corpo vem do latim corpu, que significa " a estrutura física do homem ou do animal",
"tudo que tem extensão e forma"; "porção da matéria ( definição química); Mente, vem do
latim mente, que significa "faculdade de conhecer", "inteligência", "poder intelectual do
espírito"; "entendimento, alma, espírito".

Embora essas definições nos remetam ao Materialismo, - um "sistema filosófico que


acredita que, no universo, tudo é matéria, inexistindo algo imaterial", e ao Espiritualismo, -
que é o sistema filosófico que postula a existência da alma( imaterial), Deus e o espírito, nossa
pretensão é apenas levar a compreensão da natureza humana considerando o conceito de
corpo e de mente, descartando qualquer doutrina ou filosofia espiritualista.

Dualismo & monismo


O dualismo é a teoria que diz que a mente e o corpo são duas substâncias diferentes.
O monismo é a teoria que diz que a mente e o corpo são, na realidade, uma única substância.
Os monistas, também chamados materialistas ou fisicalistas, afirmam que ambas são matéria,
e os monistas idealistas apoiam que ambas estão situadas na mente.

René Descartes é considerado o filósofo que identificou o problema, conhecido pelo


mundo ocidental. Mas a questão já havia sido abordada por dois célebres filósofos: Platão e
Aristóteles. Platão definiu a mente, ou alma [Psykhé], como “o piloto do navio”, dando
preferência para a alma que devia guiar o corpo. Aristóteles definia o corpo como órganon da
alma, mero instrumento no seu aperfeiçoamento, dando preferência e supremacia para esta
e não àquela.

John Searle, em seu livro “O mistério da consciência”, nega o dualismo cartesiano, a


ideia de que a mente é uma forma separada de substância do corpo, porque isso contraria
toda a nossa compreensão da física, e ao contrário de Descartes, ele não traz Deus para o
problema.

Searle rejeita o dualismo de propriedades e qualquer tipo de dualismo, a alternativa


tradicional para o monismo. Ele considera que a distinção é um erro. Ele rejeita as ideias de
que porque a mente não é objetivamente visível, não cai sob a rubrica do fisicalismo.

No livro o Autor declara: “Esta época é, ao mesmo tempo, a mais excitante e a mais frustrante,
em minha vida intelectual, para o estudo da consciência. Excitante porque o tema consciência voltou a ser
respeitado – de fato, quase que considerado central – como matéria de investigação da filosofia, psicologia,
ciências cognitivas e até da neurociência. Frustrante porque todo o assunto ainda está infestado de equívocos e
erros que eu supunha já terem sido superados” . O mistério da consciência p.23.

Embora seu livro seja considerado um campo de batalha intelectual, Searle, de forma
simplista, argumenta que o problema mente-corpo tradicional tem uma "solução simples":
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os fenômenos mentais são causados por processos biológicos no cérebro e são eles
mesmos características do cérebro.

Imagem e semelhança de Deus

Segundo a filosofia, a natureza humana é um conjunto de características


incluindo formas de agir e pensar, que todos os seres humanos têm em comum.

De acordo com o conceito aceito pela ciência moderna, natureza humana


é a parte do comportamento humano que se acredita que seja normal e/ou
invariável através de longos períodos de tempo e de contextos culturais dos mais
variados. Entretanto, esse entendimento é equivocado, dado que a ciência não crê
em natureza humana, pois tem essa um caráter apenas metafísico.

Portanto, partindo da premissa que fomos criados por Deus, sabemos que
Ele criou seres dotados de sentimentos e emoções. Seres que sentem as coisas ao
seu redor, não só com a mente, mas também com o corpo.
Fomos feitos a imagem e a semelhança de Deus. E essas características se
apresentam claramente desta forma:

Figura 1

Para atingirmos uma compreensão melhor, vamos buscar a raiz das


palavras, segundo o livro de Genesis capitulo 1 verso 26:
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Figura 2

Minhas figuras

A figura nos mostra que, apesar de serem diferentes, segundo a preleção


bíblica, essas duas características do ser humano agem conjuntamente de forma
a se fundirem em uma só.

No campo da ciência médica não é diferente. Considerando que a parte


mental seja composta pelo sistema nervoso e subsistemas, e a parte biológica pelo
sistema endócrino o qual coordena os demais, é sabido que o sistema endócrino
em conjunto com o sistema nervoso atua na coordenação e regulação das funções
corporais, de forma que esses sistemas interagem formando mecanismos
reguladores bastante precisos. O sistema nervoso pode fornecer ao sistema
endócrino informações sobre o meio externo, enquanto que o sistema endócrino
regula a resposta interna do organismo a esta informação.

