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AS 16 PRINCIPAIS RAÇAS DE GADO DE CORTE

MANEJO DE FRANGO DE CORTE PONTOS IMPORTANTES PARA A FASE INICIAL

13 minutos para ler

A produção de carne bovina é uma das atividades econômicas mais importantes do Brasil. Para
os pecuaristas, a prática tende a ser bastante rentável, desde que alguns cuidados sejam
tomados, e certos pontos, avaliados. Por exemplo, conhecer bem as raças de touro é
fundamental para entender o quanto as características dos animais impactam a produção.

Isso, porque cada linhagem se adapta de maneira diferente aos diversos biomas brasileiros e
apresenta resultados ímpares de produção — fruto dos melhoramentos genéticos.

Portanto, ao calcular o custo de produção do gado de corte, o pecuarista deve saber


exatamente em que está colocando seu dinheiro, para ter certeza de que esse é um
investimento seguro.

Elaboramos este artigo para falar sobre as principais raças de gado de corte, as características
de cada uma e como elas se adaptaram às diversas regiões do país. Aproveite as informações!

1. Angus

A raça Aberdeen Angus é uma das mais conhecidas do Brasil, tendo grande destaque nos
mercados de carne bovina nacional e internacional. A qualidade da carne é a principal
responsável por esse reconhecimento, já que ela apresenta excelente habilidade para o
marmoreio, além de uma cobertura de gordura espessa e uniforme.

Contudo, existem outros fatores que justificam o sucesso da raça na pecuária de corte. A alta
fertilidade, a precocidade e a facilidade de parto asseguram um ótimo retorno financeiro aos
produtores.

A precocidade não se refere somente ao fato de as fêmeas iniciarem o ciclo reprodutivo entre
os 14 e os 18 meses, mas também ao seu rápido crescimento e terminação.

A raça, originária da Escócia, tem uma carne de qualidade, com 3mm a 6 mm de espessura de
gordura e alto grau de marmorização, atendendo tanto o mercado interno como o externo.
Ainda que muito bem-adaptada ao clima do pampa gaúcho, ela responde de maneira
igualmente produtiva em regiões mais quentes do país.

Como se não bastasse, esses animais são mochos e dóceis, o que facilita o manejo dentro da
porteira.

2. Nelore

O Nelore é uma raça bovina originária da Índia. Esses animais foram trazidos para o Brasil com
o objetivo de melhorar o gado nativo e constituem a raça que mais recebe seleção, resultando
em ótimos índices produtivos.

Calcula-se que cerca de 80% do rebanho nacional de corte seja composto por bovinos Nelore
ou anelorados, sendo a raça predominante nas fazendas da região central do país. Esses
animais grandes alcançam bom desenvolvimento e são direcionados exclusivamente à
produção de carne.

O apreço que recebem dos pecuaristas se deve à rusticidade da raça, que, por apresentar
muitas glândulas sudoríparas, adapta-se bem às regiões quentes do Brasil. Além disso, a
pelagem é espessa, o que confere boa proteção ao ataque de parasitas — isso significa que o
produtor pode ter menos gastos com medicamentos.

As fêmeas têm partos fáceis, e os bezerros, por sua vez, nascem fortes e sadios, o que faz com
que a perda seja mínima. Ademais, as carcaças do Nelore podem alcançar 20 arrobas aos 26
meses, com rendimento de 50 a 55% em uma dieta de pastagens. Para completar, também
toleram bem as restrições alimentares.

3. Brahman

O Brahman teve origem nos EUA e é resultado de cruzamentos entre importantes raças
zebuínas, que tiveram início com um gado brasileiro predominantemente Guzerá, com
participação de Gir e de Nelore. As seleções visavam ao desenvolvimento de animais
tolerantes à umidade, ao calor, aos endo e ectoparasitas e a determinadas doenças.

Os cruzamentos das linhagens resultaram em uma raça de touro que herdou a qualidade da
carne, a precocidade dos bezerros e a fácil adaptação ao clima tropical brasileiro, suportando
bem as pastagens mais grosseiras. São animais que costumam dar ótimos rendimentos aos
produtores, tanto na produção de carne quanto na reprodução.

As fêmeas são bastante utilizadas em programas de inseminação artificial, em transferência de


embriões e em fertilização in vitro.

4. Brangus

O Brangus é uma raça fruto dos cruzamentos entre Brahman e Aberdeen Angus, aprimorados
simultaneamente nos EUA, no Brasil, na Austrália e na Argentina. As seleções tinham como
objetivo aumentar a rusticidade das raças europeias e diminuir a vulnerabilidade a parasitas,
com a contribuição das raças zebuínas.

Os Brangus também apresentam precocidade sexual, habilidades maternas e excelente


acabamento de carcaça e marmorização da carne. São animais muito utilizados em
confinamento, por se adaptarem bem e terem um elevado ganho de peso.

5. Senepol

O Senepol tem uma história recente no Brasil, já que chegou aqui nos anos 2000. Mesmo
assim, o país já é referência no melhoramento genético da raça, e a carne tem sido cada vez
mais encontrada nos frigoríficos nacionais.

