Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Fa 2
Fa 2
Conceitual e Artística
Material Teórico
Processo Criativo: Inspirações e Referências
Revisão Textual:
Prof. Me. Claudio Brites
Processo Criativo:
Inspirações e Referências
OBJETIVO DE APRENDIZADO
• Conhecer as perspectivas teóricas acerca da criatividade e os fatores que auxiliam
no seu desenvolvimento no indivíduo, bem como refletir sobre o processo criativo e
suas etapas e como utilizar referências e inspirações.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e
de aprendizagem.
UNIDADE Processo Criativo: Inspirações e Referências
Mas como isso acontece? Muitas vezes, essas fotografias surgem na mente antes
mesmo de serem capturadas com uma câmera fotográfica e, posteriormente, editadas
no computador. Muitos fotógrafos possuem um trabalho autoral, conceitual e artístico
com a linguagem fotográfica e que, muitas vezes, dialoga e hibridiza com outras lingua-
gens artísticas, como as artes da performance, as artes visuais, as musicais e tecnológi-
cas. Essa produção envolve, portanto, um processo criativo que trabalha o repertório
visual do fotógrafo, suas memórias, seus conhecimentos gerais de mundo, conheci-
mentos técnicos e artísticos, associado a um olhar atento, apurado e intencional. Esses
elementos juntos constroem imagens e narrativas visuais criativas e instigantes, muito
diferentes das produzidas diariamente por todos que possuem uma câmera qualquer.
Mas como ser criativo? Como realizar fotografias autorais e artísticas resultantes
de um processo criativo? É o que estudaremos nesta unidade e durante toda a nos-
sa jornada de estudos desta disciplina.
8
Criatividade – Algumas Perspectivas Teóricas
Para começar nossa conversa, vamos conhecer um pouco sobre o que a teoria
da criatividade pode nos ajudar sobre esse entendimento. Quando falamos em algo
criativo, uma pergunta nos surge: tudo que é criativo necessariamente tem que ser
novo ou nunca feito por alguém antes?
George F. Kneller afirma que toda definição de criatividade deve ter incluído o fator
essencial da novidade, pois, quando criamos, nós descobrimos ou exprimimos uma
ideia que seja nova para nós. Segundo esse autor, a descoberta por uma pessoa ainda
representa uma realização criadora, mesmo que já tenha sido revelada por outros an-
teriormente. A descoberta por si só da representação da terceira dimensão (teoria da
perspectiva) por um estudante de hoje não deixa de ser criadora, mas de uma ordem
inferior à Giotto. Como afirmam Anna Fox e Natasha Caruana (2014, p. 11),
[...] as ideias não existem no vazio – nada é totalmente novo. Você traz
sua própria e única perspectiva para qualquer coisa, e essa foi informada
e influenciada por tudo o que você pesquisou ao longo do caminho.
você gostaria de ter? Quais artistas e fotógrafos você conheceu nos últimos meses e o como
eles te estimulam a criar novas fotografias? O que você viu de interessante nos últimos dias
que chegou a pensar: “Nossa, isso daria uma ótima foto!”?
9
9
UNIDADE Processo Criativo: Inspirações e Referências
Com Darwin e sua teoria da evolução, a criatividade passou a ser vista como
uma manifestação da força criadora inerente à vida, uma forma de adaptação a um
ambiente estranho, desenvolvido posteriormente por Henri Bérgson.
A vertente psicológica, iniciada durante o século XIX, predominantemente na Ingla-
terra e Estados Unidos, teve uma corrente denominada associacionismo. Ela assenta
em um princípio de que o pensamento consiste em realizar associações de ideias que
são derivadas da experiência, segundo as leis da frequência, da recência e da vivacida-
de. Ou seja, “quanto mais frequentemente, recentemente e vividamente relacionadas
duas ideias, mais provável se torna que, ao apresentar-se uma delas à mente, a outra a
acompanhe” (KNELLER, 1971, p. 39). Aqui, a partir de ideias velhas, manufaturadas
por processos de combinações com outras ideias, de tentativas e erros, surgem as no-
vas para resolverem uma situação. Dessa forma, o pensamento criador é um processo
de ativação de conexões mentais entre campos conceituais distintos.