As sensações que sentimos são percebidas tanto pela mente quanto pelo
corpo, pois mente e corpo estão intimamente ligados, e influenciam-se
mutuamente. Dessa forma, saúde física e saúde emocional estão intimamente
ligados. Portanto, se queremos ser saudáveis e ter qualidade de vida, precisamos
cuidar não apenas das questões físicas, mas também das nossas emoções.

Frequentemente esquecemos que temos duas naturezas, biológica e


intelectual - física e mental, que se fundem em uma: “alma vivente”. Devemos
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hoje mesmo buscar ter mente sã e corpo sadio, se quisermos ter qualidade de vida. Pois
o ser humano é um ser com duas estrutura indivisíveis: físico e mental. A imagem e a
semelhança de Deus.

Relação entre corpo e a mente.

Entre a mente e o corpo há um relacionamento admirável e misterioso. Reagem


um sobre o outro. Manter o corpo em estado sadio, a fim de que desenvolva a força,
para que cada uma das partes do organismo vivo possa agir harmoniosamente, deve
ser o primeiro estudo de nossa vida. Negligenciar o corpo é negligenciar a mente. Não
pode ser para glória de Deus que Seus filhos tenham corpo doentio e mente definhada.
MCP V2, Pg, 373.

O cérebro é o órgão e instrumento da mente, e controla todo o corpo. A fim de


que as outras partes do organismo sejam sadias, deve ser sadio o cérebro. E para que o
cérebro seja sadio, deve o sangue ser puro. Se pelos hábitos corretos do comer e do
beber o sangue se conserva puro, o cérebro será alimentado de maneira apropriada.
Conselhos Sobre Saúde, págs. 586 e 587.

Muito íntima é a relação que existe entre a mente e o corpo. Quando um é afetado,
o outro se ressente. O estado da mente atua muito mais na saúde do que muitos julgam.
Muitas das doenças sofridas pelos homens são resultado de depressão mental. Desgosto,
ansiedade, descontentamento, remorso, culpa, desconfiança, todos tendem a consumir as
forças vitais, e a convidar a decadência e a morte.” A Ciência do Bom Viver, p. 241.
Apresentai ao povo a necessidade de resistir à tentação de condescender com o
apetite. Nisto é onde muitos estão falhando. Explicai quão intimamente relacionados estão
o corpo e a “mente” e mostrai a necessidade de manter a ambos no melhor estado.
Conselhos Sobre Saúde, pág. 543.

A associação entre as emoções e as doenças é um assunto debatido a séculos, desde


a época de Hipócrates. Entretanto, essa questão, tem sido melhor explicada nas últimas
décadas, devido aos avanços científico na área da biologia celular e molecular, da genética,
da neurociências, além dos estudos de imagem cerebral. Essas observações tem mostrado
que existe diversas conexões entre os sistemas neuroendócrino, neurológico e o sistema
imunológico, fazendo uma ligação direta entre a saúde a as emoções.

Uma das abordagens da medicina denominada de psiconeuroimunologia ((PNI) ou


psiconeuroendocrinoimunologia (PNE) é o estudo das interações entre comportamento e os
sistemas nervoso, endócrino e imunológico), se baseia na premissa de que todos os sistemas
orgânicos estão interrelacionados em termos de funcionamento. Esta concepção holística
defende que o sistema imunológico está integrado e é interdependente da ação e regulação
dos sistemas nervoso e endócrino. Essa teoria ainda defende que os acontecimentos da vida
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(negativos e positivos), as emoções e os fatores geradores de estresse influenciam o


organismo e obrigam-no a criar mecanismos de resposta adaptativa.

Seguindo esse norte, pesquisam comprovam que uma mudança no estado da psique
produz mudança na estrutura de corpo, assim como uma mudança na estrutura de corpo
produz uma mudança na estrutura da psique”.

Uma descoberta de pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade da Virginia, nos


Estados Unidos, reforçam ainda mais que as emoções e as doenças estão associadas.

Os cientistas descobriram um sistema de vasos que liga o sistema nervoso central ao sistema
linfático. Segundo a descoberta, feita com camundongos, o sistema drena os fluídos linfáticos
(chamados de linfa) do cérebro para os nódulos linfáticos. Estes funcionam como filtro,
retirando e destruindo microorganismos que podem estar no fluído.