Esses animais têm um crescimento acelerado e um ciclo de engorda curto, o que os torna
prontos para o abate mais precocemente. Além disso, têm uma excelente conversão
alimentar, e seus bezerros têm maior peso ao desmame, sendo vendidos por valores acima da
média do mercado de reposição.

São altamente adaptáveis a qualquer dieta e tolerantes ao calor, à umidade e aos parasitas.
Também são longevos e têm alto desempenho reprodutivo. Essas características fazem com
que sejam mais utilizados em cruzamentos industriais e com o objetivo de aumentar o número
de sobreviventes ao parto nas fazendas.

6. Hereford
A raça tem origem na Inglaterra, mas os primeiros exemplares chegaram ao Brasil pela
Argentina e pelo Uruguai. A sua performance, combinada à praticidade no manejo, torna esses
animais muito populares em várias regiões do mundo, reconhecidos como raça básica.

São bovinos de grande porte e notável estrutura muscular. No entanto, são mochos e bastante
dóceis no campo. Têm elevada fertilidade, longevidade e eficiência alimentar, além de serem
rústicos e apresentarem ótima adaptabilidade a diversos sistemas de produção.

Os Hereford têm excelente capacidade de engorda e de acabamento de carcaça, chegando ao


peso ideal para o abate entre os 20 e os 26 meses, em média. A gordura da carcaça é bem
distribuída, o que dá à carne o aspecto marmorizado e uma elevada qualidade, o que garante
destaque no mercado.

7. Caracu

O Caracu tem procedência direta de antigas raças de touro ibéricas e portuguesas e está no
Brasil desde o período colonial. Após quatro séculos sendo criados sob condições adversas,
como clima forte, alimentação escassa e parasitas diversos, a seleção natural moldou animais
rústicos. Assim, suas características revertem boa rentabilidade para os criadores.

É, seguramente, a raça europeia mais bem-adaptada ao clima tropical brasileiro, apresentando


resistência ao calor e a endo e ectoparasitas. Seus cascos também resistem bem a solos tanto
duros como encharcados, e as fêmeas têm facilidade no parto.

O Caracu apresenta menor exigência alimentar, tem aptidão dupla e vem sendo aproveitado
em cruzamentos para aumentar a rusticidade de outras raças. Os machos cobrem em campo, o
que facilita o manejo reprodutivo.

8. Charolês

A raça Charolês tem origem francesa, especificamente no distrito de Charolles, onde foi criada
por fornecer carne de excelente qualidade e palatabilidade. Os animais também sempre foram
utilizados como força de tração, pois são musculosos, grandes e pesados.

Apresentam alto rendimento de carcaça (tanto a pasto quanto em confinamento), com pouca
gordura superficial e elevada marmorização. A raça é conhecida pela precocidade nos
cruzamentos e nos abates.
O Charolês também é muito utilizado em cruzamentos industriais. Como a pele, os chifres, os
cascos, o focinho e as mucosas não são pigmentados, a raça é mais bem-adaptada ao clima
temperado.

9. Guzerá

De origem indiana, Guzerá é outra raça de gado de corte que também tem aptidão para a
produção leiteira. Foi a primeira raça zebuína introduzida no Brasil, em 1870, com o objetivo
de arrastar pesadas carroças de café pelas íngremes colinas do Rio de Janeiro, além de
fornecer carne e leite.

Na Índia, se desenvolveu em terras férteis de clima quente e úmido, mas hoje está distribuído
em várias regiões brasileiras. Porém, destaca-se por ter sido a única raça que sobreviveu — e
produziu — durante 5 anos consecutivos de seca na região Nordeste do Brasil (1978–1983),
além de ter enfrentado outros períodos de seca histórica.

É a maior raça zebuína indiana, sendo que até mesmo os animais selecionados para a
produção de leite têm porte avantajado. A precocidade, o bom rendimento da carcaça, a
rusticidade e a habilidade materna são as principais características do Guzerá.

10. Tabapuã

O Tabapuã surgiu do cruzamento entre as raças Guzerá, Nelore e Gir e é conhecido como o
“zebu brasileiro”. O nome faz referência ao local de origem da raça, no interior do estado de
São Paulo. Entre as características mais marcantes do Tabapuã, estão a precocidade, a fácil
fertilização e a docilidade.

É a primeira raça zebuína mocha, e o seu melhoramento genético tem critério econômico, já
que animais mochos apresentam vantagens na estabulação e no transporte. Os criadores
buscam desenvolver o rendimento da carcaça, o ganho de peso e a precocidade, em
detrimento das características raciais, que são supervalorizadas em outros animais.

Como gado de corte, o Tabapuã já demonstrou seu potencial em provas de ganho de peso e,
na produção leiteira, tem respondido de modo surpreendente aos estímulos de seleção
zootécnica.
11. Simental

O Simental tem origem na Suíça, mas as aptidões desse gado logo o tornaram
economicamente muito importante, sendo hoje uma raça de touro cosmopolita. Dentre as
linhagens desenvolvidas, destacam-se: Suíça, Alemã, Austríaca, Canadense, Francesa,
Americana e Sul-Africana.