Para ser criativo, é preciso quebrar padrões rígidos dentro de nós, agir como
uma criança, sem filtros, sem restrições de pensamento. A psicanálise é uma das
áreas de conhecimento que veio contribuir para a teoria da criatividade. Freud
(1915 [2006]) afirma a criatividade tem origem num conflito dentro do inconscien-
te (o id) e, mais tarde, o inconsciente produz uma “solução” para esse conflito. Se
essa solução é “ego-sintomática”, ou seja, se reforça uma atividade pretendida pelo
ego (parte consciente da personalidade), teremos como resultado um comporta-
mento criador. Se for à revelia do ego, ela será completamente reprimida ou sur-
girá uma neurose. A pessoa que aceita as ideias que surgem em seu inconsciente
seria a pessoa criativa; as pessoas com dificuldades de imaginação e criatividade
seriam as que possuem um ego superprotetor, pois esse se caracteriza por produzir
um comportamento rígido e habitual, sem influência do inconsciente criador.
10
Kneller ressalta que a psicanálise moderna rejeita a noção de que a pessoa
criativa seja emocionalmente desajustada, mas seria aquela que deve ter um “ego
tão flexível e seguro que lhe permita viajar pelo seu inconsciente e retornar a salvo
com suas descobertas” (1971, p. 43). Portanto, a pessoa criativa não seria a que
é dominada pelas produções do seu inconsciente, mas usa-as; ela pode regredir
precisamente porque sabe que pode retornar à realidade.
Os neofreudianos modificaram a concepção da criatividade de Freud, visto que o
mesmo admite que a sociedade é fundamentalmente repressiva e, por isso mesmo,
antagonista em face ao comportamento criador e da autorrealização. Portanto, o
fato de a criatividade ser influenciada e determinada por estados mentais pregres-
sos, em particular os da infância, não seria tão conclusivo acerca da criatividade.
Ou seja, os neofreudianos sustentam a ideia de que todas as sociedades potencial-
mente proporcionam oportunidades e autorrealização criadora. Para eles, a criati-
vidade é produto do pré-consciente e não do inconsciente:
Aquele (pré-consciente) difere porque pode ser convocado, quando o
ego se relaxa. O pensamento criador ocorre quando o ego voluntária ou
temporariamente se retrai de alguma área do pré-consciente, a fim de
mais eficientemente o controlar depois. A criatividade é uma regressão
permitida pelo ego em seu próprio interesse, e a pessoa criativa é aquela
que pode recorrer ao seu pré-consciente de maneira mais livre do que as
outras. (KNELLER, 1971, p. 47)
A fluidez (ou fluência) é a quantidade de ideias que uma pessoa pode produzir
com relação a um tema determinado. Por exemplo, o número de soluções que ela
encontra para um problema dado, num tempo determinado.
11
11
UNIDADE Processo Criativo: Inspirações e Referências
onde se solicita ao sujeito que faça uma lista de todos os usos que ele possa pensar
para um dado objeto, como um tijolo, por exemplo. Verifica-se, então, o número
de diferentes categorias em que suas respostas podem ser classificadas, constituin-
do o seu escore em flexibilidade. Um indivíduo que dá como resposta construir uma
casa, uma escola, uma fábrica etc., não muda a classe de respostas e manifesta um
baixo nível de flexibilidade – embora possa ter um alto escore em fluência. Outro
indivíduo que dá como exemplos jogar em um cachorro, utilizá-lo como instrumen-
to de defesa ou para fazer exercícios de musculação, fazer uma estante, escorar
uma porta etc., configura um alto nível flexibilidade.
Suponhamos que você tenha que fotografar uma taça de vinho e começa a pensar nas possibili-
dades de composições para a foto: taça vazia em cima da mesa, com vinho tinto sob o balcão de
um restaurante etc. Você estava pensando no fator fluidez (fluência). Agora, se você coloca uma
pessoa fazendo malabares com essa taça, uma foca equilibrando-a no focinho, um barquinho
de origami flutuando dentro dela, por exemplo, você estaria exercitando o fator flexibilidade.
Se você fotografar com o barquinho de origami dentro da taça, teoricamente, você seria mais
criativo e original se não escolhesse um título óbvio como “o barquinho”, ou “equilíbrio”, para a
foto com os malabares. E, por fim, não adiantaria nada se você tivesse uma ideia incrível para
fotografar essa taça se não fosse possível realizá-la na prática, pois é preciso ter viabilidade.
