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PÁGINA INICIAL / ... / INFECÇÃO PELO VÍRUS DA IMUNODEFICIÊNCIA HUMANA (HIV)

Infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV)

Por Edward R. Cachay, MD, MAS, University of California, San Diego School of Medicine

Última revisão/alteração completa abr 2021

CLIQUE AQUI PARA A VERSÃO PARA PROFISSIONAIS

FATOS RÁPIDOS

Transmissão da infecção por HIV

Mecanismo de infecção por HIV

Sintomas

Diagnóstico

Prevenção
Tratamento

Prognóstico

Assuntos relacionados ao final da vida

Mais informações

A infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) é uma infecção viral que destrói
progressivamente certos glóbulos brancos do sangue e pode provocar a síndrome da imunodeficiência
adquirida (AIDS).

O HIV é transmitido através do contato estreito com um líquido corporal que contenha o vírus ou células
infectadas com o vírus (como sangue, sêmen ou líquidos vaginais).

O HIV destrói certos tipos de glóbulos brancos do sangue, enfraquecendo as defesas do corpo contra
infecções e cânceres.

Quando as pessoas são infectadas, os sintomas de febre, erupções cutâneas, aumento do tamanho dos
linfonodos e cansaço podem durar de alguns dias a várias semanas.

Muitas pessoas infectadas permanecem bem por mais de uma década.

Aproximadamente metade das pessoas não tratadas fica doente e desenvolve AIDS, definida pela
presença de infecções sérias e cânceres em cerca de dez anos.

Por fim, a maioria das pessoas não tratadas desenvolve AIDS.

Exames de sangue para verificar o anticorpo ao HIV e para medir a quantidade de vírus do HIV podem
confirmar o diagnóstico.

Os medicamentos contra o HIV (medicamentos antirretrovirais) – dois, três ou mais tomados


conjuntamente – podem interromper a reprodução do HIV, fortalecer o sistema imunológico e, dessa
forma, tornar as pessoas menos suscetíveis a infecções, mas os medicamentos não conseguem eliminar
o HIV, o qual persiste em uma forma inativa.

(Consulte também Infecção por HIV em crianças.)

As infecções por HIV podem ser causadas por um ou mais retrovírus, HIV-1 ou HIV-2. O HIV-1 causa a
maioria das infecções por HIV no mundo todo, mas o HIV-2 causa muitas infecções pelo HIV na África
Ocidental.

O que é um retrovírus?
O que é um retrovírus?

O vírus da imunodeficiência humana (HIV) é um retrovírus, um tipo de vírus que, como muitos outros,
armazena suas informações genéticas como RNA e não como DNA (a maioria dos outros seres vivos usa
DNA).

Quando o HIV entra em uma célula humana, ele libera o seu RNA, e uma enzima chamada transcriptase
reversa faz uma cópia do DNA do RNA do HIV. O DNA do HIV resultante é integrado no DNA da célula
infectada. Este processo é o reverso daquele usado pelas células humanas, que fazem uma cópia de RNA
do DNA. Assim, o HIV é chamado um retrovírus, como referência ao processo reverso (para trás).

Outros vírus de RNA (como o da poliomielite, da gripe ou do sarampo), ao contrário dos retrovírus, não
fazem cópias do DNA após invadirem as células. Eles simplesmente fazem cópias de RNA do seu RNA
original.

Cada vez que a célula infectada pelo HIV se divide, ela faz uma nova cópia do DNA do HIV integrado,
assim como seus próprios genes. A cópia do DNA do HIV é

Inativa (latente): o vírus está presente, mas não causa danos.

Ativada: o vírus assume as funções da célula infectada, fazendo com que esta produza e libere muitas
cópias novas do HIV que acabam por invadir outras células.

O HIV destrói progressivamente certos glóbulos brancos do sangue chamados linfócitos CD4+. Os
linfócitos ajudam a defender o corpo contra células estranhas, organismos infecciosos e câncer. Assim,
quando o HIV destrói os linfócitos CD4+, as pessoas ficam vulneráveis ao ataque por muitos outros
organismos infecciosos. Muitas das complicações da infecção por HIV, incluindo a morte, são
geralmente resultado de outras infecções e não da infecção por HIV diretamente.

O HIV-1 originou-se na África Central durante a primeira metade do século XX, quando um vírus de
chipanzé estreitamente relacionado infectou pessoas pela primeira vez. A disseminação global do HIV-1
começou no final da década de 70, e a AIDS foi primeiramente reconhecida em 1981.

Em 2019, cerca de 38 milhões de pessoas, incluindo 1,8 milhão de crianças com menos de 15 anos de
idade, conviviam com a infecção pelo HIV no mundo todo. Em 2019, cerca de 690 mil pessoas morreram
de doenças relacionadas à AIDS no mundo todo, em comparação a 1,9 milhão em 2004 e 1,4 milhão em
2010. Em 2019, cerca de 1,7 milhão de pessoas, incluindo 150 mil crianças, foram recém-infectadas pelo
HIV, em comparação a 3,4 milhões de novas infecções em 1996.

A maioria (86%) das infecções novas ocorre no mundo em desenvolvimento; mais da metade são em
mulheres na África subsaariana. No entanto, em muitos países africanos subsaarianos, o número de
infecções novas por HIV diminuiu enormemente, em parte devido aos esforços internacionais para
fornecer tratamento e estratégias de prevenção.

Nos Estados Unidos em 2018, estimava-se que mais de 1,21 milhão de pessoas com 13 anos ou mais
tinha infecção por HIV. Cerca de 14% delas não sabem que têm infecção por HIV. Houve 22% menos
casos em 2018 do que em 2008 e 7% menos do que em 2014. Mais de dois terços dessas novas
infecções ocorreram em homens que têm relações sexuais com homens. Entre esses homens, a maioria
das infecções ocorreu em negros/afro-americanos (9.400) seguidos por hispânicos/latinos (8.000) e
brancos (5.700).

Síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS)

A AIDS é forma mais grave de infecção por HIV. A infecção por HIV é considerada AIDS quando
desenvolve pelo menos uma doença como complicação séria ou o número (contagem) de linfócitos
CD4+ decresce substancialmente.

