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Fundamentos

sociofilosóficos da Educação
Física
Aula 03
A Filosofia
O que é
Filosofia?
Com possíveis origens
diferentes, é certo que a
Filosofia é a atividade do
pensamento de pensar sobre
ele mesmo de maneira
conceitual e problemática.
Palavra de origem grega

Philos Amigo/amizade

Sofia Sabedoria
Não se sabe ao certo mas a Filosofia tem mais ou
menos 2600 ou 5000 anos de tradição.

Se considerarmos a influência do pensamento egípcio


sobre os povos gregos, a Filosofia pode ter mais de
3000 anos.

Se considerarmos que já havia uma produção de um


tipo de pensamento filosófico no extremo oriente,
com o pensamento budista podemos falar em 5000
anos de pensamento filosófico
É fato que a Filosofia é uma forma de pensamento organizado, conceitual e que
tem a capacidade de movimentar o próprio pensamento por meio da identificação
e da formulação de problemas, ou seja, a Filosofia é, por natureza,
problematizadora.
Esse conceito, para nós professores de Educação Física, é muito importante, porque
na nossa prática, os conteúdos muitas vezes são problematizados.
A Filosofia pode ser
entendida de duas formas:

Conforme o filósofo francês Michel Focault:


• Como busca da sabedoria, entendo o
conhecimento como algo que vem de
fora;
• Como o trabalho de cada um sobre si
mesmo, um modo de construir a própria
vida.
Pergunta filosófica para
a Educação Física

Por quê o esporte é importante


para a Educação Física se ele, de
forma geral, incita o egocentrismo,
o individualismo, o desrespeito ao
adversário entre outras questões
negativas?
A Filosofia
Apesar do fato de que as explicações míticas da
realidade não desapareceram completamente em
todas as culturas mantêm seus mitos que buscam
explicar a realidade desconhecida dos homens surge,
por volta do século VI a.C., na Grécia, a passagem do
pensamento mítico para o pensamento filosófico.
Dentro dessa compreensão, o pensamento filosófico
se desenvolveu ao longo dos tempos, fruto do desejo
do homem de encontrar explicações sobre a vida e a
morte, e sobre os acontecimentos que permeiam seu
cotidiano. Sendo assim, o povo grego não foi o único a
buscar tais explicações. Os egípcios, os
mesopotâmicos e os chineses, entre outros, também
estabeleceram seus tratados filosóficos, construindo
formas de pensar e explicar sua realidade.
Porém, segundo Chauí (2001,
p. 20)
A Filosofia, entendida como
aspiração ao conhecimento
racional, lógico e sistemático
da realidade natural e
humana, da origem e causas
do mundo e de suas
transformações, da origem e
causas das ações humanas e
do próprio pensamento, é um
fato tipicamente grego.
A própria palavra filosofia nasce na Grécia. Pitágoras, filósofo grego que viveu no
século VI a.C., foi quem usou pela primeira vez a palavra ‘filosofia’, associando as
palavras “philos” (amizade, amor fraterno) e “sophia” (sabedoria), significando
amor à sabedoria. Para Aranha e Martins (2002, p. 72) “é bom observar que a
própria etimologia mostra que a filosofia não é puro logos, pura razão: ela é a
procura amorosa da verdade”. Mas não é tão simples assim, definir Filosofia.
Prado Júnior (2000, p. 6) afirma que a Filosofia seria:
Uma especulação infinita e desregrada em torno de qualquer assunto ou
questão, ao sabor de cada autor, de suas preferências e mesmo de seus
humores. Há mesmo quem afirme não caber à Filosofia ‘resolver’, e sim
unicamente sugerir quest.es e propor problemas, fazer perguntas cujas
respostas não têm maior interesse, e com o fim unicamente de estimular
a reflexão, aguçar a curiosidade.
Mas se a Filosofia busca apenas especular, qual seria sua utilidade prática
na nossa vida? Aranha e Martins (2002, p. 72) explicam, afirmando que “a
filosofia é, sobretudo uma atitude, um pensar permanente. É um
conhecimento instituinte, no sentido de que questiona o saber instituído”.
Dessa forma, não se trataria de ensinar filosofia a ninguém, mas ajudar as
pessoas a desenvolver a capacidade de filosofar, de questionar a realidade,
as verdades constituídas e de refletir sobre os fatos e acontecimentos que a
rodeiam.
Mas, enfim, o que é Filosofia?
Para Chauí (2001, p. 12) Uma
primeira resposta à pergunta ‘o
que é filosofia’ poderia ser a
decisão de não aceitar como
óbvias e evidentes as coisas, as
ideias, os fatos, as situações, os
valores, os comportamentos de
nossa existência cotidiana; jamais
aceitá-los sem antes havê-los
investigado e compreendido.
A Filosofia nos
permite ter um olhar
mais crítico diante da
vida e do fazer
pedagógico.
Diminuindo a
possibilidade de
sermos manipulados.
Isso significa dizer que a Filosofia
está ligada à nossa vida cotidiana,
visto que estamos
permanentemente buscando
informações, dando opini.es,
explicando, tentando compreender,
fazendo perguntas e ouvindo
respostas sobre tudo que nos
rodeia, ou seja, procurando e
dando sentido às coisas.
Nesse sentido, somos todos
filósofos, pois, segundo Gramsci
(citado por ARANHA e MARTINS,
2002, p. 74) “não se pode pensar
em nenhum homem que não seja
também filósofo, que não pense,
precisamente porque pensar é
próprio do homem como tal”.
Porém, alguns teóricos da Filosofia, chamam esse ‘filosofar’ espontâneo do
homem comum de Filosofia de vida, que não está totalmente desvinculada
da seriedade ou do rigor do ‘filosofar’ considerado verdadeiro proposto por
tais teóricos.