Sobre a importância do título original, observe a Figura 2, a seguir, da fotógrafa Steffi Klenz.
Seu título é Nummianus e essa obra buscou analisar criticamente o deslocamento de pessoas
ao longo da decadência do mercado imobiliário. Ela fotografou sobrados e casas germinadas
para refletir sobre as situações das pessoas que passaram por uma mudança econômica grave.
O título escolhido pela fotógrafa tem sua origem numa inscrição latina encontrada na cidade
de Pompeia, nas ruínas de uma casa destruída. Steffi Klenz usou esse título intencionalmente
para dar ênfase ao sentimento de perda e ruína vivido pela comunidade.
12
Ainda em complemento a esses fatores que levam ao desenvolvimento do pen-
samento criativo, Kneller aponta algumas condições para que esse ocorra e facilite
a verdadeira criação, tais como:
• Receptividade: devemos estar atentos às ideias que surgem, perceber sua
significação e registrá-las, seja em cadernos ou mesmo na memória;
• Imersão: a imersão no processo criativo, no assunto a ser desenvolvido, traz
consigo uma série de benefícios, nutre de ideias a imaginação, oferece uma
gama de abordagens em relação ao problema, canaliza energias para que o
pensamento possa ser mais profundo;
• Dedicação e desprendimento: o criador deve saber equilibrar a dedicação,
sem sua tarefa ser exageradamente focada estreitando o pensamento, com o
desprendimento, que permite ver a obra como um todo para que possa revisar;
• Imaginação e julgamento: sinônimos de paixão e decoro, associados à pro-
dução e comunicação cooperadas por imaginação e julgamento, são funda-
mentais para que ocorra a criação;
• Interrogação: olhar de forma diferenciada para o que já conhecemos e ques-
tionarmos e respondermos. O processo criativo torna-se mais fluido quando
expomos nosso objeto de pesquisa como uma indagação;
• Uso de erros: não aceitar o erro como final, mas como motivo para alterar ou
modificar a abordagem. O erro pode ser uma intuição distorcida ou tentativa
do inconsciente para exprimir-se, que caminha na direção correta, devemos
verificar para onde ele nos conduz e buscar uma solução criativa;
Você já passou por situações acima? Se identificou com algumas condições apon-
tadas por esse autor? Que aspectos você precisaria melhorar para produzir fotogra-
fias diferenciadas? Semelhante a essas condições acima listadas, o designer Bruce
Mau, em seu An Incomplete Manifesto of Growth [O manifesto do crescimento
incompleto], aponta 43 “conselhos” que visam contribuir para o crescimento asso-
ciado ao trabalho criativo, dentre os quais destacamos alguns trechos para lhe ajudar:
1. Permita que eventos mudem você. Você tem que estar disposto a cres-
cer [...]. Os pré-requisitos para o crescimento: a abertura para experimen-
tar eventos e a vontade de ser alterado por eles.
3. Processo é mais importante do que o resultado. Quando o resultado
conduz o processo, só poderá ir para onde já estivemos. Se o processo
conduz ao resultado nós poderemos não saber para onde estamos indo,
mas saberemos que queremos estar lá.
4. Ame seus experimentos (como se fosse uma criança feia). Alegria é
o motor do crescimento. Explore a liberdade de considerar seu trabalho
13
13
UNIDADE Processo Criativo: Inspirações e Referências
Bruce Mau ainda ressalta a forma como trabalhar com inovação associada à memória:
42. Lembre-se. Crescimento só é possível como um produto da história.
Sem memória, inovação é apenas novidade. A história dá um crescimento,
direção. Mas a memória não é perfeita. Toda memória é uma imagem
degradada ou composta de um momento ou evento anterior. Isso é o que
nos torna conscientes da sua qualidade de passado e não um presente. Isto
significa que cada memória é nova, uma construção parcial diferente da sua
fonte, e, como tal, um potencial de crescimento em si. (MAU, 1998, s/p.)
O Processo de Criação
De acordo com Flusser, “as possibilidades fotográficas são praticamente inesgo-
táveis. Tudo que é fotografável pode ser fotografado” (2011, p. 47). Nesse pro-
cesso criativo, a imaginação é que possibilita a elaboração de fotografias criativas,
impactantes, instigantes, inquietantes e, com isso, inesquecíveis.