A AIDS é diagnosticada quando pessoas que foram infectadas pelo HIV desenvolvem certas doenças.
Essas doenças, chamadas doenças definidoras de AIDS, incluem

Infecções sérias que ocorrem principalmente em pessoas com o sistema imunológico debilitado
(chamadas infecções oportunistas), incluindo infecções fúngicas (como criptococose e pneumonia por
Pneumocystis jirovecii) e infecções por herpes simples graves

Certos tipos de câncer, como câncer cervical invasivo, sarcoma de Kaposi e certos linfomas

Disfunção do sistema nervoso

Uma perda de peso substancial decorrente de infecção por HIV (consumição por AIDS)

Transmissão da infecção por HIV


A transmissão do HIV requer contato com líquidos corporais que contenham o vírus ou células
infectadas com o vírus. O HIV pode surgir praticamente em qualquer líquido corporal, mas a sua
transmissão ocorre sobretudo através do sangue, do sêmen, dos fluidos vaginais e do leite materno.
Embora as lágrimas, a urina e a saliva possam conter baixas concentrações de HIV, a transmissão por
estes líquidos é extremamente rara, se ocorrer.

O HIV não se transmite pelo contato casual (como toque, segurar a pessoa ou por beijo seco), nem por
contato de perto e não sexual no trabalho, na escola ou em casa. Não há registro de nenhum caso de
transmissão de HIV através da tosse ou do espirro de uma pessoa infectada, nem por uma picada de
mosquito. A transmissão ao paciente por um médico ou um dentista infectados é extremamente rara.

O HIV é geralmente transmitido das seguintes formas:

Por contato sexual com uma pessoa infectada, quando a membrana mucosa que reveste a boca, a
vagina, o pênis ou o reto fica exposta a líquidos corporais, como sêmen ou fluidos vaginais contendo
HIV, como ocorre durante uma relação sexual desprotegida.

Injeção de sangue contaminado, como pode ocorrer quando agulhas são compartilhadas ou um
profissional de saúde é acidentalmente picado com uma agulha contaminada por HIV.

Por transmissão de uma mãe infectada para o seu filho, quer seja antes, durante ou depois do parto
através do leite materno.

Procedimentos médicos, como transfusão de sangue que contenha HIV, procedimentos realizados com
instrumentos inadequadamente esterilizados ou transplante de um órgão ou de tecidos infectados.

O HIV tem mais probabilidade de ser transmitido se a pele ou uma membrana mucosa for lacerada ou
danificada, ainda que minimamente.

Nos Estados Unidos, na Europa e na Austrália, o HIV tem sido transmitido principalmente por homens
que têm relações sexuais com homens e pelo compartilhamento de agulhas entre pessoas que injetam
drogas, mas a transmissão por contato heterossexual representa cerca de um quarto dos casos. Na
África, no Caribe e na Ásia, a transmissão do HIV ocorre principalmente entre heterossexuais, e a
infecção por HIV ocorre e na mesma proporção entre homens e mulheres. Nos Estados Unidos, menos
que 25% dos adultos que têm infecção por HIV são mulheres. Antes de 1992, a maioria das mulheres
americanas com HIV se infectava ao injetar drogas com agulhas contaminadas, mas agora a maioria se
infecta por contato heterossexual.
A transmissão de HIV pelas rotas mais comuns, contato sexual ou pelo compartilhamento de seringas, é
quase completamente evitável.

Você sabia que...

Não há registro de nenhum caso de transmissão de HIV através da tosse ou do espirro, nem por uma
picada de mosquito.

Através de atividade sexual

O risco de transmitir HIV é maior durante sexo vaginal ou anal quando não se usa um preservativo ou
quando este for usado incorretamente. A transmissão do HIV também pode ocorrer durante o sexo oral,
embora a transmissão seja menos frequente do que durante o sexo vaginal ou anal.

O risco de infecção por HIV aumenta quando o sêmen ou fluidos vaginais contêm grande quantidade de
HIV e/ou quando houver lacerações ou feridas, mesmo pequenas, na pele ou nas membranas que
revestem os genitais, a boca ou o reto. Assim, a transmissão é muito mais provável durante:

As primeiras semanas depois que as pessoas forem infectadas porque, neste período, o sangue e os
líquidos corporais contêm quantidades muito grandes de HIV.

Atividades sexuais vigorosas que danifiquem a pele ou as membranas que revestem os genitais, a boca
ou o reto.

Relação sexual quando um dos parceiros tem infecção por herpes genital, sífilis ou outra infecção
sexualmente transmissível (IST) que possa causar feridas ou lacerações na pele ou inflamação dos
genitais.

Os medicamentos (antirretrovirais) contra HIV podem reduzir a quantidade de HIV no sêmen e nos
fluidos vaginais. Assim, o tratamento da infecção por HIV com esses medicamentos pode reduzir
drasticamente a probabilidade de transmissão.

As atividades sexuais que podem danificar as membranas que revestem os genitais, a boca ou o reto
incluem a prática de “fisting” (inserção da mão inteira ou parte dela no reto ou na vagina) e o uso de
brinquedos sexuais.
O risco de ser infectado pelo HIV durante as relações sexuais heterossexuais é mais elevado entre
jovens, em parte porque eles têm menos controle sobre seus impulsos e, assim, estão mais propensos a
se envolver em comportamento sexual de risco, tal como ter vários parceiros sexuais e não usar
preservativos.

Evidências recentes indicam que pessoas infectadas pelo HIV cuja carga viral tenha sido reduzida abaixo
do nível atual detectável (suprimida em termos virais) pela terapia antirretroviral não transmitem
sexualmente o vírus a seus parceiros.

TABELA

Qual é o risco da transmissão do HIV durante as atividades sexuais?

Através de agulhas ou outros instrumentos

Profissionais de saúde acidentalmente picados com uma agulha contaminada com HIV têm cerca de 1
chance em 300 de contrair HIV, a menos que forem tratados o mais rápido possível após a exposição.
Esse tratamento reduz a chance de infecção para menos de 1 em 1.500. O risco aumenta se a agulha
penetrar profundamente ou se ela for oca e contiver sangue contaminado por HIV (como ocorre com
uma agulha usada para coletar sangue ou injetar drogas ilícitas) em vez de estar simplesmente coberta
de sangue (como ocorre com uma agulha usada para suturar um corte).

Os líquidos infectados que salpicam os olhos ou a boca têm chance de menos de 1 em 1.000 de causar
infecção.

De mãe para filho

A infecção por HIV em um grande número de mulheres em idade fértil levou a um aumento da infecção
por HIV entre crianças.

