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HEFSIBA – INSTITUTO SUPERIOR CRISTÃO

Faculdade de Psicologia
Licenciatura em Psicologia clinica

3º Ano/ II Semestre
Cadeira: NEUROPSICOLOGIA Docente: dr. Abdul Liance
Aula nº 4

Sumárioː
LOCALIZAÇÃO CEREBRAL DAS PRINCIPAIS FUNÇÕES MENTAIS E AS
PATOLOGIAS ESPECÍFICAS

Teoria Localizacionista sobre as Funções Mentais no Cérebro

O cérebro humano distingue-se de todos os outros mamíferos, tanto pelo tamanho


quanto pela qualidade. Além de ser proporcionalmente o maior e possuir uma superfície
característica – repleta de sulcos e pregueados típicos – também possui a região mais
externa particularmente desenvolvida.

As localizações cerebrais sempre representaram um grande desafio para médicos,


cientistas e pesquisadores.

O médico austríaco Franz Joseph Gall (1758-1828), que


foi o pioneiro da noção de que diferentes funções mentais são realmente localizadas em
diferentes partes do cérebro.

Segundo, Gall propôs que o cérebro é composto de muitos sub-órgãos particulares, cada
um deles relacionado ou responsável por uma determinada faculdade mental.
PAUL BROCA (1891): médico e anatomista francês, foi o primeiro a
descrever uma correlação positiva entre sintomas e lesão cerebral. Mostrou que a afasia
motora está associada à lesão do terço posterior do giro frontal esquerdo inferior e
sugeriu que essa área é o “centro para as imagens motoras das palavras” e que a sua
lesão causa, invariavelmente, esse tipo de afasia.

KARL WERNICKE (1873): psiquiatra alemão, mostrou que a


lesão no terço posterior do giro temporal superior esquerdo causava um tipo de afasia
porem do tipo sensorial. O paciente não compreendia as palavras faladas.

HUGHLINGS JACKSON: se opôs a tendência localizacionista


estrita defendendo a ideia de que a organização dos processos mentais complexos
depende de vários níveis de processamento. Seus seguidores propuseram que a ideia de
que não depende de uma única área estrita mas do conjunto da actividade cerebral.

Alekxandre R LURIA: formalizou a ideia de sistemas funcionais do


cérebro. Haveria três sistemas funcionais básicos que trabalham juntas:

Unidade para regular o tono ou a vigília

Unidade para obter, processar e armazenar informações

Unidade programar, regular e verificar a actividade mental


DIVISÕES DA FACE EXTERNA DO CÉREBRO:

A parte superior do encéfalo humano é constituída por dois grandes hemisférios,


separados por uma fissura longitudinal. Em cada hemisfério há a considerar quatro
lobos: lobo frontal, parietal, occipital e temporal. Sabe-se hoje que as diferentes zonas
ou lobos cerebrais estão associados actividades distintas.

LOCALIZAÇÃO E FUNÇÕES MENTAIS

Lobo Frontal:

Localiza-se na parte mais anterior do cérebro, é delimitado pelas fissuras de Sylvius e


Rolando, representa cerca de um terço de todo o córtex e inclui várias áreas funcionais
(Young e Young, 1997).

Funções:

 Iniciar diversas acções voluntárias, desde observar um objecto de interesse a


atravessar uma rua ou relaxar a bexiga para urinar;
 Controlar as habilidades motoras adquiridas, como escrever, tocar instrumentos
musicais e amarrar o cadarço dos sapatos;
 Controlar processos intelectuais complexos, como falar, pensar, concentrar-se,
resolver problemas e planejar o futuro;
 Controlar expressões faciais e gestos manuais e dos braços;
A lesão do lobo frontal, leva à perda total da capacidade para resolver problemas e para
planejar o início de acções, como atravessar a rua ou responder a uma pergunta
complexa.

Se a parte posterior do lobo frontal ficar lesionada, o resultado pode ser uma fraqueza
muscular ou uma paralisia. Visto que cada lado do cérebro controla o movimento da
parte oposta do corpo, a lesão do hemisfério esquerdo provoca a fraqueza do lado
direito do corpo e vice-versa.