14
Para traduzir ou materializar as imagens mentais que temos em fotografias con-
cretas, é preciso muita dedicação, conhecimento e exercitar o processo de criação.
Para transpor cenas, conceitos, ideias e mensagens visuais, é preciso pesquisar,
possuir um repertório visual, buscar referências conceituais e fotográficas, além de
pensar em todos os aspectos materiais e técnicos, como os estudos de luz, cenário,
direção de objetos e personagens, formas de enquadramento, equipamento corre-
to, tipo de revelação etc. Tudo isso influenciará diretamente no processo criativo
da fotografia a ser produzida.
A fotografia artística, conceitual e autoral envolve um processo de construção
que abarca criação e elaboração visual, feito por idas e vindas em torno da ideia
inicial. Nem sempre é um processo longo, a duração é variável. Muitas vezes o
resultado é condicionado pela decisão do fotógrafo, mas também pode ser con-
dicionado pelos acasos, imprevistos e acidentes durante o processo de criação ou
registro fotográfico. O processo criativo, portanto, envolve a elaboração de uma
ideia, um projeto que tem uma intenção estética ou conceitual.
15
15
UNIDADE Processo Criativo: Inspirações e Referências
Por ser autocertificável, capaz de provocar uma certeza acerca da sua inspira-
ção, esse momento da iluminação deve, depois, ser trabalhado na próxima fase,
nomeada por Kneller (1971) de a verificação. É onde o intelecto e o julgamento
têm de terminar a obra iniciada pela imaginação, distinguir o que é válido e o que
não é, e realizar elaborações, correções e alterações. Estrada (1992) chamará essa
fase de elaboração, e a define como a própria concretização da iluminação, uma
ponte da esfera mental à esfera física ou social. É um trabalho que implica também
um raciocínio criativo, pois é um trabalho que envolve afinação e polimento.
Kneller diz que, “após identificar-se emocionalmente com sua obra no momen-
to da iluminação, o criador agora recua e imagina as reações daqueles com quem
intenta comunicar-se” (1971, p. 72), ressaltando que é nesse estágio que o isola-
mento em excesso pode ser perigoso.
16
Portanto, a busca por uma crítica externa, antes de terminar sua obra, pode
ser fundamental para a boa conclusão. Cecília Almeida Salles (2004) ressalta a
importância de um leitor particular durante o processo de criação, uma pessoa
escolhida pelo artista para ter um tipo de acesso preliminar às suas obras, recém-
-terminadas ou em processo.
Durante o processo criativo, é importante que você reflita sobre cada etapa reali-
zada, como um processo de pesquisa em arte que é caracterizada pela investigação
na prática artística cujas reflexões teóricas e poéticas surgem desse fazer artístico.
A poética, como ciência e filosofia da criação, tem suas reflexões com base na
instauração da obra, cuja definição de Paul Valery é:
tudo o que diz respeito a criação, obras as quais a linguagem é ao mesmo
tempo substância e meio. A poiética compreende, por um lado, o estudo
da invenção e da composição, a função do acaso, da reflexão e da imita-
ção; a influência da cultura e do meio, e por outro lado o exame e análise
das técnicas, procedimentos, instrumentos, materiais, meios e suportes de
ação (apud PASSERON, 1989, p. 13).
Muitas vezes, em um processo criativo, você poderá se deparar com uma di-
ficuldade ou desconhecimento técnico para concretizar a sua ideia inicial e, com
isso, terá que descobrir como realizar, como criar tal efeito, como distorcer algo ou
enfatizar um detalhe, por exemplo.
Durante este curso, você terá acesso a muitos conhecimentos teóricos, histó-
ricos, estéticos e criativos sobre a fotografia. Permita-se cursar a faculdade não
somente como um profissional da fotografia, mas como um fotógrafo pesquisador,
que investigue seu próprio processo criativo. Sandra Rey define a pesquisa em arte
17
17
UNIDADE Processo Criativo: Inspirações e Referências
Inspirações e Referências:
Repertório Artístico, Cultural e Visual
Estamos imersos numa cultura visual, rodeados de imagens por todos os lados.
Ao mesmo tempo em que temos um caos visual que nos invade e nos perpassa ra-
pidamente sem pensarmos, temos também um terreno muito rico para o processo
criativo. No entanto, é preciso estar com o olhar atento, criando relações, pen-
sando em possibilidades, enquadrando o mundo com a nossa seleção de parte do
que estamos vendo. Essas imagens cotidianas são produções culturais e, portanto,
são carregadas de percepções e interpretações sobre o mundo em seus diferentes
aspectos: cultura, política, poder, educação, espaço urbano, estética etc.