A infecção por HIV pode ser transmitida de uma mãe infectada para seu filho das seguintes formas:

Para o feto através da placenta

Para o bebê durante a passagem pelo canal do parto


Para o bebê após o nascimento pelo leite materno

Se mães infectadas não forem tratadas, cerca de 25% a 35% de seus bebês terão probabilidade de
serem infectados ao nascimento e, se forem amamentados, mais 10% a 15% dos bebês,
aproximadamente, ficarão suscetíveis à infecção.

Tratar mulheres infectadas com medicamentos para o HIV pode reduzir drasticamente o risco de
transmissão. Mulheres grávidas infectadas devem ser tratadas durante o 2º e 3º trimestres de gravidez,
durante o parto e durante a amamentação. Realizar parto cesariana e tratar o bebê por várias semanas
após o parto também podem reduzir o risco.

Mães infectadas não devem amamentar se viverem em países onde a alimentação com fórmula é segura
e acessível. Porém, em países onde as doenças infecciosas e a subnutrição são causas comuns de morte
infantil, e onde a fórmula infantil segura e acessível não está disponível, a Organização Mundial de
Saúde recomenda que as mães amamentem. Nesses casos, a proteção contra infecções potencialmente
fatais oferecida pela amamentação pode contrabalançar o risco da transmissão pelo HIV.

Como muitas mulheres grávidas com infecção pelo HIV são tratadas ou tomam medicamentos para
prevenir a infecção pelo HIV, o número de crianças que contraem AIDS está diminuindo em muitos
países.

Por transfusões de sangue ou transplantes de órgãos

Atualmente, é raro a infecção por HIV ser transmitida por transfusões de sangue ou por transplantes de
órgãos.

Desde 1985, na maioria dos países desenvolvidos, todo o sangue coletado para transfusão é testado
para verificar se há HIV e, quando possível, alguns hemoderivados são tratados com calor para eliminar
o risco de infecção por HIV. Estima-se que o risco atual de infecção por HIV através de uma única
transfusão de sangue (que é submetido à triagem cuidadosa para detectar HIV e outros vírus
transmitidos pelo sangue) seja inferior a 1 em cerca de 2 milhões nos Estados Unidos. Entretanto, em
muitos países em desenvolvimento, o sangue e hemoderivados não são submetidos à triagem para
detectar HIV ou a triagem não é tão rigorosa. Ali, o risco permanece substancial.
O HIV foi transmitido quando órgãos (rins, fígado, coração, pâncreas, osso e pele) de doadores
infectados foram usados inadvertidamente em transplantes. É improvável que ocorra transmissão de
HIV quando córneas ou certos tecidos especialmente tratados (como ossos) são transplantados.

Inseminação artificial

A transmissão do HIV também é possível quando o esperma de um doador infectado é usado para
inseminar uma mulher. Nos Estados Unidos, foram adotadas medidas para reduzir este risco. Amostras
de sêmen fresco já não são mais usadas. O esperma de doadores é congelado por seis meses ou mais.
Depois os doadores são novamente testados para detectar infecção por HIV antes que o esperma seja
usado.

Quando já se sabe que o esperma de um doador tem infecção por HIV, uma forma eficaz de retirar o HIV
do esperma é a sua lavagem.

Mecanismo de infecção por HIV

Uma vez dentro do organismo, o HIV adere a vários tipos de glóbulos brancos do sangue. Os mais
importantes são certos linfócitos T auxiliares (células T). Os linfócitos T auxiliares ativam e coordenam
outras células do sistema imunológico. Na sua superfície, esses linfócitos têm um receptor chamado
CD4, que possibilita ao HIV se anexar a eles. Assim, esses linfócitos auxiliares são designados como
CD4+.

O HIV é um retrovírus. Ou seja, ele armazena suas informações genéticas como o ácido ribonucleico
(RNA). Uma vez no interior de um linfócito CD4+, o vírus usa uma enzima chamada transcriptase reversa
para fabricar uma cópia de seu RNA, mas a cópia é feita como ácido desoxirribonucleico (DNA). Neste
ponto, o HIV sofre mutações com facilidade, pois a transcriptase reversa tende a cometer erros durante
a conversão do RNA do HIV em DNA. Essas mutações dificultam ainda mais o controle o HIV, pois muitas
mutações aumentam a chance de produzir HIV que pode resistir a ataques pelo sistema imunológico da
pessoa e/ou por medicamentos antirretrovirais.

A cópia do DNA do HIV é incorporada ao DNA do linfócito infectado. A própria estrutura genética do
linfócito reproduz (replica) então o HIV. Por fim, o linfócito é destruído. Cada linfócito infectado produz
milhares de novos vírus que infectam outros linfócitos e também os destroem. Passados alguns dias ou
semanas, o sangue e os fluidos genitais contêm grande quantidade de HIV, podendo haver redução
substancial no número de linfócitos CD4+. Como a quantidade de HIV no sangue e nos fluidos genitais é
muito grande logo após a infecção por HIV, as pessoas recentemente infectadas podem transmitir o HIV
para outras pessoas muito facilmente.

Ciclo de vida simplificado do vírus da imunodeficiência humana

Como todos os vírus, o vírus da imunodeficiência humana (HIV) reproduz-se (replica) utilizando a
estrutura genética da célula que infecta, geralmente um linfócito CD4+.

Inicialmente, o vírus HIV adere e penetra sua célula alvo.

O HIV libera RNA, que constitui o código genético do vírus, no interior da célula. Para o vírus replicar, seu
RNA deve ser convertido para DNA. O RNA é convertido por uma enzima chamada transcriptase reversa
(produzida pelo HIV). O vírus HIV sofre uma mutação fácil nesse ponto, porque a transcriptase reversa
tende a cometer erros durante a conversão do RNA viral em DNA.

O DNA viral entra no núcleo da célula.

Com a ajuda de uma enzima chamada integrase (igualmente produzida pelo HIV), o DNA viral funde-se
com o DNA da célula.

O DNA da célula infectada agora produz RNA viral assim como proteínas que são necessárias para
formar um novo HIV.

Forma-se um novo vírus a partir do RNA e de segmentos curtos de proteína.

O vírus é liberado (germina) através da membrana da célula, envolvendo-se em um fragmento desta e


apertando a célula infectada.

Para ser capaz de infectar outras células, o vírus recém-formado tem de amadurecer. Ele amadurece
quando outra enzima do HIV (a protease do HIV) corta as proteínas estruturais dentro do vírus, fazendo
com que estas se reorganizem.