A Filosofia propriamente dita tem condições de surgir no momento em que


o pensar é posto em causa, tornando-se objeto de reflexão. Mas não
qualquer reflexão. Como vimos, o homem comum, no cotidiano da vida, é
levado a momentos de parada, a fim de retomar o significado de seus atos
e pensamentos, e nessa hora é solicitado a refletir. Entretanto, ainda não é
Filosofia rigorosa o que ele faz. (ARANHA e MARTINS, 2002, p. 74)
Para as autoras, é a filosofia que dá o distanciamento para a avaliação de
toda a ação humana, pois reúne o pensamento fragmentado da ciência e o
reconstrói na sua unidade; retoma a ação pulverizada no tempo e procura
compreendê-la.
A reflexão
Reflexão significa movimento de volta
sobre si mesmo ou movimento de retorno
a si mesmo. A reflexão é o movimento pelo
qual o pensamento volta-se para si
mesmo, interrogando a si mesmo (CHAUí,
2001, p. 14).
Reflectere, em latim, significa ‘fazer
retroceder’, ‘voltar atrás’. Portanto, refletir
é retomar o próprio pensamento, pensar o
já pensado, voltar para si mesmo e colocar
em questão o que já conhece.
(ARANHA e MARTINS, 2002, p. 74)
Concluindo, podemos
dizer que, se Filosofia
é amor pelo
conhecimento, pelo
saber e a busca desse
conhecimento e desse
saber, filósofo é aquele
“que ama a sabedoria,
tem amizade pelo
saber, deseja saber”
(CHAUí, 2001, p. 19).
Filosofia e Ciência
Inicialmente, ciência e filosofia estavam totalmente entrelaçadas.
O filósofo era o “sábio que refletia sobre todos os setores da
indagação humana” (ARANHA e MARTINS, 2002, p. 72).
Para Santin (1987, p. 10, 11)
[...] não havia, ainda, a preocupação de se
estabelecer distinções entre matemática,
biologia, astronomia, física, botânica etc.,
como sendo ciências ou ramos autônomos do
saber. Essas divisões e classificações só vão
ocorrer do século XVII em diante. O saber,
portanto, era visualizado dentro de uma ótica
única, contínua e homogênea.
Porém, com a compartimentalização do saber, o desenvolvimento
do conhecimento e da tecnologia e a especificidade das diversas
áreas acadêmicas, as ciências foram ganhando corpo e
características que as foram distanciando da Filosofia, sendo que
as duas têm objetivos diferentes, que se entrelaçam, mas que se
constroem distintamente.
Em outras palavras, poderíamos afirmar que a Filosofia se ocuparia de
perguntar, questionar, duvidar e a ciência de buscar respostas que levem o
homem ao conhecimento e ao desenvolvimento.
Para Prado Júnior (2001, p. 41) “a ciência ocupa-se com os dados
experimentais colhidos na consideração direta das feições e ocorrências da
realidade e a Filosofia, com as ideias (diríamos melhor: ‘conceitos’ ou
representações mentais daquela realidade exterior carreada pela
experiência).”
Concluindo, a filosofia duvida e questiona, a ciência busca respostas,
encontrando-as se submete a novas dúvidas e questionamentos da
filosofia, tentando novamente respondê-los. E assim o mundo gira e o
conhecimento e a tecnologia avan.am.
Trazendo para a Educação Física
O Planejamento e execução de um ciclo de um equipe de competição é
ciência, enquanto que a organização da mentalidade de jogo, o formato
e nível de entrega exigido pelo treinador aos seus jogadores na busca
pelos resultados é Filosofia.
A própria definição do que se aprender, do porque se aprender e para
que se aprender entre os atletas faz parte da Filosofia.
Portanto, da conexão entre os aspectos filosóficos e científicos surge a
práxis, o trabalho embasado em aspectos teórico-metodológicos.
É preciso despir-se das nossas
imagens, percepções e conceitos
não refletidos.

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