18
Explor
Observe as figuras 4 e 5, a seguir. Elas pertencem ao projeto Dancers Among Us, de Jordan
Matter, que convida bailarinos para executarem seus movimentos em situações cotidianas,
em meio às ruas e paisagens urbanas. Esse exemplo mostra como a combinação inusitada
desses movimentos com um contexto diferente do palco de um teatro pode gerar outras lei-
turas sobre esse “congelamento” do movimento, da cena criada para uma fotografia autoral.
Qual a mensagem que essas imagens transmitem? O que é uma pessoa com as sapatilhas
de balé trabalhando numa construção? Se trata de uma mulher, um homem ou um trans-
gênero? Seria uma mulher que sonhou em ser dançarina, mas que precisou trabalhar duro
para sobreviver? O que a imagem te sugestiona de significados? Poderia ser o que você está
pensando, mas também poderia ter qual possibilidade de reflexão?
Observe como um movimento tradicional de balé pode sofrer totalmente sua leitura se inse-
rido em um outro contexto. Ele rompe com o senso comum, instiga o espectador para o não
usual, o estranho que é, ao mesmo tempo, belo. Esse é um exemplo de um trabalho autoral,
que possui um conceito e que, artisticamente, possui um grande impacto estético.
Para conhecer mais sobre esse ensaio fotográfico, visite o site: https://goo.gl/fKH3s
1
Scanning: movimento de varredura que decifra uma situação (FLUSSER, 2011, p. 13 apud LEITE, 2017, s/p).
19
19
UNIDADE Processo Criativo: Inspirações e Referências
Somado ao olhar atento a tudo que nos rodeia, é preciso também criar um re-
pertório visual e artístico, pois, se não conhecermos a produção artística e fotográ-
fica histórica e contemporânea, não teremos referências e inspirações para criar
nossas fotografias autorais.
Cada um tem seu repertório cultural e artístico a partir das memórias de experi-
ências durante sua vida.
O processo criativo não é como uma receita de bolo que, se você seguir à risca,
terá sucesso, ele é muito particular para cada fotógrafo, cada um tem uma forma
específica de trabalhar e de elaborar uma linha de pensamento com um objetivo
criativo. O importante é que o fotógrafo conheça a produção de outros fotógra-
fos e artistas de diferentes linguagens, para além da fotografia, pois estimulará a
elaboração de outros conceitos e imagens. É muito difícil criar a partir do nada, é
preciso ter um referencial.
20
pessoal e diretamente influenciam a sua produção visual. Essas referências podem
ser coletadas através de visitas a sites da internet, blogs, redes sociais, pesquisa e
catálogos impressos, visitas a museus e exposições, entre outros.
21
21
UNIDADE Processo Criativo: Inspirações e Referências
Mas não podemos copiar um trabalho? Sim, podemos, desde que seja para um
aprendizado pessoal, seja em questões técnicas ou de linguagem fotográfica. Não
podemos esquecer que uma cópia ou plágio não revela criatividade; não há pensa-
mento criativo e inovador por parte daquele que copia.
22
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Sites
Dancers Among Us
https://goo.gl/fKH3s
Vídeos
Steffi Klenz discusses ‘Nummianus’
https://youtu.be/Sl4DcACAdAM
Leitura
Processos e criação na fotografia
https://goo.gl/RAesWu
O processo criativo em dois atos
https://goo.gl/m785fn
23
23
UNIDADE Processo Criativo: Inspirações e Referências
Referências
ALENCAR, E. M. L. S. de. Criatividade. Brasília: Editora Universidade de Bra-
sília, 1995.
FLUSSER, Vilém. Filosofia da caixa preta: ensaio para uma futura filosofia da
fotografia. São Paulo: Annablume, 2011.
24
REY, Sandra. Por uma abordagem metodológica da pesquisa em artes visuais.
In: BRITES, B.; TESSLER, E. (Orgs.) O meio como ponto zero. Metodologia
da pesquisa em artes plásticas. Porto Alegre: Ed. Universidade/UFRGS, 2002.
(Coleção Visualidade).
25
25