Os remédios usados para tratar a infecção pelo HIV foram desenvolvidos com base no ciclo de vida do
HIV. Esses remédios inibem as três enzimas (transcriptase reversa, integrase e protease) que o vírus
utiliza para se reproduzir ou para se anexar às células e entrar nelas.

Ciclo de vida simplificado do vírus da imunodeficiência humana

Quando a infecção por HIV destrói os linfócitos CD4+, ela enfraquece o sistema imunológico do corpo,
que protege contra muitas infecções e tipos de câncer. Esse enfraquecimento é parte da razão porque o
organismo humano é incapaz de eliminar a infecção por HIV uma vez iniciada. No entanto, o sistema
imunológico tem alguma capacidade de resposta. Dentro do período de um ou dois meses depois de ter
contraído a infecção, o organismo produz linfócitos e anticorpos que ajudam a baixar a quantidade de
HIV no sangue e a manter a infecção sob controle. Por este motivo, a infecção por HIV não tratada pode
não causar nenhum sintoma ou somente sintomas muito leves durante, em média, cerca de dez anos
(variando de dois a mais de quinze anos).

O HIV também infecta outras células, por exemplo, as células da pele, do cérebro, do trato genital, do
coração e dos rins, causando doença nesses órgãos.

Contagem de CD4

O número de linfócitos CD4+ no sangue (a contagem de CD4) ajuda a determinar o seguinte:

até que ponto o sistema imunológico pode proteger o corpo contra infecções

Qual é a gravidade dos danos causados pelo HIV

A maioria das pessoas saudáveis apresenta uma contagem de CD4 de 500 a 1.000 células por microlitro
de sangue. Normalmente, o número de linfócitos CD4+ é reduzido durante os primeiros meses de
infecção. Passados cerca de três a seis meses, a contagem de CD4 se estabiliza, mas, sem tratamento,
geralmente continua a declinar a um ritmo que varia de lento a rápido.

Se a contagem de CD4 cair para menos de 200 células por microlitro de sangue, o sistema imunológico
fica menos capaz de combater determinadas infecções (por exemplo, pneumonia por Pneumocystis
jirovecii). A maioria dessas infecções é rara em pessoas saudáveis. No entanto, elas são comuns entre
pessoas com o sistema imunológico enfraquecido. Essas infecções são chamadas infecções oportunistas
porque se aproveitam de um sistema imunológico enfraquecido.

Um número inferior a 50 células por microlitro de sangue é especialmente perigoso, uma vez que
surgem comumente mais infecções oportunistas que podem causar perda grave de peso, cegueira ou
morte. Essas infecções incluem:

Infecções por citomegalovírus

Infecções pelo complexo Mycobacterium avium


Carga viral

A quantidade de HIV no sangue (especificamente o número de cópias de RNA do HIV) chama-se carga
viral.

A carga viral representa a rapidez com que o HIV se está reproduzindo. Quando as pessoas são
infectadas, a carga viral aumenta rapidamente. Em seguida, depois de cerca de três a seis meses,
mesmo sem tratamento, ela cai para um nível mais baixo, o qual permanece constante, chamado de
ponto de regulação. Este nível varia amplamente de pessoa a pessoa, de apenas algumas centenas a
mais de um milhão de cópias por microlitro de sangue.

A carga viral também indica

O quanto a infecção é contagiosa

Com que rapidez a contagem de CD4 tem probabilidade de diminuir

Com que rapidez os sintomas têm probabilidade de surgir

Quanto maior o ponto de regulação da carga viral, mais rapidamente a contagem de CD4 diminui para
os níveis baixos (menos de 200) que aumentam o risco de infecções oportunistas, mesmo em pessoas
sem sintomas.

Durante um tratamento bem-sucedido, a carga viral diminui para níveis muito baixos ou indetectáveis
(menos de cerca de 20 a 40 cópias por microlitro de sangue). Porém, o HIV inativo (latente) ainda está
presente nas células e, se o tratamento for interrompido, o HIV começa a se replicar e a carga viral
aumenta.

Um aumento na carga viral durante o tratamento pode indicar o seguinte:

O HIV desenvolveu resistência ao tratamento com medicamentos.

A pessoa não está tomando os medicamentos receitados.

Ambos
Você sabia que...

Algumas pessoas são infectadas com o HIV durante anos antes de desenvolver sintomas.

Sintomas de infecção por HIV

Infecção inicial

Quando inicialmente infectadas, muitas pessoas não têm sintomas observáveis, mas dentro de uma a
quatro semanas podem surgir febre, erupções cutâneas, dor de garganta, linfonodos inchados, cansaço
e uma série de sintomas menos comuns em algumas pessoas. Os sintomas de infecção inicial (primária)
por HIV duram geralmente de três a catorze dias.

Intervalo com sintomas leves ou ausentes

Depois que os primeiros sintomas desaparecem, a maioria das pessoas, mesmo sem tratamento, não
apresenta sintomas ou apresenta alguns sintomas leves apenas ocasionalmente. Este intervalo com
poucos ou nenhum sintoma pode durar de dois a quinze anos. Os sintomas que ocorrem mais
comumente durante este intervalo incluem:

Linfonodos inchados, percebidos como caroços pequenos e indolores no pescoço, debaixo dos braços ou
na virilha

Placas brancas na boca causadas por uma infecção por leveduras (candidíase)

Cobreiro (herpes zóster)

Diarreia

Fadiga

Febre, às vezes com sudorese

Perda de peso progressiva

Anemia

Algumas pessoas perdem peso progressivamente e têm febre baixa e diarreia.

Esses sintomas podem resultar de infecção por HIV ou de infecções oportunistas que surgem porque o
HIV enfraqueceu o sistema imunológico.
Sintomas mais graves

Para algumas pessoas, os primeiros sintomas são os de AIDS.

A AIDS é definida como o desenvolvimento de infecções oportunistas muito sérias ou câncer, doenças
que geralmente se desenvolvem em pessoas com uma contagem de CD4 de menos de 200 células por
microlitro de sangue.