Se a parte do meio estiver lesionada, as pessoas podem ficar apáticas, desatentas e


desmotivadas. Seu pensamento fica lento.

Se a parte do meio do lobo frontal esquerdo (área de Broca) estiver lesionada, as


pessoas podem ter dificuldade de se expressarem verbalmente, uma deficiência
chamada de afasia de Broca (expressiva).

Se a parte frontal estiver lesionada, pode resultar em qualquer um dos apresentados a


seguir:

 Dificuldade em processar e reter novas informações


 Redução de fluência da fala
 Apatia (falta de emoção, interesse e preocupação)
 Desatenção
 Respostas atrasadas às perguntas
 Uma impressionante falta de inibição, incluindo o comportamento social
inapropriado

Lobo Parietal

Funções:

 Interpretar informações sensoriais advindas do corpo;

 Armazenar memórias espaciais, que permitem ao indivíduo orientar-se no


espaço (saber onde está) e manter um sentido de orientação (saber para onde
vai);
 Processar informações que ajudam o indivíduo a perceber a posição das várias
partes do corpo.
A lesão do lobo parietal esquerdo ou direito causa a sensação de dormência e debilita as
sensações no lado oposto do corpo. Os indivíduos afetados têm dificuldade em
identificar o tipo de sensação e a sua localização (dor, calor, frio ou vibração). As
pessoas podem ter dificuldade em reconhecer objectos ao tocá-los (por meio da textura
e forma).

Se a parte do meio estiver lesionada, as pessoas podem não diferenciar o lado direito do
lado esquerdo (chamada desorientação direita-esquerda) e ter problemas com cálculos e
escrita. Podem ter problemas na detecção de onde estão as partes de seu corpo (um
sentido chamado propriocepção).

Se o lobo parietal direito estiver lesionado, as pessoas podem não ser capazes de fazer
tarefas simples, como pentear o cabelo ou se vestir — chamada de apraxia. Também
podem ter dificuldade para entender como os objectos se relacionam entre si no espaço.
Como resultado, podem ter problemas para desenhar e construir coisas, e podem se
perder no seu próprio bairro.

Se o lobo parietal direito for subitamente lesionado, as pessoas geralmente ficam


confusas. Podem ignorar a gravidade da sua doença ou negar a sua existência. Podem
negligenciar o lado do corpo oposto à lesão. Essas pessoas podem ser incapazes de se
vestir ou fazer outras tarefas comuns.

Lobo Temporal

Na zona localizada acima das orelhas e com a função principal de processar os


estímulos auditivos, encontram-se os lobos temporais.

Funções:

 Gerar lembranças e emoções;


 Processar eventos imediatos em memória recente e de longo prazo;
 Armazenar e recuperar memórias de longo prazo;
 Compreender sons e imagens, permitindo com isso reconhecer outras pessoas e
objectos, e integrar a audição e a fala.
Na maioria das pessoas, uma parte esquerda do lobo temporal controla a compreensão
da linguagem. Se essa parte estiver lesionada, a memória das palavras pode ser
prejudicada de forma drástica, assim como a capacidade de entender a linguagem, uma
deficiência chamada afasia de Wernicke (receptiva).

Se certas áreas do lobo temporal direito estiverem lesionadas, a memória para sons e
música pode ser prejudicada. Como resultado, pode ser difícil para as pessoas cantarem.

Lobo Occipital

O lobo occipital contém os principais centros para o processamento da informação


visual.

Funções:

 Processar e interpretar a visão;


 Permitir ao indivíduo formar lembranças;
 Integrar as percepções visuais às informações espaciais fornecidas pelos lobos
parietais adjacentes

Se ambos os lados do lobo occipital estiverem lesionados, as pessoas não conseguem


enxergar, apesar dos próprios olhos funcionarem normalmente. Esse quadro clínico é
chamado de cegueira cortical. Algumas pessoas com cegueira cortical não têm
consciência da sua incapacidade de visão.

Se a parte posterior do lobo occipital estiver lesionada, as pessoas têm dificuldade em


reconhecer objectos e rostos familiares e interpretar precisamente o que veem. Elas
geralmente ficam inconscientes de seus problemas e muitas vezes fazem descrições do
que vêem (chamadas confabulações). Esse quadro clínico se chama síndrome de Anton.

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