Todo esse processo que ocorre no cérebro nunca havia sido observado. Segundo os
pesquisadores, os vasos similares aos vasos linfáticos estavam localizados muito próximos
ao vaso sanguíneo, nas meninges, nome dado às membranas que protegem o sistema nervoso
central, o que camuflou sua presença.

Esse estudo foi publicado na revista científica Nature em junho de 2015, escrevendo um
novo capítulo ao que diz respeito a anatomia do cérebro, pois, além de mostrar a existência
de vasos linfáticos no órgão, prova que o cérebro está diretamente ligado ao sistema
imunológico.

Portanto está mais do que provado que a mente atua diretamente sobre o corpo e o corpo
diretamente sobre amente, e que para termos uma mente sadia é preciso ter um corpo sadio.

O termo qualidade de vida continua ainda representando um desafio para muitas


pessoas. Todos querem e precisam ter qualidade de vida. Seja o estudante, o idoso, o
trabalhador ou a dona casa. É a qualidade de vida que trará longevidade, mas para que isso
aconteça é fundamental que o corpo e a mente estejam em equilíbrio. Isso ocorrerá quando
nos alimentarmos bem, fazermos exercícios físicos e termos um repouso adequado.

A prática de atividades
físicas obriga o corpo a acionar
seus sistemas em busca de
equilíbrio e oxigena o cérebro,
promovendo uma vida mais
saudável.
Correlação entre o sistema nervoso central e o sistema imunológico

O sistema imunológico exerce um papel importante no sistema nervoso central (SNC


) com relação a conservação e a morte neuronal. As citocinas podem atuar no SNC
como fatores de crescimento neuronal e como neurotoxinas exercendo um papel em
várias doenças . As citocinas pró -inflamatórias como a interleucina 1 (IL-1),
interleucina -6 (IL-6), interferons (IFNs) e fator de necrose tumoral alfa (TNFα),
liberados durante uma infecção , conduzem um conjunto de mudanças no
comportamento e mal-estar ligados às enfermidades.11

Estresse, Depressão e Câncer


Alguns estudos apontam o aparecimento de ligações bidirecionais entre o SNC, o
eixo hipotálamo -pituitária -adrenal (HPA ) e o sistema imunológico . O sistema
imunológico modula os sistemas alostáticos através das citocinas que exercem
resultados
estimulatórios sobre sistema nervoso autônomo e o eixo HPA , e outras exercem
resultados inibitórios . Assim , é sabido que a IL-1 predispõe a liberação de
corticotrofina (CRF) no hipotálamo e significativo para a evolução da resistência dos
receptores de glicorticoides ao cortisol no decorrer do estresse crônico .12 Em se
tratando de mecanismos fisiológicos envolvidos na depressão , o ácido γ-
aminobutírico (GABA ), o principal neurotransmissor inibitório , aparece como o
principal mediador do SNC. De fato, estudos concordam em dizer que na depressão,
ocorre diminuição do sistema GABAérgico , resultando na alteração da resposta
dos receptores das catecolaminas (adrenalina e noradrenalina).13
Sobre o câncer , o oncologista britânico Willis desenvolveu uma definição mais
adequada sobre neoplasma , “o neoplasma é uma massa anormal de tecido, o
crescimento é excessivo e não coordenado com aquele dos tecidos normais , e
persiste da mesma maneira excessiva após a interrupção do estimulo que originou
as alterações“. No que diz respeito ao tumor benigno, ele permanece localizado, não
se disseminando para outros tecidos e geralmente é removido por cirurgia . Já o
tumor maligno (cânceres ), invadem e aderem outras estruturas adjacentes e se
espalham para outros tecidos (metástases), levando à morte.14 As células anormais,
neoplásicas
ou não, surgem durante a vida, no entanto estas são combatidas pelo sistema
imunológico.4
O termo imunoedição tumoral , no câncer atualmente vem sendo utilizado para
explicar os efeitos do sistema imunológico para prevenir a formação de tumores. Os
tumores induzidos em experiências no laboratório e em alguns cânceres humanos.
Desta forma, foram classificados em duas categorias por padrões de expressão:
antígenos tumor-específico, presentes em células tumorais e não em qualquer célula
normal e antígenos associados ao tumor, presentes nas células tumorais e algumas
células normais. No entanto essa classificação foi imperfeita, porque muitos antígenos
que se acreditava serem tumor-específicos revelaram ser identificados em algumas
células normais. Porém, um importante avanço nesse campo foi o desenvolvimento
de técnicas para identificar os antígenos tumorais, que foram reconhecidos por
linfócitos T citotóxicos (CTL), pois o CTL é o principal mecanismo imunológico de
defesa contra os tumores. Eles identificam os peptídeos decorrentes das proteínas
citoplasmáticas que são ligadas às moléculas do complexo de histocompatibilidade
principal de classe I (MHC I).14
No entanto, por processos externos que afetam o sistema imunológico relacionados
principalmente aos mecanismos de escapes tumorais, o sistema imunológico
reconhece as células anormais como integrantes da sua estrutura. Com isso não
haveria reações imunológicas e as células tumorais não são efetivamente eliminadas.
Esse mecanismo neoplásico ocorre na comunicação entre o SNC e o sistema
imunológico.4