As infecções oportunistas específicas e os cânceres que se desenvolvem causam muitos dos sintomas.
Essas infecções ocorrem mais frequentemente ou são mais graves em pessoas com infecção por HIV do
que em pessoas sem a infecção. Por exemplo, uma infecção pelo fungo Candida pode causar a formação
de placas brancas na boca e, às vezes, dor ao engolir (chamado candidíase) ou um corrimento vaginal
espesso e branco que lembra leite coalhado (uma infecção vaginal por levedura). O cobreiro (herpes
zóster) pode causar dor e uma erupção cutânea.

As infecções oportunistas mais sérias podem causar diversos sintomas, dependendo do órgão afetado:

Pulmões: febre, tosse ou falta de ar

Cérebro: dor de cabeça, fraqueza, perda de coordenação ou deterioração do funcionamento mental

Trato digestivo: dor, diarreia ou sangramento

O HIV também pode causar sintomas quando infecta diretamente e danifica órgãos como os seguintes:

Cérebro: dano cerebral com perda de memória, dificuldade de pensar e se concentrar ou ambos,
resultando, por fim, em demência se a infecção por HIV não for tratada, assim como fraqueza, tremor
ou dificuldade ao andar

Rins: insuficiência renal acompanhada de inchaço das pernas e do rosto, cansaço e alterações ao urinar
(mais comum em negros do que em brancos), mas muitas vezes não até a infecção se tornar grave

Coração: insuficiência cardíaca com falta de ar, tosse, respiração sibilante e cansaço (incomum)

Órgãos genitais: diminuição dos níveis de hormônios sexuais, o que pode causar fadiga e disfunção
sexual em homens
O HIV é, provavelmente, diretamente responsável por uma perda significativa de peso (caquexia da
AIDS) em algumas pessoas. A caquexia em pessoas com AIDS também pode ser causada por uma série
de infecções ou por uma infecção persistente e não tratada do trato digestivo.

TABELA

Infecções oportunistas comuns associadas à AIDS

Cânceres comuns em pessoas com infecção por HIV

O sarcoma de Kaposi, um câncer causado por um herpesvírus sexualmente transmissível, se manifesta


como placas vermelhas a roxas na pele, elevadas e indolores. Ele ocorre principalmente em homens que
fazem sexo com homens.

Sarcoma de Kaposi (associado à AIDS)

Sarcoma de Kaposi (associado à AIDS)

IMAGEM CEDIDA POR CORTESIA DE SOL SILVERMAN, JR., POR INTERMÉDIO DA BIBLIOTECA DE IMAGENS
DE SAÚDE PÚBLICA DOS CENTROS DE CONTROLE E PREVENÇÃO DE DOENÇAS DOS EUA.

Podem ocorrer cânceres do sistema imunológico (linfomas, tipicamente o linfoma de não Hodgkin), por
vezes aparecendo primeiro no cérebro. Quando o cérebro é afetado, esses cânceres podem causar
fraqueza de um braço ou perna, dor de cabeça, confusão ou alterações da personalidade.

Ter AIDS aumenta o risco de outros cânceres. Eles incluem câncer do colo uterino, ânus, testículos e
pulmões, bem como melanoma e outros cânceres de pele. Homens que têm relações sexuais com
homens são propensos ao desenvolvimento de câncer do reto devido aos mesmos papilomavírus
humanos (HPV) que causam câncer do colo uterino em mulheres.

Causa de morte

Geralmente, a morte ocorre devido aos efeitos cumulativos de infecções oportunistas ou cânceres,
caquexia e/ou demência.
Diagnóstico de infecção por HIV

Testes para detectar anticorpos ao vírus HIV em uma amostra de sangue ou saliva

Testes para detectar RNA do HIV em uma amostra de sangue

O diagnóstico precoce de infecção por HIV é importante, pois possibilita o tratamento precoce. O
tratamento permite às pessoas infectadas viverem mais, serem mais saudáveis e ficarem menos
propensas a transmitir o HIV para outras pessoas.

Os médicos geralmente perguntam sobre fatores de risco para a infecção por HIV (tais como possível
exposição no local de trabalho, atividades sexuais de alto risco e uso de drogas ilícitas injetáveis) e sobre
sintomas (tais como fadiga, erupções cutâneas e perda de peso).

Os médicos também fazem um exame físico completo para verificar sinais de infecções oportunistas,
tais como linfonodos inchados e placas brancas dentro da boca (indicando candidíase) e sinais de
sarcoma de Kaposi da pele ou da boca.

Testes para triagem e diagnóstico

Quando os médicos suspeitam de exposição à infecção por HIV, eles fazem um teste de triagem para
HIV. Os médicos também recomendam que todos os adultos e adolescentes, principalmente mulheres
grávidas, façam um teste de triagem independentemente de qual seja seu risco aparente. Qualquer
pessoa que esteja preocupada se está infectada com o HIV pode fazer o teste. Esses testes são
confidenciais e muitas vezes gratuitos.

A combinação atual de testes de triagem (4ª geração) testa dois elementos sugestivos de infecção por
HIV:

Anticorpos contra o HIV

Antígenos do HIV (antígeno p24)

Anticorpos são proteínas produzidas pelo sistema imunológico para ajudar a defender o corpo contra
um ataque específico, incluindo o do HIV. Antígenos são substâncias estranhas capazes de desencadear
uma resposta imunológica.
O organismo demora várias semanas para produzir anticorpos suficientes para serem detectados pelo
teste; por isso, os resultados do teste de anticorpos são negativos durante as primeiras semanas após o
vírus entrar no corpo (conhecido, como o “período de janela” da infecção aguda por HIV). No entanto,
os resultados do teste de antígeno p24 podem ser positivos já em duas semanas após a infecção inicial.
Os testes combinados podem ser realizados rapidamente por um laboratório. Além disso, uma versão
desses testes pode ser realizada no consultório ou clínica (chamado teste de cabeceira). Se os resultados
forem positivos, os médicos realizam um teste para distinguir o HIV-1 do HIV-2 e um teste para detectar
a quantidade de RNA de HIV no sangue (a carga viral).

O teste de triagem combinado mais recente é mais rápido e menos complexo do que os testes de
triagem mais antigos, que usam o ensaio imunoabsorvente ligado à enzima (enzyme-linked
immunosorbent assay, ELISA) para detectar anticorpos contra o HIV e depois os resultados positivos são
confirmados usando um teste separado, mais preciso, como o teste Western blot.

Também há outros testes de cabeceira rápidos e mais antigos disponíveis. Esses testes podem ser feitos
usando uma amostra de sangue ou saliva. Se os resultados desses testes de triagem rápidos forem
positivos, eles são confirmados por ELISA (com ou sem Western blot) ou pela repetição de um ou mais
dos outros testes rápidos.

