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CONHECIMENTO CIENTÍFICO

Diana Vassal

11ºD | nº3

2023/2024
O problema do conhecimento científico

O problema do conhecimento científico é um tema central na filosofia da


ciência, englobando uma série de questões complexas. Este levanta
preocupações sobre como podemos conhecer o mundo natural, a validade e
confiabilidade dos métodos científicos, e até que ponto o conhecimento
científico é objetivo e universal. Há conflitos sobre a natureza da observação e
teoria, a relação entre leis científicas e a realidade, a objetividade do
conhecimento científico em relação a valores sociais. Essas questões são
fundamentais para compreender não apenas o que sabemos sobre o mundo
natural, mas também como chegamos a esse conhecimento.

Conhecimento Vulgar e Conhecimento Científico

A distinção entre conhecimento vulgar e conhecimento científico reside nas


suas bases epistemológicas e metodológicas.

O conhecimento vulgar é tipicamente adquirido de forma não sistemática,


através da experiência quotidiana, tradições culturais e crenças pessoais. Ele não
segue um método rigoroso de investigação e pode ser influenciado por
preconceitos, intuições e suposições não verificadas. Ou seja, o conhecimento
vulgar é muitas vezes considerado uma epistemologia que confia na perceção
imediata e na interpretação intuitiva.

Por outro lado, o conhecimento científico é fundamentado em um método


sistemático de investigação, o método científico. Esse método envolve a
formulação de hipóteses testáveis, a recolha de dados empíricos através de
experimentos e observações, e a sua análise crítica. Ou seja, o conhecimento
científico procura a objetividade, a precisão e a generalização por meio da
experimentação e da observação.

Assim, enquanto o conhecimento vulgar tende a ser subjetivo e não


sistematizado, o conhecimento científico é caracterizado pela sua objetividade,
rigor metodológico e a procura por uma compreensão mais abrangente do
mundo natural.
O indutivismo

O positivismo lógico

Os filósofos que pertenciam ao círculo de Viena defendiam que a tarefa da


filosofia deveria ser a eliminação de todas as proposições que não pertencem à
lógica ou às ciências experimentais. Logo, a sua ideia principal era, a de que só
há duas formas de investigação que produzem verdadeiro conhecimento: a
ciência e a análise lógica.

Teoria do verificacionismo do significado

Carnap propõe a teoria do verificacionismo do significado, uma proposição


contingente é significativa se e só se puder ser verificada empiricamente, ou
seja, se e só se existir um método empírico para decidir a sua verdade ou a sua
falsidade. Logo, o valor de verdade de qualquer proposição com significado
pode ser determinado pela observação e pela lógica.

O método da ciência

A observação é o ponto de partida da investigação científica, que conduz à


formulação de hipóteses, elaboradas por um processo de generalização indutiva.
Essas hipóteses deverão ser submetidas a uma verificação empírica através da
observação de vários casos. Portanto se as hipóteses forem verificadas em uma
grande quantidade de casos particulares, sob várias condições, então elas serão
válidas para a generalização dos casos.

Problema e Solução da teoria verificacionista


O problema central da teoria verificacionista alega que as leis científicas são
proposições universais e, enquanto tais, não podem ser concludentes verificadas
por um conjunto finito de enunciados de observação, o que coloca o problema
da indução.

Para dar resposta a este problema, Carnap e outros filósofos prooõem uma
nova tese: uma proposição com significado deve suscetível de ser constatada
pela observação e pela experiência, embora os resultados não precisem de ser
concludentes. Ou seja, reconhecem a possibilidade de verificar concludente
qualquer proposição universal e, portanto, qualquer hipótese científica. Daí
propor a teoria gradualmente crescente, ou seja, apela à noção de probabilidade.
Quanto maior o número de observações ou experiências, aumenta o número de
confirmações da hipótese, logo, aumenta a probabilidade de a hipótese ser
verdadeira. Daí a utilização do conceito “leis estatísticas”.

Críticas ao indutivismo
Ainda assim, podemos apresentar duas críticas feitas por Karl Popper ao
indutivismo.

A observação não é o ponto de partida do método científico, nem existe uma


observação pura. Sempre que registam aquilo que observam, os cientistas são
influenciados por outras teorias. Aceitam certos pressupostos teóricos, como
axiomas, ou conceitos; têm certas expetativas teóricas, já sabem o que vão
observar; aceitam certas teorias, ao recorrerem a múltiplos instrumentos que são
fruto da própria investigação científica, os cientistas estão a confiar nas teorias
que os tornaram possíveis.

Outra crítica apontada é o problema da indução que é um problema


insuperável. Carnap propõe o conceito de probabilidade para resolver o
problema da indução. A partir de certos casos particulares conclui-se que,
provavelmente, acontecerá em todos os casos. No entanto isso é generalizar,
além disso, o facto dos indutivistas alegarem que a indução tem funcionado até
agora, constitui também uma generalização. Logo, não se pode justificar o
princípio da indução através de argumentos indutivos.
Falsificacionismo

O falsionismo de Karl Popper

Popper é um racionalista crítico: racionalista porque acredita no poder da


lógica na formulação de conjunturas que expliquem a realidade e crítico porque
deve haver a tentativa de refutar estas conjunturas.

Popper propõe então o falsionismo, que por sua vez, alega que o trabalho dos
cientistas se inicia num problema. Depois, os cientistas formulam as hipóteses
de resolução de problemas, às quais Popper designa de conjunturas. De seguida,
introduz-se a fase de eliminação de erros, que consiste em submeter as
consequências das hipóteses a refutações ou à crítica através de outras teorias
científicas. O seu objetivo é tentar encontrar factos que falsifiquem a sua teoria,
e não procurar factos que as verifiquem.

Para falsear uma hipótese, basta apenas um caso particular para falsear essa
hipótese, devendo os cientistas procurarem outra hipótese explicativa. Se a
hipótese não for falseada pelos testes aos quais foi submetida, então Popper
alega que a hipótese foi corroborada, isto não significa que a hipótese foi
confirmada, mas que ainda não foi falseada e que, então, poderá ser uma boa
hipótese.

Portanto, segundo a tese de Popper, o método da ciência é um método de


conjunturas e refutações. A ciência não segue o método indutivo, mas sim o
método hipotético-dedutivo: em vez de raciocinarem indutivamente, os
cientistas procuram uma consequência da hipótese para que a possam falsear,
não tentam a hipótese, mas sim rejeitá-la.

Então, Popper defende que o raciocínio científico deve ser o seguinte: Se a


teoria T1 for verdadeira, então as suas consequências empíricas não serão
falsas. Observa-se que as consequências empíricas são falsas. Logo, a teoria T1
não é verdadeira.
Críticas ao falsionismo de Karl Popper

Apesar de bem fundamentada, esta teoria também não se viu livre de críticas.
O processo de refutação ou falsificação não é o procedimento mais comum
entre os cientistas e, se olharmos para a história da ciência, não parece que a
mesma tenha evoluído com base nesta conceção falsificacionista. As hipóteses
científicas não são sempre descartadas assim que um facto as contradiga,
procurando defeitos nas experiências ou ajustando as hipóteses.

O desafio do conhecimento científico manter-se-á, pois é desafiador


compreender o mundo pela ciência devido à sua complexidade.

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