Correlação entre Sistema Nervoso Central (SNC), Sistema Imunológico e o


Câncer
Em termos de fisiologia, a emoção não é abstrata, a emoção é concreta e isto se
expressa nas modificações fisiológicas do corpo humano. O corpo consegue
identificar uma situação de estresse intenso, depressão ou de perigo e recebendo
essa informação desencadeia-se todo um processo neuroimunologico. 7,1
Assim, a associação entre neurotransmissores, neuropeptídios e neuro-hormonais e
a função imunológica pode ser bidirecional, ou seja, o sistema imunológico pode,
através de citocinas criar um feedback negativo, sobre o sistema nervoso central e
vice-versa. Alguns agentes estressantes podem alterar a imunocompetência do ser
humano e levar a uma imunodeficiência do mesmo, podendo exercer uma ação como
se fosse um “gatilho” para o desenvolvimento do câncer.1
Taxas de prevalência de depressão clínica em pacientes com câncer são: 50% nos
cãnceres de pâncreas, 40% orofaringe, 10% - 32% de mama, 13% - 25% colon do
utero, 23% ginecológica, 17% Linfomas e 11% gástrico.4,5 De fato, num estudo
realizado na Suécia entre os anos de 1968 a 1978, entre pessoas viúvas com idade
acima de 65 anos e pessoas aposentadas (por volta de 360.000 casos), descobriu-se
que a mortalidade aumentou em 48% em viúvos e 22% em viúvas, em um prazo de
três meses de luto. As mortes tiveram como consequência o carcinoma de mama e
doenças cardiovasculares. Da mesma forma em outro estudo relatado, o aumento da
incidência de mortes em pessoas depressivas e sob forte estresse tinham como causa
carcinomas de mama, gástricos, colo retal e pulmão.5

Mecanismos de sinalização no estresse, depressão e consequente


desregulação do sistema imunológico
A relação entre o estresse e a depressão foi fundamentada em uma desregulação de
citocinas inflamatórias. O estresse está relacionado com aumento da expressão de IL-
1β, TNF-α, bem como com a redução da expressão de interleucina 2 (IL-2), IFN-γ,
complexo principal de histocompatibilidade de classe II (MHC II) e células Natural Killer
(NK). Já a depressão está associada com níveis elevados de IFN-γ e IL-1β, níveis
normais de IL-2 e redução de NK.5

IL-1β TNF-α MHC I

ESTRESSE MHC I e II Progressão


IFN-γ
do TUMOR

Β-ENDORFINA NK

Fig. 1: Efeito comprometido do estresse na vigilância imunológica. Há três fatores


que podem ativar a desenvolvimento do carcinoma.5

No estresse agudo, a depressão clínica é associada com níveis elevados de IL-1β; IL-
6 e IFN-γ e com receptor IL-2 solúvel (sIL-2R). Em celulas mononucleares, no sangue
periférico há expressão reduzida de IL-2 e NK e elevada β-endorfina (β-end1-31).
Assim, a principal diferença no perfil de citocinas entre estresse e depressão é que
IFN-γ diminui no estresse e aumenta na depressão.5
Com relação aos quadros de neoplasias, elevados niveis de TNF-α são encontrados
no câncer de pâncreas, mamas, colo-retal, do ovário, do colo do útero e carcinomas
gastrointestinais. Em se tratando do TNF-α, estudos indicam que qualquer atividade
de PTPase é vedada, fator de regulação interferon 2 (IRF-2) é altamente expressa, ou
a proteina ativadora 1 (AP-1) é inibida, o que resulta na não expressão de moléculas
(MHC I) em superfície da célula e, consequentemente no escape das células malignas
da vigilância imunológica.5