Se pessoas com risco reduzido tiverem um resultado de teste negativo, o teste de triagem não é
repetido, a menos que sua situação de risco mude. Se as pessoas com o risco mais alto tiverem um
resultado de teste negativo (sobretudo se forem sexualmente ativas, tiverem vários parceiros sexuais ou
não praticarem sexo seguro), os testes devem ser repetidos a cada seis a doze meses.

Os testes de RNA do HIV podem confirmar resultados positivos de um teste de detecção de anticorpos
ou detectar evidências de infecção por HIV quando os resultados do teste de anticorpos forem
negativos. Os testes de RNA do HIV muitas vezes utilizam técnicas para produzir muitas cópias do
material genético de um organismo (chamado amplificação de ácido nucleico). Esses testes conseguem
detectar quantidades muito pequenas de RNA do HIV no sangue e são muito precisos.

Monitoramento

Se for diagnosticada infecção por HIV, deve-se realizar análises de sangue regularmente para medir os
seguintes:
Contagem de CD4

Carga viral

Se a contagem de CD4 for baixa, as pessoas ficarão mais propensas a desenvolver infecções sérias e
outras complicações do HIV, como determinados tipos de câncer. A carga viral ajuda a prever a
velocidade em que o valor de CD4 provavelmente diminuirá nos anos seguintes.

Essas duas medições ajudam os médicos a determinar:

Em que momento iniciar os medicamentos antirretrovirais

Que efeitos o tratamento provavelmente terá

Que outros medicamentos poderão ser necessários para prevenir infecções complicadoras

Com um tratamento eficaz, a carga viral diminui para níveis muito baixos dentro de semanas, e a
contagem de CD4 começa a sua lenta recuperação até voltar à normalidade.

Diagnóstico de AIDS

A AIDS é diagnosticada quando o número de CD4 cai abaixo de 200 células por microlitro de sangue ou
quando ocorre caquexia extrema ou se desenvolvem certas infecções oportunistas sérias ou câncer.

Diagnóstico de doenças relacionadas ao HIV

Vários testes podem ser realizados para detectar doenças que podem acompanhar a infecção pelo HIV.
Esses exames incluem:

Aspiração e biópsia de medula óssea: para detectar baixas contagens de células do sangue (incluindo
anemia) que podem resultar de linfomas, cânceres e infecções oportunistas

Tomografia computadorizada (TC) com agente de contraste ou ressonância magnética (RM): para
verificar se há danos no cérebro ou na coluna vertebral

Prevenção de infecção por HIV


Atualmente, não há nenhuma vacina eficaz contra o HIV para prevenir a infecção por HIV ou reduzir a
progressão da AIDS em pessoas que já estejam infectadas. Entretanto, tratar pessoas que têm infecção
por HIV reduz o risco de elas transmitirem a infecção para outras pessoas.

A transmissão de HIV pelas rotas mais comuns, contato sexual ou pelo compartilhamento de seringas, é
quase completamente evitável. Infelizmente, as medidas necessárias para a prevenção – abstinência
sexual, uso regular de preservativos e acesso a agulhas limpas – são por vezes impopulares do ponto de
vista pessoal ou social. Para muitos, é difícil alterar os seus hábitos sexuais ou de dependência, por isso
continuam com as atividades que os colocam em risco de infecção pelo HIV. Além disso, as práticas de
sexo seguro não são infalíveis. Por exemplo, os preservativos podem vazar ou se romper.

Estratégias para prevenir a transmissão de HIV

Estratégias para prevenir a transmissão de HIV

Abstinência da atividade sexual.

Usar um preservativo de látex para cada relação sexual com um parceiro infectado ou com um parceiro
cujo estado de HIV seja desconhecido (espermicidas vaginais e esponjas não protegem contra a infecção
pelo HIV).

Para homens participando de sexo oral, parar antes da ejaculação.

Para homens, realizar a circuncisão (a circuncisão reduz o risco de um homem ser infectado com HIV
durante o sexo vaginal com uma mulher infectada).

Os casais monogâmicos recentes devem submeter-se a testes de HIV e outras infecções sexualmente
transmissíveis (IST), antes de iniciarem relações sexuais sem proteção.

Nunca se deve compartilhar agulhas ou seringas.

Usar luvas de borracha (de preferência, de látex) ao ter contato com líquidos corporais de outra pessoa.

Se acidentalmente exposto a líquidos contendo HIV (por exemplo, após uma picada de agulha), busque
tratamento com remédios antirretrovirais para evitar a infecção.

Preservativos fabricados em látex proporcionam uma boa proteção contra o HIV (bem como contra
outras infecções sexualmente transmissíveis), mas não são infalíveis. Lubrificantes à base de óleo (como
vaselina) não devem ser usados porque eles podem dissolver o látex reduzindo a eficácia do
preservativo.
Outras medidas podem ajudar. Para homens, a circuncisão, um procedimento seguro e de baixo custo,
reduz o risco de ser infectado durante a relação sexual vaginal com uma mulher infectada em cerca de
50%. Não está claro se a circuncisão reduz o risco de infecção por HIV em outras circunstâncias. Como a
circuncisão proporciona apenas proteção parcial contra a infecção por HIV, as pessoas também devem
utilizar outras medidas para prevenir esta infecção. Por exemplo, se um dos parceiros tiver uma infecção
sexualmente transmissível ou infecção por HIV, ela deve ser tratada, devendo-se utilizar preservativos
de forma correta e constante.

Precauções universais

As pessoas que têm no seu trabalho mais probabilidades de ter contato com sangue ou com outros
líquidos corporais devem utilizar luvas de látex protetoras, máscara e proteção para os olhos. Essas
precauções se aplicam a líquidos corporais de todas as pessoas, não somente daquelas com HIV e,
portanto, são designadas precauções universais. As precauções universais são tomadas por dois
motivos:

Pessoas com HIV podem não saber que estão infectadas.

Os vírus que causam outros distúrbios sérios (como hepatite B e C) podem ser transmitidos por líquidos
corporais.

As superfícies contaminadas pelo HIV podem ser limpas e desinfetadas facilmente, porque o vírus fica
inativo com o calor e com a ação de desinfetantes comuns como o peróxido de hidrogênio e o álcool.