Tem ótima produção de leite e de carne e apresenta precocidade produtiva, reprodutiva e de


crescimento. No Brasil, o Simental é utilizado em cruzamentos, especialmente com zebuínos,
conferindo excelente adaptabilidade, habilidades maternas e robustez.

O cruzamento de Simental com Guzerá deu origem ao Simbrasil, raça desenvolvida a partir de
1976 no Espírito Santo.

12. Limousin

Essa raça de touro também leva o nome da província de origem, que fica no Sudoeste da
França. Proveniente do melhoramento genético da antiga raça Garoneza, era utilizada para
tração animal; hoje, uma das características que mais chamam a atenção dos criadores é a
facilidade de parto.

O Limousin foi melhorado para ter dupla aptidão (carne e trabalho) e, por isso, tem o corpo
um pouco maior que as demais raças francesas. Outro ponto de destaque é que também
apresenta ótima produção de leite.

As fibras musculares do Limousin são mais finas que as das outras raças de gado, o que
proporciona alta palatabilidade e maciez à carne. Além disso, tem baixos níveis de colesterol
em comparação às demais raças, atendendo à demanda de consumidores exigentes.

13. Chianina

O Chianina é famoso pelo seu porte notável, sendo uma das maiores raças de gado do mundo
tanto em tamanho quanto em peso. Os touros podem ter 1,80 m de altura e atingir 1.300 kg
de peso vivo, podendo ganhar surpreendentes 1,2 kg de peso por dia.

São longevos e férteis, e as fêmeas têm facilidade de parto. Além disso, são precoces, podendo
ir ao abate aos 18 meses, principalmente se forem bem suplementados com uma boa ração
para bovinos de corte. A qualidade da carne também chama a atenção, pois não tem gordura
entre as fibras, apenas um pouco de gordura subcutânea.

Tem origem no Vale de Chiana, na Itália, e chegou a São Paulo na década de 1950. Sua
excelente capacidade produtiva de carne logo firmou o interesse pela raça em outros estados
brasileiros.

14. Devon

Tida como uma das mais antigas raças de gado de corte, a Devon é de origem britânica. É
conhecida pelo marmoreio superior e pela alta maciez da carne, que também é considerada
uma das melhores do mundo.

Como as demais raças britânicas, o Devon é bem-adaptado ao clima frio do Sul do país, porém,
sua rusticidade permite criações de excelência no Mato Grosso do Sul e na Bahia. Os animais
são precoces e dóceis, além de terem habilidade materna.

A raça chegou ao Brasil em 1906, e o cruzamento do Devon com zebuínos originou o Bravon,
outra raça de touro brasileira.

15. Belgian Blue

O Belgian Blue, ou Azul Belga, teve origem na Bélgica Central a partir de cruzamentos de raças
de gado locais, como Shorthorn e Charolês, em busca de animais com maior musculatura.
Hoje, o que mais chama a atenção nesses animais é, sem dúvidas, o seu porte.

Eles têm até 1,50 m de altura, mas podem atingir os 1.300 kg, graças à sua principal
característica, conquistada em 1960: a musculatura dupla, ou hipertrofia muscular. Outra
curiosidade da raça é que é a única dividida em duas linhagens — uma mais voltada à
produção de leite, e a outra, para o corte.

Apesar do tamanho notável, a raça é dócil, tem boa mobilidade física, alta eficiência alimentar,
facilidade de parto, adaptabilidade e curto período de gestação, se comparado às demais raças
bovinas. O Belgian Blue compõe metade do rebanho da Bélgica e tem cada vez mais aceitação
entre os criadores da América do Sul.
16. Wagyu

A raça Wagyu é famosa pelo elevado grau de marmoreio e maciez da carne, características até
então inigualáveis. A excelente conversão alimentar e a maior capacidade de depositar
gordura entre as fibras musculares dão o notável sabor à carne, que é a mais valorizada do
mundo.

A raça foi desenvolvida no Japão, a partir de cruzamentos de Simental, Ayshire e Pardo Suiço e
melhoramentos genéticos. A raça Wagyu foi oficialmente denominada em 1944.

Há registros que o Wagyu chegou ao Brasil há aproximadamente 25 anos, com o grande


objetivo de contribuir para o melhoramento genético da carne brasileira. Por ser um raça que
necessita de um manejo específico para se atingir o marmoreio adequado da carcaça, no Brasil
desenvolveu-se um protocolo específico: priorizando uma dieta equilibrada, um manejo
adequado e o tempo diferenciado de confinamento.

A raça ainda é pouco explorada pelos pecuárias brasileiros, porém, trata-se de uma boa
oportunidade em função da qualidade da carne e do preço de mercado.

O sucesso da pecuária brasileira se deve a muitos fatores, mas a busca por linhagens mais
produtivas e resistentes foi responsável por nossos resultados mundialmente reconhecidos.
Entender as características das raças de touro é uma das principais incumbências dos
produtores para que a sua produtividade e rentabilidade sejam maximizadas

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