Pitasse B2-MG MHC I

TNF-α
e/ou IRF-2 NF-κB Β2-MG MHC I
IFN-α

AP-1 c-jun/c-fos
ICS Β2-MG MHC I

Fig. 2 - O resultado do TNF-α em MHC de classe I no carcinoma.5

Assim, pesquisadores realizaram um experimento camundongos, divididos em dois


grupos (A e B), onde o grupo A foram expostos a um forte estresse (choque nas patas)
e o grupo B não foi exposto ao choque. Posteriormente todos os procedimentos e
coletados os resultados, chegou-se a uma conclusão de que o IFN-γ é uma citocina
antiviral que pode desempenhar um papel fundamental imunoregulador para a
produção de anticorpos, surgimento de antigenos, ativação de macrofagos e de
celulas NK. O IFN-γ é produzido principalmente pelos linfocitos T em conjunto com
uma célula acessória, tais como os macrófagos. É possível que pelo efeito do choque
que levou e sob um forte estresse e com a produção de IFN-γ podendo suceder em
alterações significativas. Isto está de acordo com estudos em seres humanos,
assinalando a inibição da produção de IFN-γ por leucócitos de sangue periférico após
um forte estresse. Portanto, as situações estressantes podem intervir na capacidade
dos mecanismos de defesa do ser humano, alterando significativamente o sistema
imunologico, levando a doenças como o câncer.9

Estudos metodológicos em pacientes depressivos, ou sob condições


estressantes – possível correlação com o desenvolvimento de neoplasias
Estudos em pacientes portadores de neoplasias malignas, indicam que não foi
encontrado nenhum caso em que o fator emocional não estivesse associado à
origem da doença. Ressalta-se a necessidade de se saber lidar com os fatores
estressantes
ao longo da vida das pessoas, com intuito de impedir o desencadeamento de doenças
a partir de um sistema imune comprometido.6
Dos estudos realizados no Instituto Nacional de Câncer, observou-se que de um total
de 250 pacientes com câncer, 76,8% apresentaram um estado depressivo prévio à
eclosão da doença. A metodologia é encarada de modo diferente para cada indivíduo,
podendo variar no mesmo indivíduo, em inúmeros momentos, como é constatado e
avaliado. 3
Em 2002, o National Cancer Institute (NCI), em colaboração com outros institutos e
com os Centros dos Institutos Nacionais de Saúde, convocaram uma reunião de
peritos científicos para debater a respeito de comportamento humano, a respeito do
sistema nervoso, endócrino e a relação do sistema imunológico na saúde e na doença.
Desenvolveu-se uma linha de pesquisa biobehavioral (bio-comportamental) no
controle do câncer. Estudos foram extraídos dos mecanismos neuroimunes de
experiências subjetivas (por exemplo, estresse, solidão e dor), processos biológicos
(por exemplo, ritmicidade circadiana, sono, cicatrização de feridas, doença
comportamental e apoptose) e resultados das doenças (por exemplo, vírus da
imunodeficiência humana, depressão e transtorno de estresse pós-traumático).10 As
investigações clínicas introdutórias concentraram-se tão somente em módulos
psicossociais sobre a resposta imunológica humoral e celular e, em certa extensão,
na reparação do DNA. Assim, como resultado deste estudo mulheres com um
aumento do risco genético para o câncer apresentaram deficiências e anormalidades
imunológicas peculiares na sua resposta endócrina ao estresse. Estudos clínicos
documentados combinaram a depressão, o apoio social e as atividades das células
NK em pacientes com câncer de mama. Outros grupos de pesquisa observados
apresentaram desconforto, estresse e deficiências agregadas ao isolamento social na
função imunológica.10

6. RESULTADOS
Estressores psicossociais afetam diretamente o sistema imunológico, diminuindo sua
eficiência e levando ao aparecimento de doenças e do câncer. Isso vem a estimular
entre os profissionais da saúde e de várias áreas o fato de se entender essa relação.
A função imunológica com relação as experiências da vida mostram sempre novas
descobertas.8 Estudos apontaram modificações contextuais importantes para estudos
da Psiconeuroimunologia e o Câncer, uma transição literalmente alinhada aos
avanços na biologia da célula cancerosa e a valorização resultante para tecidos-alvo
e do contexto em que os tumores prosperam.10

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Baseados nos resultados obtidos dos diferentes artigos, concluímos que estressores
psicossociais afetam diretamente o sistema imunológico, diminuindo sua eficiência e
levando ao aparecimento de doenças e do câncer. Isso vem a estimular entre os
profissionais da saúde e de várias áreas o fato de se estender essa relação.8

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