Como o HIV não se transmite pelo ar ou por um contato fortuito (como pelo toque, carícias ou beijos
secos), os hospitais e as clínicas não isolam os pacientes infectados pelo HIV, exceto se estes tiverem
outra infecção contagiosa.

Prevenção da transmissão por transfusões de sangue e transplantes de órgãos

Nos Estados Unidos, as providências a seguir quase eliminaram a transmissão da infecção por HIV por
transplante de órgão ou transfusão de sangue:

Triagem de doadores de órgãos ou de sangue para detectar fatores de risco de infecção por HIV

Triagem de sangue doado para detectar HIV


O risco será reduzido ainda mais se for pedido às pessoas com fatores de risco de infecção por HIV,
independentemente dos resultados de seus testes para HIV, que não doem sangue ou órgãos para
transplante.

No entanto, os países em desenvolvimento não têm usado testes sensíveis de triagem de HIV
consistentemente e não restringem doadores. Consequentemente, a transmissão por essas vias ainda é
um problema nesses países.

Prevenção da transmissão da mãe para o recém-nascido

Mulheres grávidas infectadas pelo HIV podem transmitir o vírus para o recém-nascido.

As providências a seguir podem ajudar a prevenir a transmissão do HIV da mãe para o recém-nascido:

Testar mulheres grávidas para determinar se estão infectadas pelo HIV

Se estiverem infectadas, tratá-las com medicamentos antirretrovirais durante a gravidez e o parto (o


tratamento durante o parto é particularmente importante)

Fazer parto por cesárea em vez de parto normal

Depois do nascimento, tratar o recém-nascido com zidovudina, por via intravenosa, por seis semanas

Se possível, usar fórmula em vez de amamentar (o HIV pode ser transmitido no leite materno)

Tratamento preventivo antes da exposição

Tomar um medicamento antirretroviral antes de ser exposto ao HIV pode reduzir o risco de infecção por
HIV. Esse tratamento preventivo é denominado profilaxia pré-exposição (PrEP) (do inglês preexposure
prophylaxis). No entanto, a PrEP é cara e é eficaz somente se as pessoas tomarem o medicamento todos
os dias. Portanto, a PrEP é recomendada somente para pessoas que tiverem um risco muito alto de
serem infectadas, como pessoas que têm um parceiro infectado pelo HIV.

A PrEP também pode ser recomendada para pessoas que se envolvem em atividade sexuais de alto
risco, como:
Homens que praticam sexo anal com homens sem usar um preservativo

Homens e mulheres heterossexuais que não usam preservativos regularmente durante o sexo com
parceiros cujo estado HIV seja desconhecido e que tenham maior risco de infecção por HIV

Pessoas que usam PrEP ainda precisam usar outros métodos para prevenir a infecção por HIV, incluindo
uso regular de preservativos e o não compartilhamento de agulhas para injetar drogas.

Tratamento preventivo após a exposição

As pessoas que foram expostas ao HIV por um respingo de sangue, uma picada de agulha ou por contato
sexual podem reduzir a probabilidade de infecção tomando medicamentos antirretrovirais por quatro
semanas. Esses medicamentos são mais eficazes quando iniciados o mais rápido possível após a
exposição. Atualmente é recomendado tomar dois ou mais medicamentos.

Os médicos e a pessoa que foi exposta normalmente decidem conjuntamente se ela deve usar esses
medicamentos preventivos. Eles baseiam a decisão no risco estimado de infecção e nos possíveis efeitos
colaterais dos medicamentos. Se eles não souberem se a fonte está infectada por HIV, eles consideram
qual a probabilidade de a fonte estar infectada. No entanto, mesmo quando se souber que a fonte de
exposição está infectada por HIV, o risco de infecção após a exposição varia, dependendo do tipo de
exposição. Por exemplo, o risco de um respingo de sangue é menor do que o de uma picada de agulha.

Imediatamente após a exposição à infecção por HIV, o procedimento a ser adotado dependerá do tipo
de exposição:

Se a pele for exposta, ela é lavada com água e sabonete.

Feridas perfurantes são limpas com antisséptico.

Se as membranas mucosas forem expostas, elas serão enxaguadas com água em abundância.

Imunização

As pessoas com infecção por HIV devem receber as seguintes vacinações (para mais informações,
consulte Recomendações de imunização dos CDC):

Vacina pneumocócica conjugada (PCV13) e vacina pneumocócica polissacarídica (PPSV23) se não a


tiverem tomado antes (a PCV13 é dada primeiro, seguida pela PPSV23 pelo menos oito semanas depois)
Vacina contra gripe todo ano

Vacina contra hepatite B se não tiverem tomado a vacina antes ou não tiverem concluído a série de três
vacinações

Vacina contra hepatite A se tiverem risco maior ou desejarem proteção contra hepatite A

Vacina contra o papilomavírus humano (HPV) para prevenir cânceres de boca e garganta, cervicais,
penianos e anais relacionados ao HPV (administrada a mulheres e homens nas idades recomendadas)

Vacina meningocócica se os adultos não tiverem tomado a vacina antes (as doses são aplicadas com
intervalo de pelo menos dois meses).

Vacina contra tétano e difteria (Td) com um reforço a cada dez anos. As pessoas que não tiverem
recebido ou concluído a série de vacinação primária com pelo menos três doses de vacina contra tétano
e difteria devem começar ou concluir a série, e a vacina contra tétano-difteria-coqueluche (Tdap) deve
ser usada em substituição a um dos reforços de Td se elas nunca tiverem recebido a Tdap. As pessoas
que concluíram uma série primária, mas não receberam a Tdap anteriormente, devem receber Tdap
para o próximo reforço de Td.

A vacina contra herpes zóster pode ser útil. No entanto, a vacina original contra herpes zóster com vírus
vivo atenuado não é administrada em pessoas com o sistema imunológico debilitado e se a contagem de
CD4 estiver abaixo de 200 células por microlitro de sangue. Por outro lado, ainda não foram feitas
recomendações sobre o uso da vacina recombinante mais recente contra herpes zóster em pessoas com
HIV.

Tratamento de infecção por HIV

Medicamentos antirretrovirais

Medicamentos para prevenir infecções oportunistas

Medicamentos para aliviar os sintomas

(Consulte também Tratamento medicamentoso da infecção por HIV).

O tratamento com medicamentos antirretrovirais é recomendado para quase todas as pessoas com
infecção por HIV, pois, sem tratamento, ela poderá levar a complicações sérias e também porque foram
desenvolvidos medicamentos mais novos e menos tóxicos. Para a maioria das pessoas, o tratamento
precoce tem os melhores resultados. As pesquisas mostraram que as pessoas que são prontamente
tratadas com medicamentos antirretrovirais têm menos probabilidade de desenvolver complicações
relacionadas à AIDS e de morrer em consequência delas.
O tratamento não consegue eliminar o vírus do organismo, embora o nível de HIV muitas vezes diminua
tanto que não é possível detectá-lo no sangue ou em outros líquidos ou tecidos. Os objetivos do
tratamento são

Reduzir o HIV a um nível indetectável

Restaurar a contagem de CD4 ao normal

Se o tratamento parar, o nível de HIV aumenta e a contagem de CD4 começa a cair. Portanto, as pessoas
precisam tomar medicamentos antirretrovirais por toda a vida.

Antes de iniciar um regime de tratamento, as pessoas são instruídas sobre a necessidade de:

Tomar os medicamentos de acordo com as orientações

Não pular nenhuma dose

Tomar os medicamentos pelo resto da vida

Tomar os medicamentos conforme as instruções pelo resto da vida requer muito empenho. Algumas
pessoas pulam doses ou param de tomar os medicamentos por um tempo (chamado férias de
medicamentos). Essas práticas são perigosas, pois permitem ao HIV desenvolver resistência aos
remédios.

Sabendo que tomar remédios contra o HIV sem regularidade pode levar a uma resistência ao
medicamento, os profissionais de saúde devem tentar fazer com que as pessoas estejam dispostas e
sejam capazes de seguir o regime de tratamento. Para simplificar o cronograma de medicamentos e
ajudar as pessoas a tomá-los conforme as instruções, muitas vezes os médicos prescrevem um
tratamento que combina dois ou mais remédios em um só comprimido que pode ser tomado apenas
uma vez ao dia.

Prognóstico de infecção por HIV

A exposição ao HIV nem sempre causa infecção e algumas pessoas que foram repetidamente expostas
durante muitos anos não foram infectadas. Além disso, muitas pessoas infectadas pelo HIV permanecem
bem por mais de uma década. Muito poucas pessoas infectadas pelo HIV não tratadas permaneceram
bem por mais de 20 anos. Não se entende completamente porque algumas pessoas ficam doentes
muito antes de outras, mas alguns fatores genéticos parecem influenciar tanto na tendência para a
infecção como na evolução até a AIDS depois de contrair a infecção.

Se pessoas infectadas não forem tratadas, a maioria delas desenvolverá AIDS. A rapidez com que o
número de células CD4 diminui e a infecção por HIV evolui para AIDS variam enormemente de pessoa a
pessoa. Em geral, os especialistas calculam que as pessoas, se não forem tratadas, desenvolvem AIDS
nas seguintes taxas:

Nos primeiros anos após a infecção: 1% a 2% a cada ano

A cada ano dali em diante: 5% a 6%

Dentro de 10 a 11 anos: 50%

Por fim: Mais de 95%, possivelmente todos se viverem o bastante

Entretanto, com tratamento eficaz, o nível de RNA do HIV diminui para níveis indetectáveis, as
contagens de CD4 aumentam drasticamente e as pessoas podem continuar a levar vidas ativas e
produtivas. O risco de doença e morte diminui, mas permanece mais alto do que o de pessoas que têm
idade semelhante e não foram infectadas pelo HIV. Todavia, se as pessoas não puderem tolerar ou
tomar os medicamentos regularmente, a infecção por HIV e a deficiência imunológica progride,
causando sintomas e complicações sérias.

Em geral, a infecção por HIV não causa a morte diretamente. Em vez disso, a infecção por HIV resulta em
perda de peso substancial (caquexia), em infecções oportunistas, cânceres e outros distúrbios que, por
sua vez, levam à morte.

A cura era considerada impossível, embora a pesquisa intensiva sobre como eliminar todo o HIV latente
de pessoas infectadas prossiga.

Assuntos relacionados ao final da vida

Como é raro a morte ocorrer subitamente em pessoas com AIDS, elas geralmente têm tempo para fazer
planos para o tipo de assistência médica que desejam se o seu quadro piorar. Ainda assim, as pessoas
devem registrar esses planos em um documento legal logo de início e devem incluir instruções claras
sobre o tipo de cuidados que desejam receber (chamado diretrizes antecipadas). Devem ser elaborados
outros documentos legais, incluindo procurações e testamentos. Esses documentos são particularmente
importantes para os pacientes cujos parceiros, entes queridos ou cuidadores não são legalmente
reconhecidos, o que pode resultar em os parceiros ou outros entes queridos não conseguirem visitar os
pacientes ou envolver-se na tomada de decisões ou realizar desejos referentes ao funeral e enterro,
sendo excluídos da herança de bens, o que possivelmente incluirá a residência familiar, ou outras
consequências extremas.

Próximo ao fim da vida, muitas pessoas têm dor e outros sintomas angustiantes (como agitação) e
geralmente perdem o apetite. Os programas de cuidados paliativos estão especialmente equipados para
lidar com esses problemas. Eles podem proporcionar apoio e cuidados abrangentes focados no controle
dos sintomas, ajudando pessoas em estado terminal a manter sua independência e apoiando seus
cuidadores.

Mais informações sobre infecção por HIV

Os seguintes recursos em inglês podem ser úteis. Vale ressaltar que O MANUAL não é responsável pelo
conteúdo desses recursos.

HIVinfo: informações do National Institutes of Health (NIH), incluindo um glossário de termos


relacionados ao HIV e um banco de dados de medicamentos

Esquema de imunização de 2020 dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC): esquema de
imunização recomendado para adultos por quadro clínico e outras indicações

CDC: Profilaxia pós-exposição (PEP): recursos referentes ao uso de medicamentos antirretrovirais depois
de um único evento de alto risco, para interromper o HIV

The American Foundation for AIDS Research: recursos referentes ao apoio a pesquisas sobre AIDS,
prevenção do HIV, instruções sobre tratamento e defesa

American Sexual Health Association: informações sobre saúde sexual

Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC): HIV/AIDS: informações gerais sobre HIV/AIDS,
incluindo informações sobre testes em domicílio e ferramentas de redução de risco

Gay Men's Health Crisis: informações gerais sobre saúde masculina, incluindo testes de HIV

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